Você está na página 1de 7
sch CONSELHO ESTADUAL DE EDUCACAO PRAGA DA REPUBLICA, 53 - CEP: 01045-903 FONE: (11) 2075-4500 PROCESSO 2091087/2018 INTERESSADO_ Conselho Estadual de Educacao Regimento Escolar e 0 direito a educagao e a aprendizagem: a transferéncia ASSUNTO por questées disciplinares como medida educativa de carater excepcional RELATORA Cons® Roséngela Aparecida Ferini Vargas Chede INDICAGAO CEE _| N°475/2019 oP ‘Aprovada em 17/04/2019 CONSELHO PLENO 4. RELATORIO 4.1 INTRODUGAO © Conselho Estadual de Educagao de Sao Paulo, considerando 0 dever de efetivacdo dos diferentes direitos das criangas e adolescentes (art. 4° - ECA) e as prerrogativas da LDB n° 9394/1996, que confere liberdade de organizacao aos Sistemas de Ensino (art. 8°, § 2°), a incumbéncia dos estados para baixar normas complementares para 0 seu Sistema (art. 10, inciso V) e o principio do direito a Educagao © a aprendizagem ao longo da vida (art. 3°, inciso XIll), manifesta-se a respeito da presenca da “transferéncia compulséria” no Regimento Escolar, como sangao disciplinar, no Titulo referente as normas de gestéo e convivncia. A presente Indicagéo contou com a colaboragéo da Prof* Débora Gonzalez Costa Blanco, ex— Conselheira desta Casa. 4.2 CONTEXTO SOCIOEDUCACIONAL E A FUNGAO SOCIAL DA ESCOLA NA GARANTIA DE DIREITOS Nas ullimas décadas, o ordenamento juridico brasileiro normatizou e contemplou amplo processo de regulamentagdo no campo relacionado @ educacao de criangas e adolescentes, com vistas a concretizar efetivamente o principio de garantia ao direito de educar-se ‘Segundo Cury e Ferreira (2009) de nada valeria a previsdo de regras juridicas com relacdo Educagao (com boas intengdes) se nao fossem previstos meios para a sua efetividade. * A Constituigao Federal (1988) define a Educagao como um dircito social, “dlireito de todos @ dever do Estado © da familia” (art. 6°) © afirma que “sera promovida @ incentivada com a colaboragao da sociedade” (art. 205). Destacam-se, na Carta Magna, a vida, a liberdade, a igualdade, a seguranca e a propriedade, como direitos fundamentals do cidadao (art. 5°). Para Muniz (2002) ‘as normas constitucionais que disciplinam o direito 4 educagao, ora vista como Integrante do direito & vide, ora como direito social, hao de ser entendidas como de oficacia plena 0 aplicabilidade imediata, produzindo efeitos juridicos, no qual todos estéo investidos no direito subjetivo iiblico, com efetivo exercicio do gozo, indispensévels para o pleno desenvolvimento de pessoas, seu reparo para o exercicio da cidadania e sua qualificacdo para o trabalho".? © artigo 53 da Lei n® 8069/1990 reafirma a garantia & Educagao nos mesmos termos. Por ser uma lei protetiva, o Estatuto da Crianga e Adolescentes, realga a condigéo peculiar desta fase para o desenvolvimento da pessoa e destaca os fins sociais da lel, as exigéncias do bem comum, os direitos deveres individuais e coletivos * (CURY, Carlos Roberto Jamil; FERREIRA, Luiz Antonio Miguel. Revista CEJ, Brasilia, Ano XIll,n. 45, p. 32-85, abr. jun. 2008). ? MUNIZ, Regina Maria F. O direito & educacdo. Rio de Janeiro: Renovar, 2002. ALDB n° 9394/1996 consagra a garantia do direito & educagdo e a aprendizagem ao longo da vida {art. 3°, XIll) e estabelece que a edueagao nacional deve inspirar-se nos principios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana (art. 2°). Referenciada neste contexto, a Educagao é concebida como um proceso de humanizagao que corre na sociedade com a finalidade explicita de “tomar os individuos participantes do processo civilizatério © responsaveis por levé-lo adiante. Enquanto pratica social é realizada por todas as instituigdes da sociedade; enquanto processo sistematico e intencional ocorre em algumas, dentre as quais as escolas” (PIMENTA, 2000). As instituigdes escolares, desta forma, so desafiadas a enfrentar os problemas presentes na sociedade e, entre eles, aponta-se o da violéncia social, com reflexos nos seus ambientes, manifestos no convivio escolar sob diferentes formas e reconhecidos, por vezes, como atos de indisciplina. 