Você está na página 1de 16

695

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício


ISSN 1981-9900 versão eletrônica
P e r i ó d i c o d o I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e s q u i s a e E n si n o e m F i s i o l o g i a d o E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b p f e x . c o m . b r

O PADRÃO DE CONHECIMENTO DOS PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO


SOBRE ESTERÓIDES ANABOLIZANTES
1,2 1,2
Giseli de Souza Cristofolini , Paulo César Ramos Borba ,
1,2 1
Egon Blunk Junior , Rafaela Liberali

RESUMO ABSTRACT

O objetivo deste estudo foi analisar o Bodybuilders’ knowledge degree about


conhecimento dos praticantes de musculação anabolic steroids
em academias sobre o assunto Esteróides
Anabolizantes Andrógenos, em uma amostra The aim of this study was to analyze the
de 212 praticantes de musculação, de 3 knowledge of bodybuilders who workout at
academias, duas de Joinville/SC e 1 de gyms regarding anabolic androgenic steroids,
Jaraguá do Sul/SC. Para a mensuração dos in a sample of 212 bodybuilders, of 3 gyms, 2
dados, utilizou-se um questionário composto from Joinville/SC and 1 from Jaraguá do
de perguntas fechadas e abertas, previamente Sul/SC. For the data measurement it was used
validado. Os dados foram analisados através a questionnaire consisting of closed and open
da estatística descritiva (freqüência e questions, previously validated. The instrument
porcentagem). Os dados encontrados was applied to the gyms for the people who
mostram que: 46,22% conhecem usuários e wanted to participate. The data have been
25,47% afirmam já ter ouvido falar sobre o analyzed through descriptive statistic
assunto, outros 16,50% dizem conhecer bem o (frequency and percentage). The data show
assunto apesar de não usarem. Os homens that: 46,22% know users of steroids, 25,47%
demonstraram ter mais conhecimento sobre o state that they have already heard about the
assunto do que as mulheres; todos os subject even though they don’t use the
amostrados apontaram mais de um efeito substance and 16,50% declare that they know
colateral dos esteróides, sendo que os cinco a lot about the subject. Men showed that they
efeitos mais apontados foram impotência, know the subject better than women; all the
problemas cardíacos e circulatórios; individuals of the sample pointed out more
virilização, ginecomastia e problemas diversos than one side effect of steroids. Given that, the
no fígado; 23 praticantes relataram terem feito five most pointed out effects were impotence;
uso de esteróides; 17 deles usaram a droga cardiac and circulation problems; virilization;
por vontade própria; somente 9 dos 23 gynecomasty and several liver problems. 23
procuraram acompanhamento médico durante bodybuilders stated that they have already
ou após o uso dos esteróides. Conclui-se que used steroids; 17 of them have used the drug
os praticantes de musculação, mostram um voluntarily, only 9 of the 23 individuals had a
grau de conhecimento consideravelmente medical follow up during or after the use of
satisfatório sobre Esteróides Anabolizantes, steroids. To summarize, the bodybuilders show
recomendando-se mais estudos na área e that their knowledge degree about anabolic
também que sejam levantadas questões sobre steroids is considerably satisfactory. It is
este assunto, a fim de orientação, podendo ser recommended to carry out more studies in this
acrescido como conteúdo a ser desenvolvido area and also raise questions about the
pelos próprios professores e instrutores. subject at the gyms in order to advise people,
this could also be added as a subject to be
Palavras-chave: conhecimento, esteróides, developed by the teachers and the instructors.
anabolizantes, musculação, academia.
Key words: knowledge, steroids, anabolics,
1. Programa de Pós Graduação Lato Sensu bodybuilding and gym.
em Fisiologia do Exercício – Prescrição de
Exercício da Universidade Gama Filho - UGF Endereço para correspondência:
2. Graduado em Educação Física Pela Prof.pauloborba@hotmail.com
Universidade da Região de Joinville – Univille egonjunior@hotmail.com
giselicristofolini@bol.com.br

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.2, n.12, p.699-714. Nov/Dez. 2008. ISSN 1981-9900.
696
Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício
ISSN 1981-9900 versão eletrônica
P e r i ó d i c o d o I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e s q u i s a e E n si n o e m F i s i o l o g i a d o E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b p f e x . c o m . b r

INTRODUÇÃO vez, o homem aderiu à musculação como


competição ou simplesmente para exercício.
O uso de Esteróides Anabólicos Os homens pré-históricos devem ter
Androgênicos na atualidade vem progredindo participado de competições entre si para ver
devido a realização pessoal de se obter um quem levantava a pedra mais pesada.
corpo perfeito. Estamos na era do culto ao Segundo Leighton (1987), a mitologia
corpo: rapazes fortes, mulheres magras, grega confere o início do exercício de peso
ocasionando um distúrbio de comportamento; progressivo a um homem chamado Milo, que
vigorexia para homens e mulheres e anorexia, viveu em Crotana, na Grécia. De acordo com a
bulimia para as mulheres; em conseqüência história, Milo queria se tornar o homem mais
disso, atividade intensa e excessiva, laxantes forte não apenas de toda a Grécia, mas de
estimulantes e muitos outros tipos de drogas todo o mundo. Para conseguir essa meta ele
vem sendo utilizados para se alcançar o que começou levantando um bezerro quando ainda
desejam com mais facilidade em curto prazo era jovem. À medida que o bezerro crescia,
de tempo. Milo aumentava sua força; e quando o touro
É notável o uso de suplementação em atingiu a idade adulta, Milo já havia atingido
academias por alunos que nem mesmo tem força suficiente não só para levantar o animal,
conhecimento da real necessidade da ingestão mas também para carregá-lo nos ombros.
de tal produto, ou até mesmo do que está Essa é a história mais antiga e divulgada como
ingerindo. Entre tantos produtos consumidos o início do treinamento de força.
encontram-se os Esteróides Anabólicos O que se tem da história um pouco
Androgênicos (E.A.A.) que são substâncias mais moderna, afirma Leighton (1987), é que o
relacionadas ao hormônio sexual masculino, a levantamento de peso e o treinamento de
testosterona. força não conseguiram qualquer aceitação até
Segundo Junior (1997), a testosterona, o início do século XX. Antes disso, as barras e
o mais potente hormônio sexual masculino, os halteres eram grosseiros, grandes e
vem sendo descrita ao longo dos anos como o disformes. O equipamento era adequado
hormônio que poderá contribuir para regredir a somente para utilização em giros em ginásios,
incapacidade funcional do homem por homens vigorosos com mãos possantes.
envelhecido. Os levantamentos executados eram de estilo
É em busca do aumento do volume lento e dependiam de mais força bruta e muito
muscular que se vê o crescimento gradativo pouco da habilidade exigida no levantamento
do uso indiscriminado de esteróides olímpico de nossos dias.
anabolizantes em academias, e relacionados à Atualmente a musculação está sendo
imagem sedutora de um corpo perfeito pelo totalmente estudada. Variáveis como
uso de esteróides anabólicos estão os efeitos montagens de programas e treinos específicos
colaterais. para populações especiais e voltados para a
estética, são estudados, tendo variações em
Musculação seu número de séries e repetições, intervalo
entre as séries, velocidade de execução,
Atualmente a musculação é bastante formas de execução, respiração, tudo isso
estudada e discutida, já que isso é de grande para otimizar resultados e não apenas evoluir
interesse de todos. Estão mais do que conforme o bezerro que ia crescendo, como
comprovados todos os benefícios da prática era na época de Milo na Grécia antiga.
regular desta atividade, sendo aconselhada
para as mais diversas situações; desde Esteróides Anabólicos Androgênicos
indivíduos que procuram melhora estética,
aumento do rendimento físico no caso de Esteróides anabólicos são substâncias
atletas, melhora da qualidade de vida e uma relacionadas ao hormônio sexual masculino
grande procura por populações especiais, testosterona (Fonseca e Thiesen, 2000), que
onde há um elevado número de estudos em foram proibidas pelo COI (Comitê Olímpico
todos esses grupos. Internacional) por ocasião da Olimpíada de
Mas nem sempre foi assim. Não havia 1976 em Montreal (Cruz, 2004).
esse tipo de conscientização; é impossível Segundo Junior (1997), em 1939,
estabelecer exatamente quando, pela primeira quatro anos após ter-se isolado a testosterona,

