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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP

Instituto de Ciências Humanas


Campus Tatuapé

Gabriel de Jesus Feliciano | RA: N3627D9 | PS0P33

Atividades Práticas Supervisionadas


Resenhas: Ciência e Profissão

São Paulo
2023
Resenha 1:

Texto: Convergências e divergências: a questão das correntes de pensamento


em psicologia1. 

Em Convergências e divergências: a questão das correntes de


pensamento em psicologia, capítulo do livro “Revisitando as psicologias”, de
Luís Claudio Figueiredo, o autor chama atenção para a dificuldade de
psicólogos (as) encontram com a expansão e dimensão fragmentada das
atuações em psicologia. O autor destaca principalmente os fatores de
dogmatismo e ecletismo que, ora demonstra um perfil profissional focado e
limitante, ora, apresenta um perfil sem determinação do saber profissional.

O texto discutido é mais expositivo do que analítico, e usa da


experiência e pesquisas do próprio autor [Figueiredo] em torno da atuação
profissional em psicologia, que demonstra, de forma intima, os próprios
questionamentos em compreender a fragmentação do conhecimento
psicológico, e os desconfortos em determinar a área de atuação, tendo em
vista a vasta gama de conhecimentos adquiridos nos anos de formação teórica.

Em suas 31 páginas, o autor se apoia em seus estudos e pesquisados


realizados em sua trajetória profissional que mostram o mal-estar que alguns
profissionais experimentam com a baixa compreensão do espaço de dispersão
da psicologia, ou seja, das possibilidades de oferecer acolhimentos e
intervenções clínicas em áreas diversas de produção do conhecimento.
Outrossim, o autor chama atenção para a visão dogmática e eclética dos
profissionais, sendo a primeira visão, tem-se um(a) profissional em psicologia
que olhar enrijecido para dentro de suas crenças e limita-se a aceitar
conceituações que divergem com sua linha de pensamento. Na visão eclética,
o(a) profissional adota uma postura indiscriminada das abordagens teóricas,
sem que haja um “filtro” para determinar a linha de pensamento, ou seja, faz o
uso de técnicas e teorias, misturando-as e/ou com variações entre si.

1
Referência: FIGUEIREDO, L. C. Convergências e divergências: a questão das
correntes de pensamento em psicologia Transinformação, 4 (1-2-3): 15-26, jan/dez,
1992.
Como exemplo, o autor traz a ideia de que é preciso abandonar o
conceito de “psicologia aplicada”, ou seja, que não se torne uma mera
aplicação de um conhecimento cientifico já constituído, mas, que o profissional
possa trazer para as situações práticas e profissionais a competência de
pensar que permita a elaboração de novos conhecimentos.

O que o autor do texto propõe é que os(as) psicólogos(as) enfrentem


essa questão da diversidade característica da Psicologia de duas maneiras,
com dois "movimentos": (a) o "movimento construtivo" em que o psicólogo
estará produzindo conhecimento, buscando respostas para as perguntas que
envolvam seu objeto de estudo e profissão, com base em recursos e
referências oferecidos por uma ou mais teorias, pensando e estabelecendo
relações entre as proposições teóricas e sua prática profissional. Mas para que
isso possa resultar em crescimento da Psicologia é importante que, ocorra, ao
mesmo tempo, (b) o "movimento reflexivo", que se caracteriza pela reflexão
constante sobre as várias teorias e sistemas de pensamento existentes. É essa
reflexão que garantirá a possibilidade de contato com o outro, com o diferente.
Refletir sobre as minhas teorias e a dos outros significaria, portanto, a
possibilidade de crescimento. Refletir sobre os pressupostos das minhas e das
outras teorias permitiria que eu conhecesse melhor os meus pressupostos
porque os veria em contraste com os dos outros.

Entretanto, o texto discutido carece de dados de analise quantitativa e


exemplos atuais, considerando a época de sua publicação, é possível que haja
outras visões a respeitos das diversidades apontadas na psicologia e, também,
a possibilidades de autores que discordam dos pontos de vista aqui
mencionados, ou seja, profissionais que defendam o ecletismo e/ou o
dogmatismo, pelo menos nada é mencionado no texto.

Por fim, o autor acaba concluindo que ao longo dos estudos realizados,
pode compreender e reconstituir o processo de transformação nos modos de
subjetivação na qual foram criadas as subjetividades psicológicas que visam
justificar e caracterizar a dimensão das experiências e existência humana.
Destaca-se também, a análise de diversos sistemas e subsistemas teóricos em
psicologia tornam si inteligíveis, na qual suas matrizes e origem se diferem,
porém, seu foco e objeto de estudos se correlacionam e, segundo Figueiredo
(1992), ela permitiria uma "ampliação da nossa capacidade de pensar acerca
do que acreditamos, acerca do que fazemos e de quem somos".

