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Copyright© 2022 MARTA VIANNA

Capa: MO. DESIGNER DE CAPAS

Revisão: MARIANA ROCHA

Diagramação: MARTA VIANNA

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Dados internacionais de catalogação (CIP)

OS GÊMEOS DO CEO E A BABÁ – CEOS ITALIANOS, LIVRO


1

1ª Edição

1. Literatura Brasileira. 2. Literatura Erótica.


3. Romance. Título I.

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É proibida a reprodução total e parcial desta obra, de


qualquer forma ou por qualquer meio eletrônico, mecânico,
inclusive por meio de processos xerográficos, incluindo ainda
o uso da internet, sem permissão de seu editor (Lei 9.610 de
19/02/1998). Esta é uma obra de ficção, nomes, personagens,
lugares e acontecimentos descritos são produtos da
imaginação do autor, qualquer semelhança com
acontecimentos reais é mera coincidência.

Todos os direitos desta edição são reservados pela


autora.

Texto de acordo com as normas do Novo Acordo


Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), em vigor desde 1º
de janeiro de 2009.
Sinopse
Poderia o amor florescer outra vez?

Lorenzo é o CEO da vinícola Fiore Vitale, um homem


sério e íntegro, que comanda seus negócios com habilidade.
Depois da tragédia que ocorreu em sua vida, decidiu focar
apenas nos negócios e no cuidado com os filhos gêmeos, por
isso, em sua vida, não há espaço para romance, e ele jurou
não se apaixonar.

Mesmo com o apoio dos irmãos, o empresário sente


que a tarefa de cuidar dos filhos é sua, então, resolve
contratar uma babá para auxiliá-lo.

Seu maior erro — ou talvez seu maior acerto —, pois


terá de lidar com sentimentos que ele não deseja, já que
jurou não voltar a senti-los. No entanto, seu coração se
recusa a cumprir a promessa feita.
Sofia Bianchi, é uma jovem sonhadora que atualmente
vive com os avós, na cidade de Santa Tereza. Vindo de uma
família humilde, ela se desdobra para ajudar a sustentar a
casa; seu mundo gira de cabeça para baixo quando se vê
desempregada, tendo de trancar sua tão sonhada faculdade,
mas o destino resolve ajudá-la quando surge uma
oportunidade para ela se tornar babá de gêmeos.

Ela só não contava que, a partir daquele momento, sua


vida mudaria completamente.

Um pai solo e solitário e uma mulher corajosa e


destemida terão seus caminhos cruzados. Eles só não
imaginavam que o destino uniria suas vidas em algo
planejado e inesperado.
Sumário

Sinopse
Prólogo
Lorenzo
Capítulo 1
Lorenzo
Capítulo 2
Sofia
Capítulo 3
Lorenzo
Capítulo 4
Capítulo 5
Lorenzo
Capítulo 6
Sofia
Capítulo 7
Lorenzo
Uma semana depois…
Capítulo 8
Sofia
Capítulo 9
Lorenzo
Capítulo 10
Sofia
Um mês depois…
Capítulo 11
Sofia
Uma semana depois…
Capítulo 12
Lorenzo
Capítulo 13
Sofia
Capítulo 14
Lorenzo
Capítulo 15
Sofia
Um mês depois…
Capítulo 16
Lorenzo
Seis meses depois…
Capítulo 17
Sofia
Um mês depois...
Capítulo 18
Lorenzo
Sete meses depois
Capítulo 19
Sofia
Um mês depois
Epílogo
Lorenzo
Cinco anos depois…
Notas da autora
Prólogo
Lorenzo
Acabo de sair do meu jato particular que pousou na
minha propriedade no Espírito Santo do Pinhal, cerca de
cento e noventa quilômetros de São Paulo. É uma
propriedade bem grande, com cerca de cinquenta hectares,
cheia de parreirais.

A minha família sempre cultivou parreiras, desde os


meus avós, e foi passado de geração em geração. Sou o
mais velho de três irmãos, estou com trinta e dois anos,
Francesco, o segundo, tem trinta, e o caçula Gianluca está
com vinte e sete, nossos pais faleceram em um desastre na
Itália, nós já éramos adultos, eu já estava no comando da
empresa.

Exportamos vinhos para o exterior e para as capitais do


país, nascemos na Itália, na cidade de Verona, ainda éramos
crianças quando meu pai decidiu abrir os negócios no Brasil.
Chegamos à Santa Tereza e depois de um ano, meu pai
comprou as terras para o cultivo das uvas, os negócios
deram tão certo que hoje somos líder de vendas no
mercado.

Durante mais de cinco anos à frente dos negócios,


sempre acompanho de perto o processo, amo acompanhar o
colhimento das uvas, todo o procedimento para a
transformação do vinho, fico junto dos funcionários
bebericando vinho enquanto alguns amassam as uvas com
os pés, também gosto das danças, lembro da minha mãe,
ela sempre dançava quando o tempo da colheita chegava.
Sou o tipo de chefe que gosta desse tipo de contato com os
funcionários, alguns deles moram na vila de casas próximo
ao campo de plantações. Outros chegam quando é tempo
de colheita, inclusive imigrantes.

Gianluca é sommelier, ele participa ativamente do


processo da criação da bebida, depois das vendas,
recebimento, administração da adega, da loja e,
principalmente, da degustação das bebidas antes que elas
sejam direcionadas aos consumidores finais. Já Francesco é
o meu braço direito na empresa, tem o mesmo poder que eu
para decidir qualquer coisa que envolva a empresa. Além,
claro, de ser o diretor financeiro. Nós três temos
personalidades diferentes, eu sou bem calmo, não gosto
muito de sair à noite, quando estou em casa, gosto de
silêncio. Francesco é bem romântico, carinhoso. Gianluca é
estilo cafajeste, sempre está metido em confusão com
alguma mulher.

Coloco a mão segurando o chapéu enquanto corro para


entrar na casa, está ventando muito e logo começará a
chover. Assim que passo pelas enormes portas de vidro, vejo
Noêmia, a minha empregada, balançando a cabeça e
colocando a mão no coração, todas as vezes a assusto, ela
nunca lembra que eu estou chegando.

—  Dio mio! —  profere com certo alívio na voz. De


tanto conviver conosco e alguns trabalhadores italianos, ela
já fala algumas palavras.

—  Pensei que a casa estava sendo invadida, menino,


qualquer dia eu caio estatelada nesse chão duro —
continuou, caminhando na minha direção, ela estava quase
tremendo e me fez sentir um pouco de culpa.

— Não acredito que não lembrou que eu chegaria hoje,


amanhã será a colheita das uvas, e sabe que não perco por
nada — afirmei, abraçando-a.

— Não esqueci, pensei que só chegaria mais tarde, não


pela manhã. E seus irmãos não vêm também? —
perguntou, andando na direção da cozinha e a segui, tenho
certeza de que ela preparou aquele bolo de chocolate que
gosto.

— Não, eles estão bastante ocupados por esses dias.


Mas eu estou aqui, e morrendo de fome. — Ela me olhou
colocando as mãos na cintura.

— E quando que você não está? Fiz bolo de chocolate,


vou servir na sala de estar, só um minuto. — Acompanhei,
falando:

— Nada de sala de estar, vou comer na cozinha


mesmo. — Toquei em seus ombros e fomos caminhando.

— Vou pedir a Natasha para vir pegar a sua mala e ir


arrumar o seu quarto, ela é a nova arrumadeira, uma
mocinha que perdeu os pais naquele desastre há cinco
meses, quando teve deslizamento de terras na região aqui
perto. Ela morava com a tia, mas não quis mais, pois o tio
bebe muito; como conhecia os pais dela e estávamos
precisando de uma arrumadeira, falei com Inácio, e ele a
contratou. Já volto. — Terminou de falar e saiu, depois irei
chamar Inácio para saber como andam as coisas por aqui.
Ele é o administrador, toma de conta de tudo por aqui,
despensa e contrata trabalhadores.

Enfiei o garfo no pedaço do bolo e levei até a boca,


saboreando, sentindo o pedaço se desmanchar deixando o
meu paladar doce, coloquei mais um pouco da calda,
jogando por cima da fatia, comendo novamente. Afrouxei a
gravata e abri dois botões da camisa, já tinha deixado o
terno em cima da cadeira. Quando terminei de comer o
bolo, passei o polegar sobre a borda do prato e levei à boca,
chupando o restante da calda, sou louco por chocolate
desde criança.

