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Eletromag II Capitulo 1 1
Eletromag II Capitulo 1 1
1. INTRUDUÇÃO
Iremos enfrentar, neste capítulo, o problema do campo magnético e da determinação das forças e os torques
exercidos pelo campo magnético sobre outras cargas. O campo elétrico faz com que uma força seja exercida sobre
uma carga que pode estar estacionária ou em movimento. Veremos que o campo magnético constante é capaz de
exercer uma força apenas em uma carga em movimento. Um campo magnético pode ser produzido por cargas em
movimento e pode exercer forças sobre cargas em movimento. Um campo magnético não pode surgir de cargas
estacionárias e não pode exercer nenhuma força sobre uma carga estacionária.
Este capítulo inicialmente considera as forças e torques em condutores que transportam corrente que podem ser
de natureza filamentosa ou possuir uma seção transversal finita com uma distribuição de densidade de corrente
conhecida. Os problemas associados ao movimento das partículas no vácuo são evitados. Com a compreensão dos
efeitos fundamentais produzidos pelo campo magnético, podemos então considerar os diversos tipos de materiais
magnéticos, a análise de circuitos magnéticos elementares, as forças em materiais magnéticos e, finalmente, os
importantes conceitos de circuito elétrico de autoindutância e indutância mútua.
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1.1 – Força sobre uma carga em movimento
Em um campo elétrico, a definição da intensidade do campo elétrico nos mostra que a força sobre uma
partícula carregada é:
𝑭 = 𝑄𝑬 (1.1)
A força está na mesma direção da intensidade do campo elétrico (para uma carga positiva) e é
diretamente proporcional a E e Q. Se a carga estiver em movimento, a força em qualquer ponto de sua
trajetória é dada pela eq. (1.1). Uma partícula carregada em movimento em um campo magnético de
densidade de fluxo B experimenta uma força cujo módulo é proporcional ao produto das magnitudes da
carga Q, sua velocidade v, a densidade de fluxo B e ao seno do ângulo entre os vetores v e B. A direção
da força é perpendicular a v e B e é dada por uma unidade vetor na direção de 𝒗 × 𝑩. A força pode,
portanto, ser expressa como:
𝑭 = 𝑄𝒗 × 𝑩 (1.2)
Uma diferença fundamental no efeito dos campos elétrico e magnético em partículas carregadas é agora
aparente, pois, uma força que é sempre aplicada em uma direção perpendicular à direção na qual a partícula
está procedendo nunca pode mudar a magnitude da velocidade da partícula. Em outras palavras, o vetor
aceleração é sempre normal ao vetor velocidade. A energia cinética da partícula permanece inalterada, e
segue-se que o campo magnético constante é incapaz de transferir energia para a carga em movimento. O
campo elétrico, por outro lado, exerce uma força sobre a partícula que é independente da direção em que
a partícula está progredindo e, portanto, efetua uma transferência de energia entre o campo e a partícula
em geral.
A força sobre uma partícula em movimento decorrente de campos elétricos e magnéticos combinados
é obtida facilmente por superposição,
𝑭 = 𝑄(𝑬 + 𝒗 × 𝑩) (1.3)
Essa equação é conhecida como equação da força de Lorentz e sua solução é necessária para
determinar as órbitas dos elétrons no magnetron, os caminhos dos prótons no ciclotron, as características
do plasma em um gerador magnetohidrodinâmico (MHD) ou, em geral, o movimento de partículas
carregadas em sistemas com campos elétricos e magnéticos combinados.
Exercícios
1.1a) A carga pontual 𝑄 = 18 𝑛𝐶 tem velocidade de 5 ∙ 106 𝑚/𝑠 na direção 𝒗 = 0.60𝑖̂ + 0.75𝑗̂ + 0.30𝑘̂.
̂ 𝑚𝑇; (b) um campo 𝑬 = −3𝒊̂ +
Calcule a força exercida na carga por (a) um campo 𝑩 = −3𝒊̂ + 4𝒋̂ + 6𝒌
̂ 𝒌𝑽/𝑚; (c) por B e E atuando juntos.
