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UNIVERSIDADE VILA VELHA

CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO

LUANA BORGES BONAMIGO


NATALIA CARVALHO CAMPOS

ESTUDO EM ESCALA LABORATORIAL DA APLICABILIDADE DO


BACILLUS SUBTILIS NA MOBILIZAÇÃO DE ÓLEO PESADO
UTILIZANDO A TÉCNICA DE MEOR (MICROBIAL ENHANCED OIL
RECOVERY)

VILA VELHA
2018
LUANA BORGES BONAMIGO
NATALIA CARVALHO CAMPOS

ESTUDO EM ESCALA LABORATORIAL DA APLICABILIDADE DO


BACILLUS SUBTILIS NA MOBILIZAÇÃO DE ÓLEO PESADO
UTILIZANDO A TÉCNICA DE MEOR (MICROBIAL ENHANCED OIL
RECOVERY)

Trabalho de conclusão de curso apresentado à


Universidade Vila Velha como pré-requisito para a
obtenção de grau de Bacharel em Engenharia de
Petróleo.
Orientador: Prof. Ms. Bernabé Alfredo Sanjombi.

VILA VELHA
2018
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
“Que os vossos esforços desafiem as
impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes
coisas do homem foram conquistadas do que parecia
impossível”.
Charles Chaplin
RESUMO

Diante da crescente necessidade mundial por energia, e tendo o petróleo como a fonte
energética mais utilizada, porém com suas reservas limitadas, o uso de
microrganismos e seus metabólitos para aumentar a produção de óleo vem
despertando interesse do mundo inteiro. Esta técnica baseia-se na injeção de
microrganismos selecionados dentro do reservatório, seguido de estimulação e
transporte de seus produtos de crescimento, de forma que sua presença reduzirá o
óleo residual deixado no reservatório após a exaustão da recuperação secundária.
MEOR (Microbial Enhanced Oil Recovery) é uma técnica iniciante com muito a ser
dominado, como por exemplo a seleção do microrganismo adequado, determinação
de condição satisfatória de nutrição e distribuição e transporte das bactérias e seus
metabólitos em meio poroso. Ainda assim é uma técnica promissora diante do fato de
que a injeção de bactérias no reservatório conta com o aumento dos seus efeitos
benéficos com o passar do tempo, uma vez que estas possuem capacidade auto-
multiplicadora, capacidade de promover in situ a multiplicação de suas unidades e
consequentemente de seus metabólitos (ABRAM, 1996). O presente trabalho teve por
objetivo observar os efeitos do microrganismo da espécie Bacillus subtilis em óleos
pesados e suas possíveis alterações na produção de um campo maduro aplicados à
técnica de MEOR. O experimento consistiu na sintetização de soluções e sua
caracterização simulando em escala laboratorial o processo de inserção de bactérias
em reservatórios. Os resultados mostram uma significante formação de emulsão na
maioria das amostras devido ao bioproduto microbiano bioemulssificante, onde pode-
se confirmar o grande potencial do microrganismo para formação de emulsão, seu
efeito positivo para a mobilidade e consequentemente aumento da recuperação de
campos maduros.

Palavras-chave:
ABSTRACT

Under the increasing worldwide needs for energy, and having the petroleum as the
most used energy source, but with restricted reserves, the use of microorganisms and
their metabolites to increase oil production has aroused interest from all over the world.
This method is based on the injection of selected microorganisms into the reservoir,
followed by stimulation and transport of their growth products, in such a way that its
presence will reduce the residual oil left in the reservoir after the exhaustion of
secondary recovery. MEOR (Microbial Enhanced Oil Recovery) is a beginning
technique with much to be mastered, such as the selection of the appropriate
microorganism, determination of satisfactory nutrition condition and distribution and
transport of the bacteria and their metabolites in porous media. Still, it is a promising
technique in view of the fact that the injection of bacteria into the reservoir counts with
the increase of its beneficial effects with the passage of time, once they have self-
multiplying capacity, capacity to promote the multiplication of their units in situ and
consequently of its metabolites (ABRAM, 1996). The present work had the objective to
observe the effects of the microorganism of the species Bacillus subtilis in heavy oils
and its possible changes in the production of a mature field applied to the MEOR
technique. The experiment consisted of synthesizing solutions and their
characterization, simulating in a laboratory scale the process of insertion of bacteria
into reservoirs. The results show a significant emulsion formation in most samples due
to the bioemulsifying microbial bioproduct, where the great potential of the
microorganism for emulsion formation, its positive effect on mobility and consequently
the recovery of mature fields can be confirmed.

Keywords:
LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1 ................................................................................................................. 22

Equação 2 ................................................................................................................. 23

Equação 3 ................................................................................................................. 24

Equação 4 ................................................................................................................. 25

Equação 5 ................................................................................................................. 26

Equação 6 ................................................................................................................. 26

Equação 7 ................................................................................................................. 26

Equação 8 ................................................................................................................. 26

Equação 9 ................................................................................................................. 27

Equação 10 ............................................................................................................... 28

Equação 11 ............................................................................................................... 28

Equação 12 ............................................................................................................... 51
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Representação de um meio poroso .........................................................22

Figura 2 – Representação de um meio poroso com a presença de água, óleo e gás


...................................................................................................................................24

Figura 3 – Caracterização das fases em um deslocamento bifásico ....................... 27

Figura 4 – Reservatório com gás em solução .......................................................... 31

Figura 5 – Reservatório com capa de gás ................................................................ 32

Figura 6 – Reservatório com influxo d’água ............................................................. 33

Figura 7 – Classificação dos métodos de recuperação avançada ........................... 35

Figura 8 – Morfologia celular .................................................................................... 37

Figura 9 – Germinação de um endósporo em Bacillus ............................................. 38

Figura 10 – Representação esquemática da formação de endósporo em uma célula


da bactéria B.subtilis ................................................................................................. 39

Figura 11 – MEOR: Descrição de uma aplicação constante para induzir as


transformações biológicas do óleo ........................................................................... 46

Figura 12 – Comportamento de composto orgânico antes (a) e após (b) adição de


tensoativo ................................................................................................................. 50

Figura 13 – Molécula de surfactante e orientação do surfactante na água .............. 51

Figura 14 – Mecanismo de recuperação avançada de óleo com biossurfactante .... 53

Figura 15 – Formação de micelas ............................................................................ 54

Figura 16 – Remoção de petróleo de uma superfície pela ação de surfactante


sintético ou biossurfactante e ação mecânica .......................................................... 55

Figura 17 – Emulsões do tipo O/A e A/O ................................................................. 56

Figura 18 – Influência da fração de água na viscosidade e tipo da emulsão ........... 57

Figura 19 – Bacillus subtilis em ágar sangue ........................................................... 58

Figura 20 – Tubos de Ensaio com inóculo ............................................................... 59

Figura 21 – Picnômetro ............................................................................................ 62


Figura 22 – Viscosímetro Cinemático ....................................................................... 63

Figura 23 – Meio Mineral, Solução de Metais e Salmoura ....................................... 64

Figura 24 – Soluções de meio mineral e salmoura .................................................. 65

Figura 25 – Erlenmeyers preparados para a autoclavagem .................................... 65

Figura 26 – Erlenmeyers ao final do processo de preparação das soluções ........... 66

Figura 27 – Erlemeyers com as soluções na incubadora refrigerada ...................... 67

Figura 28 – Viscosímetro rotativo .............................................................................. 67

Figura 29 – Medição da viscosidade de amostra de óleo em viscosímetro rotativo 68

Figura 30 – Comparação entre as amostras 7 e 3 ................................................... 72

Figura 31 – Análise visual de emulsões ................................................................... 73


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Classificação do óleo .............................................................................. 28

Tabela 2 – Composição do meio mineral (MM) que será utilizado nos experimentos
de biossurfactantes por B. subtilis ATCC 19659 ...................................................... 60

Tabela 3 – Composição da solução de metais que será utilizada na suplementação


do MM utilizado nos experimentos de produção de biossurfactantes por B. subtilis
ATCC 19659 ............................................................................................................. 61

Tabela 4 – Composição da solução de metais que será utilizada na suplementação


do MM utilizado nos experimentos de produção de biossurfactantes por B. subtilis
ATCC 19659 ............................................................................................................. 61

Tabela 5 – Identificação e composição das soluções ................. ............................. 66


.

Tabela 6 – Densidade dos fluidos ............................................................................. 69

Tabela 7 – Valores de viscosidade obtidos com 6 dias de incubação .. .................... 69

Tabela 8 – Valores de viscosidade obtidos com 12 dias de incubação .................... 70


LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Poços perfurados em terra entre 2006 e 2015 ...................................... 17

Gráfico 2 – Notificação de descobertas em blocos terrestres .................................. 18

Gráfico 3 – Efeito da compactação natural na porosidade ....................................... 23

Gráfico 4 – Viscosidade das Soluções versus Viscosidade da Solução 7 (6 horas) 70

Gráfico 5 – Viscosidade das Soluções versus Viscosidade da Solução 7 (12 horas)


................................................................................................................................... 71

Gráfico 6 – Comparação das viscosidades entre os períodos de incubação ........... 72


LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ANP – Agência Nacional de Petróleo