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.2, n.12, p.699-714. Nov/Dez. 2008. ISSN 1981-9900.
697
Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício
ISSN 1981-9900 versão eletrônica
P e r i ó d i c o d o I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e s q u i s a e E n si n o e m F i s i o l o g i a d o E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b p f e x . c o m . b r

Boje sugere o seu uso como forma de Definição


aumentar a capacidade de performance
esportiva e, nesse mesmo ano, futebolistas da Robergs e Roberts (2002), afirmam
equipe Wolverhampton Wanderers usaram um que Esteróides anabólicos são uma família de
extrato de tratamento glandular. hormônios esteróides similares aos hormônios
Bompa (2000), afirma que, por volta esteróides naturais (por exemplo testosterona)
dos anos 50, a testosterona e seus análogos, que aumenta a síntese protéica e a hipertrofia
como a metandrostenolona (Dianabol, do muscular resultante (anabólico), assim como o
laboratório CIBA) passaram a ser usados. Os desenvolvimento dos caracteres sexuais
atletas do Leste Europeu foram os primeiros a secundários (androgênicos), tais como
utilizá-los; logo em seguida os outros países hisurtismo, agravamento da voz e
também passaram a usar tais substâncias. comportamento agressivo. Por causa dessas
Conforme Junior (1997), a utilização características, essas drogas foram
original dos esteróides anabolizantes fez-se denominadas esteróides anabólicos
primeiramente no tratamento do androgênicos.
hipogonadismo masculino (Lamb, 1984; Para Junior (1997), os esteróides
Alen,1985; Barhke, 1990), hipogonadismo anabolizantes habitualmente utilizados pelos
hipogonatrofico (Wilson e Griffin, 1980), na esportistas são compostos químicos sintéticos,
promoção do crescimento, na osteoporose, no derivados da testosterona, dehidrotestosterona
carcinoma mamário, em anemias, nas e 19-nortestosterona, quimicamente
queimaduras. modificados para reduzir os efeitos
A aceitação dos efeitos ergogênicos androgênicos e aumentar os efeitos
dos esteróides anabólicos, provavelmente anabólicos.
começou com a revisão da bibliografia feita Segundo Ribeiro (2008), classificamos
por Haupt e Rovere (1984). Eles concluíram os esteróides em androgênicos e corticóides;
que, se fossem seguidos alguns critérios, os usados indevidamente são, em sua maioria,
como treinamento intensivo, dieta esteróides androgênicos (esteróides que agem
hiperprotéica e técnicas específicas de como testosterona)
avaliação, então os esteróides anabólicos O termo ergogênico é definido como
poderiam melhorar a performance atlética “aquilo que tende a aumentar o trabalho”. Essa
(Bompa 2000). definição tem sido modificada para ajustar a
Para Junior (1987), a utilização sua aplicação no desempenho do exercício e o
massiva e epidêmica dos esteróides termo recurso ergogênico foi criado e definido
anabolizantes por esportistas suscitou, por como “... o tratamento ou substância física,
parte do National Institute Drug Abuse nos mecânica, nutricional, psicológico ou
Estados Unidos da América em 1989, esforços farmacológica que melhora diretamente as
no sentido de reclassificar os esteróides variáveis fisiológicas associadas ao
anabolizantes como substâncias controladas. desempenho do exercício ou remove
O atleta que faz uso de esteróides restrições subjetivas que possam limitar a
viola as normas e princípios éticos das capacidade fisiológica¨ (Robergs e Roberts,
competições estabelecidos por entidades de 2002).
regulamentação esportiva (Dantas, 1998). A produção normal de testosterona no
Segundo Neto (1997), a auto- homem adulto é de cerca de 4 a 9mg por dia,
medicação já faz parte da cultura brasileira, o que pode ser aumentada pelo estímulo do
que nos mostra uma grave falta de exercício intenso. As mulheres produzem
conscientização. Dosagens elevadas de somente 0,5mg de testosterona/dia, daí a
medicamentos de qualquer natureza, mesmo dificuldade em adquirir massa muscular
aquelas substâncias sem contra indicações, (Ribeiro, 2008).
podem acarretar efeitos colaterais e em alguns
casos até levar a morte. A orientação médica é O Consumo de Esteróides Anabólicos
essencial para se saber qual medicamento é Androgênicos
mais indicado, qual a dosagem correta e
quando é a hora de interromper o seu uso, só Ribeiro (2008), afirma que, muitos
assim evitam-se riscos e conseqüências. similares da testosterona são usados em
tratamento médico, como nos casos de

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.2, n.12, p.699-714. Nov/Dez. 2008. ISSN 1981-9900.
698
Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício
ISSN 1981-9900 versão eletrônica
P e r i ó d i c o d o I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e s q u i s a e E n si n o e m F i s i o l o g i a d o E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b p f e x . c o m . b r

deficiência de testosterona, problemas testículos, reduzindo ou cessando a produção