4𝒋̂ + 6𝒌
1.1b) Uma carga pontual para a qual 𝑄 = 2 × 10−16 𝐶 e 𝑚 = 5 × 10−26 𝑘𝑔 está se movendo nos campos
combinados 𝑬 = 100 𝒊̂ − 200 𝒋̂ + 300 𝒌 ̂ 𝑉/𝑚 e 𝑩 = −3 𝒊̂ + 2 𝒋̂ − 𝒌 ̂ 𝑚𝑇. Se a velocidade da carga em
̂ )105 𝑚/𝑠, (a) forneça o vetor unitário mostrando a direção na qual a
𝑡 = 0 é 𝑣(0) = (2 𝒊̂ − 3 𝒋̂ − 4 𝒌
carga está acelerando em 𝑡 = 0; (b) encontre a energia cinética da carga em 𝑡 = 0.
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1.2 – Força em um Elemento Diferencial de Corrente
A força sobre uma partícula carregada movendo-se através de um campo magnético constante pode ser
escrita como a força diferencial exercida sobre um elemento diferencial de carga,
𝑑𝑭 = 𝑑𝑄 ∙ 𝒗 × 𝑩 (1.4)
Fisicamente, o elemento diferencial de carga consiste em um grande número de cargas discretas, muito
pequenas, ocupando um volume que, embora pequeno, é muito maior que a separação média entre as
cargas. A força diferencial expressa por eq. (1.4) é, portanto, meramente a soma das forças nas cargas
individuais. Essa soma, ou força resultante, não é uma força aplicada a um único objeto. De forma análoga,
podemos considerar a força gravitacional diferencial experimentada por um pequeno volume tomado em
uma chuva de areia. O pequeno volume contém um grande número de grãos de areia e a força diferencial
é a soma das forças nos grãos individuais dentro do pequeno volume.
Se nossas cargas forem elétrons em movimento em um condutor, entretanto, podemos mostrar que a
força é transferida para o condutor e que a soma desse número extremamente grande de forças
extremamente pequenas é de importância prática. Dentro do condutor, os elétrons estão em movimento
ao longo de uma região de íons positivos imóveis que formam um arranjo cristalino, dando ao condutor
suas propriedades sólidas. Um campo magnético que exerce forças sobre os elétrons tende a fazer com
que eles mudem ligeiramente de posição e produz um pequeno deslocamento entre os centros de
“gravidade” das cargas positivas e negativas. As forças de Coulomb entre elétrons e íons positivos, no
entanto, tendem a resistir a tal deslocamento. Qualquer tentativa de mover os elétrons, portanto, resulta
em uma força atrativa entre os elétrons e os íons positivos da rede cristalina. A força magnética é assim
transferida para a rede cristalina, ou para o próprio condutor. As forças de Coulomb são tão maiores que
as forças magnéticas em bons condutores que o deslocamento real dos elétrons é quase imensurável. A
separação de carga resultante, no entanto, é revelada pela presença de uma ligeira diferença de potencial
através da amostra do condutor em uma direção perpendicular tanto ao campo magnético quanto à
velocidade das cargas. A voltagem é conhecida como voltagem Hall, e o efeito é chamado de efeito Hall.
A Figura 8.1 ilustra a direção da tensão de Hall para cargas positivas e negativas em movimento. Na
Figura 8.1a, v está na direção −𝒊̂, 𝒗 × 𝑩 está na direção 𝒋̂ e Q é positivo, fazendo com que FQ esteja na
direção 𝒋̂; assim, as cargas positivas movem-se para a direita. Na Figura 8.1b, v está agora na direção 𝒊̂, B
ainda está na direção 𝒌 ̂ , 𝒗 × 𝑩 está na direção 𝒋̂ e Q é negativo; assim, FQ está novamente na direção 𝒋̂.
