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Estudo Do Impacto Da Diminuição Do Fluxo de Veículos Na Dispersão de Poluentes Atmosféricos Na Avenida Mário Leal Ferreira em Salvador
Estudo Do Impacto Da Diminuição Do Fluxo de Veículos Na Dispersão de Poluentes Atmosféricos Na Avenida Mário Leal Ferreira em Salvador
Introdução
Ao longo dos anos o aumento do uso de combustíveis fósseis, seja para a geração de
energia elétrica ou para uso como combustível de veículos automotores, tem provocado
o aumento da quantidade de poluentes emitidos na atmosfera. Esses poluentes apresentam
potencial em afetar à saúde humana, de plantas e a integridade de estruturas (AHRENS e
HENSON, 2019; IEMA, 2014).
As fontes móveis veiculares são uma das principais fontes de poluição atmosférica nos
centros urbanos. O tráfico de veículos é responsável por cerca de 90% das emissões de
monóxido de carbono (CO), 80 a 90% das emissões de óxidos de nitrogênio (NOx), é
responsável também pela emissão de hidrocarbonetos e de uma quantidade significativa
de material particulado (MP) (HABERMANN; GOUVEIA, 2012; HABERMANN;
MEDEIROS; GOUVEIA, 2011). Os veículos grandes como ônibus e caminhão são
responsáveis pela maior parte da emissão de óxidos de nitrogênio e de enxofre, enquanto
os veículos leves são os principais responsáveis pela emissão de monóxido de carbono e
hidrocarbonetos (TEIXEIRA; FELTES; DE SANTANA, 2008).
O fluxo de veículos é uma variável que está ligada diretamente ao nível de atividade da
fonte móvel de emissão e, consequentemente, à quantidade de poluentes emitidos em uma
região (JACONDINO, 2005). Quanto maior o fluxo de veículos em uma avenida, por
exemplo, maior será a concentração de poluentes ao longo desta avenida. Em março de
2020, medidas de restrição estabelecidas em Salvador para conter o avanço da pandemia
de COVID-19, afetaram diretamente o fluxo de veículos em toda cidade.
Objetivo do trabalho
Metodologia utilizada
Visando avaliar o impacto da diminuição da frota circulante na av. Mário Leal Ferreira
na concentração de poluentes provenientes de fontes veiculares nesta via, as simulações
foram realizadas no softrawe AERMOD View, para os meses de abril de 2019, janeiro,
fevereiro e abril de 2020. De acordo com os dados de fluxo os meses de janeiro e fevereiro
de 2020 possuem uma frota circulante semelhante, dessa forma, os dados desses meses
serão inseridos em uma única simulação. Como o mês de março apresenta um perfil de
fluxo de veículos intermediário, uma vez que as restrições começaram na última semana
do mês, março não será avaliado no estudo.
A simulação na avenida foi realizada inserindo a frota total de cada período sem
diferenciação por categoria. Sabendo que os veículos automotores apresentam diferentes
fatores de emissão, foi utilizada uma média ponderada dos fatores de emissão para o
cálculo do fator de emissão (Fe) total da via para cada poluente. Os poluentes
considerados foram o monóxido de carbono (CO), material particulado (MP10) e os
óxidos de nitrogênio (NOx).
A obtenção do fator de emissão para cada categoria veicular é o primeiro passo para o
cálculo do fator de emissão de cada sentido da via. O fator de emissão depende do ano de
fabricação e do tipo de combustível que o veículo está consumindo. Os fatores foram
obtidos a partir da metodologia definida no Inventário nacional de Emissões Atmosféricas
por Veículos Automotores Rodoviários do Ministério do Meio Ambiente (2013). Os
veículos pequenos, por exemplo, são compostos por veículos a gasolina, a álcool, do tipo
flex, a diesel e gás natural de diferentes anos de fabricação. Um automóvel pequeno a
álcool de 2007 emite um determinado poluente com um fator diferente de um veículo flex
do mesmo ano ou a diesel de um ano diferente. Nos anos de 2020 e 2021 foi utilizado o
fator de emissão de 2019 uma vez que os dados utilizados foram fornecidos pela CETESB
até o ano de 2019.
Depois de obter os fatores de emissões, calculou-se a emissão de cada poluente para cada
sentido da via e em seguida calculou-se um único fator para todas as categorias somando
a contribuição de cada categoria veicular para cada poluente e dividindo pela frota total
da via. Como os meses de janeiro e fevereiro possuem perfil de frota semelhantes, os
dados desses meses foram inseridos em uma única simulação, assim, foi calculado um
fator médio para o período considerando a frota e o fator de emissão de cada mês.
Em abril de 2020 o resultado da simulação para 8h, na figura 02, apresentou uma faixa
de concentração entre 82,45 e 8.209,11 𝜇𝑔/𝑚3.
Tabela 02: Concentrações mínimas e máximas de MP10 em 24h para cada período do
estudo.
O padrão intermediário I (PI-1) é o utilizado pela legislação brasileira, enquanto que o
padrão final (PF) é o estabelecido pela OMS. É possível observar que em comparação
com o PI-1, alguns pontos a concentração de MP10 ultrapassa os valores estabelecidos
pela legislação, exceto no mês de abril de 2020 em que a concentração máxima para 24h
foi igual a 70,38 𝜇𝑔/𝑚3. Em comparação com o PF todos os meses, tanto para 24 h quanto
para 1 ano, apresentaram concentrações máximas que ultrapassam a legislação.
Conclusões/Recomendações
A partir dos dados da frota de veículos circulantes nos meses de abril de 2019, janeiro,
fevereiro e abril de 2020, obtidos através dos registros dos radares na avenida em estudo,
foi possível constatar que após a implementação das medidas de restrições de circulação
na cidade, em meados de março de 2020 para conter o avanço da pandemia de COVID-
19 o fluxo de veículos na av. Bonocô diminuiu consideravelmente.
Embora estudos desta natureza possuam incertezas associadas à obtenção de dados para
a simulação, como os dados meteorológicos, a estratificação da frota, e os fatores de
emissão para alguns anos, a modelagem matemática se mostrou uma ferramenta
importante para avaliação do tráfego nas vias. Os valores elevados de concentrações
encontrados neste estudo indicam a contribuição das fontes móveis veiculares sobre a
qualidade do ar. Estes resultados alertam para a necessidade de implantação de medidas
de gestão, como a rede de monitoramento da qualidade do ar e ações de incentivo ao uso
de meios de transportes com menor potencial de poluição como bicicletas, veículos
elétricos e transportes públicos como o metrô.
Referências bibliográficas
GOUVEIA, N. et al. Ambient fine particulate matter in Latin American cities: Levels,
population exposure, and associated urban factors. Science of the Total Environment, v.
772, p. 145035, 2021.
SHEPHERD, D. et al. The covariance between air pollution annoyance and noise
annoyance, and its relationship with health-related quality of life. International Journal of
Environmental Research and Public Health, v. 13, n. 8, 2016.