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O PASSADO RECENTE DO SINDICALISMO BRASILEIRO E SUA

DESESTRUTURAÇÃO NO PRESENTE

“Assim, com o desvio da luta de classes para o


terreno eleitoral, os militares e a burguesia com a
ajuda dos reformistas, aprofundaram os mecanismos
da transmissão negociada, de mudança do regime
militar para um regime democrático que conservasse
os marcos do Estado burguês.”
(1964 - 1980
“A classe operária na luta contra a Ditadura”
Em Cadernos de Estratégia Internacional
Brasil nº 01, julho de 2008).

Remontemos esse passado o mais recente possível que iremos falar aqui, pegando
das grandes greves do final dos anos 70 ao começo dos 80, quando a CUT estava para ser
fundada.

Antes dessas grandes greves, o sindicalismo brasileiro era dominado


majoritariamente pelo PCB desde os anos 40, era o sindicalismo estatal, pois era atrelado a
máquina federal que o controlava. Depois de muitas lutas pela independência do
sindicalismo do Estado, os trabalhadores dessa década conseguiram essa vitória. Eles iriam
para uma nova fase sindical brasileira, que seria o sindicalismo mais independente do que
se tinha.

Para isso teriam que pensar numa nova central sindical que fosse totalmente
independente, com uma nova visão para os trabalhadores naquele período de ditadura. Foi
aí que os trabalhadores pensaram num encontro que reunisse todos os sindicatos para ser
formada essa nova organização. Esse encontro seria chamado CONCLAT (Conferência
Nacional das Classes Trabalhadoras) e esse I CONCLAT ocorreu em agosto de 1981, em
Praia Grande (SP). Vamos descrever um pouco como foi esse passado sindical brasileiro
até chegar na fundação da central que deu muita esperança aos trabalhadores brasileiros
na época, que esperavam por mudanças mais efetivas no sindicalismo e no trabalho em
geral e o que houve durante a trajetória da nova central sindical e depois, como o
sindicalismo brasileiro está hoje em dia.
O tema da organização por local de trabalho aparecia no Plano de Lutas e na
Carta de Princípios [...] no sentido de fortalecer a luta e a organização de base
dos trabalhadores nos seus locais de trabalho.1

Essa preocupação tinha a ver com a importância que se dava às Oposições Sindicais,
pois estas foram a única a terem privilégios “para conquistar sindicatos e ampliar o número
de entidades filiadas.”2 Na época, as oposições sindicais ainda tinham um papel muito forte
na construção da Central.

Com relação à concepção sindical houve um debate intenso se a CUT seria uma
central sindical ou simplesmente um sindicato, pois, para a majoritária da entidade que era
a oposição na direção, “a transformação da CUT em uma central de sindicatos esvaziava o
1
seu caráter revolucionário e aproximava a central ao modelo social-democrata europeu, além
disso, alertava que isso levaria a um processo de burocratização da central.”3

O tema da organização por local de trabalho, a visão de três principais vertentes do


sindicalismo brasileiro que são a Força Sindical, a CUT e a CSP-Conlutas. Veremos mais à
frente, algumas análises por essas três vertentes sindicais brasileiras.

CENTRAIS SINDICAIS E COMISSÕES DE FÁBRICA NOS GOVERNOS DE


COLABORAÇÃO SUBSEQUENTES

Havia uma grande polarização do sindicalismo brasileiro logo depois da


redemocratização do Brasil, onde se tinha o sindicalismo que combatido e lutador da CUT,
advindo das grandes greves do final da década passada e começo desta e o sindicalismo
chamado pelego, da direita, aquele que queria negociar tudo o que podia, que eram de
centrais como a CGT e outras menores.

Assim, dentro da CGT surgem os nomes de Luis Antonio de Medeiros e Rogério


Magri, que depois, Medeiros se torna presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo
e junto com Magri articulam a Força Sindical. A burguesia estava animada com Medeiros,
pois ela o via com bons olhos pelo seu alinhamento que ele tinha com suas pautas e viu nele
como um bom aliado contra a organização dos trabalhadores, principalmente a da CUT que
estava nascendo.

O ex-sindicalista Luís Antonio de Medeiros buscava a contrarrevolução por meio do


abandono da luta anticapitalista e anti-imperialista dos anos 60 e um encaminhamento para
lutas mais específicas do trabalhador, que eram sobre salário, condições de trabalho, modo
de produção, estabilidade no emprego com carteira assinada e etc., e, assim, se
abandonando cada vez mais as pautas da totalidade críticas para o trabalhador que o faziam
pensar não só em sua individualidade, mas no coletivo em que ele era inserido na sociedade
de classes de um país dependente e subdesenvolvido como o nosso.

O sindicalismo de resultados, negociado, sem luta político-ideológica e sem embates


com os patrões, era a sua finalidade pretendida para os sindicatos brasileiros. Com tantos
afagos recebidos da burguesia brasileira por seu alinhamento em pautas cruciais a ela, na
Assembleia Constituinte, Medeiros se torna um valoroso aliado de Collor e recebe muitas
ajudas do empresariado brasileiro, sendo ainda muito bem recebido também nas grandes
mídias, sempre com convites para participações.

Já a criação da CUT foi totalmente diferente da Força Sindical, tendo outros critérios
de sua fundação. No seu primeiro “congresso de fundação tinha 5.500 delegados, onde 66%
eram delegados de base, quer dizer, eram ativistas que não eram membros de diretorias dos
sindicatos,”4 diferente da Força Sindical. A temática ideológica tinha um certo espaço na
CUT, bem diferente que na Força Sindical que não tinha espaço algum, principalmente uma
aproximação com os movimentos populares que encontrou um abrigo na nova central.

As duas centrais se apresentavam à época das suas fundações, em que uma defendia
“uma sociedade moderna, com base na competição, prosperidade, produtividade,
democracia e participação”5, assim se apresentava a Força Sindical. Já a CUT se
apresentava totalmente diferente do que propunha a FS, com uma transição socialista
enquanto a FS afirmava um capitalismo moderno ou “transição do capitalismo selvagem para
2
uma sociedade moderna, avançada e competitiva”6. Segundo a Força, isso seria possível
com “distribuição mais justa da renda nacional, democratização das relações sociais,
econômicas e políticas, e a retomada do desenvolvimento com justiça social”.7 Assim com
essa limitada consciência ingênua, já pensava o trabalhador brasileiro naquela época de
efervescência de uma nova fase do sindicalismo e, a partir daí, nascia o novo sindicalismo
brasileiro nas barbas do neoliberalismo. Logo, a FS ficou totalmente integrada ao governo
Collor por suas políticas neoliberais, pois a central logo se sentiu abraçada pelo presidente
por elas serem tão próximas a ele.

A CUT no seu congresso de fundação como veremos bem mais à frente, se baseava
em outros ideais para a classe trabalhadora e sua organização, daí ela se definia como
“classista, democrática, autônoma, unitária de massas e pela base”8, pois, ela seguindo essa
linha ideológica de poder, reivindicando como órgão central dos sindicatos brasileiros, levaria
para a sociedade uma futura transição socialista. Esse era o seu papel como instrumento de
luta da classe trabalhadora nos seus momentos iniciais de sua fundação.

A FS faz a sua defesa política incomensurável do (neo)liberalismo com os seguintes


temas:
● Privatizações
● Flexibilização dos direitos dos trabalhadores
● Reforma da Previdência
● Redução dos gastos sociais
● Abertura econômica

Temas tão cruciais tanto para o trabalhador brasileiro como para o governo e os
empresários até os dias de hoje em vários países, principalmente aos países dependentes
e subdesenvolvidos como o Brasil, o principal e o mais disputado politicamente dos países
periféricos, por suas dimensões continentais e riquezas minerais, pelos governos do
empresariado brasileiro e pelos representantes da economia internacional com suas pautas
do capitalismo liberal.

a) Privatizações
“A Lei 8.031 de 1990, promulgada ainda no governo Collor instituiu o Programa
Nacional de Desestatização. A FS participou ativamente dos processos de
privatização de três empresas: Usiminas, CSN e Mafersa”.9

b) Flexibilização dos direitos dos trabalhadores


“A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) desde a sua implantação foi questionada
pelos trabalhadores. A FS se aproveitando desse sentimento, propõe sua substituição
por um pretenso novo “Código de Trabalho”. Em 1992 uma onda de demissões
propiciada pelo Governo Collor, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, propõe
a “jornada flexível” (antecessora do banco de horas) em troca pela estabilidade do
emprego. E outras propostas absurdas mais”.10

c) Reforma da Previdência
“A FS se aliou ao governo de FHC a favor da Reforma da Previdência. Defendia
publicamente, o fim das aposentadorias especiais no legislativo e judiciário e, mais

