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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA BAHIA

CAMPUS SALVADOR
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

MARCOS VINICIUS DE OLIVEIRA MOREIRA

DESENVOLVIMENTO DE NANOPARTÍCULAS DE QUITOSANA


INCORPORADAS COM CÚRCUMA PARA POTENCIAL APLICAÇÃO EM
MICROAGULHAS DE POLÍMEROS DEGRADÁVEIS PARA USO TÓPICO

SALVADOR – BAHIA
2022
ii

MARCOS VINICIUS DE OLIVEIRA MOREIRA

DESENVOLVIMENTO DE NANOPARTÍCULAS DE QUITOSANA


INCORPORADAS COM CÚRCUMA PARA POTENCIAL APLICAÇÃO EM
MICROAGULHAS DE POLÍMEROS DEGRADÁVEIS PARA USO TÓPICO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como


requisito parcial para obtenção do título de Bacharel
em Engenharia Química do Instituto Federal da
Bahia – IFBA.
Orientador: Prof. Dr. Édler Lins Albuquerque.
Coorientador: Eng. MSc. Dário Rodrigues do
Nascimento Júnior

SALVADOR – BAHIA
2022
iii

MARCOS VINICIUS DE OLIVEIRA MOREIRA

DESENVOLVIMENTO DE NANOPARTÍCULAS DE QUITOSANA


INCORPORADAS COM CÚRCUMA PARA POTENCIAL APLICAÇÃO EM
MICROAGULHAS DE POLÍMEROS DEGRADÁVEIS PARA USO TÓPICO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como


requisito parcial para obtenção do título de Bacharel
em Engenharia Química do Instituto Federal da
Bahia – IFBA.
Orientador: Prof. DSc. Édler Lins de Albuquerque.
Coorientador: Eng. MSc. Dário Rodrigues do
Nascimento Júnior

Aprovado em: ____/____/________

COMISSÃO JULGADORA
_________________________________________________
Prof. DSc. Édler Lins de Albuquerque – IFBA – Campus Salvador
_________________________________________________
Prof. DSc. Elaine Christine de Magalhães Cabral Albuquerque – UFBA
_________________________________________________
Prof. Msc. Mélodi Schmidt – IFBA – Campus Salvador
_________________________________________________
Eng. MSc. Dário Rodrigues do Nascimento Júnior

SALVADOR
2022
iv

Dedico este trabalho a mim e à minha


família: Maria Rosa de Oliveira, Gabriel
Moreira Neto, Gabriela de Oliveira Moreira
e Antônio Aldo Moreira (em memória).
v

AGRADECIMENTOS

Aos membros da banca avaliadora:


Agradeço ao Prof. Dr. DSc. Édler Lins de Albuquerque, meu orientador, que
prontamente aceitou me orientar e me ajudar com este trabalho. Sou grato pela forma com
a qual me recebeu no instituto, como me ouviu e encorajou perante minhas dúvidas e
aflições de carreira durante a graduação. Édler, muito obrigado!
Agradeço à Prof. DSc. Elaine Christine de Magalhães Cabral Albuquerque, que
gentilmente me recebeu e integrou ao Laboratório de Polímeros e Bioprocessos da
Universidade Federal da Bahia para o desenvolvimento deste trabalho. Muito obrigado,
Elaine!
Um agradecimento especial ao Eng. MSc. Dário Rodrigues do Nascimento Júnior,
que me acompanhou de perto, me ouviu, e me incentivou durante o processo deste
trabalho, tornando-o mais leve e divertido. Dário, torço demais por você! Obrigado.
Agradeço à Prof. Dr. Mélodi Schmidt pela gentileza de participar daminha banca,
e pela diligência e cuidado com os alunos durante seu tempo na coordenação do curso de
Engenharia Química do IFBA. Mélodi, muito obrigado!
Aos professores do Instituo Federal da Bahia – Campus Salvador:
Meus sinceros agradecimentos. Vocês são profissionais e pessoas excepcionais.
Gostaria de destacar minha gratidão ao Prof. MSc. Luís Filipe Freitas da Silva de Jesus,
por gentilmente me cedeu o microscópio óptico para as análises finais deste trabalho.
Aos meus amigos:
Eu tenho muita sorte em ter vocês em minha vida. Obrigado por me acompanhar
ao longo da jornada e torcerem por mim. Quero tê-los sempre comigo.
À minha família:
Agradeço ao meu Pai, Gabriel. Eu tenho a grande sorte de tê-lo como pai.
Agradeço a minha mãe, Maria Rosa, por ser um exemplo de mãe: que luta pelos
filhos até o último minuto, se dedica e nos inspira a ser excelente em tudo que nos
propomos a fazer.
Agradeço a minha irmã, Gabriela, por ter cuidado de mim em todas as etapas dessa
jornada. Gabi, você sabe que é o meu coração fora do peito e que eu te amo mais que
tudo nesse mundo.
Agradeço ao meu irmão, Aldo (em memória), que estaria muito feliz e realizado
neste momento.
Agradeço a Pedro, por ser minha família e melhor amigo, e pelo carinho nos
últimos anos.
Muito obrigado!
vi

“Compartilhe seu conhecimento. É uma


forma de alcançar a imortalidade.”
Dalai Lama
vii

RESUMO

Neste trabalho, produziu-se nanopartículas de quitosana incorporadas com


cúrcuma para potencial aplicação em sistemas de liberação transdérmica de fármacos, em
especial nos sistemas de microagulhas poliméricas dissolvíveis. Para isso, foram
sugeridas diferentes formulações para o preparo de uma nanoemulsão óleo em água,
utilizando Polisorbato 80 como agente surfactante. As nanopartículas foram obtidas pela
técnica de gelificação ionotrópica, utilizando tripolifosfato de sódio (TPP) como agente
reticulante. Variou-se parâmetros como natureza de quitosana, concentração de
surfactante na fase aquosa, composição da fase oleosa, concentração de cúrcuma na fase
oleosa e tempo de agitação na busca de menores tamanho da partícula. A formulação
proposta a partir dos resultados obtidos é composta por solução 0,2% (w/v) de quitosana
em solução de ácido acético 2% (v/v), 0,3% (w/v) de Polisorbato 80 em solução de
quitosana / ácido acético, 6% (w/v) de tripolifosfato de sódio e 0,4% (w/v) de cúrcuma
dissolvida em óleo de soja. A nanoemulsão foi caracterizada em relação ao tamanho de
partícula, potencial zeta e morfologia. A caracterização apresentou pico de 98,8% de
intensidade para partículas com tamanho por volta de 208,5 nm com desvio padrão de ±
98,8 nm e polidispersividade baixa, de 0,21. As medidas de potencial Zeta não foram
conclusivas pois as amostras não apresentaram comportamento monomodal. A
microscopia óptica comprovou o perfil esférico das partículas e a presença de
nanopartículas, validando o encapsulamento.

Palavras-chave: Nanoformulação. Transporte transdérmico. Microagulhas dissolvíveis.


Cúrcuma.
viii

ABSTRACT

In this work, chitosan-based nanoparticles incorporated with turmeric were


produced to obtain a preliminary nanoemulsion system for the potential application of
curcumin in transdermal drug delivery systems, especially in dissolved polymeric
microneedles systems. A set of experiments were performed to produce oil-in-water
nanoemulsions using Tween® 80 as emulsifier. Nanoparticles were designed by the ionic
gelation method, using sodium tripolyphosphate (TPP) as crosslinking agent. The
influence of process parameters such as chitosan nature, surfactant concentration in the
aqueous phase, the composition of the oil phase, turmeric concentration in the oil phase,
and stirring time were evaluated to obtain smaller particles with narrow distribution. The
final formulation comprises a 0.2% solution (w/v) of chitosan in 2% acetic acid solution
(v/v), 0.3% (w/v) of Tween® 80 in chitosan/acetic acid solution, 6% (w/v) TPP and 0.4%
(w/v) of turmeric dissolved in soybean oil. Emulsions were characterized by measuring
particle size, Zeta potential, polydispersity, and morphology. The characterization
showed a peak of 98.8% intensity of particles with a size around 208.5 nm and standard
deviation of ± 98.8 nm, and a low polydispersity of 0.21. Zeta potential measurements
were not conclusive since results have not shown a monomodal distribution. Optical
microscopy showed curcumin-encapsulated nanoparticles with spherical morphology.

Key words: Nanoformulation, Transdermal Delivery, Degradable Microneedles.


Curcumin.
ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Representação esquemática das camadas da pele. .......................................... 4

Figura 2 – (a) Estrato córneo (b) No interior da camada córnea, as células estão ligadas
pelos lipídios. .................................................................................................................... 5

Figura 3 – Transporte de fármacos através da pele. ......................................................... 7

Figura 4 – Rotas de penetração de substâncias medicamentosas na pele e exemplos de


medicamentos apropriados para as patologias das várias camadas cutâneas. .................. 8

Figura 5 – Mecanismo de difusão passiva. ....................................................................... 9

Figura 6 – Ação dos cremes tópicos, agulhas hipodérmicas (seringas), microagulhas e


adesivos transdérmicos na pele....................................................................................... 12

Figura 7 – Mecanismo de liberação de fármacos em dispositivos de microagulhas. (1)


Microagulha carregada com medicação; (2) Dispositivo inserido na pele; (3) Ruptura
mecânica temporária da pele; (4) Liberação do fármaco na epiderme; (5) Transporte do
fármaco para local de ação. ............................................................................................ 14

Figura 8 – Comparação entre microagulhas e seringas convencionais. ......................... 14

Figura 9 – Diferentes tipos de microagulhas antes e depois de perfurar a pele. (a)


microagulhas sólidas; (b) microagulhas revestidas; (c) microagulhas solúveis; (d)
microagulhas ocas........................................................................................................... 15

Figura 10 – Efeito da dissolução de microagulhas de Carboximetilcelulose e Ácido


Hialurônico na pele de um rato....................................................................................... 16

Figura 11 – Classificação dos Nanomateriais orgânicos utilizados em Nanoformulações.


........................................................................................................................................ 18

Figura 12 – Representação esquemática dos possíveis mecanismos de penetração de


diferentes nanoformulações de fármacos pelo estrato córneo. ....................................... 18

Figura 13 – Representação da estrutura de nanoemulsões de água em óleo (NE A/O) e


nanoemulsões de óleo em água (NE O/A). .................................................................... 21

Figura 14 – Comparação entre nanoemulsões e emulsões convencionais em relação a


tamanho de partícula e estabilidade. ............................................................................... 22

Figura 15 – Representação esquemática dos mecanismos de absorção de emulsões e


nanoemulsões pelas células da pele. ............................................................................... 23

Figura 16 – Representação esquemática da extração de quitosana das carapaças de


crustáceos e artrópodes. .................................................................................................. 25

Figura 17 – Ligações inter e intramoleculares resultantes da reticulação de partículas de


quitosana com TPP por meio da técnica de gelificação ionotrópica. ............................. 27
x

Figura 18 – (a) Espécime de Curcuma longa com inflorescência; (b) Rizomas frescos; (c)
Cúrcuma: rizomas secos e moídos. ................................................................................ 28

Figura 19 – Representação dos principais metabólitos da curcumina formados de acordo


com a via de administração. ........................................................................................... 29

Figura 20 – (a) Nanosizer Nano ZS da Malvern. (b) Cubeta do tipo célula capilar dobrada
(DTS1070) da Malvern................................................................................................... 32

Figura 21 – Imagens de microscopia óptica para as formulações iniciais, imagens


capturadas pelo software LEICA LAS com ampliação de 50x. (a) Formulação E1-1. (b)
Formulação E1-2. (3) Formulação E1-3. (4) Formulação E1-4. .................................... 34

Figura 22 – Distribuição de tamanho por intensidade. Amostras utilizaram quitosana 1.


Parâmetros variados: concentração de Tween® 80 na fase aquosa, e quantidade de
cúrcuma na fase oleosa. Curvas geradas a partir do Nanosizer Software. (a) Formulação
E2-1. (b) Formulação E2-3. (c) Formulação E2-4.......................................................... 37

Figura 23 – Distribuição de tamanho por intensidade. Amostras utilizaram quitosana 2.


Parâmetros variados: concentração de Tween® 80 na fase aquosa, e quantidade de
cúrcuma na fase oleosa. Curvas geradas a partir do Nanosizer Software. (a) Formulação
E2-6. (b) Formulação E2-7. (c) Formulação E2-8.......................................................... 38

Figura 24 – Distribuição de tamanho de partículas por intensidade das nanopartículas


formuladas por YADAV et al. (2012). ........................................................................... 39

Figura 25 – Distribuição de tamanho por intensidade. Amostras utilizaram quitosana 1.


Parâmetros variados: concentração de Tween® 80 na fase aquosa, tempo de agitação.
Curvas geradas pelo Nanosizer Software. (a) Formulação E3-1. (b) Formulação E3-2. (c)
Formulação E3-3. (d). Formulação E3-4. ....................................................................... 42

Figura 26 – Distribuição de tamanho por intensidade. Amostras utilizaram quitosana 2.


Parâmetros variados: concentração de Tween® 80 na fase aquosa, tempo de agitação.
Curvas geradas a partir do Nanosizer Software. (a) Formulação E3-5. (b) Formulação E3-
6. (c) Formulação E3-8. .................................................................................................. 43

Figura 27 – Conteúdo de curcumina e distribuição de tamanho de partícula de sistemas


de emulsão preparados por diferentes emulsificantes. ................................................... 44

Figura 28 – Distribuição de tamanho por intensidade. Amostras têm a mesma formulação,


sendo preparadas em triplicata. 1. Curvas geradas a partir do Nanosizer Software. (a)
Formulação E4-1. (b) Formulação E4-2. (c) Formulação E4-3. .................................... 46

Figura 29 – Distribuição de tamanho por intensidade. Amostras sem presença de cúrcuma


na fase oleosa. Curvas geradas a partir do Nanosizer Software. (a) Formulação E4-4. (b)
Formulação E4-5. ........................................................................................................... 47

Figura 30 – Distribuição de potencial Zeta. Amostras têm a mesma formulação, sendo


preparadas em triplicata. 1. Curvas geradas a partir do Nanosizer Software. (a)
Formulação E4-1. (b) Formulação E4-2. (c) Formulação E4-3. .................................... 49
xi

Figura 31 – Distribuição de potencial Zeta. Amostras têm a mesma formulação, sendo


preparadas em triplicata. 1. Curvas geradas a partir do Nanosizer Software. (a)
Formulação E4-4. (b) Formulação E4-5. ........................................................................ 50

Figura 32 – Microscopia óptica da formulação E4-1. Imagens obtidas a partir do


microscópio biológico binocular modelo TIM-2008 da marca Opton, capturadas com
câmera digital. Amplificação de, respectivamente: (a) 40x, (b) 100x e (c) 400x. ......... 51

Figura 33 – Microscopia óptica da formulação E4-4. Imagens obtidas a partir do


microscópio biológico binocular modelo TIM-2008 da marca Opton, capturadas com
câmera digital. Amplificação de, respectivamente: (a) 40x, (b) 100x e (c) 400x. ......... 52
xii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Comparação entre os sistemas de liberação de fármacos. ............................ 12

Tabela 2 – Resumo dos tipos, composição típica, mecanismo transdérmico e aplicações


das nanoformulações. ..................................................................................................... 19

Tabela 3 – Resultados do ensaio 2. Parâmetros variados: concentração de Tween® 80 na


fase aquosa, e quantidade de cúrcuma na fase oleosa. ................................................... 36

Tabela 4 – Dados das formulações E2-1, E2-4 e E2-8. .................................................. 39

Tabela 5 – Resultado do Ensaio 3. Parâmetros variados: concentração de Tween® 80 na


fase aquosa e tempo de agitação para emulsificação. ..................................................... 41

Tabela 6 – Resultados do Ensaio 4. Nanoformulação final e formulação sem cúrcuma


dissolvida. ....................................................................................................................... 45
xiii

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E ACRÔNIMOS

𝑪𝑪𝒔𝒔 : gradiente de concentração


𝑱𝑱𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎𝒎 : fluxo máximo
𝑱𝑱𝒔𝒔𝒔𝒔 : fluxo no estado estacionário
𝑲𝑲𝒑𝒑 : coeficiente de permeabilidade

𝑺𝑺𝒔𝒔 : solubilidade do soluto no estrato córneo


BDMC: bisdesmetoxicurcumina
cm²: centímetro quadrado
CUR: curcumina
D: coeficiente de difusão da membrana (pele)
DMC: desmetoxicurcumina
GPx: glutationa peroxidase
h: espessura da pele, ou membrana
HDL-c: colesterol de alta densidade
m²: metro(s) quadrado(s)
mol: mol
mV: milivolts
NaOH: hidróxido de sódio
NE A/O: nanoemulsão (ões) de água em óleo
NE O/A: nanoemulsão(ões) de óleo em água
NE: nanoemulsão(ões)
nm: nanômetro(s)
NP: nanopartícula(s) polimérica(s)
PEG: polietilenoglicol
PLA: ácido polilático
PLGA: poli(ácido lático-co-glicólico)
Q: quantidade de soluto
SOD: superóxido dismutase
t: tempo
TPP: tripolifosfato de sódio (do inglês tripolyphosphate)
xiv

μm: micrometro(s)
𝑨𝑨: superfície da pele, que representa a membrana onde ocorre a difusão
𝑲𝑲: coeficiente de partição
𝑵𝑵𝑯𝑯+
𝟑𝟑 : grupo amino protonado

𝝁𝝁𝝁𝝁: micrograma;
PID: Polidispersão
xv

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

1.1 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO TEMA ABORDADO........................... 1


1.2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROCESSO ESTUDADO .................................... 1
2. OBJETIVOS.............................................................................................................. 3

2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................... 3


2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................. 3
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 4

3.1 A PELE E A CAMADA CÓRNEA DA EPIDERME ............................................ 4


3.2 SISTEMAS DE LIBERAÇÃO TRANSDÉRMICA DE FÁRMACOS ................. 6
3.2.1. DIFUSÃO, 1ª LEI DE FICK E TRANSPORTE DE SUBSTÂNCIAS
ATRAVÉS DO ESTRATO CÓRNEO..................................................................... 9
3.3 SISTEMAS DE MICROAGULHAS.................................................................... 11
3.4 NANOTECNOLOGIA ......................................................................................... 17
3.4.1 NANOPARTÍCULAS POLIMÉRICAS ....................................................... 20
3.5. QUITOSANA ...................................................................................................... 24
3.6. GELIFICAÇÃO IONOTRÓPICA ....................................................................... 26
3.7. CÚRCUMA ......................................................................................................... 28
4. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................... 31

4.1. MATERIAIS ........................................................................................................ 31


4.2. PRODUÇÃO DAS NANOPARTÍCULAS ......................................................... 31
4.3. CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO ÓLEO DE SOJA LIVRE E
INCORPORADO EM NANOPARTICULAS POLIMÉRICAS ................................ 32
4.3.1. DISTRIBUIÇÃO DO TAMANHO DAS PARTÍCULAS E POTENCIAL
ZETA POR DYNAMIC LIGHT SCATTERING (DLS) .......................................... 32
4.3.2. MORFOLOGIA POR MICROSCOPIA ÓPTICA ....................................... 32
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 34

5.1. ENSAIO 1: AVALIAÇÃO DO USO DE SUSPENSÃO ÁLCOOLICA COMO


FASE OLEOSA NO PREPARO DA NANOEMULSÃO ......................................... 34
5.2. ENSAIO 2: INFLUÊNCIA DAS CONCENTRAÇÕES DE POLISORBATO E
CÚRCUMA ................................................................................................................ 35
5.3. ENSAIO 3: INFLUÊNCIA DAS CONCENTRAÇÕES DE POLISORBATO E
TEMPO DE AGITAÇÃO ........................................................................................... 40
xvi

5.4. ENSAIO 4: CARACTERIZAÇÃO FINAL DAS NANOPARTÍCULAS E


MICROSCOPIA ÓPTICA .......................................................................................... 44
6. CONCLUSÕES....................................................................................................... 53

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 54

ANEXO A ........................................................................................................................A
1

1. INTRODUÇÃO

1.1 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO TEMA ABORDADO

A prática de aplicar substâncias sobre a superfície da pele com finalidade


terapêutica é milenar, e vem se aprimorando constantemente conforme o
desenvolvimento da ciência e da tecnologia. Registros evidenciam o uso de emplastos
com pasta de sementes de mostarda para aliviar congestão torácica, bem como o uso de
beladona (Atropa belladonna) como analgésico. Desde então, o cenário dessa tecnologia
tem crescido bastante, tornando-se uma das vias mais desejadas para administração de
fármacos devido às inúmeras vantagens relacionadas tanto ao armazenamento do
medicamento, quanto à administração do mesmo pelo paciente (PAUDEL et al., 2010;
PRAUSNITZ; LANGER, 2008; RAI et al., 2018).
Nos dias atuais, o cenário é bastante favorável, com alta aderência dos pacientes
à rota de entrega de fármacos pela pele, o que é evidente ao analisar o mercado de
produtos transdérmicos. O mercado de fármacos de aplicação transdérmica passou de
12,7 bilhões de dólares em 2005 para 32 bilhões em 2015 (RAI et al., 2018). As pesquisas
envolvendo a entrega de fármacos pela pele têm se mostrado uma área muito atrativa,
pois constitui via não invasiva, porém igualmente desafiadora.
Os avanços na tecnologia de produção de fármacos impulsionaram uma gama de
sistemas de liberação transdérmica de fármacos no mercado. No entanto, uma variedade
de fármacos apresenta limitações no que tange a permeação, biocompatibilidade e baixa
biodisponibilidade (PAUDEL et al., 2010; PRAUSNITZ; LANGER, 2008).
Uma das recentes estratégias para aplicação tópica de fármacos está voltada para
o desenvolvimento de sistemas de liberação de fármaco baseado em sistemas de
microagulhas, concentrando esforços em facilitar a passagem de macromoléculas pela
barreira protetora da pele, ao invés modificar as moléculas do fármaco em si (PAUDEL
et al., 2010). Nesse sentido, o encapsulamento de partículas mostra-se como uma etapa
essencial para potencializar a entrega dos fármacos à via sistêmica de maneira segura,
protegendo-os de fatores externos, e de forma controlada.

1.2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROCESSO ESTUDADO

O presente trabalho tem como objetivo produzir nanopartículas de quitosana


incorporadas com cúrcuma. A cúrcuma é um bioativo de planta composto de moléculas
apolares e a quitosana é um biopolímero de natureza hidrofílica. O nanoencapsulamento
ocorreu por meio do processo de emulsificação de óleo em água, seguido da técnica de
gelificação iônica, utilizando tripolifosfato de sódio como agente reticulante do
biopolímero.
Obteve-se uma nanoemulsão do tipo óleo em água, contendo nanopartículas
incorporadas com cúrcuma. As nanopartículas foram caracterizadas quanto às suas
propriedades físicas: tamanho, potencial Zeta e índice de polidispersão; e quanto à
morfologia, com a microscopia óptica.
O principal objetivo da síntese das nanopartículas é a aplicação em potencial delas
como veículo em sistemas de liberação transdérmica de fármaco. Mais especificamente,
está no uso das nanopartículas em sistemas de microagulhas de polímeros biodegradáveis,
2

capazes de entregar o medicamento de forma controlada, menos invasiva e com alta


especificidade através da barreira protetora da pele, o estrato córneo.
As atividades foram realizadas no Laboratório de Polímeros e Bioprocessos (LBP)
da Universidade Federal da Bahia (UFBA), sob supervisão da Prof. DSc. Elaine Christine
de Magalhães Cabral Albuquerque – UFBA e do doutorando Eng. MSc. Dário Rodrigues
do Nascimento Júnior (PEI – UFBA). Esse trabalho fará parte do corpo da pesquisa da
tese de doutorado desenvolvida pelo doutorando, intitulada “PRODUÇÃO DE
MICROAGULHAS DEGRADÁVEIS INCORPORADAS COM NANOPARTICULAS
DE QUITOSANA CONTENDO CÚRCUMA”.
3

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Produzir nanopartículas à base de biopolímero natural quitosana, para


incorporação de cúrcuma com potencial aplicação em microagulhas de polímeros
degradáveis para uso em sistemas de liberação transdérmica de fármacos.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Produzir nanoemulsões contendo nanopartículas de cúrcuma encapsuladas


com quitosana;
• Estudar e avaliar a influência dos parâmetros experimentais como: natureza
de quitosana, concentração de surfactante na fase aquosa, composição da fase
oleosa, concentração de cúrcuma na fase oleosa e tempo de agitação; na
produção da nanoemulsão;
• Definir a melhor condição, dentro dos limites estudados, para a nanoemulsão;
• Caracterizar as nanopartículas por meio de ensaios laboratoriais.
4

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 A PELE E A CAMADA CÓRNEA DA EPIDERME

A pele é o maior e mais visível órgão do corpo humano, com uma área superficial
total de aproximadamente 1,5 a 2 m², sendo a barreira protetora que divide o corpo
humano do meio ambiente externo e o ajuda a manter a homeostase – habilidade de
manter o organismo interno do corpo constante e em equilíbrio, independente das
alterações que possam ocorrer no meio externo (DIAS, 2013; GUIMARÃES, 2001;
SINGHAVI; KHAN, 2021; ZHOU et al., 2018).
Esse órgão protege o corpo humano de impactos de natureza diversa e é
responsável por funções vitais do organismo, como: regulação da temperatura corporal,
proteção contra raios ultravioletas e microrganismos, retenção de água e controle da
sensação (pressão, vibração, toque, dor e temperatura) (GUIMARÃES, 2001;
SINGHAVI; KHAN, 2021). A pele é composta por três camadas principais: a epiderme
(mais externa), a derme e a hipoderme (camada subcutânea) (DIAS, 2013; ZHOU et al.,
2018). Além disso, contém apêndices (como folículos pilosos, glândulas sebáceas e
sudoríparas), vasos sanguíneos, vasos linfáticos, nervos, entre outros (GUIMARÃES,
2001). A Figura 1 mostra um esquemático com a distribuição das camadas da pele e seus
componentes.

Figura 1 – Representação esquemática das camadas da pele.

Fonte: ZHOU et al. (2018).

A epiderme é a camada mais externa da pele, responsável por proteger o corpo


das toxinas, bactérias e perda de líquidos. Divide-se em cinco subcamadas de células
chamadas queratinócitos, sendo essas, da camada mais interna à camada mais externa:
5

camada basal, camada espinhosa, camada granular, camada lúcida e camada córnea
(DIAS, 2013; GUIMARÃES, 2001; SINGHAVI; KHAN, 2021; ZHOU et al., 2018).
A camada córnea é a camada mais externa da epiderme, tem em torno de 10 a 20
μm de espessura e age como uma camada de obstrução, sendo responsável pelo controle
da taxa de difusão pela pele. Consiste em 16 a 20 camadas de células mortas aplainadas,
que não possuem organelas e núcleo, cujo citoplasma é preenchido por filamentos de
queratina (ZHOU et al., 2018). Essas células, chamadas de corneócitos, encontram-se
cercadas por uma matriz lipídica composta por ceramidas, ácidos graxos e colesterol. A
distribuição dessa estrutura faz alusão à um "muro de tijolos", onde os corneócitos, ricos
em proteínas, são os tijolos e os lipídios intercelulares são a argamassa, conforme
ilustrado na Figura 2. Essa combinação de células queratinizadas hidrofílicas em material
intercelular hidrofóbico, origina uma barreira a substâncias tanto hidrofílicas quanto
hidrofóbicas (GUIMARÃES, 2001; ZHOU et al., 2018).

Figura 2 – (a) Estrato córneo (b) No interior da camada córnea, as células estão
ligadas pelos lipídios.

Fonte: COUTO et al. (2014).

A pele é um órgão vital. Para além da função de revestimento e proteção que


exerce, controlando a entrada e saída de substâncias do corpo, percebeu-se desde cedo a
possibilidade deste órgão constituir um potencial via para administração de fármacos. A
permeação de fármacos na pele é comandada por fenômenos de difusão, e a passagem
dessa medicação pelas camadas cutâneas até a corrente sanguínea é controlada pela
camada córnea da pele (GUIMARÃES, 2001). Nesse sentido, estudos têm sido feitos a
fim de melhorar e aumentar a absorção desses fármacos pela pele, sendo esse o objeto de
estudo na área de sistemas de liberação transdérmica de fármacos.
6

3.2 SISTEMAS DE LIBERAÇÃO TRANSDÉRMICA DE FÁRMACOS

Os sistemas de liberação transdérmica de fármacos correspondem à rota de


liberação de medicamento pela pele, que pode ter como finalidade ação local ou sistêmica.
Esse tema tem sido um dos focos de estudos na área farmacêutica, e se destaca pela
facilidade de administração do fármaco: a penetração pela pele é simples, não invasiva,
de fácil administração e manutenção (AZMANA et al., 2020; ZHOU et al., 2018).
O interesse nesse tema dá-se pela necessidade de contornar algumas limitações
apresentadas pelas vias convencionais de administração de fármacos. Em relação à via
oral, a principal vantagem da via transdérmica é que não há passagem da medicação pelo
trato gastrointestinal, o que aumenta o efeito terapêutico dos medicamentos com tempo
de meia vida curtos e potencializa a estabilidade dos fármacos a longo prazo, visto que
não estarão em contato com variação de pH, atividade enzimática e interação com
alimentos (NAGARKAR et al., 2020; ZHANG et al., 2021). Já em relação à via
intravenosa, além das vantagens anteriormente citadas, a via transdérmica se apresenta
como uma alternativa menos invasiva, o que potencialmente se traduz numa melhoria na
adesão ao tratamento pelos pacientes (AZMANA et al., 2020).
Para que uma substância penetre a pele, primeiramente há liberação do fármaco
do veículo o qual está contido para a camada mais externa da pele, por meio de fenômenos
de difusão, o qual continua até o fármaco penetrar as camadas mais internas da pele
(GUIMARÃES, 2001).
A penetração de fármacos na pele ocorre por meio de duas vias: 1) via apêndice
ou transfolicular: representada pela passagem pelos folículos pilosos, sebáceos, glândulas
sudoríparas e/ou poros; 2) via transepidérmica: representada pela via intra e intercelular
(GUIMARÃES, 2001).
A penetração de fármacos via apêndice apresenta dificuldades e é limitada: a área
total dos folículos e poros representam apenas 0,1% da área total da superfície da pele e,
além disso, esses canais são hidrofílicos e têm diâmetro na dimensão dos microns. Já na
via transepidérmica, através do estrato córneo, existem duas maneiras as quais as
substâncias podem penetrar nas camadas mais internas da pele: via intracelular e via
intercelular (ZHOU et al., 2018).
O transporte de fármacos através da pele é representado na Figura 3. Na via
transcelular a substância penetra através das células, queratinócitos e lipídios
intracelulares, por onde passam e são transportadas. Nesse tipo de penetração, os
fármacos devem se difundir por áreas hidrofóbicas e hidrofílicas e, portanto, essa rota
pode ser não ser adequada para muitos medicamentos. A via intercelular de penetração
de fármacos é a mais utilizada, na qual as substâncias penetram entre as células
(GUIMARÃES, 2001; ZHOU et al., 2018). Um esquema das rotas de penetração de
substâncias medicamentosas na pele e exemplos de medicamentos apropriados para as
patologias das várias camadas cutâneas é apresentado na Figura 4.
7

Figura 3 – Transporte de fármacos através da pele.

Fonte: SOUSA VIEIRA (2021).


8

Figura 4 – Rotas de penetração de substâncias medicamentosas na pele e exemplos


de medicamentos apropriados para as patologias das várias camadas cutâneas.

Fonte: Adaptado de GUIMARÃES (2001).

Os fármacos que são bons candidatos ao desenvolvimento pela via transdérmica


de administração são muito potentes, não irritantes, com extensa metabolização hepática,
com tempos de meia-vida curtos, que não sofrem metabolismo na pele, que não induzem
tolerância e que têm bons coeficientes de partição (GUIMARÃES, 2001).
A via transdérmica tem como principais vantagens: diminuir as variações
plasmáticas de fármaco; diminuir a frequência de administração; anular a variabilidade
da absorção oral; anular o metabolismo pré-sistémico; possibilidade imediata de
interromper a administração e por constituir-se como uma boa alternativa à via
intravenosa (DIAS, 2013).
9

Apesar dessas diversas vantagens, a administração de fármacos pela via


transdérmica ainda apresenta alguns inconvenientes e limitações, como: possibilidade de
o fármaco ser alvo de metabolismo pré-sistêmico por enzimas presentes na pele,
aparecimento de episódios de irritação ou sensibilidade cutâneas. No entanto, a maior
dificuldade consiste em manter uma taxa de difusão adequada para os fármacos, que
permita a penetração na camada córnea da pele de forma eficiente (DIAS, 2013;
ECONOMIDOU; LAMPROU; DOUROUMIS, 2018). Alternativas têm sido estudadas
na busca de facilitar a passagem de fármacos pela pele e, nesse contexto, o uso de
microagulhas tem se mostrado uma opção em potencial.

3.2.1. DIFUSÃO, 1ª LEI DE FICK E TRANSPORTE DE SUBSTÂNCIAS ATRAVÉS


DO ESTRATO CÓRNEO

Quando o fármaco entra em contato com a superfície da pele, é submetido ao


processo de absorção percutânea, que envolve a transferência deste composto em direção
ao interior do estrato córneo. Isso ocorre como resposta a um gradiente de concentração,
responsável pela difusão passiva do fármaco através do estrato córneo, epiderme, derme
e microcirculação, conforme mecanismo ilustrado na Figura 5 (COUTO et al., 2014;
GUIMARÃES, 2001).

Figura 5 – Mecanismo de difusão passiva.

Fonte: COUTO et al. (2014).

A Primeira Lei de Fick da difusão determina que a difusão ocorre a favor do


gradiente de contração, ou seja, do meio mais concentrado para o mais diluído. Esse
princípio é aplicado em modelos matemáticos a fim de descrever a absorção pelo estrato
córneo. Para que a molécula difundente (soluto) passe do veículo (solvente) para a pele é
preciso que haja afinidade do soluto pelo estrato córneo. Uma vez no interior da
membrana, o soluto irá difundir-se (COUTO et al., 2014; FERNANDES et al., 2002;
GUIMARÃES, 2001) .
10

Assumindo a abordagem que a absorção percutânea é um processo de primeira


ordem que pode ser descrita de acordo com a Primeira Lei de Fick, tem-se que o fenômeno
pode ser expresso pela equação (1) (COUTO et al., 2014).
𝐴𝐴
�⃗𝐶𝐶𝑠𝑠
𝑄𝑄 = 𝐷𝐷 ℎ 𝑡𝑡∇ (1)

onde:
Q: quantidade de soluto, ou fármaco, que irá difundir em um pequeno intervalo
de tempo por uma superfície.
D: coeficiente de difusão do fármaco na membrana (pele);
𝐴𝐴: superfície da pele, que representa a membrana onde ocorre a difusão;
t: tempo;
h: espessura da pele, ou membrana;
�⃗𝐶𝐶𝑠𝑠 : gradiente de concentração do soluto (relação entre 𝑄𝑄 e o coeficiente de

difusão da membrana da pele 𝐷𝐷).
A camada córnea se comporta como uma membrana pseudo-homogênea onde as
propriedades da barreira não variam com o tempo e posição. Sendo 𝐽𝐽𝑠𝑠𝑠𝑠 o fluxo de estado
estacionário, ou seja, a quantidade de soluto por unidade de área e tempo. Rearranjando
a equação (1), tem-se (COUTO et al., 2014):
𝑄𝑄 �⃗𝐶𝐶𝑠𝑠
𝐷𝐷∇
𝐽𝐽𝑠𝑠𝑠𝑠 = 𝐴𝐴𝐴𝐴 = (2)

onde:
𝐽𝐽𝑠𝑠𝑠𝑠 : fluxo mássico no estado estacionário;
O fluxo máximo, 𝐽𝐽𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 , é dado quando o máximo de solubilidade de um soluto no
estrato córneo, 𝑆𝑆𝑠𝑠 , é alcançado. Nesse caso, a equação é reescrita como segue (COUTO
et al., 2014):
𝐷𝐷𝑆𝑆𝑠𝑠
𝐽𝐽𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 = (3)

onde:
𝐽𝐽𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 : fluxo máximo;
𝑆𝑆𝑠𝑠 : solubilidade do soluto no estrato córneo.
A atividade termodinâmica do fármaco, soluto, é definida pela solubilidade parcial
do soluto na pele (𝐶𝐶𝑠𝑠 /𝑆𝑆𝑠𝑠 ). No entanto, a não idealidade do sistema pode resultar em
interações não-ideais do tipo soluto-pele e soluto-veículo. Dessa forma, é mais
conveniente utilizar 𝐶𝐶𝑣𝑣 para expressar concentrações em termos de soluto no veículo,
enquanto o coeficiente de partição (𝐾𝐾) é utilizado para expressar a razão entre a
concentração do soluto na pele e no veículo. Dessa forma, a equação do fluxo estacionário
é expressa como (COUTO et al., 2014):
𝐾𝐾𝐾𝐾∇𝐶𝐶𝑣𝑣
𝐽𝐽𝑠𝑠𝑠𝑠 = (4)

onde:
11

𝑐𝑐𝑠𝑠
𝐾𝐾 = �𝑐𝑐𝑣𝑣 : coeficiente de partição.

O coeficiente de permeabilidade, 𝐾𝐾𝑝𝑝 , é um dos objetivos do modelo de difusão


utilizando a 1ª Lei de Fick. O 𝐾𝐾𝑝𝑝 é definido como o fluxo em estado estacionário através
da pele, 𝐽𝐽𝑠𝑠𝑠𝑠 , normalizada pelo gradiente de concentração, ∇𝐶𝐶𝑣𝑣 :
𝐽𝐽
𝐾𝐾𝑝𝑝 = ∇𝐶𝐶𝑠𝑠𝑠𝑠 (5)
𝑣𝑣

As unidades de fluxo (𝐽𝐽) são 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚/(𝑐𝑐𝑚𝑚2 ∙ 𝑠𝑠) e 𝜇𝜇𝜇𝜇⁄(𝑐𝑐𝑐𝑐2 ∙ ℎ), ou seja, 𝐽𝐽 é a


quantidade de soluto que passa através através de uma unidade de área da membrana em
uma determinada unidade de tempo. Para que o fluxo ocorra as moléculas do fármaco
devem primeiramente entrar no estrato córneo, e o controle desse fenômeno é de
responsabilidade do coeficiente de partição, 𝐾𝐾. Então, o soluto começa seu processo de
difusão, que é controlado pelo coeficiente de difusão (𝐷𝐷). A Primeira Lei de Fick é
aplicável somente às membranas homogêneas de um lado a outro, ou seja, não variam de
espessura total, o que significa dizer que o coeficiente de permeabilidade 𝐾𝐾𝑝𝑝 não varia
através da espessura total da membrana (COUTO et al., 2014; GUIMARÃES, 2001).
Os processos de difusão através da pele também são explicados por modelos
matemáticos mais complexos, envolvendo: primeira e segunda lei de Fick, transformadas
de Laplace, teoria das partículas em escala e modelo de membranas homogêneas. Esses
processos são exemplificados com mais detalhes na revisão proposta pelo trabalho de
COUTO et al. (2014).

3.3 SISTEMAS DE MICROAGULHAS PARA USO TÓPICO

Os mais diversos materiais e metodologias têm sido explorados a fim de aprimorar


o transporte das moléculas de fármacos para as camadas mais internas da pele, visto que
os métodos convencionais são eficientes até um limite, sobretudo para medicamentos
compostos por macromoléculas (DUMPA et al., 2021; WAGHULE et al., 2019). Dentre
os sistemas de liberação transdérmica e liberação tópica de fármacos mais estudados,
destacam-se: cremes tópicos carregados com nanopartículas, adesivos transdérmicos
(patches), agulhas hipodérmicas (seringas) e microagulhas (WAGHULE et al., 2019). A
Figura 6 apresenta um esquemático que representa a ação desses sistemas de liberação de
fármacos na pele, enquanto na Tabela 1 tem-se um comparativo entre eles.
12

Figura 6 – Ação dos cremes tópicos, agulhas hipodérmicas (seringas),


microagulhas e adesivos transdérmicos na pele.

Fonte: WAGHULE et al. (2019).

Tabela 1 – Comparação entre os sistemas de liberação de fármacos.