A/O – Água em Óleo

O/A – Óleo em Água

Petróleo API – American Petroleum Institute

ATCC – American Type Culture Collection

B. subtilis – Bacillus subtilis

CMC – Concentração Micelar Crítica EOR – Enhanced Oil Recovery

Ex situ – Fora do local

FR – Fator de Recuperação

IBP – Instituto Brasileiro de Petróleo Gás e Biocombustíveis

In situ – No local

MEOR – Microbial Enhanced Oil Recovery

MM – Meio de cultura

PRAVAP – O Programa De Recuperação Avançada De Petróleo


LISTA DE SÍMBOLOS

𝜙 – porosidade

Vυ – volume de vazios

V𝑡 – volume total da rocha

c𝑓 – compressibilidade efetiva da formação

Vp - volume de poros na rocha

ΔVp - variação do volume poroso

Δ𝑝 - variação da pressão S𝑓 – saturação de fluido Vf – volume de fluido

q – vazão

𝑘 – permeabilidade absoluta

A – área da seção transversal de um meio poroso ΔVp – variação do volume poroso

Δ𝑝 – diferencial de pressão

L – comprimento de um meio poroso

µ – viscosidade

cm³/s – centímetro cúbico por segundo cm2 – centímetro quadrado

atm – atmosfera

𝜆o – mobilidade do óleo

𝑘o – permeabilidade efetiva ao óleo

µo – viscosidade do óleo

𝜆w – mobilidade da água

𝑘w – permeabilidade efetiva à água

µw – viscosidade da água

𝜆g – mobilidade 0do gás

𝑘g – permeabilidade efetiva ao gás


µg – viscosidade do gás

M – razão de mobilidade entre dois fluidos

𝜆D – mobilidade do fluido deslocante

d – densidade

ρo – massa específica do óleo

ρw – massa específica da água

° API – grau API

FR – fator de recuperação cP – centipoise

Nca – número capilar

υ – velocidade do fluido

γ – tensão superficial ou interfacial


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 17
1.1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 19
1.1.1 OBJETIVOS GERAIS ....................................................................................... 19
1.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................ 19
1.2 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 19
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................. 20
2.1 CONCEITOS DE ENGENHARIA DE RESERVATÓRIOS .................................. 20
2.1.1 Origem do Petróleo ......................................................................................... 20
2.1.2 Campos Maduros e Campos Marginais ........................................................ 20
2.1.3 Propriedades Básicas das Rochas e dos Fluidos........................................ 21
2.1.3.1 Porosidade.................................................................................................... 22
2.1.3.2 Compressibilidade ........................................................................................ 23
2.1.3.3 Saturação de Fluidos .................................................................................... 24
2.1.3.4 Permeabilidade ............................................................................................. 25
2.1.3.5 Mobilidade .................................................................................................... 25
2.1.3.6 Capilaridade.................................................................................................. 26
2.1.3.7 Densidade..................................................................................................... 27
2.1.3.8 Viscosidade .................................................................................................. 28
2.1.4 Fator de Recuperação .................................................................................... 28
2.1.5 Métodos De Recuperação .............................................................................. 29
2.1.5.1 Recuperação Primária .................................................................................. 29
2.1.5.1.1 . Mecanismo de Gás em Solução .................................................................30
2.1.5.1.2 . Mecanismo de Capa de Gás ......................................................................31
2.1.5.1.3 . Mecanismo de Influxo de Água ..................................................................32
2.1.5.1.4 . Mecanismo Combinado ..............................................................................33
2.1.5.2 Recuperação Secundária .............................................................................. 34
2.1.5.3 Recuperação Terciária .................................................................................. 34
2.2 CONCEITOS DE MICROBIOLOGIA ................................................................... 35
2.2.1 Microrganismos .............................................................................................. 36
2.2.2 Bactérias .......................................................................................................... 37
2.2.3 Bacilos ............................................................................................................. 37
2.2.4 Bacillus subtilis............................................................................................... 39
2.3 MEOR ................................................................................................................. 40
2.3.1 HISTÓRICO ...................................................................................................... 40
2.3.2 TÉCNICA DE MEOR ........................................................................................ 44
2.3.2.1 Vantagens e Desvantagens de MEOR .......................................................... 47
2.3.3 MICRORGANISMOS CANDITATOS ............................................................... 47
2.3.4 BIOPRODUTOS ............................................................................................... 48
2.3.5 SURFACTANTE ............................................................................................... 49
2.3.6 BIOSSURFACTANTE ...................................................................................... 51
3 METODOLOGIA ................................................................................................... 57
3.1 PREPARAÇÃO DO INÓCULO E CONDIÇÕES DE CULTIVO ........................... 57
3.2 FLUIDOS DE TESTE .......................................................................................... 58
3.2.1 Óleo .................................................................................................................. 58
3.2.2 Água (Salmoura) ............................................................................................. 59
3.2.3 Meio de cultura................................................................................................ 59
3.3 DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE DE MICRORGANISMOS ........................... 60
3.3.1 Preparo das amostras ................................................................................... 60
3.3.1.1 Óleo .............................................................................................................. 61
3.3.1.2 Água (Salmoura) .......................................................................................... 62
3.3.1.3 Meio mineral e Soluções de metais .............................................................. 62
3.3.2 Procedimento dos ensaios ........................................................................... 56
4 CRONOGRAMA ................................................................................................... 68
4.1 DENSIDADE ....................................................................................................... 68
4.2 VISCOSIDADE ................................................................................................... 68
4.2.1 Primeira etapa ................................................................................................ 68
4.2.2 Segunda etapa ............................................................................................... 69
4.2.3 Comparação entre os períodos de incubação ............................................ 70
4.3 APARÊNCIA DAS EMULSÕES ......................................................................... 71
REFÊRENCIAS ......................................................................................................... 73
17

1 INTRODUÇÃO

Devido à dimensão econômica da indústria do petróleo e sua importância


para a ordem mundial, qualquer avanço tecnológico no aproveitamento de reservas
gera grande expectativa. A produção futura de muitos países depende, cada vez
mais, de campos conhecidos e bastante explorados (JONES, DOURADO, CHAVES,
2008). Dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis) confirmam essa afirmação, uma vez que o número de poços
exploratórios caiu para menos da metade após 2012. O Gráfico 1 mostra a
quantidade de poços exploratórios ao longo dos últimos anos:

Gráfico 1 – Poços perfurados em terra entre 2006 e 2015

Fonte: IBP (2017).

O Gráfico 1 mostra que o número de poços exploratórios caiu para menos da


metade após 2012 e que o número de poços de desenvolvimento caiu fortemente em
2016. Além disso, a desaceleração do esforço exploratório nas bacias terrestres do
Brasil resultou na redução do número de notificações de descobertas de indícios de
petróleo e gás natural. O número de notificações passou de 50, em 2012 para apenas
uma em abril de 2017, como mostra o Gráfico 2 (IBP, 2017).
18

Gráfico 2 – Notificação de descobertas em blocos terrestres

Fonte: IBP (2017).

O Programa De Recuperação Avançada de Petróleo (PRAVAP), da Petrobras


também reconhece que o contexto exploratório mundial é marcado por descobertas
cada vez mais escassas e reservatórios cada vez mais maduros (JONES, DOURADO,
CHAVES, 2008). Além disso, estima-se que as reservas mundiais de óleo pesado,
definido por elevadas densidade e viscosidade, ultrapassam em mais da metade as
reservas mundiais de óleo leve. As particularidades do óleo pesado tornam seu
processo de extração difícil e de alto custo, o que gera a necessidade de se
desenvolver novas táticas que viabilizem sua recuperação (PERREIRA, 2009).
Diante deste cenário, novas técnicas, especialmente aquelas relacionadas à
recuperação avançada de petróleo, assumem um papel estratégico importante
(JONES, DOURADO, CHAVES, 2008), e, nesse contexto, a aplicação de processos
de MEOR (Microbial Enhanced Oil Recovery), traduzido para português como
recuperação microbiológica avançada de óleo, revela-se como uma estratégia factível
e promissora (PERREIRA, 2009).
A MEOR consiste em uma tecnologia de recuperação terciária do petróleo que
utiliza microrganismos ou produtos de seu metabolismo para a recuperação de óleo
residual. Os microrganismos produzem polímeros e surfactantes que, por sua vez,
reduzem a tensão superficial óleo-rocha, reduzindo as forças capilares que impedem
a movimentação do óleo através dos poros da rocha e que também auxiliam na
emulsificação e na quebra dos filmes de óleo do reservatório (BANAT, 1995).
19

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 OBJETIVOS GERAIS

Estudar os efeitos do microrganismo da espécie Bacillus subtilis, enfatizando a


produção de biossurfactantes, em óleos pesados e suas respectivas alterações na
produção de um campo maduro aplicados à técnica de MEOR (Microbial Enhanced
Oil Recovery).

1.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Preparação do inóculo do Bacillus subtilis.


 Submeter o Bacillus subtilis às condições físico-químicas de reservatório.
 Avaliar se o Bacillus subtilis possui propriedades desejáveis para
aplicação na técnica de MEOR (Microbial Enhanced Oil Recovery).
 Determinar a tensão superficial, viscosidade e densidade das soluções
empregadas e do óleo já submetidos ao teste.

1.2 JUSTIFICATIVA

Devido ao crescente consumo energético e a limitação das reservas


petrolíferas, viu- se maior necessidade de investimentos em técnicas dedicadas a
aumentar a produtividade dos reservatórios, dando prioridade a campos maduros.
Tendo em vista que as técnicas tradicionais – primária e secundária – apresentam
níveis relativamente baixos de aproveitamento das reservas, busca-se o
aprimoramento de métodos avançados de recuperação de óleo (EOR – Enhanced Oil
Recovery), dentre eles encontra-se a MEOR (Microbial Enhanced Oil Recovery), que
utiliza microrganismos e seus metabólicos para aumentar a recuperação de petróleo.
20

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 CONCEITOS DE ENGENHARIA DE RESERVATÓRIOS

2.1.1 Origem do Petróleo

Petróleo, do latim petra (pedra) e oleum (óleo), caracteriza misturas de


compostos químicos orgânicos (hidrocarbonetos), que de acordo com as condições
de pressão e temperatura as quais está sujeito, pode ser encontrado no estado sólido,
líquido ou gasoso (AMYX, BASS, WHITING, 1960; THOMAS, 2004; ROSA,
CARVALHO, XAVIER, 2011).
Em meio a todos os princípios que explicam a origem do petróleo, a teoria
orgânica é a mais aceita atualmente. Segundo essa teoria, tanto o petróleo como o
gás natural, são classificados como combustíveis fósseis, da mesma maneira que o
carvão mineral. Ou seja, sua formação tem origem a partir da decomposição de
matéria orgânica depositada junto com sedimentos lacustres ou marinhos, sendo a
matéria orgânica marinha essencialmente formada a partir de microrganismos e algas
que constituem o fitoplâncton, em condição de anaerobiose (CANUTO, 2002;
TEIXEIRA, 2003; BRANCO, 2004; THOMAS, 2004).
Matéria orgânica, sedimento e condições termoquímicas apropriadas, são
fatores que, devidamente sincronizados e em interação, constituem requisitos para o
começo da cadeia de processos que tem como resultado a formação de petróleo
(THOMAS, 2004).
O princípio da origem microbiológica das reservas petrolíferas, explicado pela
teoria orgânica da formação do petróleo, fundamenta a oportunidade de adotar
processos biológicos, análogos, para viabilizar a produção de uma maior parte dessas
reservas (DOURADO, CHAVES, JONES, acesso em 2017).

2.1.2 Campos Maduros e Campos Marginais

Convém neste momento uma pequena observação sobre a classificação de


campos de petróleo e gás natural em “marginais e/ou maduros”, uma vez que ambos
os termos, são frequentemente empregados de maneira confusa, trazendo assim,
certa dificuldade quanto as suas definições (ZAMITH, 2007).
21

Recebem a classificação de campos maduros, aqueles que se encontram em


um período avançado de produção, e nesse contexto, para ampliarem seu período
explotatório, carecem da aplicação de diferentes técnicas de recuperação (ZAMITH,
2007).
Ainda discorrendo sobre campos maduros, segundo Ferreira (2009, apud
Batista, 2006) verificando na origem da Língua Portuguesa, um campo de petróleo
maduro pode ser entendido como um campo plenamente desenvolvido, isto é, com
sua produção desenvolvida de forma integral.
A definição de campos maduros sobrepõe-se a definição de campos marginais
inúmeras vezes (ZAMITH, 2007), contudo podemos destacar três critérios
considerados relevantes ao se determinar a marginalidade de um campo. Sendo eles:
o geológico, o econômico e o tecnológico (ZAMITH, 2007; BATISTA, 2016).
Os campos marginais baseados em critérios geológicos representam aqueles
em que a estrutura geológica complica sua explotação de forma econômica. Já os
campos marginais por efeito de critérios econômicos, são aqueles em que o custo da
extração (petróleo ou gás) é maior do que a expectativa do lucro a ser recebido com
sua comercialização. Encerrando, os campos marginais por motivos tecnológicos, tem
sua produção limitada ao se considerar às condições tecnológicas vigentes. Dessa
forma, os três critérios aparecem interligados na grande maioria das circunstâncias
(ZAMITH, 2007; BATISTA, 2016).
É de grande relevância destacar que a classificação “campo marginal” pode ser
dita como temporária, pois um campo economicamente viável hoje pode se tornar sub
econômico ao longo de sua vida produtiva, e um campo classificado como marginal
hoje, poderá ser futuramente desenvolvido (NAVIERA, 2007).

2.1.3 Propriedades Básicas das Rochas e dos Fluidos

Em um estudo sobre reservatório de petróleo, é parte primordial o


conhecimento de propriedades básicas da rocha e dos fluidos nela contidos. Uma vez
que através dessas propriedades é possível determinar as quantidades dos fluidos
presentes no meio poroso, sua disposição, o potencial desses fluidos de se moverem
e, mais importante, a quantidade de fluidos que pode ser extraída (THOMAS, 2004).
Segundo Thomas (2004), porosidade, compressibilidade, saturação,
permeabilidade, mobilidade e capilaridade são propriedades básicas que devem ser
22

consideradas ao se estudar a produção de um poço de petróleo.

2.1.3.1 Porosidade

Normalmente, a rocha é composta por grãos ligados uns aos outros por um
material denominado de cimento e por outro material muito fino chamado de matriz. A
Figura 1 retrata essa composição (CURBELO, 2006).

Figura 1 – Representação de um meio poroso

Fonte: Curbelo (2006).

Constitui-se em uma das mais importantes propriedades das rochas na


engenharia de reservatórios. Essa propriedade mede a capacidade de
armazenamento de fluidos (AMYX, BASS, WHITING, 1960; ROSA, CARVALHO,
XAVIER, 2011) através da medida da relação entre o volume de vazios e o volume
total da rocha. Deve-se destacar que nem todos os poros presentes na rocha estão
conectados com outros ou contribuem com o fluxo de fluidos (HURTADOS, 2005;
JOHNSTON, 2010; ROSA, CARVALHO, XAVIER, 2011). Concluindo, a porosidade
pode ser representada pela Equação 1:

(1)

Onde: ϕ é a porosidade, Vυ é o volume de vazios e V𝑡 é o volume total da rocha.


