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A Função Dos Bispos e Diáconos
A Função Dos Bispos e Diáconos
Este comentá rio volta-se para as atribuiçõ es ou funçõ es respectivas dos bispos e
diá conos, com base na visã o que o apó stolo Paulo teve da organizaçã o eclesiá stica,
na igreja em seus primó rdios. Sem dú vida, ele estava orientando Timó teo sobre
corno lidar com urna igreja que nã o tinha um modelo organizacional definido. A
Histó ria da Igreja indica que, no princípio, a igreja ia-se implantando, e
organizando-se de acordo com a realidade de cada local. Era um desafio imenso
organizar uma instituiçã o que crescia rapidamente, agregando novos membros,
sem que houvesse urna liderança preparada para tal realidade.
Paulo tinha uma visã o de administraçã o eclesiá stica. Ele sabia que só pode haver
decência e ordem se houver organizaçã o. E a organizaçã o exige liderança. No Novo
Testamento, a palavra bispo toma emprestado o sentido que lhe é dado na á rea da
administraçã o. Bispo é supervisor, administrador. É um líder da organizaçã o. O
pastor de urna igreja local tem essa funçã o de mordomo dos bens espirituais e
materiais da Casa do Senhor.
O bispo ou pastor de uma igreja local, além de cuidar dos bens espirituais, é o
administrador dos bens materiais, do patrimô nio adquirido pela comunidade que
se congrega ao seu lado.
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Entre os conversos, havia pessoas de outros lugares, além de judeus. Os problemas
nã o tardaram a surgir. O evangelista Lucas, escritor de Atos dos Apó stolos,
registrou o que ocorria naqueles dias, quando a comunidade cristã cresceu
grandemente e surgiram diversos problemas, inclusive de ordem social (cf. At 6.1.-
7). E os lideres da Igreja resolveram reunir a assembleia e buscar a soluçã o para o
atendimento social aos irmã os carentes. A tarefa era um grande desafio. Ou eles
cuidavam da evangelizaçã o e do discipulado, ou cuidavam da parte social”.
1. Excelente Obra
“Esta é uma palavra fiel: Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja” (1
Tm 3.1). A expressã o “uma palavra fiel” sem dú vida alguma é uma declaraçã o
positiva em relaçã o à aspiraçã o que alguém possa ter, desejando assumir tã o
grandes e sérias responsabilidades, no ministério ordenado, na igreja cristã . Em
sua missiva a Timó teo, Paulo assevera que almejar o “episcopado” ou o pastorado é
desejar uma obra excelente. O episcopado é o conjunto de funçõ es ou atividades
dos bispos ou presbíteros. Gordon Fee afirma que “o cargo de presbítero
(episcopado) é questã o sobremodo significativa, uma ‘excelente obra”, que deveria
ser, na verdade, o tipo de tarefa à qual uma pessoa podia aspirar”.
2. A Chamada
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Nem todos sã o chamados assim. Mas quem é chamado, nã o só tem a convicçã o da
chamada, mas apresenta um perfil que agrada a Deus. Nã o há uma ú nica forma da
chamada.
1) Chama da direta
Ela ocorre, quando Deus chama a pessoa e, diretamente, lhe dá consciência íntima
da missã o a ser cumprida. Por exemplo: Abraã o (Gn 12.1,2); Isaque (Gn 26.1,2);
Jacó (Gn 31.3); Moisés (Ex 3.10). No Antigo Testamento, via de regra, era essa a
forma da chamada. Nos dias atuais, ainda é possível ouvir esse tipo de chamada?
Certamente, sim- Em sua soberania, Deus se vale dos meios e formas que quiser
usar para convidar, ou convocar, alguém para a sua obra.
2) Chamada indireta
Ocorre quando Deus chama alguém por intermédio de um profeta, como no caso
de Arã o (Ex 4.13-16); Josué (Nm 27.18-23); por intermédio de Jesus, no caso dos
apó stolos (Mt 10.1-6); por meio da igreja, como Matias (At 1.23-26); Barnahé e
Saulo (Ar 13.1,2), etc. O que “deseja o episcopado” deve ter a humildade e a
serenidade para esperar que Deus confirme sua chamada, de modo diteto ou por
meio da igreja local, onde há líderes comissionados por Deus, com delegaçã o de
autoridade para separar ou consagrar obreiros para o ministério. Nã o deve lançar-
se como um aventureiro em busca de cargo ou de prestígio pessoal. O ministério é
sacerdó cio e muitas vezes é sacrifical.
