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Tribunal de Justiça da Paraíba

PJe - Processo Judicial Eletrônico

23/10/2019

Número: 0828288-78.2019.8.15.2001
Classe: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: 6ª Vara de Fazenda Pública da Capital
Última distribuição : 03/06/2019
Valor da causa: R$ 1.000,00
Assuntos: GRATIFICAÇÃO INCORPORADA / QUINTOS E DÉCIMOS / VPNI
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
FRANCISCO LOBO PORTO (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
GERALDO CORREIA GUEDES (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
GILBERTO GONDIM CABRAL (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
FERNANDO ANTONIO DE ALMEIDA NOBREGA (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
GILVANDRO DA SILVA BRANDAO (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
MARIA DE FATIMA FERREIRA MARIBONDO (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
ROMULO BARROS DE ALENCAR (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
GUILHERME JORGE DE ALMEIDA PERRUCI (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
MARINEIDE DE OLIVEIRA SILVA MEIRA (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
SEBASTIAO FLAVIO DE ARAUJO (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
ROBERTO DA COSTA VITAL (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
JUAREZ DOS REIS OLIVEIRA (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
JOSE CLARCK PORTO COELHO (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
FRANCISCO LUCAS DE SOUZA RANGEL NETO (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
RUY BEZERRA CAVALCANTI JUNIOR (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
FRANCISCO AUGUSTO BARBOSA (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
SERGIO PRADO MACHADO (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
ROBSON REGIS SILVA ALBUQUERQUE (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
RUY FREIRE DUARTE (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
ARNALDO SOARES DE OLIVEIRA (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
MARIA DE FATIMA LINS DE MENEZES (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
EDUARDO JOSE TORREAO MOTA (AUTOR) RHAFAEL SARMENTO FERNANDES (ADVOGADO)
PARAIBA GOVERNO DO ESTADO (RÉU)
PARAIBA PREVIDENCIA (RÉU)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
24659 23/09/2019 15:46 Contestação Contestação
986
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(JUÍZA) DE DIREITO DA 6ª VARA DA FAZENDA
PÚBLICA DA COMARCA DE JOÃO PESSOA - PB

Processo n.º 0828288-78.2019.8.15.2001

Autor(a): Francisco Lobo Porto e Outros

Réu: Paraíba Previdência - PBPREV

A PBPREV – PARAÍBA PREVIDÊNCIA, pessoa jurídica de direito público, inscrita no CNPJ/MF sob
o nº. 06.121.067/0001-60, com sede na Av. Rio Grande do Sul, s/n, Bairro dos Estados, João Pessoa – PB, através de seus
procuradores adiante assinados, constituídos nos termos do instrumento procuratório incluso, vem perante Vossa Excelência,
com o devido acato, apresentar a competente CONTESTAÇÃO aos pedidos iniciais, nos seguintes termos:

I – DA TEMPESTIVIDADE DA PEÇA CONTESTATÓRIA

Ab initio, a contestante demonstra a apresentação oportuna da peça de defesa, haja vista que a Fazenda Pública
goza de prazo diferenciado para contestar, ou seja, trinta dias, ex-vi art. 183 do CPC, manifesta é a tempestividade da presente.

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II – ARTICULADOS FÁTICOS

A parte autora composta em litisconsórcio por um grupo de Engenheiros, Arquitetos, Engenheiros Agrônomos e
Geógrafo, todos ESTATUTÁRIOS, dentre eles constando aposentados e pensionistas, recorreu ao Poder Judiciário por meio
da presente ação ordinária, aduzindo que vem sendo desfavorecida diante de uma diferença salarial existente dentro de uma
mesma categoria, regida pelo mesmo plano de cargos, carreira e remuneração.

Acontece que, em 1985, um grupo de engenheiros (servidores e empregados públicos do Estado da Paraíba)
ingressaram com demanda trabalhista objetivando a aplicação do salário profissional previsto para a categoria consoante
disposto na Lei Federal nº 4.950-A/66, a qual estabelecia para a categoria salário correspondente a 06 seis salários mínimos
para a jornada de trabalho diária de 06 horas e 8,5 (oito e meio) salários mínimos para a jornada de 08 horas.

