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Resistência operária e ditadura militar – a atuação dos metalúrgicos na Cidade


Industrial de Contagem/MG

CAROLINA DELLAMORE

Estamos vivendo um momento político importante no Brasil no que tange ao trabalho


relacionado à memória da ditadura militar. A divulgação do relatório final da Comissão
Nacional da Verdade, no final do ano de 2014, foi um importante passo para trazer ao debate
público questões pendentes desde a decretação da anistia e o processo de redemocratização 1.
Novos atores entraram na cena pública e novas narrativas saíram do silêncio. Nesse sentido,
consideramos que a memória dos trabalhadores, a resistência e a repressão sofrida por eles
ainda carece de mais pesquisas no campo das discussões da memória e na produção
historiográfica, pois se no início da década de 1980 houve uma profusão de estudos acerca
principalmente da retomada do chamado movimento operário de massa, influenciados pelo
clima de efervescência da anistia e das greves do ABC paulista, faz-se necessário revisitar
esse objeto, tendo em vista o acesso a novas fontes de pesquisa com a abertura de alguns
arquivos da repressão e o trabalho a partir da história oral com operários, no atual contexto,
possibilitando a ampliação do conhecimento sobre o tema.
Pensando nisso, discutimos nesse trabalho o movimento operário no contexto da
ditadura militar, tendo em vista que este faz parte do conjunto dos movimentos populares que
o golpe, em 1964, tratou de reprimir. Tratamos aqui dos trabalhadores de Contagem-MG, o
impacto do golpe civil-militar na sua organização, a intervenção estatal e a consequente
cassação de suas principais lideranças, a greve de 1968, bem como as mudanças, no
movimento sindical, ocorridas a partir de então. É importante salientar que em todo o país,
logo após o golpe, ocorreu intervenção nas confederações e federações do trabalho e nos
sindicatos. Segundo Jacob Gorender (1987) “de 1964-1970, o Ministério do Trabalho
destituiu as diretorias de 563 sindicatos, a metade deles de trabalhadores da indústria. Das seis


Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), doutoranda em História do PPGH/UFMG, linha de pesquisa:
História e Culturas Políticas. Bolsista FAPEMIG (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais).
Pesquisadora do Núcleo de História Oral da UFMG. Email: carolinadellamore@yahoo.com.br.
1
A Comissão Nacional da Verdade foi criada pela Lei 12528/2011 e instituída em 16 de maio de 2012. A CNV
tem por finalidade apurar violações de Direitos Humanos ocorridas entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro
de 1988. Para mais informações http://www.cnv.gov.br.
2

confederações de empregados, quatro sofreram intervenções. Nos anos 64-65, concentraram-


se 70% das intervenções ministerialistas.” (p.141). Essa postura evidencia já nos primeiros
anos da ditadura militar o propósito de desarticular o movimento operário que havia crescido
muito no Brasil nos anos anteriores.
Os direitos políticos de dirigentes sindicais foram cassados, muitos sindicatos foram
invadidos e grande parte de sua documentação desapareceu. Militantes e sindicalistas foram
presos, torturados, entraram para a clandestinidade ou seguiram para o exílio. “Atenção
especial seria dada pela repressão a qualquer movimento de classe operária em seus locais de
trabalho, ou nos bairros. Fábricas, portos, ferrovias, aeroportos, minas e bairros operários
passaram a ser atentamente vigiados” (GIANNOTTI, 2007, p.184).
Todo um aparato legislativo foi criado de forma a enfraquecer o sindicalismo
brasileiro. Houve modificação na política salarial, o governo transferiu para si o poder de
fixar o índice de reajuste anual dos salários, tirando dos sindicatos as condições legais para
pressionar os patrões. Houve cerceamento do direito à greve, o que na realidade resultou em
sua proibição, tendo em vista que para atender às regras impostas para sua realização era
quase impossível. Além disso, qualquer movimento nesse sentido poderia ser encarado como
crime contra a Segurança Nacional. Outra medida foi a implantação do Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço (FGTS) que colocou fim à estabilidade no emprego e incentivou a
rotatividade, dificultando a organização sindical (FREDERICO, 1987) 2.
O golpe de 1964 seguido da instauração da ditadura marcou um novo momento na luta
dos trabalhadores no Brasil. Em relação à atuação dos trabalhadores, Marco Aurélio Santana
(2008) aponta que de início o que restou, em termos do movimento operário, como
tradicionalmente restava em períodos como esse, foi o trabalho pequeno e silencioso no chão
de fábrica. E foi com esse trabalho no chão de fábrica que os operários de Contagem-MG
foram se reorganizando depois do golpe e da instauração da ditadura militar.
Para isso, os operários, conforme hipótese levantada, constituíram estratégias de
resistência, entendidas aqui, tanto em sua dimensão ativa quanto em sua dimensão passiva