testiculares, câncer de mama, angioedema de espermatozóides.
hereditário, anemia, endometriose grave e Segundo Lima, (1997), os usuários de
estímulo do crescimento em caso de estéroides anbólicos androgênicos dispõem de
puberdade masculina tardia. várias maneiras de combinar certas drogas,
Bompa (2000), O uso de drogas bem como de ajustar os ciclos de utilização
anabolizantes é mais comum entre culturistas das mesmas visando passar pelos testes com
recreacionais do que entre atletas em geral. resultado negativo.
São mais utilizados para melhorar a aparência
do que para melhorar a performance. Forma de Comercialização
Conforme Junior (1997), alguns atletas
de alto rendimento dizem ser necessárias Portanto, a maioria das drogas
dosagens de esteróides anabolizantes bem disponíveis no mercado negro vem de
acima das recomendadas para terapia, para laboratórios clandestinos, onde as drogas
que haja efetividade no desenvolvimento da falsificadas são feitas utilizando qualquer
força muscular (Bergman e Leach, 1984; material disponível. Essas falsificações
Lamb, 1984; American College of Sports incluem preparações farmacêuticas, drogas
Medicine, 1987). feitas em laboratório de fundo de quintal,
Segundo Cruz (2004), o enantato de drogas veterinárias, vitaminas, substâncias
testosterona possui um grande efeito inertes e, em alguns casos, drogas injetáveis
androgênico combinado com um grande efeito feitas de óleo ou água colorida (Bompa, 2000).
anabólico, sendo dessa forma um perfil Vamos citar alguns medicamentos
perfeito para indivíduos que almejam uma esteróides de apresentação oral e injetável:
hipertrofia masculinizada. Contudo, esse efeito esteróides nacionais: decanoato de
vem somado a uma grande retenção hídrica, o nandrolona – um esteróide injetável com efeito
que facilita o reconhecimento visual dos de ganho de massa muscular e pequenos
usuários desse tipo de produto. efeitos colaterais; derivados da testosterona
De acordo com a bibliografia científica, tais como propionato, fenilpropionato,
os atletas não utilizam as doses terapêuticas, isocaproato e decanoato de testosterona (4
mas doses 10 a 40 vezes maiores (Bompa, tipos de testosterona sintética) – muito bom
2000). para ganho de massa e força, mas muito
As dosagens apresentadas para carregado de efeitos colaterais; oximetolona –
fisiculturistas são quantificadas por dia e esteróide oral que tem o maior poder de ganho
chegam a parâmetros alucinados de 2000mg de massa e força de todos existentes no Brasil
por dia, comparados à indicação clínica e exterior, mas, de longe, também o mais
regular, que determina para o medicamento tóxico, podendo causar hepatites instantâneas,
Deposteron (Cipionato de Testosterona) uma independente da dose; mesterolona – toxidade
dosagem de 200mg a 400mg com intervalo de mediana e pouco efeito de ganho de massa
duas a quatro semanas, o que daria pouco (Ribeiro, 2008).
menos de 30mg por dia. Essas comparações Segundo Cruz (2004), nomes
matemáticas mostram o absurdo das comerciais de derivados hormonais vendidos
dosagens utilizadas em ergogenia no meio no Brasil e exterior, conforme demonstrado na
esportivo (Cruz, 2004). tabela 1 logo abaixo.
Ribeiro (2008), afirma que, muitos Esteróides importados: estazanol, oral
outros similares foram desenvolvidos com e injetável – tóxico ao fígado; emantato de
efeitos mais anabólicos que a testosterona. metolona – pouco efeito em ganho de massa,
Todos eles possuem, substancialmente, os menos tóxico; oxandrolona – não tem muitos
mesmos efeitos da testosterona: retenção de efeitos colaterais, sendo o preferido das
sódio, potássio, água, cálcio, sulfato e fosfato, mulheres. O seu efeito terapêutico é indicado
síntese do aumento muscular em resposta ao para crianças com problemas de peso nos
exercício e possível aumento da agressividade Estados Unidos, para aidéticos a fim de
e/ou libido. Eles agem no hipotálamo e na minimizar as perdas musculares causadas
pituitária para suprimir a produção de GnRH, pela doença; trembolona – injetável, muito
FSH e LH, causando uma diminuição na forte, tóxica e, infelizmente, muito indicada por
produção de testosterona natural nos fisiculturistas e profissionais, sendo usada por

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.2, n.12, p.699-714. Nov/Dez. 2008. ISSN 1981-9900.
699
Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício
ISSN 1981-9900 versão eletrônica
P e r i ó d i c o d o I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e s q u i s a e E n si n o e m F i s i o l o g i a d o E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b p f e x . c o m . b r

iniciantes; éster de testosterona – causa bom colaterais graves (Ribeiro, 2008).


aumento da massa muscular, mas com efeitos

Tabela 1 – Nomes comerciais de derivados hormonais vendidos no Brasil e exterior.


Princípio ativo Nome comercial (BR) Nome comercial exterior

Cipianato de Testosterona Deposteron Andryl; Ardoene; Delastetryl; Duratestos-

Testosterona Androgel terone; Ruathate; Enarmon-depot;

Ésteres de testosterona Durateston;Estrandon Everone; Malogen; Primoteston Depot;

Testosterona associada Trinestril Tesone; Testanate; Testaval; Testosteron

Propionato de testosterona Tesurene depot; Testoviron- depot


Testosteron -Depot; Texto-Enant.;

Undecanoato de testosterona Androxon Duratest; Testa-C

Segundo Cruz (2004), a nandrolona DNA (ácido desoxirribonucléico), estimulando


(Deca – durabolin, Dermadin, Nandrol, a transcrição de novos RNA mensageiro
Topidex, Androlone-D; Elpihormo, Extraboline, (ácido ribonucléico). Esse processo estimula a
Jebolan; Nandrol, Neo-durabilic, Nuzeran; síntese protéica, que sem sombra de dúvida é
Retablil) é um dos anabolizantes mais a principal alteração na função celular. O
encontrados em exames de atletas. aumento da síntese protéica acarreta o
O decanoato de nandrolona contido no aumento da força e do volume das células
Deca-durabolin, segundo Grunding e musculares esqueléticas.
Bachmann (1996), é o esteróide mais Do ponto de vista bioquímico, os
difundido em todo o mundo. Ele leva a um esteróides anabolizantes produzem a retenção
aumento do balanço nitrogenado da célula de nitrogênio, potássio e fosfato, estimulam a
muscular, promovendo um incremento em sua síntese protéica, assim como a síntese de
massa total, suscitando também um aumento ácido ribonucléico, diminuindo também a
na retenção hídrica (Cruz, 2004). degradação de aminoácidos (Junior, 1997).
Segundo Bompa (2000), as
Como Atua no Organismo modificações feitas em qualquer dos carbonos
que formam a molécula de testosterona
Bompa (2000), afirma que, quando um procuram alterar o índice anabólico/
ou mais esteróides são administrados injetável androgênico (índice terapêutico), procurando
ou oralmente, o principal objetivo é estimular a maximizar o efeito anabólico e minimizar o
síntese protéica. Quando o esteróide é efeito androgênico, aumentar o valor biológico
injetado no músculo, ele se difunde na da droga, quando administrada oralmente,
corrente sanguínea; quando administrado diminuindo seu tempo de absorção, quando
oralmente ele percorre o trato gastro intestinal administrada parenteralmente e aumentar e
até o fígado, então atinge a corrente potência da droga para que sejam utilizadas
sanguínea. Quando o esteróide atinge a menores quantidades da droga com os
corrente sanguínea, ele procura a célula alvo e mesmos resultados.
liga-se ao receptor específico. Essa ligação Junior (1997), afirma que, a
entre hormônio e receptor acontece no citosol. testosterona e os esteróides anabolizantes
O complexo hormônio-receptor atinge o núcleo sintéticos ligam-se a um receptor androgênico
da célula e fixa-se a segmentos específicos do