Acrescenta ainda que a referida demanda tramitou perante a Justiça do Trabalho Processo nº
00864.1985.002.13.00-1 / CNJ nº 008640054.1985.513.0002, tendo sido o processo extinto sem julgamento de mérito em
relação aos estatutários, uma vez que foi declarada a incompetência da Justiça Trabalhista para julgar o feito, prosseguindo seu
curso quanto aos celetistas, os quais obtiveram o acréscimo remuneratório pleiteado em decorrência do acordo firmado com o
Estado da Paraíba.

Informa ainda que, posteriormente, no ano de 2007, o Governo do Estado da Paraíba elaborou Plano de Cargos,
Carreira e Remuneração dos Servidores Civis de Nível Superior da Área Tecnológica SAT-1900 da Administração Direta do
Poder Executivo do Estado da Paraíba – Lei Estadual nº 8.428 de 10/12/2007 que estabeleceu regra jurídica para os ocupantes
dos cargos de engenheiro, engenheiro agrônomo, arquiteto, tecnólogo em cooperativismo, geólogo, químico, zootecnista e
geógrafo.

Desta feita, os servidores já beneficiados com o acordo firmado com o Estado da Paraíba foram também inclusos
no PCCR estabelecido pela Lei nº 8. 428/2007. Por tal motivo, sustenta que o Estado da Paraíba e a PBPREV vem pagando de
forma diferenciada os servidores ativos, inativos e pensionistas, fazendo-se necessário um ajustamento de forma a corrigir
distorções, um vez que estariam incluídos no mesmo plano de cargo, carreira e remuneração. No caso, não pode ocorrer

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diminuição na remuneração dos 64 servidores beneficiados, por clara vedação constitucional - irredutibilidade de vencimentos
-, bem como não é dado à uma mesma categoria, dentro de um mesmo plano, auferir remuneração diferenciada, violando o
princípio da igualdade e isonomia.

Destarte, em que pese os argumentos lançados na exordial, os pedidos formulados improcedem ante a completa
falta de suporte jurídico-legal, como se adiante pretende demonstrar da forma mais clara e objetiva possível.

Eis a sinopse fática.

III – DA PRELIMINAR DE PRESCRIÇÃO QUINQUENAL

Desde já, antes de adentrar no mérito em si, cumpre invocar a aplicação do instituto da prescrição previsto no art.
1º do Decreto Federal 20.910/32, in verbis:

Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer
direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza,
prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem.

Ainda, reclama o reconhecimento da prescrição do art. 20, do mesmo Decreto Lei:

Art. 2° - Prescrevem igualmente no mesmo prazo todo o direito e as prestações correspondentes as


pensões vencidas ou por vencerem, ao meio soldo e ao MONTEPIO CIVIL e militar OU A
QUAISQUER RESTITUIÇÕES OU DIFERENÇAS.

Desse modo, por medida de cautela, em caso de eventual condenação, requer-se a observância da data de
ingresso da demanda para fins de delimitação do marco inicial da prescrição quinquenal expressamente prevista no art. 1º, do
Decreto nº. 20.910/32, e a prescrição das prestações e diferenças fulminadas pelo prazo prescricional de 5 (cinco) anos.

IV – DO DIREITO

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IV.1 – DA INEXISTÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO A REGIME JURÍDICO DE REMUNERAÇÃO

A parte autora baseia seu pleito em acordo judicial firmado entre o Estado da Paraíba e um grupo de Engenheiros
nos autos da Reclamação Trabalhista 00864.1985.002.13.00.1, (CNJ nº 0086400-54.1985.513.0002), no ano de 1987, o qual
teria vinculado o piso salarial, dos engenheiros do Estado da Paraíba ao salário mínimo nacional.

