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Influenciadores Digitais e A Democracia
Influenciadores Digitais e A Democracia
Introdução:
Nos últimos anos, presenciamos o imenso crescimento dos influenciadores digitais e sua
influência na população e decisões. Em contraponto, a democracia tem enfrentado cada vez
mais desafios significativos em diversos países, incluindo o Brasil. Com esses dois fatores,
surge a necessidade de compreender a relação entre influenciadores digitais e a democracia
em diversas instâncias, entendendo como ambos interagem e se afetam mutuamente.
A relação entre ambos é muito complexa e variada, onde os influenciadores têm acesso a
informações por conta do seu nicho ou setor que exerce influência, por exemplo, mobilizar as
pessoas, criar histórias e incentivar a responsabilidade. É essencial que a influência seja feita
de forma coerente e responsável, para ocorrer de forma transparente e ética para o
estabelecimento da democracia.
No que interferem:
Polarização política:
Que o Brasil passa por um momento de polarização política todos nós já sabemos, mas afinal,
o que é a polarização? No nosso caso, estamos vendo a partir de um ponto de vista político,
que diz que a polarização é a divisão de uma sociedade em dois polos, ou seja, lados, só que
nos últimos tempos o conceito de polarização está sendo usado de forma negativa, associada
às imagens de pessoas que estão tão convictas de suas posições que não aceitam quaisquer
tipos de ideias contrárias ou dispostas ao diálogo.
Agora, com o conceito de polarização já trabalhado, no que ela interfere nas redes? Com o
surgimento das redes sociais, houve um crescimento em relação ao acesso de informações em
que cada uma delas possui um código para determinar qual conteúdo deve chegar até nós.
Esses códigos, chamados de algoritmos, priorizam conteúdos e informações que
correspondam à nossa visão de mundo, porque nos dão prazer e são mais propensos a serem
consumidos. É nisso que surge a criação de bolhas, onde cada indivíduo é exposto apenas a
opiniões, notícias, artigos, vídeos e imagens que reforçam suas crenças. Por outro lado,
perspectivas diferentes têm uma chance muito pequena de quebrar essa bolha e nos atingir.
Em uma sociedade centrada em dois lados radicais, o outro é considerado o inimigo e o
diálogo é desencorajado e até condenado. Quebrar as regras parece justificado.
Aqueles que se distanciam desses dois grupos, expressam pontos de vista e ideias diferentes,
ou ainda afirmam que há defeitos e virtudes em ambos, são considerados "isentões".
Quaisquer alternativas diferentes das duas fornecidas são consideradas inválidas. Muitos
políticos, partidos e grupos extremistas estão cultivando descontentamento e intolerância para
obter mais apoio para suas ideias. Afinal, é mais provável que medidas extremas sejam aceitas
quando o outro grupo é visto como um adversário perigoso a ser eliminado, e não como um
competidor no debate. Além disso, quanto pior o "inimigo" parece, mais razoável parece
quebrar as regras. Não surpreendentemente, um estudo mostrou que a polarização favorece a
ascensão de líderes populistas "iliberais" que têm pouco respeito pelas normas democráticas e
limitam seus direitos.
Manipulação:
A manipulação da democracia por meio dos influenciadores digitais ocorre quando esses
agentes, conscientemente ou não, são utilizados por atores mal-intencionados para disseminar
desinformação ou polarizar a sociedade. Esse tipo de manipulação pode influenciar eleições,
criar tensões sociais e minar a confiança nas instituições democráticas.
Desde o surgimento das redes sociais, a disseminação de fake news e discurso de ódio estão
quase que entrelaçadas uma à outra, mas afinal, o que é a fake news e o que é a disseminação
de ódio? Vamos começar pelo mais simples, a Fake News, a Fake News vem do vocabulário
inglês que traduzido fica "notícias falsas", que geralmente é usado para se referir a
informações mentirosas, que podem variar desde fofocas de celebridades até escândalos
políticos. "Ah, mas as fake news são tão influentes assim?" De acordo com estudos da
Universidade de Oxford (Reino Unido) e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (EUA),
já mostraram que os usuários se envolvem, promovem e divulgam notícias falsas mais do que
histórias reais. E o pior é que a maioria das pessoas sabe que é falso e ainda conta. As fake
news são mais sofisticadas, têm uma "cara" amigável e são bem produzidas com base em
conteúdos explosivos e polêmicos. Elas exploram as assimetrias culturais, sociais e
econômicas, bem como as disputas ideológicas em sua propaganda. Um estudo de 2018 do
Institute of the World (IPSO) descobriu que 62% dos entrevistados no Brasil admitiram ter
acreditado em notícias falsas, acima da média global de 48%.
Outro estudo publicado no Reuters Institute Digital News Report em junho de 2020 mostrou
que o WhatsApp é uma das principais redes sociais para discussão e compartilhamento de
notícias no país, atrás do Facebook.
Agora temos um assunto que pode aparentar ser simples, mas não é: o discurso de ódio, o que
é o discurso de ódio? O discurso de ódio pode ser amplamente definido como "expressão que
propaga, incita, promove ou justifica ódio racial, xenofobia, antissemitismo ou qualquer outra
forma de preconceito". O discurso de ódio é um dos maiores problemas que as redes sociais
enfrentam e muitos discursos de ódio são encarados como um humor mais ácido ou usam a
justificativa de "liberdade de expressão", como ocorreu com o influenciador digital "Monark",
que disse durante um podcast que no Brasil deveria existir um partido nazista e logo após o
ocorrido ele alegou estar apenas usando a sua liberdade de expressão. Com a disseminação de
ódio com o consumo de fake news, afetam diretamente o direito à liberdade.
As plataformas digitais, cada vez mais inteligentes, acabam por definir, direcionar, limitar,
propagar, excluir o acesso a determinada informação. Fake news é um dano nocivo ao direito
da liberdade, da informação e aos direitos humanos, pois, com o anonimato proporcionado no
ambiente da internet, a violência e o discurso de ódio são intensificados, principalmente
contra grupos minoritários: negros, homossexuais, indígenas, pessoas em situação de rua,
mulheres e assim por diante.
Um exemplo de influenciador digital que tem usado sua plataforma para promover a
democracia é o Influenciador e Youtuber Felipe Neto. Com milhões de seguidores nas redes
sociais, ele tem se posicionado de forma contundente em relação a questões políticas,
criticando o governo e defendendo valores democráticos, liberdade de expressão e direitos
humanos. Felipe Neto tem utilizado sua influência para engajar seus seguidores em debates
relevantes, incentivando o pensamento crítico e a participação cívica.
Conclusão:
À medida que avançamos em uma era digital cada vez mais conectada, torna-se cada vez mais
necessário compreender as implicações dos influenciadores digitais na democracia. Nos
parágrafos acima, podemos notar que tanto a democracia como os influenciadores se afetam
mutuamente, já que influenciadores, ao se posicionar sobre sua opinião política ou divulgar
alguma notícia, seja verdadeira ou falsa, acabam influenciando seus seguidores a terem uma
opinião condizente com a sua. A democracia também tem forte influência sobre eles, já que o
medo de julgamento pode fazer com que um influenciador não se posicione em nenhum
aspecto político, além de qual candidato apoia. Isso pode ser sobre questões políticas que os
afetam diretamente, como em sua cidade ou estado, em que o influenciador se sente impedido
de se pronunciar. Os conteúdos, de forma geral, de alguns influenciadores, também podem
usar estratégias para parecer mais atrativos e prender o público, mas isso, muitas vezes, é feito
de forma irresponsável, podendo gerar falhas na interpretação do conteúdo, principalmente
para quem não costuma ver o vídeo desses influenciadores até o final, gerando uma grande
disseminação de notícias falsas, mal-intencionadas ou não. Muitas vezes, tais informações,
ditas de formas irresponsáveis, são mínimas para que muitos dos que acompanham esses
conteúdos não notem tal diferença. No entanto, essas informações aos poucos vão mudando a
forma de pensar dos indivíduos, sendo uma forma de manipulação bem sutil e comum de
acontecer.
No nosso âmbito nacional, podemos analisar que sofremos muitos danos ao funcionamento
com plenitude da democracia, seja com a grande disseminação de notícias falsas, ataques de
ódio contra pessoas de um determinado posicionamento político e o grande poder que alguns
influenciadores têm sobre seus seguidores. Grande parte da real democracia foi perdida nos
últimos anos. Por isso, necessitamos compreender a importância que nossas decisões têm
sobre a democracia e reconhecer que a mesma só depende da participação ativa e informada
dos cidadãos. Devemos impulsionar a busca por fontes confiáveis de informação, promover o
pensamento crítico e incentivar discussões saudáveis e respeitosas. Ademais, é de extrema
importância que os influenciadores digitais assumam a responsabilidade de suas ações e
conteúdos e sejam o mais transparentes possível sobre suas intenções e interesses.