  Me virei rapidamente, acreditando ser Noêmia, pois


iria me desculpar pelo susto que dei nela segundos atrás,
mas vi uma bela jovem usando um vestido simples, olhei-a
de cima abaixo e não pude deixar de notar a sua beleza, era
uma garota muito linda, seus cabelos caíam em sua cintura
fina, seus seios eram pequenos, mas bonitos, notei quando
ela entreabriu os lábios, deixando escapar uma pequena
respiração.

De repente, me levantei sentindo algo estranho, nunca


fui de ficar tímido perante uma mulher, ainda mais sendo
funcionária minha. Disfarcei, limpando a garganta, passei a
mão na camisa, tentando limpar e secar o suor das palmas.
Ela olhou na direção da minha mão e arregalou os olhos.

— Me desculpe, mas é que o senhor sujou a sua camisa


com a calda de chocolate — disse baixo, deu para notar sua
timidez.

— Precisa tirar logo, antes que a mancha endureça.


Vou esquentar a água para tentar tirar a mancha. — Ela
rodeou a mesa e foi até os armários, pegando um bule,
enchendo de água, acendeu o fogo do fogão e pôs o bule em
cima. Ela tinha muita facilidade em fazer essas coisas.

— Desculpe, não precisa se incomodar. Noêmia me


disse que é a arrumadeira, então não tem obrigação
nenhuma com lavagem de roupas — disse, e ela me olhou
séria.

— Eu gosto de ajudar, senhor, dona Noêmia tem me


ajudado muito, e não é incômodo nenhum — disse,
pegando o prato de cima da mesa, levando para a pia e
começou a lavar, em seguida, passou o pano na mesa
limpando e, em poucos minutos, deixou a cozinha limpa
novamente, não pude deixar de notar o quanto era
esforçada.

— A água já esquentou e seu quarto já está arrumado,


assim que o senhor tirar a camisa, irei buscá-la. Agora me
dê licença — avisou, desligando o fogo e saindo da cozinha
em seguida.
Parado, fiquei observando a garota empurrar a minha
mala, sumindo no corredor da minha casa. Puxei uma
respiração forte, sentindo alívio nos pulmões. Caminhei até
a grande janela e vi o campo verde enorme, era uma área de
se perder de vista. Lembro quando nossos pais nos traziam
aqui nas férias, sou tão apaixonado por esse lugar, me traz
paz, aqui recarrego as minhas energias. Fiquei por minutos
admirando.

— Natasha já arrumou as suas roupas e me contou que


você manchou a camisa com calda de chocolate. O que
aconteceu? — perguntou, olhando para a mancha, andei
tentando disfarçar a inquietude que se formou dentro de
mim. Natasha. Falei seu nome em meu pensamento.

— Menino? O que aconteceu, estou falando com você,


sua expressão está estranha. — Sorri, abraçando Noêmia,
que bateu na minha mão como sempre faz.

— Eu pensei que estivesse passando mal de tanto


comer bolo. Agora vá, filho, precisa tirar a camisa para lavar,
ou vai ter que comprar outra, caso a mancha endureça. Vou
preparar o almoço, descanse que, na hora em que estiver
pronto, mando lhe chamar. — Beijei o topo da sua cabeça e
fui na direção do meu quarto, coloquei o meu pé no primeiro
degrau da escada, olhei para todos os lados, mas não vi
mais Natasha.
No dia seguinte, começou a colheita das uvas, depois
do café, desci para os parreirais juntos dos trabalhadores,
me sentia como se tivesse dez anos, quando meu pai deixou
que eu colhesse alguns cachos de uvas pela primeira vez,
desde aquele momento, não deixei mais de acompanhar as
colheitas. Passei pelos funcionários cumprimentando todos
com bom-dia, eles já estavam acostumados com a minha
presença, estava usando camisa de mangas longas, chapéu
e óculos escuros. Comecei a colher alguns cachos,
colocando-os dentro de uma pequena cesta, o sol estava
forte e resolvi me sentar depois de colher mais de dez
cachos. Tirei o chapéu da cabeça, limpando o meu rosto que
pingava o suor, me sentei, descansando, olhando para
tantas pessoas trabalhando, eu era um homem realizado no
trabalho, aos trinta e dois anos, nunca havia me apaixonado
por ninguém, namorei algumas vezes, mas nada que me
despertasse aquela vontade de me casar.

