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CURSO DE PSICOLOGIA
BEATRIZ PORTELA
SOPHIA AZUCENNA
2021
1. HISTÓRIA DE VIDA: TED BUNDY.
Theodore Robert Bundy ou apenas Ted Bundy era um norte americano nascido
em Burlington, no dia 24 de novembro de 1946. Segundo ele, sua vida e toda a sua
história era perfeita e muito bem traçada, o que não sabíamos é que, por trás de um belo
rosto e de um grande intelecto, existia uma mente extremamente perigosa. Antes de
chegarmos nesse ponto, vamos falar um pouco sobre Ted Bundy para que, assim,
possamos entender a sua natureza sombria e até as suas motivações para os crimes
cometidos.
Ted foi criado pelos seus pais juntamente com a sua irmã e, durante a sua
infância, presenciou sua mãe ser vítima de uma intensa violência doméstica. Ao longo
de sua vida, ele sempre conviveu em um ambiente familiar que escondia uma situação
que pode ter sido uma das principais motivações para sua natureza violenta: as pessoas
que se diziam seus pais, na verdade, eram os seus avós e a sua irmã na verdade era a sua
mãe. Agressões físicas e verbais faziam parte da rotina familiar e, visando evadir-se
desse contexto truculento, Louise casou-se com John Culppeper Bundy, mudando-se
para outra cidade e levando, junto com o casal, o seu filho biológico Ted - na época
com cinco anos de idade. Não faltaram esforços para o padrasto de Bundy tentar
aproximar do menino, mas Ted não aceitava o fato de ter sido separado dos seus
“pais” para viver com a sua “irmã” e, por isso, nunca deu abertura para John.
O motivo de a família ter omitido a realidade para Ted pode ser contextualizado
a partir do momento em que a sua mãe engravidou de um militar das forças aéreas
americanas, o qual nunca assumiu a paternidade do garoto e, por causa dos costumes e
preconceitos da época, uma mãe “solteira” era considerada a vergonha da família. Dessa
forma, os avós decidiram assumir total responsabilidade e criar Ted como se fosse um
filho adotivo.
Durante a sua infância era considerada uma criança tímida, solitária e bastante
insegura. Passava o tempo cuidando de seus irmãos mais novos e torturando animais -
comportamento juvenil comum entre psicopatas. Sofria bullying na escola onde
estudava, mas, apesar disso, mantinha uma desenvoltura acadêmica brilhante: era o
melhor aluno do colégio. Com o passar dos anos, passou a ser considerado por seus
conhecidos como um rapaz inteligente, educado e elegante. Trabalhou desde cedo,
apesar de nunca ter mantido estabilidade em seus empregos.
¹ De acordo com Rámila (2012), grande parte dos assassinos em série age seguindo o chamado modus
operandi, ou apenas M.O. O modus operandi é literalmente a forma de agir do criminoso, ele é formando
através de uma análise completa do local do crime, escolha e forma de abordar a vítima, arma utilizada e
modo de cometer o assassinato. Todo assassino em série possui um M.O, mesmo ele sendo mais
arquitetado em alguns casos e mais desleixados em outros, isso depende muito da natureza psicológica do
criminoso.
O serial killer foi julgado em diferentes tribunais nos estados da Flórida, Utah e
Colorado. Em todos os julgamentos, ele foi o principal responsável pela sua defesa. A
imprensa de diversos países acompanhou de perto o caso: as evidências apontam para
Bundy, mas não eram tão contundentes quanto a polícia acreditava. No entanto, sua
arrogância e inexperiência como advogado não o ajudaram. Ted Bundy então foi
julgado e condenado à morte na cadeira elétrica – a execução estava marcada para o dia
24 de janeiro de 1989. No lado de dentro da Prisão Estadual da Flórida, Bundy fazia
sua última refeição: filé, ovos, purê de batata e café. Porém, ao lado de fora,
aproximadamente duas mil pessoas cantavam, dançavam e soltavam fogos de artifício
aguardando ansiosamente a execução. Em placas, cartazes e camisetas eram vistas
frases como “Fry, Bundy, Fry” e “Barbecue (Churrasco de) Ted”. Foi criado até
mesmo um neologismo para a ocasião, unindo-se o termo “Fry” (fritar, em inglês, em
referência à cadeira elétrica) e “Friday” (sexta-feira, em inglês, em referência ao dia
da semana que ocorreu a execução): “It’s Fryday, TED!”
Antes de morrer Bundy pediu desculpas a sua mãe por toda dor que estava
fazendo-a passar. Ironicamente a pessoa que girou a chave da cadeira elétrica na
execução de Ted Bundy era uma mulher que tinha exatamente as mesmas características
de todas as suas vítimas.
