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Capituto 3 O COTIDIANO DO PSICOLOGO NO HosprraL GERAL Wilze Laura Bruscato Sandra Fernandes de Amorim Adriana Haberkorn Daniela Achette dos Santos Cotidiano: do latim, quotidianu, significando a cada dia, dia apés dia. E 0 que se sucede ou se pratica todos os dias. O conceito de cotidiano diz res- peito ao tempo, tanto ao tempo de curta duragao (a cada dia) como ao de longa duragiio (dia apés dia). ‘Nao é um mero sistema de repetigdes. Eo estavel, 0 que acontece sem parecer importante. As grandes ages cotidianas so as que fazema Historia do pre- sente, de sucessivos presentes, do presente continuo. O cotidiano nao esti fora da histéria, mas é a verda- deira esséncia do acontecer hist6rico (Martins, 1998; Heller, 1999). A vida cotidiana é0 lugar do reconheci- mento das agdes como instrumentos que mobilizam a. vida de cada um e de todos. Eno pequeno mundo de todos os dias que estio o tempo e 0 espago daeficacia das nossas atividades, da organizagiio do nosso traba- Iho e daquilo que faz.a forga da nossa atuago. Assim, a cada dia, todos os dias, por muitos anos, temos tido a oportunidade de construir a nossa histé- tia, de levara Psicologia e representar nosso Servigo Para o restante do hospital, todas as vezes que al- ‘guém solicita por um atendimento psicologico. Este capitulo — que se reporta apenas as atividades assistenciais, nao abordando a atuacao em ensino e em pesquisa, também amplamente contemplada no nosso dia a dia —consiste de informagies especiali- zadas ¢ técnicas sobre alguns passos que seguimos nesta nossa jornada diaria, sobre algumas das difi- culdades que encontramos e como as administramos e sobre outras questées gerais de interesse do pro- fissional que queira conhecer o cotidiano do psicdlo- go em um Hospital Geral. Em capitulos subseqiientes, aspectos especifi- cos da atuago em enfermarias, unidades ¢ ambula- trios especializados serao mais detalhadamente des- critos, considerando as particularidades do cotidiano de nosso trabalho em cada um desses locais. A insergao do psicélogo no Hospital Geral e 0 contexto de atuagao ‘Acentrada do psicdlogo no hospital é marcada por importantes peculiaridades, a comegar pelo vin- culo coma Instituigdio, que possui uma historia e uma filosofia de trabalho que Ihe é propria e quea distin- Ccaniruno $0 cotioiano no rstedLo00 wo Hoseiray Gr, gue de quaisquer outras. Emcertas instituigdes hos- pitalares, existe uma franea vocagiio assistencial, Em outras, sobretudo em hospitais-escola, as atividades deensino ede pesquisa sio também valorizadas. Por conhecer a historia ¢ a ideologia da conseqiiéncia, Tnstituigdo na qual atuamos & um aspecto essencial a ser considerado, pois serve como pardimetro inicial a respeito do campo de trabalho existente ¢ do que se pretende do nosso trabalho. Como cuidado diario de um paciente freqiien- temente envolvea solugao de problemas que vaio além do escopo de apenas um provedor, nossa atuagaio em hospitais necessariamente ocorre junto a equipes multiprofissionais, o que pressupoe a interagao de diferentes profissionais e sua integragao através da realizago de um trabalho coletivo abrangente, den- tro de um modelo biopsicossocial de atengao, con- forme foi visto no capitulo 2. Assim, é nesse contex- to, proprio de uma equipe multiprofissional, que estamos inseridos. A triangulagao psicdlogo-instituigao-paciente, que se estabelece desde 0 nosso ingresso, se faz pre~ sente em diversas situagdes do cotidiano da equipe da Psicologia: na forma como equacionamos nosso plano de atuagao com as demandas do paciente e com as expectativas e condigdes que a Instituigdo de Satide oferece, na maneira como manejamos situa- ges préprias ao Ambito hospitalar (0 contato coma morte, a dor eo sofrimento), na forma como conce- bbemos e lidamos com o trabalho junto a outras cate- gorias profissionais. Outra questio que consideramos relevante diz. Fespeito ao fato de o psiclogo hospitalar manter um vinculo funcional com a Instituigao, seja fa- zendo parte do corpo de funciondrios, na qualida- de de membro efetivo, seja temporariamente, na qualidade de estagidrio ou aluno. Ao sermos inte grados ao hospital, passamos a agregar uma “iden- tidade institucional”, por assim dizer, a nossa iden- tidade profissional, fato este que pode representar uma facilidade ou uma dificuldade em no i diano. Citamos, como exemplo, 0 uso de vestimentas especificas (aventais, jalecos) ou de paramentagio especial, situagdo 4 qual nds, assim como os demais membros da equipe, devemos nos 4a adaptar. A utilizagao de