4.3 VIOLENCIA SOCIAL E INDISCIPLINA ESCOLAR: BREVES CONSIDERAGOES © fendmeno da indisciplina emerge do contexto social, associada a transgressdo de regras, normas € limites estabelecidos. Entretanto, essa prética no se confunde na Escola com a violéncia social caracterizada como ato infracional definido no ECA (art. 103), que prevé inclusive, a aplicagao de medidas socioeducativas aos infratores (art. 112-114). Se por disciplina entende-se comportamentos regidos por um conjunto de normas, a indisciplina pode ser traduzida de duas formas: a) revolta contra essas normas ou b) desconhecimento delas. No rimeiro caso, a indisciplina traduz-se por uma forma de desobediéncia insolente. No segundo, pelo caos dos comportamentos, pela desorganizagao das relagdes (LA TAILLE, 1996, p. 23). Nessa perspectiva, os conflitos nao so negados, ao contrario, s4o observados e analisados de forma distinta, com vistas a promover “o desenvolvimento cognitivo, moral e afetivo em diregao autonomia (FREIRE, 2011). AA distingao inicial pretende delimitar a natureza e espago de atuagao deste Conselho e das escolas integrantes do Sistema de Ensino paulista. Com isso nao se ignora a relacao, por vezes, intrinseca, entre uma e outra. Para efeitos desta Indicago tal distingdo se faz necessdria em respeito ao ordenamento juridico que estabelece competéncias préprias para cada uma das instituiges que compéem o Estado Democratico de Direito Assim, para o devido acompanhamento e intervengo da Escola, nos casos de indisciplina, os agentes educacionais devem assumir o compromisso que Ihes é préprio, qual seja, utilizar os meios & recursos internos baseados no didlogo e em medidas educativas e pedagdgicas de cuidado, respello e protegao. Com essa atitude e preceitos, as normas regimentais, principalmente aquelas relacionadas & gestdo e convivéncia, sao construidas sob a ética da incluso, do acolhimento, da garantia ao direito a frequéncia escolar, 4 aprendizagem e nao simplesmente com 0 enfoque em regras punitivas, classificatérias e excludentes. © desconhecimento desses principios e da propria legislacao relacionada a matéria podem provocar situag6es irregulares, com o tratamento dos casos concretos sem o devido esgotamento das medidas administrativas no ambito escolar, e mais, desconsiderando a interface pedagégica e do cuidado ‘que permeiam a fungao social da Escola na garantia ao direito educacional 2 PIMENTA, Selma Garrido. Formago de professores:identidade e saberes da docéncia. In: PIMENTA, S.G. (ore.) Saberes pedagégicos e atividade docente. 2e. Sao Paulo: Cortez, 2000. “LATAILLE, Yves de. A indisciplina e 0 sentimento de vergonha. In: AQUINO, J. G. (rg,) Indisciplina na escola: alternativas teéricas e praticas. 4e. Sdo Paulo: Summus Editorial, 1996. 5 FREIRE, Nadia M. Badue (org.) Educacéio para a paz e tolerdncia: fundamentos tebricos e pratica educacional. Campinas: Mercado de Letras, 2011 Para a concretizagao do processo educative a Escola deve organizar-se e agir a partir de principios @ agées inspiradas na Educagao para a Paz, de modo a propiciar a construgao de espagos democraticos Participativos e uma cidadania ativa. Quando uma conduta nao ¢ caracterizada como ato infracional e sim como um ato de indisciplina, essa conduta deve ser analisada exclusivamente na Escola, referenciada no Regimento Escolar e demais proposigdes e fundamentos teérico, pedagégico e legal que envolvem o CUIDAR, RESPEITAR E PROTEGER criangas e adolescentes, visando garantir 0 dircito a educagéo © a aprendizagem dos educandos. 