23

2.1.3.2 Compressibilidade

A porosidade das rochas é também função do grau de compactação das


mesmas, e as forças de compactação estão relacionadas com a profundidade em que
a rocha já se encontrou (ROSA, CARVALHO, XAVIER, 2011). O efeito da
compactação natural sobre a porosidade está representado no Gráfico 3:

Gráfico 3 – Efeito da compactação natural na porosidade

Fonte: Krumbein e Sloss (1951).

De maior importância na engenharia de reservatórios é a variação do volume


poroso, devida à chamada compressibilidade efetiva da formação ou dos poros
(ROSA, CARVALHO, XAVIER, 2011), que é definida através da Equação 2:

(2)

Onde:
c𝑓 = compressibilidade efetiva da rocha
Vp = volume de poros na rocha
ΔVp = variação do volume poroso
Δ𝑝 = variação da pressão

Assim que os fluidos de uma rocha reservatório são produzidos, a saída dos
24

mesmos do espaço poroso resulta em uma variação de pressão interna da rocha e


com isso ela fica sujeita a tensões resultantes diferentes, as quais provocam
modificações nos grãos, nos poros e às vezes no volume total da rocha (ROSA,
CARVALHO, XAVIER, 2011). A compressibilidade representa essa alteração
fracionada no volume poroso quando sujeito a uma alteração na pressão (WILLSON,
2008).

2.1.3.3 Saturação de Fluidos

Uma rocha reservatório é geralmente permeada por fluidos, água, óleo e gás,
ou uma combinação desses fluidos. Uma ilustração de um espaço poroso contendo
água óleo e gás está representado na Figura 2:

Figura 2 – Representação de um meio poroso com a presença de água, óleo e gás

Fonte: Curbelo (2006).

Para determinar a quantidade de hidrocarbonetos acumulada em uma


formação rochosa, é necessário determinar a saturação do fluido do material da rocha
(AMYX, BASS, WHITING, 1960) que é a fração ou a porcentagem do volume de poros
ocupado pelo fluido (ROSA, CARVALHO, XAVIER, 2011), representada pela Equação
3:

(3)

Onde: S𝑓 é a saturação do fluido, V𝑓 é o volume do fluido e Vp é o volume de


poros na rocha.
25

2.1.3.4 Permeabilidade

Permeabilidade é a medida da habilidade que uma rocha tem de transportar


fluidos através de seus poros interconectados (JOHNSTON, 2010; ROSA,
CARVALHO, XAVIER, 2011). É uma propriedade que pode ser influenciada pelo
tamanho, forma, configuração e conectividade dos poros, entre outros fatores
(JOHNSTON, 2010).
Em um experimento utilizando fluxo de água através de filtros de areia, Darcy
estabeleceu uma relação básica entre pressão, vazão e permeabilidade (AMYX,
BASS, WHITING 1960; ROSA, CARVALHO, XAVIER, 2011), a qual é representada
pela Equação 4:

(4)

Onde q é a vazão de fluido (cm³/s), A a área da seção transversal (cm²), Δp o


diferencial de pressão (atm), µ a viscosidade do fluido (cp) e L o comprimento do meio
poroso (Darcy).
Existem três diferentes tipos de permeabilidade: absoluta, efetiva e relativa. A
primeira é definida como a permeabilidade de um fluido que satura 100% a rocha.
Quando mais de um fluido satura a rocha, a capacidade de transmissão de cada um
desses fluidos é determinada como permeabilidade efetiva. Já a permeabilidade
relativa, como o próprio nome já diz, trata-se de uma relação entre a permeabilidade
efetiva e a permeabilidade absoluta (ROSA, CARVALHO, XAVIER, 2011).

2.1.3.5 Mobilidade

Ao estudar o deslocamento imiscível de um fluido por outro é preciso definir


dois parâmetros: as mobilidades dos fluidos e a razão de mobilidades (ROSA,
CARVALHO, XAVIER, 2011).
A mobilidade (λ) é a propriedade de um fluido que representa a relação entre a
sua permeabilidade efetiva (k) e a sua viscosidade (µ) (THOMAS, 2004; BARILLAS,
2005; ROSA, CARVALHO, XAVIER, 2011). Se três fluidos (óleo, água e gás)
estiverem no meio poroso suas mobilidades são determinadas pela Equação 5,
Equação 6 e Equação 7:
26

(5)

(6)

(7)

A razão de mobilidade (M) é a relação entre a mobilidade do fluido deslocante


(λD) e a mobilidade do fluido deslocado (ROSA, CARVALHO, XAVIER, 2011). Se o
fluido deslocado for óleo, a razão de mobilidades é calculada pela Equação 8:

(8)

2.1.3.6 Capilaridade

A capilaridade está presente em um reservatório de petróleo porque as jazidas


petrolíferas, em geral, contêm dois ou mais fluidos imiscíveis, ou seja, não se
misturam. Em um recipiente comum contendo dois fluidos, o mais denso fica em baixo
do menos denso, mas isso não ocorre em um meio poroso formado por capilares de
diferentes diâmetros, pois neste caso a superfície de separação não é bem definida,
existindo uma zona de transição devida aos fenômenos capilares, resultantes das
atrações entre as moléculas da massa fluida (ROSA, CARVALHO, XAVIER, 2011).
Uma gota líquida isolada apresenta uma superfície esférica devido à tendência
de suas moléculas se dirigirem para o centro, assim sendo, apresentam uma
superfície mínima. Tal superfície se comporta como uma membrana elástica que
oferece resistência à separação das moléculas. Entende-se por tensão superficial (γ)
a força que impede o rompimento dessa membrana, enquanto a força que tende a
puxar uma superfície para o centro chama-se força capilar e esta, dividida pela área
da superfície, é denominada pressão capilar (ROSA, CARVALHO, XAVIER, 2011).
Para lidar com sistemas multifásicos deve-se considerar o efeito das forças
agindo na interface de dois fluidos imiscíveis em contato, e considerando a água e o
óleo, fluidos comumente encontrados nos reservatórios de petróleo, a tensão
superficial sempre existirá nesse meio (AMYX, BASS, WHITING, 1960), mas neste
27

caso é chamada de tensão interfacial (DALTIN, 2012; PILLING, 2014) e geralmente


ocorre devido as grandes diferenças entre os valores das forças de coesão entre as
moléculas desses líquidos. Quanto maiores forem essas diferenças, menor a
solubilidade entre os líquidos e maior a tensão interfacial (DALTIN, 2012).
Como o resultado da interação de forças em nível molecular, a interface que
separa as fases fluidas tende a formar um determinado ângulo em relação à superfície
sólida no ponto de contato. Determina-se fase molhante àquela fase que apresenta
maior afinidade com a superfície sólida e consequentemente tende a cobri-la mais
facilmente, pelo fato do ângulo de contato ser menor a 90° do lado desta fase. A outra
fase é nomeada de fase não-molhante. Esta caracterização das fases no escoamento
bifásico está intimamente relacionada com a definição da pressão capilar (HURTADO,
2005). A Figura 3 ilustra uma situação típica para um processo de deslocamento
bifásico, no qual duas fases podem coexistir em um mesmo volume elementar.

Figura 3 – Caracterização das fases em um deslocamento bifásico

Fonte: Hurtado (2005).

2.1.3.7 Densidade

A densidade (𝑑) de uma substância é a relação entre o peso de um determinado


volume de matéria e o peso de igual volume de água, medidos à temperatura de 20°C
(ROSA, CARVALHO, XAVIER, 2011) e é calculada pela Equação 9:

(9)

Onde ρo e ρw são respectivamente as massas específicas do óleo e da água.


28

Essa propriedade também pode ser expressa em graus API (°API), uma função
hiberbólica da densidade comumente usada na indústria do petróleo (ROSA,
CARVALHO, XAVIER, 2011), e é calculada pela Equação 10:

(10)

A Tabela 1 representa a relação da classificação do óleo em relação ao seu


°API:

Tabela 1 – Classificação do óleo


Tipo de Óleo Densidade (20°C/20°C) API
Leve ≤ 0,87 ≥ 31°
Mediano 0,87 < ρ ≤ 0,92 22°≤ API < 31°
Pesado 0,92 < ρ ≤ 1,00 10°≤ API < 22°
Extrapesado > 1,00 < 10°
Fonte: Adaptado de Rosa, Carvalho, Xavier, 2011 .

2.1.3.8 Viscosidade

Viscosidade (µ) é a propriedade que mede quantitativamente a resistência de


um fluido ao escoamento, sendo que quanto maior seu valor, mais difícil será a
movimentação do fluido (WHITE, 2011). Essa propriedade é afetada pelas variações
de temperatura e de pressão e, nos líquidos, decresce com a temperatura e cresce
com a pressão (ROSA, CARVALHO, XAVIER, 2011).

2.1.4 Fator de Recuperação

Entende-se por fator de recuperação o percentual do volume original de


hidrocarbonetos recuperado durante a explotação de um reservatório de petróleo, ou
seja, é o resultado entre o volume recuperável e o volume total aferido (THOMAS,
2004; ROSA, CARVALHO, XAVIER, 2011; ANP, 2017). Pode-se então, sintetizar essa
definição através da Equação 11:

(11)
29

Esse fator depende do tipo de reservatório e das características do petróleo,


além disso, inovações tecnológicas e metodológicas podem interferir positivamente
no mesmo (ANP, 2017). No Brasil, esse percentual é considerado baixo, em média de
20% (ANP, 2017), sendo assim, qualquer método de recuperação que possibilite
aumentar o FR em 5% ou 10%, está colaborando para um incremento muito
significativo (JONES, 2008).

2.1.5 Métodos de Recuperação

De maneira sucinta, os métodos de recuperação são aqueles que tentam


alterar as características do reservatório que auxiliam na retenção exagerada de óleo.
Sua utilização é quase tão antiga quanto à indústria do petróleo, sendo desenvolvidos
com a finalidade de maximizar a produção que se obteria inicialmente (THOMAS,
2004).
A quantidade de energia existente nas acumulações de petróleo na época de
sua descoberta é chamada de energia primária. Essa energia é resultado do volume
e da natureza dos fluidos presentes no reservatório somados a situações e
circunstâncias pelas quais a jazida passou até se formar por completo (ROSA,
CARVALHO, XAVIER, 2011).
Durante a vida produtiva de um reservatório de petróleo, em especial quando
são empregados métodos de recuperação, sua produção é formada por etapas que
cronologicamente são chamadas de recuperação primária, recuperação secundária e
recuperação terciária (OLIVEIRA, 2014; THOMAS, 2004). No entanto, ao longo do
tempo as expressões secundária e terciária perderam a sua conotação cronológica e
passaram a significar a origem do processo (THOMAS, 2004).

2.1.5.1 Recuperação Primária

A recuperação primária é a quantidade de óleo que será extraída do


reservatório unicamente pela atuação de suas energias naturais (GREEN, WILLHITE,
1998; THOMAS, 2004; ROSA, CARVALHO, XAVIER, 2011).
Os fluidos presentes em uma rocha-reservatório precisam de certa quantidade
de energia para que possam ser produzidos, para isso é necessário que outro material
substitua o espaço poroso ocupado por eles. No geral, a produção de fluidos ocorre
30

em consequência de dois efeitos fundamentais: (1) a descompressão (que causa a


expansão dos fluidos na rocha-reservatório e a contração do volume poroso) e (2) o
deslocamento de um fluido por outro fluido. A junção de todos os fatores que fazem
desencadear esses efeitos recebe o nome de mecanismo de produção de reservatório
(THOMAS, 2004; ROSA, CARVALHO, XAVIER, 2011).
Os três principais mecanismos de produção de reservatórios são: mecanismo
de gás em solução, mecanismo de capa de gás e mecanismo de influxo de água.
Existe também o chamado mecanismo de segregação gravitacional, que na verdade
equivale ao desempenho do efeito da gravidade que ajuda na atuação dos outros
mecanismos. Além disso, podem ocorrer situações em que mais de um mecanismo
atua simultaneamente em um reservatório sem que um predomine sobre o outro. Essa
situação é chamada de mecanismo combinado (GREEN, WILLHITE, 1998; THOMAS,
2004; ROSA, CARVALHO, XAVIER, 2011).

