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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – CAMPUS IV


DISCIPLINA: BRASIL: DA DITATURA Á RECONSTRUÇÃO DO
ESTADO DE DIRETO.
DOCENTE: LINIKER NOBERTO
DISCENTE: GABRIELA SILVA DE SOUZA
CURSO: LICENCIATURA EM HISTÓRIA

MATTOS, Marcelo Badaró. Continuidades e rupturas no movimento sindical


brasileiro. In: MATTOS, Marcelo Badaró; VEGA, Rúben (orgs.). Trabalhadores e
ditaduras: Brasil, Espanha e Portugal. 1 ed. Rio de Janeiro: Consequência Editora,
2014, p.175-191.

A presente obra de Marcelo Badaró Mattos 1 tem como objetivo analisar a presença da
classe trabalhadora nas transformações políticas ocorridas no Brasil no século XX e
como essa nova " presença social" ganhará forças com a instauração do governo de
Getúlio Vargas.

Para isso o autor faz um levantamento historiográfico utilizando o conceito de Gramsci


chamado "Revolução Passiva" para definir as questões sociais que ganharam grandes
proporções mediante amplitude dos movimentos das classes trabalhadoras. O texto tem
como enfoque salientar a ameaça que representava a classe trabalhadora brasileira, para
isso o recorte temporal terá início no período que antecede a Ditadura militar pois para
Mattos entender o porquê da Ditadura só seria possível após compreender a dinâmica da
luta de classes e a " disputa pelo controle do Estado". A instalação do Regime Militar e
a própria Consolidação das Leis do Trabalho CLT vão contribuir para repressão e "fim
ao ciclo de ascensão" dos movimentos das classes trabalhadoras e sindicatos.

1
Marcelo Badaró Mattos é graduado em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ). Seu mestrado e doutorado foram realizados na Universidade Federal Fluminense (UFF)
na área de História Social. Sua formação conta ainda com estágios de pós-doutoramento no
Museu Nacional- UFRJ e no Instituto Internacional de História Social de Amsterdã. Professor
titular de História do Brasil na Universidade Federal Fluminense, tem experiência nas áreas de
Metodologia e Teoria da História e de História do Brasil, com ênfase em História do Brasil
República e História Social do Trabalho.
Assim tão logo, o golpe se consolidou, o governo militar ordenou a
intervenção em 433 entidades sindicais (383 sindicatos, 45 federações,
e 4 confederações). A cassação dos direitos políticos e instauração de
Inquéritos Policiais Militares contra os principais dirigentes sindicais
cassados criaram, para os que conseguiram escapar da prisão imediata
a alternativa da clandestinidade ou exílio. (MATTOS, pag 180).

Conter os sindicatos era de fundamental importância, para isso os militares contariam


com a ajuda dos grandes empresários e latifundiários (a classe dominante) tendo como
"principal remédio o arrocho salarial". Seriam necessários mais uma década para
retomada dos movimentos sindicais após o que ele intitulou de "golpe violentíssimo" a
essas instituições.

Posteriormente o autor vai traçando linearmente o percurso histórico, no qual enfatiza


pontos marcantes dessas lutas contra a ditadura e as atividades sindicais até se chegar a
uma revalorização desses órgãos.

"A partir de 1967, o Ministério do Trabalho passou a ter um discurso


de liberação progressiva das atividades sindicais e promoveu eleições
em várias entidades. Apesar do controle sobre as candidaturas, em
alguns sindicatos assumiram a direção militantes pouco conhecidos da
repressão, mas identificados com as comissões por local de trabalho
(novas ou sobreviventes ao golpe) e com os partidos de esquerda. O
resultado foram algumas articulações intersindicais como o
Movimento Intersindical contra o arrocho (MIA) e, especialmente,
greves. Poucas, mas expressivas, como paralisações de bancários em
várias capitais do país e as greves de metalúrgicos, em Contagem (no
estado de Minas Gerais) e Osasco (na região metropolitana de São
Paulo) em 1968". (MATTOS, pág 182)

Portanto, Marcelo Badaró Mattos aborda a transição lenta e gradual para a volta dos
civis ao poder, e a reorganização partidária. Do lado dos trabalhadores, o momento foi
de crescimento organizado dos movimentos sociais, com greves no ABC, criação do
Partido dos Trabalhadores, e da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Era preciso
criar um “novo sindicalismo”, pois os sindicatos ligados aos Estados não permitiam que
os trabalhadores se mobilizassem de forma consciente. Este trabalho contribui para que
o leitor compreenda o universo das lutas de classe e atividades sindicais é indicado para
estudantes da graduação bem como a população em geral.
.

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