— Senhor? — Me virei para a voz doce que me


chamava. Olhei para Natasha colocando os meus óculos de
sol no rosto devido à claridade do sol. Dessa vez ela estava
de cabelos presos, usava uma calça jeans e uma blusa azul
que combinava com a cor dos seus olhos. Sorri e ela corou.

— Dona Noêmia me mandou trazer água, pois o senhor


esqueceu a sua garrafa — terminou de falar, estendeu a
garrafa na minha direção e olhou para os cachos de uvas na
cesta.
Peguei um cacho, abri a garrafa e joguei um pouco de
água.

— Sente-se um pouco, experimente as uvas e me diga


se não são as mais doces da região. — Ela sorriu e ficou
pensando na oferta.

— Tenho que ir ajudar dona Noêmia com o almoço. —


Percebi que ela queria provar as uvas.

— Prometo que não levará nem cinco minutos, Noêmia


nem vai sentir a sua falta. Venha. — Ela olhou para os lados
e se sentou cruzando as pernas. Entreguei o cacho de uva
na sua mão, ela pegou uma e colocou na boca, depois mais
outra, olhei para ela, esperando por sua opinião. Aproveitei e
levei a mão para pegar uma uva, meu dedo tocou a pele da
sua mão e senti um pequeno choque percorrer por todo o
meu corpo, acho que ela também sentiu, pois me olhou
rapidamente.

— Gostou? — olhando em seus olhos e com a minha


mão no cacho que estava sobre a sua, perguntei-lhe.

— É deliciosa, ainda mais assim, colhida na hora. Na


verdade, não tinha visto ainda pés de uvas, é tão lindo, dá
vontade de sair correndo por todos eles. — Sorri e fiz o que
eu estava sentindo vontade naquele momento.

— Venha, vou te levar lá para baixo e você pode correr


entre as parreiras, pode até colher algumas uvas. — Seus
olhos brilharam e vi que não precisa ter muito para ser feliz.
Ela parecia uma criança que tinha acabado de ganhar um
doce.

Ajudei Natasha a descer, pois ela estava de sandálias, o


correto é usar tênis. Quase ela cai, mas a segurei e paramos
por um instante; com uma das mãos, segurava a cesta e,
com a outra, segurava a cintura dela. Nossas respirações
saíam juntas e apressadas, estávamos ofegantes. De
repente ela se ajeitou e começou a andar. Fiquei me
perguntando se ela era solteira.

Assim que Natasha chegou perto da plantação, ficou


admirando, entreguei a cesta para um trabalhador por
dentro dos caminhões que chegaram para levar as uvas para
a fábrica e segui Natasha, ela correu entre as parreiras
sorrindo. Colheu alguns cachos e pedi que levasse com ela
para a casa. Ela agradeceu e subimos de volta, eu já estava
muito suado e com sentimentos borbulhando dentro de
mim, e à noite queria apreciar as danças e tomar algumas
taças de vinhos, talvez convidá-la para vir comigo. Meu
celular começou a tocar, era Francesco em uma chamada de
vídeo. Atendi sorrindo.

— Buongiorno, fratelo mio — disse alegremente,


Francesco é bem parecido com a nossa mãe, ele é muito
carinhoso e se preocupa com todos. Liga todos os dias tanto
para mim, quanto para Gianluca. Moramos no mesmo
condomínio e cada um tem a sua casa.
— Bom dia, meu irmão. Acabei de sair da colheita,
aqui está uma maravilha, do jeito que eu gosto. — Ele
começou a rir do meu comentário, ele diz que eu sou louco
por gostar de sol, colher uvas dá coceira no corpo.

— Senhor, eu já vou, dona Noêmia deve estar me


procurando — Natasha falou e saiu correndo, levando a
cesta de uvas.

— Quem é a ragazza? — perguntou, curioso, sorri


olhando Natasha sumir das minhas vistas.

— A arrumadeira, acredita que ela nunca tinha visto


uma parreira cheia de uvas? — falei, andando.