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.2, n.12, p.699-714. Nov/Dez. 2008. ISSN 1981-9900.
700
Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício
ISSN 1981-9900 versão eletrônica
P e r i ó d i c o d o I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e s q u i s a e E n si n o e m F i s i o l o g i a d o E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b p f e x . c o m . b r

no citoplasma dos músculos esqueléticos, da força; aumento da massa muscular e


próstata e outros órgãos-alvo. corporal; aumento da concentração de
É o hormônio responsável pelo hemácias; aumento da tolerância ao exercício.
aparecimento das características masculinas, Os efeitos produzidos pela
e a sua ausência, no homem, pode levar a um testosterona podem ser subdivididos
aspecto mais feminino, ocorrendo o inverso arbitrariamente em duas categorias. Essas
com as mulheres (Cruz, 2004). são: androgênica, que produz os efeitos
Contudo, em animais adultos com secundários masculinizantes, e anabólica, que
concentrações normais de testosterona aumenta a força e o volume muscular (Bompa,
circulante, os receptores de andrógenos nos 2000).
músculos esqueléticos parecem estar Lima (1997) afirma que os autores
completamente ocupados pelos andrógenos colocam que, apesar de alguns estudos
naturalmente secretados; quando sugerirem que o uso de esteróides anabólicos
administrados em níveis supranormais, os androgênico possa estar associado com o
andrógenos causarão segundo alguns autores desenvolvimento de cardiomiopatias, estes
Rance, (1984), redução no número de efeitos ainda não foram precisamente
receptores específicos (Junior 1997). determinados.
Se existem controvérsias na Conforme Bompa (2000), efeitos
bibliografia quanto à eficiência dos esteróides adversos potenciais em homens incluem a
anabólicos e a melhoria da performance, não ginecomastia, retenção hídrica, acne,
há dúvida, que na mente dos atletas, eles alterações da libido, oligospermia e o aumento
funcionam (Bompa, 2000). de agressividade. Em mulheres, podem
Junior (1997), afirma que é possível ocorrer a amenorréia e outras irregularidades
que a bioquímica de certos atletas seja menstruais. Existe ainda a possibilidade de
geneticamente mais suscetível e favorável que efeitos masculinizantes, como o
o normal com relação aos efeitos dos engrossamento da voz, hirsutismo, calvície,
esteróides anabolizantes. diminuição das mamas, alargamento do
Conforme Junior (1997), muito ainda clitóris. Tais efeitos podem ou não ser
deve ser estudado, não somente no que diz reversíveis.
respeito à ação dessas drogas no organismo, A administração de esteróides
mas também sobre os métodos de controle anabólicos externos leva a um controle por
dos usuários, sendo necessário estar sempre retroalimentação negativa, culminando com a
atento ao volume cada vez maior de utilização cessação da produção deste hormônio pelas
dos anabolizantes, o que torna estes um dos glândulas corporais, sendo em longo prazo um
maiores problemas relacionados à prática dos principais efeitos colaterais, que pode, em
esportiva, competitiva ou não. última análise, culminar com a impotência
sexual do homem (Cruz, 2004).
Efeitos Benéficos e Colaterais Segundo Ribeiro (2008), no
adolescente: maturação esquelética precoce
Segundo Junior (1997) parecem ser com fechamento prematuro das hipófises
vários os motivos que levam esportistas a ósseas, baixa estatura e puberdade acelerada,
fazer uso de esteróides anabolizantes: levando a crescimento raquítico.
redução na porcentagem de gordura corporal; O outro grupo de efeitos adversos são
aumento da massa corporal magra e da força; aqueles que não se relacionam às
aumento na massa eritrocitária; aumento na capacidades anabólicas e androgênicas dos
capacidade geral de treino; melhor capacidade esteróides. Incluídas nesse grupo, estão
de recuperação; maior armazenamento de alterações no colesterol sérico, doenças
glicogênio; maior densidade mineral óssea e cardiovasculares, câncer de próstata,
maior agressividade. disfunção renal, alterações no metabolismo
Cruz (2004) mostra que o emprego de dos carboidratos, alterações emocionais,
esteróides anabolizantes pode trazer alguns aumento de lesões músculo-esqueléticas,
benefícios positivos para o atleta, entre os acidente vascular encefálico, disfunção
muitos negativos. Entre os componentes que hepática (em alguns casos até cirrose
justificam a sua utilização apresentam: hepática), carcinoma hepático e hepatite
diminuição da massa gorda (lipídios); aumento (Bompa, 2000).

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.2, n.12, p.699-714. Nov/Dez. 2008. ISSN 1981-9900.
701
Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício
ISSN 1981-9900 versão eletrônica
P e r i ó d i c o d o I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e s q u i s a e E n si n o e m F i s i o l o g i a d o E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b p f e x . c o m . b r

Ribeiro (2008) afirma que, o abuso de Para efetuar a coleta de dados,


anabolizantes pode causar variação de humor, utilizou-se um questionário composto de
incluindo agressividade e raiva incontrolável, perguntas abertas e fechadas, com o objetivo
levando a episódios violentos como suicídios e de obter informações.
homicídios, principalmente conforme a
freqüência e o volume usados. Usuários QUESTIONÁRIO
apresentam sintomas depressivos ao
interromperem o uso e sintomas de síndrome IDENTIFICAÇÃO
de abstinência, o que pode contribuir para a
dependência. 1. Gênero: ( ) Masculino ( )Feminino
Hoje, a posição do Colégio Americano 2. Idade: ( ) anos
de Medicina Esportiva está alterada e diz que
os esteróides anabólicos androgênicos, na 3. Grau de instrução: ( ) Ensino médio
presença de uma dieta adequada, pode ( ) Ensino Superior
contribuir para aumentar o peso corporal, ( ) Especialização
freqüentemente na massa magra, e os ganhos
de força muscular obtidos pelos exercícios de 4. Pratica qual modalidade de atividade física?
alta intensidade e dieta adequada podem ser _____________________________________
aumentados pelo uso dos esteróides
anabólicos androgênicos em alguns indivíduos 5. Qual seu conhecimento sobre os Esteróides
(Lima, 1997). (Bomba)?
A abordagem desta pesquisa levanta a ( ) Nunca ouviu falar
questão relacionada ao conhecimento do uso ( ) Já ouvi algo a respeito
de Esteróides Anabólicos Androgênicos em ( ) Conheço usuários
praticantes de musculação, mostra a esse ( ) Conheço bem mas não utilizo
público a conseqüência do uso indiscriminado ( ) Já experimentei
dos mesmos assim como os resultados que ( ) Estou utilizando
isso pode trazer à sua saúde.
Portanto o objetivo do presente 6. O que você acha que são Esteróides
trabalho é fazer uma verificação do padrão de Anabolizantes (Bomba)?
conhecimento a respeito de Esteróides
Anabólicos Androgênicos por praticantes de 7. Para que servem os Esteróides
musculação. Anabolizantes?