2.1.5.1.1 Mecanismo de Gás em Solução

No mecanismo de gás em solução o reservatório não está agregado a grandes


massas de água ou de gás, de maneira que a produção de água é praticamente
inexistente e a produção de líquido é em decorrência somente da quantidade de gás
dissolvido no óleo (THOMAS, 2004; ROSA, CARVALHO, XAVIER, 2011). Esse
mecanismo está representado na Figura 4:
31

Figura 4 – Reservatório com gás em solução

Production wells

Fonte: Willhite (1986). Modificada pelo autor.

Sabe-se que a produção de fluidos promove uma queda de pressão no


reservatório, proporcionando a vaporização dos componentes mais leves do óleo e
acarretando a expansão dos fluidos. Como o gás é mais expansível que o líquido, sua
expansão promove o deslocamento da fase líquida para fora do meio poroso. Logo a
produção no mecanismo de gás em solução é o resultado da expansão do gás que
inicialmente estava dissolvido e que vai saindo da solução. Sendo assim, quanto mais
a pressão cai, mais o gás se expande e mais o líquido é deslocado (THOMAS, 2004;
ROSA, CARVALHO, XAVIER, 2011).

2.1.5.1.2 Mecanismo de Capa de Gás

No mecanismo de capa de gás a mistura de hidrocarbonetos apresenta as


fases de líquido e vapor em equilíbrio, sendo que a fase vapor (gás livre), por ser bem
menos densa que o líquido, fica acumulada nas partes mais altas do meio poroso,
formando o que se denomina “capa de gás” (THOMAS, 2004; ROSA, CARVALHO,
XAVIER, 2011).
32

Figura 5 – Reservatório com capa de gás

Production w ells

Gas

Fonte: Willhite (1986). Modificada pelo autor.

Em reservatórios com esse tipo de estrutura, a zona de líquido é colocada em


produção e a zona de gás é preservada, uma vez que a principal fonte de energia para
a produção está no gás da capa. Com isso o mecanismo funciona da seguinte forma:
a zona de óleo é colocada em produção, ocasionando uma redução na sua pressão
devido à retirada do fluido. Essa queda de pressão é transmitida para a capa de gás,
que passa a se expandir penetrando gradativamente na zona de óleo. Em virtude da
compressibilidade muito alta do gás, sua expansão acontece sem que haja queda
relevante da pressão (THOMAS, 2004; ROSA, CARVALHO, XAVIER, 2011).

2.1.5.1.3 Mecanismo de Influxo de Água

Outro mecanismo que ocorre no reservatório é o mecanismo de influxo de água.


Para ocorrer esse tipo de mecanismo é preciso que a formação portadora de
hidrocarbonetos, óleo ou gás esteja em contato direto com uma grande acumulação
de água, a qual recebe o nome de aquífero. O mecanismo funciona da seguinte forma:
a redução da pressão do reservatório, resultante da produção de hidrocarbonetos,
depois de certo tempo é propagada e se faz sentir no aquífero, causando a expansão
33

da água nele contida e a redução do volume poroso (THOMAS, 2004; ROSA,


CARVALHO, XAVIER, 2011).

Figura 6 – Reservatório com influxo d’água

Production w ells

Wate r
Water

Fonte: Willhite (1986). Modificada pelo autor.

Essa expansão de água juntamente com a redução do volume poroso faz com
que o espaço poroso do aquífero não seja mais suficiente para comportar toda a água
que havia nele inicialmente. Dessa forma há uma invasão da zona de óleo pelo volume
de água excedente. Essa invasão recebe o nome de influxo de água e, além de manter
a pressão elevada na zona de óleo, desloca esse fluido para os poços de produção
(THOMAS, 2004; ROSA, CARVALHO, XAVIER, 2011).

2.1.5.1.4 Mecanismo Combinado

Está sob efeito do mecanismo combinado o reservatório de petróleo que produz


devido à ação de mais de um mecanismo, sem que um exerça influência predominante
em relação ao outro (ROSA, CARVALHO, XAVIER, 2011).
Geralmente a eficiência da recuperação primária é baixa. Dependendo do
mecanismo de produção, das características do reservatório e das propriedades dos
fluidos ali presentes, essa eficiência pode até ser nula (ROSA, CARVALHO, XAVIER,
34

2011), por isso quando a pressão é reduzida a ponto de ocasionar uma queda ou até
cessar a produção, aplica-se o método de recuperação secundária (OLIVEIRA, 2014).

2.1.5.2 Recuperação Secundária

Denomina-se recuperação secundária, as operações responsáveis pela


quantidade de óleo produzida através da complementação da energia primária com
a energia secundária, a qual é transferida artificialmente para o reservatório. O
método comumente utilizado nesse tipo de recuperação é a injeção de fluidos,
principalmente de água, pois é relativamente mais barata para obter e para injetar
(ROSA, CARVALHO, XAVIER, 2011). Outra nomenclatura utilizada para se referir à
recuperação secundária baseia-se no seguinte critério: os processos e as
tecnologias bem conhecidas e com grau de confiança na aplicação bastante elevado,
como é o caso da injeção de água e da injeção de gás, recebem o nome de Métodos
Convencionais de Recuperação (THOMAS, 2004).
Hoje a maior parte dos sistemas de recuperação secundária é aplicada às
atividades de produção tão cedo quanto possível, antes mesmo de terminar a fase
de produção primária (ROSA, CARVALHO, XAVIER, 2011), essa prática é
conhecida por “manutenção de pressão” e visa manter a pressão em níveis elevados
para que as características dos fluidos e do fluxo sejam razoavelmente preservadas
(THOMAS, 2004).
A baixa eficiência de um processo convencional de injeção de fluidos pode ser
justificada basicamente a dois fatores: alta viscosidade do óleo e elevadas tensões
interfaciais entre o fluido injetado e o óleo. E são nesses pontos que a recuperação
terciária atua (THOMAS, 2004).

2.1.5.3 Recuperação Terciária

Também conhecida como Métodos Especiais de Recuperação Secundária, ou


EOR (Enhanced Oil Recovery), a recuperação terciária é utilizada para atuar onde o
processo convencional falhou, ou falharia caso fosse aplicado (THOMAS, 2004). Este
método é empregado em três categorias: Métodos Térmicos (injeção de fluidos
quentes e combustão “in situ”), Métodos Miscíveis (injeção de hidrocarbonetos e
injeção de CO2), Métodos Químicos (Injeção de polímeros, Injeção de solução micelar,
35

etc.) e outros métodos, onde se encaixa a recuperação microbiológica, mais


conhecida por MEOR (Microbial Enhanced Oil Recovery) (GREEN, WILLHITE, 1998;
THOMAS, 2004; ROSA, CARVALHO, XAVIER, 2011). Um exemplo de classificação
esta representado na Figura 7:

Figura 7 – Classificação dos métodos de recuperação avançada

Fonte: Lakatos (2008).

A classificação acima citada é apenas uma dentre as outras existentes, visto


que alguns processos poderiam estar inclusos em uma ou em outra categoria (ROSA,
CARVALHO, XAVIER, 2011; THOMAS, 2004), além disso, a escolha do método de
recuperação terciária aplicado ao reservatório depende, por exemplo, de fatores como
a natureza do óleo, as características do reservatório, a quantidade de óleo “in place”
e a evolução do campo de acordo com a produção anterior. Sendo essa diversidade
de parâmetros responsável pelo desenvolvimento de diferentes processos de
recuperação avançada (MUSSE e QUINTELA, 2009).
A aplicabilidade desse tipo de recuperação tem sido penalizada pelos altos
custos de investimentos com produtos injetados e equipamentos, apesar de terem
sido aplicados com sucesso em campos de petróleo. Por essa razão a redução desses
custos é uma das principais metas para a ampla aplicação dessa tecnologia (MUSSE
e QUINTELA, 2009).

2.2 CONCEITOS DE MICROBIOLOGIA

A ciência da microbiologia é completamente destinada ao estudo dos


36

microrganismos, um grande e diversificado grupo, e do modo como eles agem,


especialmente as bactérias, um grupo extenso de células muito pequenas que
dispõem de grande importância básica e prática (MADIGAN, MARTINKO, PARKER,
2000; NOGUEIRA e MIGUEL, 2009; VIEIRA e FERNANDES, 2012; MADIGAN et al.,
2016).
Os microrganismos estão associados ao petróleo em diversas etapas, como
por exemplo, em sua formação, na recuperação de poços de perfuração e até mesmo
em sua decomposição. Mas somente nas últimas décadas passou-se a direcionar
atenção significativa às pesquisas nesse campo. Vale ressaltar que a microbiologia
do petróleo requer cooperação interdisciplinar e constante entre os microbiologistas,
os químicos, os engenheiros, os físicos e os representantes de outras áreas de estudo
(PELCZAR et al.,1997).
Com a finalidade de explorar cada vez mais o potencial dos microrganismos
nas mais diversas áreas, os microbiologistas estudam bactérias de ambientes
extremos a fim de desvendarem quais são os limites ambientais para a vida, e procurar
por produtos únicos que podem beneficiar os seres humanos e o planeta (MADIGAN
et al., 2016).

2.2.1 Microrganismos

Os cientistas deduziram que os microrganismos se originaram a


aproximadamente quatro bilhões de anos, a partir de um material orgânico complexo
em águas oceânicas, ou supostamente de nuvens que circundavam nossa primitiva
Terra. Como os primeiros indícios de vida na Terra, os microrganismos são
considerados ancestrais de todas as outras formas de vida (PELCZAR et al., 1997).
Os microrganismos são seres vivos minúsculos que, em geral, de forma
individual são muito pequenos para serem visualizados a olho nu. Seu grupo inclui
bactérias, fungos, protozoários e algumas algas microscópicas. Também estão
inclusos nesse grupo os vírus, entidades acelulares, muitas vezes considerados como
o limite entre o vivo e o não vivo (TORTORA, FUNKE, CASE, 2016).
Geralmente, esses seres vivos são capazes realizar seus processos de
crescimento, geração de energia e reprodução, independente de outras células.
(MADIGAN, MARTINKO, PARKER, 2000).
37

2.2.2 Bactérias

As bactérias são organismos unicelulares, e podem ser encontrados de forma


isolada ou em colônias, não possuem núcleo celular definido (procariontes) e não
possuem organelas membranosas (VIEIRA e FERNANDES, 2012).
As bactérias são variáveis quanto ao tamanho e quanto às formas que
representam. É importante mencionar que tamanho das bactérias é da ordem de
milésimos de milímetro, ou seja, micrômetros (µm) (NOGUEIRA e MIGUEL, 2009;
VIEIRA e FERNANDES, 2012).
Embora existam milhares de espécies bacterianas, elas podem ser agrupadas
principalmente em três tipos morfológicos gerais: cocos, bacilos e espiralados. A
Figura 8 exemplifica essas categorias (NOGUEIRA e MIGUEL, 2009; VIEIRA e
FERNANDES, 2012; MADIGAN et al., 2016).

Figura 8 – Morfologia celular

Ao lado de cada desenho das células existe uma fotomicrografia de contraste de fase demonstrando a
morfologia.
Fonte: Madigan et al. (2016).

2.2.3 Bacilos

As bactérias do gênero Bacillus são tipicamente células cilíndricas em forma de


bastonete, que apresentam grande variação na forma e no tamanho entre as espécies
(NOGUEIRA e MIGUEL, 2009; VIEIRA e FERNANDES, 2012; TORTORA, FUNKE,
CASE, 2016).
Em geral as bactérias que pertencem ao grupo dos bacilos são gram-positivas,
38

com diversas características fisiológicas e genéticas. Esse gênero é integrado por


microrganismos de importância ambiental que são, na sua maioria, não patogênicas,
e cujo habitat principal é o solo. A característica mais marcante do gênero é a
capacidade de esporulação (TORTORA, FUNKE, CASE, 2016; RABINOVITH e
VIVONI, 2016). Essa capacidade está representada na Figura 9:

Figura 9 – Germinação de um endósporo em Bacillus

Conversão de um endósporo em uma célula vegetativa. A série de fotomicrografias de contraste de


fase revela a sequência de eventos, iniciando por (a) um endósporo maduro altamente refringente.
(b) Ativação: a refringência está sendo perdida. (c, d) Extrusão: a nova célula vegetativa está
emergindo.
Fonte: Madigan et al. (2016).