3
que isso, propunha que o fim das aposentadorias especiais se estendesse a todos os
servidores públicos. Em 1998, FHC retomou a ofensiva no Congresso, alterando as
regras da aposentadoria, transformando tempo de serviço em tempo de contribuição,
impondo o fim da aposentadoria proporcional e o fim das aposentadorias especiais,
salvo para professores do Ensino Fundamental e Médio, e para trabalhadores
expostos a condições de insalubridade. Com relação à Reforma da Administrativa, a
FS defendeu o desmonte dos direitos dos funcionários públicos, em especial, o tema
da estabilidade no emprego”.11 Esse tema ela havia defendido para o trabalhador no
quesito anterior.

d) Redução dos gastos sociais


Nas políticas (neo)liberais, os serviços públicos sociais deveriam ser privatizados e
passar para as mãos de empresas privadas, reduzindo, deste modo, os gastos
públicos. A FS sugere “privatizações das mais diferenciadas das que se aplicam para
as empresas estatais, mas combinadas com outras medidas, tais como: 1) criar
parcerias; 2) substituir o Estado por ONGs, sindicatos, etc., na oferta dos serviços
públicos, criando uma espécie de “serviços públicos não estatais””.12

e) Abertura Econômica
“O tripé da plataforma política neoliberal [é] composto pelo aprofundamento da
abertura da economia nacional ao capital imperialista, pela privatização de empresas
e de serviços públicos e pela desregulamentação das relações de trabalho…” A
abertura da economia nacional começou no Governo Collor e aprofundou-se no
Governo FHC. Às vésperas do Plano Real, o governo liberou por decreto a importação
de milhares de produtos, levando a abertura gradativa do mercado. Essa política
provocou uma explosão de produtos importados, liberados de tarifa e com o câmbio
favorável à importação. Combinado à abertura comercial, houve acrise de 1995.” 13

CUT: gestada, criada e seu processo de transformação

A origem da CUT remonta ao primeiro CONCLAT (Encontro Nacional das


Classes Trabalhadoras), realizado em agosto de 81, que será mostrado mais
à frente. Nestes anos, a linha política foi de enfrentamento à ditadura militar,
passando pela negação do Colégio Eleitoral. Numa segunda fase, vemos uma
CUT domesticada pelo capital, pelos governos e pelo imperialismo. No VII
Congresso, em agosto de 2000, entre as delegações internacionais estava o
representante do Consulado Norte-Americano.14

Sobre os congressos realizados por ela, iremos ver à frente uma divisão necessária
para a explanação dos períodos que a CUT passou para ser o que ela é hoje em dia. Assim
ela está dividida em quatro períodos:

a) 1.º Período: como começou a CUT

Esse é o início da revolta dos trabalhadores que se transforma em uma realidade mais
concreta com a criação de uma organização central, que consegue reunir todos os
desesperos e angústias que se tinha naquele momento, reunidas de cinco anos de muitas
4
lutas de várias formas por todo o país. A união entre os trabalhadores de várias categorias
fez com que surgisse esse movimento que reunia trabalhadores tanto da iniciativa pública
como privada. Como bem nos diz Vito Giannotti: “A experiência, rapidamente, mostra que
um movimento isolado tem poucas chances de ser vitorioso. Era necessário unificar o
movimento”.15 Se não unissem o movimento naquele momento tão importante de
efervescência que estavam os trabalhadores na época, jamais poderiam ter outra chance
tão boa quanto essa para o surgimento da nova central.

E o ataque ao movimento por parte do governo militar não tardou em acontecer com
intervenções reprimindo greves, intervindo nos sindicatos e enquadrando na Lei de
Segurança Nacional os seus dirigentes. Os militares não poderiam deixar que o movimento
crescesse. E também por parte das organizações reformistas de esquerda da época, como
o PCB, MR-8 e PC do B, quando um dos dirigentes do PCB na época, relata no livro “O ABC
das Greves, quando diz que esta organização fez gestões para acabar com a greve
metalúrgica de 1980.”16

O caminho para se chegar ao congresso de fundação, teve que passar por lutas
organizativas, como o Encontro Nacional das Oposições Sindicais (ENOS) e outros eventos
até chegar em 1981, no mês de agosto, com a 1ª Conferência Nacional das Classes
Trabalhadoras, quando elegem a Comissão Nacional Pró-CUT.

No I Congresso do CONCLAT, realizado em agosto de 83, constava nas suas


principais resoluções do Plano de Lutas: “Defesa da liberdade e autonomia sindical, contra
as intervenções governamentais nos sindicatos, pelo direito de organização no local de
trabalho, direito de sindicalização dos servidores públicos, reconhecimento da CUT como
órgão máximo de representação dos trabalhadores”.17

No Plano de Lutas e na Carta de Princípios aparecia o tema da organização por local


de trabalho da seguinte forma:
[...] no sentido de fortalecer a luta e a organização de base dos trabalhadores
nos seus locais de trabalho. Essa preocupação com as organizações por
locais de trabalho tinha a ver com a importância que se dava às Oposições
Sindicais, uma vez que está foi a tática privilegiada para conquistar sindicatos
e ampliar o número de entidades filiadas.18

São três anos de disputas políticas com o reformismo, da 1.ª Conferência Nacional
das Classes Trabalhadoras até a fundação da CUT, e da construção da identidade da central
a ser criada. Os princípios fundacionais da Central, são:

5
Hoje em dia, como veremos mais à frente, não existe mais nenhum desses princípios
ligados à central. No I Congresso Nacional da CUT em 84, o “ponto de organização sindical
definiu-se: “Os trabalhadores criarão as suas próprias formas de organização desde os locais
de trabalho até a Central Sindical, seu órgão máximo”19

No II Congresso Nacional da CUT em 86 no Rio de Janeiro, ocorreu uma grande


polêmica com o tema da concepção de organização de base, que a CUT deveria adotar e
isso se arrastou desde o congresso anterior. Tinham duas alternativas. Uma defendia na
forma da Comissão Sindical de base, como parte da estrutura sindical da central bem
fundamentada na organização de base. Outra alternativa era que a organização de base
deveria ser deslocada da central, ou seja, com autonomia própria. Em virtude da central estar
ainda em formação, se buscou um meio-termo e a resolução do congresso a esse tema
contemplou a ambos. Nos relata comentando esse ocorrido, um ex-presidente do Sindicato
dos Metalúrgicos do ABC, José Lopez Feijó:

Os Congressos da CUT construíram significativos momentos de reflexão e


avanços na organização da classe trabalhadora. O 2º CONCUT, em
particular, foi um marco no debate sobre a nossa organização sindical por
local de trabalho. Aprofundou-se duas vertentes: delegados sindicais
fortalecendo a representação do Sindicato, e as comissões de fábricas, como
representação mais geral. Além disso, começamos a consolidar a constituição
dos ramos dentro da estrutura da CUT.20

b) 2.º Período: o início da inflexão à direita

Vai do congresso que a fundou até 88, no seu III Congresso Nacional em Belo
Horizonte. “Neste período, a CUT afirmou um programa extremamente progressivo para a
classe trabalhadora. Este programa referia-se às questões econômicas e de política social,
tais como: não pagamento da dívida externa, estatização do sistema financeiro, estatização
dos serviços de saúde, de educação e de transporte coletivo, reforma agrária sob controle
dos trabalhadores, contra a privatização das estatais, etc.. Mas a CUT também não se
6
furtou a lutar por questões políticas mais gerais e contra o governo, quando defendeu
a anistia para os perseguidos políticos, boicote ao colégio eleitoral, que acabaria por
eleger Tancredo Neves, e a luta por uma Constituinte exclusiva e soberana, opondo-
se à atribuição de poderes constituintes ao Congresso Nacional eleito em 1986”.21

Ponto à parte: entre dois congressos a conjuntura internacional e nacional

No quadro internacional que em 1989 deu-se a Queda do Muro de Berlim e nisso veio
uma ofensiva política, militar e ideológica pelo imperialismo e as burguesias locais, e que o
capitalismo internacional não poderia deixar de aproveitar essa oportunidade para
estabelecer a sua hegemonia. Então, o sistema capitalista mundial declara que o socialismo
morrera ! E no campo militar, as guerras imperialistas continuam a ocorrer, com
recolonização, uma que se destacou bastante foi a invasão dos Estados Unidos ao Iraque.