MATERIAIS E MÉTODOS 8. Assinale os possíveis efeitos colaterais dos


Esteróides.
Esta pesquisa caracteriza-se como ( ) Acne
experimental. ( ) Aumento do colesterol
A população da pesquisa é N = 1800 ( ) Calvície
alunos matriculados nas academias, foi ( ) Problemas diversos no fígado
selecionada uma amostra de n=212 por ( ) Problemas na próstata
atender alguns critérios: Praticar Musculação. ( ) Problemas diversos nos rins
As instituições pesquisadas são academias de ( ) Impotência e esterilidade
Joinville e Jaraguá do Sul. ( ) Limitação no crescimento
A população (p=212) desta pesquisa ( ) Insônia
compreendeu alunos de duas academias de ( ) Problemas nos tendões e ligamentos
Joinville, e uma academia de Jaraguá do Sul. ( ) Dor de cabeça
A amostra foi composta por (n=212) ( ) Ginecomastia - Aumento excessivo dos
praticantes de musculação de ambos os mamilos nos indivíduos do gênero masculino
gêneros, com idade entre 13 e 74 anos. A ( ) Agressividade
participação ou não na pesquisa foi opcional ( ) Depressão
aos alunos, sendo que os mesmos não ( ) Virilização - Surgimento de características
precisavam identificar-se para a colaboração masculinas em mulheres.
com a mesma. ( ) Problemas cardíacos e circulatórios
( ) Hipertensão arterial

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.2, n.12, p.699-714. Nov/Dez. 2008. ISSN 1981-9900.
702
Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício
ISSN 1981-9900 versão eletrônica
P e r i ó d i c o d o I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e s q u i s a e E n si n o e m F i s i o l o g i a d o E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b p f e x . c o m . b r

Tabela 2 – Perfil dos amostrados divididos em


9. Aponte alguns benefícios do uso dos relação ao gênero, Joinville, 2008.
Esteróides Anabolizantes? Freqüência %
Masculino 126 59,43
Se você utiliza ou já utilizou Esteróides Feminino 86 40,56
(Bomba) responda as questões abaixo:

10. Por que iniciou o uso?


( ) Recomendações do Instrutor, treinador ou DISCRIMINAÇÃO POR GÊNERO
professor
( ) Recomendações de um amigo
( ) Vontade própria 59,43
( ) Outros:___________________________ 60
40,56 Masculino
50
11. De que maneira os Esteróides o ajudam 40 Feminino
ou ajudavam
% 30
( ) Diminuir o cansaço
20
( ) Estímulo psicológico
( ) Melhorar a estética 10
( ) Desempenhar melhor minhas atividades 0
( ) Outros:__________________________
Gráfico 1 – Perfil dos amostrados divididos
12. Antes ou durante o uso dos Esteróides em relação ao gênero, Joinville, 2008.
(Bomba) você procurou algum tipo de
acompanhamento médico? A tabela 2 e gráfico 01 mostram um
( ) Sim ( ) Não número maior de indivíduos do gênero
masculino participando desta pesquisa, com
13. Você já sentiu algum efeito colateral do 126 amostrados em comparação com 86 do
uso dos Esteróides? gênero feminino (59,43% para 40,56%
( ) Não ( ) Sim - Qual(is)?_________ respectivamente).
O questionário utilizado na presente Tabela 3 – Freqüência e porcentagem do grau
pesquisa foi retirado do seguinte trabalho: “O de instrução dos amostrados, Joinville, 2008.
Conhecimento dos estudantes do Ensino
Freqüência %
Médio de Florianópolis sobre os Esteróides
Ensino Médio 39 18,39
Anabolizantes Andrógenos, de Rodrigo da
Curso Superior 118 55,66
Silva que foi realizado em Florianópolis 2003”.
Especialização 53 25,00
Nesse questionário foi adaptado o item 3 -
grau de instrução, que no original está: 1º ano
do segundo grau, 2º ano do segundo grau, 3º GRAU DE INSTRUÇÃO
ano do segundo grau; para, Ensino Médio,
Ensino Superior, Especialização; e o item 4 -
pratica atividade física? para, pratica qual 60
55,66
modalidade de atividade física?
50

40 Ensino Médio
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS % 30
25 Curso Superior
RESULTADOS 18,39 Especialização
20

10
Este capítulo refere-se aos dados 0
obtidos, organizados em tabelas e gráficos. As
tabelas e gráficos apresentam os resultados
Gráfico 2 – Freqüência e porcentagem do
dos questionários aplicados nos 212
grau de instrução dos amostrados, Joinville,
amostrados das academias pesquisadas.
2008.

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.2, n.12, p.699-714. Nov/Dez. 2008. ISSN 1981-9900.
703
Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício
ISSN 1981-9900 versão eletrônica
P e r i ó d i c o d o I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e s q u i s a e E n si n o e m F i s i o l o g i a d o E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b p f e x . c o m . b r

A tabela 3 e gráfico 02 mostram uma praticantes com especialização e em menor


maior participação de indivíduos com curso número de participação alunos apenas com
superior completo (55,66%) seguido de ensino médio (25%).

Tabela 4 – Freqüência e porcentagem dos amostrados quanto ao conhecimento sobre os esteróides,


Joinville, 2008.
Freqüência %
Nunca ouvi falar 01 0,47
Já ouvi algo a respeito 54 25,47
Conheço usuários 98 46,22
Conheço mas não utilizo 35 16,50
Já utilizei 23 10,84
Estou utilizando 01 0,47

CONHECIMENTO GERAL SOBRE ESTERÓIDES

Nunca ouvi falar


50 46,22
Já ouvi algo a
40 respeito
Conheço usuários
30 25,47
% Conheço mas não
20 16,5
utilizo
10,84
Já utilizei
10
0,47 0,47
0 Estou utilizando

Gráfico 3 – Freqüência e porcentagem dos amostrados quanto ao conhecimento sobre os esteróides,


Joinville, 2008.

Esta tabela e gráfico mostram um total participantes da pesquisa. E apenas 1 pessoa


de 98 (46,22%) praticantes, que dizem diz nunca ter ouvido falar no assunto, e outro
conhecer usuários de esteróides, um número estar utilizando atualmente. Devemos lembrar
bastante considerável. Já 54 participantes que mesmo sendo uma pesquisa sem
(25,47%) dizem já ter ouvido algo a respeito, e identificação os participantes em alguns casos
outros 35 dizem conhecer, mas não utilizar. ainda omitem informações ou pelo menos
Comprovando que realmente os esteróides tentam amenizá-las. Assim, talvez exista um
anabolizantes são bastante conhecidos pelos número maior de pessoas que já utilizou a
praticantes de musculação na atualidade. droga e talvez consumidores atualmente.
Outro dado considerável é que 23 dos Nesta tabela e gráfico está visualizado
212 participantes dizem já ter experimentado o padrão de conhecimento geral de
algum tipo de esteróide; para alguns pode participantes do gênero masculino sobre
parecer um número pequeno, mas devemos esteróides anabolizantes. Verificamos quase
lembrar que estamos falando de substâncias um empate entre o número de participantes
tóxicas e vendidas apenas sob prescrição que já ouviram falar algo a respeito e os que
médica. Portanto avalio este valor como conhecem usuários (34,95% para 32,53%
preocupante, principalmente se somado aos respectivamente) seguidos de 17,46% de
outros 98 dos usuários conhecidos pelos pessoas que dizem conhecer, mas não utilizar.