2. DADOS DOS SINAIS E SINTOMAS
Ainda segundo a obra documental citada acima, o avô de Ted era um adepto a
pornografia e toda uma gama de revistas pornográficas estava constantemente ao
alcance de todos – incluindo, provavelmente, o próprio neto. Será que, a partir desse
contato precoce com a pornografia – definida como conteúdos que sexualizam e
padronizam as mulheres a determinadas práticas sexuais, muitas vezes violentas – e
também com a constante violência exercida pelo seu avô contra a sua avó podem ter
despertado um desejo sexual reprimido? Por meio das suas condutas violentas, Ted
estuprava e matava as suas vítimas – ou até mesmo o contrário, praticando a necrofilia.
Quais necessidades sexuais ele tinha para chegar ao ponto de sentir prazer com
atos considerados grotescos pela sociedade? De acordo com Klein (1982), o Superego
carrega a função de ser o representante interno das figuras parentais, dos objetos de
identificação e referência da infância, contribuindo para o desenvolvimento do sentido
de moralidade nos indivíduos. Pode-se dizer que o Superego de Ted não tinha estrutura
para evitar os seus impulsos sexuais? O Superego busca bloquear os impulsos advindos
do Id e, a partir do ponto de vista de Hall, Lindzey e Campbell (2000, p. 55), se opõem
fortemente ao que é considerado adequado no âmbito da sociedade, como as satisfações
sexuais e agressivas.
Se formos pela lógica da admiração de Ted pelo seu avô, podemos comparar tal
situação ao termo trazido por Freud (1923-1925/1996), que nos diz que a figura de
identificação ao qual a criança se apega é a figura dos pais. Na sua infância, a função
paterna foi exercida pelo seu avô e, por mais que o padrasto tentasse, era difícil
desvincular a forte ligação entre os dois. Ainda segundo Freud (1923-1925/96), à
medida que a criança cresce:
tal identificação passa a ser com os demais, pessoas que de alguma forma vão
ao encontro dos seus desejos. Como já visto, essas identificações são
importantes para a formação do Superego. A identificação com os primeiros
objetos e com aqueles que serão acrescentados pelo convívio social ajudarão
na estruturação da personalidade de cada um (FREUD, 1923-1925/96).
Além dos traumas familiares, o serial killer também passou por uma experiência
traumática envolvendo o seu primeiro relacionamento e, pelo visto, ele não tinha uma
estrutura psíquica bem desenvolvida para lidar com determinadas problemáticas. O fato
de ele querer se vingar da ex-namorada demonstra uma característica importante da sua
personalidade. Como dito no tópico anterior, não se tem noção do que desencadeou os
primeiros atos violentos de Bundy, mas é bem provável que tal decepção voltada ao
relacionamento – que o deixou em uma depressão profunda – e a descoberta sobre a
realidade omitida por sua família há tantos anos podem ter acarretado uma
desestabilização emocional.
“Quando o código penal diz que, o agente que no momento da conduta criminosa a
cometer conscientemente, responde por seus atos ilícitos praticados, e isso deixa
claro que, quando o agente assume a responsabilidade de um crime e conhece-o
como tal, não pode ser considerado inescusável perante a lei”. (CASOY, 2014).
Ainda não foi criada uma medida terapêutica capaz de mudar a personalidade de
uma pessoa considerada comum e nem tão pouco de um assassino em série, isso é
mostrado ao observarmos o estudo elaborado por Sigmund Freud, o qual constatou que
a personalidade de um indivíduo se forma por volta do quarto ou quinto ano de idade,
ou seja, após esta fase a personalidade já está estabelecida - o que torna difícil muda-la
– e, o máximo que pode acontecer é uma pequena melhora, mas nunca uma mudança
completa. Através deste estudo nota-se que o controle emocional que o assassino em
série passa a adquirir quando está em tratamento ocorre apenas pelo fato deste estar
sendo monitorado e medicado quase que 24h por dia. Velasques (2008, p. 61) diz que:
“Alguns assassinos em série que passaram um período em clínicas psiquiátricas
depois de cometer os crimes ou passaram por tratamentos psiquiátricos foram
avaliados como “curados” e foram postos em liberdade, porém, mataram de novo.
Peter Woodcock passou cerca de 35 anos em um hospital psiquiátrico para
criminosos no Canadá, assim que foi posto em liberdade assassinou outra pessoa e
imediatamente retornou para o hospital judiciário” (VELASQUES, 2008, P. 61).
A ausência dos requisitos mínimos de convivência social é um fator importante e
dificulta todo e qualquer processo de reintrodução na sociedade. O serial killer não
possui valores morais e sociais capazes de garantir um convívio pacífico em sociedade.
A internação em hospital psiquiátrico pode ser fundamental em sua vida, pois além de
proteger a sociedade de um criminoso perigoso e sem controle, ainda proporciona a ele
uma possibilidade de viver melhor com suas limitações psiquiátricas. Sempre que
um serial killer é posto em liberdade tornam a cometer os mesmos crimes, expondo a
sociedade de forma desnecessária a um perigo eminente.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS