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UNIDADE 9 - Conceito de Metrologia
UNIDADE 9 - Conceito de Metrologia
Lisiane Trevisan
U N I D A D E 1
Conceitos de metrologia
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Desde a compra de um sapato na numeração adequada ou a organização
de uma festa de aniversário até a realização de exames clínicos por um
paciente, a metrologia está presente nos mais diversos campos do co-
nhecimento. Neste capítulo, você vai estudar os princípios da metrologia
e sua importância no dia a dia do ser humano. Também vai conhecer os
principais instrumentos de medição — equipamentos que auxiliam na
tarefa de medição — e os conceitos e termos relacionados à metrologia
industrial.
Princípios de metrologia
A metrologia está presente na medicina, na engenharia, na docência, em
vários ramos de pesquisa, mas também está presente no dia a dia de todas as
pessoas sem que elas nem percebam. Como a metrologia está, de certo modo,
relacionada à matemática, isso acaba por distanciar algumas pessoas dessa
área do conhecimento.
2 Conceitos de metrologia
Metrologia nada mais é do que a ciência que cuida das medições. Nas
palavras do Vocabulário Internacional de Metrologia (VOCABULÁRIO...,
2012), ela é a “ciência da medição e suas aplicações”. Quer dizer, a metrologia
trata de todo o processo de medição: das etapas relacionadas aos instrumentos
de medição, dos métodos de medição e da incerteza de medição. Por meio
dos resultados obtidos no processo de medição, o processo de fabricação é
aprovado e tem sua qualidade garantida.
https://goo.gl/CA72y3
Para que ocorram as medições, são necessários dois objetos: o que será
medido — o objeto de medição — e o que será usado para medir — o instru-
mento de medição. Para que esse processo de medição ocorra, há uma grande
quantidade de termos e conceitos que você precisa saber previamente, que
estão ligados aos princípios da metrologia.
O objeto de medição deve seguir uma rotina de preparo para que possa
ser medido. Essa preparação prévia do objeto exige que sejam indicadas
regras para facilitar o processo. Imagine como seria fazer a medição da porta
de um carro se não houvesse regras para a sua realização? Será que a altura
ou a largura seriam importantes na montagem dessa porta na carroceria do
automóvel? E se cada montadora realizasse as medidas da maneira que achasse
mais interessante? Como seriam os valores?
Existem vários instrumentos de medição. Reconhecer os principais e
saber qual é o mais indicado para o objeto de medição exige um conhecimento
metrológico do assunto.
Conceitos de metrologia 3
Imagine que você é nutricionista e precisa realizar um cálculo de IMC (índice de massa
corpórea), que considera os valores de altura e peso, para um paciente. Como você
determinaria a altura do paciente — usando um paquímetro, micrômetro ou trena?
E seu peso?
E você deve estar pensando “quais são as vantagens para as pessoas ‘co-
muns’ do uso da metrologia em seu dia a dia?” A metrologia confere con-
fiabilidade ao produto — e isso é muito importante para os consumidores.
Um produto produzido em uma indústria que tem controle metrológico no
seu processo tem sua qualidade assegurada. Para a indústria que investe em
metrologia, suas vendas são diferenciadas, pois possibilita exportações, reduz
desperdício de matéria-prima e gera alta produtividade.
Se você gosta de história e quer saber como a metrologia evoluiu dos tempos anti-
gos até hoje, um livro interessante de conferir é O movimento da qualidade no Brasil,
disponível no site do Inmetro, que você acessa pelo link a seguir.
https://goo.gl/uMmguP
https://goo.gl/h2DP6M
Paquímetro
O paquímetro é um dos instrumentos de medição mais utilizados pela indús-
tria, por sua facilidade de leitura, tamanho pequeno (que facilita seu manu-
seio) e custo relativamente baixo. Ele é utilizado para medir com precisão as
dimensões lineares internas, externas e de profundidade de pequenos objetos.
O paquímetro consiste em uma régua graduada com encosto fixo, sobre a
qual desliza um cursor. Veja um paquímetro e suas partes na Figura 1.
Micrômetro
Outro instrumento de medição dimensional, o micrômetro tem maior resolução
quando comparado ao paquímetro, podendo chegar à resolução milesimal (três
casas decimais). Também há grande variedade de tipos de micrômetro para
diferentes usos. O micrômetro funciona com um fuso micrométrico que se
desloca, permitindo um deslocamento do cursor mais preciso que o paquímetro.
As normas que descrevem o uso de micrômetros são a ISO 3611, a ABNT
NBR EB-1164, a DIN 863, a JIS B 7502 (normas JIS têm origem no Japão).
As normas usadas para medidas com micrômetros dependem das exigências
do cliente, do sistema da qualidade e do acesso à informação.
Relógio comparador
O relógio comparador, como diz o seu nome, é um instrumento de medição
por comparação utilizado para medidas lineares. Ele tem uma ponta em sua
base, que se fixa às superfícies. Para fazer a medição, primeiro você fixa a ponta
do instrumento em uma superfície de espessura conhecida, que é considerada
Conceitos de metrologia 7
a superfície padrão para a medição, e zera o relógio. Depois, você fixa a ponta
na superfície de espessura desconhecida, e o relógio aponta a diferença entre as
duas superfícies. A partir dessa diferença, e por comparação com a superfície
padrão, você consegue determinar a espessura da superfície medida.
Sistema de medição
Para iniciarmos a nossa jornada pelos conceitos envolvidos em metrologia
industrial, precisamos partir do início: afinal, o que é um sistema de medi-
ção? O sistema de medição é a maneira como são realizadas as medições.