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.2, n.12, p.699-714. Nov/Dez. 2008. ISSN 1981-9900.
704
Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício
ISSN 1981-9900 versão eletrônica
P e r i ó d i c o d o I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e s q u i s a e E n si n o e m F i s i o l o g i a d o E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b p f e x . c o m . b r

Tabela 5 – Freqüência e porcentagem dos amostrados do gênero masculino quanto ao conhecimento


geral sobre os esteróides, Joinville 2008.
Freqüência %
Nunca ouvi falar 01 0,79
Já ouvi algo a respeito 43 34,95
Conheço usuários 41 32,53
Conheço mas não utilizo 22 17,46
Já utilizei 19 15,07
Estou utilizando 00 00

NÍVEL DE CONHECIMENTO
MASCULINO SOBRE ESTERÓIDES

Nunca ouvi falar


40 34,95
32,53
Já ouvi algo a
30 respeito
Conheço usuários
% 20 17,46
15,07
Conheço mas não
10 utiliz o
0,79 0 Já utiliz ei
0
Estou utiliz ando

Gráfico 4 – Freqüência e porcentagem dos amostrados do gênero masculino quanto ao


conhecimento geral sobre os esteróides, Joinville 2008.

Tabela 6 – Freqüência e porcentagem dos amostrados do gênero feminino quanto ao conhecimento


geral sobre os esteróides, Joinville 2008.
Freqüência %
Nunca ouvi falar 00 00
Já ouvi algo a respeito 55 63,95
Conheço usuários 13 15,11
Conheço mas não utilizo 13 15,11
Já utilizei 04 4,65
Estou utilizando 01 1,16

NÍVEL DE CONHECIMENT O FEMININO


SOBRE EST ERÓIDES

Nunca ouvi falar


70 63,95
60 Já ouvi algo a
respeito
50
Conheço usuários
40
%
30 Conheço mas não
15,11 utiliz o
20 15,11
Já utiliz ei
10 0
4,65
1,16
0 Estou utiliz ando

Gráfico 5 – Freqüência e porcentagem dos amostrados do gênero feminino quanto ao conhecimento


geral sobre os esteróides, Joinville 2008.

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.2, n.12, p.699-714. Nov/Dez. 2008. ISSN 1981-9900.
705
Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício
ISSN 1981-9900 versão eletrônica
P e r i ó d i c o d o I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e s q u i s a e E n si n o e m F i s i o l o g i a d o E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b p f e x . c o m . b r

E o considerável número de 19 falar algo a respeito 55 (63,95%), mas em


praticantes que já utilizaram esteróides. Um comparação com os dados dos homens, um
alegou nunca ter ouvido falar e nenhum diz valor relativamente mais baixo de mulheres
estar usando atualmente. Dados estes que que conhecem usuários 13 (15,11%) cerca da
nos mostram um elevado valor demonstrando metade de homens, seguidos de 13 (15,11%)
o conhecimento e contato dos praticantes de que conhecem, mas não utilizam, 04 (4,65%)
musculação com os esteróides. que já utilizaram, contra 19 homens,
Nesta tabela e gráfico está visualizado mostrando que há uma procura maior pelos
o padrão de conhecimento geral de esteróides pelos praticantes do gênero
participantes do gênero feminino sobre masculino. Uma participante diz estar usando
esteróides anabolizantes. Verificamos um atualmente e nenhuma desconhecer o
elevado valor de participantes que já ouviram assunto.

Tabela 7 – Freqüência e porcentagem do resultado apontado pelos amostrados, sobre o


conhecimento específico sobre Esteróides Anabolizantes, Joinville, 2008.
FREQÜÊNCIA %
Substância prejudicial à saúde 7 3,30
Substancias que estimulam o aumento da 35 16,50
massa muscular
São hormônios sintéticos 47 22,16
São drogas 43 20,28
Não respondeu 12 5,66
Substância que causa força muscular 9 4,24
Algo que artificialmente incha os músculos 8 3,77
Substância que para quem usa é bom 3 1,41
Algo Desnecessário 15 7,07
Um tipo de medicamento 9 4,24
Não sabe 24 11,32

Tabela 8 – Freqüência e porcentagem do resultado apontado pelos amostrados do gênero masculino,


sobre o conhecimento específico sobre Esteróides Anabolizantes, Joinville 2008.
FREQÜÊNCIA %
Substância prejudicial à saúde 4 3,17
Substancias que estimulam o aumento da massa muscular 22 17,46
São hormônios sintéticos 28 22,22
São suplementos ilegais (drogas) 26 20,63
Não respondeu 7 5,55
Algo que causa força muscular 9 7,14
Algo que artificialmente incha os músculos 3 2,38
Substância que para quem usa é bom 3 2,38
Algo desnecessário 9 7,14
Um tipo de medicamento 9 7,14
Não sabe 6 4,76

Na tabela 7 podemos analisar o Observa-se pelas respostas mostradas que a


conhecimento mais específico dos amostrados grande maioria apresenta um conhecimento
sobre o que são esteróides anabolizantes. bastante considerável sobre o que sejam

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.2, n.12, p.699-714. Nov/Dez. 2008. ISSN 1981-9900.
706
Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício
ISSN 1981-9900 versão eletrônica
P e r i ó d i c o d o I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e s q u i s a e E n si n o e m F i s i o l o g i a d o E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b p f e x . c o m . b r

esteróides. Pois verifica-se em sua maioria comportamento agressivo. Por causa dessas
respostas identificando os esteróides como características, essas drogas foram
hormônios de origem sintética, definições denominadas esteróides anabólicos
como drogas, facilitadores de aumento da androgênicos.
massa muscular e outros semelhantes. Na tabela 8 fazemos a análise do
Robergs e Roberts (2002), afirmam conhecimento específico dos participantes do
que Esteróides anabólicos são uma família de gênero masculino sobre o que são esteróides,
hormônio esteróides similares aos hormônios e verificamos que os mesmos detêm um
esteróides naturais (por exemplo testosterona) conhecimento satisfatório referente ao assunto
que aumenta a síntese protéica e a hipertrofia abordado, já que a grande maioria relacionou
muscular resultante (anabólico), assim como os esteróides com suas reais e corretas
desenvolvimento dos caracteres sexuais definições, ainda que de uma forma
secundários (androgênicos), tais como superficial.
hirsutismo, agravamento da voz e

Tabela 9 – Freqüência e porcentagem do resultado apontado pelos amostrados do gênero feminino,


sobre o conhecimento específico sobre Esteróides Anabolizantes, Joinville 2008.
FREQÜÊNCIA %
Substância prejudicial à saúde 3 3,48
Substâncias que estimulam o aumento da massa muscular 13 15,11
São hormônios sintéticos 19 22,09
São suplementos ilegais (drogas) 17 19,76
Não respondeu 5 5,81
Algo que causa força muscular 0 00
Algo que artificialmente incha os músculos 5 5,81
Substância que para quem usa é bom 0 00
Algo desnecessário 6 6,97
Um tipo de medicamento 0 00
Não sabe 18 20,93

Nesta tabela fazemos a análise do esteróides anabolizantes. Desta forma


conhecimento específico dos participantes do identificamos um conhecimento específico
gênero feminino sobre o que são esteróides, e sobre o assunto, bem maior por parte dos
em comparação aos homens, percebemos homens, resultante provavelmente da maior
uma notável diferença, sendo que parte das busca masculina pela hipertrofia muscular, que
participantes da pesquisa equivalente a 18 seja, talvez o maior motivo da busca e
(20,93%) alega não saber o que são utilização dos esteróides.