aventais proprios, masca- ras, luvas e/ou touca de cabelo, vestes bastante distintas daquelas as quais estamos acostumados, pode causar desconforto, sensagio de descarac~ terizagio ¢ até distanciamento do paciente. Se, por um lado, essas vestimentas favorecem a nossa imediata identificagiio como membro integrante da equipe de satide — além de garantir maior grau de assepsia no contato junto aos doentes— em alguns casos pode repercutir de modo negativo, quando interfere no grau de confianga de alguns pacien- tes em relagio a nossa fungao e trabalho, posto que podemos ser identificados como mais um re- presentante da Instituigdo de Satide com a qual nem sempre o individuo mantém uma ligagdo satisfatoria. Em atendimentos realizados junto a pacientes pediatricos essa é uma possibilidade especialmente comum, Nem sempre a crianga consegue distinguir com clareza quem sao os profissionais de satde que aabordam, pois grande parte destes se trajam “de branco”, dificultando a identificagdo imediata do psi- célogo (que pode ser encarado como “ vem realizar procedimentos invasivos ou que pro- porcionam dor). A identificagdo de tal situagao exi- ge de nds atengaio e habilidade para que a real fun- Gao do psicélogo na instituigdo hospitalar seja esclarecida ou desmistificada continuamente junto Aclientela atendida. A solicitagéo de atendimento psicolégico Em nossa instituigdo, o pedi nical de constr taocorreconformeasseguintesrotinas; pri: através de 1, Para atendimento ambularorial: 0% tana formuirio padronizado (peo deo sulta) ¢ requis psicologiea por: ala Psicologiaatua et ° } paciente ¢ ori ntado a agendar no ambulat6rie d° sulta em focal especitico 10 °° hospital ouno Servigo de si pad ‘Waize Laces Brcscaro + Susona FERNANDES Dm AMOR © AnatanA th 2. Para atendimento em enfermarias quais hd um psicdlogo atuante em si tema de ligagdo: os pedidos de consulta sao feitos diretamente para os psicologos responsaveis. Para atendimento na UTI: 0 psicdlogo aten- dea boa parcela dos pacientes como rotina. 4, Para atendimento em enfermarias dentro do modelo de consultoria: 0 formutiio “pe- dido de consulta”, que é preenchido por al- gum profissional da equipe (médicos, residen- tes, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, assistentes sociais...), entregue no Servigo de Psicologia para posterior atendimento na respectiva unidade de internagao. F facultada, ao paciente hospitalizado ou aos seus familiares, a requisigio espontinea de atendi- ‘mento psicologico. Quando possivel, solicitamos que algum membro das equipes de satide formalize esse pedido por escrito. No caso da Unidade de Terapia Intensiva e em enfermarias que contam com equipes de psicdlogas em sistema de ligacdo, tais pedidos sao feitos diretamente para a profissional responsavel. 0 formulirio no qual o atendimento psicologico ésolicitado traz, em geral, uma indicagio de qual éa queixa e pode incluir alguma indicagao de demanda emergencial, Algumas vezes, fazemos contato ime- diato com o paciente para avaliar a natureza da situa fo, providenciar um parecer preliminar no prontud- rio indicar que estaremos dando seguimento ao caso nos proximos dias. Erelevante ¢ pertinente procurarmos 0 profis- sional requisitante do pedido de consulta para ‘obter- mos detalhes mais pormenorizados do caso. Essa conduta, que foi por nds incorporada ao longo do tra- balho em enfermarias, sempre que possivel precede atendimento ao paciente, © contato com o requist: tante do pedido visa a atender a necessidade de maior esclarecimento sobre as razbes que levaram esse profissional a solicitarnossa intervengio. Figualmente muito dtl no sentido de elucidar se existe alguna In- formagio adicional sobre o paciente ou, ainda, 8° \ eas um motivo “latente” (dificuldades de mane) {grande mobilizagio emocional do profissional ou da Danaea AcuereR wos Sa¥tos auripe diante do caso), além do que foi deserto no » Pedido “manifesto”, Por fim, éum meio de viabilizar Oestreitamento do vinculo com a equipe ou com 0 Drofissional Tequisitante, de modoa garantir a0 maxi- ‘mo sua implicagiio no processo de atendimento das demandas emocionais do paciente e, de alguma ma- neira, viabilizar uma co-responsabilidade pelo pedi- do. Idealmente, esse contato seria feito antes e apés ‘nosso atendimento; no entanto isso muitas vezes no Epossivel. De forma realista, sabemos que, em boa parte das vezes, é pouco provivel encontrar o solicitante do pedido na enfermaria, no exato momento em que estivermos na unidade de intemagiio. Quando isso ocorre, procuramos por outra pessoa da mesma equi- pe, buscamos dados colaterais sobre o paciente junto 4 Enfermagem, a outros profissionais que estejam disponiveis no momento, ou no préprio prontuario.. Os contatos com as equipes resultam, por vezes, na prestago de informagdes bastante relevantes (por exemplo, o paciente pode ser eventualmente des- tito no pedido de consulta como uma pessoa “in- décil”, “de dificil contato”, a0 passo que a enfer- meira ou a fisioterapeuta no compartilham essa impress ou, entio, o paciente & considerado “de- primido”, mas alguns membros da equipe observam que isso s6 ocorreu depois de determinado evento durante a hospitalizagio). 