Juntando o quadro internacional ao nacional, houve queda de produção, do emprego


e dos salários. Só teve um suspiro em 93. E nisso, de escassez, a classe trabalhadora tem
um refluxo bastante forte, caindo de 1990 com 12,4 milhões de grevistas para em 1992 com
2,4 milhões. E mais, em 1991 a FS aparece impondo uma ofensiva liberal com apoio do
presidente Fernando Collor e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP).
E nesse quadro de recessão, sem lutas nenhuma e ataque da direita, “a direção da CUT
põe em marcha um plano de desmonte dos princípios e da linha política que fundaram
a Central”.22

Dessa forma, a CUT começa a revogar seus ideais de fundação e pautas, que levaram
milhões de trabalhadores a acreditarem numa organização que olhassem por eles, e
tirassem da dependência e subdesenvolvimento com muita desigualdade, em que vive até
hoje o nosso país.

A recessão de 1990-1993 e seus reflexos23

ANO GOVERNO CRESCIMENTO DESEMPENHO SALÁRIO


ECONOMIA GRANDE MÍNIMO EM
SÃO PAULO DÓLARES

1989 Sarney 3,3% 8,7% 90,93

1990 Collor -4,4% 10,3% 64,22

1991 Collor 1,1% 11,7% 62,41

1992 Collor/Itamar -0,9% 15,2% 65,70

1993 Itamar 5,0% 14,6% 74,33

Fonte: DESEP - Departamento de Estudos Socioeconômicos e Políticos da CUT, São Paulo 94, Edição 1994

7
Neste III Congresso Nacional da CUT, um primeiro grande ataque ao caráter
democrático do congresso e, indicava uma dobrada que a central levou afetando a sua
concepção sindical daí por diante.

Os ataques à democracia, foram: a) os delegados ao congresso serão tirados


pelo número de sindicalizados e não pelo número de trabalhadores na base;
b) a eleição para o congresso nacional deixa de ser direta e passa a ser feita
nos congressos estaduais; c) O congresso nacional deixa de ser realizado a
cada 2 anos e passa a ser de 3 em 3 anos.24

Quanto ao tema relacionado à concepção sindical houve um forte debate se a CUT


seria uma central de sindicatos, ou de trabalhadores. A direção majoritária da CUT que era
a oposição, alertava que se acontecesse de transformá-la numa central de sindicatos,
isso esvaziaria o seu caráter revolucionário e ainda era uma aproximação ao modelo
europeu social-democrata. E, mesmo sendo alertados, isso iria levar a Central a
burocratização. Dito e feito.

c) 3.º Período: do Congresso de 1988 até a chegada de Lula ao governo

O IV Congresso Nacional, que foi em setembro de 91, foi muito vazio. No anterior,
estiveram presentes 6.247 delegados e neste compareceram somente 1.554. Além da
quantidade, o congresso também perdeu na qualidade. As oposições fizeram altas críticas
à corrente da direção majoritária, que era a Articulação Sindical, que foi acusada de estar
trocando a mobilização pela negociação para levar a Central ao pacto social, querendo impor
a política de “entendimento nacional”.

A Articulação falava pela primeira vez, coloca em prática o contrato coletivo


nacionalmente articulado. Esse contrato coletivo de âmbito nacional só terá a sua
implantação se ele for garantido na base, ou seja, que os organismos de base, pouco
democráticos, sem autonomia, devem ajudar na sua implantação e impedir qualquer revolta
vinda da base. Dado este motivo, votaram uma resolução de crítica ao trabalho de sua base:

[...] os princípios, diretrizes, formas de organização contidas no Estatuto da


Central são pouco observados pelos sindicatos filiados, mesmo com a criação
e organização de diversas entidades de base, comissões de base, CIPAs,
associações, de funcionários, etc. Está política não tem sido implementada
em larga escala, como deveria ser.25

E toda essa política estava em perfeita sincronia dada a filiação da CUT à CIOSL. De
tão disputado que foi esse IV Congresso Nacional, que votaram na eleição para a nova
direção deste, quando finalizado. A votação foi Jair Meneguelli com 52,16% e Durval de
Carvalho com 47,84%.

Pela primeira vez por este congresso, os delegados ouviram da majoritária da Central,
a Articulação, que era necessário atualizar o projeto dela, “sair da postura defensiva-reativa-
reivindicativa e partir para uma postura propositiva”.26 Em outras palavras bem mais claras,
a CUT deve deixar de dizer NÃO e partir para apertos de mãos e abraços com os
patrões e governos. Por causa desse abalo, três grandes mudanças aconteceram na
Central. Veja abaixo:

8
1ª - Ela começou a caminhar em direção ao tal Pacto Social, seja tanto de entendimento
nacional ou na forma das reuniões tripartites (no caso governo Collor, patrões e sindicatos)
vindo com a desculpa de solucionar o ataque capitalista provocado pela recessão de 1990-
1992.

2ª - Sua filiação internacional à Confederação Internacional das Organizações Sindicais


Livres (CIOSL), argumentando:

A CUT não pode estar alheia às transformações que se operam no mundo


inteiro e aos novos temas e questões que elas colocam para o movimento
sindical. A CUT deve ter influência e voz ativa no cenário mundial neste
momento. Já não são suficientes o intercâmbio e a solidariedade ocasionais,
nem a participação como observadora e convidada fraternal nos eventos
promovidos pelos trabalhadores de outros países. A CUT tem que disputar
um lugar na redefinição dos rumos do movimento sindical internacional.27

3ª - Sobre o conceito de proporcionalidade que era afetado direto no ponto, pela democracia
interna. A Articulação queria propor para a diretoria eleição proporcional sem qualificação,
quer dizer, que a maioria ficaria com os cargos mais importantes e sua minoria com os de
segundo escalão. O critério de proporcionalidade que era exigido pelo Bloco de Oposição,
queria que a sua força no congresso fosse garantida pelo acesso das minorias aos cargos
de suma importância. A V Plenária Nacional da CUT foi realizada em 1992. Elas eram a
maior instância para os congressos. Ela mantém o caráter propositivo para a central, abrindo
mais ainda o leque para a democracia burguesa. A votação ao seu alinhamento ao governo
Collor é a prova disso. Havia os que queriam a bandeira pelo “‘Fora Collor, já !! Eleições
Gerais’,”28 mas a Articulação queria impor a saída parlamentar e moralizar o Estado burguês.
Ela propunha: “‘Basta de Corrupção ! CPI pra Valer ! Impeachment já ! Pelo fim do governo
Collor !’”29 E a V Plenária aprova a filiação à CIOSL e nas Câmaras Setoriais é confirmada
sua participação.

Com esse caráter propositivo que a Articulação Sindical estava impondo à CUT, as
Câmaras Setoriais foram o auge desse período. O processo tripartite hoje é dominante,
como já mostrado mais acima. Dos 14 setores que tiveram vida Câmaras Setoriais com
apenas 03 como a Construção Naval; Máquinas e Equipamentos Agrícolas e Automotivo, a
formação seria com 26 câmaras de distintos setores bem produtivos.

O reajuste dos salários e a geração de novos postos de trabalho, pois, esse seria o
acordo da Câmara Setorial para o setor Automotivo. O aumento de salários da Ford e da
Mercedes demitiram no mesmo mês quase 3 mil trabalhadores. Isso ocorreu no Governo de
Itamar Franco tendo como ministro da Fazenda, Ciro Gomes.

No V Congresso Nacional, as Câmaras Setoriais tiveram o seu primeiro grande golpe


que foi muito bem articulado pela Articulação Sindical, de incorporar o sindicalismo
propositivo. Veja abaixo a descrição:
Uma referência àquela que foi a câmara setorial mais importante, a do setor
automotivo, permitirá ver melhor como o sindicalismo propositivo leva o
neoliberalismo para os sindicatos de base da central. A câmara setorial
engaja governo, associações patronais e sindicatos de trabalhadores num
processo de parceria e de colaboração na gestão de problemas pontuais do
setor econômico ao qual a câmara se vincula. Discute soluções para os
9
problemas do setor, dentro dos limites impostos pela política de
desenvolvimento (neoliberal) definida e implementada, unilateralmente, pelos
monopólios e pelo Estado. Os sindicatos assumem a responsabilidade de
contribuir para a resolução dos problemas de varejo das empresas, problemas
decorrentes da política neoliberal sobre a qual os sindicatos não foram
consultados. Trata-se, portanto, de parceria e colaboração entre partes
desiguais.30

Dos sete princípios fundacionais aprovados pela CUT, as Câmaras Setoriais


representam a violação de três deles, que são:

1. Sindicalista classista e não de conciliação de classes;

2. Sindicalismo livre da interferência do Estado;

3. Socialismo como objetivo final da luta sindical.

Essa política de violação infelizmente, joga trabalhador contra trabalhador atacando


os maiores princípios de importância sumária numa organização classista como a CUT, para
defender uma classe tão explorada que é a classe trabalhadora. Uma lógica totalmente
impensável que é:

[...] lógica corporativa de funcionamento das câmaras, cada sindicato é levado


a propor soluções para o problema do “seu” setor e essas soluções, em pontos
fundamentais, colidem com os interesses e propostas dos sindicatos de
trabalhadores de outros setores. Exemplificando: o Sindicato dos Metalúrgicos
do ABC defendeu e obteve facilidades para as montadoras de automóveis
importarem equipamentos para sua “modernização”, exatamente o oposto do
que pretendiam os sindicatos de trabalhadores do setor de máquinas e
equipamentos, que pleiteiam a proteção alfandegária para o setor nacional de
bens de capital. Ou então, o mesmo sindicato do ABC mobilizou-se para obter
a redução de impostos que incidiam sobre o setor automobilístico, agravando
o caráter regressivo da estrutura tributária brasileira. Num plano mais geral,
instaurou-se, hoje, no Brasil, uma luta mais ou menos velada entre os
sindicatos de diferentes categorias ou de uma mesma categoria por verbas
públicas para sua empresa ou setor, e por investimentos privados, para sua
categoria ou base territorial. Segundo depoimentos de sindicalistas da CUT,
além da “guerra fiscal” entre os estados para atrair investimentos, há uma
disputa entre os sindicatos, da própria CUT, na qual o sindicato se compromete
a reivindicar menos, em troca de um novo investimento no “seu” município.31

O V Congresso Nacional em maio de 1994 na cidade de São Paulo, teve como


principal polêmica o “sindicato orgânico”. Seria encarado a partir de então como um órgão
único. Todo ele deve ser coordenado e centralizado, desde a organização por local de
trabalho até a central sindical. Em poucas palavras para bom entendedor: o que for decidido
pela direção os outros órgãos posteriores a ela devem seguir à risca. Daí por diante, as
Organizações por Local de Trabalho (OLTs) e os sindicatos a quem servem, iriam
transformar-se em braços dessa cúpula da central. Pela política de abandono dos princípios
fundacionais aprovados na década anterior, portanto nesse congresso sendo violado o que
havia sido firmado para lutas, ou abandonado, cinco dos seus sete princípios fundacionais.
Depois da filiação à CIOSL, já abandonou o princípio do internacionalismo sem alinhamento.
A partir das Câmaras Setoriais, foram abandonados os princípios: 1. Sindicalismo classista;
2. Sindicalismo livre da interferência do Estado; 3. Socialismo como objetivo final da luta
10
sindical. Dois outros princípios foram abandonados no V Congresso Nacional, um quando
se teve a discussão sobre a necessidade de resolução para se impor chapas unitárias no
campo da CUT, foi o princípio da democracia operária nas instâncias da central. E mais
outro princípio fundacional que se foi, devido ao tema do sindicato orgânico, que foi o
sindicalismo enraizado na base e não cupulista.

Apresentando uma autocrítica nada convencional ao nível das suas bases, a Articulação
Sindical argumenta que a Central ainda não havia superado a estrutura sindical do período
getulista. Essa herança herdada do Estado Novo, impõe essa acomodação e reconhece
que não é fácil essa mudança.

[…] alicerçada sobre os sindicatos oficiais, a CUT enfrenta agora uma tensão
crescente entre a acomodação à estrutura oficial e a consolidação de seu
projeto sindical [...]. A acomodação está presente, em maior ou menor grau,
em todas as concepções sindicais e em todos os ramos de atividade. [...] essa
acomodação, que pode chegar a uma adesão ao modelo corporativista, tem
favorecido a burocratização, a ausência de controle das bases sobre as
direções sindicais e, no limite, o abuso de poder e a violência, sinais de
degeneração da prática sindical. O sectarismo e a falta de um código de ética
cutista vêm transformando muitas eleições sindicais num cenário de disputa
“ideologizada”, mas despolitizada, do aparelho sindical [...]32

E diante de tudo isso, a Articulação Sindical propõe como solução o sindicato


orgânico. Sua estrutura sindical deixa de ser por federações e/ou confederações e passa a
ter os departamentos e essa relação orgânica com a direção nacional da Central é o que faz
com que todo esse processo sindical seja assim denominado orgânico. Sendo assim, uma
vez acordado pela Direção Nacional da CUT, os Acordos Coletivos iriam ser nacionais e não
mais por sindicatos, nem federações e confederações e as suas bases devem apoiá-los.
Para isso ser efetivamente concretizado, foram tomadas duas medidas bases: a) unificação
de sindicatos por ramo e base territorial; e b) avançar na organização por local de trabalho.

Com os acordos que seriam assinados nacionalmente, para o tema da organização


por local de trabalho poder avançar, dando a impressão de um processo de democratização
pela base, era estritamente preciso convencer os trabalhadores dessa jogada, impedindo
assim futuras revoltas e rebeliões nas suas bases.

A participação dos trabalhadores nos organismos como o Conselho de Departamento


do FAT (CODEFAT), no Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade (PBQP) e no
Conselho Consultivo dos Trabalhadores para Competitividade (CTCOM), foi uma votação
que teve neste congresso nacional com muitas implicações futuras, criando as condições
políticas e materiais à frente, para o necessário “sindicato cidadão”.

O VI Congresso Nacional realizado em agosto de 1997, também em São Paulo,


seguiu o rumo cada vez mais à direita da CUT. A majoritária da Central, a Articulação, propõe
o sindicalismo de “resistência propositiva e disputa de hegemonia”, ou seja, construir
uma proposta boa para todos, governos e patrões, em vez de enfrentamentos a eles. Assim
como relata Dirceu Travesso, o Didi, na época bancário de São Paulo e membro da Direção
Executiva da CUT Nacional:

11
No congresso de 97 a grande discussão era a estratégia de luta da CUT.
Avaliamos essa experiência política de participação institucional, com especial
destaque para a participação na reforma da previdência e, apesar de a maioria
ter aprovado uma avaliação positiva destas políticas, ao somarmos as
abstenções e os votos contrários, ficou evidenciada a desaprovação do
plenário com relação à CUT do sim’. Esse debate entre a ‘CUT propositiva’ e a
‘CUT de lutas’ acirrou-se e expressou-se através da constituição da chapa do
bloco de esquerda, que se propunha a resgatar a CUT de lutas e de resistência
e avaliava a participação da CUT nas reformas neoliberais como
desastrosa para a classe trabalhadora.33

Até mesmo, setores minoritários que não tinham voz na Articulação Sindical ficaram
contra a nova concepção para a Central feita pela maioria, fazendo com que esse debate
sobre o sindicato orgânico ainda persistisse.

A CUT propôs um aumento da mensalidade às suas entidades filiadas de 5% para


9% e que em janeiro de 97 passaria para 10%. Isso ocorreu na VII Plenária em setembro de
95. Tamanha decisão, provocou aos pequenos sindicatos um grande rombo financeiro. E
paralelamente a esse aumento, seguia-se a tentativa forçada de transformar os sindicatos
filiados em orgânicos. Para isto acontecer, estava sendo incentivado o uso dos próprios
sindicatos atuais em desenvolver um processo de fusão entre eles. Concluímos que, esse
aumento que ocorreu nos sindicatos, foi justamente para que eles não mais conseguissem
sobreviver sozinhos, obrigando-lhes as fusões, e que isto foi uma etapa necessária para se
chegar à finalidade do sindicato orgânico.

Em agosto de 96, a celeuma do debate nesta VIII Plenária, foi um balanço sobre a
participação da CUT nas negociações da Reforma da Previdência. Sem consultar as
instâncias da Central, o líder sindical Vicentinho assumiu a negociação em nome da CUT,
onde fechou um péssimo acordo, pior do que apresentara o deputado governista Euler
Ribeiro. Fato que marcou esse VI Congresso, foi o debate sobre o sindicato orgânico,
aumento das mensalidades dos sindicatos filiados e a Reforma da Previdência de FHC, dado
o aval do presidente da CUT Vicentinho.

Participando de órgãos governamentais em diversos níveis, como Conselho de


Saúde, Conselho de Educação, Conselho de Defesa do FAT, Conselho da Criança e do
Adolescente, paralelamente ao congresso a Central, a CUT consolida-se cada vez mais
propositiva, “buscando uma hegemonia” nos órgãos governamentais comandados por
FHC. Daí em diante, a Articulação já não queria mais o embate com o governo e sim, a
governabilidade para o país.