Tabela 10 – Freqüência e porcentagem das respostas sobre a serventia dos Esteróides Anabólicos,
Joinville 2008.
FREQÜÊNCIA %
Aumentar a produção dos hormônios do crescimento 3 1,41
Aumento da força 10 4,71
Aumento de massa muscular 116 54,71
Não tem 17 8,01
Serve para patologias específicas 2 0,94
Não sabe 7 3,30

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.2, n.12, p.699-714. Nov/Dez. 2008. ISSN 1981-9900.
707
Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício
ISSN 1981-9900 versão eletrônica
P e r i ó d i c o d o I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e s q u i s a e E n si n o e m F i s i o l o g i a d o E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b p f e x . c o m . b r

Analisando esta tabela, observa-se começou com a revisão da bibliografia feita


que 8,01% dos amostrados não vê serventia por Haupt e Rovere (1984). Eles concluíram
alguma para o uso de esteróides. Já cerca de que, se fossem seguidos alguns critérios,
54,71% dos participantes citou a serventia dos como treinamento intensivo, dieta
esteróides para ganho de massa muscular e hiperprotéica e técnicas especificas de
outros 10% para ganhos de força muscular. avaliação, então os esteróides anabólicos
A aceitação dos efeitos ergogênicos poderiam melhorar a performance atlética,
dos esteróides anabólicos, provavelmente (Bompa, 2000).

Tabela 11 – Freqüência e porcentagem das respostas sobre a os possíveis efeitos colaterais dos
esteróides anabólicos, Joinville 2008.
FREQÜÊNCIA %
Acne 75 35,37
Calvície 47 22,16
Problemas na próstata 58 27,35
Impotência e esterilidade 128 60,37
Insônia 65 30,66
Dor de cabeça 50 23,58
Agressividade 95 44,81
Depressão 55 25,94
Problemas cardíacos e circulatórios 105 49,52
Hipertensão arterial 82 38,67
Aumento de colesterol 43 20,28
Problemas diversos no fígado 101 47,64
Problemas diversos nos rins 86 40,56
Limitação no crescimento 48 22,64
Problemas nos tendões e ligamentos 45 21,22
Ginecomastica 89 41,98
Virilização 116 57,61

Na tabela 11, onde foram citados os e problemas diversos no fígado com 49,52% e
possíveis efeitos colaterais do uso de 47,64% respectivamente.
esteróides, os mais citados foram impotência e Bompa (2000), afirma que outros
esterilidade por 60,37% seguido de virilização efeitos adversos são aqueles que não se
57,61% e problemas cardíacos e circulatórios relacionam às capacidades anabólicas e
androgênicas dos esteróides.

Tabela 12 – Freqüência e porcentagem das respostas sobre o conhecimento sobre os benefícios dos
Esteróides Anabólicos Joinville, 2008.
FREQÜÊNCIA %
Não sei 23 10,84
Benefícios estéticos 16 7,54
Nenhum beneficio 45 21,22
Aumento de massa muscular 46 21,69
Aumento da força 9 4,24
Reposição hormonal 7 3,30
Definição muscular 9 4,24
Aumento do metabolismo 2 0,94
Aumento da estatura 1 0,47

A tabela 12 mostra um total de 45 nenhum benefício no uso dos Esteróides,


pessoas (21,22% da amostra) que não vêem enquanto 46 (21,69%) citam o aumento de

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.2, n.12, p.699-714. Nov/Dez. 2008. ISSN 1981-9900.
708
Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício
ISSN 1981-9900 versão eletrônica
P e r i ó d i c o d o I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e s q u i s a e E n si n o e m F i s i o l o g i a d o E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b p f e x . c o m . b r

massa muscular como benefício mais bibliografia quanto a eficiência dos esteróides
lembrado. Já outros 23 disseram não saber ou anabólicos e a melhoria da performance, não
não ter certeza quanto a benefícios ou não dos ha dúvida, que na mente dos atletas, eles
esteróides. Se existe controvérsia na funcionam (Bompa, 2000).

Tabela 13 – Freqüência e porcentagem do que incentivou o uso de esteróides pelos amostrados


Joinville, 2008.
FREQÜÊNCIA %
Recomendações do Instrutor/ professor 0 00
Recomendações de um amigo 5 21,73
Vontade própria 12 52,17
Outros: curiosidade 5 21,73
Recomendação médica 1 4,34

Nesta tabela verifica-se que 12 dos 23 outros 5 por curiosidade. Conforme Neto,
praticantes de musculação que já fizeram uso (1997) a auto-medicação já faz parte da
dos esteróides, o fizeram por vontade própria, cultura brasileira, o que nos mostra uma grave
enquanto que 5 dos indivíduos utilizou os falta de conscientização.
Esteróides por recomendações de amigos, e

Tabela 14 – Freqüência e porcentagem dos benefícios adquiridos pelos usuários de esteróides da


amostra, Joinville 2008.
FREQÜÊNCIA %
Diminuir o cansaço 0 00
Estímulo psicológico 5 21,73
Melhora da estética 13 56,52
Desempenhar melhor minhas atividades 4 17,39
Outros: melhora da performance 1 4,34

A tabela 14 expressa os benefícios Segundo Junior (1997) parecem ser


percebidos pelos usuários durante sua vários os motivos que levam esportistas a
utilização de esteróides, 13 dos 23 usuários fazer uso de esteróides anabolizantes:
equivalente a 56,52% percebeu benefícios redução na porcentagem de gordura corporal;
estéticos durante a utilização de esteróides, aumento da massa corporal magra e da força;
21,73% citou estímulo psicológico durante a aumento da massa eritrocitária; aumento da
utilização, 17,39% diz ter conseguido capacidade geral de treino; melhor capaidade
desempenhar melhor suas atividades diárias e de recuperção; maior armazenamento de
1 (4,34%) relatou ter adquirido melhora em glicogênio; maior densidade mineral óssea e
sua performance. maior agresividade.

Tabela 15 – Freqüência e porcentagem dos amostrados que procuraram acompanhamento médico


durante o uso dos esteróides, Joinville, 2008.
FREQÜÊNCIA. %
Sim 09 39,13
Não 14 60,86

A tabela 15 mostra que 09 (39,13%) 14 (60,86%) que não procuraram auxílio


dos usuários procurou acompanhamento profissional, mostrando assim negligência aos
médico durante o uso dos Esteróides, contra potenciais riscos da droga.