7 (Os dados que citculam “informalmente” na en- fermaria muitas vezes sZo tio valiosos quanto os dados que constam em prontuiro. Por esse motivo, nossa experiéncia vem demonstrando a importincia de estar- ‘mos a par, tanto quanto possivel, dessas informagdes. Assim, em enfermarias, apés tomarmos conhe- cimento do pedido e de quem osolicitou, vamos 20 encontro do paciente. Para que possamos entender 0 contento ent que opaciente atendido e ido e para agirmos de acordo comas normas ¢ rotinas do local, &de grande importincia conhecermos as earacteristicas daen- fertnaria em que realizamos oatendimento, Conhe- cera unidade de internagiio pressupse conhecermos a equipe quea integra, ambiente fisico (aparelhos, Jocal de prontuarios ete. ), as rotinas (horario de ba- nho, de refeigdes, de visitas, de procedimentos), 0 45 Canieuio 3 ~ 0 cormiano no sicévoao xo Haserra Genat perfil dos pacientes (adultos, criangas, recém-nasci- dos, ciningicos, clinicos), as doengas atendidas, a ocor- réncia e periodicidade de reunides de discussiio clini- ca, os horitios das visitas médicas ¢ a necessidade de paramentagio especial no contato com o doente. Dentre outros beneficios, esse conhecimento facilita aconciliagao das atividades do local com a aborda- gem psicologica a ser empreendida, viabilizando que esta se dé em momento mais propicio. Acreditamos que é sempre interessante conti- nuar ouvindo os profissionais responsiveis pelo pa- ciente ao longo do atendimento psicolégico, pois eles geralmente podem nos oferecer uma gama de infor- mages que complementario nosso diagnéstico. Do mesmo modo, podemos informi-los a respeito das causas que levam o paciente ow a familia a reagir de determinada maneira. Com essa finalidade, busca- mos a oportunidade de falar com os diferentes pro- fissionais que esto em contato com o caso. Depen- dendo da situagao, achamos apropriado perguntar sobre 0 prognéstico do paciente, cirurgia e alta pla- nejadas, medicamentos em uso e se o paciente sabe que 0 psicdlogo foi chamado. A solicitagdo de atendimento em ambulatorios, ‘em geral, é formulada pelas equipes com as quais 0 psicélogo atua em sistema de ligacdo. As demandas ccostumam ser bastante heterogéneas, no que conceme 4 populaco-alvo (criangas, adolescentes, adultos ¢ idosos), 4 problemitica emocional identificada (dificul- dades de adesio ao tratamento ou de adaptagio a doenca ou tratamento, quadros ansiosos, depressivos, transtomos de personalidade, dentre outras questdes) ou a0 tipo de solicitagio dirigida a0 psicdlogo (psicodiagnéstico, avaliagao pré ou pés-cinirgica, in. tervengio psicol6gica, auxilio especializado para pa- cientes portadores de doengas especificas), A particularidade de cada clientela fica clara na avaliagdo psicologica segundo protocolos psico- légicos especialmente elaborados por nds e que sam a sistematizar a coleta de dados e a formula- Go de uma hipétese psicodindmiea relativa a cada caso atendido, Falaremos sobre alguns desses pro- tocolos em capitulos subseqilentes, ao serem abor- dados os diferentes trabalhos desenvolvidos por tuipe dentro do modelo de ligagdo. Esses nossa €q| casos ambulatoriais sio discutidos com a equipe responsiivel, em contatos informais ¢ nas reunides clinicas de cada especialidade. A leitura do prontudrio Alguns psicdlogos tém por costume ler previa- mente 0 prontuatio do hospital, sempre que possivel, antes de vero paciente. Outros preferem, de inicio, obter poucas informagées (doenga atual, tempo de intemagiio etc.) para depois analisarem o prontuario. Essa revisio pode ser parcial ou completa, consumir muito ou pouco tempo, dependendo da quest’io mé- dica envolvida. Nessa tarefa, podemos nos deparar com algumas dificuldades como por exemplo, termi- nologias especificas, siglas de doencas, exames des- conhecidos ou caligrafias pouco legiveis, Embora saibamos nao ser compuls6rio um pro- fundo conhecimento de algumas situages e termos mais comuns da drea médica pelo psicdlogo, a leitura do prontuério permite