Agulha
Creme Adesivo
hipodérmica Microagulhas
tópico transdérmico
(seringa)
Tubo fino e
Emulsão, oco de ponta Microagulhas
Gel, Emplasto afiada com alinhadas na
Descrição
Creme e adesivo pequena superfície de um
Pomada abertura na emplasto
extremidade
Início da ação Lenta Lenta Rápida Rápida
Dor Indolor Indolor Dolorosa Indolor
Biodisponibilidade Baixa Insuficiente Suficiente Suficiente
Aderência do
Baixa Boa Baixa Boa
paciente
Autoadministração Possível Possível Não é possível Possível
Desviar o estrato
O medicamento córneo. O
deve atravessar fármaco é
Permeação Medicação
Mecanismo de a barreira colocado
pelos atua
liberação do córnea da pele diretamente na
poros da diretamente
fármaco (baixa difusão epiderme ou
pele na derme
para moléculas derme, portanto,
grandes) maior
permeabilidade
Fonte: WAGHULE et al. (2019).
13

A Tabela 1 traz as microagulhas como uma alternativa rápida, indolor e de auto-


administração pelos pacientes. Em comparação aos cremes tópicos, por exemplo,
percebe-se que apesar de atuar na camada superficial da pele e serem indolores, as
microagulhas mantém-se vantajosas devido à maior biodisponibilidade de fármaco. De
acordo com a literatura, apenas 10 a 20% do medicamento incorporado ao creme é
permeado pelos poros da pele durante a permeação do fármaco (WAGHULE et al., 2019).
Os adesivos transdérmicos ganharam muito espaço no mercado, sendo
empregados na administração de antidepressivos, contraceptivos e no tratamento dos
sintomas de Alzheimer (NAGARKAR et al., 2020). No entanto, apresentam limitações
no que tange a difusão pelas camadas da pele, sendo necessário um grande intervalo entre
a aplicação do emplasto até atingir a concentração de fármaco necessária para atuação na
corrente sanguínea (WAGHULE et al., 2019).
Em contraste, as agulhas hipodérmicas (seringas) conseguem entregar entre 90 a
100% da medicação na camada mais interna da derme – mesmo local onde os receptores
da dor se encontram. Por esse motivo, mostra-se como uma opção dolorosa e de baixa
adesão pelos pacientes, associada a limitações como: lesões na pele, fobias e necessidade
de pessoal treinado para aplicação da medicação (NAGARKAR et al., 2020; WAGHULE
et al., 2019).
Os sistemas de microagulhamento, ou microagulhas, consistem em uma matriz de
até centenas de agulhas de tamanho microscópico arranjadas em um adesivo
transdérmico. É um híbrido entre as agulhas convencionais e os adesivos, apresentam-se
como alternativa de sistema de transporte transdérmico de fármacos menos invasiva e
dolorosa mas que, simultâneamente, consegue penetrar as camadas internas da pele de
forma eficiente (WAGHULE et al., 2019).
Como a principal barreira ao transporte trasdérmico é a camada córnea da pele, o
desenvolvimento de sistemas com microagulhas dá-se a partir de um questionamento
relativamente simples: “Por que simplesmente não burlar a passagem do fármaco pela
camada córnea?” (ECONOMIDOU; LAMPROU; DOUROUMIS, 2018; NAGARKAR
et al., 2020; WAGHULE et al., 2019). Nesse sentido, os sistemas de microagulhamento
agem perfurando a epiderme, burlando a barreira de proteção, e criando microcanais sem
causar dor, sangramentos ou infecções. Esses canais permitem que os agentes
terapeuticos se difundam diretamente pela derme, camada da pele que é bem
vascularizada, e cheguem à corrente sanguínea a uma taxa de difusão maior, entregando
a maior parte da medicação e garantindo sua ação terapêutica de forma indolor e não
invasiva (NAGARKAR et al., 2020; WAGHULE et al., 2019; ZHANG et al., 2021). Um
mecanismo de atuação das microagulhas está representado na Figura 7.
As microagulhas podem ser produzidas em variados tamanhos a depender do tipo
de microagulha e do material a ser utilizado. Cada microagulha tem dimensão de entre
150 a 1500 μm de comprimento, 50 a 250 μm de largura e 1 a 25 μm na ponta, o que é
suficiente para perfurar a barreira do estrato córneo, que tem aproximadamente 10 a 20
μm de espessura (AZMANA et al., 2020; WAGHULE et al., 2019). Em constraste às
agulhas tradicionais, os dispositivos de microagulhas não causam dor pois não atingem
as camadas da derme que contém fibras nervosas. A Figura 8 apresenta um comparativo
entre as agulhas tradicionais e microagulhas.
14

Figura 7 – Mecanismo de liberação de fármacos em dispositivos de microagulhas.


(1) Microagulha carregada com medicação; (2) Dispositivo inserido na pele; (3) Ruptura
mecânica temporária da pele; (4) Liberação do fármaco na epiderme; (5) Transporte do
fármaco para local de ação.

Fonte: WAGHULE et al. (2019).

Figura 8 – Comparação entre microagulhas e seringas convencionais.

Fonte: NAGARKAR et al. (2020).

Em relação a materiais, as microagulhas podem ser fabricadas em metal, silicone,


vidro, cerâmica, polímeros entre outros. Em suas primeiras formulações, metal, vidro e
15

silicone foram utilizados na produção das microagulhas. No entanto, esses materiais


mostraram-se inadequados devido a fatores como fragilidade, preço e
biocompatibilidade; além de serem de difícil fabricação, quebradiços na pele devido à
rigidez, e não acomodarem corretamente os fármacos em sua matriz. Pesquisadores têm
optado por materiais mais baratos, biodegradáveis e de maior durabilidade para produzir
essa tecnologia e, nesse sentido, os polímeros apresentam-se como uma alternativa em
potencial (WAGHULE et al., 2019).
As microagulhas poliméricas podem ser fabricadas em moldes recicláveis, o que
facilita a produção, reduz o preço de manufatura e permite a produção em massa dessa
tecnologia. Propriedades como viscoelasticidade, dissolução e degradação torna os
polímeros um material adequado para o uso em sistemas liberação de fármacos, mais
especialmente em sistemas de microagulhas. Devido à viscoelasticidade, microagulhas
fabricadas com esse material são mais resistentes à quebra ao penetrar a pele. Já os
mecanismos de degradação e dissolução dos polímeros conferem ao uso desse material
uma vantagem no que tange a liberação de fármacos: polímeros que se dissolvem
rapidamente podem ser utilizados na liberação rápida de medicamentos, enquanto
polímeros biodegradáveis podem ser usados no caso da liberação de fármacos mais
controlada (AZMANA et al., 2020).
As microagulhas podem ser classificadas em quatro tipos, de acordo com sua
estrutura e, consequentemente, o mecanismo de liberação do fármaco: 1) microagulhas
sólidas; 2) microagulhas revestidas; 3) microagulhas solúveis; 4) microagulhas ocas. Um
desenho esquemático dos mecanismos de atuação dos diferentes tipos de microagulhas é
apresentado na Figura 9.

Figura 9 – Diferentes tipos de microagulhas antes e depois de perfurar a pele. (a)


microagulhas sólidas; (b) microagulhas revestidas; (c) microagulhas solúveis; (d)
microagulhas ocas.

Fonte: WAGHULE et al. (2019).

As microagulhas solúveis são fabricadas a partir de polímeros biodegradáveis. A


medicação é encapsulada dentro da matriz polimérica que compõe a agulha, de forma que
16

após a perfuração da pele, ocorre dissolução das microagulhas e posterior degradação


destas. Então, há liberação do fármaco na circulação sistêmica e a ação terapêutica ocorre
no local de ação (AZMANA et al., 2020; NAGARKAR et al., 2020; WAGHULE et al.,
2019). Esse mecanismo é chamado de “poke and release” (do inglês, “perfurar e liberar”)
e é representado na Figura 10.

Figura 10 – Efeito da dissolução de microagulhas de Carboximetilcelulose e


Ácido Hialurônico na pele de um rato.

Fonte: NAGARKAR et al. (2020).

Ser uma alternativa minimamente invasiva e vantagens como fácil aplicação,


biocompatibilidade e a dissolução do polímero dentro da pele fazem com que esse
material seja uma das melhores escolhas para tratamentos de longa duração, com alta
probabilidade de aderência pelos pacientes (ZHANG et al., 2021).
As microagulhas dissolvíveis se apresentam como resposta para muitas limitações
apresentadas pelos sistemas de transporte transdérmico de fármacos: por burlar a barreira
da camada córnea da pele, permite que os medicamentos atravessem a pele com uma taxa
de difusão necessária para ação terapêutica rápida; e por abrir microcanais na pele permite
que a passagem do medicamento encapsulado em sua matriz polimérica ocorra mais
facilmente, o que é especialmente importante no caso de grandes moléculas. A
possibilidade de combinação das microagulhas de polímeros biodegradáveis, carregadas
com nanoemulsões contendo nanopartículas de fármacos permite que esse sistema seja
carregado com dosagens maiores de medicação, o que potencializa a aplicação desses
sistemas de liberação de fármacos.
17

3.4 NANOTECNOLOGIA

Nanotecnologia, ou Nanociência, refere-se à ciência que envolve o estudo de


materiais, estruturas, dispositivos e seus relativos processos ao nível atômico ou
molecular, correspondendo, segundo à sua definição clássica, à escala de 1 a 100
nanômetros (nm) (ZHOU et al., 2018).
Os avanços nesse campo têm sido cada vez mais promissores e, por isso, essa tem
sido uma área de grande interesse para diversas áreas de estudo, sobretudo à engenharia,
medicina, física, química e biotecnologia (INGLE et al., 2021; ROSA, 2016). A aplicação
de soluções nanotecnológicas são diversas: desde o uso em cosméticos, até a aplicação
em fármacos e uso no diagnóstico prévio de doenças (INGLE et al., 2021).
A nanotecnologia tem proporcionado o desenvolvimento de novos materiais que
são de particular interesse pois, nessa dimensão, apresentam características distintas e
melhoradas em relação aos mesmos materiais na escala convencional. Esse
aprimoramento dá-se, pois, na escala nanométrica, essas partículas apresentam maior área
superficial (INGLE et al., 2021; RAI et al., 2018). Nesse sentido, de uma forma mais
ampla, pode-se dizer que a nanotecnologia tem como objetivo pesquisar, desenvolver,
sintetizar, caracterizar materiais com características e propriedades distintas.
Sistemas de liberação de fármacos que se baseiam em nanotecnologia apresentam
vantagens como melhor retenção, especificidade e direcionamento do fármaco. Nesse
sentido, essa ciência tem proporcionado novos conceitos e abordagens no que tange os
sistemas de liberação de fármacos por meio do uso de nanomateriais orgânicos,
inorgânicos, metálicos e poliméricos (INGLE et al., 2021; ZHOU et al., 2018).
Por definição, os termos “nanomateriais” ou “escala nanométrica” são utilizados
para descrever objetos na faixa de tamanho de 1 a 100 nm. No entanto, partículas com
tamanho de 1 a 1000 nm são utilizadas em formulações classificadas como
nanoformulações. Nesse contexto, partículas nessa faixa de tamanho e que são utilizadas
nos sistemas de liberação transdérmica de fármacos são classificadas como
nanopartículas devido a suas propriedades fisicoquímicas (LIANG et al., 2017; ZHOU et
al., 2018).
Dentre os materiais inorgânicos, tem-se nanopartículas de metais, nanopartículas
mesoporosas de sílica, nanopartículas supermagnéticas, quantum dots, grafeno,
nanotubos de carbono de parede simples e de parede múltipla (INGLE et al., 2021; ZHOU
et al., 2018).
Os nanomateriais orgânicos são de especial interesse, sobretudo para uma das
áreas mais importantes da nanotecnologia: as nanoformulações. A possibilidade de
incorporar partículas a nível nanométrico em matrizes de fármacos tem despertado grande
interesse para aplicações diversas, sobretudo para medicamentos de aplicação tópica. Os
nanomateriais orgânicos são classificados em duas categorias principais: vesículas
(vesicles), nanopartículas e nanoemulsões conforme ilustrado na Figura 11 (INGLE et al.,
2021; SINGHAVI; KHAN, 2021; ZHOU et al., 2018).
18

Figura 11 – Classificação dos Nanomateriais orgânicos utilizados em


Nanoformulações.

Fonte: Adaptado de INGLE et al. (2021) e ZHOU et al. (2018).

A Figura 12 mostra um esquema de como ocorre a penetração da pele pelos


diferentes tipos de nanoformulações. Um resumo com a classificação dos tipos,
composição mecanismo transdérmico e aplicações das nanoformulações apresentadas
anteriormente é mostrado na Tabela 2.

Figura 12 – Representação esquemática dos possíveis mecanismos de penetração


de diferentes nanoformulações de fármacos pelo estrato córneo.

Fonte: SINGHAVI e KHAN (2021).


