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etry O CARNAVAL DAS DIREITAS: O GOLPE CIVIL-MILITAR uando se fala em golpe militar, a imagem da rebeliio dos quartéis tende a se impor na imaginagio do lei- tor: movimentacio de tropas, cerco da sede do poder constitucional, pronunciamentos raivosos das liderangas militares carrancudas, deposicao forsada do presidente eleito, coercio das forcas civis que resistem aos golpistas. Obviamente, nosso golpe teve tudo isso e mais um pouco. Mas ¢ este “pouco” a mais que faz toda a diferenga, transformando o golpe de 1964 em uma complexa trama de engenharia politica. A partir de outubro de 1963, a crise politica engrossou a cons- piracio que ja vinha de longa data ¢ esta, por sua vez, transformou essa crise em impasse institucional. Do impasse a rebeliio militar foi um passo. Mas o levante dos quartéis ainda nao era, propriamente, 0 golpe de Estado. Quando muito foi sua senha. Fato esquecido pela memoria histérica, o golpe foi muito mais do que uma mera tebeliao militar. Envolveu um conjunto heterogéneo de novos € velhos conspiradores contra Jango. contra o trabalhismo: civis Scanned with CamScanner oben mcr sso «militares, liberas ¢ autoriicios, empresitios€ politicos, clase tnédia e burguesia. Todos unidos pelo anticomunismo, a doen, infantil do antirreformismo dos conservadores "As derroras nas batalhas parlamentares de 1963 pelas reforms pactundas no Congreso e pela reromada das rédeas da economia racional parecem ter deixado 0 govern Jango um tanto desnorteado, Presionado & esquerda e& diteita, o presente viu suas margens de rmanobra diminuirem. Em setembro, antes mesmo de o tiltime pro jero de reforma agri ser dereotado no Congest, comesavaa ere poiiconilitar que desgstaria 0 governo eo priprio regime x0 longo dos meses seguintes ‘© mis iniciow quente, com uma greve generalizada em Santos,

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