— Coitadinha, e você, como um bom samaritano,


realizou o sonho dela. Pelo jeito, você está bem melhor que
eu. Pois, estou assinando vários documentos e logo mais
terei uma reunião. Aproveita por aí, meu irmão, vou desligar
agora. Ah! E não vai se apaixonar pela arrumadeira. —
Balancei a cabeça.

Nos despedimos e encerrei a ligação, assim que entrei


em casa, Noêmia me olhou com as mãos na cintura e a
expressão séria. Mas não me disse nada, então subi para o
quarto para tomar um banho. Ao entrar no meu quarto,
Natasha estava saindo do quarto no final do corredor. Ao me
ver, sorriu, mas deu a volta e entrou novamente. Eu estava
parecendo um adolescente, sentia meu estômago gelar
todas as vezes que a via.
— Ela é uma moça séria, Lorenzo, eu estou responsável
por ela agora, mas sei que você é um rapaz muito bom e
confiável, apesar de ser o meu patrão, eu lhe tenho como
um filho, você e seus irmãos, estou trabalhando nessa casa
desde quando os seus pais eram vivos, depois que eles se
foram, me sinto também responsável por todos vocês. E,
meu filho, por favor, não brinque com os sentimentos da
Natasha, a coitadinha já sofreu tanto nessa vida. — Noêmia
terminou de falar, estava no meu quarto, pedi a ela que
viesse, pois queria comunicar a ela que iria convidar a
Natasha para ir até o salão, onde os trabalhadores ficavam
comemorando a colheita.

— É apenas um convite, ela é jovem e não precisa ficar


trancada em casa, até porque ela já terminou as obrigações
dela. E você também está convidada a ir comigo. — Ela
sorriu.

— Não gosto de barulhos, e já estou velha preciso


dormir cedo. Agora vou me deitar, boa noite, menino. —
Noêmia me abraçou e saiu do quarto.

Na sala, fiquei esperando por Natasha, eu estava


usando uma calça jeans, uma camisa branca e uma jaqueta
por cima, estava frio. Logo ouvi passos caminhando na
minha direção, me virei contemplando a beleza da pequena
mulher a minha frente, ela estava usando um vestido branco
de renda e uma jaqueta jeans por cima, em seus pés, um
tênis All Star preto. Suas roupas eram simples, mas até em
sacos de batatas ela ficaria linda, ela tem uma beleza
espetacular. E a forma como ela cora quando está perto de
mim me deixa sem ar.

— Vamos? — Tive que quebrar o contato visual, ou


não resistiria e a beijaria aqui mesmo.

Como a sede era um pouco longe, teríamos que ir de


carro; na garagem, escolhi o Fiat Strada, por ser apropriado
para o tipo de estrada que vamos enfrentar. Abri a porta do
carro, Natasha entrou e pude sentir o cheiro doce que vinha
dos seus cabelos. Dei a volta e entrei, ligando o carro; na
estrada, comecei a fazer algumas perguntas para ela.

— Quantos anos você tem? — Ela se virou, olhando


para mim, e respondeu.

— Semana passada completei vinte três anos. E você?


— inquiriu ainda me olhando.

— Trinta e dois. — Ela franziu o cenho, acreditando


que eu me ache velho.

— Você parece que tem menos. — Suas palavras me


fizeram rir.

— Menos quanto? — quis saber.

— Uns vinte e nove, você é muito bonito. — Notei suas


bochechas ganharem um tom vermelho, gostava muito de
saber que eu a afetava de alguma forma.
Chegamos e estacionei o carro, dando a volta para abrir
a porta pra ela. Algumas pessoas ficaram nos olhando e
percebi que ficavam cochichando. Não liguei, nunca fui de
dar atenção a esse tipo de conversa. Não sou imune às
pessoas só porque sou rico e chefe de todos aqui.

— Tragam vinho para o patrãozinho — Inácio disse, as


pessoas começaram a bater palmas e algumas estavam
dançando.

— Obrigado — agradeci à senhora que trouxe duas


taças de vinhos. Entreguei uma para Natasha.

Já estávamos bebendo, acho, a terceira taça de vinho


quando outra senhora me entregou um prato de comida. Era
carne assada, arroz e farofa, comecei a comer, observando
as pessoas se divertirem. Era uma comemoração pelo bom
trabalho que fizeram durante o ano que passou.