que tenhamos acesso a dados mais genéricos sobre a evoluco do paciente, do ponto de vista médico e comportamental. Através do pron- tudrio, ficamos sabendo em que circunsténcia ocor- reu a hospitalizagio (emergencial ou programada), qual o tipo de patologia apresentada pelo paciente (aguda ou crdnica), qual 0 histérico do tratamento (em fase inicial ou jé de longo curso) ou se o pacien- te apresenta algum padrio de conduta que foi identi- ficado pela equipe (muito passivo, queixoso, reivindicador, confiiso, agressivo) no transcurso de sua internagao hospitalar, Por meio do prontuario, é possivel, ainda, a co- eta de alguns dados objetivos do paciente (mimero de registro hospitalar, telefone owenderego para even- tual contato com os familiares ao longo da intema- © oucom prprio paciente, apds sua alta), bem como # obtencdo de informagdes sobre um eventual acompanhamento psicoldgico que tentha sido feito an- teriormente ou que esteja ainda em andamento, ev nesse Ultimo caso, duplicidade de atendi. tos por diferentes profissionai A revisiio do prontuirio ¢ uma atividade que requer a capacidade de organizagdo necessaria a Wnae Lavaa Bauscaro * Sawoea FeRvavnes ne Anox obtengiio de um resultado inteligivel ¢ funcional. Al- gumas pessoas comegam com as anotagdes sobre 0 iagndstico eo prognésti primeiro paraa ¢, outras ainda, itio olhar inicialmente os dados mais recentes de tratamentos, observagées da Enferma- gem ou a prescri¢aio de medicamentos. As vezes, existem anotagdes ou até um resumo completo de outro profissional, o que muito nos auxitia na aborda- gem da situagiio, Depois do atendimento, temos uma idéia mais acurada de qual das informagées é, para nds, a mais relevante, A anotacao no prontudrio No primeiro atendimento é feita uma avaliago inicial coma finalidade de obtermos informagdes es- senciais para a elaboragio de nosso parecer. Este, entio, € registrado no prontudrio, incluindo as reco- mendagdes de manejo do paciente. Porém, existem circunstancias nas quais nao dispomos de dados su- ficientes para um relatério mais completo, particular- ‘mente quando a condigao clinica ou 0 quadro algico interfere significativamente no contato com 0 pa- ciente, De qualquer forma, uma anotagdo deve ser feita no prontuario em qualquer contato com o pa- ciente, ou com seu acompanhante, até mesmo quan- do a entrevista é encerrada por algum motivo extrinseco ao atendimento ou quando pretendemos \, dar prosseguimento a investigagiio, uma vez que esta / é, inclusive, uma das vias de comunicagao da equipe de Psicologia com os demais profissionais. ‘Um cuidado especial ¢ tomado no que concemne as evolugdes em prontuarios que, especificamente em situagio de enfermaria, so continuamente acessados por diversos profissionais. Anotagdes concisas, mas ‘ao mesmo tempo abrangentes, sobre o andamento de umacompanhamento psicologico, privilegiando infor- mages que sirvam como instrumento de orientagiio para o manejo mais otimizado do paciente pela equipe, ‘ao mesmo tempo em que o preservem de uma exposi fio excessiva sobre alguns temas tratados no atendi mento psicolégico, vém sendo uma medida oportuna. \ Otreino da forma e do conteiido dos registrosem pron- \ “ Apniana Thmenxonn + Davasta Acurste nos Saxros tudrios ¢, sem dvida e sem exageros, conforme cons- tatamos habitualmente, uma “arte”, na qual elementos variados, tais como a selegao de dados mais relevan- tes, o respeito pelo sigilo e a necessidade de oferta de informagdes para a equipe necessitam ser pondera- dos constantemente, AA pritica no registro em prontu: mostrando a importancia de selecionarmos criteriosamente certos termos utilizados, sobretudo aqueles que tém um forte potencial de “patologizar” cestigmatizar o paciente. Expressdes tais como “his- jos vem nos pular que em muito se distingue de seu significado técnico, Portanto, a0 nos referirmos, por exemplo, um paciente com tragos histriGnicos, é prefertvel des- crever certas caracteristicas que Ihe so inerentes (sugestionabilidade, puerilidade etc.), tragando um paralelo entre esses atributos e as possiveis conse- giiéncias disso no curso do tratamento realizado, a restringirmo-nos a descrigzio pura e simples de seu diagnéstico. Em situagdo de ambulatério, em geral, osregis- tros podero se dar mais espagadamente ou, em di- ‘versos casos, quando ocorre a conclusio da avalia- fio psicolégica que resulta em um parecer sobre 0 estado emocional do paciente para o qual se requisi- tow atendimento, Contudo, de forma andloga ao que foi dito sobre os atendimentos em enfermaria, procu- ra-se privilegiar os dados que sirvam