A IX Plenária Nacional da CUT, realiza-se em 1999. Ela é a preparatória para o VII


Congresso Nacional que se realizaria no próximo ano. A política de emprego é um dos
debates e resoluções importantes desta Plenária. Atacando a consequência do
desemprego e não a sua causa pela linha aprovada na plenária, que “visa à constituição
de um sistema público de emprego baseado no seguro desemprego, a intermediação da
mão de obra e a requalificação profissional e ao microcrédito.”34

A imposição ao sindicato orgânico segue em pleno vapor pela majoritária na Central.


Os estatutos básicos que os sindicatos cutistas definiram nesta plenária, foram:

● “Três anos de mandato;

12
● simultaneidade nas eleições para representantes de base e direções sindicais,
querendo dizer que, as eleições para a Comissão de Fábrica e para a diretoria
do sindicato seriam no mesmo dia, e parte do mesmo processo por chapa,
impedindo a participação de candidatos avulsos;
● adoção unicamente de taxas voluntárias; e
● adoção de organização de base e sua participação nas instâncias de
direção.”35

O último congresso antes das eleições para Presidente, em que Lula iria se candidatar
pela quarta vez e desta vez venceria, é o VII Congresso Nacional que foi realizado em
Serra Negra (SP) em agosto de 2000. Este congresso foi para mostrar pra elite brasileira e
ao imperialismo que a CUT já não tinha mais nenhuma de suas bases fundacionais da
organização que foi outrora nos anos 80. E para provar tamanho acinte, o cônsul dos EUA
é um dos convidados e a Universidade de Cornell.

Diante de algumas orientações estratégicas, para aplicar a chamada economia


solidária para se combater o tal do cooperativismo, chamados “coopergatos”, foi colocada a
necessidade desse novo cooperativismo popular. Dessa forma, eles abandonam de vez a
luta pelo emprego estável em troca da flexibilização de direitos na forma cooperativa.

E nisso, a evolução quantitativa da CUT é incrível. No ano de 1994 eram 2.009


sindicatos oficiais, em 1997 eram 2.570, em 2000 chegou-se a 3.097 sindicatos filiados. E
nisso, os congressos que chegou a se realizarem até com 6.000 delegados em sua maioria
da base, em 1991 caiu paran1.500 delegados, composto sumariamente por dirigentes
sindicais.

Este congresso que foi muito marcado por profundo desgaste e diversas mobilizações
dos trabalhadores, foi realizado já no final do governo de FHC. Um dos mais marcantes
protestos contra o governo de FHC foi a Marcha dos 100 mil, em agosto de 99. Além dessa
fantástica mobilização, tivemos outras como a Jornada de Luta por Emprego e Direitos
Sociais, com milhares de pessoas em Brasília, em maio de 98; a paralisação da Ford contra
as 2.800 de demitidos em São Bernardo e o fechamento da sua fábrica na cidade de São
Paulo.

Surgiu uma discussão que dava a aparência de ser de segundo nível, mas ela era
muito importante, pois, isso sinalizou o processo de degeneração e até de desestruturação
da CUT com a temática das verbas provenientes do FAT. A contratação de mão de obra,
requalificação profissional e seguro desemprego tendo como objetivo de intermediação a
proposta de criação da Central de Trabalho e Renda, em Santo André, significando a
concretização do sindicato cidadão e o sepultamento definitivo do seu último princípio
fundacional que é o do sindicato independente do Estado. Fazendo a retrospectiva
necessária para constatar o que se perdeu até este momento, nenhum dos seus princípios
fundacionais que foram votados no seu Congresso para criar a Central, não existem mais.
Nesse começo de um novo milênio a CUT desse passado não existe mais. O próximo
congresso a se realizar será com Lula já presidente em 2003. Isso nós veremos mais à
frente.

13
Novo Milênio: CUT e Força Sindical de mãos dadas e contra os trabalhadores

Durante os anos 90 a história da CUT e Força Sindical foi com muito antagonismo
político e sindical. Dentre muitas conquistas importantes, a CUT conquistou sindicatos da
Força Sindical e, em contrapartida a Força, conquistou importantes sindicatos cutistas, como
os Aeroviários de São Paulo e Metalúrgicos de Volta Redonda.

Na quarta candidatura de Lula para presidente, durante os governos FHC a FS deu o apoio
necessário à CUT que iria ter uma postura mais oposicionista. No final do governo de FHC,
estava sendo preparado o campo para a campanha de Lula. A CUT fez um movimento de
oposição bem distinto, não engrossou o caldo necessário, mas ela foi oposição.

Às duas reivindicavam a CIOSL e a estratégia da negociação, enquanto essas


diferenças táticas eram bem dissimuladas. A CUT tinha o sindicalismo propositivo e a FS o
sindicalismo de resultados. Mas as duas defendem e fazem até hoje, a defesa do
sindicalismo cidadão.

Com a vitória de Lula, a CUT tem o privilégio de ser a escolhida como interlocutora. A
FS fica deslocada sem saber o que fazer por um período. A distância que separava as duas
centrais diminuía cada vez mais e esta se aproximava mais ainda da proposta da FS que
era “Um projeto para o Brasil”, também no mandato de Lula.

No primeiro mandato do governo do PT, eles intensificam cada vez mais as políticas
(neo)liberais de FHC. É aí que o sistema Petucano entra em cena pela primeira vez, dando
a continuidade econômica do governo de FHC para o governo Lula. No caso particular da
Reforma de Previdência de 2003, Lula intensificou mais ainda a reforma de seu antecessor
FHC, e durante todo o seu governo, adotou mais medidas (neo)liberais, como na área
previdenciária que retiravam cada vez mais direitos históricos, afetando mais ainda os
trabalhadores acidentados, ou adoecidos pelo trabalho.

Luiz Marinho, presidente da CUT, apresentou a proposta do Pacto Social, que se


baseava em controle da inflação e da taxa de juros, segundo o que ele dizia, seria a retomada
do crescimento econômico. A contrapartida do governo seria reduzir impostos, não aumento
de preços pelos empresários, os juros e as taxas bancárias seriam reduzidos pelos
banqueiros, reduzindo assim também as reivindicações salariais dos trabalhadores.
Enquanto isso, nessa época a FS que era uma das aliadas da FIESP, defendendo medidas
quase iguais, mas ela defendia o Pacto Social, pois não estava no governo de Lula e fazia
as exigências a ele como oposição que queria passar. Não havia confrontação, mas as
reivindicações de defesa de ambas as centrais eram totalmente liberais e pelo Pacto Social.

Ainda em 2003, se dá o primeiro acordo quando da promulgação da Lei 10.820 de


2003, criando o empréstimo consignado para aposentados, pensionistas e funcionalismo
público. Grijalbo Fernandes Coutinho, Juiz do Trabalho e ex-presidente da Associação
Nacional dos Magistrados do Trabalho, com uma excelente análise política, assim se
expressou sobre o assunto:

[…] As taxas de juros cobradas pelos bancos não têm nada de modesto,
superando de forma avassaladora, por exemplo, o índice de correção dos
salários desses trabalhadores. Pagam aos empregados, a títulos de juros,
índices iguais ou superiores ao percentual do reajuste salarial concedido
anualmente. (...) Sem nenhuma dúvida, o melhor negócio foi feito pelos bancos,
14
que passaram a ter uma clientela até então fora do seu alcance comercial
direto, com garantia de recebimento de tais empréstimos mediante taxas de
juros exorbitantes em face da realidade salarial dos novos devedores e das
correções salariais reduzidas ano a ano.36

Tanto a FS quanto a CUT, bem como os bancos ganhavam em cima do funcionalismo


público, da agiotagem dos salários dos aposentados e dos pensionistas, pois:

Um dos acordos formalizados pela FS a central inseriu cláusula que destina


a seu próprio caixa 0,5% do total que o banco emprestar a cada metalúrgico.
Outro, 0,5% vai para o sindicato da categoria (…). A CUT optou por um
mecanismo mais sutil. Num acordo sobre o mesmo tema com 19 bancos,
inseriu taxas mais favoráveis aos trabalhadores que sejam sócios de seus
sindicatos. Trata-se de um estímulo eficiente à sindicalização.37

Negociado prevalecendo sobre o legislado

Sobre a linha de flexibilização dos direitos dos trabalhadores, a estratégia forçada é


que cada vez mais prevaleça o negociado sobre o legislado. Em outras palavras, que todas
as conquistas dos trabalhadores até agora possam ser negociadas entre patrões e
empregados, como férias, licença-maternidade, 13º salário, horas extras, enfim, tudo isso
seja “negociado”. Grijalbo Fernandes Coutinho, Juiz e ex-presidente da Associação Nacional
dos Magistrados do Trabalho (Anamatra) nos diz que é: “... a última e mais radical tentativa
de FHC de acabar com o Direito do Trabalho estatal”.38

No seu artigo 618 da Constituição Federal, vigente desde 1943, o governo FHC enviou
ao Congresso Nacional o Projeto de Lei 5.483/01, para alterar a CLT. O cerceamento total
das liberdades individuais e coletivas, foi a discussão que tomou conta da Câmara dos
Deputados, seguindo o mesmo e velho modelo da ditadura militar. O insuspeito juiz Grijalbo,
relata na sua maneira como foi a votação na Câmara:

O então presidente da Câmara dos Deputados, Aécio Neves, diante das


pressões de lideranças sindicais e associativas contrárias à votação da matéria
nas comissões e no Plenário, proibiu o ingresso de pessoas nas instalações da
Câmara, colocou a força policial nas diversas entradas da Casa e preparou a
segurança interna para o embate. Um verdadeiro clima de guerra para aprovar,
a qualquer custo, a proposta de Fernando Henrique Cardoso e de seu ministro
do Trabalho, Francisco Dornelles.39

No entender do citado, faltou uma personagem em toda essa descrição. Faltou dizer
que a Força Sindical apoiou sem eiras e nem beiras, o governo de FHC.

