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CENTRO UNIVERSITÁRIO DOS GUARARAPES

JACIARA DANILA DOS SANTOS

MARIA LUÍSA MAGALHÃES LEITE

RESOLUÇÃO DAS PERGUNTAS ACERCA DOS EPISÓDIOS DE “SESSÃO DE


TERAPIA, CHIARA – SESSÕES 1 E 2”

Trabalho ministrado pela Profª. Raíssa Almoedo, da disciplina de Intervenções


Psicanalíticas

JABOATÃO DOS GUARARAPES

2020
1) – Como vocês analisam esse movimento de avaliação, essa entrevista
inicial? Que elementos discutidos previamente a partir dos textos estudados
(capítulo 9, em especial) vocês conseguem identificar? Quais poderiam ser
desenvolvidos de outra forma? Fundamente a sua resposta.

No início do episódio, Chiara chega à primeira sessão mais cedo do que o


esperado e, por causa disso, acaba percebendo que o terapeuta estava meio
desconcertado devido a uma discussão que teve anteriormente, ao telefone. Ao entrar na
sala, já toma liberdade para sentar em qualquer lugar. O psicólogo, no entanto, dá a
entender de forma sutil para que ela se sente no outro cômodo. Logo depois, Caio dá
abertura para Chiara começar a explanar quem ela era e, por meio de uma escuta atenta,
tenta conhecer um pouco a nova paciente.
Ao longo da sessão, o psicoterapeuta começa a colher dados que são importantes
para a Entrevista Inicial, como a experiência prévia da paciente, a qual compartilha
que já havia tentado resolver as suas questões com outros cinco terapeutas; o motivo de
sua procura, que, aparentemente, é para tentar entender o desânimo e o cansaço que
sente em alguns momentos do dia; sua motivação, que é expressa, em geral, no desejo
verbal da paciente de se livrar apenas dos sintomas ou do sofrimento colocado em uma
situação externa imediata.
Segundo Bleger (1971), nos primeiros encontros, nosso propósito é ver como
funciona o indivíduo, e não como ele diz que funciona; assim, devemos deixá-lo tanto
quanto possível à vontade para nos mostrar o seu modo de ser e agir. Por meio disso, é
notável que Caio dá liberdade para Chiara/Joana circular pelo consultório. A
entrevistada tinha a iniciativa, mas existe a ajuda do terapeuta em momentos difíceis;
um aceno de cabeça, um comentário neutro ou uma pergunta, em geral, bastam para
restabelecer uma comunicação interrompida.
Cruz considera que o terapeuta deve abster-se de qualquer intervenção de
cunho interpretativo nessa cirscuntância, visto que ainda não se estabeleceu o Setting.
Aparentemente, o terapeuta criou algumas interpretações a respeito de Chiara, como,
por exemplo, sobre ela estar agindo como se quisesse agradá-lo ou diverti-lo. Porém, ele
pode ter achado válido o uso da interpretação para remover algum obstáculo ou
promover o vínculo entre elementos que estão sendo apresentados e cuja conexão o
paciente não percebe.
Na Avaliação, quando se é identificado pelo menos um conflito focal do
paciente que se expresse por meio de um ou mais sintomas ou padrões de
comportamento nos relacionamentos interpessoais e cause sofrimento, estamos em
condições de indicar a Psicoterapia de Orientação Analítica (POA). A paciente, no caso,
é uma atriz no auge de sua carreira, a qual havia batalhado para estar nesse patamar e,
como consequência, estava colhendo os frutos por meio do reconhecimento da mídia e
das novas oportunidades. Entretanto, apesar de se denominar uma pessoa engraçada e
sempre feliz, queixava-se de sintomas como cansaço e desmotivação.
A sua primeira iniciativa foi fazer uma bateria de exames e checar se havia
algum problema fisiológico, mas não encontrou nada de errado. A partir disso, foi
encaminhada para um psiquiatra, que a diagnosticou com depressão e, dessa forma,
prescreveu alguns psicofármacos para obter o alívio dos sintomas. Por não aceitar o seu
diagnóstico, procurou outras opiniões, diversificando entre Constelação Familiar,
Regressão a vidas passadas, Acumputura, Massagem tântrica, entre outros meios que
poderiam resolver a sua situação conflituosa. No final, aceitou a indicação do seu
psiquiatra para procurar atendimento psicológico, passando por outros quatro
terapeutas, até chegar a Caio.
Ao final da sessão, a paciente interrompe a fala do terapeuta, dizendo que estava
perdendo tempo e que não voltaria mais. Chiara/Joana se levanta e vai até a porta,
seguida por Caio que, nesse momento, relembra o pagamento da sessão. Acredito que,
apesar dele ter feito boas colocações e conseguido bastante informação para
compreender a demanda, algumas questões poderiam ter sido evitadas para que, dessa
forma, a moça finalizasse a sessão pensando na possibilidade de um novo encontro.

