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Memórias e Experiências de Uma Professora de Artes Visuais Com A Lei 10639/2003
Memórias e Experiências de Uma Professora de Artes Visuais Com A Lei 10639/2003
Resumo
O presente texto, visa apresentar as propostas pedagógicas que motivaram o
desenvolvimento de minha pesquisa de mestrado em Arte e Cultura Visual (ACV), pela
Universidade Federal de Goiás (UFG), intitulado “Experiências com a educação étnico-
racial no ensino de Artes Visuais numa escola pública de Uberlândia – MG”, financiado
pela CAPES. O desenvolvimento metodológico é referenciado pela pesquisa qualitativa
a partir da perspectiva da pesquisa-ação. Os referenciais teóricos da educação para as
relações étnico-raciais, revisitam Kabenguele Munanga, Nilma Lino Gomes, entre outros
autores. O objetivo do texto é apresentar os caminhos que levaram a pesquisa,
realizando uma interlocução entre o ensino de Artes Visuais e minhas experiências
pedagógicas com a aplicação da Lei 10.639/2003, na disciplina de Artes Visuais. Neste
contexto, farei um levantamento das ações que motivaram o início da pesquisa na Escola
Municipal Professor Jacy de Assis, em Uberlândia – MG, bem como apresentarei alguns
desdobramentos e contribuições desse processo.
Considerações finais
Neste artigo, procurei apresentar o desenvolvimento de algumas práticas
pedagógicas realizadas na execução planejamento anual de Artes Visuais em 2015, que
motivaram o desenvolvimento de minha pesquisa de mestrado em Arte e Cultura Visual,
pela Universidade Federal de Goiás
Um dos fatores fundamentais para o sucesso dessa pesquisa em educação para
as relações raciais na escola pública, foi a minha participação nas formações
continuadas oferecidas no município de Uberlândia. O apoio formativo das instituições
que se identificam com a educação étnico-racial, abriu o caminho para que pudesse
estabelecer uma intervenção no espaço escolar, com segurança e muita informação.
Acredito que o mérito dessa proposta pedagógica, encontra-se no
reconhecimento da negritude ampliado na referida escola, incentivada pela implantação
de políticas públicas de promoção da igualdade racial e de ações afirmativas
incentivadas pela lei 10639/03. Os trabalhos desenvolvidos a partir da identidade
cultural, levaram os estudantes a estabelecerem afinidades com culturas desconhecidas
para muitos. E a produção visual, estimulou o respeito aos valores que surgem no
choque das diferenças, reduzindo a carga negativa da origem étnica no espaço escolar.
Avalio que a sociedade brasileira ainda não se livrou da herança racista
historicamente desenvolvida no processo da escravidão negra. Ela se faz presente nos
mais diversos espaços organizacionais, ocultada pelo racismo institucional, inclusive na
escola pública. Também pondero, que os professores têm a difícil missão de introduzir
temas relevantes a todos os grupos sociais que formam a nação brasileira, para que as
instituições de ensino deixem de reproduzir o racismo nos espaços escolares. Por esse
motivo, os profissionais da educação não podem ser omissos, devem procurar renovar
sua formação pessoal e acadêmica, atualizando seus conhecimentos e convicções
pessoais.
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