Rico em teorias e discussão do trabalho psicológico, o texto é útil para


compreender a construção da psicologia como uma ciência vasta em áreas de
conhecimentos e atuação profissional, expandindo-se do ambiente clínico e
coexistindo em outros ambientes fortalecendo a dinâmica das relações
humanas, além de evidenciar que não há uma regra a ser seguida, entretanto,
têm-se o código de ética profissional que rege o dever e direitos da classe de
trabalho, tronando-se uma obra fundamental para os profissionais e estudantes
de psicologia.
Resenha 2:

Texto: A função social do psicólogo2.

No capítulo “A função social do psicólogo”, do livro “Escritos sobre a


profissão de psicólogo no Brasil, a autora Regina Campos faz inferências sobre
o papel desenvolvido por este profissional ao longo de sua trajetória,
sobretudo, com a relação da constituição social em que o país estava sendo
moldado. A autora, destaca principalmente a relação entre o trabalho manual e
o intelectual, como descritos das aptidões humanas e a visão da psicologia
sobre este tema.

O texto discutido é mais analítico do que expositivo e, usa


principalmente do próprio contexto profissional e do desenvolvimento da
sociedade como recursos de análise e exploração do tema abordado, que
demonstram os fatores histórico-culturais para a expansão do conhecimento
psicológico diante do advento social.

A autora nos apresenta uma descrição de acontecimentos políticos e


sociais que estiveram presentes e relacionados à história da profissão no Brasil
desde a década de 70 até meados de 90, fazendo uma minuciosa descrição e
avaliação, ano a ano, dos movimentos de vários segmentos da categoria
profissional dos psicólogos que, de seu ponto de vista, resultaram numa
transformação positiva da profissão, especialmente no sentido de uma maior
participação no atendimento às necessidades da população e no sentido de
uma melhoria da imagem social da profissão.

Em seu capitulo do livro, a autora se apoia nos inscritos registrados ao


longo da profissão em psicologia para mapear o inicio do trabalho, sobretudo,
no Brasil. Para tanto, observou-se que, historicamente, o psicólogo social teve
como um dos seus primeiros locais de atuação, as escolas publicas, sendo os
registros iniciados no estado de Minas Gerais. A este ponto, Campos destaca a

2
Referência: Campos, R. H. F. A função social do psicólogo. Em: YAMAMOTO, O.
J.; COSTA, A. L. F. (orgs.). Escritos sobre a profissão de psicólogo no
Brasil. Natal: EDUFRN, 2010.
diferenciação da burguesia da época, o que evidenciava um publico escolar
diversos, ou seja, com a identificação de crianças burguesias e não-burguesas.

Outrossim, a leitura nos remete à origem da profissão no contexto das


sociedades capitalistas da Europa, no final do século XIX, dominadas pela
pressupostos da ideologia liberal, como a noção de liberdade individual, da
igualdade de oportunidades, da responsabilidade individual e das aptidões
naturais, que serviam à função de mascarar as desigualdades produzidas pela
divisão de classes. É nesse contexto que a prática do psicólogo passa a ser
requerida, principalmente para exercer a função de adaptação e colaboração à
reprodução da dominação de classe.

Como exemplo dos questionamentos levantados por psicologos sociais


na época, a autora cita a diferenciação da aptidão humana, sendo
caracterizadas em manuais e intelectuais. Com isso, Campos (1983. p.207)
destaca que, através da conceituação das aptidões como dons naturais que se
pode explicar por que os indivíduos ocupam diferentes lugares na escala de
ocupações, e a própria divisão do trabalho em trabalho manual e trabalho
intelectual, entendendo-se aqui o trabalho intelectual como o trabalho de
planejamento e controle.

Entretanto o texto carece de informações atuais da percepção do


trabalho social do psicólogo, tendo em vista que, atualmente, observa-se a
função social como uma camada importante de trabalho e estudos científicos.
Corroborando com essa ideia, a autora destaca ainda que o profissional em
psicologia se viu, há algumas décadas, obrigado a ocupar esse espaço social
prestando serviço a população de baixa renda e, com isso, torna-los consciente
de seus direitos e deveres, sobretudo, para lutar contra a dominação histórica.
Consequentemente, possibilitou que os profissionais também pudessem
assumir essa consciência e refletissem sobre a inadequação das práticas
aprendidas em centros acadêmicos e, fossem capazes de gerar mudanças
positivas à sociedade e a classe de trabalho.

Por fim, a autora conclui que a cada momento da história da prática da


psicologia, pode e dever, ser analisado a sua contribuição luta contra
dominação e a forma pela qual superou dificuldades anteriores. Destaca ainda
que é neste momento de reflexão do trabalho profissional que nos damos conta
da possibilidade, enquanto categoria, nos apropriar dos meios de produção
psicológicos e desvendar os “não-ditos”, ou seja, o que é percebido, mas não
reformulado como matéria positiva do trabalho em psicologia.

Contudo, a leitura proporciona dados relevantes para a formação em


psicologia. Rico em análises de estudos em torno do tema, o texto é útil para
compreender a transformação do trabalho do psicólogo e a possibilidade de
utilizar um espaço novo como potencial de provocar mudanças sociais. Assim,
a obra se torna uma leitura obrigatória para a formação acadêmicas e
profissionais que iram atuar nesta área, caracterizando a função social como os
efeitos do trabalho do profissional sobre a sociedade.

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