Determinadas espécies de bactérias produzem estruturas denominadas


endósporos, durante o processo de esporulação. Os endósporos (o prefixo “endo”
significa “no interior”) são células altamente diferenciadas que exibem extrema
resistência ao calor, produtos químicos fortes e radiação. Os endósporos funcionam
como estruturas de sobrevivência e possibilitam ao organismo resistir a condições de
crescimento adversas, incluindo, mas não limitadas, a extremos de temperatura,
dessecamento ou carência nutricional. As bactérias que foram endósporo são
encontradas majoritariamente no solo, sendo as espécies de Bacillus os
representantes melhor estudados (MADIGAN et al., 2016; TORTORA, FUNKE, CASE,
2016). O processo de formação do endósporo esta representado pela Figura 10.
39

Figura 10 – Representação esquemática da formação de endósporo em uma célula


da bactéria B.subtilis

1) Célula em condições normais; 2) Condensação e alinhamento do DNA no centro da célula; 3)


Invaginação celular e inicio da divisão do DNA em dois componentes; 4) Separação do DNA em dois
componentes e formação do preendosporo; 5) Crescimento da porção maior da célula que engolfa o
pré-endosporo; 6) Envolvimento do pré-endosporo por duas camadas de membrana e degradação do
DNA; 7) Formacao externa de um revestimento proteico e maturação do endosporo; 8) Formação de
uma camada adicional denominada de exosporica; 9) Endosporo maduro, resistente as condições
ambientais; 10) Destruição da célula bacteriana por enzimas liticas e liberação do endosporo e 11)
Endosporo maduro.
Fonte: Lanna Filho, Ferro, Pinho (2010).

2.2.4 Bacillus subtilis

Bacillus subtilis é uma bactéria gram-positiva, formadora de esporos, produtora


de ácidos e álcoois, anaeróbia facultativa (SONENSHEIN et al., 1993; NAKANO et al.,
1997, 1998) e com competência comprovada na produção de biossurfactante tanto
em aerobiose quanto em anaerobiose (BATISTA et al., 2006; FERNANDES, 2007;
LIMA, 2008; ROSSMANN, 2008).
A produção de diferentes biossurfactantes conhecidos como surfactina, iturina
e fengicina, enfatizando que o primeiro apresenta habilidade de reduzir a tensão
superficial da água e a tensão interfacial óleo-água de injeção, será abordada ao longo
desse estudo COOPER et al., 1981; LIN et al., 1994; MORIKAWA, HIRATA, MANAKA,
40

2000; BARROS, 2007; LIMA, 2008).


Uma característica relevante da fermentação do B. subtilis é a capacidade de
produção de acetato e lactato, que pode ser importante em processos de MEOR,
principalmente em formações carbonáceas, uma vez que os ácidos produzidos podem
alterar a estrutura dos poros da rocha, dissolvendo seu material constituinte e
facilitando a mobilização do óleo (MCINERNEY et al., 2002).

2.3 MEOR

2.3.1 HISTÓRICO

O uso de microrganismos na indústria de Petróleo não é nada recente. Davis


escreveu sobre o uso dos microrganismos na indústria do petróleo em seu livro
"Microbiologia do Petróleo" (1913). Alguns anos após, em 1926, o cientista inglês
Beckham postulou a teoria que se o óleo, que remanesce no reservatório depois que
o gás em solução que coexiste com ele foi esgotado, fosse inoculado com um
microrganismo vivo cujos bioprodutos metabólicos alterassem as propriedades físico-
químicas do óleo, talvez isto causasse "um fluxo novo". Beckman, ao estudar a
possível ação de bactérias sobre óleo mineral, concluiu que enzimas bacterianas
poderiam ser úteis na recuperação de petróleo, cuja viscosidade elevada seria o fator
responsável pelo impedimento de seu fluxo ao longo da jazida e o consequente
declínio da produção (JENNEMAN, 1989).
Durante a década de 30 os engenheiros e os geólogos na União Soviética
propuseram que o uso dos microrganismos era uma "ferramenta de perspectivas
futurísticas", contudo o rígido sigilo soviético impediu que o resto do mundo
aprendesse sobre suas aplicações principiantes de teorias ainda não provadas
(JENNEMAN, 1989).
Em 1946 uma patente registrada por Zobell relatava os resultados obtidos em
seus trabalhos com bactérias redutoras de sulfato, capazes de promover alterações
físico- químicas nos reservatórios de petróleo que promoviam acréscimos na
recuperação de óleo (JENNEMAN, 1989). Zobell (1947) iniciou as investigações
sobre MEOR (Microbial Enhanced Oil Recovery) em nível de laboratório. Uma vez que
as bactérias sulfato-redutoras se encontravam predominantemente no óleo, o autor
utilizou este grupo de microrganismos na tentativa de separar óleo contido em areia
41

coberta por piche, e obteve resposta positiva. Ele explicou que a liberação do óleo
ocorreu devido à decomposição de carbonatos inorgânicos pelos microrganismos, à
diminuição da viscosidade do óleo pelo dióxido de carbono produzido, à afinidade das
bactérias por sólidos e também pela diminuição da tensão superficial. Zobell (1947)
também sugeriu trabalhos mais detalhados antes da aplicação em campo e chamou
a atenção para as modificações causadas pelas bactérias sulfato-redutoras no óleo
bruto, bem como para o efeito corrosivo dos produtos gerados por estas.
Em 1960, outras espécies bacterianas foram colocadas em teste por Hitzmann,
que propunha o uso de esporos e de células vegetais de bactérias tanto aeróbias
quanto anaeróbias para aplicações em MEOR. Sugeria ainda a hipótese de que o
próprio petróleo das jazidas serviria como fonte de carbono e energia para os
microrganismos injetados. Contudo, chegaram ao consenso de que a utilização de
microrganismos anaeróbicos seria a alternativa mais viável para aplicação de MEOR
in-situ (JENNEMAN, 1989). Moses et al. (1983) concluíram, por sua vez, que o
crescimento anaeróbico, baseado no uso do petróleo como única fonte de carbono e
energia poderia ocorrer, entretanto de forma tão lenta e gradual que inviabilizava a
estratégia de recuperação proposta.
Já em meados da década de 1960, não havia mais relevância no
desenvolvimento de pesquisas no campo da microbiologia do petróleo, em razão,
sobretudo, da queda vertiginosa no preço do barril que não justificava investimentos
significativos em estudos ou aplicação dos métodos de recuperação terciária
disponíveis até aquele momento. Posteriormente, o aumento do preço do barril de
petróleo e o reconhecimento de que havia mais petróleo residual em campos maduros
do que naqueles a serem descobertos, acabou por despertar renovado interesse na
aplicação de microrganismos em processos de recuperação avançada de petróleo
(JENNEMAN, 1989).
Dando continuidade as pesquisas, os primeiros estudos sobre a aplicação de
microrganismos em campos petrolíferos foram conduzidos por Kuznetsov et al. (1963)
na União Soviética, que inocularam em poço da região de Middle Volga, 54 m³ de
culturas mistas de bactérias crescidas em melaço contendo 4% em açúcares, sob
condições de cultivo semelhantes às do reservatório. A seguir, o poço foi fechado por
um período de seis meses. Quando o poço foi reaberto, foram observados os
seguintes resultados:
42

 Aumento da pressão na cabeça do poço fato, que comprova a sobrevivência


ecrescimento dos microrganismos (ABRAM 1996).

 Aumento da viscosidade do óleo (ABRAM 1996). A viscosidade do óleo havia


mudado de 40,3 cp para 49,3 cp, o que propiciou que a produção diária de
óleo subisse de 37 para 40 tons.

 Um pequeno aumento da vazão e diminuição de 25% da água produzida


(ABRAM, 1996).

 Todavia, uma vez que o crescimento das bactérias foi lento, os autores
sugeriram que a multiplicação dos microrganismos poderia ter se restringido
à região da perfuração.

Ao se combinarem informações dos resultados das aplicações de MEOR em


campo com dados de laboratório, foi possível tirar conclusões positivas e importantes
sobre o uso desta técnica. De acordo com Burchfield (1988) os testes de campo
realizados até o momento, permitiram chegar às seguintes conclusões:
1. Microrganismos podem crescer dentro das condições normais do reservatório.
2. Microrganismos podem migrar através do reservatório.
3. O alcance da penetração microbiana depende das características do reservatório,
que concernem das propriedades de permeabilidade da rocha, distribuição e tamanho
dos poros, e da vedação, além das propriedades químicas como carga superficial,
presença de salinidade da água de formação.
4. O número e tipo de microrganismo que se estabelece e que são estimulados no
reservatório, dependem da disponibilidade de nutrientes, do inóculo e das condições
do reservatório. Desta forma, o reservatório deve ser considerado como um biorreator,
onde a adição de nutrientes é indispensável para que se alcance a máxima atividade
microbiana.
5. A penetração das células dos microrganismos nas rochas depende do modo de
injeção, do conteúdo de sais e da densidade da suspensão celular. É importante
considerar ainda, as propriedades das células como forma, tamanho, carga
superficial, mobilidade, produção de cápsulas gomosas e se as células crescem
individualmente ou em grumos ou cadeias.

6. Os produtos microbianos como ácidos ou gases são produzidos no reservatório


e as reações químicas decorrentes influenciam os fluidos e as características do
43

reservatório.
7. O consórcio microbiano (associação) que dominará o reservatório dependerá dos
nutrientes e das condições do reservatório.
8. Enquanto a tecnologia relacionada à MEOR tem aplicações planejadas, cada
teste de MEOR deve ser designado para um reservatório específico.
9. Projetos de MEOR requerem cooperação e coordenação entre microbiologistas
e engenheiros de reservatórios.

A aplicação das metodologias de MEOR tem avançado cada vez mais, com
isso inúmeras estratégias utilizando microrganismos vêm sendo adotadas em
diferentes países, a exemplo de seu emprego em campos de petróleo da Argentina,
da China, da Indonésia, do Irã e dos Estados Unidos (MARSHALL, 2008).
O potencial de MEOR também foi entendido por diversos autores de pedidos
de patentes, alguns dos quais foram concedidos (SOWLAY, 2001; SHEEHY, 1992).
Demonstrando assim evidente interesse comercial pelas tecnologias de MEOR, e sua
importância estratégica, pois inúmeros estudos têm sido levados a cabo, sem serem
disponibilizados publicamente, permanecendo confidenciais. Em 2004, no site da
International Research Institute of Stavanger, por exemplo, 17 de 25 artigos sobre
estudos envolvendo tecnologias de MEOR, de 1996 a 2004, estavam classificados
como confidenciais (DOURADO, CHAVES, JONES, acesso em 2017).
Diversas empresas de petróleo informam que estas tecnologias fazem parte de
seus planos de Pesquisa & Desenvolvimento. A Petrobras, por exemplo, identificou
técnicas microbiológicas como um dos objetivos de seu Programa de Recuperação
Avançada de Petróleo (PRAVAP), mas a exemplo de outras empresas, deixou de
atualizar publicamente estas informações em seu site, sem dúvida devido a questões
estratégicas. Além da Petrobras, outras empresas na área de biotecnologia aplicada
também estão desenvolvendo programas comerciais para MEOR (DOURADO,
CHAVES, JONES, acesso em 2017).
Muitos centros acadêmicos de pesquisa também se dedicaram a estudos sobre
MEOR: LabMET – Bélgica; UAE University – Emirados Árabes; King Saud University
– Arábia Saudita; Universidade de Cairo – Egito; GBF – Alemanha; BGR –
Alemanha; USAGE – EUA; Laboratory of Microbial Technology, Shandong University
– China; Daqing Petroleum Institute – China; Universidade do Estado de Mississippi
– EUA; Universidade de Tel Aviv – Israel; Sarkeys Energy Center, Universidade de
44

Oklahoma – EUA; Universidade do Estado de Oregon – EUA; Pacific Northwest


National Laboratory – EUA; Universidade de Peking – China; Universidade de Bergen
– Noruega; Instituto de Biologia da Academia Romena – Romênia; Brookhaven
National Laboratory – EUA; e muitos outros (DOURADO, CHAVES, JONES, acesso
em 2017).
Diversas outras entidades sem dúvida estão envolvidas em pesquisas
similares, ainda não divulgadas. Os trabalhos e estudos que vêm sendo realizados
confidencialmente podem estar omitindo um grande número de pesquisas e dados
sobre MEOR, mas o verdadeiro alcance e potencial de MEOR começa a ser percebido
(DOURADO, CHAVES, JONES, acesso em 2017).