2) A partir dessas duas sessões, como você esboçaria o planejamento


terapêutico? Fundamente a sua resposta.

Uma semana depois, mesmo sem confirmar presença de forma antecipada com o
terapeuta, Chiara/Joana regressa ao consultório. Entretanto, Caio afirma que será
preciso fazer uma marcação e que não poderá atendê-la naquele momento, mas, depois
de alguma insistência, ele acaba permitindo a entrada da moça. No início da sessão, ela
explica que retornou por causa de apenas uma coisa que fez sentido durante toda a
sessão anterior, que foi, justamente, quando o psicólogo cita a razão do seu cansaço.
A psicoterapia de orientação analítica é um método terapêutico que compartilha
a concepção de mente da psicanálise, além de se ater ao entendimento do conflito
inconsciente que se manifesta no problema designado. De acordo com Dewald (1972), o
objetivo dessa psicoterapia é a resolução do conflito, o desenvolvimento de novas
formas de adaptação e a reintegração e o amadurecimento da personalidade em qualquer
grau possível para o paciente. Logo, o terapeuta deve buscar ser atencioso no momento
de início do planejamento terapêutico, tendo em vista que, o uso dessa técnica serve
para conduzir o tratamento de determinada maneira.
Segundo Mabilde e Araújo (1990), o planejamento é composto de diagnóstico,
objetivos e manejo, elementos que estão em contínua interação. E que o melhor e pior
resultado do tratamento está na dependência da maior ou menor adequação com que o
terapeuta organiza e executa tais elementos no estabelecimento e cumprimento do
planejamento psicoterápico. A POA contém indicações, contraindicações, alcances e
limites, mas com bons resultados, quando corretamente indicada e trabalhada.
Aparentemente, o foco da demanda de Chiara é o fato dela estar cansada de
precisar ser a “engraçadona” em vários âmbitos da sua vida, principalmente na sua
profissão como atriz comediante. A paciente cita “tudo o que eu vivi me trouxe até
aqui” e o terapeuta questiona, pedindo para ela falar sobre essa questão. A partir disso,
surgem informações acerca do seu contexto na infância, principalmente o familiar, o
qual ela comenta alguns aspectos voltados para a sua mãe. A família de Chiara possuia
dificuldades financeiras e, quando criança, ela era incentivada por sua mãe a participar
de testes para comerciais de televisão, no intuito de garantir uma renda extra.
Além disso, se denominava como uma criança carismática, engraçada e exibida,
o que facilitou na possibilidade de realização de diversos comerciais. Foi questionado se
ela realmente gostava do que exercia ou se, de fato, era algo para agradar a sua mãe.
Chiara respondeu que ser engraçada a tornava especial e, dessa forma, fazia com que as
pessoas gostassem dela. É preciso perceber que, como terapeutas, devemos identificar o
problema do paciente, sua etiologia e suas repercussões e traçar uma estratégia de
abordagem que possibilite alívio de seu sofrimento. Como ensina Valério (1985), uma
psicoterapia não aborda apenas os problemas de uma pessoa, mas também a sua
dificuldade de resolvê-los.
Bom, para iniciar um planejamento terapêutico, é necessário que se leve a
consideração o fato de Chiara ter abandonado um processo terapêutico quatro vezes,
com psicoterapeutas diferentes. Segundo Alice Lewkowicz (1984), ao estudar
interrupções em psicoterapia breve, afirmou que “o abandono pode ser enfocado como
uma compulsão à repetição”. O padrão repetitivo de sua conduta e à evidência de um
conflito inconsciente presente na paciente nos traz a reflexão de que o tratamento de
orientação analítica, de fato, poderá ajudá-la. Ademais, o estabelecimento de um foco,
compreendido como o passo inicial do planejamento, é imprescindível. Etchegoyen
(1990) afirma que o foco é também denominado como o conflito atual, “uma conjuntura
da vida que desequilibrou o paciente e lhe provoca um conflito que não é capaz de
resolver com seus instrumentos comuns”.
Portanto, para atender Chiara/Joana, deve-se delimitar um foco e tentar fazer a
paciente reconhecer o padrão repetitivo de seu funcionamento e se interessar por isso.
Como sugere Cruz (1983), o terapeuta teria que buscar a ansiedade emergente na
sessão. Assim, com ela, talvez se pudesse esboçar uma aproximação por meio da
situação que descreve da mãe. No início do episódio, quando ela estava na sala de
espera, recebe uma ligação da mãe e, por meio do que é dito, percebe-se que a mesma
estava cobrando dinheiro de Chiara. E, ao longo da sessão, menciona que a progenitora
inferniza a vida dela e que só pensa em dinheiro, mas que, apesar disso, a ama. O
terapeuta diz que Chiara toma determinadas atitudes e depois se irrita com as pessoas,
como se não tivesse nenhuma responsabilidade pelo o que está acontecendo. Aborda
que ela é adulta e tem plena capacidade de escolher o que quer ou o que não quer.
Porém, mesmo assim, a paciente escolheu se colocar em uma situação desconfortável,
que era a de ajudar a mãe financeiramente.
Seria possível, então, mostrar o que inconscientemente provoca, ao criar
situações desconfortáveis para agradar os outros a sua volta. Com essa abordagem de
um conflito atual (ainda não percebido como tal), em que o seu papel ativo na
determinação das circunstâncias pode aparecer, também se objetiva aumentar a sua
motivação e seu interesse pelos processos internos que o mantém na condição de vida
de que tanto se queixa. O estabelecimento de um foco com o qual Chiara concordasse
que atendesse a essa concepção possibilitaria que a paciente levasse adiante a
psicoterapia e se beneficiasse dela.
Cruz (1983) enfatiza a necessidade de avaliar as forças em ação na determinação
e na manutenção do problema do paciente, para estudar de que forma e utilizando quais
recursos (interpretações transferenciais, extratransferenciais, confrontações,
intervenções mais diretas ou questionamentos, por exemplo) trabalhar com ele.
Contudo, o planejamento deve ser um processo dinâmico e constante ao longo da
psicoterapia, para não corrermos o risco de lidar com nossos pacientes como se fosse
sempre o mesmo ser, ignorando até mesmo as mudanças ocorridas como resultado do
próprio trabalho psicoterápico.