19

Tabela 2 – Resumo dos tipos, composição típica, mecanismo transdérmico e


aplicações das nanoformulações.
Tipo de Composição típica da Mecanismo transdérmico
Outras aplicações
Nanoformulação Nanoformulação principal
- Os fosfolipídios são
- Sinico et al. discorrem sobre
responsáveis pela alta
tratamento com tretinoína pela via
compatibilidade entre os
transdérmica;
lipossomas e o EC;
Lipossomos Fosfolipídios e colesterol - Korting et al. estudaram a
- Os lipossomas aumentam a
aplicação no uso tópico de
umidade da cutícula que
diprionato de betametasona em
promove a hidratação da pele.
casos de eczema e psoríase.
- O surfactante faz com que as - Cevc et al. avaliaram a
transferossomas tenham um administração de diclofecano pela
Fosfolipídios, surfactante, alto grau de deformação, o que via transdérmica.
Transferossomas
colesterol favorece sua passagem através - Cevc et al. também avaliaram a
da dos folículos pilosos da pele adminstração transdérmica de
Triamcinolona acetonida.
- Dubey et al. estudaram a entrega
- Os álcoois aumentam a via transférmica de um agente
Fosfolipídios, alcóol, deformabilidade das etossomas anti-HIV.
Etossomas
água e aumentam a solubilidade do - Verma et al. uso tópico de nitrato
fármaco na camada lipídica de econazol para o tratamento de
infecções fúngicas profundas.
- Atuam aumentando a
- Dwivedi et al. avaliaram o uso
hidratação do SC, afrouxar sua
tópico de artemisona no
estrutura celular bem
Fosfolipídios, colesterol, tratamento de melanomas.
Niossomas compactada;
surfactante não-iônico - Patel et al. discorrem sobre o
- As niossomas aumentam o
tratamento com Iopinavir pela via
gradiente de atividade da droga
transdérmica.
na interface da pele.
- Os terpenos atuam
favorecendo a penetração do
fármaco na pele ao
- Qadri et al. estudam a entrega de
descompactar temporariamente
Fosfolipídios, álcool, isradipina pela via transdérmica;
Invassomas a camada lipídica do EC;
terpeno - Dragicevic-Curic et al. estudam a
- Aumentando o gradiente
aplicação tópica de temoporfina.
osmótico da pele;
- Através da via do folículo
piloso
- Gu et al. discorrem sobre a
administração transdérmica de
- Provoca um efeito de oclusão
triptolide.
Nanopartículas lipídicas Lipídio sólido, co- na superfície da pele,
- El-Housiny et al. avaliaram o uso
sólidas surfactante favorecendo a penetração do
tópico de fluconazol para o
ativo.
tratamento da Pitiríase Versicolor
(infecção causada por fungos).
- Lasón et al. estudaram a
- Provoca um efeito de oclusão aplicação transdérmica de
Transportadores lipidicos Óleo, lipídio sólido, co- na superfície da pele, Forskolin (Coleus forskohlii).
nanoestrutuados surfactante favorecendo a penetração do - Yue et al. falam sobre o uso de
ativo. Bupivacaína, um anestésico, pela
via transdérmica.
- Takeuchi et al. estudaram a
- Agem formando gradiente de entrega de nanopartículas de
concentração; Minoxidil encapsuladas em
- Depositam-se na superfície da poli(ácido lático-co-ácido
pele, ou folículo piloso, glicólico) (PLGA).
Nanopartículas tornando-os reservatório com
Polímero
Poliméricas fármaco; - Yu et al. estudaram a entrega via
- A carga superficial afeta a transdérmica de nanopartículas de
permeabilidade; tacrolimo à base de quitosana
- Através da via do folículo combinada com nicotinamida,
piloso para o tratamento da dermatite
atópica.
- Bakshi et al. Topical estudaram a
- Causam perturbação do
entrega de heparinóide.
arranjo de lipídios no EC;
Água, óleo, co- - Zanela da Silva Marques et al.
Nanoemulsões - Aumentam o gradiente de
surfactante discorrem sobre a entrega de
concentração permeável dentro
propranolol.
e fora da pele.

Fonte: Adaptado de ZHOU et al. (2018).


20

Os sistemas de liberação transdérmica de fármacos permitem a entrega controlada


de um fármaco por meio da penetração pelo estrato córneo – a barreira protetora da pele.
Nesse cenário, parâmetros como permeabilidade e taxa de difusão são importantes para a
penetração do fármaco pela pele. Dentre as nanoformulações acima descritas, as
nanopartículas poliméricas e as nanoemulsões são vantajosas e de particular interesse, por
aprimorar esses parâmetros a partir da diminuição das partículas a nível nanométrico,
favorecendo assim o mecanismo transdérmico, além de garantir proteção ao fármaco a
agentes físicos e químicos (SINGHAVI; KHAN, 2021).

3.4.1 NANOPARTÍCULAS POLIMÉRICAS

As nanopartículas poliméricas (NPs) são sólidos coloidais preparados a partir de


uma matriz polimérica sintética, semi-sintética ou natural. Em geral, nanoparticulas
utilizadas em sistemas de liberação transdérmica de fármacos são obtidas a partir da
polimerização e reticulação (cross-linking) de materiais poliméricos biodegradáveis
(ZHOU et al., 2018).
Fármacos podem ser encapsulados ou dissolvidos em nanopartículas poliméricas,
podendo ser também adsorvidos ou depositarem-se na superfície das mesmas. O uso de
NPs nos sistemas de liberação transdérmica de fármacos têm ganhado destaque devido à
possibilidade que elas trazem de superar algumas limitações como: 1) proteção contra
degradação e desnaturação dos fármacos – especialmente útil na manipulação de
formulações instáveis e/ou sensíveis; 2) liberação contínua – reduzindo efeitos colaterais
e prevenindo superdosagem; 3) aumento do gradiente de concentração, o que aprimora a
permeação percutânea dos fármacos (ZHOU et al., 2018).
O tipo de polímero e a proporção de hidrofilicidade e hidrofobicidade dentro o
polímero são responsáveis pela pela taxa de liberação do fármaco, tempo de meia vida e
padrão de degradação: o polietilenoglicol (PEG) consiste em uma porção de glicol,
conferindo hidrofilicidade a este polímero, que é rapidamente degradado no processo de
hidrólise (degradação enzimática). Por outro lado, o ácido polilático (PLA) é um
polímero hidrofóbico que, em comparação ao PEG, tem maior tempo de meia-vida por
ser menos propenso à degradação enzimática. Nesse sentido, a fim de aumentar a eficácia
das NPs polímericas, uma combinação entre PEG e PLA foi utilizada no desenvolvimento
do poli(ácido lático-co-glicólico) (PLGA), um polímero sintético que possui tanto
características hidrofílicas qunto hidrofóbicas (HINGE et al., 2020).
A escolha da matriz polimérica também é de especial importância, sobretudo para
aplicação em sistema de liberação transdérmica de fármacos: polímeros de alta resistência
mecânica e não-deformabilidade não são adequados para este fim. Polímeros muito
rígidos apresentam limitações ao penetrar poros menores ou do mesmo tamanho de
partícula, por não conseguirem se acomodar para adentrar o poro. Além disso, podem
apresentar limitações para se autodegradar, o que implica em maior tempo de retenção
dos fármacos nas nanopartículas e sua difusão em camadas mais profundas da pele
(ZHOU et al., 2018).
Além de polímeros sintéticos como PLA e PLGA, polímeros naturais como
quitosana, gelatina, algina (polissacarídeo encontrado em algas) e celulose são utilizados
(ZHOU et al., 2018).
21

3.4.2 NANOEMULSÕES
As nanoemulsões (NE) são sistemas isotrópicos, transparentes ou translúcidos, e
heterogêneos de dois líquidos imiscíveis. São compostos por uma fase aquosa, uma fase
oleosa e moléculas de surfactantes e/ou emulsificantes – responsáveis por criar uma
camada interfacial que mantêm gotículas de fármacos dispersas e estáveis (GOKHALE;
MAHAJAN; SURANA, 2019; RAI et al., 2018; SINGH et al., 2017).
Com base em sua composição, as NE podem ser classificadas em: 1)
nanoemulsões de óleo em água (O/A), onde a fase oleosa está dispersa em fase aquosa
contínua; 2) água em óleo (A/O), onde a fase aquosa está dispersa na fase oleosa contínua;
conforme ilustrado na Figura 13. As NE também podem ser caracterizadas de acordo com
a carga superficial das nanogotículas, podendo ser: neutras, aniônicas ou catiônicas (RAI
et al., 2018).

Figura 13 – Representação da estrutura de nanoemulsões de água em óleo (NE


A/O) e nanoemulsões de óleo em água (NE O/A).

Fonte: SINGH et al. (2017).

Nanoemulsões são misturas de baixa viscosidade, isotrópicas, estáveis cinética e


termodinamicamente. O tamanho médio das gotículas de NE está, em média, na faixa dos
50 a 1000 nm, o que as confere maior área superficial, alta capacidade de armazenamento
do fármaco, proteção do fármaco aos fatores externos, liberação controlada e boa
permeação do fármaco na pele (GOKHALE; MAHAJAN; SURANA, 2019; SINGH et
al., 2017). O pequeno tamanho das gotículas também confere estabilidade às NE, as
prevenindo de fenômenos convencionais de desestabilização como sedimentação e
coalescência, mesmo após longos períodos de armazenamento (RAI et al., 2018; SINGH
et al., 2017). Um esquema que compara nanoemulsões e emulsões convencionais, em
relação a tamanho de partícula e estabilidade, é apresentado na Figura 14.
22

Figura 14 – Comparação entre nanoemulsões e emulsões convencionais em


relação a tamanho de partícula e estabilidade.

Fonte: RAI et al. (2018).

A seleção dos componentes das NE é de suma importância. Os óleos utilizados


em nanoemulsões, por exemplo, são selecionados de acordo com a solubilidade do
fármaco nessas matrizes. Na literatura, encontra-se a utilização de óleos de soja, coco,
girassol, rícino, copaíba, entre outros, na formulação de nanoemulsões (SINGH et al.,
2017). A escolha dos surfactantes é feita com base em sua solubilidade e capacidade de
emulsificação, tendo influência em características como: tamanho de partícula,
estabilidade, toxicidade, e a dinâmica e cinética do fármaco. Dentre os surfactantes
encontrados na literatura, tem-se entre os mais citados o Polisorbato 20, 40, 60 e 80,
amplamente utilizados como emulsificante na indústria cosmética e alimentícia (SINGH
et al., 2017).
As NE podem ser aplicadas na indústria farmacêutica de diversas formas: líquidos,
cremes, sprays, géis, aerossóis, espumas, entre outros. Também podem ser aplicadas por
diversas rotas, como: tópica, oral, intravenosa, intranasal, pulmonar, ocular e
23

transdérmica. Em especial, as nanoemulsões têm grande potencial de aplicação nos


sistemas de liberação transdérmica de fármacos, pois interagem rapidamente com as
células da pele promovendo a penetração de fármacos na pele através de diversos
mecanismos (RAI et al., 2018; SINGH et al., 2017).
Primeiramente, as nanoemulsões atuam causando perturbação no arranjo de
lipídios do estrato córneo. Isso ocorre devido à composição típica da mistura e promove
aumento na quantidade de fármaco que consegue ser permeada pela pele (RAI et al.,
2018).
As NE apresentam-se como uma ótima ferramenta para aprimorar a solubilidade
de fármacos hidrofóbicos. Elas atuam aumentando o gradiente de concentração de
fármaco permeável dentro e fora da pele. Isso ocorre devido à característica da mistura
de ser solúvel tanto em água quanto em óleo, o que permite que diversos tipos de fármacos
possam ser solubilizados mais facilmente por meio das nanoemulsões, sobretudo os
lipossolúveis (RAI et al., 2018).

A concentração de fármaco na nanoemulsão é elevada, o que mantêm uma força


motriz de difusão constante da fase externa para a pele, o que prolonga a absorção do
fármaco. Por fim, as NE têm tamanho de partícula pequeno, grande área superficial e
pequena tensão superficial, o que lhes confere boa molhabilidade – habilidade que
permite a solução manter contato prolongado com a pele devido a interações
intermoleculares entre a nanoemulsão e a superfície da pele. O que, portanto, beneficia a
penetrabilidade do fármaco (RAI et al., 2018). A Figura 15 traz a representação
esquemática dos mecanismos de absorção de emulsões e nanoemulsões pelas células da
pele.

Figura 15 – Representação esquemática dos mecanismos de absorção de emulsões


e nanoemulsões pelas células da pele.

Fonte: RAI et al. (2018)


24

As nanoemulsões de óleo em água, NE O/A, vem sendo cada vez mais usadas
como sistema de liberação de fármacos para encapsulamento de componentes lipofílicos
em produtos farmacêuticos. Como exemplo, KWASIGROCH et al. (2016) prepararam
NE O/A com diâmetro médio das gotículas de 200 nm e baixa polidispersividade (<0.2)
carregadas com Indometacina – um anti-inflamatório altamente eficaz com propriedades
analgésica e antitérmica. Testes com ratos avaliaram o efeito in vivo do fármaco em
emulsão em comparação com o medicamento convencional. Os edemas, ou inchaços,
causados pela inflamação foram de 55,4% ± 7,4% para o fármaco convencional,
enquanto para a nanoemulsão foi de apenas 42,4% ± 17,1%, validando a resposta anti-
inflamatória e potencial aplicação de NE como sistemas de liberação de fármaco.

3.5. QUITOSANA

A quitosana é um biopolímero atóxico, biodegradável e biocompatível, produzido


por meio de fontes naturais renováveis. Ele é um derivado da quitina, o segundo
polissacarídeo mais abundante na natureza depois da celulose. Ao contrário da quitina, a
quitosana não é abundante na natureza: ela é obtida a partir de processos químicos
(CAMPANA-FILHO et al., 2007; KOILPARAMBIL; VARGHESE; SHAIKMOIDEEN,
2021; LUCK; VÅRUM; FOEGEDING, 2015) .
A rota mais comum é obtenção da quitina a partir do processo químico que
envolve a desmineralização, desproteinização e descoloração das carapaças de crustáceos
e outros artrópodes. A quitosana é obtida a partir da desacetilação da quitina isolada em
meio básico, geralmente com solução concentrada de hidróxido de sódio (𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁)
(CAMPANA-FILHO et al., 2007; NASCIMENTO JR., 2020).
Ambas as estruturas, da quitina e quitosana, são compostas por unidades de 2-
acetamido-2-desoxi-D-glicopiranose e 2-amino-2-desoxi-D-glicopiranose unidos por
ligação glicosídica (−𝑂𝑂−) conforme ilustrado na Figura 16 (AZEVEDO et al., 2007;
CAMPANA-FILHO et al., 2007).
25

Figura 16 – Representação esquemática da extração de quitosana das carapaças de


crustáceos e artrópodes.