4.4 NORMAS DE GESTAO E CONVIVENCIA: TRANSFERENCIA COMPULSORIA E AS SANGOES DISCIPLINARES Para iniciar a discusséio hd que se diferenciar, no caso especifico de criangas e adolescentes, aquelas condutas que se enquadram como Ato Infracional ¢ assim pertencem a esfera judicial de agir. A violencia manifesta, caracterizada como ato infracional ullrapassa, portanto, as medidas e limites da Escola. ‘Segundo 0 ordenamento juridico “considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravengao penal" (art. 103, ECA). Apesar de penalmente inimputaveis, considerara os menores de dezoito anos (art, 104) sujeitos as medidas socioeducativas descritas na Lei n? 8069/1990, em seus artigos 112, complementado pelos artigos 113 e 114, além do disposto nos artigos 99 a 101 Sob essa 6tica legal, a violéncia, considerada como ato infracional, sera encaminhada e tratada pela autoridade judicidria competente, com amparo no sistema de garantias de direitos as criangas © adolescentes que contam com a atuagéo do Conselho Tutelar, do Ministério Publico e Poder Judiciério, além de outras instituigdes e de pollticas publicas intersetoriais préprias. Feita essa distingao continuemos. As escolas do Sistema Estadual de Ensino, ao elaborarem seus regimentos, destinam um capitulo especifico as normas de gestao e convivéncia, baseadas em sua Proposta Pedagégica, dispositivos legais. relacionados e nas orientagées deste Conselho. As normas visam delimitar as condutas e relages no ambiente escolar, estabelecendo direitos e deveres de todos os envolvidos no processo escolar, admitindo, Inclusive, a aplicagdo de sanges nos casos de descumprimento. No caso desta Indica¢do aborda-se especificamente o regramento envolvendo as alunos. No ano de 2000, o Conselheiro Bahij Amin Aur apontava a preocupagao com o direito a Educacao e alertava as escolas, em seu Parecer CEE/SP 101/200, para a impossibilidade de medida disciplinar voltada para a “expulsdio de alunos", A expulsao prejudicava a vida escolar pois nao havia garantia da continuidade de estudos e, por vezes, gerava “estigmas e rétulos” a imagem dos adolescentes, dificultando a obtencéo de uma nova vaga em outra Escola. Similarmente pode-se pensar que a “transferéncia compulséria’, quando presente no Regimento Escolar e exercida de forma unilateral, pode representar pratica excludente e punitiva. Hé que se destacar ainda as relagdes interpessoals e de poder, a natureza prépria da cultura escolar que, em alguns casos, apesar de regras de convivéncia e sangées elaboradas e materializadas em diferentes documentos (Proposta Pedagégica, Regimento Escolar, Plano de Gestdo/Escolar), sob principios da mediagao de conflitos, da Educagao para a Paz e tolerancia aliva, promovem e disseminam agoes veladas de discriminagao e exclusao de criangas e adolescentes. Essas agées, por vezes, “legitimadas” na relagao “formal” familia-escola, em acordos tacitos, revelam a face mais cruel e punitiva que vitimiza e nega direitos aos educandos, Cabe também enfatizar que os mesmos principios de compromisso, dedicagao, culdado e tolerancia ativa que se aplicam aos educandos, também se destinam ao tratamento dos diferentes profissionais que diuturnamente se dedicam ao processo de ensino e de aprendizagem dos alunos — funcionérios, professores, gestores. Estes profissionais tém o mesmo direito de serem valorizados e respeitos pelos alunos e demais agentes da comunidade escolar ou de entidades/érgaos outros. Defende-se que a educagao escolar, como processo educative, va além da construgao de conceitos, apreensdo de contetidos, desenvolvimento do raciocinio légico operatério, da resolugao de problemas, das capacidades analiticas. A educacdo escolar também se destina & construgdo de atitudes valores necessarios para o convivio social, para a construgao da democracia, para a cidadania ativa, enfim para a autonomia do ser ¢ do intervir no mundo contemporaneo de forma ética. Nesse sentido todos os envolvidos so chamados ao processo educacional, para a sua concretizagao efetiva, Considerando as exposigGes supramencionadas e 0 direito a0 respsito que “consiste na inviolabilidade da integridade fisica, psiquica e moral da crianca e do adolescente, abrangendo a preservacao da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias @ crengas, dos espagos e objetos pessoais” (art. 17 - ECA), 0 Conselho Estadual de Educagao de Sao Paulo aponta a seguir alguns crtérios a serem respeitados no ambito do Sistema de Ensino Paulista para a elaborago dos Regimentos Escolares, em especial na previsdo de SangSes Disciplinares, no TITULO referente as Normas de Gestdo © Convivencia. No processo de elaboragao e aplicagao das sangées disciplinares, um tripé devera ser observado pela Escola: 1, Agarantia ao direito a educago © @ aprendizagem que toda ctianga © adolescente ossuem; 2. 