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O livro ‘O fio das palavras’ de Luiz A. G.

Cancelio, traz o caso de João que chega ao


consultório deslocado de seus sentimentos, dizendo estar sentindo um mal estar, muito
remetente a uma questão incongruente, ao qual seus sentimentos parecem não estar de
acordo com suas expressões e seus atos diante dos contextos e relações com o mundo e
com os outros. Será dentro da relação terapêutica que João será mobilizado e desafiará o
terapeuta ao ponto que seu processo seja sempre instigado e experimentado de
diferentes óticas, pelas amplas oportunidades ao qual o trabalho terapêutico permitirá.

Logo de início João lança o desafio ao terapeuta “ Duvido que você descubra o que eu
tenho”, não só pelo diálogo, mas pela expressão do corpo, por um olhar desafiador que é
percebido pelo terapeuta . Este, utiliza do espelhamento para lidar com as expressões de João
que ainda não são reconhecidas, leva luz a elas e também destaca a importância atribuída a
esse corpo, esse sistema que não é dicotômico ( mente e corpo), é flúidamente energético por
si, por isso pode por vezes não ser percebido como um todo em suas manifestações. Sendo
assim, busca indagá-lo por um ponto de singularidade quando pergunta “ é comum você fazer
isso(a expressão) com outras pessoas?”.

Esse terapeuta terá como função o cliente que irá relacionar suas memórias e suas
experiências, assim, iluminando pontos escuros ao seres trazidos por João, então esses
fenômenos percebidos de forma apropriada e agora iluminados para que se mostrem, como
as alterações de voz; respirações profundas; palavras trocadas e as colocações do psicólogo ao
iluminar esses fenômenos, como no exemplo do livro: “esse ponto lhe sugere alguma coisa? ”
percebi que você sentiu algo, quer falar?”. Sendo assim, fazendo acessar seu mundo interno,
ressurgindo memórias, como as da casa dá avó de João, que vai colocando isso de modo cada
vez mais particular. Em relação a essa particularidade do mundo do cliente, a paciência e a
cautela do terapeuta estabelecem a relação terapêutica que firmam seus fins de desabrochar
a confiança e a potencialidade desse cliente que pouco a pouco vai se abrindo e colocando
suas verdades, suas histórias, e navegando as infinitas maneiras de acessá-las, senti-las e
contá-las, sempre propondo gerar um efeito, uma transformação como é proposto na relação
terapêutica entre João e o psicólogo “Criamos ali juntos uma nova casa da avó, não mais a
exclusiva de João” No partilhar para com o outro a angústia de João que inicialmente era
bloqueada sob uma perspectiva de quem era sua avó, como foi viver com ela e ao longo do
contato com a duvida, a angústia e tudo aquilo que mobiliza João , sempre, uma nova versão
dos detalhes é atualizada e que assim pode mudar todo panorama da história.

Outro ponto é bem observado, pois nesse desenrolar do fazer da relação terapêutica, destaca-
se a força do estabelecimento do setting. O setting será fundamental pela forte expectativa
que o paciente pode ir a colocar sobre o profissional, sendo assim serão necessárias
demarcações esclarecidas sobre a função, os papéis e o fazer do profissional e daquela
relação. Como é visto no livro, pois o psicólogo não é amigo, nem resolverá e nem poderá
tomar o local das pessoas que João sente necessidade ou falta. Quando indaga ao psicólogo “
a gente não pode ir beber no bar?” pela questão da abertura, da confiança cedida, das
expectativas , de como João gostaria de ser tratado, os ideais de João, então João precisa
separar as coisas, a todos os níveis e nisso o trabalho terapêutico como um todo pode ser um
facilitador a João. Pois a questão dessa escuta, estaria calcada nesse suporte técnico e nessa
experiência humana compartilhada, prestando um tipo de suporte especial a este sujeito.

Levando isso em consideração, o terapeuta sempre incita João a não se distanciar dos seus
sentimentos tanto bons quanto inquietantes, mas de continuar esse movimento mobilizador
de buscar, tentando escapar pontos finais, que assim assumiriam uma posição reducionista,
quando a verdade o movimento se faz na abertura das possibilidades e garantia de sua
continuidade. Nesta perspectiva, o porquê seria como fechar uma situação, como exigir
explicações prontas que finalizassem contextos complexos, sem conclusões com viés de certo
ou errado gerando uma padronização numa história que é tão singular pra ser colocada num
delírio de degradação de si. O trabalho processual entre cliente e sua história, no caso João na
descoberta do que gosta, dos seus sentimentos, de como as coisas aconteceram, se caberão
pelo “como”, assim a verdade de João vem à tona trazendo as várias possibilidades de o que
ele quer e o que pode fazer com isso, seus Fenômenos, sua história, suas relações e seus
sentimentos. Como as descobertas que fez em torno da história da sua avó, junto a todo o
sentimento e os fragmentos de novas perspectivas, João dava um novo sentido a tudo isso,
mas também se angustiava com novas óticas de possibilidade e assim, as vezes caia na dúvida
e na necessidade que alguém o colocasse em certezas compradas, verdades de acalantos,
avaliações sobre suas verdades, tudo para que o processo pudesse parar. No entanto, toda
construção é de João, por mais que cansativa e trabalhosa e também o faça crescer, o torna
livre e responsável, Como é dito em um trecho no livro: “seguindo a direção que para ele fizer
sentido em psicoterapia tenta-se isso.”

Nisso, como desenvolve Rogers em sua abordagem centrada na pessoa, traz na tendência
atualizante em que todos teriam uma tendência ao crescimento, a maturidade e a atualização
das potencialidades por meio de condições dadas, assim o psicoterapeuta, teria essa função de
facilitador para o crescimento e desenvolvimento das capacidades do sujeito, como aquele
que esta lado a lado e não um guia direcionador. Como é dito num dos trechos do livro:

“ser terapeuta se aproxima disso: falar aproximadamente, desta maneira, às vezes, pouco
usual, onde o detalhe frequentemente suplanta o eixo principal do discurso, onde um silencio
pode mudar toda a inflexão de sentido dos acontecimentos, onde um ouvinte desavisado
identificaria um absurdo.” E como justamente o título da história propõem, Confiar-seguir o
fio das palavras ,da “trama que as palavras vão tecendo”.

E neste sentido,como bem colocados os casos de João, em relação aos casos e casos e casos
que memelhoer deveiam.

Criamos situações para a cura vir,perseguimos a cura, criando um ambiente de cura, colocado
trocando os casos que isso ocrreu a cura na vir nos problemas

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