2
A política salarial passou a ser organizada a partir dos Decretos 54.018/64 e 54.228/64, das leis 4.725/65 e
4.903/65 e os decretos leis 15/66 e 17/66. Implantação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) pela
lei 5.170/66.
3

segundo conceito elaborado por Nicola Matteucci (1992)3. Do ponto de vista de uma
resistência ativa, os operários desenvolveram ações na perspectiva tradicional da luta política
como na atuação sindical ou estabelecendo relações com as organizações de esquerda ou
mesmo fazendo parte delas e mobilizando-se para a realização da greve de 1968, movimento
que ganhou repercussão nacional, trazendo, por um lado conquistas salariais para os
trabalhadores de todo o país e, por outro, perseguições e mais repressão aos operários de
Contagem. Já sob a ótica da resistência passiva, promoveram sabotagens na produção,
pequenas paralisações e as chamadas “operações tartaruga”. A essas formas de resistência
passiva foram se somando novas formas de agregação e participação dos operários,
possibilitando a articulação do âmbito trabalhista às reivindicações por melhores condições de
vida, ao mesmo em que se mobilizavam contra a política econômica imposta pela ditadura
militar.
Contagem, município pertencente à Região Metropolitana de Belo Horizonte foi
escolhido para abrigar nos anos de 1940 o primeiro parque industrial planejado de Minas
Gerais. Batizado de “Cidade Industrial” sua inauguração se deu em 1946, entretanto sua
consolidação como importante polo da indústria só veio a ocorrer nos anos de 19604. A
Cidade Industrial de Contagem atraiu operários, migrantes de várias partes do país e do
interior de Minas Gerais em busca de trabalho. No espaço racionalizado do parque industrial a
realidade para os operários foi marcada por baixos salários, longas jornadas de trabalho,
péssimas condições de higiene, insalubridade, controle e vigilância, problemas esses
enfrentados com luta e organização. Aos poucos foi se formando uma classe operária na
Cidade Industrial e uma parte desses trabalhadores passou a se organizar nas representações
sindicais que foram se constituindo na região, entre os anos de 1950 e início dos anos de
1960, tornando-se uma força importante na luta pelos direitos dos trabalhadores.

3
O autor elabora esse conceito para analisar os movimentos de oposição à ocupação nazi-fascista na Europa.
Entretanto, considero pertinente utilizá-lo para pensarmos a resistência no período da ditadura militar no Brasil.
Para discussão mais detalhada do conceito consultar o verbete “resistência”, elaborado por Nicola Matteucci para
a obra BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de Política. Brasília:
Edunb, 1992. p.1114-1116.
4
O parque industrial de Contagem foi construído em formato de um hexágono, baseado em um projeto da cidade
de Camberra, na Austrália e tinha por objetivo racionalizar o trabalho industrial, concentrando as fábricas no
mesmo espaço.
4

A categoria dos trabalhadores metalúrgicos, por exemplo, junto ao seu sindicato foi
uma das mais atuantes em Contagem. Fundado em 1934, o Sindicato dos Metalúrgicos
estendeu suas bases para a Cidade Industrial em 1957, tornando-se ao longo da década de
1950 e da primeira metade da década seguinte uma das principais entidades de trabalhadores
de Minas Gerais, participando e debatendo questões trabalhistas e sociais de caráter local e
nacional e liderando movimentos grevistas em diversas fábricas da região.
Essa postura de algumas lideranças do Sindicato dos Metalúrgicos foi combatida
logo após o golpe civil-militar de 1964 com intervenção imediata da entidade, cujo objetivo
era “o saneamento moral da entidade”5.
Ênio Seabra, integrante da Ação Popular (AP) e uma importante liderança da época e
presidente em exercício do Sindicato dos Metalúrgicos, conta em entrevista que depois de
saber do golpe se dirigiu até o sindicato. Ao chegar na sede da entidade se deparou com um
coronel que disse que a partir daquela data, estava à disposição para colaborar com o sindicato
e ainda pediu dados de fichários de associados e outras informações.

Bom, eu mantive calado; não disse para ele nada, que ia fornecer ou não. Mas,
depois que ele saiu eu fui ao Delegado do Trabalho que era Onésimo Viana e
conversei com ele. Que eu, como vice-presidente, estava em exercício, não ia
fornecer dados nenhum para ninguém. Poderia fornecer alguns dados para o
Delegado do Trabalho, que era ele, porque algumas coisas eram de lei. Agora, se
ele tivesse que botar intervenção que pusesse, porque eu não ia dar dados nenhum
para o Coronel, não ia fornecer nada para ele6.