0 fim educativo e pedagégico de toda agao escolar para a formagao da autonomia moral cidadania ativa; 3. A responsabilidade da Escola, (conjuntamente com 0 Estado, familia © sociedade), com © Cuidar, Respeitar e Proteger (fisico, psiquico e moral). Qualquer regra a ser contemplada pela Escola nao poderd ferir esse conjunto maior de principios, bem como aqueles outros intervenientes de dispositivos legals aplicaveis. O contexto de produgao das normas, quando sob concepgées punitivas nos Regimentos Escolares, ultrapassa as discussées meramente formais que explicitam “penalidades” no convivio escolar, Prioritario deve ser 0 exercicio pedagégico de praticas e projetos pautados no dilogo, na mediagao @ na construgao de uma Educagéo e Cultura para a Paz, nos quais a autonomia moral, a tolerdncia e cidadania ativa colocam-se como desafios no século XXI E aqui, ressalva-se, que o fenémeno da violéncia ou da indisciplina, motivadora de medidas socioeducativas (quando ato infracional) ou sangées disciplinares (quando ato de indisciplina na Escola), ultrapassa as questées socioeconémicas. Cabe frisar que “a escola, como espaco sociocultural, & entendida (....) como um espago social proprio, ordenado em dupla dimenséo. Institucionalmente, por um conjunto de normas e regras, que buscam unificar e delimitar a agéo dos seus sujeitos. Cotidianamente, por uma complexa trama de relacdes sociais entre os sujeitos envolvidos, que incluem aliangas e conflitos, imposigdo de normas e estratégias individuals, ou coletivas, de transgresséo e de acordos. Um processo de epropriagdo constante dos espacos, das normas, das préticas e dos saberes que déo forma a vida escolar. Fruto da agéo reciproca entre 0 sujeito e a instituigdo, esse proceso, como tal, & helerogéneo. Nessa perspectiva, a realidade escolar aparece mediada, no cotidiano, pela apropriagéo, elaboragao, reelaboracao ou repulsa expressas pelos sujeitos sociais” (EZPELETA; ROCKWELL, 1986).* Por isso, para o enfrentamento desses fendmenos, que nos desafiam constantemente, todos os recursos disponiveis devem ser colocados a disposicao das equipes escolares e dos préprios alunos como forma de desenvolver outras atitudes e valores, competéncias socicemocionais, também objetos de planejamento, intervengao © apreensao no ambito escolar © das politicas intersetoriais. Observe-se a importancia nesse processo da participagao da Supervisao de Ensino. Dentre alguns desses recursos destacam-se: a) formagdo continuada de professores para mediagao de conflilos e para a justica restaurativa; b) criagdo ¢ implementagao de projetos que aproximem a escola — aluno - familia: c) programas de apoio profissional especializado; d) implantacao de programas preventivos de agressividade escolar em parceria com as familias e outros profissionais; e) insergao de sangdes no regimento de caréter pedagégico, proporcionando a reflexdo, 0 pensar sobre o ato praticado, consequéncias e a socializagao da sintese deste processo com outros pares, com vistas @ reparagdo ¢ evitarem atitudes reiteradas. ° EZPELETA, Justa; ROCKWELL, Elsie Pesquisa participante. SP: Cortez Ed., 1986. Sabe-se que a presenga de um institute de sango (quando normas so descumpridas) no Regimento Escolar, seguramente nao & garantia de seu cumprimento formal. Nao basta contempté-lo, mas sim operacionalizé-lo formalmente como exercicio pratico da cidadania, da tolerancia ativa e de uma Cultura de Paz, para a ruptura com praticas punitivas “Vale lembrar, igualmente, que as sangdes disciplinares néo podem affontar a garantia ao acesso permanéncia na escola, nem