O ano sendo eleitoral, chegando ao Senado, a proposta foi e engavetada pelo


PSDB, pois eles não estavam dispostos a deixar que esse tema fosse transformado
numa grande polêmica das próximas eleições de 2006. Não foi engavetado e nem
sepultado completamente. O tema voltou no governo Lula, no Fórum Nacional do
Trabalho (FNT), formado pela CUT, Força Sindical, FIESP, etc. Novamente, o projeto não
foi à frente porque estava no horizonte a campanha de Lula e sua reeleição em 2006.

Os governos Lula e FHC tiveram muitas semelhanças, como também muitas


diferenças. As semelhanças foram mais na economia (neo)liberal, que eles praticavam. As
15
formas como praticavam o (neo)liberalismo eram bastante, sutis, quase imperceptível para
os olhares de um leigo. Mas para uma pessoa mais atenta às dinâmicas da economia
brasileira, pode-se encontrar algumas diferenças, principalmente no caso do
assistencialismo que os governos lulistas se empenhavam em fazer foi sua marca registrada
nos seus dois governos, a assistência aos pobres, enquanto nos governos de FHC, se
empenhavam em oferecer o máximo da força de trabalho (a Mais Valia) aos liberais
capitalistas que queriam constatar os seus lucros sempre dobrarem ou triplicarem. A CUT e
a FS tinham a maioria dos trabalhadores brasileiros na palma das suas mãos e cada uma
chamavam para o seu lado. A CUT sempre atendia aos anseios dos governos de Lula (à
esquerda) e a FS sempre atendia aos anseios de FHC (à direita).

Sempre de mãos dadas, CUT e Força Sindical não conseguiram mais uma vez,
aprovar esse opressor projeto de flexibilizar os direitos da classe trabalhadora. A novidade
veio mais à frente, por incrível que possa parecer, pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC,
o mesmo Projeto de Lei que será apresentado ao governo. Para divulgar mais ainda esse
Projeto de Lei, será bastante propagandeado um livro com opiniões de profissionais das
áreas de economia, direito e dirigentes sindicais. O objetivo é ir formando opinião e
defensores, cada vez mais ao projeto:

Com relação aos projetos apresentados pelos governos FHC e Lula, o


anteprojeto do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC só tem uma diferença. Ele
permite que, o princípio de que o negociado prevalece sobre o estatuído seja
introduzido progressivamente, começando nos setores econômicos onde as
relações de trabalho estão mais avançadas.40

A burguesia está muito feliz com a iniciativa flexibilizadora do Sindicato dos


Metalúrgicos do ABC que, sem dúvida, contará com o apoio da CUT e da Força
Sindical. Como diz no próprio jornal: “O amadurecimento de algumas lideranças sindicais e
a evolução das relações trabalhistas só farão bem ao Brasil”.41

As várias gestões realizadas com o objetivo de levar até às últimas consequências a


reforma trabalhista, foram nos governos FHC. Sua grande parceria nas suas gestões foi com
a Força Sindical. Agora, a CUT volta com essa carga com a reforma trabalhista, com Lula e
Dilma dando apoio à central, junto com a Força Sindical. Não teremos dúvida alguma que
no governo Dilma, o que irá prevalecer será a volta do negociado sobre o legislado na ordem
do dia, e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC como seu grande defensor.

Organização por Local de Trabalho segundo a CUT e a FORÇA SINDICAL

Remontando o tempo de Joaquinzão e seus famigerados “Décio Malho”, a Força


Sindical é herdeira da tradição de organismos de base, melhor, de delegados sindicais, por
incrível que possa parecer. A FS deixa de usar o nome “Décio Malho” e começa a chamar
os delegados sindicais de “nossa tropa”, assim que Medeiros chega à central. Passa a
realizar a maioria das atividades no sítio do sindicato em Mogi das Cruzes neste período.
Obedecendo ao ideário neoliberal da FS que forma os trabalhadores de sua base.

CUT e FS tentam de tudo para capitular a luta dos trabalhadores no local de trabalho
e esvaziar estes organismos nos últimos anos, objetivando de transformá-los nos
instrumentos que atuem para “o entendimento direto com o empregador, tentando negar-lhe
16
qualquer caráter de organização para a luta dos trabalhadores em defesa dos seus direitos
e interesses.”42

Para aplicar a única forma organizativa do preceito do “negociado deve prevalecer


sobre o legislado”, foi das organizações CUT e FS, terem formas distintas de representação
dos trabalhadores no local de trabalho. Depois de firmado o acordo de conciliação pela
pressão de patrões, governo e das centrais, a reforma trabalhista: “será definitiva, não
cabendo dela recurso à justiça, pois terá eficácia liberatória, de execução extrajudicial. Ou
seja, também a representação dos trabalhadores poderá se transformar em instrumento da
flexibilização/eliminação de direitos dos trabalhadores.”43

Em cima de tantas manobras dessas duas principais centrais brasileiras, atacando a


independência e a democracia da classe operária em benefício de patrões e governo, a
Conlutas entra nessa guerra e defende uma organização de base para uma luta
independente de patrões, governo e Estado, defendendo também um dos princípios
fundacionais que a CUT abandonou lá traz, o de ser autônoma frente aos partidos políticos.

Longo caminho a percorrer

A crise da esquerda brasileira é a crise da base social em que se apoiava, mas


é também uma crise ideológica. Neste contexto, a esquerda está obrigada a
viver esta crise até suas últimas con sequências, esgotando todas as vias de
autocrítica e chegando ao embate extremo da luta interna. Somente assim
poderá enfrentar o desafio colocado pela luta de classes: a organização das
massas exploradas para a guerra contra a ditadura do capital.44

Com estas palavras, um dos maiores intelectuais da economia política brasileira que
esteve exilado pela ditadura em duas cidades latinas México duas vezes e depois Chile, Ruy
Mauro Marini nos mostra o caminho da luta de massas para o trabalhador brasileiro que vem
sendo feita desde os anos 60 até hoje, na segunda década do século XXI. Através da
dialética marxista, um dos fundadores da Teoria Marxista da Dependência, muito conhecida
como TMD, Ruy Mauro nos mostra pela dialética marxista que a classe trabalhadora tem um
longo caminho a percorrer.

A nossa luta no sindicato e em outros locais da classe trabalhadora deve ser cada vez
mais incessante e não parar por esse ou aquele obstáculo. (...) “Não há dúvida que, nas
atuais condições, a militância sindical apresenta o perigo de desgaste e desvios, dentro do
quadro da ordem existente. Saberemos superar esses perigos se não tomarmos essa “faixa
legal”, que o sindicalismo apresenta, como um fim em si. Às vezes é preferível provocar
intervenções a aceitar uma política sindical dentro dos moldes oficiais prescritos. Mas, tais
provas de força têm de ser preparadas pela organização das bases, pela educação das
massas e pela formação de legítimas lideranças operárias.”45

A classe trabalhadora precisa essencialmente de uma liderança sindical que lhes


mostre o caminho para que daí a vanguarda de esquerda brasileira faça o seu trabalho que
infelizmente deixou de ser feito nestes 40 anos de esquerda liderada pelos intelectuais
liberais do PT, nos trazendo para um beco sem saída que nos encontramos atualmente.
No entanto, o protesto popular está modulado historicamente pela esquerda
liberal, cujo horizonte não é outro senão o calendário eleitoral de 2022. As

17
centrais sindicais – especialmente a CUT – revelam de maneira clara a
prostração completa do sindicalismo diante da crise econômica tal como atesta
o quadro das greves durante todo o ano de 2020. No entanto, não apenas as
greves, mas, ainda mais importante, a incapacidade de convocar contingentes
importantes de trabalhadores para as manifestações recentes revelam o
quanto o sindicalismo brasileiro regrediu politicamente nas últimas décadas e
o quanto o efeito da crise e da própria condução da política econômica por
Paulo Guedes derrubaram a capacidade de ação dos trabalhadores.46