Os termos do acordo se resumiam, em síntese:

“Fica obrigado o Governo do Estado:

1- A obedecer o piso salarial de 8,5 salários mínimos (8,5/ Cz$ 964,80 nesta data), corrigido a cada
aumento do salário mínimo, independente de qualquer legislação referente a espécie;”

Entretanto, após a promulgação da Constituição Federal de 1988, foi estabelecido o regime estatutário para os
Engenheiros e demais servidores, consoante Lei Estadual nº 8.428 de 10/12/2007.

Destarte, no que concerne à extinção ou à alteração de sistema remuneratório de servidor público, a


jurisprudência pátria tem sido uníssona quanto à constitucionalidade desta medida, desde que não implique violação ao
princípio da irredutibilidade de vencimentos e proventos, consectário lógico do princípio do direito adquirido.

Dessa forma, a lei que altera o sistema remuneratório de agentes públicos, autoriza a exclusão de qualquer
parcela remuneratória percebida pelos titulares do cargo, ainda que de caráter pessoal, desde que respeitada a irredutibilidade
do valor global da remuneração.

Ora, Excelência, atualmente, os engenheiros recebem pelo Plano de Cargos de Carreira e Remuneração, PCCR,
Lei Estadual número 8.428 de 10/12/2007, respeitando o piso fixado pela categoria.

Assim, a revogação do sistema remuneratório instituído pela Lei de n.º 8.428/07 possui duas consequências
inarredáveis:

a) A prescrição da pretensão de ter implementada a sistemática remuneratória decorrente de


acordo judicial firmado entre o Estado da Paraíba e um grupo de engenheiros celetistas.

b) Para os demais engenheiros e servidores estatutários, a implantação da sistemática de


remuneração estabelecida no PCCR da categoria, preservada a irredutibilidade de vencimentos.

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Mencione-se, ainda, restar pacificado no âmbito do Supremo Tribunal Federal o entendimento pela inexistência
de direito adquirido a regime jurídico para os servidores públicos, e, como decorrência lógica dessa premissa, defende-se a
inexistência de direito adquirido à forma de composição dos vencimentos, afirmando o STF a possibilidade de supressão ou
absorção de parcelas, desde que não haja redução no montante global da remuneração, consoante acima mencionado.

Veja-se, a propósito, o teor dos seguintes julgados, proferidos pela Corte Suprema, acerca do tema em debate:

Agravo regimental em mandado de segurança. 2. Decisão do Tribunal de Contas da União.


Ilegalidade do ato de aposentação. Supressão, nos proventos, do pagamento do percentual relativo
à URP de fevereiro/89 (26,05%) e ao gatilho salarial (Decreto-Lei 2.335/87), incorporados por
decisão transitada em julgado. Possibilidade. Ato juridicamente complexo que se aperfeiçoa com o
registro do Tribunal de Contas. 3. Decadência administrativa. Art. 54 da Lei 9.784/99.
Inaplicabilidade. 4. Inexistência de ofensa ao direito adquirido, à segurança jurídica e à
irredutibilidade de vencimentos. Não há direito adquirido a regime jurídico referente à composição
dos vencimentos de servidor público. Modificações do contexto fático-jurídico em que foi
prolatada a sentença. Incorporação em definitivo do percentual por lei. Preservação do valor
nominal da remuneração. 5. Nova perspectiva. Coisa julgada relativa ao pagamento de
vencimentos. Proteção jurídica não extensível, desde logo, ao pagamento de proventos. 6. Agravo
regimental a que se nega provimento. (MS 25777 AgR, Relator(a): Min. GILMAR MENDES,
Segunda Turma, julgado em 29/09/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-211 DIVULG
21-10-2015

PUBLIC 22-10-2015)”

“(...).