Fonte: KOILPARAMBIL et al. (2021).

A estrutura primária da quitosana é idêntica à da quitina, a não ser pelo fato que
na quitosana predominam as unidades 2-amino-2-desoxi-D-glicopiranose. Dessa forma,
a quitosana abrange o conjunto de copolímeros constituídos de 50 a 60% de unidades de
2-amino-2-desoxi-D-glicopiranose (CAMPANA-FILHO et al., 2007).
A quitosana é solúvel em meio ácido diluído, formando um polímero catiônico,
com protonação do grupo amino (𝑁𝑁𝐻𝐻3+ ), o que lhe confere propriedades interessantes
para aplicação farmacêutica (AZEVEDO et al., 2007; LUCK; VÅRUM; FOEGEDING,
2015). Por exemplo, tem ação antimicrobiana: os grupos amino protonados da quitosana
interagem com as membranas das bactérias, que são carregadas negativamente,
interrompendo a função de revestimento e causando vazamento de material intracelular.
26

Esse mecanismo foi observado contra bactérias gram-positivas (Staphylococcus aureus),


gram-negativas (Escherichia coli e Salmonella typhimurium) e leveduras
(Saccharomyces cerevisiae) (NEGI; KESARI, 2022).
Devido à sua alta densidade de cargas positivas, a quitosana atrai e se liga a
lipídeos (moléculas de gordura de natureza negativa) como uma “esponja”. Dependendo
das condições do meio em que a quitosana se encontra e do seu grau de desacetilação, ela
pode adsorver de 4 a 5 vezes o seu peso em gordura, fato que é de especial interesse ao
se tratar de capacidade de armazenamento de fármacos e, consequentemente, para
liberação transdérmica visto que muitos fármacos de interesse na indústria são lipofílicos
(AZEVEDO et al., 2007; LIANG et al., 2017).

3.6. GELIFICAÇÃO IONOTRÓPICA

A gelificação ionotrópica é um dos métodos de formulação mais estudados para o


preparo de nanopartículas de quitosana. Essa técnica é reprodutível, rápida, de baixo
custo, e fácil de ser realizada por não requerer altas temperaturas ou agentes orgânicos
(KOILPARAMBIL; VARGHESE; SHAIKMOIDEEN, 2021; NASCIMENTO JR.,
2020). Ela se baseia na reticulação causada pela interação eletrostática entre a os grupos
amino protonados (𝑁𝑁𝐻𝐻3+ ) da quitosana e macromoléculas de cargas eletronegativas, que
formam ligações inter e intracelulares, resultando na formação de pequenas esferas de gel
(AZEVEDO et al., 2011; DI SANTO et al., 2021).
Tripolifosfato de sódio (TPP, do inglês tripolyphosphate) é frequentemente
utilizado como agente reticulante no preparo dessas nanopartículas por ser um ânion
polivalente que possui características em comum com a quitosana, dentre elas: não
toxicidade, abundância e baixo custo (DI SANTO et al., 2021; NASCIMENTO JR., 2020;
ZHAO et al., 2011). Um esquema da nanopartícula de quitosana obtida por gelificação
ionotrópica com TPP é apresentada na Figura 17.
27

Figura 17 – Ligações inter e intramoleculares resultantes da reticulação de


partículas de quitosana com TPP por meio da técnica de gelificação ionotrópica.

Fonte: DI SANTO et al. (2021)

As variáveis envolvidas no processo de produção de nanopartículas de quitosana-


TPP são: tipos de quitosana (peso molecular e grau de desacetilação), concentração da
solução de quitosana, concentração da solução de TPP, tempo de agitação e pH da
solução. As nanopartículas podem ser avaliadas em relação ao tamanho da partícula,
polidispersividade, potencial Zeta e eficiência de encapsulamento (ZHANG; ZHAO,
2015).
O trabalho de AZEVEDO et al. (2011) faz alusão ao uso de nanopartículas de
quitosana-TPP incorporadas com insulina a fim de intensificar e/ou prolongar o efeito
hiperglicêmico dessa substância, aprimorando assim o tratamento de pacientes com
diabetes. Enquanto DI SANTO et al. (2021) descreve diversos processos de produção de
nanopartículas de cúrcuma-TPP por meio da técnica de gelificação ionotrópica, com
finalidade de encapsular polifenóis, compostos bioativos que apresentam diversas
limitações no uso convencional. A cúrcuma, rica do polifenol curcumina, foi escolhida
28

como bioativo modelo neste trabalho, por apresentar documentada atividade anti-
inflamatória, antioxidante, anticancerígena entre outras.

3.7. CÚRCUMA

A Curcuma longa é um arbusto perene endêmico da índia, popularmente


conhecido no Brasil como cúrcuma, açafrão-da-índia, açafroeira, gengibre amarelo etc.
A parte do vegetal com maior utilização é o rizoma, que pode ser consumido fresco, seco
ou desidratado e moído, em formato de pó, conforme apresentado na Figura 18 (SUETH-
SANTIAGO et al., 2015).

Figura 18 – (a) Espécime de Curcuma longa com inflorescência; (b) Rizomas


frescos; (c) Cúrcuma: rizomas secos e moídos.

Fonte: SUETH-SANTIAGO et al. (2015).

A cúrcuma é vastamente utilizada na culinária devido as suas características


saborizante e corante, mas também encontra aplicações na medicina devido à presença de
substâncias bioativas que têm ações digestivas, como carminativos, imunizantes,
antialérgicos, antimicrobianos, estimulantes, anti-inflamatórios, cicatrizantes, oxidantes;
podendo atuar em doenças respiratórias (como asmas, bronquites e alergias) e em
transtornos, como anorexia, doenças hepáticas e sinusite. (DI SANTO et al., 2021;
SUETH-SANTIAGO et al., 2015).
A composição química da cúrcuma compreende dois componentes bioativos:
terpenos voláteis, presentes no óleo essencial, e curcuminóides, componentes majoritários
da fração não-volátil (DI SANTO et al., 2021). Atualmente a curcumina pode ser obtida
comercialmente como uma mistura de três componentes: curcumina (CUR, 77%),
desmetoxicurcumina (DMC, ~17%) e bisdesmetoxicurcumina (BDMC, ~3%) (SUETH-
SANTIAGO et al., 2015). Os curcominóides e seus derivados desempenham uma
29

gama de atividades biológicas de especial interessa na medicina, sobretudo na formulação


de fármacos.
Um dos atributos dos curcuminóides, em especial da curcumina, é a capacidade
de regular a expressão dos genes e a atividade enzimática envolvida no metabolismo
lipoprotéico, o que leva redução da concentração de triglicerídeos no plasma sanguíneo,
e aumento da concentração de colesterol de alta densidade (HDL-c), o colesterol “bom”.
Além disso, a suplementação com curcuminóides pode colaborar potencialmente no
combate ao estresse oxidativo, atuando na atividade plasmática de enzimas antioxidantes
como superóxido dismutase (SOD), catalase, glutationa peroxidase (GPx) (SUETH-
SANTIAGO et al., 2015).
Apesar de suas diversas vantagens, a utilização clínica da curcumina é limitada
devido à baixa biodisponibilidade desse composto: por ser pouco solúvel em água, é
pouco absorvida e sofre metabolismo hepático de primeira passagem – sua concentração
é significativamente reduzida e inativada pelo fígado antes mesmo do fármaco atingir a
circulação sistêmica, devido à formação de metabólitos, conforme ilustrado na Figura 19
(DI SANTO et al., 2021; SUETH-SANTIAGO et al., 2015).

Figura 19 – Representação dos principais metabólitos da curcumina formados de


acordo com a via de administração.

Fonte: SUETH-SANTIAGO et al. (2015).

O encapsulamento de curcuminóides em nanopartículas de quitosana-TPP é um


método que vem sendo amplamente estudado com o intuito de resolver a discrepância
entre a bioatividade e biodisponibilidade dos curcuminóides, tornando sua aplicação mais
atrativa (DI SANTO et al., 2021).
30

Curcumina foi encapsulada a fim de aprimorar seus efeitos terapêuticos no


tratamento de câncer do colo do útero e câncer de mama. Khan et al. (2016) prepararam
nanopartículas de quitosana-TPP carregadas com curcumina carregadas positivamente
(71 mV), com diâmetro médio de partícula de aproximadamente 197 nm, com eficiência
de encapsulamento de 85% e capacidade de carga de 5,6%. Experimentos in vitro
mostraram o aumento do apoptose (morte celular programada) após aplicação dessas
nanopartículas em células cancerígenas. Os autores correlacionaram o aumento da
citotoxidade (capacidade do material promover alteração metabólica, resultando em
morte celular) com a maior capacidade de absorção das nanopartículas em comparação à
cúrcuma não encapsulada (apud DI SANTO et al., 2021).
Nesse sentido, neste trabalho, nanopartículas à base de quitosana incorporadas
com cúrcuma foram produzidas para obter um sistema preliminar de nanoemulsão para a
potencial aplicação da curcumina em sistemas transdérmicos de liberação de fármacos,
especialmente em sistemas de microagulhas poliméricas dissolvidas. Um conjunto de
experimentos foi realizado para produzir nanoemulsões de óleo em água usando Tween®
80 como emulsificante. As nanopartículas foram produzidas pelo método de gelificação
ionotrópica, utilizando tripolifosfato de sódio (TPP) como agente de reticulação. A
influência de parâmetros de processo como a natureza da quitosana, concentração de
surfactante na fase aquosa, composição da fase oleosa, concentração de cúrcuma na fase
oleosa e o tempo de agitação foram avaliados para obter partículas na escala nanométrica
e baixa polidispersão.
31

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. MATERIAIS

Foram utilizados dois tipos de quitosana com grau de desacetilação 85% (CAS
9012-76-4): a primeira, adquirida pelo fornecedor Polymar Ltd., e a segunda pela empresa
Sciavicco Comércio e Indústria LTDA. O ácido acético foi adquirido da empresa Sigma-
Aldrich, enquanto o polisorbato 80 (Tween ® 80) utilizado é da empresa Exodo
Científica. Álcool etílico absoluto 99,8º GL, também adquirido do fornecedor Sciavicco,
foi utilizado, já o tripolifosfato de sódio (TPP) P.A. utilizado é do fornecedor Synth.
Além desses reagentes, utilizou-se óleo de soja refinado da marca Soya, produzido
pela empresa Bunge Ltd. O pó de cúrcuma moído foi gentilmente cedido por produtores
locais do estado da Bahia ao Laboratório de Polímeros e Bioprocessos (LBP) da
Universidade Federal da Bahia (UFBA).

4.2. PRODUÇÃO DAS NANOPARTÍCULAS

A produção das nanopartículas é feita pelo processo de emulsificação seguido de


gelificação ionotrópica. Várias formulações foram testadas a fim de se obter a condição
ideal para produção das nanopartículas, de forma a garantir a incorporação da cúrcuma
na fase oleosa, além da homogeneidade das partículas formadas.
Uma solução 2% (v/v) de ácido acético foi preparada a fim de dissolver os dois
tipos de quitosana. A dissolução ocorreu pelo período de 24h, sob agitação magnética, à
temperatura ambiente (26 ºC), resultando em soluções de quitosana 0,2% (m/v). Após
esse período, o surfactante Tween® 80 foi adicionado e mistura foi homogeneizada em
agitador magnético à 200 rpm por 10 minutos. As soluções finais foram utilizadas como
fase aquosa na preparação das nanoemulsões. O planejamento experimental, disposto no
ANEXO A, considerou diversas concentrações de surfactante, a fim de encontrar a mais
adequada para o estudo.
Paralelamente, preparou-se as soluções utilizadas no encapsulamento. Dois tipos
soluções foram considerados para o encapsulamento: solução alcoólica de etanol com
cúrcuma, e solução de óleo de soja com cúrcuma (fase oleosa da nanoemulsão). A
primeira, utilizando etanol, foi feita conforme adição de cúrcuma em etanol e posterior
agitação magnética à 200 rpm por 10 minutos. De forma análoga, a fase oleosa
consistindo em óleo de soja e cúrcuma foi preparada sob as mesmas condições, variando
apenas a concentração de cúrcuma na solução conforme planejamento experimental
(ANEXO A).
A solução de agente reticulante, tripolifosfato de sódio (TPP), com concentração
de 6% (m/v), foi preparada com água destilada. Em seguida, a solução óleo-em-água foi
preparada adicionando a fase oleosa à fase aquosa, sob agitação contínua à 10000 rpm,
utilizando o Turrax® (IKA, T18-9022800), variando o tempo de mistura de 2 a 5 minutos,
conforme planejamento experimental (ANEXO A). Durante o emulsionamento, gotejou-
se lentamente a solução de agente reticulante na emulsão óleo-em-água. Ao fim da
mistura, o sobrenadante é removido e a solução armazenada hermeticamente.
32

4.3. CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO ÓLEO DE SOJA LIVRE E INCORPORADO


EM NANOPARTICULAS POLIMÉRICAS

4.3.1. DISTRIBUIÇÃO DO TAMANHO DAS PARTÍCULAS E POTENCIAL ZETA


POR DYNAMIC LIGHT SCATTERING (DLS)

A distribuição do tamanho das partículas e potencial Zeta das nanoemulsões


preparadas foram feitas utilizando o sistema de caracterização Zetasizer Nano, da marca
Malvern, composto pelo equipamento Zetasizer Nano ZS (Figura 20(a)) e software
Zetasizer Software. O equipamento mede o tamanho das partículas pela técnica chamada
Dynamic Light Scattering (DLS), que mede a intensidade da luz que é desviada quando
um raio laser passa pela partícula dispersa, sendo capaz de registrar tamanhos de
partículas entre 0,3 nm a 10 μm de diâmetro. Além disso, conseguem medir o potencial
Zeta para partículas com diâmetro entre 3,8 nm e 100 μm. As amostras foram analisadas
em meio aquoso, utilizando cubeta do tipo célula capilar dobrada (DTS1070) da marca
Malvern (Figura 20(b)), indicada para medidas de potencial Zeta, também utilizada para
medidas de tamanho.