3) Sobre o contrato: Como vocês construiriam esse contrato? Fundamente a


sua resposta.

Para que o processo terapêutico de Chiara/Joana possa ter início, é necessário


que haja um acordo entre a mesma e o psicoterapeuta em questão. Portanto, a
psicoterapia de orientação analítica tem, como obrigação, o estabelecimento do
contrato terapêutico. De um lado, há uma paciente que busca o alívio do seu
sofrimento psíquico e, de outro, um terapeuta que, de forma sistemática, dispõe-se a
utilizar todos os seus recursos teóricos, técnicos e emocionais para que, juntos, possam
atenuar esse sofrimento. O contrato, no entanto, não é um conjunto de regras pré-
estabelecidas, pois, o modo como ele é sentido ou como são tentadas as suas rupturas
expressa, ao vivo, dados preciosos para a compreensão do paciente.
Primeiramente, deve-se questionar se Chiara terá disponibilidade para manter a
frequência das sessões semanais, tendo em vista que ela possui uma rotina bastante
corrida. Assim, para que se obtenha um local privilegiado para a observação do
inconsciente, é preciso ter uma frequência mínima, de pelo menos uma sessão semanal.
É importante que Caio exponha para a paciente que a duração da psicoterapia não está
apenas ligada a frequência das sessões, mas também que, no intervelo dos dias, existe a
continuidade no que vem sendo tratado.
Além disso, o psicoterapeuta necessita estar ciente das responsabilidades sobre
as sessões, tanto as suas quanto as da paciente. Deve existir a combinação de um
horário fixo das sessões e, quando isso acontece, a dupla assume um compromisso
mútuo. As faltas também interferem no andamento do processo, pois promove uma
quebra no “andamento” do trabalho. A quebra também se dá para a mente do paciente,
que perde o exercício de pensar sobre si mesmo. Eizirik (1989) lembra que, nessas
questões de troca de horário, como nas demais, uma atitude flexível, mas não
condescendente, firme, mas não rígida, é recomendável. Examinar as motivações
conscientes e inconscientes antes de tomar qualquer atitude é a conduta mais produtiva.
Os honorários da psicoterapia é uma questão que, segundo Blanck e Blanck
(1983), são a única parte da terapia que legitimamente se destina ao terapeuta, podendo,
então, ser uma via direta de expressão de seus conflitos. Aparentemente, Chiara/Joana
tem uma boa condição financeira e, dessa forma, tem a possibilidade de arcar com o
padrão dos honorários de Caio. Caso as condições econômicas da paciente vir a se
modificar, o valor dos honorários poderá ser redescutido. A data do pagamento, pelo o
que foi visto nos episódios, estava sendo feita a cada final de sessão. Entretanto, ela
pareceu não aprovar o valor das sessões e, por causa disso, o terapeuta deve entender
que o momento do pagamento também evidencia que esta é uma relação profissional e
assimétrica, além da necessidade e da dependência do outro, provocando, muitas vezes,
sentimentos hostis no paciente.