acarrelar vexame ou constrangimento indevido aos discentes, sob pena de inadmissivel abuso do poder de punir que, em vez de corrigir 0 ato de indisciplina, apenas perpetua a cultura da arbitrariedade e desrespeito aos direitos fundamentals da pessoa" (SILVEIRA, sid). ” A Escola democratica tem regras, limites e sangbes — estas fazem parte do desenvolvimento da autonomia moral dos sujeitos. A diferenga consiste em que essas regras sejam construidas e significadas, Por isso compreendidas e aceitas por meio de discussdes e tomadas de consciéncia sucessivas, sempre ontribuindo para o proceso de desenvolvimento cognitivo, fisico, psiquico © moral e para a agao educativa Civizatéria das escolas do Sistema de Ensino Paulista. 1.5 CUIDAR, RESPEITAR E PROTEGER: GARANTIA A EDUCAGAO E A APRENDIZAGEM No complexo cotidiano escolar, por vezes, emergem atos de indisciplina que ultrapassam os limites das ages previstas e controlaveis da unidade escolar, demandando providéncias imediatas com vistas & garantia a educacao e & aprendizagem dos educandos. Quando esses atos de indisciplina puderem implicar riscos a integridade (fisica, ou psiquica e/ou moral) de um aluno, ou de outrem, ou do coletivo, inclusive abrangendo a preservagdo da imagem, identidade, e com base na responsabilidade da Escola com o CUIDAR, RESPEITAR E PROTEGER, sera contemplada, nos Regimentos Escolares, 2 possibllidade de transferéncia como medida de cautela, indicada por Conseiho de Escola ou Comissao equivalente, nos termos a seguir especificados: a) O aluno poderd, excepcionaimente, ser transferido para outra unidade escolar, em situagao especifica de risco para sua integridade ou de outrem, de acordo com indicagao de Conselho de Escola ou Comissao ‘equivalente escolar, sempre sob a perspectiva do CUIDAR, RESPEITAR E PROTEGER. b) Caberé ao Conselho de Escola ou Comissao equivalente deliberar a respeito da situaco, inclusive sobre a aplicago de possibilidades outras e, somente esgotadas essas, determinar a transferéncia como medida de cautela, conforme disciplinado no Regimento Escolar. A Direga0 da Escola deverd reunir € disponibilizar todos os documentos e informagdes necessarias para subsidiar a tomada de decisao. ) Recomenda-se que medidas educativas © pedagégicas, mesmo que caracterizadas sob a forma de sangdes, precedam a excepcionalidade da transferéncia como medida de cautela, indicada pelo Conselho de Escola ou Comisséo equivalente, sempre de maneira documentada e arquivada pela Escola 4) © aluno sempre teré a garantia da ampla defesa e do contraditério, bem como o devido acompanhamento dos seus pals ou responsavels e/ou advogado constituido, em todas as etapas do procedimento. Ha que se ter a ciéncia dos interessados em todas as etapas do procedimento escolar. 8) A reuniao especifica para decidir a respeito da possibilidade de transferéncia como medida de cautela, indicada por Conselho de Escola ou Comissao equivalente, com vistas ao CUIDAR, RESPEITAR E PROTEGER, deverd ser notificada aos interessados com antecedéncia e conter informagdes sobre os. fatos geradores e apurados, bem como a indicagao de providéncia(s) a ser(em) aplicada(s). f) Caberd @ Dirego de Escola a operacionalizacdolmaterializagao da comunicagéo entre Conselho de Escola ou Comissao equivalente e interessado, seus pais ou responsavels e/ou advogado constituido, durante todas as etapas. 9) Considerada a excepcionalidade dessa transferéncia como medida de cautela, apés deliberagao do Conselho de Escola ou Comissao equivalente, caberé ao Diretor de Escola piiblica expedir a deciaracao * SILVEIRA, Mayra. llegalidade da expulsio ou transferéncia compulsoria de estudante. Disponivel em <. Acesso em 26/03/2019. de transferéncia. O setor responsdvel da Diretoria de Ensino, de circunscrigo da Escola, devera adotar as providéncias necessérias para a continuidade de estudos, preferencialmente, em Escola proxima da residéncia do aluna (artigo 53, V, da Lei 8.069/1990 - ECA), Apés essa providéncia, o Diretor de Escola