2. A garantia fundamental da coisa julgada (CRFB/88, art. 5º, XXXVI) não resta violada nas
hipóteses em que ocorrerem modificações no contexto fático jurídico em que produzida, como as
inúmeras leis que fixam novos regimes jurídicos de remuneração. 3. As vantagens remuneratórias
pagas aos servidores inserem-se no âmbito de uma relação jurídica continuativa, e, assim, a
sentença referente a esta relação produz seus efeitos enquanto subsistir a situação fática e jurídica
que lhe deu causa. A modificação da estrutura remuneratória ou a criação de parcelas
posteriormente à sentença são fatos novos, não abrangidos pelos eventuais provimentos judiciais
anteriores. 4. É cediço que a alteração, por lei, da composição da remuneração do agente público
assegura-lhe somente a irredutibilidade da soma total antes recebida, assim concebido: os
vencimentos e proventos constitucionais e legais. Precedentes: RE 563.965/RN-RG, Rel. Min.
Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, DJe 20.03.2009; MS 24.784, Rel. Min. Carlos Velloso, Tribunal
Pleno, DJe 25.06.2004.

5. A decadência prevista no art. 54 da Lei 9.784/99 não se consuma no período compreendido


entre o ato administrativo concessivo de aposentadoria ou pensão e o posterior julgamento de sua
legalidade e registro pelo Tribunal de Contas da União, que consubstancia o exercício da
competência constitucional de controle externo (CRFB/88, art. 71, III) -, porquanto o respectivo

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ato de aposentação é juridicamente complexo, e, apenas, se aperfeiçoa com o registro na Corte de
Contas. Precedentes: MS 30.916, Rel. Min. Cármen Lúcia, 1ª Turma, DJe 8/6/2012; MS 25.525,
Rel. Min. Marco Aurélio, Tribunal Pleno, DJe 19/3/2010; MS 25.697, Rel. Min. Cármen Lúcia,
Tribunal Pleno, DJe 12/3/2010. 6. As URPs - Unidades de Referência de Preço - foram previstas
visando a repor o poder aquisitivo de salários e vencimentos até a data-base da categoria, quando
verificado o acerto de contas; entendimento sumulado pelo egrégio Tribunal Superior do Trabalho,
verbis: “Súmula 322: Os reajustes salariais decorrentes dos chamados Gatilhos e URP's, previstos
legalmente como antecipação, são devidos tão-somente até a data-base de cada categoria.” 7.
Agravo regimental a que se nega provimento. (MS 30537 ED, Relator(a): Min. LUIZ FUX,
Primeira Turma, julgado em 10/02/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-041 DIVULG
03-03-2015 PUBLIC 04-03-2015)”

Deste último julgado, colhemos alguns trechos do voto do Ministro Luiz Fux:

“...Conforme consignado na decisão ora questionada, o mandado de segurança visava a impugnar


acórdão do Tribunal de Contas da União que considerou ilegais atos de concessão de
aposentadoria dos impetrantes, em decorrência da inclusão, de forma destacada, dos percentuais de
26,05% (URP) e de 26,06% (Plano Bresser).

Inicialmente, verifico que esta Corte firmou entendimento de que não há direito adquirido à
manutenção de parcelas de remuneração. Assim, o servidor público está sujeito à alteração do seu
regime de remuneração, observando-se, apenas, a irredutibilidade de sua remuneração bruta.

(...)

Havendo modificação na estrutura remuneratória dos servidores, não é possível, exceto nos casos
de previsão legal expressa, a manutenção das parcelas pagas no regime anterior. Assim, a decisão
judicial favorável aos impetrantes deveria ter produzido efeitos somente durante a vigência do
regime jurídico antigo.