2.3.2 TÉCNICA DE MEOR

Como já mencionado, o uso de microrganismos e seus metabólicos para


estimular a produção de óleo vem despertando interesse do mundo inteiro. A
tecnologia de Microbial Enhanced Oil Recovery é um método de recuperação terciária,
comumente conhecida como MEOR, no qual faz uso de microrganismos e de seus
produtos metabólicos para aumentar a recuperação de óleo residual (JANG, YEN,
1990; BANAT, 1995; XU et al., 2009; JOSHI, 2008; RASHEDI, YAZDIAN,
NAGHIZADEH, 2012).
A técnica consiste na injeção de microrganismos selecionados dentro do
reservatório, seguido de estimulação e transporte de seus produtos de crescimento,
de maneira que sua presença resultará em promover a redução do óleo residual
deixado no reservatório após a exaustão da recuperação secundária (ABRAM, 1996).
Consiste também, no emprego de metabólitos microbianos, como os biossurfactantes,
com a finalidade de se obter diversos efeitos, dentre eles merecem destaque: i) a
formação de gases (ex.: CO2 e CH4), com consequente aumento da pressão interna
do reservatório e redução da viscosidade do óleo; ii) produção de ácidos (ex.: acético,
butírico e lático), que propicia a degradação da matriz de calcário, aumentando a
liberação do óleo residual; iii) produção de solventes (ex.: etanol, butanol e acetona),
os quais propiciam redução na viscosidade do óleo óleo; iv) produção de polímeros
(ex.: polissacarídeos, proteínas), que aumentam a viscosidade da água de injeção; v)
produção de bioemulsificantes (ex.: heteropolissacarídeos, proteínas), os quais
promovem a emulsificação do óleo; vi) produção de biomassa microbiana, que
45

promove um bloqueio seletivo nas zonas de alta permeabilidade (BANAT, 1995;


MCINERNEY, NAGLE, KNAPP, 2005).
As pesquisas sobre processos MEOR apresentam duas condições distintas:
em escala laboratorial e experimentos de campo. No laboratório, microrganismos
promissores são isolados e selecionados quanto à produção de metabólitos
desejáveis para mobilização do óleo. Esses microrganismos são, então, utilizados em
experimentos de bancada para demonstração de que óleo pode ser removido de
sistemas porosos saturados com óleo. Nos experimentos de campo, ocorre de fato à
injeção dos microrganismos e/ou dos nutrientes, como será explicado a seguir
(MCINERNEY et al., 1999).
A utilização de metabólitos na recuperação de óleo poderá ser através de um
processo de geração ex situ ou in situ. No primeiro, o crescimento dos microrganismos
e geração dos bioprodutos ocorre fora do reservatório e posteriormente o produto
metabolizado é injetado no mesmo. Geralmente, a utilização de produtos gerados ex
situ representa maiores custos e esforços, devido à necessidade de emprego de
nutrientes mais ricos em sais. Também, neste caso, há uma necessidade de maior
quantidade de bioproduto, acrescentando-se ainda os custos envolvidos na retirada
prévia dos microrganismos.
No processo de geração in situ, os nutrientes e microrganismos são injetados
no reservatório e os metabólicos são gerados no interior do mesmo. Geralmente esta
produção ocorre onde o bioproduto será mais necessário, como no caso dos
surfactantes que atuam na interface entre o óleo e a água, tendo um aproveitamento
mais eficiente. Mais uma alternativa é estimular o crescimento da microbiota indígena
apenas por meio da injeção de nutrientes (DOURADO, CHAVES, JONES, 2017).
Assim como as tecnologias de combustão in situ, há variações em que a injeção
de microrganismos, nutrientes e outros produtos podem ocorrer a partir do próprio
poço produtor, ou de poços injetores distantes, dependendo da estratégia de
recuperação e do cenário local (DOURADO, CHAVES, JONES, 2017).
Dentre as formas de aplicação de MEOR que vêm sendo testadas nos dias
atuais, está a aplicação intermitente, na qual os microrganismos e nutrientes são
aplicados de uma vez e posteriormente os poços injetores e produtores são fechados.
Desta forma, os microrganismos podem agir por mais tempo sobre o óleo contido no
reservatório. Posteriormente, quando os microrganismos já tiverem realizado as
transformações desejadas, através de seus produtos metabólicos, os poços
46

produtores são colocados em produção para extrair o óleo já transformado. Este ciclo
é repetido até atingir a recuperação máxima do óleo, à medida que cada ciclo atua
sobre novas regiões do reservatório a ser transformada. Outra forma de aplicar este
método é a de injeção constante de microrganismos e nutrientes para induzir as
transformações desejadas no óleo a ser produzido, ao mesmo tempo em que o óleo
é varrido do reservatório (DOURADO, CHAVES, JONES, 2017). Como pode ser
observado na Figura 11:

Figura 11 - MEOR: descrição de uma aplicação constante para induzir as


transformações biológicas do óleo

Fonte: National Energy Technology Laboratory (2005).

É improvável que a MEOR substitua em curto prazo os métodos EOR


convencionais, pois ainda é uma técnica incipiente, com muito a ser dominado, como
por exemplo: seleção do microrganismo adequado, determinação de condição
satisfatória de nutrição, controle do crescimento destes in situ, distribuição e transporte
das bactérias e seus metabólicos em meio poroso, escolha de uma estratégia de
produção que maximize os resultados. Entretanto, é uma técnica promissora frente ao
fato de que a injeção de bactérias no reservatório conta com o aumento dos seus
efeitos benéficos no decorrer do tempo, já que estas possuem capacidade de
47

promover in situ a multiplicação de suas unidades e consequentemente de seus


metabólicos (ABRAM, 1996).

2.3.2.1 Vantagens e Desvantagens de MEOR

Como em qualquer outro método de recuperação, existem vantagens e


desvantagens neste método. Entre as vantagens, a maior delas é o fator econômico,
pois MEOR é uma técnica de baixos níveis de investimento e baixos custos
energéticos. Na operação, podem ser aproveitadas, em grande parte, as próprias
instalações operacionais de um projeto de injeção de água (BRYANT et al., 1991;
ABRAM, 1996; BORGES, 2009). Além disso, a técnica pode ser aplicada tanto para
óleos leves como para pesados (BRYANT et al., 1991; BORGES, 2009).
Como exemplo de desvantagens têm-se algumas restrições de elevadas
temperaturas (T>27º) e salinidades (teor sal>10%), que apresentam dificuldades no
controle do perfil do desempenho microbiológico, como taxas de reação,
concentrações requeridas do produto, estequiometria e falta de critérios para
aplicação. Necessitando de aprimoramento do método através de testes laboratoriais
e simulações para prever o mecanismo da recuperação do óleo (BORGES, 2009).
Para a aplicação microbiológica é imprescindível que os microrganismos sejam
capazes de se moverem dentro do reservatório. Estudos em laboratório e modelos
matemáticos vêm sendo desenvolvidos para investigar o transporte dos
microrganismos na rocha reservatório, seu crescimento celular e suas retenções que
reduzem a permeabilidade (BORGES, 2009).

2.3.3 MICRORGANISMOS CANDITATOS

Os microrganismos podem ser classificados em termos de consumo de


oxigênio em três classificações principais: aeróbicos, onde o crescimento depende de
um abundante suprimento de oxigênio para produzir energia celular. Rigorosamente
anaeróbios, que são sensíveis até a baixa concentração de oxigênio e são
encontrados em reservatórios de petróleo profundos. E facultativos, onde podem
crescer na presença ou na redução da concentração de oxigênio (POMMERVILLE,
2011). Os experimentos de campo bem-sucedidos utilizaram principalmente a bactéria
anaeróbica (MAUDGALYA, KNAPP, MCINERNEY, 2007).
48

Quando se empregam microrganismos em recuperação avançada de petróleo


através do mecanismo in situ, temperatura, pressão, salinidade, porosidade e
permeabilidade das rochas, densidade do óleo, disponibilidade de nutrientes e a
concentração de oxigênio são os aspectos fundamentais a serem considerados
(OLIVEIRA et al., 2014). De modo que as altas temperaturas, juntamente com as altas
salinidades, limitam o metabolismo dos microrganismos nas jazidas (JENNEMAN,
1989).
Na aplicação in situ, microrganismos anaeróbios facultativos são preferidos, em
virtude do ambiente encontrado nas jazidas de petróleo apresentar limitações de
oxigênio. A injeção dos microrganismos é realizada em solução aquosa, o que requer
tolerância a oxigênio e a capacidade de fermentar ou de utilizar outro aceptor final de
elétrons na sua ausência (NAKANO et al., 1997; CLEMENT et at., 1997).
Bactérias redutoras de sulfato são indesejáveis para o uso em processos de
MEOR, pois o H2S resultante é altamente reativo na presença de ferro, provocando
sua corrosão por oxidação, acarretando graves problemas aos equipamentos de
extração (YONEBAYASHI, SHINICHIRO, ENOMOTO, 2000).
Em pesquisas realizadas em diferentes reservatórios de petróleo tiveram como
gêneros mais frequentemente encontrados Pseudomonas, Arthrobacter,
Mycobacterium, Micrococcus, Peptococcus, Bacillus e Clostridium. Eventualmente,
foram descobertas bactérias pertencentes ao gênero Aerobacter, Flavobacterium,
Brevibacterium, Cellulomonas, Corynrbacterium, Nocardia e algumas leveduras (YEN,
1990). Os constituintes inorgânicos presentes nos ecossistemas de campos
produtores de petróleo podem ser manipulados, mas em geral, são poucos os
parâmetros que podem ser modificados. Dessa forma, torna-se mais conveniente
conhecer as características de sobrevivência dos microrganismos e adequá-los a
essas condições (SPERL, 1993; YONEBAYASHI, SHINICHIRO, ENOMOTO, 2000).
Os microrganismos comumente utilizados nos campos de petróleo são o
Bacillus e Clostridium. Essas espécies possuem bom potencial de sobrevivência nos
reservatórios de petróleo, devido à resistência de suas células em sobreviverem em
condições adversas (BORGES, 2009).

2.3.4 BIOPRODUTOS

Quando nutrientes e bactérias adequadas, ou seja, que podem crescer sob as


49

condições anaeróbicas, são injetadas no reservatório (Lazar et al., 2007; Belyaev et


al. 2004; Van et al. 2003), seus produtos metabólicos microbianos, que incluem
biossurfactantes, biopolímeros, ácidos, solventes e gases (LAZAR et al., 2007;
BELYAEV et al. 2004; VAN et al. 2003; SULAIMANI, 2011), modificam as
propriedades do óleo e as interações entre o óleo, a água e o meio poroso. O que
aumenta a mobilidade do petróleo e, em consequência, a recuperação de óleo,
especialmente em reservatórios marginais, estendendo assim a vida produtiva dos
poços (Lazar et al., 2007; Belyaev et al. 2004; Van et al. 2003). Estes bioprodutos
contribuem para diferentes sistemas microbianos que abordam problemas específicos
de recuperação de petróleo de um reservatório alvo escolhido (SULAIMANI, 2011). O
Quadro 1 representa a relação dos bioprodutos com seus respectivos efeitos:

Quadro 1 – Relação dos bioprodutos microbianos e sua contribuição parA tecnologia


de recuperação avançada de petróleo
Bioproduto Efeito
Tamponamento de zonas de alta permeabilidade Redução da
Biopolímero viscosidade do óleo
Emulsificação do óleo
Redução das tensões superficiais e interfaciais Emulsificação do óleo
Biossurfactantes
Despressurização do reservatório Redução da viscosidade do óleo
Gases Expansão volumétrica do óleo

Alteração da porosidade e permeabilidade das rochas do reservatório


Ácidos Reação com rochas carbonáceas e produção de CO2
Co-surfactantes
Solventes Dissolução do óleo
Fonte: Oliveira (2014).

No entanto, um dos fatores mais importantes é a alta tensão interfacial entre o


óleo e a água (FERNANDES, P. L. et al., 2016), o qual reduz as forças capilares que
impedem a movimentação do óleo através dos poros da rocha, e sua redução se deve
ao fato da produção de biossurfactantes (BANAT, 1995).