3) A convicção da chamada
4) A chamada e o envio
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O caso de Paulo é significativo: bi chamado (At 9.4,6,15), mas nã o foi reconhecido
logo (At 9.26); teve a ajuda de Barnabé (Ar 9.27), ficou na igreja em Antioquia At
13.1), e só começou a atuar quando foi enviado pelo Espírito Santo (At 13.4). Há
chamadas para o envio de obreiros, e há chamada de Deus para uma missã o, cargo
ou funçã o, na igreja local. Fato muito comum, em todas as igrejas cristã s.
Diante de todos esses requisitos, o bispo ou líder de uma igreja precisa reconhecer
que é Deus quem dá a liderança à igreja, mas nã o dá igreja a nenhum líder. A Igreja
é dEle: “E ele mesmo deu uns para apó stolos, e outros para profetas, e outros para
evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos
santos, para a obra do ministério, para edificaçã o do corpo de Cristo” (Ef 4.11).
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3) Ter autoridade sobre a esposa (Ef 523);
4) Ter autoridade sobre os filhos (3.4,5).
1) Ser “irrepreensível” (3.2), que nã o pode ser acusado de algo que desabone sua
conduta;
2) Ser honesto, sincero, verdadeiro (3.2);
3) Ser “hospitaleiro”, ou acolhedor, que sabe tratar bem as pessoas (3.2);
4) “Nã o dado ao vinho”, nã o usuá rio de bebidas alcoó licas (3.3);
5) “Nã o espancador”, ou seja, nã o violento, agressivo (3.3; Gl 5.22);
6) Nã o cobiçoso nem ganancioso (3.3);
7) Ser “só brio” (3.2), simples, moderado (3.3);
8) “Nã o contencioso” (3.2; 2 Tm 2.24); 9) “Nã o avarento”(3.3; 6.10).
O ministério ou serviço dos diá conos (gr. diakonia) surgiu a partir de uma bênçã o,
de um problema e de uma murmuraçã o. A bênçã o foi o crescimento extraordiná rio
dos que criam em Jesus e o aceitavam como Salvador, deixando o judaísmo e
outras religiõ es e tornando-se cristã os. O problema foi causado pela situaçã o social
de muitos que aceitavam a fé, especialmente envolvendo viú vas dos gregos ou
gentios, que aceitavam o evangelho.
Além das qualidades exigidas em Atos 6.1-7, Paulo indica outros importantes
requisitos para o diaconato. Apó s enumerar as qualificaçõ es para bispo ou
presbítero, Paulo aproveita o ensino para discorrer sobre as qualificaçõ es dos
diá conos ou ministros que serviam nas igrejas.
E o faz de modo imediato, sem lacuna ou pausa em sua ministraçã o, dizendo que os
diá conos, “da mesma sorte” que os bispos ou presbíteros, deveriam ter as
seguintes qualificaçõ es (1 Tm 3.8-10,11-13), que têm o mesmo sentido espiritual,
moral e eclesiá stico do que é exigido para os bispos, mas com alguns requisitos
específicos:
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2.1. Qualificações morais
1. O Serviço Cristão
Todo cristã o é chamado para ser servo de Deus. Como tal, sua atividade e missã o
deve ser contribuir com sua vida, seu testemunho e seu serviço para o
engrandecimento do Reino de Deus. Paulo enfatizou o trabalho dos diá conos,
chamando a atençã o para aqueles que se comportam à altura da funçã o diaconal (1
Tm 3.13). As tarefas do servo (diá conos) chama-se diakonia, que inclui as diversas
atividades desempenhadas junto à comunidade cristã , visando à sua organizaçã o e
cumprimento da missã o que Cristo confiou à sua Igreja. No sentido amplo, todo
crente é um diá cono, pois ninguém deixa de ser “servo” pelo fato de galgar ou ser
levado a funçõ es ministeriais de maior responsabilidade. Um presbítero continua
sendo servo; um evangelista ou pastor nã o deixa de ser servo no Reino de Deus.
A palavra diá cono “também quer dizer um servo ou um ‘ministro’. Para a nossa
cultura eclesiá stica, parece difícil admitir que um diá cono seja um ministro, No seu
significado etimoló gico, essa palavra tanto se refere a um servidor subalterno, que
trabalha como servo de um senhor, corno a “um assistente, um discípulo (Jo
12.26); a ministros, mestres das coisas de Deus e que atuam em favor de Deus (1
Co 3.5; 2 Co 3.6; 11.23; Ef 6.21; 1 Ts 3.2)”. “Em especial, uma referência a um
mestre ou pastor cristã o (em sentido técnico, um diá cono ou diaconisa): diá cono,
ministro, servo ... Substantivo com o significado de ‘ministro’, ‘servo’, ‘assistente’.