Tabela 16 – Freqüência e porcentagem dos usuários que apresentaram algum efeito colateral do uso
dos esteróides, Joinville, 2008.
FREQÜÊNCIA %
Não 16 69,56
Sim 07 30,43

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.2, n.12, p.699-714. Nov/Dez. 2008. ISSN 1981-9900.
709
Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício
ISSN 1981-9900 versão eletrônica
P e r i ó d i c o d o I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e s q u i s a e E n si n o e m F i s i o l o g i a d o E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b p f e x . c o m . b r

Podemos verificar nesta tabela que a comparamos homens e mulheres verificamos


maioria, ou seja cerca de 69,56% dos usuários um conhecimento maior por parte dos
diz não ter apresentado nenhum efeito amostrados do gênero masculino, e verifica-se
colateral, 07 (30,43%) diz ter apresentado também que os mesmos conhecem um
efeitos colaterais durante a utilização dos número bem mais considerável de usuários
esteróides. Os efeitos colaterais citados pelos cerca de 32,53% contra 15,11% das mulheres.
homens foram agressividade, impotência Quando analisamos o conhecimento
sexual, baixa auto-estima e dependência. No específico do que são esteróides
caso das mulheres apenas uma diz ter anabolizantes, observa-se pelas respostas
apresentado efeitos, citou amenorréia durante mostradas que a grande maioria apresenta um
a utilização. conhecimento bastante considerável sobre o
Bompa (2000), afirma que efeito a que sejam esteróides. Pois se verifica em sua
adversos em homens incluem a ginecomastia, maioria respostas identificando os esteróides
retenção hídrica acne, alteração da líbio, como hormônios de origem sintética,
oligospermia e o aumento da agressividade. definições como drogas, facilitadores de
Em mulheres, podem ocorrer amenorréia e aumento da massa muscular e outros
outras irregularidades menstruais. Tais efeitos semelhantes. E quando perguntados sobre a
podem ou não ser reversíveis. serventia dos mesmos, 61,70% indivíduos
indicaram pelo menos uma utilização dos
CONCLUSÃO esteróides anabólicos androgênicos. Assim os
mesmos demonstraram um grau satisfatório
Três academias, duas de Joinville e de conhecimento sobre o assunto. Os
uma de Jaraguá do Sul fizeram parte deste amostrados mostraram ainda um bom
estudo. Do total de cerca de 1800 praticantes conhecimento sobre os efeitos colaterais
de musculação destas três academias, 212 destas drogas. Nenhum integrante da
participaram do estudo. A maior parte da pesquisa deixou de assinalar pelo menos um
amostra é composta por indivíduos do gênero efeito nocivo do uso dos Esteróides. Os cinco
masculino com 126 participantes ou 59,43% efeitos mais associados ao uso destes foram:
do total. Isso se deve ao fato de os homens se Impotência e esterilidade, problemas
interessarem pelo assunto, assim os mesmos cardíacos e circulatórios, virilização,
se dispuseram mais prontamente a participar ginecomastia e problemas diversos no fígado.
do estudo. As mulheres foram representadas Somente 9,63% dos jovens não
por 86 participantes. O estudo teve a conhecem ou não vêem benefícios na
participação de indivíduos de 13 a 74 anos de utilização dos esteróides anabólicos
idade, o grau de instrução da grande maioria é androgênicos, todos os demais citaram um ou
de nível superior 55,66% e 25% com mais benefícios dos mesmos. O beneficio mais
especialização, e o restante com ensino lembrado foi o aumento da massa muscular
médio. Todos são praticantes de musculação. seguido do aumento de força e melhora da
Os participantes em geral mostraram estética. Quando questionados aos benefícios
um grau de conhecimento que podemos do uso das drogas, 46 (21,69%) participantes
considerar satisfatório no que se refere aos citou o aumento da massa muscular como
Esteróides. Boa parte deles conhece usuários benefício, contra 45 (21,22%) que diz não
(46,22%), 54 (25,47%) dizem já terem pelo haver nenhum benefício, outros 23 (10,84%)
menos escutado algo sobre o tema e 35 disseram não saber se há ou não benefícios e
(16,50%) afirmam conhecer bem apesar de 17 (7,54%) citaram benefícios estéticos.
não utilizarem. O estudo revelou um total de Quando perguntamos aos usuários sobre
24 (11,32%) amostrados que utilizam ou já quem ou o que os incentivou a usar os
utilizaram as drogas. Este número pode ser esteróides anabólicos androgênicos e quais os
considerado razoável, mesmo que para alguns benefícios alcançados, chegamos à conclusão
pareça baixo, lembrando que o número de que a maioria o fez por vontade própria
usuários encontrado no atual estudo pode ser (52,17%) e o restante por recomendação de
maior, uma vez que sabemos que as pessoas terceiros e curiosidade. A maior parte dos
às vezes ocultam total ou parcialmente usuários não procurou por acompanhamento
informações, mesmo em instrumentos de médico durante ou após o uso dos esteróides
pesquisa sem identificação. Quando anabólicos androgênicos, demonstrando assim

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.2, n.12, p.699-714. Nov/Dez. 2008. ISSN 1981-9900.
710
Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício
ISSN 1981-9900 versão eletrônica
P e r i ó d i c o d o I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e s q u i s a e E n si n o e m F i s i o l o g i a d o E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b p f e x . c o m . b r

negligência aos efeitos nocivos destas drogas,


os quais foram enfatizados pelos mesmos em 8- Ribeiro, Paulo Cezar Pinho. O uso indevido
questão anterior. Dos que usaram esteróides, de substâncias: esteróides anabolizantes e
citaram como efeitos manifestados energéticos. Disponível em: < http://www.ral-
agressividade, impotência sexual, baixa auto- adolec.bvs.br>. Acesso em: 24/07/2008.
estima e dependência. No caso das mulheres
apenas uma diz ter apresentado efeitos, citou 9- Robergs, Robert A.; Roberts, Scott O.
amenorréia durante a utilização. Devemos Princípios fundamentais da fisiologia do
lembrar que os efeitos tanto “benéficos” exercício: para aptidão, desempenho e saúde.
quanto “maléficos” dos Esteróides estão São Paulo: Phorte Editora, p250; p258 - 259,
diretamente ligados à quantidade utilizada, 2002.
tempo de uso da ou das drogas além das
diferenças fisiológicas de indivíduo para 10- Silva, Rodrigo da. O conhecimento dos
indivíduo, como por exemplo, a quantidade de estudantes do ensino médio de Florianópolis
cito receptores. Assim outros efeitos podem ter sobre os Esteróides Anabolizantes
aparecido sem que tenham sido associados Andrógenos, Florianópolis, 2003.
aos esteróides, e outros podem aparecer no
futuro sem que se perceba a ligação:
problema/droga. Recebido para publicação em 20/09/2008
Aceito em 10/12/2008
REFERÊNCIAS

1- Bompa, Tudor. O. Treinamento de força


consciente. São Paulo: Phorte Editora, p259 -
265, 2000.

2- Cruz, Anderson Miguel. Resposta Motora


voluntária, Possibilidades de Alteração pela
Ergogenia. Estudos - Vida e Saúde, Revista da
Universidade Católica de Goiás, v31, n1, p11,
p35 - 40, jan 2004.

3- Dantas, E.H.M. A prática da preparação


física. 4ed. Rio de Janeiro: Shape, p.355 - 358,
1998.

4- Junior, José Leão Campos. Esteróides


Anabolizantes e Esporte: Uso e Abuso. In:
Temas atuais em educação física e esporte II.
1Ed. Belo Horizonte: Livraria e Editora Health,
p119 - 124, 1997.

5- Leighton, Jack. Musculação: Aptidão Física,


Desenvolvimento Corporal e Condicionamento
Físico. Rio de Janeiro: Editora Sprint, p2-3,
1987.

6- Lima, Fernando Vitor. O uso de Esteróides


Anabólicos – Androgênicos nos Esportes. In:
Temas atuais em educação física e esporte II.
1Ed. Belo Horizonte: Livraria e Editora Health,
p131 - 139, 1997.

7- Neto, W.M.G. Musculação: anabolismo


total. Rio de Janeiro, 1997.

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.2, n.12, p.699-714. Nov/Dez. 2008. ISSN 1981-9900.

Você também pode gostar