Nesses termos:

‘Fixada essa premissa, importante analisar a alegação de ofensa à coisa julgada no tocante à sua
eficácia temporal, vinculada, sobremaneira, pela cláusula rebus sic stantibus. Tal cláusula impõe
que a força vinculativa das sentenças judiciais, notadamente as que tratam de relações jurídicas
com efeitos prospectivos, permanece enquanto se mantiverem íntegras as situações de fato e de
direito que lhe deram amparo no momento da sua prolação. Como aponta a doutrina, quer isso
dizer, em concreto, que a sentença que aprecia um feito cujo suporte é constituído por relação
dessa natureza[continuativa] atende apenas os pressupostos do tempo em que foi proferida, sem,
entretanto, extinguir a própria relação jurídica, que continua sujeita às variações de seus elementos.
(PORTO, Sérgio Gilberto. Coisa Julgada Civil. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006, p.
104). Em outras palavras, relações jurídicas materiais que têm por objeto obrigações homogêneas

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de trato sucessivo (i.e., prestação periódicas e renováveis de tempos em tempos) admitem
flexibilização de seu conteúdo, e mais, independentemente de ajuizamento de ação rescisória.’
(MS 31.123, Rel. Min. Luiz Fux, DJe 19/3/2013).

A pretensão da percepção da mencionada vantagem econômica sem qualquer limitação temporal


não encontra acolhida neste Supremo Tribunal Federal, conforme reiterados julgamentos...” (grifo
e destaque nosso)

Em virtude de todo o exposto, conclui-se facilmente que a pretensão autoral não merece guarida, não só por
simples ilegalidade, mas também por absoluta inconstitucionalidade da medida.

IV.2 ACORDO CELEBRADO EM 1987 COM O ESTADO DA PARAÍBA. NÃO APLICAÇÃO AOS SERVIDORES
ESTATUTÁRIOS. DECISÃO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO EM AÇÃO RESCISÓRIA nº 163566-5.

Em 1996, por votação unânime, o Supremo Tribunal Federal, em sede de Recurso Extraordinário em Ação
Rescisória n. 163566, entendeu pela desconstituição da transação celebrada entre o Estado da Paraíba e os servidores
estatutários, ficando, quanto a eles, anulado e trancado o processo da Reclamação Trabalhista, por incompetência da Justiça do
Trabalho.

Desta feita, a Suprema Corte rescindiu o acordo trabalhista, já transitado em julgado, por entender que os direitos
dos estatutários só poderiam ter sido objeto de transação perante a justiça competente, ou seja, a estadual, e não perante a
Justiça do Trabalho. Para melhor esclarecimento do tema, vide ementa do julgado:

EMENTA: - Direito Constitucional e Processual Civil. Jurisdição. Competência. Justiça do


Trabalho e Justiça Comum. Servidores celetistas e estatutários do Estado da Paraíba. Transação
celebrada com este, perante a Justiça do Trabalho. Jurisdição: art. 142 da Emenda Constitucional
nº 1, de 1969. Estabilidade: art. 100 da mesma Emenda. 1. Não competia a Justiça do Trabalho, já
sob a égide da E.C. nº 1/69, mesmo em processo de Reclamação Trabalhista, homologar
transações celebradas entre servidores estatutários e o Estado a que vinculados (art. 142). 2. Sob a
vigência da mesma norma constitucional (art. 142) já era da competência da Justiça do Trabalho
processar Reclamações apresentadas por servidores celetistas contra o Estado a que vinculados,
podendo, pois, homologar transações celebradas entre tais partes sobre o objeto da ação. 3. Não se
aplicava aos celetistas, ao tempo da E.C. nº 1/69, a norma do art. 100, por força da qual se
tornavam "estáveis, após dois anos de exercício, os funcionários nomeados por concurso". Mas,
sim, a do art. 165, XIII, não focalizada, porém, no Recurso Extraordinário. 4. R.E. conhecido, em
parte, e, nessa parte, provido, para se julgar procedente a Ação Rescisória a fim de ficar
desconstituída, apenas, a transação celebrada entre o Estado da Paraíba e os servidores estatutários,
restando, quanto a eles, anulado e trancado o processo da Reclamação Trabalhista, por
incompetência da Justiça do Trabalho. 5. Não focalizando o R.E. norma constitucional, que possa
justificar a desconstituição da transação celebrada pelo Estado com os celetistas, esta subsiste
porque homologada por Justiça competente (a do Trabalho). 6. R.E. conhecido, em parte, e, nessa