4) A partir da leitura do capítulo 12 (setting), responda: Como vocês


percebem a neutralidade (função), o anonimato e a abstinência? E a questão do
setting? Como se dá nesse contexto?

Bom, ao longo das duas sessões, pôde-se perceber certa neutralidade advinda do
terapeuta. Antes do início da primeira sessão, Chiara/Joana chega mais cedo do que o
horário combinado e, por conta disso, acaba escutando uma possível discussão de Caio
ao telefone. Quando ela entra na sala, pergunta sobre a briga e supõe que envolvia a
sogra do psicoterapeuta, que dá uma resposta neutra e encerra o assunto. Por meio dessa
atitude, compreende-se que ele entende a importância da neutralidade no setting
terapêutico.
Diante disso, é preciso considerar os inúmeros fatores capazes de perturbar o
bom desempenho técnico do psicoterapeuta e, por esse viés, ter conhecimento de que
essas atitudes não resultam apenas do conhecimento intelectual, mas sim da
estruturação da sua personalidade prévia com traços caracterológicos
predominantes, ou das alterações profundas ocorridas no decorrer de sua análise
pessoal. Ao propor análise pessoal para todo aquele que pretendesse praticar a
psicanálise, Freud acreditava que o terapeuta ficaria liberado de qualquer influência
negativa que pudesse exercer no curso do processo terapêutico.
Há um momento, durante a sessão, que a paciente tenta, de certa forma, seduzir
em tom de “brincadeira” o psicoterapeuta. O mesmo se mantém sério e não comenta
nada sobre o ocorrido. Entretanto, em outros momentos, Caio solta sorrisos leves
durante a fala de Chiara/Joana. Assim, a neutralidade absoluta durante o processo
psicoterapêutico é, de fato, um ideal impossível de se atingir. De acordo com Gill
(1954), a neutralidade não significa que o analista seja um pedaço de madeira sem
espontaneidade. Não significa que ele não pode rir de uma piada, ou fazer uma, ou
mostrar irritação, ou ter lágrimas nos olhos quando o paciente relata uma situação
comovente. Essa neutralidade não está em contradição com o sentimento de
benevolência amistosa do analista em relação ao seu paciente.
Através da ampla revisão de Eizirik (1992), sobre o tema neutralidade, ele
afirma que a neutralidade analítica é a posição, tanto comportamental quanto emocional,
a partir da qual o analista, em sua relação com o paciente, observa, sem perder a
necessária empatia, mantendo certa distância possível ao material do paciente e à sua
transferência, aos seus próprios valores, às expectativas e pressões do meio interno
e externo, às teorias psicanalíticas e à contratransferência e a sua própria
personalidade.
Em meio à neutralidade, podemos adentrar no conceito de abstinência, o qual é
conceituado por Laplanche e Pontalis (1970) como o princípio segundo o qual o
tratamento psicanalítico deve ser conduzido de tal modo que o paciente encontre o
menos possível de satisfações substitutivas para os seus sintomas. Implica para o
analista a regra de se recusar a satisfazer os pedidos do paciente e a desempenhar
efetivamente os papéis que este tende a impor-lhe. O princípio de abstinência pode, em
certos casos e em certos momentos do tratamento, especificar-se em indicações relativas
a comportamentos repetitivos do indivíduo que dificultam o trabalho de rememoração e
de elaboração.
Na segunda sessão, um exemplo claro de abstinência é quando Chiara/Joana
aparece ao consultório de Caio na segunda-feira, mesmo sem ter confirmado a sua
presença. Logo, o psicoterapeuta diz que não poderá atendê-la naquele momento e que
será preciso a marcação da consulta. A paciente insiste, dizendo que precisa conversar