Assim, as cargas negativas acabam na borda direita. Correntes iguais fornecidas por lacunas e elétrons em
semicondutores podem, portanto, ser diferenciadas por suas tensões Hall. Este é um método para
determinar se um determinado semicondutor é tipo n ou tipo p.
Os dispositivos empregam o efeito Hall para medir a densidade do fluxo magnético e, em algumas
aplicações em que a corrente através do dispositivo pode ser proporcional à campo magnético através
dele, para servir como wattímetros eletrônicos, elementos de quadratura e assim por diante.
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Voltando a eq. (1.4), podemos dizer que, se estivermos considerando um elemento de carga em
movimento em um feixe de elétrons, a força é meramente a soma das forças nos elétrons individuais
naquele elemento de pequeno volume, mas se estivermos considerando um elemento de carga em
movimento dentro de um condutor, a força total é aplicada ao próprio condutor sólido. Vamos agora
limitar nossa atenção às forças nos condutores portadores de corrente. Definimos a densidade da corrente
de convecção em termos da velocidade da densidade de carga volumétrica,
𝐉 = 𝜌𝜈 𝐯 (𝟒)
O elemento diferencial de carga na eq. (1.4) também pode ser expresso em termos de densidade de carga
de volume:
𝑑𝑄 = 𝜌𝜈 𝑑𝑣
(onde dv é um elemento diferencial de volume)
Como
𝑑𝐹 = 𝑑𝑄 𝐯 × 𝐁
Então
𝑑𝐹 = 𝜌𝜈 𝑑𝑣 𝐯 × 𝐁
Como
𝐉 = 𝜌𝜈 𝐯
Então
𝑑𝐹 = 𝐉 × 𝐁 𝑑𝑣 (1.5)
Porém, 𝐉 𝑑𝑣 também pode ser interpretado como um elemento diferencial de corrente:
𝐉 𝑑𝑣 = 𝑲 𝑑𝑠 = 𝑰 𝑑𝑳
Onde K = densidade superficial de corrente
Portanto, a equação de força de Lorentz pode ser aplicada à densidade de corrente de superfície,
𝑑𝐹 = 𝑲 × 𝐁 𝑑𝑆 (1.6)
4
ou a um filamento de corrente diferencial,
𝑑𝐹 = I 𝑑𝐋 × 𝐁 (1.7)
Integrando (1.5), (1.6) ou (1.7) sobre um volume, uma superfície que pode ser aberta ou fechada, ou
um caminho fechado, respectivamente, leva às formulações integrais
𝐹 = ∫ 𝑱 × 𝑩 𝑑𝑣 (1.8)
𝑣𝑜𝑙
𝐹 = ∫ 𝑲 × 𝑩 𝑑𝑆 (1.9)
𝑆
E, portanto
𝐹 = ∮ 𝑰 𝑑𝑳 × 𝑩 = −𝑰 ∮ 𝑩 × 𝑑𝑳 (1.10)
Um resultado simples é obtido aplicando (1.7) ou (1.10) a um condutor reto em um campo magnético
uniforme,
𝑭= 𝑰𝐋×𝐁 (1.11)
A magnitude da força é dada pela equação que nos é familiar
𝐹 = 𝐵𝐼𝐿 sin 𝜃 (1.12)
Onde 𝜃 (theta) é o ângulo entre os vetores que representam o sentido da corrente e a direção da
densidade de fluxo magnético. A equação (1.11) ou (1.12) se aplica apenas a uma parte do circuito
fechado, e o restante do circuito deve ser considerado em qualquer problema prático.
Exercício 1.2a) Calcule a força total atuando na espira mostrada na Figura 8.2, na qual um loop quadrado
de fio no plano 𝑧 = 0 conduz 2 mA de corrente no campo de um filamento infinito em o eixo y, por onde
passam 15 A, como mostrado (pg 1).
