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O que é dar uma “coisada na paradinha”?

Será que é coisa de velho? “Coisa” virou verbo mesmo? Uma


paradinha seria um desfile em pequena escala? Só sei que fico esperando o
desenrolar dos acontecimentos para poder entender o que vem a ser a tal
“coisada na paradinha”. Quando um adolescente manda essa, é duro saber se
está falando de sexo, limpeza de algum objeto, instalação de um programa no
computador, fazer um cálculo, apontar o lápis...

Complicado mesmo é quando não entendemos o exposto! Viramos uns


“caras” complicados, querendo que sejam usadas “aquelas” palavras. Que
palavras seriam essas? Quando estamos falando de economia temos que usar
o, tão falado, “economês”, política gera o “politiquês”... Os grandes Doutores do
“mundo acadêmico” geram toda sorte de palavras que o dicionário não
reconhece. Quem será proprietário do direito de criar palavras ou reinventar o
significado das que já existem?

No dia-a-dia vou tentando dar um jeito nessa confusão. Não sou jovem
e também não fiz doutorado... Vivo apanhando dos dois lados! Quando dou de
cara com determinados textos, construídos por grandes pensadores,
contemporâneos, tenho que me virar sem usar o “desatualizado” dicionário. Na
outra ponta estão as “paradinhas”, muitas e diversificadas, para trabalhar e
decifrar. Logo eu, que sou das ditas Ciências Exatas, tenho que lidar com
esses trecos todos, criações da esmerada imprecisão humana.

Sou péssimo em análise sintática! Até hoje acredito que um “objeto


direto” seja um pedrada na testa, ou em qualquer outro local, como queira. O
tal “agente da passiva” não é o sujeito Gay que mora lá na esquina? Sempre
acreditei que o “agente apassivador” fosse um cara degenerado que sai por aí
fazendo a cabeça dos jovens na intenção de despertar seu lado inativo!

Realidade é que sem o “santo” editor de texto e o Aurélio Eletrônico eu


só teria minha imaginação e uma forte vontade de expressão. Será que
despertar esta vontade nos jovens não seria uma boa coisa? Eles não gostam
de ler, não sabem interpretar textos, apresentam sérias dificuldades no
momento de manifestar suas opiniões. Podemos viver sem conhecer o que
pensam aqueles que tomarão conta da nossa velhice?

Outro dia, um jovem, queria explicar uma questão a respeito dos


fenômenos ligados à propagação da luz, a falta de vocabulário estava
matando-o, quase que teve um ataque de nervos. Quando tentei ajudar ficou
pior ainda... – “Quero dizer do meu jeito”! – Fiquei preocupado, naquele
momento, em tentar verificar se ele conhecia os fenômenos. Apesar de estar
criando novos termos, deixando de lado os que são amplamente utilizados
pelos mestres, demonstrando entendimento, naquele instante, estaria
satisfatório. Depois mostrei que durante sua vida acadêmica, seria impossível
caminhar sem dominar o vocabulário específico de cada ciência.

Será que um trabalhador carregando sacos de cimento, com 50 kg de


massa cada, em um pátio perfeitamente plano, irá aceitar que o trabalho
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realizado por ele é “Zero”? Acho que quem disser isso, pro camarada, vai
tomar uma “bifa na orêia”! Já é complicado explicar que a lâmpada interna, de
um ônibus, pode não estar em movimento quando o danado está andando.
Nem é bom falar que a casa dele está viajando ao redor da galáxia!

Cada um puxa a “brasa da sardinha” pro seu lado. Os grandes


escritores querem a linguagem rebuscada. Os das ciências biológicas usam
termos que somente com treinamento são pronunciáveis. Até na lanchonete
existe confusão, são egg-x-saladas, hot-dogs, milk-shakes... Quero saber quem
vai dar uma força nessa confusão?

Fico triste em saber que, dentro das universidades, os próprios acadêmicos


dizem: ─ “Os doutores só servem para formar outros doutores”. Para termos
acesso aos bons canais de televisão, aqueles que educam, temos que pagar. É
bom ver que algumas tentativas são feitas, mas ainda é muito pouco. Como
despertar, realmente, o interesse pelo conhecimento humano assistindo
novelas? Acredito que somente os fofoqueiros fiquem plenamente satisfeitos
com essa falta do que falar.

Em fim... Vou dar uma coisada, aqui nas paradinhas do computador,


tentando deixar este texto “legível”, nada tão lindo quanto um “homem de
fardão” poderia fazer, pois sou apenas um mortal, um cara como outro
qualquer, “caminhando para a morte pensando em vencer na vida”. É assim
mesmo, né?

Todo ano, como este que estamos vivenciando, as “almas do outro


mundo” vêm com esta historinha: “Importante é educação e saúde. Sem um
trabalho sério e investimentos nada será construído nessa nação”.

E como dão espaço pra eles na mídia!

Cadê o trabalho? Cadê? Será que fazendo uma pesquisa na “Net” eu


acho? Somente com uma “máquina de busca”... Não é assim? Como então?

Rapaz eu queria ver esses camaradas vivendo com o que eu ganho.


Com dinheiro no bolso é mole, quero ver fazer isso duro!?!?

Luiz Canelhas – luiz.canelhas@ymail.com


2008

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