Já estava um pouco alegre e, cheio de coragem, chamei


Natasha para dançar. Com as mãos em sua cintura,
começamos a bailar conforme a música, as pessoas estavam
entretidas dançando, comendo ou bebendo, então, fiz o que
estava desejando o dia todo. Beijei seus lábios deliciosos, ela
não se opôs, ao contrário, me beijou de volta com a mesma
intensidade.

— Vamos sair daqui — sussurrei contra os seus lábios.

Ela não falou, mas balançou a cabeça afirmando.


Peguei em sua mão e saímos apressados, abrindo caminho
entre as pessoas. Sorrindo, chegando ao lado de fora,
começamos a descer para ir para o meio dos parreirais.
Natasha corria, aproveitei, tirei o meu tênis, a jaqueta e fui
jogando no chão, ela fez a mesma coisa. Sem esperar, a
abracei por trás, lambendo o seu pescoço. Tirei a minha
camisa, estendendo no chão, e nos sentamos na grama.
Debaixo de uma parreira, me virei para ela e tomei os seus
lábios em um beijo feroz, suas mãos alisavam a pele do meu
corpo, a puxei para o meu colo, e Natasha começou a se
esfregar em mim. Devagar, a deitei por cima da minha
camisa, enfiei a mão dentro do seu vestido, sentindo a
maciez da sua pele, fui subindo até sentir o tecido da sua
peça íntima. Sem aviso, toquei sua boceta por cima da
calcinha, ela arfou, erguendo o quadril, gemendo meu
nome, e isso fez o meu pau crescer dentro da cueca. Nunca
desejei estar dentro de uma mulher como desejo me
enterrar por completo em Natasha.

— Lorenzo — choramingou quando devagar comecei


a massagear seu pontinho pulsante, ela abriu mais as
pernas, a timidez tinha desaparecido, seus olhos estavam
fechados; pela pouca luz que tinha, pude ver suas
bochechas rosadas e um fio de suor escorrer da sua testa.

— Eu quero você — afirmei, colocando um dedo


dentro dela. — Tão molhada — soprei em seus lábios e meu
dedo entrava e saía da sua boceta quente.

Deslizei a pequena peça por sua perna e joguei em um


canto, me levantei rapidamente, tirando a minha calça
seguida da cueca, meu pau pulou para fora completamente
duro. Quando abaixei, Natasha já tinha tirado o vestido e
estava completamente aberta para mim, os bicos dos seus
seios estavam duros, e não passei vontade. Levei minha
boca em um, lambendo, chupando, mordendo, ela se
remexia debaixo de mim.

— Vou me enterrar todo em você — declarei com a


voz rouca cheia de desejos.

Fui beijando o seu corpo até chegar em sua bocetinha


molhada. Inalei o seu cheiro e deslizei a minha língua por
toda a sua entrada, sentindo o gosto da sua excitação. Meu
pau latejava tanto que chegava a doer querendo logo estar
dentro dela. Mas eu era um homem que gostava de
preliminares, gostava de apreciar o corpo de uma mulher,
para mim, o prazer delas vem sempre em primeiro lugar.
Depois de lamber, suguei seu clitóris, fazendo-a gritar e se
remexer debaixo de mim, tendo um orgasmo. E só aí subi
em seu corpo e devagar encostei a cabeça do meu pau em
sua entrada encharcada. Logo que estava dentro dela,
comecei a foder devagar, sentindo sua carne quente engolir
todo o meu pau, era tão apertada e tão gostosa que gozaria
a qualquer momento.

— Gosta assim? — inquiri, me movimentando


lentamente.

— Gosto, mas quero com força. — Sorri e acelerei os


movimentos.
Os sons dos nossos gemidos eram os únicos ouvidos ali
naquele campo. Nunca tinha tomado uma mulher nessas
condições. E estava gostando muito.

Levei os lábios para beijar Natasha, sua língua chupava


a minha com rapidez e erotismo. Ela tem tudo que eu
aprecio em uma mulher. É ousada e, ao mesmo tempo,
tímida. Gemendo baixo, senti o gozo chegando, Natasha
suspendeu a perna, abrindo ainda mais, e gozou, me
levando com ela. Ainda me movimentava devagarinho
sentindo a última gota sair por completo. E só aí me dei
conta de que transamos sem camisinha, mas ela, com
certeza, deve tomar anticoncepcional, não era mais virgem.
Me joguei para o lado respirando apressadamente, Natasha
se deitou sobre o meu peito e fiquei fazendo carinho em
seus cabelos. Não sei por quanto tempo ficamos assim, até
adormecemos um nos braços do outro, eu estava muito
feliz, tenho certeza de que encontrei a mulher da minha
vida.