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̂ 𝑚𝑇 está presente no espaço livre. Encontre o vetor força
Exercício 1.2b) O campo 𝑩 = −2𝒊̂ + 3𝒋̂ + 4𝒌
̅̅̅̅ e 𝐴𝐶
exercido em um fio retilíneo que conduz uma corrente de 12 A na direção 𝐴𝐵 ̅̅̅̅ , dados A(1,1,1),
B(2,1,1), C(3,5,6) (pg 40-41).
Veja: https://www.youtube.com/watch?v=43AeuDvWc0k
Exercício 1.3) Considere dois elementos diferenciais de corrente, mostrados na Figura abaixo. O ponto
P1 tem coordenadas (5,2,1). O ponto P2, (1,8,5). É dado 𝐼1 𝑑𝑳𝟏 = −3𝒋̂ e 𝐼2 𝑑𝑳𝟐 = −4𝒌̂ . Calcule a força
diferencial em 𝑑𝑳𝟐 . (pg 5)
6
1.3
7
Exercício 1.4) Dois elementos diferenciais de corrente, 𝐼1 ∆𝑳1 = 3 × 10−6 𝒋̂ A ∙ m em 𝑃1 (1, 0, 0) e
̂ )A ∙ m em 𝑃2 (2, 2, 2), estão posicionados no espaço livre.
𝐼2 ∆𝑳2 = 3 × 10−6 (−0,5 𝒊̂ + 0,4 𝒋̂ + 0,3 𝒌
Encontre o vetor força exercido em (a) 𝐼2 ∆𝑳2 por 𝐼1 ∆𝑳1 e (b) 𝐼1 ∆𝑳1 por 𝐼2 ∆𝑳2.
̂ )10−20 N; (4,67 𝒊̂ + 0,667 𝒌
Resp.: (−1,33 𝒊̂ + 0,33 𝒋̂ − 2,67 𝒌 ̂ )10−20 N (pg 7)
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Exercício 1.5) Calcule o torque sobre a espira retangular mostrada na Fig. 8.7., utilizando a equação 18.
Resposta: 𝑻 = (4,8 ∙ 10−3 𝒊̂), paralelo ao eixo x positivo. (Pg. 11)
Exercício 1.6) Calcule o torque sobre a espira retangular mostrada na Fig. 8.7., mas desta vez calculando
a força total e a contribuição do torque para cada lado. Resposta: 𝑻 = (4,8 ∙ 10−3 𝒊̂), paralelo ao eixo x positivo.
(Pg. 11)
Pelo resultado do cálculo feito no exercício 1.6, concluímos que calcular o produto vetorial entre o
momento da espira e a densidade de fluxo magnético é certamente mais fácil.
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CAPÍTULO 1.2. - A NATUREZA DOS MATERIAIS MAGNÉTICOS. MAGNETIZAÇÃO E
PERMEABILIDADE. CIRCUITO MAGNÉTICO. FORÇAS E ENERGIA, POTENCIAL EM
MATERIAIS MAGNÉTICOS. INDUTÂNCIA E INDUTÂNCIA MÚTUA
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1.2.2 MAGNETIZAÇÃO E PERMEABILIDADE
Para colocar nossa descrição de materiais magnéticos em uma base mais quantitativa, vamos agora
mostrar como os dipolos magnéticos agem como uma fonte distribuída para o campo magnético. Nosso
resultado será uma equação que se parece muito com a lei dos circuital de Ampere, ∮ 𝑯 ∙ 𝑑𝑳 = 𝑰. A
corrente, porém, será o movimento de cargas ligadas (elétrons em orbitais, spin do elétron e spin nuclear),
e o campo, que tem as dimensões de H, será chamado de magnetização M. A corrente produzida pelas
cargas ligadas é chamada de corrente ligada (Ib) ou corrente de Ampere.
A dedução das equações apropriadas pode ser encontrada a partir da página 248 de Hayt & Buck, 8ª
Edição (disponível no final deste Capítulo), onde:
M = magnetização ou momento de dipolo magnético por unidade de volume
m = momento de dipolo magnético (𝒎 = 𝐼𝑏 𝑑𝑺)
mtotal = momento de dipolo magnético total (𝒎𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = ∑ 𝒎𝑖 )
𝑛Δ𝜐
1
𝑴 = lim ∑ 𝒎𝑖 (19)
∆𝜈→0 Δ𝜐
𝑖=1
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A mudança na corrente ligada líquida IB diferencial, sobre um segmento dL, e dentro de um contorno
fechado inteiro serão, respectivamente:
𝑑𝐼𝐵 = 𝑛𝐼𝑏 𝑑𝑺 ∙ 𝑑𝑳 = 𝐌 ∙ 𝑑𝑳 (20)
𝐼𝐵 = ∮ 𝐌 ∙ 𝑑𝑳 (21)
A equação (21) tem semelhança com a lei circuital de Ampere, nos permitindo agora que generalizemos
a relação entre B e H, de forma que ela se aplique também a meios que não sejam apenas o espaço livre,
o que nos levaria a concluir que:
𝐁 = 𝜇0 (𝐇 + 𝐌) (25)
Note que, diferentemente do que vimos na equação de Biot e Savart, agora temos o termo M,
significando a magnetização de um material ou meio.
As várias densidades de corrente nos permitem, com algum esforço, definir suas relações rotacionais
equivalentes:
∇ × 𝐌 = 𝑱𝐵 (densidade de corrente ligada)
𝐁
∇ × 𝜇 = 𝑱𝑇
0
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Em resumo, a densidade do fluxo magnético (B) e a intensidade do campo magnético (H) são termos
usados no estudo do magnetismo, mas referem-se a diferentes aspectos do campo magnético. A densidade
do fluxo magnético (B), também conhecida simplesmente como campo magnético, é uma medida da
intensidade do campo magnético em um determinado ponto do espaço, sendo medido em unidades de
tesla (T) ou gauss (G). A densidade do fluxo magnético é uma quantidade vetorial, o que significa que
tem uma magnitude e uma direção.
Por outro lado, a intensidade do campo magnético (H), também conhecida como força de magnetização
ou intensidade do campo magnético, é uma medida do campo magnético usado para magnetizar um
material. É medido em unidades de ampères por metro (A/m). A intensidade do campo magnético também
é uma quantidade vetorial.
A relação entre a densidade do fluxo magnético e a intensidade do campo magnético é dada pela
equação:
𝐁 = 𝜇0 (𝐇 + 𝐌) (25)
onde μ0 é a permeabilidade do espaço livre, H é a intensidade do campo magnético e M é a magnetização
do material que está sendo magnetizado. Esta equação mostra que a densidade do fluxo magnético depende
da intensidade do campo magnético e da magnetização.
Em resumo, a densidade do fluxo magnético 𝑩 é uma medida da força do campo magnético em um
determinado ponto, enquanto a intensidade do campo magnético 𝐇 é uma medida do campo magnético
usado para magnetizar um material, por exemplo.
---
As duas primeiras leis que investigamos para campos magnéticos foram a lei de Biot-Savart e a lei dos
circuitos de Ampere. Ambos estavam restritos a aplicações no espaço livre. Podemos agora estender seu
uso a qualquer material magnético homogêneo, linear e isotrópico que possa ser descrito em termos de
permeabilidade relativa μr.
Assim como descobrimos para materiais dielétricos anisotrópicos, a permeabilidade de um material
magnético anisotrópico deve ser dada como uma matriz 3×3, enquanto B e H são ambos as matrizes 3×1.
Nós temos:
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para os quais a permeabilidade relativa raramente difere da unidade em mais de uma parte em mil. Alguns
valores típicos da suscetibilidade para materiais diamagnéticos são hidrogênio, -2×10-5; cobre, -0,9×10-5;
germânio, -0,8×10-5; silício, -0,3×10-5; e grafite, -12×10-5. Várias suscetibilidades paramagnéticas
representativas são oxigênio, 2×10-6; tungstênio, 6,8×10-5; óxido férrico (Fe2O3), 1,4×10-3; e óxido de
ítrio (Y2O3), -0,53×10-6. Se simplesmente tomarmos a razão de B para μ0H como a permeabilidade relativa
de um material ferromagnético, valores típicos de μr iriam variar de 10 a 100.000. Materiais
diamagnéticos, paramagnéticos e antiferromagnéticos são comumente chamados de não magnéticos.
1.2.3 - Permissividade dielétrica anisotrópica
Quando um campo elétrico, E, é aplicado a um sólido dielétrico, cargas positivas e negativas são
deslocadas em direções opostas dentro do sólido, criando polarização, P. Isso é definido como o momento
dipolar líquido por unidade de volume. (Um dipolo elétrico é criado por uma pequena separação de cargas
iguais e opostas.)
Em um material isotrópico, esses vetores estão relacionados por:
𝑷 = (𝜀 − 1)𝜀0 𝑬
Onde 𝜀0 é a permissividade do espaço livre, e 𝜀 é a permissividade dielétrica relativa (uma constante
escalar neste caso). Em materiais anisotrópicos este escalar deve ser substituído por um tensor.
Frequentemente, a ocorrência de permissividade dielétrica altamente anisotrópica está associada à
ferroeletricidade (polarização espontânea reversível por um campo elétrico).
Exercício 1.8) Encontre a magnetização em um material magnético nos seguintes casos (pg 43):
a) 𝜇 = 1,8 × 10−5 𝐻/𝑚 e 𝐻 = 120 𝐴/𝑚
b) 𝜇𝑟 = 22, o material possui 8,3 × 1028 átomos/m3, e cada átomo tem momento de dipolo
4,5 × 10−27 𝐴 ∙ 𝑚2
c) 𝐵 = 300 𝜇𝑇 e 𝜒𝑚 = 15.
Exercício 1.9) A magnetização em um material magnético para o qual 𝜒𝑚 = 8 é dada em uma certa região
como 150𝑧 2 𝒊̂ A/m. Em z = 4 cm, encontre o módulo de: (a) JT ; (b) J; (c) JB. (pg 45).
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Em outras palavras, as equações de Maxwell devem ser suplementadas por condições de contorno que
devem ser satisfeitas pelos campos elétrico e magnético nas interfaces dos materiais, ou no infinito, para
domínios abertos.
Como exemplo, considere a propagação de ondas eletromagnéticas em comunicações wireless, onde a
onda viaja pelo espaço livre. O espaço livre pode ser considerado um meio homogêneo. Agora, imagine a
onda eletromagnética em uma cavidade condutora ou uma onda interagindo entre dois meios. No primeiro
exemplo, as grandezas eletromagnéticas variam suave e continuamente. No segundo exemplo, a variação
das grandezas eletromagnéticas não é contínua.
Nos limites onde uma onda eletromagnética cruza de um meio para outro, as grandezas do campo
tornam-se descontínuas. Essas descontinuidades podem ser descritas matematicamente como condições
de contorno eletrostáticas e condições de contorno magnetostáticas correspondentes aos campos elétrico
e magnético, respectivamente. Essas condições de contorno são usadas para restringir soluções para
quantidades eletromagnéticas associadas obtidas pela resolução das equações de Maxwell limitadas aos
dois meios diferentes.
Podemos, portanto, resolver as equações de Maxwell sob as condições de contorno definidas nos
limites dos meios. As condições de contorno podem ser relacionadas ao campo elétrico e ao campo
magnético. As equações de Maxwell são desacopladas em equações eletrostáticas e magnetostáticas neste
método. O método envolvendo condições de contorno é frequentemente usado na resolução de problemas
eletromagnéticos envolvendo diferentes meios.