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parte, provido, nos termos do voto do Relator. 7. Votação unânime. (RE 163566, Relator(a): Min.
SYDNEY SANCHES, Primeira Turma, julgado em 27/02/1996, DJ 29-03-1996 PP-09352
EMENT VOL-01822-04 PP-00668)

Destarte, como o Supremo Tribunal Federal julgou procedente a Ação Rescisória, desconstituindo a transação
celebrada entre o Estado da Paraíba e os servidores estatutários, logo, não a que se falar direito a remuneração resultante da a
aplicação do concomitante do piso salarial de 8,5 salários mínimos e da tabela de vencimentos correspondente a categoria
profissional de engenheiros definida na Lei Estadual nº 8.428 de 10/12/2007.

IV.3 - DA IMPOSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO DE REGIMES ESTATUTÁRIO E CELETISTA - APLICAÇÃO


DA TABELA DE VENCIMENTOS DA LEI ESTADUAL 8.428 DE 10/12/2007. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE
REDUTIBILIDADE DE VENCIMENTOS.

Com efeito, os requerentes pretendem se beneficiar a todo custo de um regime jurídico híbrido (o que é vedado
pelo ordenamento jurídico pátrio), em que haja a aplicação da regra do piso de 8,5 salários mínimos, que só se aplica aos
celetistas, conforme já decidido pelo STF, em combinação com a tabela de vencimentos da Lei Estadual 8.428 de 2007 –
aplicável aos estatutários.

É que os demandantes pretendem criar um regime jurídico anômalo, adotando as regras de regimes distintos e
incompatíveis entre si (celetista e estatutário), em busca de situações mais convenientes, uma vez que querem gozar da
estabilidade, progressão funcional e garantias de um servidor estatutário, com um piso salarial firmado em acordo trabalhista
que não lhes é aplicável.

Constrói-se, com isso, um padrão de vencimentos em total ofensa à legalidade. Isso porque segundo a pretensão
da autora não se aplica nem a remuneração prevista em lei (Lei Estadual nº 8.428/2007), nem o acordo judicial de 8,5 salários
mínimos. Ao contrário, aplica-se uma mistura de regimes, ocasionando, assim, enriquecimento ilícito em detrimento do erário
público.

Pretender uma remuneração unindo uma relação estatutária (administrativa) com um piso salarial trabalhista –
esbarra em, no mínimo, três obstáculos intransponíveis: i) impossibilidade de vinculação de vencimentos ao salário mínimo; e
ii) ofensa à legalidade na fixação de vencimentos de servidores públicos iii) ofensa a isonomia em relação àqueles que são
estatutários e recebem de acordo com a Lei Estadual nº 8.428/2007.

Ademais, importa salientar o entendimento do Excelso Supremo Tribunal Federal, que consagrou sua orientação
na Súmula Vinculante nº 37, vazada nos seguintes termos:

“Súmula Vinculante 37: Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa,
aumentar vencimentos de servidores sob o fundamento da isonomia.

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Diga-se, por fim, que a aplicação da Lei 8.428/2007 não caracteriza redutibilidade de vencimentos do servidor -
o que seria inadmissível no atual sistema jurídico -, mas, tão somente, ajustamento à legislação de regência do servidor público
estatutário, preservando, assim, todos os princípios constitucionais, notadamente, o da legalidade e da isonomia.

Doutor julgador os autores pretende a extensão dos efeitos da coisa julgada para terceiros estranhos à lide
processual trabalhista (autores), como, também, a desconsideração da substancial diferença entre a natureza do regime jurídico
estatutário (autores) e o celetista (trabalhadores paradigmas).

Logo Excelência não convém ao Judiciário fazer às vezes do legislador positivo e ampliar a incidência
normativa, tampouco lhe convém se imiscuir no mérito administrativo e implementar promoção dos servidores autores sem
que os mesmos tenham demonstrado o preenchimento dos requisitos mínimos constantes do Plano de Cargos e Carreiras.