Figura 20 – (a) Nanosizer Nano ZS da Malvern. (b) Cubeta do tipo célula capilar
dobrada (DTS1070) da Malvern.

Fonte: o autor.

4.3.2. MORFOLOGIA POR MICROSCOPIA ÓPTICA

A morfologia das partículas foi analisada por meio da microscopia óptica. As


primeiras amostras foram realizadas utilizando microscópio LEICA DFC495 com
amplificação de 10x, 20x e 50x. A amostra líquida foi gotejada em uma lamínula de vidro
e foi, então, observada no equipamento, através do software LEICA LAS. Já as amostras
finais foram feitas com microscópio biológico binocular modelo TIM-2008 da marca
33

Opton, com amplificação de 40x (lente ocular 10x e lente objetiva 4x), 100x (lente ocular
10x e lente objetiva 10x) e 400x (lente ocular 10x e lente objetiva 40x).
34

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1. ENSAIO 1: AVALIAÇÃO DO USO DE SUSPENSÃO ÁLCOOLICA COMO


FASE OLEOSA NO PREPARO DA NANOEMULSÃO

Os testes iniciais foram feitos de acordo com planejamento experimental disposto


no ANEXO A. O procedimento foi realizado utilizando solução de quitosana, suspensão
alcóolica de cúrcuma em etanol, e solução de TPP para reticulação. Nesse estudo
preliminar, variou-se a quantidade de polisorbato na mistura. Além disso, testou-se os
dois tipos de quitosana disponíveis em laboratório: a da fornecedora Polymar Ltd. (aqui
chamada de quitosana 1) e a fornecida pela Sciavicco (quitosana 2).
Os ensaios de microscopia óptica foram realizados a fim de validar a formação de
partículas encapsuladas com cúrcuma. As imagens obtidas pela microscopia óptica para
as quatro formulações iniciais estão dispostas na Figura 21.

Figura 21 – Imagens de microscopia óptica para as formulações iniciais, imagens


capturadas pelo software LEICA LAS com ampliação de 50x. (a) Formulação E1-1. (b)
Formulação E1-2. (3) Formulação E1-3. (4) Formulação E1-4.

Fonte: o autor.

De acordo com as imagens, é possível observar que não houve formação de uma
quantidade expressiva de partículas para nenhuma das quatro formulações. A partir desses
35

resultados, pode-se inferir a dissolução na cúrcuma no etanol, que por sua vez é solúvel
em água, prejudicou a formação de nanopartículas. SINGH et al. (2017) aponta que o uso
de óleos naturais como base para produção de nanoemulsões é recorrente. Visto que a
cúrcuma é lipofílica, optou-se por repetir o procedimento experimental utilizando óleo de
soja na composição da fase oleosa, a fim de verificar se há formação de partículas e
posterior encapsulamento do fármaco na matriz polimérica.

5.2. ENSAIO 2: INFLUÊNCIA DAS CONCENTRAÇÕES DE POLISORBATO E


CÚRCUMA

Os novos ensaios foram realizados variando-se os parâmetros: 1) tipo de quitosana


(quitosana 1 e quitosana 2); 2) concentração de Tween® 80 na fase aquosa; e 3)
quantidade de cúrcuma na fase oleosa. Os resultados obtidos no Nanosizer Software estão
dispostos na Tabela 3, o gráfico com as curvas obtidas encontra-se nas Figura 22 e Figura
23.
36

Tabela 3 – Resultados do ensaio 2. Parâmetros variados: concentração de Tween®


80 na fase aquosa, e quantidade de cúrcuma na fase oleosa.

Tamanho do
Desvio padrão Polidispersão
Formulação pico menor % intensidade
(nm) (PDI)
(nm)
E2-1(1) 240,9 146,7 75,5 0,664

E2-2(1) - - - -

E2-3(1) 195,6 75,4 56,7 0,7

E2-4(1) 225,7 88,17 70,1 0,688

E2-5(2) - - - -

E2-6(2) 156,2 81,53 59 0,652

E2-7(2) 674,9 469,3 63,7 0,522

E2-8(2) 183,8 121,1 71,4 0,618


Tamanho do Medição boa
Desvio padrão
Formulação pico maior % intensidade pelo
(nm)
(nm) equipamento
E2-1(1) 4604 837,7 24,5 Sim

E2-2(1) - - - Não

E2-3(1) 2387 1152 43,3 Sim

E2-4(1) 4562 848,6 26,9 Sim

E2-5(2) - - - Não

E2-6(2) 837,3 305,7 29,4 Sim

E2-7(2) 113,4 43,14 30 Sim

E2-8(2) 2246 1385 27,8 Sim


(1)
Quitosana tipo 1. Fornecedor: Polymar. (2)
Quitosana tipo 2. Fornecedor: Sciavicco.

Fonte: o autor.
37

Figura 22 – Distribuição de tamanho por intensidade. Amostras utilizaram


quitosana 1. Parâmetros variados: concentração de Tween® 80 na fase aquosa, e
quantidade de cúrcuma na fase oleosa. Curvas geradas a partir do Nanosizer Software. (a)
Formulação E2-1. (b) Formulação E2-3. (c) Formulação E2-4.

Fonte: o autor.
38

Figura 23 – Distribuição de tamanho por intensidade. Amostras utilizaram


quitosana 2. Parâmetros variados: concentração de Tween® 80 na fase aquosa, e
quantidade de cúrcuma na fase oleosa. Curvas geradas a partir do Nanosizer Software.
(a) Formulação E2-6. (b) Formulação E2-7. (c) Formulação E2-8.

Fonte: o autor.
39

Analisando os dados apresentados acima, nota-se que as formulações E2-1, E2-4


e E2-8, dispostas na Tabela 4, apresentaram maior percentual de intensidade com
tamanho de partícula na escala nanométrica, indicando que a emulsão é composta por
nanopartículas incorporadas com cúrcuma.

Tabela 4 – Dados das formulações E2-1, E2-4 e E2-8.

Fase Aquosa Fase Oleosa Formulação


Água Tween® Óleo Fase Fase
Amostra Quitosana Cúrcuma TPP
destilada 80 de soja Aquosa Oleosa
(mg) (mg) (mL)
(mL) (mg) (mL) (mL) (mL)
E2-1(1) 50 25 80 5 5 26 1 5
E2-4(2) 50 25 75 5 20 26 1 5
E2-8(2) 50 25 170 5 20 26 1 5
(1)
Quitosana tipo 1. Fornecedor: Polymar. (2)
Quitosana tipo 2. Fornecedor: Sciavicco.

Fonte: o autor.

Os valores de polidispersão (PDI) para essas formulações indicam que a amostra


não é homogênea, o que é evidenciado com os picos de maior diâmetro de partícula,
compreendendo valores na escala micrométrica, e menor frequência. YADAV et al.
(2012) sintetizaram e caracterizaram partículas de curcumina com o intuito de avaliar seu
potencial como antioxidante no tratamento de envenenamento com arsênico. Os autores
reportaram ter obtido partículas de tamanho entre 20 e 50 nm, e o gráfico de intensidade
de nanopartículas encapsuladas mostra a presença de partículas na escala micrométrica
na amostra, conforme pode ser visto na Figura 24.

Figura 24 – Distribuição de tamanho de partículas por intensidade das


nanopartículas formuladas por YADAV et al. (2012).

Fonte: YADAV et al. (2012)


40

Considerando que o equipamento é projetado para captar partículas nanométricas,


apesar de ter capacidade de captar partículas de até 10 μm, valores próximos desse limite
têm alta imprecisão. Dessa forma, análises posteriores com equipamento adequado para
micropartículas (por exemplo, o Mastersizer3000 da Malvern) seriam adequadas para
caracterizar a segunda população apresentada nos gráficos, a fim de se obter resultados
mais conclusivos.
O tempo entre as medidas realizadas no equipamento Zetasizer Nano ZS é de
aproximados oito minutos, ao analisar as Figura 22(a), Figura 23(b) e Figura 23(c),
percebe-se que as curvas não estão proximamente sobrepostas apesar dos dados serem
feitos em triplicata. Pode-se inferir que houve possível deposição de material nessas
formulações.
Os dados apresentados mostram que os picos das amostras E2-4 e E2-8, que
contêm maior quantidade de cúrcuma dissolvida na fase oleosa, apresentaram menor
valor de diâmetro e percentual de intensidade acima dos 70%. Dessa forma, optou-se por
realizar os próximos ensaios mantendo essa formulação para a fase oleosa, variando
outros parâmetros operacionais.

5.3. ENSAIO 3: INFLUÊNCIA DAS CONCENTRAÇÕES DE POLISORBATO E


TEMPO DE AGITAÇÃO

Neste ensaio, variou-se apenas os parâmetros: 1) concentração de Tween® 80 na


fase aquosa; 2) tempo de agitação para emulsificação; e 3) tipo de quitosana utilizada. Os
resultados obtidos neste novo ensaio estão dispostos na Tabela 5.
41

Tabela 5 – Resultado do Ensaio 3. Parâmetros variados: concentração de Tween®


80 na fase aquosa e tempo de agitação para emulsificação.

Tamanho do Desvio padrão


Formulação % intensidade PDI
pico (nm) (nm)
E3-1(1) 225,7 109,2 95,3 0,332

E3-2(1) 282,7 119,9 68,7 0,499

E3-3(1) 208,5 105,2 98,8 0,21

E3-4(1) 159,8 72,33 96,9 0,237

E3-5(2) 181,1 86,18 95,3 0,255

E3-6(2) 158 82,82 93,4 0,276

E3-7(2) - - -

E3-8(2) 179,8 88,19 97 0,428


Medição boa
Tamanho do Desvio padrão
Experimento % intensidade pelo
pico (nm) (nm)
equipamento
E3-1(1) 4863 694 4,7 Sim

E3-2(1) 3167 1178 29,7 Sim

E3-3(1) 34,5 6,197 1,2 Sim

E3-4(1) 4588 833,2 3,1 Sim

E3-5(2) 4482 887,9 4,7 Sim

E3-6(2) 3954 1113 6,6 Sim

E3-7(2) - - - Não

E3-8(2) 5398 310,8 3 Sim


(1)
Quitosana tipo 1. Fornecedor: Polymar. (2)
Quitosana tipo 2. Fornecedor: Sciavicco.

Fonte: o autor.

Nas figuras abaixo tem-se os gráficos gerados pelo Nanosizer Software para os
diferentes tipos de quitosana utilizados. As imagens da Figura 25 referem-se às
formulações com quitosana 1, enquanto os da Figura 26 referem-se ao da quitosana 2.
42

Figura 25 – Distribuição de tamanho por intensidade. Amostras utilizaram


quitosana 1. Parâmetros variados: concentração de Tween® 80 na fase aquosa, tempo de
agitação. Curvas geradas pelo Nanosizer Software. (a) Formulação E3-1. (b) Formulação
E3-2. (c) Formulação E3-3. (d). Formulação E3-4.

Fonte: o autor.
43

Figura 26 – Distribuição de tamanho por intensidade. Amostras utilizaram


quitosana 2. Parâmetros variados: concentração de Tween® 80 na fase aquosa, tempo de
agitação. Curvas geradas a partir do Nanosizer Software. (a) Formulação E3-5. (b)
Formulação E3-6. (c) Formulação E3-8.

Fonte: o autor.

A partir dos dados acima, pode-se inferir que o tipo de quitosana aparentemente
não exerceu influência significativa sobre os picos de tamanho de partícula, bem como
não houve mudanças significativas ao se aumentar a quantidade de Tween® 80. CHEN
et al. (2022) estudaram e caracterizaram sistemas de nanoemulsões adequados para
proteger curcumina, avaliando tipo de óleo, emulsificantes, surfactantes e propriedades
físico-químicas e estabilidade. Os autores compararam o uso de Tween® 80 com outro
44

importante surfactante: a lecitina. Os resultados obtidos mostraram que, ao contrário do


fenômeno que acontece com a lecitina, variar a concentração de Tween® 80 pouco
influencia os tamanhos das partículas formadas. Os tamanhos de partícula obtidos no
estudo estão na faixa dos 193,87 a 330,50 nm, variando a concentração de Tween® 80
até 4 g/L. Os resultados estão dispostos na Figura 27.

Figura 27 – Conteúdo de curcumina e distribuição de tamanho de partícula de


sistemas de emulsão preparados por diferentes emulsificantes.

Fonte: CHEN et al. (2022)

Sendo assim, considerando que o Tween® 80 é o melhor surfactante para preparar


nanoemulsões, optou-se por reproduzir a formulação E3-3, por ser a que mais se
aproximou de um comportamento monomodal, apresentando um pico de 98,8% de
intensidade para partículas com tamanho por volta de 208,5 nm utilizando menor
concentração de surfactante. Novos ensaios foram realizados a fim de avaliar a
reprodutibilidade do perfil de tamanho de partículas dessa amostra, bem como
caracterizá-la em relação a potencial Zeta e microscopia óptica.