2.3.5 SURFACTANTE

Os surfactantes, também conhecidos como tensoativos, são considerados


moléculas bastante especiais no mundo da química, apresentando afinidade por
óleos, gorduras e superfícies das soluções com sólidos, líquidos ou gases e também
pela água, sendo capaz de pertencer aos dois meios (DALTIN, 2012), e,
50

consequentemente, reduzir a tensão superficial dos líquidos (BEHRING, et al., 2003).


Possuem tais características, pois, devido sua estrutura química e propriedades, tem
a capacidade de se adsorver nas interfaces líquido-líquido, líquido-gás e sólidos-
líquido, reduzindo a tensão interfacial (MITTAL, 1979). A Figura 12 representa o
comportamento de um composto orgânico ao ser acrescido tensoativo:

Figura 12 – Comportamento de composto orgânico antes (a) e após (b) adição de


tensoativo

A maior parte dos contaminantes orgânicos é hidrofóbico, logo a sua remoção da matriz do solo deve
ser considerada um fenômeno do ângulo de contato. A adição de tensoativos reduz este ângulo de
contato na interface triplo solo/composto orgânico/água; como resultado o composto orgânico se
enrola podendo facilmente ser separado.
Fonte: Bueno (2008).

Para maior entendimento da atividade dos tensoativos deve-se ter


conhecimento sobre a relação de solubilidade com a polaridade das substâncias. Para
esse fim há uma regra simples em que substâncias polares dissolvem ou se misturam
em substâncias polares, e que substâncias apolares dissolvem ou se misturam
somente em substâncias apolares (DALTIN, 2012).
Deste modo, o surfactante é uma molécula que apresenta uma parte com
característica apolar ligada a uma outra parte com característica polar, sendo assim
apolar e polar ao mesmo tempo (DALTIN, 2012), ou seja, uma parte hidrofóbica e
outra hidrofílica (KIM et al., 2000) e tem como principal objetivo agir como conciliador
entre compostos sem afinidade, pela alteração da tensão interfacial (CURBELO,
2006), possibilitando que eles se misturem ou se dispersem prontamente como
emulsões em água ou outros líquidos. (BANAT, MAKKAR, CAMEOTRA, 2000). A
Figura ura 13 é tradicionalmente utilizada para representar a estrutura de uma
molécula de surfactante:
51

Figura 13 – Molécula de surfactante e orientação do surfactante na água

Os surfactantes também são referidos como moléculas anfifícas porque contêm um conjunto
constituido por “cauda” apolar e uma "cabeça" polar dentro da mesma molécula,
Fonte: Green e Willhite (1998).

Os surfactantes são eficazes na recuperação de óleo pela redução das


referidas tensões interfaciais (γ), levando a uma maior mobilização e, por
consequência, maior recuperação do petróleo. A explicação para este fenômeno pode
ser dada por uma grandeza física denominada número capilar (Nca), definida pela
Equação 12 (MCINERNEY, NAGLE, KNAPP, 2005):

(12)

Onde:
µ = viscosidade da fase aquosa
υ = velocidade do fluido
γ = tensões interfaciais

Pela equação apresentada, a redução da tensão interfacial óleo/água promove


incrementos nos valores do Nca e, dessa forma incrementos na produção final de
petróleo (MCINERNEY et al., 2005). Os biossurfactantes, como são capazes de
reduzir as tensões nas interfaces água-óleo e óleo-rocha, acabam por diminuir as
forças capilares que previnem a mobilização do óleo (BANAT et. al., 2000).

2.3.6 BIOSSURFACTANTE

Os biosurfactantes são tensoativos de origem microbiana cujas moléculas são


52

produzidas por bactérias, leveduras ou fungos filamentosos (MESQUITA, 2004),


entretanto apenas as bactérias são consideradas candidatos em potencial para
aplicação e processo de MEOR (VAN HAMMER et al., 2003). Estes compostos
constituem uma das principais classes de surfactantes naturais e, por terem essas
propriedades, reduzem a tensão superficial e interfacial e apresentam capacidade
emulsificante (COSTA, NITSCHKE, CONTIERO, 2008; CAMEOTRA, MAKKAR, 1998;
FIECHTER, 1992) Sua classificação é baseada na natureza bioquímica do composto
e as principais classes incluem, segundo Mesquita (2004):

 Glicolipídeos: são carboidratos combinados com ácidos alifáticos de cadeia


longa ou ácidos alifáticos hidroxilados (ex.: trealose, soforo e
raminolipídeo). Eles estão envolvidos na entrada de hidrocarbonetos de
baixa polaridade em células microbianas;

 Lipossacarídeos: como exemplo desse tipo de bioemulsificante extracelular


tem-se o emulsan, com alto peso molecular e solúvel em água produzido
pela bactéria hidrocarbonoclástica Acinetobacter calcoaceticus;

 Lipopeptídeos: a surfactina, produzida pelo Bacillus subtilis, é o


biossurfactante considerado o mais potente que já foi relatado. São muito
eficazes na redução de tensão superficial e interfacial;

 Fosfolipídeos: embora estejam presentes em todos os microrganismos, não


existem muitos exemplos de produção extracelular. Os mais conhecidos
são produzidos por Corynebacterium lepus;

 Ácidos graxos e lipídeos neutros: são proteínas hidrofóbicas, assim como o


ácido ustilágico e os ácidos corinomicólicos.

A utilização de biossurfactantes em processos de MEOR pode envolver três


estratégias: injeção de microrganismos produtores nos reservatórios e subsequente
estímulo à sua multiplicação e produção de moléculas tensoativas in-situ ; injeção de
nutrientes selecionados com o objetivo de estimular o crescimento de microrganismos
autóctones de interesse e também a produção de biossurfactantes em fermentadores
53

em etapas que antecedem a sua injeção nos reservatórios (BANAT, 1995; BORDOLOI
e KONWAR, 2007). Pode-se observar a ação do biossurfactante sobre o óleo na
Figura 14:

Figura 14 – Mecanismo de recuperação avançada de óleo com biossurfactante

Fonte: Santos (2016).

Apesar de apresentarem características basicamente comuns aos surfactantes


sintéticos, os surfactantes de origem microbiana possuem propriedades específicas
que os tornam bastante atrativos e comparativamente bem mais vantajosos,
principalmente se tratando de aplicações em processos de MEOR. Essas
propriedades incluem: sua efetividade na recuperação de petróleo e sua alta
biodegradabilidade, baixa toxicidade, possibilidade de produção a partir de substratos
renováveis e baixo custo. Os biossurfactantes apresentam também extensa
diversidade estrutural e funcional, o que garante importante flexibilidade diante da
heterogeneidade encontrada nos reservatórios de petróleo (BANAT, 1995; BANAT,
MAKKAR, CAMEOTRA, 2000; MCLNEMEY et al., 2004).
A formação de micelas ocorre quando a concentração de biossurfactante
excede a concentração micelar crítica (CMC), condição na qual os monômeros de
biossurfactantes, quando associados entre si, formam as micelas, as quais
apresentam uma configuração que assegura a manutenção da porção hidrofóbica no
seu interior (BATISTA, 2008). O processo de formação de micelas esta demonstrado
na Figura 15:
54

Figura 15 – Formação de micelas

Fonte: Sandersen (2012).

Quando em contato com as micelas, o petróleo tem suas moléculas fracionadas


e inseridas no interior hidrofóbico, num processo conhecido como solubilização
(BATISTA, 2008). A Figura 16 representa a remoção de petróleo de uma superfície
pela ação de surfactante.
55

Figura 16 - Remoção de petróleo de uma superfície pela ação de surfactante


sintético ou biossurfactante e ação mecânica:

(a) Superfície coberta por petróleo; (b) Alta tensão interfacial óleo-água de injeção dificulta a remoção;
(c) Adição de (bio) surfactante à água de injeção, que promove a redução da tensão interfacial do
sistema rocha-óleo-água de injeção, diminuindo a adesão superfície-petróleo; (d) manutenção do óleo
em suspensão no interior das micelas de (bio) surfactante, enquanto os monômeros ficam adsorvidos
à superfície, formando uma barreira e evitando que o petróleo seja novamente depositado na superfície.
Fonte: Batista (2008).

Através da produção de biossurfactantes, muitas bactérias são capazes de


emulsificar hidrocarbonetos em solução através da produção de biossurfactantes
(KOCH et al.,1991). Uma emulsão é formada quando um líquido se dispersa no outro
em forma de gotículas, sendo eles imiscíveis entre si. Isto só é possível na presença
de um agente emulsificante e de energia (mecânica ou não) suficiente para que ocorra
a dispersão (Schramm, 1992).
No caso da indústria petrolífera a emulsão está presente desde a perfuração
do poço (fluido de perfuração) até a distribuição de seus derivados, dependendo da
etapa, pode ser tanto um problema como uma solução (IIDA, 2007). Além disso, como
citado anteriormente, devido à redução da tensão interfacial, os biosurfactantes
favorecem a formação de emulsão (BANAT et. al. 2000), essa redução de tensão
56

interfacial entre o óleo preso nos poros e a água que envolve (tampona) esses poros,
possibilita que o óleo seja mobilizado (CURBELO, 2006).
As emulsões podem ser classificadas em óleo em água (O/A), onde o óleo é a
fase dispersa e a água é a fase contínua; e água em óleo (A/O), onde a água é a fase
dispersa e o óleo é a fase contínua, ambos representados na Figura 17. O tipo mais
comum de emulsão de petróleo é o de A/O, devido à natureza hidrofóbica dos agentes
estabilizantes presentes no petróleo (IIDA, 2007).

Figura 17 – Emulsões do tipo O/A e A/O, respectivamente

Fonte: Andrade (2009).


Entretanto, a presença de água emulsionada aumenta a viscosidade do óleo,
aumentando desta forma a perda de carga e sendo capaz de comprometer a eficiência
do sistema de bombeio e transferência (Almeida Apud. Universidade Petrobrás, 2007).
A figura 18 mostra que a tendência é que a viscosidade da emulsão do tipo
água em óleo continue aumentando até que ocorra a inversão de fases, formando
uma emulsão de O/A com baixa viscosidade, tendo em vista que a fase contínua
(água) tem baixa viscosidade (SCHRAMM, 1992).
57

Figura 18: Influência da fração de água na viscosidade e tipo da emulsão.

Fonte: Schramm (1992).

Por essa razão a possibilidade da emulsificação e dês-emulsificação biológica


do petróleo sugestiona que seria possível a emulsificação do petróleo para facilitar
sua remoção da rocha reservatório, e a posterior dês-emulsificação, para ajudar na
elevação e produção após sua retirada. (DOURADO, CHAVES E JONES).
58

3 METODOLOGIA

Os experimentos foram conduzidos nas instalações do Complexo de


Laboratórios de Biopráticas (Universidade Vila Velha - UVV), no município de Vila
Velha, estado do Espírito Santo, no Laboratório de Microbiologia Geral.

3.1 PREPARAÇÃO DO INÓCULO E CONDIÇÕES DE CULTIVO

Os estudos foram conduzidos com os isolados de Bacillus subtilis ATCC 19659,


pertencentes à coleção de culturas de microrganismos do Laboratório de
Microbiologia Geral.
O Bacillus subtilis foi ativado em caldo Brain Heart Infusion (BHI) à 37°C/24
horas e depois transferido para ágar sangue, em placa de Petri, para verificar se a
cultura estava pura, nas mesmas condições de temperatura e tempo.

Figura 19 – Bacillus subtilis em ágar sangue

Fonte: Foto tirada pelos autores

O inóculo foi preparado em solução salina seguindo a escala 1,0 de McFarland,


que representa o padrão de turvação equivalente à contagem de 3 X 10 8 UFC/mL. O
59

padrão de McFarland é a escala mais frequentemente utilizada nos laboratórios de


microbiologia para determinar a intensidade da multiplicação em meios de cultivo
líquidos.
Foram preparados sete tubos do inóculo em solução salina (Figura 20), em
seguida as soluções passaram por agitação no vortex, com a finalidade de permitir a
homogeneização.

Figura 20 – Tubos de Ensaio com inóculo

Fonte: Foto tirada pelos autores.

3.2 FLUIDOS DE TESTE

3.2.1 Óleo

O óleo utilizado neste experimento pertence ao Campo de Fazenda Alegre, com


área de desenvolvimento de 16,36 km², está localizada na porção emersa da Bacia do
Espírito Santo, no estado homônimo, a cerca de 25 km ao sul da cidade de São
Mateus (ANP, 2016). Dados complementares sobre o Campo de Fazenda Alegre
estão representados na Tabela 2.
60

Tabela 2 – Dados do Campo de Fazenda Alegre

Fonte: ANP (2016).