com alguém, e ele acaba permitindo. Existe a necessidade de que, em um processo
terapêutico, o terapeuta tenha certa mabeabilidade em algumas situações. Não deve criar
obstáculos, mas também não deve satisfazer todas as vontades dos pacientes.
Em relação ao anonimato, é importante que se entenda que o terapeuta nunca
conseguirá evitar que possíveis informações adicionais cheguem aos ouvidos dos
pacientes. É comum o despertar da curiosidade de poder conhecer melhor aquele
indivíduo que tanto sabe das nossas questões e que, de certa forma, acaba nos
inspirando. Porém, a manutenção adequada do anonimato só trará benefícios ao
prosseguimento do processo. Segundo Greenson (1984), quanto menos o paciente sabe
sobre o analista, tanto mais fácil lhe será preencher os espaços vazios com suas próprias
fantasias. Além disso, quanto menos o paciente souber realmente sobre o analista, tanto
mais fácil será para o analista convencer o paciente de que suas reações são
deslocamentos e projeções.
No início da segunda sessão, a paciente começa a perceber determinados
detalhes do consultório de Caio, fazendo comentários e perguntas sobre a sua
personalidade. No entanto, ele se mantém neutro e evita respondê-la. A manutenção
correta do anonimato deve ser algo difícil de manter, mas não é recomendável, por
exemplo, que o terapeuta mantenha uma postura rígida de não informar absolutamente
nada, mas é preciso ficar atento ao outro extremo, ou seja, a falsa liberdade de muito
informar, com o objetivo de tornar a relação terapêutica amigável e descontraída.
Por último, sabe-se que o processo de toda terapia psicanalítica deve acontecer
em um ambiente especial. Não apenas na questão física, mas na emocional. O espaço
precisa estar apropriado para uma experiência nesse sentido. O Setting é visto como a
soma de todos os procedimentos que se organizam e possibilitam o processo
terapêutico. Logo, abrange o conjunto de regras, de atitudes e combinações que estão
contidas no contrato analítico; além de proporcionar ao paciente, através da relação
transferencial, o depósito de suas angústias.
Acredito que, por meio dos dois episódios assistidos, houve certa distância e
frieza por parte de Caio em alguns momentos. Mas, também, ele explanou para paciente
o quanto estava interessado em ouvir as suas questões. O seu desempenho pode ser
melhorado para que, dessa forma, possa encontrar a neutralidade na relação terapêutica.
O terapeuta precisa assumir uma postura neutra, pois, as aparentes contradições da
atividade psicoterápica podem deixar de ser apenas aparentes. A partir disso, o rumo
que o tratamento pode tomar é incerto e duvidoso, comprometendo a ambos, paciente e
terapeuta. Tendo esses pontos em mente, o Setting deve ser preservado, porque tudo o
que acontecer ao longo do processo será por conta dele, ou seja, o Setting instituído
garante eficácia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

EIZIRIK, Cláudio Laks; DE AGUIAR, Rogério Wolf; SCHESTATSKY, Sidnei S.


Psicoterapia de Orientação Analítica: fundamentos teóricos e clínicos. Artmed
Editora, 2015.

SILVA, Carla. Psicanálise na prática – O Setting – Parte 1. 2017. (10m18s).


Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Y43MO0GyHkY&t=506s>.
Acesso em: 07.04.2020.

SILVA, Carla. Psicanálise na prática – O Setting – Parte 2. 2017. (6m19s). Disponível


em: <https://www.youtube.com/watch?v=sr5Yw_qbTa8>. Acesso em: 07.04.2020.

ZIMMERMAN, David. Fundamentos Psicanalíticos: Teoria, prática e clínica.


Artmed Editora S.A, 1999.

ZIMMERMAN, David. Manual de técnica psicanalítica. Artmed Editora S.A, 2004.

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