5.4. ENSAIO 4: CARACTERIZAÇÃO FINAL DAS NANOPARTÍCULAS E


MICROSCOPIA ÓPTICA

A formulação E3-3 do ensaio anterior foi reproduzida em triplicata, conforme


procedimento operacional. Para fins de comparação, também foi preparada uma
formulação sem cúrcuma na mistura. As amostras desse último ensaio utilizaram
quitosana do tipo 1 (por estar mais disponível no laboratório), as fases aquosa e oleosa
foram misturadas por 20 minutos, e o TPP adicionado pelo período de 5 minutos sob
agitação contínua.
45

A formulação das amostras é dada por:


• Fase aquosa:
o 0,2% (w/v) de quitosana em solução de ácido acético 2% (v/v);
o 0,3% (w/v) de Tween® 80 em solução de quitosana / ácido acético.
o 6% (w/v) de tripolifosfato de sódio.
O que diferencia as amostras entre si é a presença ou não de cúrcuma na amostra:
• Fase oleosa:
o E4-1, E4-2 e E4-3: 0,4% (w/v) de cúrcuma dissolvida em óleo de soja
refinado;
o E4-4, E4-5: apenas óleo de soja refinado.

Os resultados obtidos para este ensaio estão dispostos na Tabela 6. As formulações


E4-1, E4-2 e E4-3 apresentadas na Figura 28 diferem pouco entre si, por se tratar de uma
amostra em triplicata. O resultado mais próximo de uma população homogênea de
partícula foi o da amostra E4-1, que obteve um pico de tamanho de partícula de 225,6 nm
e percentual de intensidade de 85,7%.

Tabela 6 – Resultados do Ensaio 4. Nanoformulação final e formulação sem


cúrcuma dissolvida.

Tamanho do Desvio padrão


Experimento % intensidade PDI
pico (nm) (nm)
E4-1(1) 225,6 136,3 85,7 0,391

E4-2(1) 236,5 166,3 83,7 0,4

E4-3(1) 220 140,1 81,8 0,382

E4-4(1) 217,8 108 82,7 0,368

E4-5(1) 235,6 155,8 84,4 0,393


Medição boa
Tamanho do Desvio padrão
Experimento % intensidade pelo
pico (nm) (nm)
equipamento
E4-1(1) 3111 1219 14,3 Sim

E4-2(1) 1897 1129 16,3 Sim

E4-3(1) 1656 851,6 18,2 Sim

E4-4(1) 2982 1228 17,3 Sim

E4-5(1) 2878 1370 15,6 Sim


(1)
Quitosana tipo 1. Fornecedor: Polymar. (2)
Quitosana tipo 2. Fornecedor: Sciavicco.

Fonte: o autor.
46

Figura 28 – Distribuição de tamanho por intensidade. Amostras têm a mesma


formulação, sendo preparadas em triplicata. 1. Curvas geradas a partir do Nanosizer
Software. (a) Formulação E4-1. (b) Formulação E4-2. (c) Formulação E4-3.

Fonte: o autor.

A partir das imagens da Figura 28, percebe-se novamente a presença de picos


diferentes e possível deposição de matéria na nanoemulsão. Observa-se nas figuras que a
não sobreposição das curvas pode indicar deposição de material durante a medida das
amostras, o que pode ser visto de forma mais evidente na Figura 28(b). A deposição pode
ser consequência da diferença do tamanho de partículas de pó de cúrcuma, ou presença
47

de impurezas na amostra. Pode-se inferir, dessa forma, que a não homogeneidade do pó


de cúrcuma afeta diretamente a formação de nanopartículas nas amostras.

Para se obter resultados mais homogêneos, nessa primeira abordagem com


cúrcuma, antes de futuros testes utilizando formulação com curcumina P.A., uma
possibilidade de melhoria seria moagem do pó de cúrcuma, seguida de tamisação em
peneiras finas. Espera-se que a incorporação de partículas mais homogêneas resulte
também em homogeneidade das nanopartículas e populações monomodais. Outra
possibilidade, na mesma linha de pensamento, é a nanofiltração da fase oleosa com
membranas, o que iria reter as partículas de tamanho maior que o tamanho da membrana.
Figura 29 – Distribuição de tamanho por intensidade. Amostras sem presença de
cúrcuma na fase oleosa. Curvas geradas a partir do Nanosizer Software. (a) Formulação
E4-4. (b) Formulação E4-5.

Fonte: o autor.

De acordo com os dados da Tabela 6, e ao se comparar os dados da Figura 28 com


os da Figura 29, percebe-se que há formação de duas populações de tamanhos de partícula
distintos, mesmo para as amostras em que a cúrcuma está ausente. Isso indica que a
especificação da cúrcuma utilizada não é o único fator que causa heterogeneidade das
amostras. Nos ensaios realizados variando o tempo de agitação, percebeu-se que ao se
adicionar o reticulante mais devagar, passando de dois para cinco minutos o tempo de
agitação, o pico do tamanho de partícula foi menor e o percentual de intensidade maior.
Dessa forma, uma possibilidade é avaliar se o aumento do tempo de agitação da adição
48

do TPP para valores maiores que 5 minutos influenciaria o tamanho das partículas. CHEN
et al. (2022) falam de tempos de mistura entre a fase aquosa e oleosa de 24h, e agitação
intensa por 6 minutos. Já YADAV et al. (2012) falam de mistura de 30 minutos entre as
fases aquosa e oleosa, seguida de mistura contínua de 30 minutos durante a reticulação.

O potencial Zeta é usado para estudar a química envolvida na determinação se


uma emulsão permanecerá estável. Os dados de potencial Zeta apresentados nas Figura
30 e Figura 31 não foram conclusivos devido às populações de tamanhos diferentes
apresentados pela amostra. Isso se dá pois o cálculo do potencial Zeta leva em
consideração apenas partículas nanométricas e o movimento browniano, indicando que a
presença de partículas a nível micrométrico prejudica a análise. Dessa forma, não foi
possível determinar se as partículas incorporadas com cúrcuma tenderiam a flocular não.
49

Figura 30 – Distribuição de potencial Zeta. Amostras têm a mesma formulação,


sendo preparadas em triplicata. 1. Curvas geradas a partir do Nanosizer Software. (a)
Formulação E4-1. (b) Formulação E4-2. (c) Formulação E4-3.

Fonte: o autor.
50

Figura 31 – Distribuição de potencial Zeta. Amostras têm a mesma formulação,


sendo preparadas em triplicata. 1. Curvas geradas a partir do Nanosizer Software. (a)
Formulação E4-4. (b) Formulação E4-5.

Fonte: o autor.

A morfologia das partículas também pode ser avaliada através da observação da


amostra em microscópio óptico. A Figura 32 apresenta a morfologia das partículas da
formulação E4-1, enquanto a Figura 33 traz as imagens para as formulações E4-4, sem a
incorporação de cúrcuma.
51

Figura 32 – Microscopia óptica da formulação E4-1. Imagens obtidas a partir do


microscópio biológico binocular modelo TIM-2008 da marca Opton, capturadas com
câmera digital. Amplificação de, respectivamente: (a) 40x, (b) 100x e (c) 400x.

Fonte: o autor.

De acordo com as imagens obtidas por microscopia óptica, é possível notar que
as partículas, apesar de heterogêneas em tamanho, são homogêneas em morfologia. É
possível notar o perfil esférico das partículas, com algumas partículas de maior tamanho
ou aglomeradas, o que é coerente com os dados obtidos nas análises feitas no Zetasizer.
52

Figura 33 – Microscopia óptica da formulação E4-4. Imagens obtidas a partir do


microscópio biológico binocular modelo TIM-2008 da marca Opton, capturadas com
câmera digital. Amplificação de, respectivamente: (a) 40x, (b) 100x e (c) 400x.

Fonte: o autor.

Os resultados apresentaram mostraram que houve encapsulamento de partículas


de cúrcuma nas formulações propostas, podendo-se obter populações majoritariamente
homogêneas com partículas em escala nanométrica. Algumas análises não puderam ser
avaliadas, como a eficiência de encapsulamento por espectroscopia UV-VIS. Sugere-se
que nas próximas formulações, em trabalhos futuros, além da busca por tamanhos de
partículas menores e distribuições de tamanho de partícula homogêneas, avalie-se a
eficiência de encapsulamento a fim de entender o quão incorporadas as partículas ficam
na matriz polimérica.
53

6. CONCLUSÕES

Neste trabalho produziu-se nanopartículas de quitosana incorporadas com


cúrcuma parâmetros como: natureza de quitosana, concentração de surfactante na fase
aquosa, composição da fase oleosa, concentração de cúrcuma na fase oleosa e tempo de
agitação; na busca de menores tamanho da partícula.
A partir dos resultados, foi possível concluir que o tipo de quitosana não teve
influência significativa sobre os tamanhos de partícula. A concentração de surfactante
também não alterou significativamente o tamanho ou distribuição de partículas, sendo
essa uma característica observada para o Tween® 80, considerado o surfactante mais
explorado para nanoformulações de cúcurma de acordo com a literatura consultada. O
tempo de agitação durante a técnica de gelificação ionotrópica teve influência sobre o
tamanho das partículas, de forma que se obteve uma melhor distribuição ao se aumentar
o tempo de mistura.
A formulação final proposta é composta por solução 0,2% (w/v) de quitosana em
solução de ácido acético 2% (v/v), 0,3% (w/v) de Tween® 80 em solução de quitosana /
ácido acético, 6% (w/v) de tripolifosfato de sódio e 0,4% (w/v) de cúrcuma dissolvida em
óleo de soja refinado. A nanoformulação foi caracterizada em relação ao tamanho de
partícula, potencial Zeta e morfologia. A caracterização apresentou pico de 98,8% de
intensidade para partículas com tamanho por volta de 208,5 nm com desvio padrão de ±
98,8 nm e polidispersividade baixa, de 0,21. As medidas de potencial Zeta não foram
conclusivas pois as amostras não apresentaram comportamento monomodal. A
microscopia óptica comprovou o perfil esférico das partículas, validando o
encapsulamento.
Sugere-se para próximos trabalhos a otimização dessa formulação, a fim de
aumentar a quantidade de óleo encapsulado, além de tornar as partículas mais
homogêneas. Isso pode ser obtido por meio da utilização de cúrcuma P.A. com
distribuição de partículas homogêneas, bem como exploração do aumento do tempo de
agitação durante o preparo da amostra. Em termos de caracterização, sugere-se avaliar a
eficiência de encapsulamento por espectroscopia UV-VIS.
54

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A

ANEXO A

Os experimentos realizados seguiram procedimento experimental conforme formulações descritas nas Tabelas A-1 abaixo:
Tabela A-1 – Planejamento experimental.
Fase Aquosa Fase Oleosa Solução Reticulante Formulação Agitação
Amostra Tipo de Quitosana Água destilada Tween® 80 Óleo de soja Água Destilada TPP Fase Aquosa TPP Fase Oleosa Óleo em Água Adição de TPP
Ensaio Cúrcuma (mg)
Quitosana (mg) (mL) (mg) (mL) (mL) (mg) (mL) (mL) (mL) (min) (min)
E1- 1 1 40 20 70 0,5* 2,5 0,5 30 20,5 0,5 0,5 20 2
E1- 2 1 40 20 45 0,5* 2,5 0,5 30 20,5 0,5 0,5 20 2
E1- 3 2 40 20 67 0,5* 2,5 0,5 30 20,5 0,5 0,5 20 2
E1- 4 2 40 20 40 0,5* 2,5 0,5 30 20,5 0,5 0,5 20 2
E2- 1 1 50 25 80 5 5 1 60 26 1 5 20 2
E2- 2 1 50 25 78 5 10 1 60 26 1 5 20 2
E2- 3 1 50 25 80 5 15 1 60 26 1 5 20 2
E2- 4 1 50 25 75 5 20 1 60 26 1 5 20 2
E2- 5 2 50 25 154 5 5 1 60 26 1 5 20 2
E2- 6 2 50 25 167 5 10 1 60 26 1 5 20 2
E2- 7 2 50 25 160 5 15 1 60 26 1 5 20 2
E2- 8 2 50 25 170 5 20 1 60 26 1 5 20 2
E3- 1 1 50 25 75 5 20 1 60 26 1 5 20 2
E3- 2 1 50 25 150 5 20 1 60 26 1 5 20 2
E3- 3 1 50 25 75 5 20 1 60 26 1 5 20 5
E3- 4 1 50 25 150 5 20 1 60 26 1 5 20 5
E3- 5 2 50 25 75 5 20 1 60 26 1 5 20 2
E3- 6 2 50 25 150 5 20 1 60 26 1 5 20 2
E3- 7 2 50 25 75 5 20 1 60 26 1 5 20 5
E3- 8 2 50 25 150 5 20 1 60 26 1 5 20 5
B

Fase Aquosa Fase Oleosa Solução Reticulante Formulação Agitação


Amostra Tipo de Quitosana Água destilada Tween® 80 Óleo de soja Água Destilada TPP Fase Aquosa TPP Fase Oleosa Óleo em Água Adição de TPP
Ensaio Cúrcuma (mg)
Quitosana (mg) (mL) (mg) (mL) (mL) (mg) (mL) (mL) (mL) (min) (min)
E4- 1 1 50 25 75 5 20 1 60 26 1 5 20 5
E4- 2 1 50 25 75 5 20 1 60 26 1 5 20 5
E4- 3 1 50 25 75 5 20 1 60 26 1 5 20 5
E4- 4 2 50 25 75 5 0 1 60 26 1 5 20 5
E4- 5 2 50 25 75 5 0 1 60 26 1 5 20 5
(*) Utilizou-se Etanol, e não óleo de soja, nessas formulações.
Fonte: o autor.

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