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2. O Exemplo de Jesus como Servo
Jesus Cristo foi exemplo para a Igreja em todos os aspectos. Em sua diaconia, Ele
foi “apó stolo [...] da nossa confissã o” (Hb 3.1); foi profeta (Lc 24.19); foi evangelista
(Lc 4.18,19); foi pastor (Jo 10.11). E também foi diá cono. Ele demonstrou seu
cará ter e sua personalidade, dando exemplo de humildade. Para cumprir sua
missã o sacrificial em favor dos homens, Jesus despojou-se temporariamente de sua
gló ria plena (Jo 17.14). Paulo diz que Ele assumiu a forma de servo, mais que isso, a
forma de “escravo”, Jesus, “sendo em forma de Deus, nã o teve por usurpaçã o ser
igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se
semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo,
sendo obediente até à morte e morte de cruz” (Fp 2.6-8).
Esse texto indica que Jesus nã o se comportou como um servo comum. Mas como
um escravo, um servo do nível mais humilde na escala social. A palavra para servo,
no trecho destacado acima, nã o é diá cono (um servente, um garçom, um
empregado), inas doulos, que denota a condiçã o de “um escravo”, “referindo-se a
um serviço involuntá rio: um escravo, em contraste com um homem livre (1 Co
7.21; Cl 3.28; Cl 3.11; Ap 6,15)”, Ele deu prova disso quando, na véspera de sua
morte, reuniu seus discípulos para a ceia, E “levantou-se da ceia, tirou as vestes e,
tomando uma toalha, cingiu-se. Depois, pô s á gua numa bacia e começou a lavar os
pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido” (Jo 13.4,5
— grifo nosso). Aquela açã o era dever de um escravo (doulos) da casa. Ele nã o
pediu a ninguém para ajudar. Tomou a toalha, pô s á gua na bacia, lavou os pés dos
discípulos e os enxugou com a toalha!
Seus discípulos ficaram admirados, sem dú vida. O Mestre, o Rabi, Raboni! Fazendo
serviço de um serviçal! Pedro, sempre impaciente, com seu temperamento
sanguíneo, a princípio, nã o quis aceitar que o Mestre lhe lavasse os pés. Mas, ao
saber que se nã o o fizesse, nã o teria parte com Ele, pediu que lhe desse um banho
(Jo 13.6-9).
Com esse comportamento Jesus quis dizer que, se Ele, “Senhor e Mestre”, dispô s-se
a se colocar na posiçã o de servo, de escravo (doulos), seus discípulos também
deveriam assumir a posiçã o de servos uns dos outros,
3. A Expectativa de Paulo
A distâ ncia entre amigos e irmã os causa sentimentos os mais variados. Para uns é
causa de tristeza; para outros, de saudade; e, para outros, o desejo do encontro, ou
o reencontro fraternal, para o estreitamento dos laços de amizade e amor. Paulo
era o mentor espiritual de Timó teo. A ele, o jovem discípulo, o apó stolo escreveu
duas cartas.
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Já na primeira, ele demonstrava sua ansiedade e expectativa de tornar a ver
pessoalmente o seu discípulo amado (1 Tm 3.14,1 5). Paulo conhecia bem suas
possibilidades e limitaçõ es. Desejava o mais breve possível reencontrar Timó teo,
mas admitia a hipó tese de um retardamento em viajar ao encontro do seu amigo.
E fez solene advertência e admoestaçã o, lembrando a Timó teo que lhe escrevera,
para que, se tardasse, ele soubesse “como convém andar na casa do Deus vivo, a
coluna e firmeza da verdade”. Fazia parte dos ensinos de Paulo a Timó teo inculcar-
lhe na mente o valor sagrado da igreja local, ou mesmo do templo, em que se adora
ao “Deus vivo”.
Por isso é preciso muito cuidado para nã o transformar o templo de Deus em lugar
de culto à personalidade, onde a figura principal é o pastor, e nã o Cristo. E deve-se
evitar ou coibir prá ticas ilícitas à luz da Palavra de Deus. Jesus virou as mesas dos
cambistas e dos que vendiam animais para os sacrifícios, dentro do recinto do
Templo. Se necessá rio for, os pastores devem agir com rigor, dentro dos limites da
ética, para resgatar o valor e o sentido do templo, do edifício construído para a
adoraçã o a Deus.
CONCLUSÃO