Como se sabe, a remuneração dos agentes públicos sujeita-se a critérios pessoais e particulares previamente
estabelecidos em lei e que não necessariamente estão afetos ao patrimônio jurídico de toda a carreira, ainda que seus membros
desempenhem idêntica função. A esse propósito imagine-se, exempli gratia, que um grupo de magistrados lotados na primeira
entrância postulassem a equiparação salarial com os magistrados pertencentes à terceira entrância, que enseja uma
remuneração maior. Embora seja induvidosa que a atividade judicante exercida pelos magistrados das diferentes entrâncias é,
em essência, a mesma, não como negar que a diferença remuneratória é plenamente justificável. É, resguardadas as
proporções, o caso dos autos.

Como podemos observar douto julgador, os servidores estatutários e celetistas (empregados públicos) são
espécies do gênero agentes públicos, encerrando vínculos completamente diversos com a Administração, porquanto aqueles
são regidos pelas normas de direito público, ao passo que estes são albergados pela legislação aplicável aos demais
trabalhadores da iniciativa privada.

Dessa forma, já que os servidores estatutários são regidos pelas leis editadas pela Administração, e os
empregados públicos celetistas são regulados pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), é expressamente proibida a
aplicação de normas de um regime a outro, sob pena de violação ao princípio da legalidade.

Em última instância, o que pretende os autores, sob o frágil argumento da isonomia, é justamente obter, por
via transversa, os mesmos benefícios remuneratórios que os Engenheiros CELETISTAS obtiveram nos autos do processo
trabalhista nº 00864.1985.002.13.001, e que o Supremo Tribunal Federal já disse não lhes ser aplicáveis, conforme decisão:

EMENTA: - Direito Constitucional e Processual Civil. Jurisdição. Competência. Justiça do


Trabalho e Justiça Comum. Servidores celetistas e estatutários do Estado da Paraíba.
Transação celebrada com este, perante a Justiça do Trabalho. Jurisdição: art. 142 da Emenda
Constitucional nº 1, de 1969. Estabilidade: art. 100 da mesma Emenda. 1. Não competia a
Justiça do Trabalho, já sob a egide da E.C. nº 1/69, mesmo em processo de Reclamação
Trabalhista, homologar transações celebradas entre servidores estatutários e o Estado a que
vínculados (art. 142). 2. Sob a vigência da mesma norma constitucional (art. 142) já era da
competência da Justiça do Trabalho processar Reclamações apresentadas por servidores
celetistas contra o Estado a que vínculados, podendo, pois, homologar transações celebradas
entre tais partes sobre o objeto da ação. 3. Não se aplicava aos celetistas, ao tempo da E.C. nº
1/69, a norma do art. 100, por força da qual se tornavam "estáveis, após dois anos de exercício,
os funcionários nomeados por concurso". Mas, sim, a do art. 165, XIII, não focalizada, porém, no

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Recurso Extraordinário. 4. R.E. conhecido, em parte, e, nessa parte, provido, para se julgar
procedente a Ação Rescisória a fim de ficar desconstituída, apenas, a transação celebrada entre
o Estado da Paraíba e os servidores estatutários, restando, quanto a eles, anulado e trancado o
processo da Reclamação Trabalhista, por incompetência da Justiça do Trabalho. 5. Não
focalizando o R.E. norma constitucional, que possa justificar a desconstituição da transação
celebrada pelo Estado com os celetistas, esta subsiste porque homologada por Justiça
competente (a do Trabalho). 6. R.E. conhecido, em parte, e, nessa parte, provido, nos termos do
voto do Relator. 7. Votação unânime. (RE 163566, Relator(a): Min. SYDNEY SANCHES,
Primeira Turma, julgado em 27/02/1996, DJ 29-03-1996 PP-09352 EMENT VOL-01822-04
PP-00668) (Destacamos)

Conforme pode ser observado a Administração Pública, na espécie, está se valendo justamente do princípio
da isonomia, tomado em seu aspecto formal, ou seja, tratando desigualmente os desiguais, já que aos servidores estatutários
não pode ser dispensado o mesmo tratamento remuneratório dos servidores celetistas, muito menos estender àqueles, benesses
obtidas por estes em razão de sua condição particular (vínculo celetista), malferindo a reserva legal exigida para fins de
incremento remuneratório.