como subsidio para a equiipe no que tange ao manejo do paciente, a0 longo de seu tratamento. Devemos estar cientes de que, como parti pantes ativos nos tratamentos do paciente, somos co- responsaveis pelo conterido do prontuirio. Sendo cle um documento legal, tomam-se fundamentaisa cla- reza,a objetividade ea veracidade de nossas infor- | mages, aliadas a criteriosa selegdo de dados a se~ rem registrados mais ou menos detalhadamente. A abordagem do paciente Numa situagio ideal, o paciente internado foi nformado sobre avaliagio psicol6gica pelo médico Cavirexo 3 ~ 0 corti vo psteduono xo HosernaL Guna responsavel pelo seu tratamento ou pelo profissional que solicitou o atendimento psicoldgico ¢, portanto, no ficard surpreso quando o abordarmos, Infeliz~ mente, esse nem sempre ¢ 0 caso. O inicio da avaliago é sempre precedido pela apresentagiio do psicélogo ao paciente (nome ¢ fun- iio) pela prestagao de informagées sobre quais os, motivos do atendimento, Esses esclarecimentos sio essenciais para garantirmos o inicio de um bom rela- cionamento com o paciente, esclarecendo diividas (nao éincomum que o paciente desconhega qual 6a nossa fungio em um hospital) e desmistificando cer- tos “tabus” (de que o psicdlogo foi requisitado pela equipe exclusivamente para Ihe dar umanoticia “rum” ouporque esteja “louco”). E importante lembrarmos que, no contexto hos- pitalar de enfermaria, somos nés que vamos ao en- contro do paciente e nao 0 contrario, como ocorre no ambulatério. Portanto, podemos chegar em um momento nao propicio para 0 atendimento, como porexemplo, hora do banho, do curativo, do exame. ‘Nesses casos, optamos por nova abordagem em mo- mento posterior. Se o paciente esta em horario de visita, a inclusdo da familia no atendimento (medida muito titil em casos nos quais se pretende coletar dados colaterais ou observar o tipo de interagao entre a familia e o paciente) ou a opcao pela abordagem individual em momento posterior & visita, so op- Bes a serem consideradas, dependendo da deman- da do caso. Durante os atendimentos poderemos ser sur- preendidos com solicitagdes do paciente que mere- cem cautela de nossa parte para que nao prejudi- quemos a evolugao de seu estado clinico, Ecomum, por exemplo, o doente, mesmo consciente da im- possibilidade, nos solicitar um copo de agua estan- do com proibigao de tomé-la, pedir comida e estar em jejum para algum procedimento, solicitar para que inclinagdo da cama seja ajustada sem ter per- missio médica para isso. Se tais pedidos forem re- correntes, é importante considerar a existéncia de um sentido “latente” nessas solicitagdes: pacientes com dificuldades de adesio ao tratamento podem, tentar“burlar” as recomendag&es médicas, ao m ‘mo tempo em que buscam a cumplicidade do psicé- 48 logo mediante solicitagdes inapropriadas. Outros igntes, demasiadamente dependentes ou manipuladores, fazem sucessivos pedidos ao psies- Jogo, os quais geralmente sio sint6nicos ao seu fun- cionamento psicolégico. Antes de tomarmos qual- quer conduta em relagiio a essas solicitagées, de- vemos consultar o médico ou 0 enfermeiro respon- sdvel para que nos orientem adequadamente. ‘Nao ha uma maneira iinica de conduzir uma entrevista no ambiente hospitalar. Nossa abordagem varia conforme as cirounstincias. A pritica indica que 0 bom senso deve prevalecer no tocante ao es- clarecimento dos motivos da solicitagao de atendi- mento psicologico, junto ao paciente. Por vezes é possivel que se reproduza integralmente o teor do pedido de consulta (ex.: “fui chamado porque a equi: pe que 0 acompanha tem achado que a senhora pa- rece triste, desanimada...”). Em outros casos, quan- do osolicitante descreve o paciente de uma maneira que, se abertamente dita, em nada favoreceria um contato mais produtivo (ex.: “paciente apresentando delirios”, “paciente hostil com a equipe”, “paciente ‘com quadro de somatizagao, sem quaisquerachados clinicos”), 0 esclarecimento do motivo da consulta é atenuado ou descrito de uma maneira mais genética (ex.: “aequipe tem estado preocupada como senhor, com seu estado emocional e por isso solicitou que eu oatendesse”; “seu médico me falou algo sobre a sua situagio, mas eu gostaria de ouvir de vocé”). Quando lidando com pacientes confusos ou psicéticos, a abordagem inicial também deveri ser mudada, Precisamos ser breves e diretos na medida em que seu nivel de atengdo pode nao permitir uma entrevista completa enem mesmo tim rapport ‘Uma situagiio que comumente poder’ interfe~ rir no atendimento é a do paciente que esti com muita dor. A dor prevalece sobre tudo, Isso signiti- ca