Não demorou muito tempo para que a direção do sindicato fosse destituída. Em seu
lugar assumiu uma junta governativa nomeada pelo Delegado Regional do Trabalho7. Para
surpresa dos membros do sindicato, o presidente da Junta, era Onofre Martins Barbosa, antigo
presidente da entidade que havia se licenciado do cargo em novembro de 1963, alguns meses
antes do golpe. Pesava sobre Onofre Martins diversos questionamentos de seus companheiros
de diretoria e de trabalhadores acerca da sua relação com a Delegacia Regional do Trabalho e

5
Expressão utilizada pelo interventor Onofre Martins Barbosa na Ata da Primeira reunião da Junta Governativa
do sindicato, 17 de abril de 1964. f.1.
6
Ênio Seabra. Entrevista realizada por Michel Le Ven e Marluci da Silva C. Moreira para o Projeto Integrado
Memória e História: Visões de Minas do Programa de História Oral do Centro de Estudos Mineiros da Faculdade
de Filosofia e Ciências Humanas – UFMG. Belo Horizonte, 08 a 22 de novembro de 1995.
7
Segundo consta na Ata da Primeira Reunião da Junta Governativa do sindicato, de 17 de abril de 1964, f.1.
A Junta Governativa foi nomeada pela Portaria nº 989 emitida pelo Delegado Regional do Trabalho, Onésimo
Viana.
5

empregadores das fábricas da Cidade Industrial, cujos operários eram atendidos pelo
sindicato8. Ênio Seabra conta ainda que chegou a ir à Delegacia Regional do Trabalho
questionar o delegado sobre a indicação de Onofre Martins Barbosa e recebeu como resposta
que a nomeação teria sido uma ordem do alto comando militar9.
A Junta Governativa assumiu a direção do sindicato em 17 de abril de 1964, deixando
registrado em ata que nenhuma iniciativa seria tomada “com relação aos interesses da classe,
antes das instruções superiores, que estão sendo aguardadas do Comando Geral
Revolucionário e do Sr. Interventor Regional do Trabalho de Minas Gerais”10. A principal
preocupação do sindicato passou a ser a ampliação da assistência médica e jurídica da
entidade a seus associados e a realização de horas dançantes em sua sede. Outro aspecto a ser
destacado foi a constante participação de representantes da Junta em cursos de formação de
sindicalistas, realizados pelo Instituto Cultural do Trabalhador, órgão ligado ao Instituto
Americano para o Desenvolvimento do Sindicalismo Livre (IADESIL) e financiado pelo
governo dos Estados Unidos, pela AFL-CIO e grandes corporações norte-americanas
(CORRÊA, 2013).
Os interventores da Junta permaneceram no sindicato até meados de 1965, mas não
sem oposição, conforme registros em atas, chegando o presidente Onofre Martins Barbosa a
cogitar renunciar ao cargo. Em 27 de agosto de 1965, com o objetivo de dar legitimidade aos
dirigentes da entidade, a Delegacia Regional do Trabalho autorizou a realização de eleições.
Entretanto a nova Diretoria empossada para o biênio 1965/1967 não tinha nada de nova, pois
era composta pelos antigos membros da Junta.
Diante disso, entre os anos de 1964 e 1967, a participação no sindicato e a sua
reconquista tornaram-se pontos de honra na luta operária dos metalúrgicos de Belo
Horizonte/Contagem (NEVES, 1994, p.121). Procurando se recuperar do golpe, as lideranças
operárias buscaram organizar os trabalhadores, tanto para reassumir o sindicato quanto, em
alguns casos, entrar para um partido ou organização, trabalho esse realizado de maneira

8
Para o biênio 1963/1965 foram eleitos para a diretoria do sindicato os seguintes metalúrgicos: Onofre Martins
Barbosa - Presidente, Ênio Seabra – Vice-presidente, José Márcio Silva Santos – 1º secretário, Mário Bento da
Silva – 2º secretário, José Pio de Souza – 1º tesoureiro, Antônio Sebastião Costa – 2º tesoureiro, Silvio Alves
Faria - bibliotecário, Sebastião Gonçalves, Pedro Dias e Geraldo Fernandes de Oliveira.
9
Depoimento de Ênio Seabra.
10
Ata da Primeira Reunião da Junta Governativa do sindicato, 17 de abril de 1964, f.1.
6

clandestina. Conceição Imaculada de Oliveira, operária, militante do Partido Comunista