Utilizar do PCCR dos Engenheiros, Arquitetos e Geógrafos como espelho para um acordo judicial com
servidores celetistas, relativamente a seus reajustes futuros, não implica transformar estes em servidores estatutários
(até porque somente a lei poderia fazê-lo), muito menos autoriza os servidores estatutários a postular, com base em
isonomia, a obtenção de ganhos remuneratórios obtidos por aqueles celetistas, em processo que tramitou na Justiça do
Trabalho e teve por eficácia subjetiva da coisa julgada um rol limitado de 64 (sessenta e quatro) pessoas.

E ao deferir aos Promoventes os reajustes obtidos pelos Engenheiros Celetistas, no bojo da ação trabalhista
nº 00864.1985.002.13.001, seria o mesmo que ignorar a natureza de seus vínculos (estatutários), a eficácia subjetiva da coisa
julgada, o princípio da reserva legal (art. 37, X, da CF/88) e o próprio princípio da isonomia em sua acepção formal, ou
aristotélica, promovendo a vedada atividade jurisdicional legiferante estampada na súmula vinculante nº 37 do STF.

Em verdade, acolher a pretensão dos autores implicaria estender a implantação do piso salarial
previsto na Lei Federal nº 4.950-A/66, concedida a um restrito grupo de servidores celetistaspor força de uma transação
judicial celebrada entre os aludidos servidores e o Estado da Paraíba ao arrepio da Constituição Federal, porquanto a
avença teve por objeto assegurar a implantação do piso salarial de 8,5 (oito e meio) salários mínimos com fundamento
em regramento normativo desprovido de validade jurídico-constitucional, posto que flagrantemente incompatível com
o texto constitucional atual, nos termos do art. 7º, IV, da Constituição da República.

Denote-se que não há falar em desrespeito à Lei Ordinária Estadual nº 8.428/2007, que instituiu o Plano de
Cargos, Carreiras e Remuneração dos servidores civis de nível superior da Área Tecnológica SAT-1900, uma vez que o
aludido Diploma legal, diferentemente da previsão contida na Lei Federal nº 4.950-A/66, em nenhum momento determina o
pagamento de remuneração vinculada a múltiplos do salário mínimo, contendo tabelas com valores fixos correspondentes às
remunerações dos diversos cargos por ela contemplados.

VI - DOS PEDIDOS

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Ex positis, requer esta Autarquia Previdenciária que sejam acolhidos os articulados da presente defesa, julgando
os pedidos formulados na peça vestibular TOTALMENTE IMPROCEDENTES, na hipótese de condenação, a plena
observância dos índices do art. 1.º-F da Lei n.º 9.494/1997.

Protesta pela produção de todos os meios de prova em direito admitidos, notadamente juntada de documentos.
Por fim, que os honorários sejam estabelecidos nos termos do art. 85, parágrafo 3º do CPC/2015 com escopo de evitar
enriquecimento ilícito às custas do erário público.

Por fim, que todas as publicações e despachos sejam realizados em nome do perfil do órgão de representação da
Paraíba Previdência – PBPrev, representada por seu Procurador Geral Dr. JOVELINO CAROLINO DELGADO NETO,
OAB/PB n.º 17.281, sob pena de nulidade.

Espera deferimento.

João Pessoa – PB, 20 de setembro de 2019.

Milena Medeiros de Alencar

OAB/PB n.º 15.676

Jovelino Carolino Delgado Neto

Procurador-Chefe

OAB-PB n.º 17.281

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