que, quando o paciente esté obviamente com dor € melhor voltarmos no: da dor, local, duragao e intensidade tentar enten= der o que causa melhiora ou piora. Nosso interesse € preocupagiio nessa area iio permitir que Pross” gamos como atendimento focalizando as quest®es intrapsiquicas que, supomos, estejam correlacions- das a0 quadro algico. pa atengiio paraa natureza Wax Laves nuscaro + Savona Fewvasoes og Avon * ADaIANA Tlansnson * Davitia AcnertE pus Saytos Geralmente, a utilizagiio de pergunt seguidas de outras, mais especific: cional. Tenhamos em mente que seri titil abordar primeiramente a problematica clinica ou cirargica apresentada pelo paciente, mas, na maioria dos ca- sos, nao ha necessidade de desenvolver meticulosa- mente cada sintoma médico, porque isso jé foi feito pelo profissional competente. Ademais, nossa area de interesse incide na abordagem do significado sub- jetivo da condig&io médica apresentada pelo paciente €, para tanto, é mais indicado averiguar qual scu grau de compreensiio ¢ qual o impacto emocional das in- formagoes que Ihe vém sendo prestadas. A investigagao de aspectos emocionais, prioritariamente, nem sempre se mostra a estratégia mais indicada, jé que o paciente nao veio ao hospital para esse tipo de tratamento ¢ est certamente mui- to mais preocupado com a disfungo orgénica que o acometeu. Idealmente, nossas “pontes” para ques- t6es cognitivas, afetivas, emocionais e de comporta: mento serdo nossas observagdes ¢ as associacdes dopaciente, que permitirao.que as assinalemos quan- doo paciente as trouxer ou quando voltarmos a elas num outromomento. Além da avaliagdo da questo que foi objeto da solicitago de nossa intervengaio e da compreensio da demanda mais emergente do paciente, existem aspectos sobre os quais devemos buscar obter algu- mas informagoes adicionais. Determinadas patologias trazem implicagées especificas na satide e na quali- dade de vida dos pacientes que delas sdo portadores. Assim, é interessante que se averigue, por exemplo, se um diabético tem tido adesao a restri¢ao de ag car em sua dietd, se um hipertenso observa pioraem seu nivel press6rico quando se encontra em situagdo de tens%io emocional ou se uma pessoa recém aci- dentada associa o episédio traumatico a algum fato especifico de sua vida que talvez tenha precedido ou precipitado o acidente. ‘Também procedemos a uma breve avaliagiio das fungSes psiquicas ¢ suas alteragdes e péteses diagnésticas que nos indiquem a necessidade ou nao do atendimento especializado da Nao é insélito que o paciente fique incomodado porter que ser avaliado por um psicélogo. Geralmente explicamos que lidamos com pacientes fisicamente docntes, mas que algumas questées emocionais po- derdo estar influenciando o curso de sua doenga e que esperamos compreender o que ocorre, para po- dermos auxilid-to, se houver demanda nesse sentido € desejo de ajuda pelo paciente, Seo paciente nfo deseja falar com o psicélogo, devemos avaliar sua situagio clinica e emocional momentinea para determinar qual a conduta mais adequada. Dizer simplesmente que gostariamos de conversar, mas que ele no precisa dizer nada que niio queira compartilhar pode, em alguns casos, ven- cer essa resistencia. Se a questiio psicolégica nao é urgente (por exemplo, avaliagao de uma longa de- pressio ndio suicida) nfo ha necessidade de persistir. Retornamos em outra oportunidade para nova tenta- tiva de contato, Opaciente pode ou no concordar com o nosso retorno num outro momento, Porém, se a situacdo representar uma emergéncia (por exemplo, idéias de suicidio, uma privagao de dlcool com risco de vida ou recusa cabal do tratamento por depressio), comuni- ‘camos 0 fato equipe e buscamos novas estratégias de abordagem. Em todo caso, quando ha resistencia total do ppaciente ou quando estamos limitados para fazer uma, avaliagdo conveniente, o encerramento do atendimen- to sera registrado no prontuaio, sendo isso notifica- do equipe o mais breve possivel E possivel que um membro da familia esteja acompanhando o paciente na consulta ambulatorial 0 a0 lado do leito quando formos atendé-lo. Os familiares muitas vezes estéio ansiosos para falar, 0 que entendemos como apropriado a situagdo de an- siedade que estio vivendo. Além disso, o paciente pode indicar que gostaria que a familia ou acompa- nhante estivessem presentes durante o atendimen- to, De qualquer forma, precisamos de, pelo menos, algum tempo em particular com ele, para permitit que questdes sensiveis ou embaragosas sejam mais livremente expostas. Assim, quando necessério, in- dicamos que gostariamos de conversar