Essa maneira pode ser de três formas: comparação, indicação e diferencial.
A Figura 2 mostra um exemplo de cada tipo de sistema de medição.
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(a)
(b) (c)
Erros de medição
Mesmo conhecendo e escolhendo o melhor sistema de medição para a medição
que você pretende utilizar, não há sistema de medição perfeito, e isso gera erros
de medição. Os erros de medição são determinados com base na diferença
entre o valor teórico (VVC) e o valor experimental. O VVC é o verdadeiro
valor convencional de uma medida; experimentalmente, ele seria obtido a
partir da média de infinitas medidas.
Você deve estar pensando que é impossível realizar infinitas medidas
do diâmetro de um parafuso usado na coluna vertebral de um paciente, por
exemplo. Realmente, não há como fazer isso, então, como determinar o VVC?
Calma, o VVC é um valor estimado. Quanto mais próximo o valor teórico de
uma cota (diâmetro do parafuso) estiver do valor real, maior será a confiabi-
lidade do teu processo produtivo.
Como não existem medidas sem a presença do erro, em qualquer medição,
estimar que o erro é zero não tem justificativa alguma. O conhecimento
dos erros existentes em uma medição vai exigir de você um conhecimento
aprofundado do sistema de medição, suas influências e, principalmente, como
corrigir esses erros. Se os erros de medição forem minimizados, você terá
medidas mais confiáveis e, assim, um sistema de medição com maior con-
fiabilidade metrológica.
Na nomenclatura do Guia para Expressão da Incerteza da Medição
(GUIA..., 2008), a palavra “erro” é empregada exclusivamente para indicar a
diferença entre o valor verdadeiro e o resultado de uma medição. Os erros de
medição podem ser classificados como erros sistemáticos e erros aleatórios.
O erro sistemático é um componente do erro de medição que, em medições
repetidas, permanece constante ou varia de maneira previsível. Suas causas
podem ser conhecidas ou desconhecidas. É possível aplicar uma correção
para compensar um erro sistemático conhecido. Já o erro aleatório é um
componente do erro de medição que, em medições repetidas, varia de maneira
imprevisível (VOCABULÁRIO..., 2012).
Existem vários fatores em um processo de medição que produzem erro,
chamados de fontes de erro. Assim, as fontes de erro são os fatores que con-
tribuem para que o resultado de uma medição seja diferente do valor teórico.
Estes são exemplos comuns de fontes de erro:
10 Conceitos de metrologia
Ao expressar o valor de uma medição, o valor não deve ser indicado junto com o valor
de erro de medição estimado. O valor da medição deve ser expresso com seu valor
médio e a incerteza de medição.
Incerteza de medição
Imagine que você precisa adquirir para um hospital um termômetro para
medição da temperatura do corpo humano. Nesse caso, você precisa de um
termômetro confiável e com resolução baixa, que possa auxiliar o corpo
médico na determinação de problemas de saúde. Ao realizar orçamento em
várias empresas, você identifica que o menor valor encontra-se com uma
empresa do Japão. Como você pode verificar se o termômetro tem um erro de
medição aceitável? No momento da compra do termômetro, o valor indicado
pelo fornecedor é apenas o da incerteza de medição — então, como saber se
o valor da incerteza de medição é aceitável dentro do padrão exigido pelo
sistema de qualidade?
Esse exemplo mostra claramente a importância do conhecimento do termo
incerteza de medição dentro do sistema de qualidade. Assim, os institutos
de normalização industrial de vários países uniram-se para criar uma nor-
malização que determine, de uma forma matemática, o valor da incerteza de
medição. Esse valor indica a qualidade do valor medido ou a confiabilidade
usando diferentes instrumentos e equipamentos.
O valor da incerteza de medição pode ser descrito por um parâmetro não
negativo, que caracteriza a dispersão dos valores atribuídos a um mensurando,
com base nas informações utilizadas (GUIA..., 2008).
Como regra geral, quanto menor a incerteza em determinado sistema de
medição, maior a necessidade de utilizar equipamentos mais precisos e maior
o custo para realizar essa medição. Assim, maiores serão os investimentos
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Calibração
Como é possível relacionar os erros de medição com os valores de incerteza
de medição? Essa tarefa não é tão simples, pois vários são os fatores que
interferem no valor de uma medição, como a temperatura do ambiente em
que são realizadas as medidas e a temperatura do componente medido. Ou
então, em relação à mão de obra, como garantir que a leitura do instrumento
de medição está adequada ao esperado? Mesmo com o treinamento dos ope-
radores, haverá problemas ao longo do trabalho. E, ainda que um instrumento
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O documento ISO GUM — Guia para Expressão da Incerteza de Medição teve sua última
edição brasileira em 2008. Esse trabalho mostra as regras gerais para o cálculo da
incerteza de medição e apresenta nos anexos exemplos de aplicação do método
para laboratórios.
Leituras recomendadas
ABACKERLI, Á J. et al. Metrologia para a qualidade. Rio de Janeiro: Campus, 2015.
ALBERTAZZI JÚNIOR, A. G.; SOUZA, A. R. de. Fundamentos da metrologia científica e
industrial. Barueri, SP: Manole, 2008.
RIBEIRO, J. L. D.; CATEN, C. S. ten. Série monográfica qualidade: controle estatístico do
processo. Porto Alegre: FEENG/UFRGS, 2012. Disponível em: <http://www.producao.
ufrgs.br/arquivos/disciplinas/388_apostilacep_2012.pdf>. Acesso em: 16 jul. 2018.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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