informara 0 aluno, seus pais ou responsaveis, E necessaria a garantia de condigdes de frequéncia do aluno em sua nova Escola, inclusive as relativas ao transporte escolar e acessibilidade, quando couberem, bem como as cautelas de praxe para preservagao da imagem e identidade dos interessados. h) No caso das escolas da iniciativa privada caberé aos pais ou responsaveis a continuidade de estudos em Escola que atenda aos valores, crengas e critérios préprios da familia. A escola podera colaborar com as familias neste procedimento. i) Todos os documentos e informagées que subsidiaram a deciséo na Escola, que integraram o procedimento de transferéncia como medida de cautela, inclusive cépia da Ata deliberativa do Conselho de Escola ou Comissao equivalente, ficaréo arquivados na unidade escolar a disposi¢ao das autoridades, para consulta e apreciagao em caso de Recurso. }) A decisao de transferéncia por indicagao do Conselho de Escola ou Comissao equivalente poder ser objeto de Recurso, no prazo de cinco dias, sem efeito suspensivo, no Ambito da Diretoria Regional de Ensino de circunsctig4o da Escola motivadora do ato. O procedimento sera analisado pela Diretoria de Ensino, no prazo de cinco dias, sob as premissas destacadas nesta Indicago, excepcionalidade da situagao geradora da transferéncia como medida de cautela, regularidade dos procedimentos adotados e atendimento do previsto no Regimento Escolar. Desta decisao, cabera Recurso a este Conselho Estadual de Educagao, no prazo de dez dias, sem efeito suspensivo. k) Os pais ou responsdveis e/ou advogado constituido serao cientificados e orientados pela Diregao de Escola, da maneira mais gil possivel sobre os procedimentos, de forma que a frequéncia do aluno néo fique prejudicada, tanto na decisdo inicial quanto no caso de Recurso, Por fim, destaca-se que a transferéncia como medida de cautela, indicada por Conselho de Escola ou Comisséo equivalent, bem como as demais medidas relacionadas ao CUIDAR, RESPEITAR E PROTEGER devem ser concebidas e praticadas em processos formativos que atentem para necessidades especificas de criangas e adolescentes num continuum de desenvolvimento, considerada as caracteristicas préprias da faixa etéria contemplada e, sobretudo, devem voltar-se para a construgao da autonomia moral © cidadania ativa. 2. CONCLUSAO Diante do exposto, apresenta-se a Proposta de Indicag&o para apreciagao do Conselho Pleno. ‘S40 Paulo, 17 de abril de 2019 a) Cons. Rosangela Aparecida Ferini Vargas Chede Relatora DELIBERAGAO PLENARIA © CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAGAO aprova, por unanimidade, a presente Indicagéo © Cons. Francisco Antonio Poli votou favoravelments, nos termos de sua Declaragao de Voto Sala “Carlos Pasquale”, em 17 de abril de 2019. Cons. Hubert Alquéres Presidente INDICAGAO CEE N? 175/19 — Publicada no DOE em 19/04/2019 -Segao!- Pagina 30-31 DECLARAGAO DE VOTO Votei favoravelmente Indicagao, por entender que era o melhor documento que poderia ser produzido, no momento. E ele mantém, embora com ressalvas, a transferéncia compulséria Entendo, no entanto, que em qualquer texto normativo referente a normas de convivéncia, hé que se destacar — ¢ enfatizar - 0 tripé direitos, limites e deveres, essencial em todo convivio democratico; em especial, nas escolas Entendo, ainda, que nao sao apenas aqueles atos de indisciplina do item 5, ("que podem acarretar fiscos integridade do aluno, ou de outrem’), que devem ficar sujeitos a sangao da Transferéncia Compulséria, até porque & muito dificil identiicar com precisao tais atos. Deverd caber a Transferéncia CCompulséria também para o aluno que insistir em desrespeitar as normas da escola; para o aluno com hist6rico escolar grave; para o aluno culo comportamento demonstrar total desrespeito com professores, funcionarios © colegas. De qualquer forma, o CEE deixa claro que a transferéncia compulséria 6 um instrumento legal. ‘S40 Paulo, 17 de abril de 2019 a) Cons. Francisco Antonio Poli

Você também pode gostar