É preciso reconhecer com urgência que as opções políticas não mudaram


essencialmente até agora num ponto importante para nosso futuro comum. A luta pelo
socialismo na democracia burguesa não pode ser confundida com a defesa abstrata
da democracia, que outra consequência não possui senão alavancar a força da
direita. Em perspectiva histórica, podemos concluir que foi relativamente fácil construir
um partido político a partir da crise do PT, expressão máxima da esquerda liberal. No
entanto, o desafio de um partido socialista não é se constituir como uma alternativa
eleitoral no interior de um sistema de dominação que a cada dia se revela mais
decadente e sem capacidade de autorrenovação, mas precisamente abrir o caminho
da revolução brasileira.47

Finalmente, não devemos esquecer que a luta no sindicato é apenas um dos


terrenos de nossa atuação no meio do proletariado brasileiro. Os sindicatos não
abrangem a classe, e no presente momento não podemos nos limitar aos sindicatos
sem abandonar a imensa maioria do proletariado, que tem de ser levada à luta. Assim,
também, não é aconselhável que o trabalho no meio operário, as Coordenações
operárias e órgãos locais orientadores fiquem exclusivamente entregues a quadros
sindicais. Estes grupos são inclinados a se fixar unicamente num dos aspectos da luta
operária. Para ter uma visão mais completa, temos de poder contar com mais quadros
nas fábricas, aos quais tem de ser dada a necessária formação para influir
diretamente nas atitudes e na conduta geral da nossa luta, ao lado dos
demais militantes.”48

Esse foi o trajeto sindical brasileiro nos últimos 40 anos da atual esquerda brasileira
liderada pelo petismo. E isso não foi somente para o sindicalismo que decaiu
progressivamente década a década, mas também na linha partidária, principalmente nos
setores de esquerda que tinham como pautas a linha socialista e o imperialismo como um
dos principais nortes de suas lutas revolucionárias. A linha estudantil que também se desviou
das suas reivindicações mais radicais, principalmente depois do maio de 1968, quando
abandonou pautas mais à esquerda e contra uma universidade cada vez mais cativa ao
imperialismo, para se perpetuar cada vez mais a nossa dependência e o
subdesenvolvimento brasileiro, minguando intelectualmente a nossa ciência e tecnologia.

Os movimentos populares, cedendo cada vez mais as pautas abstratas e de senso


comum se deixando pautar pela direita, e deixando para trás pautas como a reforma agrária,
a nossa cultura nacional liderada por grandes intelectuais brasileiros que foram perseguidos,
exilados ou mortos pela ditadura e esquecidos por esta “nova” esquerda brasileira, latina e
mundial que surgiram após o ano de 68.
18
Essa é a herança que temos desse sindicalismo brasileiro e que daí se assemelham
a ele os partidos de esquerda, movimento estudantil e popular, e a classe trabalhadora na
totalidade, se “adaptando” ao mundo moderno da tecnologia e da nova política mundial que
é muito chamada (neo)liberal, implantada na segunda metade da década dos anos 80 por
Margareth Teatcher e Ronald Reagan, seguida e muito bem aplicada nos países de
capitalismo dependente como é em toda a América Latina e mais precisamente o Brasil,
como um dos grandes países estratégicos aqui no nosso bloco. Como bem foi dito e descrito
acima, que não existe mais a CUT com suas bases fundacionais, assim como também não
existem mais os partidos, movimentos estudantis e populares, e suas diretrizes fundacionais
que os ajudaram a orientá-los por um tempo.

Cabe a uma nova classe trabalhadora refazer uma nova esquerda que nunca teve
oportunidade de se mostrar como deveria, a esquerda revolucionária brasileira nacionalista
da classe trabalhadora, passando de classe em si, para classe para si, que foi idealizada
pelo ISEB, a Polop e os fundadores da Teoria Marxista da Dependência (TMD), mas que a
esquerda majoritária da época nunca foi a fundo com a radicalidade necessária para toda a
classe à esquerda de trabalhadores brasileiros.

Desde o ano de 2018 as direções das duas maiores centrais brasileiras CUT e Força
Sindical, vêm conversando para uma articulação nacional junto com a classe trabalhadora,
que é a formação de uma fundação dos trabalhadores, a Industriall-Brasil, que pretende
discutir os rumos do trabalhador da indústria no Brasil. Até há alguns anos as duas centrais
eram vistas como rivais, pois que, uma apoia as causas particulares dos trabalhadores mais
à esquerda, no momento da sua fundação como vimos durante todo o texto, mas a guinada
da CUT à direita foi afastando ela das pautas de sua fundação, junto aos trabalhadores e se
entregando cada vez mais as pautas liberais. E a outra, que é a FS que apoia as propostas
da patronal sendo ligada à direita. Nesse ano de 2022 essa junção se formou com a
Industriall-Brasil.

___________________________

Bibliografia:
1 - Santos, Adriana Gomes; Neto, Antônio Fernandes. Organização de Base: História,
formas,experiências e atualidade. CUT: uma importante vitória, mas que sufocou a
organização de base, pág. 92. Editora Kenosis, São Paulo, ed. 2013.

2 - Idem, p. 92

3 - Idem, p. 93

4 - Santos, Adriana Gomes; Neto, Antônio Fernandes. Organização de Base: História,


formas,experiências e atualidade. Centrais Sindicais e Comissões de Fábrica no
Governo de colaboração de classes; CUT, pág. 97. Editora Kenosis, São Paulo, ed.
2013.

5 - Idem, p. 97

6 - Idem, p. 97

19
7 - Idem, p. 97

8 - Idem, p. 98

9 - Idem, p. 98

10 - Idem, p. 99

11 - Idem, p. 100

12 - Idem, p. 100

13 - Idem, p. 100, 101

14 - Santos, Adriana Gomes; Neto, Antônio Fernandes. Organização de Base: História,


formas,experiências e atualidade. CUT: Uma importante vitória, mas que sufocou a
organização de base, pág. 91. Editora Kenosis, São Paulo, ed. 2013.

15 - Santos, Adriana Gomes; Neto, Antônio Fernandes. Organização de Base: História,


formas,experiências e atualidade. Centrais Sindicais e Comissões de Fábrica no
Governo de colaboração de classes; CUT: gestação, criação e processos de
transformação. a) Primeiro período: gestação e nascimento da CUT, pág. 101. Editora
Kenosis, São Paulo, ed. 2013.

16 - Santos, Adriana Gomes; Neto, Antônio Fernandes. Organização de Base: História,


formas,experiências e atualidade. Centrais Sindicais e Comissões de Fábrica no
Governo de colaboração de classes; CUT: gestação, criação e processos de
transformação. a) Primeiro período: gestação e nascimento da CUT, pág. 102. Editora
Kenosis, São Paulo, ed. 2013.

17 - Santos, Adriana Gomes; Neto, Antônio Fernandes. Organização de Base: História,


formas,experiências e atualidade. CUT: Uma importante vitória, mas que sufocou a
organização de base, (91 Caderno de Formação I. Escola Sindical. São Paulo. 2000,
p. 25.) pág. 92. Editora Kenosis, São Paulo, ed. 2013.

18 - Santos, Adriana Gomes; Neto, Antônio Fernandes. Organização de Base: História,


formas,experiências e atualidade. CUT: Uma importante vitória, mas que sufocou a
organização de base, (92 Idem, p. 26.) pág. 92. Editora Kenosis, São Paulo, ed. 2013.

19 - Santos, Adriana Gomes; Neto, Antônio Fernandes. Organização de Base: História,


formas,experiências e atualidade. CUT: Uma importante vitória, mas que sufocou a
organização de base, (93 Ibdem, p. 34.) pág. 92. Editora Kenosis, São Paulo, ed.
2013.

20
20 - Santos, Adriana Gomes; Neto, Antônio Fernandes. Organização de Base: História,
formas,experiências e atualidade. CUT: Uma importante vitória, mas que sufocou a
organização de base, (94 Ibdem, p. 9.) pág. 92. Editora Kenosis, São Paulo, ed. 2013.

21 - Santos, Adriana Gomes; Neto, Antônio Fernandes. Organização de Base: História,


formas,experiências e atualidade. Centrais Sindicais e Comissões de Fábrica no
Governo de colaboração de classes; CUT: gestação, criação e processos de
transformação. b) Período: o início da inflexão à direita, pág. 102. Editora Kenosis, São
Paulo, ed. 2013.