com o pa- ciente a s6s e que esta é a nossa maneira habitual de atuagtio, Depois de realizarmos 0 atendimento individual, poderemos pedir permissdo ao paciente Carino 3 = para conversar com a familia e, dependendo das circunstancias, efetuamos o atendimento conjunto como paciente e o familiar, E claro que, em muitas situagdes, o membro da familia saber de todos os detalhes do caso. Quando isso ocorrer, procuramos averiguar suas impressdes, sentimentos ¢ opinides acerea do adoecimento do familiar enfermo ¢ ouvir sua opinidio sobre o que esta acontecendo com o paciente. Dificilmente encontraremos nas enfermarias um local adequado e reservado para o atendimento de familiares ou acompanhantes. Assim, este pode- ri ocorrerno corredor, em uma sala improvisada, beira ou proximo do leito. Por uma questiio de faci- lidade de acesso para a familia, procuramos priorizar oatendimento em momento proximo ao horario de visitas. Em esquema ambulatorial, o paciente ¢ atendi- do em consultas sucessivas, cuja periodicidade e metodologia (atendimentos individuais, em grupo ou familiar) so definidas pelo proprio psicélogo. Em geral, existe um espaco fisico mais apropriado para o atendimento, fator este bastante facilitador no que se refere a condugio dos atendimentos ¢ no resguardo do sigilo dos assuntos tratados, Diferentemente das enfermarias e da Unidade de Terapia Intensiva, em ambulatério, na maior parte das vezes, o paciente est ciente de que passara por um atendimento especializado com o psicdlogo, pois esta necessidade Ihe foi esclarecida pelo profissional requisitante ou, se isso nao ocorreu, o paciente porta consigo um pedido formal, por escrito, no qual a ava- liagdo psicoldgica foi indicada e sobre a qual, em prin- cipio, tem conhecimento, Sendo assim, instaura-se no contexto ambula- torial situago diversa do que ocorre em ambiente de enfermarias, na medida em que é facultado ao pa- ciente nao hospitalizado a vinda ou nao a consulta como psicélogo. Ou seja, a existéncia do desejo de ajuda pelo paciente pode ser, em contextoambulato- rial, mais fielmente observado. Ainda assim, vale ressaltar a existéneia de situ- agdes de excegdio, como nos casos em que o atendi- mento psicolégico ambulatorial ¢ postulado para o paciente como procedimento compulsério, pelo pro- 50 0 cominano vo vstedu000 no Hoses Gina fissional requisitante, Protocolos de avaliagio para crtos tipos de cirurgias incluem a avaliagdio psicolé- gica como conduta necessdria, sem a qual o paciente nao podera realizar determinado tratamento clinico ou cirtirgico em condigdes ideais, Nesses casos, a abordagem do paciente deverd serespecialmente cuidadosa, requerendo grande habili- dade do psicélogo, uma vez que o individuo, por vezes, comparece ao atendimento visivelmente contrariado (“eus6 vim aqui porque o médico mandou”, “sé mar- quei consulta porque se eu ndio viesse niio seria liberado para. cirurgia”). Além disso, em tais casos, é comum 0 paciente, concebendo que o parecer psicologico possa representar um fator de restrigio ou mesmo de contra- indicago de determinado procedimento médico, sone- ‘gue informagGes preciosas que, no seu entender, pode- riam “reprova-lo” para o tratamento proposto. Oesclarecimento dos pressupostos e da fungdo daavaliagio psicolégica em determinado tratamento é questo de abordagem obrigatéria, se pretendermos garantir a implicagao do paciente no atendimento. O investimento no “vinculo” com o psicdlogo é, talvez, a primeira e mais importante tarefa que devemos levar a cabo em tais casos. Da qualidade desse rapport dependerdio muitas das ages empreendidas junto a0 paciente, ao longo de seu tratamento. Etica profissional e sigilo Uma questio preponderante da Psicologia no trabalho em equipes multiprofissionais diz respeito a0 sigilo que protege todo 0 conhecimento obtido pelo psicdlogo no exercicio da sua atividade profissional. Como o trabalho multiprofissional supde a ago do psicdlogo vinculada A dos outros profissionais das equipes, fornecemos, de acordo com o Art, 23° do Cédigo de Btica Profissional do Psicélogo (CRP, 1997), os resultados das avaliagdes psicoldgicas e as informagdes necessitias ao esclarecimento das ques- tes que determinaram nossa intervengio, € os orientamos sobre os resultados obtidos, uma vez.que | esses dados visam a promover medidas em benefi- | cio do paciente, Alim disso, podemos tratar dessas {questdes confidenciais dentro da equipe, porque cada _/ Wor Joes Burscaro * Savona Pentanoes pe Anowia * Anntasn Hasenkons * Davteus Ackets® pos Svn08 um dos profissionais envolvidos esti obrigado ao si- gilo