Brasileiro (PCB) e posteriormente da Corrente Revolucionária de Minas Gerais
(CORRENTE), dissidência mineira do PCB, explica como isso se deu:

É, porque o sindicato nessa época tá com interventor, porque aí em 64 o sindicato


tá intervido militarmente, então eles colocam lá depois um civil, mas um civil deles,
né? Então lá no sindicato a gente não podia fazer nada, então todo trabalho que a
gente fazia era no sentido de organizar os trabalhadores, focando pra suprir as
eleições do sindicato. E aquele pessoal que a gente via que era mais organizado,
mais conscientizado, mais avançado, a gente já chamava pro trabalho clandestino,
já chamava pra trabalhar no partido. Então os dois trabalhos iam marchando
juntos, a gente não pode falar, pra ele falar comunista, porque naquela época era
terrível, né? Então eram poucas pessoas que aceitavam a ideia do trabalho
clandestino11.

Era preciso recompor forças e somar esforços para enfrentar a intervenção no sindicato
e a ditadura. Ênio Seabra esclarece como, juntamente com outras lideranças, passou a realizar
o trabalho de rearticulação das bases, reunindo-se em grupos menores, formando as chamadas
“Comissões de Fábrica”:

Olha, devido à situação, começou um pouco a clandestinidade. Porque a situação já


era mais de ditadura e ninguém estava para mostrar a cara. Mas deu para fazer
bastante movimento, deu para trabalhar, distribuir boletins nas portas das fábrica,
orientar os trabalhadores nas portas de fábrica também. Dentro da fábrica ainda
havia uma ... como a gente ainda tinha um certo trânsito, trabalhava também. E foi
integrando, entre uma fábrica e outra os movimentos. Grupos políticos também,
alguns participavam, para ajudar a orientar, de acordo com a visão deles na época.
E fomos assim até uma situação mais [riso] brusca, que já veio em 6812.

Esse trabalho levou à reconquista do sindicato na eleição ocorrida em agosto de 1967.


Disputou a eleição, a chapa azul; da qual faziam parte membros da Junta e era apoiada pelo
Interventor da Delegacia Regional do Trabalho, e, a chapa verde; da oposição sindical, cuja
proposta era a renovação do sindicato, colocado sob intervenção desde 1964. Foi eleita a
chapa verde composta pelos seguintes trabalhadores: Ênio Seabra, Mario Bento da Silva,
Argentino Martins, Renato B. Viegas, Antônio Santana Barcelos, Luís Fernando de Souza,
Joaquim José de Oliveira, José Giordiano da Silva, Conceição Imaculada de Oliveira,

11
Conceição Imaculada de Oliveira. Entrevista realizada por Thiago Veloso e Isabel Leite. Belo Horizonte, 23
de setembro de 2013.
12
Depoimento de Ênio Seabra.
7

Armando Maurilo Souza e João Bleme. Entretanto, Ênio Seabra, cassado em 1964, foi
impedido de tomar posse como presidente do sindicato, tendo seu nome impugnado,
juntamente com mais três companheiros de chapa Mario Bento da Silva, Argentino Martins e
Renato B. Viegas. Em seu lugar, assumiu Antônio Santana como presidente. Conceição
Imaculada de Oliveira rapidamente tornou-se uma referência, ao lado de Joaquim de Oliveira
e Luiz Fernando, pois eram membros mais atuantes do sindicato, com presença constante nas
portas das fábricas (BRANCO, 2008).
Essa “renovação sindical” representou na opinião de Francisco Weffort (1972, p.25),
“uma pequena fissura no dique que por tanto tempo represara as insatisfações produzidas pela
crise”. Nessa época, o sindicato tinha uma formação bastante heterogênea, reuniram-se nele
militantes do Comando de Libertação Nacional (COLINA), Corrente Revolucionária de
Minas Gerais (CORRENTE), Ação Popular (AP), Política Operária (POLOP) e do Partido
Comunista Brasileiro (PCB), juntamente com trabalhadores independentes. Apesar das
divergências ideológicas quanto ao caráter do trabalho junto às bases, Conceição Imaculada
chama atenção para o fato de que as reivindicações eram as mesmas: “Todo mundo estava
contra a lei do arrocho, todo mundo estava contra o FGTS e acreditavam na importância das
Cipas. Todo mundo era contra a ditadura. Aí não tinha divergência”13.
O sindicato então passou a articular seus trabalhos. Ao lado de outros sindicatos
mineiros ainda em 1967 formou uma frente sindical, denominada Comitê Intersindical Anti-
arrocho, oficializada em março de 1968 (MIRANDA, 2008). Entretanto, esse movimento
intersindical não ocorreu sem pressões do Delegado Regional do Trabalho, Onésimo Viana
que seguindo orientações da legislação em vigor, criada pela ditadura, taxava como ilegal a
união de sindicatos de categorias diferentes. Onésimo chegou a solicitar nomes das entidades
participantes das reuniões do Comitê a Antonio Santana, presidente do Sindicato dos
Metalúrgicos, conforme este relatou em reunião da diretoria da entidade, registrada em ata.

13
Comissões Internas de Prevenção de Acidente. A criação das Cipas era uma reivindicação relevante devido ao
número de acidentes de trabalho nas fábricas da Cidade Industrial de Contagem à época. Trecho de entrevista de
Conceição Imaculada de Oliveira, coletada por ocasião da comemoração dos 40 anos da greve de 1968, no dia
23 de abril de 2008, no Sindicato dos Metalúrgicos de Belo Horizonte e Contagem. In: BRANCO, Andréa
Castello. A História contada pelos protagonistas. Teoria e Debate, São Paulo, ano 21, Edição Especial, 2008,
p.14-20.
8

Mas, ainda assim, nessa mesma reunião, a diretoria deliberou pela continuidade do Sindicato
dos Metalúrgicos no movimento14.
Outra ação da nova diretoria do sindicato foi a criação do Jornal “O Metalúrgico” que
se tornou um importante canal de comunicação com os operários. Além disso, os membros da
entidade retomaram o trabalho dentro das indústrias, dando continuidade à organização das
comissões de fábricas. Essas comissões funcionavam de maneira clandestina, orientavam os
trabalhadores dentro e fora das fábricas e distribuíam boletins com denúncias e informações.
Nesse contexto, praticamente todas as fábricas, em alguma medida tinham trabalhadores
organizados em comissões.
As comissões de fábrica eram também chamadas de “comissões de cinco”. Conceição
Imaculada explica como funcionavam e ressalta a importância dessas comissões para o
surgimento e êxito do movimento grevista:

Nessa primeira greve a gente tinha, formava comissões... Tinha as bases do partido que
atuava também e tinha as comissões de fábrica que a gente fazia, a gente criava as
comissões de cinco pessoas, e buscava que as pessoas não se conhecessem muito, daquele
grupo de cinco só aqueles cinco que sabiam [...] Só organizava de cinco em cinco, pra
não... Porque era tudo fechado né? Então aquilo nós fomos... Nessa sessão aqui tem
trezentos trabalhadores, por exemplo. Então eu sei de todos que estão organizados, mas só
sabem cinco cinco e cinco, e todos pensam que são únicos. E a base do partido que tá ali
dentro também ela não faz parte dos grupos de cinco, elas são à parte, mas ela faz um
trabalho também, ela só instiga é aquela pessoa que provoca, mas eles não são da
comissão, porque eles não vai queimar muito, fica mais na retaguarda né? Ele é pra
empurrar. Porque o trabalho sindical, ele pode abrir porque ele não era, era uma coisa
que deveria ser legal, mas não era não, então ele, o pessoal do partido ele atuava tentando
empurrar o sindicato e quem destacava no sindicato vinha pra cá, aí ficava assim nesse
trabalho o tempo todo, então foi montando assim esses grupos de cinco e tudo, que um dia
a gente estourou a greve pela Belgo Mineira.15

Entre 1967 e 1968, as fábricas da Cidade Industrial viveram uma crise, algumas
demitiram um número expressivo de trabalhadores, outras, de menor porte, fecharam devido a
problemas financeiros. Nas atas do sindicato desse período são recorrentes as discussões sobre
indústrias que não estavam pagando em dia seus funcionários ou oferecendo abono ao invés
de aumento salarial, entre outras situações levadas à entidade. Essa situação agravou a

14
Ata da Sexagésima Reunião da Diretoria do Sindicato, 20 de outubro de 1967, f.66-67.
15
Depoimento de Conceição Imaculada de Oliveira.
9

insatisfação dos operários, já prejudicados pelo arrocho salarial e demais políticas econômicas
e sociais da ditadura.
A postura da nova direção do sindicato aliada a todo um trabalho junto aos operários
realizado mesmo antes de abril de 1964 e que teve continuidade mesmo em um contexto mais
difícil com a instauração da ditadura militar, juntamente com o agravamento das condições de
trabalho e de vida levaram a uma grande movimentação dos trabalhadores em 1967 que
culminou com a greve de 1968. Denominado por Francisco Weffort (1972), em um dos
primeiros trabalhados de análise sobre a greve, de movimento de massa espontâneo, ao longo
dos anos essa visão foi sendo questionada pelos próprios protagonistas quando se abriu a
possibilidade desses sujeitos inscreverem suas falas e interpretações acerca da greve de 1968
no espaço público. Ênio Seabra, uma das lideranças da greve fala sobre isso:

Olha, eu estava até de férias. Tanto é que eles falaram que eu tirei férias de
propósito, para poder preparar melhor. Mas não vou dizer que foi muito espontânea
não. A situação estava muito difícil, os salários já tinham caído e havia um certo
movimento, uma certa agitação na época, de grupos também dos próprios
trabalhadores. Porque o sindicato também, como estava na mão de outros, da
chapa que era formada por nós, tinha mais contato com o pessoal, podia dar
melhores informações, distribuir os boletins e mostrar como estava a situação da
época, da ditadura. Com isso houve uns... eles falam espontâneo, mas não foi bem
espontâneo16.

A questão é que assuntos que poderiam comprometer os membros do sindicato como


era o caso de uma greve não eram discutidos dentro da Sede da entidade. Reuniam-se em
casas de operários ou mesmo em igrejas católicas nos arredores das fábricas.
É importante salientar que houve dois movimentos em Contagem, em 1968, a greve de
abril e a greve de outubro.
A primeira greve foi deflagrada pelos trabalhadores da Companhia Siderúrgica Belgo
Mineira, no dia 16 de abril de 1968. Os operários exigiam 25% de aumento imediato sobre o
salário de abril enquanto os patrões ofereciam 10% a ser descontado na data base de outubro.
De imediato “Os diretores da Companhia pediram providências às autoridades, pois
consideraram a greve ilegal”, conforme matéria do jornal Diário17. No dia seguinte ao início

16
Depoimento de Ênio Seabra.
17
Jornal Diário, 17 de abril de 1968, Belo Horizonte.
10

do movimento, a Delegacia Regional do Trabalho decretou sua ilegalidade, com isso outros
trabalhadores também pararam.
A greve ganhou visibilidade, sendo noticiada em vários jornais, obrigando o Ministro
do Trabalho Coronel Jarbas Passarinho a vir a Minas Gerais negociar diretamente com os
grevistas. O Ministro se dirigiu aos operários em Assembleia e colocou a posição do governo.
Sua postura e ameaças diante dos operários e dos representantes dos grevistas e do sindicato
renderam-lhe vaias e a adesão de mais trabalhadores à greve que não se intimidaram e
mantiveram suas reivindicações. No dia 20 de abril foi eleita em Assembleia o Comando de
Greve Unificado cujo Presidente era Ênio Seabra. Em seguida, o Comando produziu um
Boletim Informativo assinado pelos “trabalhadores que se encontram em greve” e dividido em
três partes: “porque estamos em greve”, “porque a greve é um instrumento de luta dos
trabalhadores” e “a luta vai continuar”. No documento, o Comando ainda faz um chamado aos
trabalhadores para que não deixem de comparecer às assembleias e finaliza com as seguintes
palavras de ordem: “Se você não parou, pare agora”18. Em poucos dias, quinze dos vinte e um
mil trabalhadores da Cidade Industrial, estavam parados.
Enquanto a polícia militar ocupava as ruas da Cidade Industrial, tentando impedir a
realização de assembleias e aglomerações operárias, os empresários com a ajuda da polícia
passaram a convocar os operários para retornarem ao trabalho em suas casas sob ameaça de
demissão por justa causa (OLIVEIRA, 2010).
No dia 24 de abril, muitos voltaram ao trabalho, e, no dia 25, em nova Assembleia foi
votado o fim da greve, não era mais possível continuar sustentando o movimento. Foi também
criada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais uma Comissão Parlamentar de Inquérito
para apurar as causas do movimento. No dia seguinte, “A Cidade Industrial amanheceu (...)
em tranquilidade, da greve só sobraram os soldados da Polícia Militar, nas esquinas e em
frente as fábricas que pararam19.”
Para alguns não houve tanta tranquilidade, um dia depois do fim da greve de abril o
presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Antonio Santana, foi preso. Conceição Imaculada
permaneceu dentro do sindicato, até ser resgatada pelo deputado Edgar da Matta Machado

18
Arquivo Público de Minas Gerais. DOPS/MG (Departamento de Ordem Política e Social de Minas Gerais).
19
Jornal Última Hora, 26 de abril de 1968, Rio de Janeiro.
11

que a levou para depor em segurança, sendo liberada em seguida. Ênio Seabra foi perseguido
e preso nos primeiros dias de maio:

eles me prenderam em consequência da greve. Me chamaram lá no DOPS, eu fui


até lá acompanhado de um advogado, mas chegando lá o Delegado do DOPS disse
que eu estava preso, que era uma ordem do Comando do Exército e daquele
momento me manteve encarcerado20.

Entretanto, a solidariedade foi maior do que o medo de que outros operários da fábrica
em que Ênio trabalhava fossem presos. Seus colegas fizeram um movimento na Mannesmann,
sem que ele próprio soubesse, exigindo a sua libertação. Ênio acabou sendo solto em função
disso e quando saiu do DOPS ele lembra-se que “tinha gente cedinho lá em casa para me
buscar para me levar para dentro da Mannesmann: ‘- O pessoal quer ver você lá de qualquer
jeito’. Então eu fui. (...) E os movimentos continuaram, as brigas continuaram até outubro de
68 onde foi o período mais difícil para todos”21.
A greve de abril, em Contagem tornou-se um marco da luta operária no Brasil, no
período da ditadura militar. Em termos de conquista salarial, os trabalhadores conseguiram
10% de abono que se estendeu a todo país. Em termos políticos, mobilizou grande
contingente de trabalhadores da Cidade Industrial, inclusive operários não sindicalizados, mas
que viram nesse movimento um espaço para mostrar sua insatisfação diante da exploração e
do processo de empobrecimento a que estavam submetidos, além disso, operários
questionaram a legitimidade da proibição de greve.
Uma coisa interessante que aparece nas falas dos entrevistados é o intercâmbio entre
os operários de Contagem e os operários de Osasco. Tanto Ênio Seabra quanto Conceição
Imaculada de Oliveira falam da vinda de José Ibrahim, presidente do Sindicato dos
Metalúrgicos de Osasco à Contagem para conversar com as lideranças locais.

Agora, o Ibrahim que era o presidente do sindicato de Osasco, ele esteve aqui em
Belo Horizonte, antes da greve em Osasco. A gente conversou, ele esteve aqui
acompanhado de um outro companheiro. Conversou e pouco tempo depois eles
fizeram a greve lá também22.

20
Depoimento de Ênio Seabra.
21
Depoimento de Ênio Seabra.
22
Depoimento de Ênio Seabra.
12

Então isso foi tão interessante também, porque isso motivou os operários de São
Paulo e de Osasco, fazer a greve em Osasco. E essa greve inclusive, como Minas é
Minas e São Paulo é São Paulo né? A greve de julho de Osasco é até mais famosa
que a nossa de Abril. Tem muito mais coisa escrita sobre a greve de Osasco do que
a daqui. Mas eles, a greve de Osasco vai surgir por causa da nossa. Porque aí o
pessoal vê que é possível né? Porque lá também tava com intervenção no sindicato,
tavam todas essas coisas. Aí o pessoal vê que é possível organizar e tudo. E o José
Ibrahim que tá lá, ele vem várias vezes aqui conversar. Nós nos encontrávamos no
Jardim Zoológico, pra trocar opiniões e tudo. E ele voltava pra São Paulo e foi
organizando. Quer dizer, ele fez em base na nossa experiência 23.

A greve de outubro de 1968, ao contrário do movimento de abril não durou muito


tempo, apenas 24 horas e não conseguiu uma adesão suficiente dos operários. Muitos
operários foram demitidos após o movimento de abril, ao contrário do que havia sido
acordado com o governo e com os patrões e outros vinham sendo ameaçados de demissão por
justa causa desde então. O clima de medo e a vigilância se faziam presentes dentro das
fábricas. O Bodoque, jornal dos operários da Mannesmann, de outubro de 1968, denunciou a
repressão vivida dentro da fábrica, a prisão de participantes da greve e a demissão de
trabalhadores sem os seus direitos. Ao mesmo tempo o Jornal chama para uma manifestação
contra a repressão da ditadura:
Companheiros, esta semana vamos fazer uma grande manifestação, contra a
repressão da ditadura. Nossa classe sofreu e esta sofrendo na carne esta repressão:
- as fábricas foram ocupadas pela polícia da ditadura e aquí na Mannesmann houve
tiros e emboscada e bombas, na madrugada do dia 1º de outubro e depois
continuamos a trabalhar com fuzis nas costas.
- mais de 50 companheiros estiveram prêsos durante a greve e vários ainda estão.
- fomos reprimidos e muitos companheiros foram prêsos quando estávamos
reunidos dentro de uma igreja.
- muitos companheiros estão sendo demitidos sem direitos, porque lutam pelos
nossos interesses24.

Pelas informações do Bodoque ficou claro que a greve de outubro de 1968 veio
acompanhada de uma repressão ainda maior que a de abril. Os trabalhadores dessa fábrica não
tiveram chance de iniciar a paralisação, pois foram surpreendidos antes pela polícia. Essa
situação se repetiu em outras fábricas. Além disso, os líderes do Comitê de Greve, incluindo o

23
Depoimento de Conceição Imaculada de Oliveira.
24
Bodoque, Ano I, nº6, outubro 68. O Bodoque foi um jornal clandestino produzido pelos operários da
Companhia Siderúrgica Mannesmann. Arquivo Público de Minas Gerais. DOPS/MG (Departamento de Ordem
Política e Social de Minas Gerais). Pasta: 0905, rolo 025, out. 1968 - fev. 1969, documento 9.
13

padre local, foram presos imediatamente, dentro de uma igreja do bairro Inconfidentes,
localizada nas proximidades da Cidade Industrial.
Essa repressão evidencia que a ditadura não ia dar espaço para que um novo
movimento de proporção igual ou superior ao anterior pudesse surgir como reforça Ênio
Seabra: “No mesmo ano de 68, em outubro, nós preparamos para uma outra greve, mas não
nos preparamos para enfrentar [riso] batalhão militar, contingente militar. Nós estávamos
preparados para uma outra greve, agora, a polícia preparou para dissolver a greve25.”
Em documento do acervo do DOPS/MG pode ser visto um ofício expedido pelo
Delegado Regional do Trabalho de Minas Gerais ao Secretário de Segurança Pública do
Estado, que data de 1º de outubro de 1968, solicitando providências para instaurar processo
criminal contra os responsáveis listados pela eclosão do movimento com base na Lei de
Segurança Nacional. Na lista consta o nome da vários membros da diretoria do sindicato, bem
como algumas lideranças operárias que haviam participado também do movimento de abril26.
Diante disso, o sindicato sofreu nova intervenção da Delegacia Regional do Trabalho.
A diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos foi destituída e não pode terminar seu mandato. As
lideranças identificadas no ofício supracitado foram demitidas e não conseguiram empregar-
se em outras fábricas da Cidade Industrial.
Nos anos que se seguiram às greves de 1968, a repressão se intensificou em todo o
Brasil, com a decretação do AI-5 em dezembro desse mesmo ano. Na Cidade Industrial não
foi diferente. Aliada à repressão da ditadura estava a repressão e a vigilância das fábricas
sobre os trabalhadores. Tornou-se comum, ao empregar um operário, as fábricas
encaminharem ofício ao DOPS com lista anexa constando os dados do funcionário para
facilitar a “verificação de possíveis ocorrências desabonadoras registradas nos arquivos dessa
Delegacia”27. Em poucos dias recebia o retorno do DOPS e a contratação era finalizada ou
cancelada. Além disso, havia a presença constante da polícia militar e de agentes do DOPS
dentro das fábricas, inclusive exercendo função de vigilantes.

25
Depoimento de Ênio Seabra.
26
OF. GDR 159/68. Arquivo Público de Minas Gerais. DOPS/MG (Departamento de Ordem Política e Social de
Minas Gerais). Pasta 0346, rolo: 022, mar. 1966 - ago. 1975, documento 81.
27
Trecho de documento. Arquivo Público de Minas Gerais. DOPS/MG (Departamento de Ordem Política e
Social de Minas Gerais). Pasta 0947, rolo 025, mai.1972 - nov.1972.
14

Mesmo nesse contexto de repressão e exploração e sem o apoio do sindicato, muitos


trabalhadores, apesar do medo e da demissão certa, buscavam organizar-se minimante junto
aos demais, escrevendo abaixo-assinados à diretoria da empresa relatando as condições de
trabalho, realizando operações tartaruga para pressionar por aumento de salários, dentre outras
formas.
O movimento operário em Contagem teve continuidade, de forma clandestina e
fragmentada, já que não havia espaço para a luta direta, mas feito de pequenas vitórias diárias.
“É de pequenas vitórias assim que pouco a pouco se prepara a grande vitória da classe
operária. (...) Importante é conseguir sempre alguma vitória para os companheiros nunca
desanimarem” (HERNANDEZ, 2004, p.35).

Referências Bibliográficas

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Paulo, ano 21, Edição Especial, 2008, p.14-20.

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Estados Unidos na ditadura civil-militar (1964-1978). 2013. 353f. Tese (Doutorado) -
Universidade Estadual de Campinas, Programa de Pós-Graduação em História, Campinas.

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2007.

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brasileiro do golpe à transição democrática. In: Política & Sociedade: Dossiê Atualidade do
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WEFFORT, Francisco. Participação e conflito industrial: Contagem e Osasco (1968).


Cadernos CEBRAP, São Paulo, n.6, 1972.

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