22 - Santos, Adriana Gomes; Neto, Antônio Fernandes. Organização de Base: História,


formas,experiências e atualidade. Centrais Sindicais e Comissões de Fábrica no
Governo de colaboração de classes; CUT: gestação, criação e processos de
transformação. b) Período: o início da inflexão à direita, pág. 103. Editora Kenosis, São
Paulo, ed. 2013.

23 - Santos, Adriana Gomes; Neto, Antônio Fernandes. Organização de Base: História,


formas,experiências e atualidade. Centrais Sindicais e Comissões de Fábrica no
Governo de colaboração de classes; CUT: gestação, criação e processos de
transformação. b) Período: o início da inflexão à direita, pág. 103. Editora Kenosis, São
Paulo, ed. 2013.

24 - Santos, Adriana Gomes; Neto, Antônio Fernandes. Organização de Base: História,


formas,experiências e atualidade. CUT: Uma importante vitória, mas que sufocou a
organização de base, pág. 93. Editora Kenosis, São Paulo, ed. 2013.

25 - Santos, Adriana Gomes; Neto, Antônio Fernandes. Organização de Base: História,


formas,experiências e atualidade. CUT: Uma importante vitória, mas que sufocou a
organização de base, pág. 93. Editora Kenosis, São Paulo, ed. 2013.

26 - Santos, Adriana Gomes; Neto, Antônio Fernandes. Organização de Base: História,


formas,experiências e atualidade. Centrais Sindicais e Comissões de Fábrica no
Governo de colaboração de classes; CUT: gestação, criação e processos de
transformação. c) 3º Período: do Congresso de 1988 até a chegada de Lula ao governo,
pág. 103. Editora Kenosis, São Paulo, ed. 2013.

27 - Santos, Adriana Gomes; Neto, Antônio Fernandes. Organização de Base: História,


formas,experiências e atualidade. Centrais Sindicais e Comissões de Fábrica no
Governo de colaboração de classes; CUT: gestação, criação e processos de
transformação. c) 3º Período: do Congresso de 1988 até a chegada de Lula ao governo.
(114 CUT. Resolução do IV Congresso Nacional da CUT. 1991. p. 12), pág. 104.
Editora Kenosis, São Paulo, ed. 2013.

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28 - Santos, Adriana Gomes; Neto, Antônio Fernandes. Organização de Base: História,
formas,experiências e atualidade. Centrais Sindicais e Comissões de Fábrica no
Governo de colaboração de classes; CUT: gestação, criação e processos de
transformação. c) 3º Período: do Congresso de 1988 até a chegada de Lula ao governo,
pág. 104. Editora Kenosis, São Paulo, ed. 2013.

29 - Santos, Adriana Gomes; Neto, Antônio Fernandes. Organização de Base: História,


formas,experiências e atualidade. Centrais Sindicais e Comissões de Fábrica no
Governo de colaboração de classes; CUT: gestação, criação e processos de
transformação. c) 3º Período: do Congresso de 1988 até a chegada de Lula ao governo,
pág. 104. Editora Kenosis, São Paulo, ed. 2013.

30 - Santos, Adriana Gomes; Neto, Antônio Fernandes. Organização de Base: História,


formas,experiências e atualidade. Centrais Sindicais e Comissões de Fábrica no
Governo de colaboração de classes; CUT: gestação, criação e processos de
transformação. c) 3º Período: do Congresso de 1988 até a chegada de Lula ao governo,
(115 Boito Jr, Armando. Hegemonia neoliberal e sindicalismo no Brasil. Crítica Marxista,
nº 3, 1996, p. 12). pág. 105. Editora Kenosis, São Paulo, ed. 2013.

31 - Idem p. 12.

32 - Santos, Adriana Gomes; Neto, Antônio Fernandes. Organização de Base: História,


formas,experiências e atualidade. Centrais Sindicais e Comissões de Fábrica no
Governo de colaboração de classes; CUT: gestação, criação e processos de
transformação. c) 3º Período: do Congresso de 1988 até a chegada de Lula ao governo,
(117 CUT. Resoluções do V Concut, 1994, págs. 27. 28). pág. 106. Editora Kenosis,
São Paulo, ed. 2013.

33 - Santos, Adriana Gomes; Neto, Antônio Fernandes. Organização de Base: História,


formas,experiências e atualidade. CUT: Uma importante vitória, mas que sufocou a
organização de base, (96 Caderno de Formação I, op. cit., p. 11.) pág. 94. Editora
Kenosis, São Paulo, ed. 2013.

34 - Santos, Adriana Gomes; Neto, Antônio Fernandes. Organização de Base: História,


formas,experiências e atualidade. Centrais Sindicais e Comissões de Fábrica no
Governo de colaboração de classes; CUT: gestação, criação e processos de
transformação. c) 3º Período: do Congresso de 1988 até a chegada de Lula ao governo,
pág. 107. Editora Kenosis, São Paulo, ed. 2013.

35 - Santos, Adriana Gomes; Neto, Antônio Fernandes. Organização de Base: História,


formas,experiências e atualidade. Centrais Sindicais e Comissões de Fábrica no
Governo de colaboração de classes; CUT: gestação, criação e processos de
transformação. c) 3º Período: do Congresso de 1988 até a chegada de Lula ao governo,
pág. 107. Editora Kenosis, São Paulo, ed. 2013.
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36 - Santos, Adriana Gomes; Neto, Antônio Fernandes. Organização de Base: História,
formas,experiências e atualidade. Centrais Sindicais e Comissões de Fábrica no
Governo de colaboração de classes; Novo Milênio: CUT e Força Sindical de mãos
dadas e contra os trabalhadores, (119 COUTINHO, G. F. O Direito do Trabalho
flexibilizado por FHC e Lula. São Paulo: LTR, 2009, p. 142) pág. 109. Editora Kenosis,
São Paulo, ed. 2013.

37 - Santos, Adriana Gomes; Neto, Antônio Fernandes. Organização de Base: História,


formas,experiências e atualidade. Centrais Sindicais e Comissões de Fábrica no
Governo de colaboração de classes; Negociado prevalecendo sobre o legislado, (120
AITH, M. A Classe Sindical vai ao paraíso. Folha de São Paulo, 04.11.2003, p. A2,
citado por Andreia Galvão. In: O Movimento sindical frente ao governo Lula. Outubro
n. 14, 2006, p. 144) pág. 109. Editora Kenosis, São Paulo, ed. 2013.

38 - (119 COUTINHO, G. F. Idem, p. 92) pág. 109.

39 - (Idem, p. 92) pág. 109.

40 - Jornal O Estado de São Paulo, 02.01.2001.

41 - Idem

42 - Santos, Adriana Gomes; Neto, Antônio Fernandes. Organização de Base: História,


formas,experiências e atualidade. Centrais Sindicais e Comissões de Fábrica no
Governo de colaboração de classes; Organização por Local de Trabalho segundo a
CUT e a FORÇA SINDICAL. pág. 111. Editora Kenosis, São Paulo, ed. 2013.

43 - Santos, Adriana Gomes; Neto, Antônio Fernandes. Organização de Base: História,


formas,experiências e atualidade. Centrais Sindicais e Comissões de Fábrica no
Governo de colaboração de classes; Organização por Local de Trabalho segundo a
CUT e a FORÇA SINDICAL. pág. 111. Editora Kenosis, São Paulo, ed. 2013.

44 - Marini, Ruy Mauro. Subdesenvolvimento e revolução. III. O Movimento


Revolucionário Brasileiro; O sentido da crise. pág. 254. Editora Insular, Florianópolis,
ed. 2017.

45 - Martins, Ernesto. Polop - Uma trajetória de lutas. Nosso trabalho nos sindicatos.
(Andar com os próprios pés; Ativo Nacional do POC - Partido Operário Comunista,
em junho de 1968. pág 223. Belo Horizonte. Editora SEGRAC, 1994.) pág. 224. Centro
de Estudos Victor Meyer. ed. Salvador, 2010.

46 - Ouriques, Nildo Domingos. A crise da república burguesa e o movimento de massas


(https://revolucaobrasileira.org/14/07/2021/a-crise-da-republica-burguesa-e-o-movimento-
de-massas/) , 14 de julho, pág. 01. Florianópolis, 2021.

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47 - Idem, pág. 04

48 - Martins, Ernesto. Polop - Uma trajetória de lutas. Nosso trabalho nos sindicatos.
(Andar com os próprios pés; Ativo Nacional do POC - Partido Operário Comunista,
em junho de 1968. pág 224. Belo Horizonte. Editora SEGRAC, 1994.) pág. 224. Centro
de Estudos Victor Meyer. ed. Salvador, 2010.

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