por Cédigo de Eetiea proprio da categoria, bem como da pripria Instituigio, A quebra do sigilo ¢ admitida quando, de acordo como Art. 27°, envolver fito delituoso ea gravidade eqiéncias, para.o proprio paciente ow para terveiros, cri, para o psicdlogo, o imperativo de cons- cigneia de denuncié-lo, como por exemplo, no caso de violéncia doméstica, negligéneia e maus tratos, desuas cons, Consideragées finais instituigdo hospitalar, sabiamos, de antemio, que esta era uma tarefa bastante complexa, uma vez que, em uum tinico capitulo, seria praticamente impossivel des- crever toda a riqueza de situagdes e de condutas adotadas em nossa rotina de trabalho. Portanto, é necessério ressaltar aqui que o pre- sente capitulo pretendeu abarcar somente uma parte das vivencias mais corriqueiras de nosso dia a dia. Aiinda que exista uma multiplicidade de experiéncias cuja descrigao mais minuciosa é inviavel, destaca- mos alguns aspectos comuns ao cotidiano de toda a equipe do Servigo de Psicologia, em enfermarias ou emambulatérios e unidades especializadas O trabalho do psicélogo em hospital é sempre, por regra, algo que demanda uma habilidade consi- deravel para 0 manejo de situagdes diversas, que vio ‘muito além do ambito assistencial. Conforme mencio- nado no inicio deste capitulo, ao ingressar na institui- ‘¢do hospitalar, o psicélogo agrega uma “identidade institucional” a sua identidade profissional, além de passara conviver estreitamente com equipes multipro- fissionais. Portanto, nosso cotidiano necessariamen- te deve também contemplar o manejo de uma série de circunstincias nas quais a Instituigio é, por assim BA dizer, a protagonista de nossas agées, seja em uma rotineira discussio de caso clinico que auxilie na to- mada de decisdes, seja na implantago de determi- nado projeto que atenda a certas necessidades institucionais, Oestabelecimento de condutas que norteiam nossa atuagiio, como descrito neste capitulo, foi algo inevitavel, ao longo de nossa historia como Servigoe resulta de um conjunto de ages priticas que se con- solidaram, Entretanto, a diversidade e o ins6lito so também partes integrantes de rotina de uma Institui- Gio de Saiide e, em decorréncia disso, as regras condutas existentes necessitam ser continuamente avaliadas em sua efetividade. Novas situagdes sempre se apresentam, pedin- do de nds versatilidade e flexibilidade constantes. Considerar essa realidade significa evitarao maximo a banalizagao ¢ a acomodacdo das ages empreen- didas em nosso cotidiano, Complexo e multifacetado, o trabalho do psicé- logo no hospital é, por vezes, dispendioso emocional- mente, mas também muito gratificante, Demanda investimento constante no aprimoramento pessoal e profissional, desenvolvimento da atengao, da sensibi- lidade e da capacidade para lidar com as situagies de forma criativa e eficaz, Referéncias bibliograficas (CONSELHO REGIONAL DEPSICOLOGIA 6*REGIAO- CRPO6 ~ Manual do CRP-06. Cédigo de Etica Profissional do Psicélogo. Sio Paulo, 1997, HELLER, A.~ 0 Cotidiano e a Historia, Paz e Terra Siio Paulo, 1999, MARTINS, J. S.~O Senso Comum ea Vida Cotidiana. Tempo Social — Revista de Sociologia da Universidade de Sio Paulo, 10(1):1-8, 1998, I Edigio 2004 iditores yriam Chinalli Ingo Bernd Giintert eM) torial Iva Assistente Sheila Cardoso da § Revisio Julicin Miguel Barbero Fuks Produgio Grafica & Capa Renata Vieira Nunes Foto de Capa Toshio Mochida Editoragao Eletrénica Valquiria Kloss Dados Intern: de Catalogagiio na Publicagio (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasi ‘A pritica da Psicologia Hospitalar na Santa Casa de Sao Paulo: novas paginas em ‘uma antiga histéria / Wilze Laura Bruscato, Carmen Benedetti, Sandra Ribeiro de Almeida Lopes — Sao Paulo: Casa do Psicélogo®, 2004. Varios autores, Bibliografia, ISBN 85-7396-403-0 1. Hospitais — Aspectos psicolégicos 2. Medicina e psicologia 3. Santa Casa de Misericérdia de Sao Paulo—Histéria I, Bruscato, Wilze Laura Il. Benedetti, Carmen IIL. Lopes, Sandra Ribeiro de Almeida. 04.8355 CDD-362.11019 ; Indices para catalogo sistematico: 1. Psicologia hospitalar: Santa Casa de Misericérdia de Sao Paulo: Bem-estar social 362.1019 2. Santa Casa de Misericdrdia de Sdo Paulo: Psicologia hospitalar: Bem-estar social 362.1019 Impresso no Brasil Printed in Brazil Reservados todos os direitos de publicagdio em lingua portuguesa & PAA ‘ EZ a do Psiedlogo® Livraria e Editora Ltda. G mere Coelho, 1059 Vila Madalena CEP 05417-011 Sao Paulo/SP Brasil (11) 3034,3600 E-mail: casadopsicologo@casadopsicologo.com.br

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