As condições de contorno são essenciais para derivar a solução em um problema de onda
eletromagnética. Quando uma onda eletromagnética faz interface entre dois meios, parte da energia
eletromagnética é transmitida além do limite e algumas partes são refletidas. As condições de contorno
dos campos elétrico e magnético podem ser utilizadas para determinar a direção e intensidade das ondas
incidentes, transmitidas e refletidas.
Considere um problema de onda eletromagnética envolvendo dois meios diferentes (1 e 2). Nas
fronteiras, as derivadas das grandezas do campo são infinitas devido à descontinuidade. A solução do
problema pode ser obtida resolvendo as equações de Maxwell nos dois meios separadamente. As soluções
obtidas ao fazer isso são conectadas por meio das condições de contorno. Em problemas de ondas
eletromagnéticas envolvendo dois meios, condições de contorno para campos elétricos tangenciais e
campos elétricos normais são aplicadas para restringir as soluções.
Não devemos ter dificuldade em chegar às condições de contorno apropriadas para aplicar a B, H e M
na interface entre dois materiais magnéticos diferentes, pois resolvemos problemas semelhantes para
materiais condutores e dielétricos. A Figura 8.10 mostra um limite entre dois materiais lineares
homogêneos isotrópicos com permeabilidades μ1 e μ2. A condição de contorno nos componentes normais
é determinada permitindo que a superfície corte uma pequena superfície gaussiana cilíndrica.
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Aplicando a lei de Gauss para o campo magnético,
∮ 𝑩 ∙ 𝑑𝑺 = 0
𝑆
Descobrimos que:
𝐵𝑁1 ∆𝑆 − 𝐵𝑁2 ∆𝑆 = 0
Consequentemente:
A relação entre os componentes normais de M é fixa, uma vez que a relação entre os componentes
normais de H é conhecida. Para materiais magnéticos lineares, o resultado é escrito como:
𝜇1 𝜒𝑚2 𝜇1
𝑀𝑁2 = 𝜒𝑚2 𝐻𝑁1 = 𝑀 (34)
𝜇2 𝜒𝑚1 𝜇2 𝑁1
21
𝐻𝑡1 ∆𝐿 − 𝐻𝑡2 ∆𝐿 = 𝐾∆𝐿
onde assumimos que a região de fronteira pode transportar uma corrente de superfície K cuja componente
normal ao plano do caminho fechado é K. Assim:
As direções são especificadas mais exatamente usando o produto vetorial para identificar as
componentes tangenciais:
(𝑯𝑡1 − 𝑯𝑡2 ) × 𝒂𝑁12 = 𝑲
onde 𝒂𝑁12 é a unidade normal na fronteira direcionada da região 1 para a região 2. Uma formulação
equivalente em termos dos componentes tangenciais do vetor pode ser mais conveniente para H:
Exercício 1.10) Considere que 𝜇 = 𝜇1 = 4 𝜇H/m na região 1 onde 𝑧 > 0, enquanto 𝜇2 = 7 𝜇H/m na
região 2 onde 𝑧 < 0. Além disso, seja 𝑲 = 80 𝒊̂ A/m na superfície 𝑧 = 0. Dado o campo 𝑩1 = 2𝒊̂ − 3𝒋̂ +
̂ , encontre o valor de 𝑩2 (pg48).
𝒌
Exercício 1.11) Considere a permitividade 𝜇1 = 5 H/m na região 1 onde 𝑥 < 0, enquanto 𝜇2 = 20 H/m
na região 2 onde 𝑥 > 0. Além disso, seja a densidade superficial de corrente 𝑲 = 150 𝒋̂ − 200 𝒌̂ A/m na
superfície 𝑥 = 0. Dado o campo 𝑯1 = 300 𝒊̂ − 400 𝒋̂ + 500 𝒌 ̂ , encontre o módulo de (a) 𝑯𝑡1 , (b) 𝑯𝑁1,
(c) 𝑯𝑡2 , (d) 𝑯𝑁2 (pg50).
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Algumas figuras e tabelas
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