Os reservatórios encontrados no Campo de Fazenda Alegre correspondem a


arenitos, com porosidade média de 27% e permeabilidades variando entre 500 e 2000
mD, saturados com óleo viscoso de 13º API. O mecanismo de produção é,
predominantemente, o de gás em solução, com uma atuação moderada do aquífero.
Em função da alta viscosidade apresentada pelo óleo é realizada, como método de
recuperação melhorada, a injeção de vapor nos poços do campo (ANP, 2016).

3.2.2 Água (Salmoura)

A solução salina que foi utilizada buscou simular a água de formação de um


campo de petróleo. Essa solução foi preparada com os seguintes componentes: 3,3%
de cloreto de sódio, 0,0275% bicarbonato de sódio, 0,2% de sulfato de magnésio em
água filtrada e destilada (ABRAM, 1996).

3.2.3 Meio de Cultura

O meio de cultura básico que foi utilizado no estudo será o meio mineral (MM)
descrito por Fernandes (2007), que está representado na Tabela 3 e Tabela 4.
61

Tabela 3 – Composição do meio mineral (MM) que será utilizado nos experimentos
de biossurfactantes por B. subtilis ATCC 19659

Fonte: Fernandes (2007).

Tabela 4 – Composição da solução de metais que será utilizada na suplementação


do MM utilizado nos experimentos de produção de biossurfactantes por B. subtilis
ATCC 19659

Fonte: Folmsbee et al. (2004).

3.3 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS

Neste item são apresentados os procedimentos necessários à execução dos


ensaios, desde os preparos preliminares até o teste propriamente dito.
Os fluidos utilizados no experimento foram caracterizados quanto à densidade e
viscosidade. A caracterização foi efetuada para o óleo, solução salina e meio nutriente
sem inóculo, sendo a viscosidade caracterizada apenas para o óleo.

3.3.1 Preparo das Amostras

Antecedendo ao experimento propriamente dito, foi efetuado o preparo das


amostras de fluidos. Este preparo consiste em procedimentos de caracterização, que
permitam o conhecimento e controle detalhado do material a ser utilizado, e
tratamento que imponham ao material as condições necessárias para de atingir os
62

objetivos desejados.

3.3.1.1 Óleo

 Foi calculada a densidade pela medição do volume e peso (picnômetro), como


demonstrado na Figura 21;
 Foi determinada a viscosidade da amostra através do viscosímetro cinemático,
como demonstrado na Figura 22.

Figura 21 – Picnômetro

Fonte: Foto tirada pelos autores.


63

Figura 22 – Viscosímetro Cinemático

Fonte: Foto tirada pelos autores.

3.3.1.2 Água (Salmoura)

 A água de formação foi sintetizada em laboratório, a partir de água destilada


(que evita a presença de cloro e outros compostos) e dos sais existentes na
proporção já relatada;
 Foi determinada a densidade da água, pela medição do volume e peso do fluido
(picnômetro);

3.3.1.3 Meio Mineral e Solução de Metais

 Todos os componentes do Meio Mineral e por consequência, da Solução de


Metais, foram separados e pesados em balança analítica seguindo as
quantidades propostas por Fernandes (2007), apresentadas na Tabela 2;
 Primeiramente, os componentes da Solução de Metais foram dissolvidos com
o auxílio de água filtrada e destilada em um Becker. Em seguida essa solução
foi transferida para um balão volumétrico de 1000 ml e novamente dissolvida
com água filtrada e destilada até a capacidade máxima do balão;
64

 Após o preparo da Solução de Metais, foram separados 10 ml desta solução


com o auxílio de uma pipeta graduada. Essa quantidade foi transferida para um
balão volumétrico de 1000 ml contendo o restante dos componentes da
Solução de Metais previamente dissolvidos em 600 ml de água filtrada e
destilada com o auxílio de um Becker. O balão volumétrico foi completado com
água filtrada e destilada até sua capacidade máxima.
 Foi determinada a densidade através do picnômetro da Solução de Metais e do
Meio Mineral.

As três soluções sintetizadas no laboratório estão representadas na Figura 23.

Figura 23 – Meio Mineral, Solução de Metais e Salmoura

Fonte: Foto tirada pelos autores.

3.3.2 Procedimento dos Ensaios

O objetivo principal do experimento foi a determinação dos efeitos da utilização


de bactérias na recuperação do petróleo residual. O experimento consistiu na
sintetização de soluções, a fim de simular em escala laboratorial o processo de
inserção de bactérias em reservatórios maduros de óleo pesado.
65

As bactérias foram contidas no meio inoculado e para sobrevivência e


multiplicação das mesmas foi necessário o suprimento de nutrientes. A salmoura foi
utilizada para simular a água da formação.
Desta forma, o experimento propriamente dito consistiu nas seguintes etapas:
 Foram separados oito erlenmeyers para o preparo das soluções. Com auxílio
de uma proveta, esses erlenmeyers foram preenchidos com 15 ml de Salmoura
e 30 ml do Meio Mineral (Batista, 2008). Esse procedimento pode ser
observado na Figura 24.

Figura 24 – Soluções de meio mineral e salmoura

Fonte: Foto tirada pelos autores.

 Em seguida, os erlenmeyers foram preparados para a autoclavagem. Para isso


foram colocadas rolhas feitas de gaze, que permitem que o vapor entre dentro
do frasco e esterilize a solução, como pode ser visto na Figura 25. O processo
foi realizado à pressão de 1 atm e a temperatura de 120 °C, durante 20 minutos.

Figura 25 - Erlenmeyers preparados para a autoclavagem

Fonte: Foto tirada pelos autores.


66

 Após o processo de autoclavagem, foram separados 7 tubos de ensaios com a


solução salina e o microrganismo. Os conteúdos dos tubos de ensaio foram
inseridos em alguns dos erlenmeyers que contiam meio mineral e a salmoura.
Com o auxílio de uma proveta de 25 ml, foi inserida esta mesma quantidade de
óleo nos erlenmeyers, representado na Figura 26. Seguindo a proporção de 1%
de petróleo para 2% de inóculo de bactérias, proposta por Bueno (2008).

Figura 26 – Erlenmeyers ao final do processo de preparação das soluções

Fonte: Foto tira pelos autores.

 Ao final desta etapa, foram sintetizadas as seguintes soluções, organizadas na


Tabela 5:

Tabela 5 – Identificação e composição das soluções

Fonte: Elaborada pelos autores.

 Os erlemeyers foram colocados em incubadora refrigerada (shaker rotativo)


como pode ser observado na Figura 27, com temperatura constante de 30 °C, a
200 rpm (BUENO, 2008) por 14 dias.
67

Figura 27 – Erlemeyers com as soluções na incubadora refrigerada

Fonte: Foto tirada pelos autores.

 Durante o período de incubação as aferições de viscosidade das amostras


foram realizadas em dois intervalos de tempo, seis e doze dias. Para medir a
viscosidade foi utilizado o viscosímetro rotativo, representado na Figura 28 e
na Figura 29. Esse equipamento mede a viscosidade através da medição do
torque necessário para girar uma haste submersa em um fluido a uma
velocidade constante, onde o torque é proporcional à viscosidade.

Figura 28 – Viscosímetro rotativo

Fonte: Foto tirada pelos autores.


68

Figura 29 – Medição da viscosidade de amostra de óleo em viscosímetro rotativo

Fonte: Foto tirada pelos autores.


69

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Este capítulo aborda os testes e análises efetuados ao longo do trabalho, os


resultados observados e comentários sobre os mesmos.

4.1 DENSIDADE

Os dados de densidade utilizados para a caracterização dos fluidos utilizados


no experimento estão organizados na Tabela 6.
Tabela 6 – Densidade dos fluidos

Fonte: Elaborado pelos autores.

4.2 VISCOSIDADE

Os testes foram divididos em duas etapas, a primeira etapa com seis dias de
incubação e a segunda etapa, com doze dias. Nessas duas etapas, as demais
soluções foram comparadas a Solução 7, que representa a solução controle, uma vez
que esta não apresenta o Bacillus subtilis em sua composição. Ao final, os valores das
duas etapas foram comparados entre si.

4.2.1 Primeira etapa

Os valores de viscosidade obtidos através do viscosímetro cinemático com seis


dias de incubação das amostras foram organizados na Tabela 7.
Tabela 7 – Valores de viscosidade obtidos com 6 dias de incubação

Fonte: Elaborado pelos autores.


70

Na primeira aferição de viscosidade pode-se perceber que as Soluções 1, 2, 3,


4, 5 e 6 , quando comparadas a Solução 7 , apresentaram aumento da viscosidade
(Gráfico 3).

Gráfico 4 – Viscosidade das Soluções versus Viscosidade da Solução 7 (6 horas)


Viscosidade das soluções (cP) Viscosidade da Solução 7 (cP)

887.1 881.9
851.2 842.7

683.6
636.3

432.3 432.3 432.3 432.3 432.3 432.3

1 2 3 4 5 6
Fonte: Elaborada pelos autores.

4.2.2 Segunda etapa

Os valores da viscosidade obtidos na segunda etapa, com 12 dias de


incubação, foram organizados na Tabela 8.
Tabela 8 - Valores de viscosidade obtidos com 12 dias de incubação

Fonte: Elaborado pelos autores.

Na segunda aferição, as Soluções 2, 3, 5 e 6 quando comparadas a Solução 7,


apresentaram aumento da viscosidade, seguindo a mesma tendência observada na
primeira etapa.
Já as Soluções 1 e 4, diferentemente do que foi notado na primeira aferição,
71

apresentaram diminuição da viscosidade quando comparadas à solução controle.

Gráfico 5 - Viscosidade das Soluções versus Viscosidade da Solução 7 (12 horas)

Viscosidade das soluções (cP) Viscosidade da Solução 7 (cP)

3214.4
2864.7

1796.3

1068.6
716.8 716.8 716.8 716.8 716.8 716.8
514.5
330.1

1 2 3 4 5 6
Fonte: Elaborado pelos autores.

4.2.3 Comparação entre os períodos de incubação

O Gráfico 5 estabelece a comparação entre as viscosidades dos dois períodos


de incubação.
Ao analisar o Gráfico 5, percebe-se que as amostras 2, 3, 5, 6 e 7, aumentaram
a viscosidade com o passar dos dias. Essas mesmas amostras, foram aquelas em
que visualmente as soluções estavam melhores emulsionadas, formando emulsões
A/O, enfatizando as amostras 2 e 3.
Deve ser ressaltado que na primeira aferição, foi observada a presença de
coágulos em algumas das soluções. Sendo elas as amostras 2 e 3. Fato esse, que
não se repetiu na segunda aferição, que ocorreu seis dias após a primeira.
72

Gráfico 6 – Comparação das viscosidades entre os períodos de incubação


Viscosidade das soluções com 6 dias de incubação (cP)
Viscosidade das soluções com 12 dias de incubação (cP)

3214.4
2864.7

1796.3

1068.6
887.1 851.2 881.9 842.7
636.3 683.6 716.8
514.5 432.3
330.1

1 2 3 4 5 6 7
Fonte: Elaborado pelos autores.

4.3 APARÊNCIA DAS EMULSÕES

As emulsões de petróleo formadas nas amostras 2, 3, 5 e 6 permaneceram


estáveis durante todo o período de análise. Enfatizando a amostra 3 , como pode ser
observado na Figura 30.

Figura 30 – Comparação entre as amostras 7 e 3

Fonte: Foto tirada pelos autores.

As amostras 1 e 7 não emulsionaram e a amostra 4, apresentou instabilidade


em sua emulsão, uma vez que na primeira etapa (6 dias) ocorreu a formação de
emulsão, mas na segunda etapa (12 dias), a amostra já não estava emulsionada.
73

As amostras 7 e 3 podem ser observadas na Figura 31.

Figura 31 – Análise visual de emulsões

Fonte: Foto tirada pelos autores.

A cor das emulsões formadas era castanho bem escuro, praticamente preto,
em quase todas as amostras. Na amostra 4, a coloração apresentada era um pouco
mais clara que as demais.
74

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