Nove meses depois...

O silêncio predominava na sala de parto, os médicos se


entreolhavam sem dizer uma palavra, eu estava achando
tudo muito estranho. Aquela noite com Natasha debaixo dos
parreirais acarretou uma gravidez de gêmeos depois de um
mês que transamos. Noêmia me ligou dizendo que Natasha
estava muito enjoada, e claro, como uma mulher mais velha
e mais experiente, ela já sabia que depois de nove meses
nasceria um bebê, ou bem melhor, dois.

Eu e Natasha não nos casamos, mas estávamos nos


conhecendo, gostava muito dela. Durante a gravidez dela, a
trouxe para morar comigo, ela teve todos os cuidados
médicos quando soubemos que a gravidez era de risco e,
com oito meses, os médicos acharam melhor fazer uma
cesariana de emergência.

Natasha estava muito inchada, na gravidez,


descobrimos que ela era diabética, o quadro evoluiu para
hipertensão arterial e eclampsia. Mas estávamos otimistas,
mesmo com o obstetra que a acompanhou durante o pré-
natal alertando para que nos preparássemos para o pior, nós
acreditávamos em um milagre, até porque ela era muito
nova.

Olhei para o rosto de Natasha que estava


completamente pálido, todo o meu corpo entrou em alerta,
olhei para o doutor Hércules, que se preparava para tirar um
dos bebês após o corte da cesárea. O choro forte era o único
som do quarto, além dos bips dos aparelhos, sorri, me
aproximando mais com a filmadora, resolvi filmar todo o
parto para depois mostrar a Natasha depois. Outro som de
choro, nós descobrimos que iríamos ser pais de dois
meninos e escolhemos os nomes juntos, Gael e Pietro. Dois
meninos fortes. Após o nascimento, os dois foram levados
para a UTI. O som alto dos aparelhos foi baixando e
baixando até que se silenciou de vez. Os enfermeiros e os
médicos corriam de um lado para o outro, vi o exato
momento em que começaram a fazer massagem cardíaca
nela. Fui retirado da sala e aguardei no corredor, andando
de um lado para o outro, sendo acolhido pelos meus irmãos,
que, desde que souberam que iriam ser tios, não me
deixaram em nenhum momento. Quando eu não podia
acompanhar Natasha em alguma consulta, um deles iria no
meu lugar.

Quando finalmente o médico saiu, não foi preciso ele


me dizer nada, eu senti que Natasha não estava mais entre
nós só pelo seu olhar. Doutor Hércules me relatou tudo o que
aconteceu e disse que agora eu precisava ser forte pelos
meus filhos, eles iriam precisar muito de mim. Agora
seríamos apenas nós três.

 
Capítulo 1
Lorenzo
Um ano depois...

Sorri, me aproximando da bagunça que Gianluca fazia


com os sobrinhos no pula-pula. Hoje era o aniversário de um
ano deles, eles cresceram tanto e estão cada dia mais
independentes, meu coração enfraquece só de pensar que
daqui uns anos eles terão dezoito e poderão querer morar
sozinhos.

Confesso que sou um pai babão, não quero me separar


deles nunca, capaz de eu fazer um pouco de drama quando
esse dia chegar. Irei dizer que estou velho para morar
sozinho, posso cair no banheiro, bater a cabeça e morrer,
pois não vai ter ninguém em casa para me ajudar. Talvez
essa desculpa funcione.
Assim que parei na beirada do pula-pula, eles nem
deram bola para mim, pois estavam nas costas do tio,
brincando de galopar, eles são loucos no tio doido deles.
Gianluca é estilo avós, ele mima demais os meninos.
Quando não vem visitá-los, tenho que levar os dois na casa
do tio. Como ainda são bebês, não entendem que o tio às
vezes some e, quando isso acontece, ele está com a casa
cheia de mulheres, sim, ele é um pervertido. Mas um
excelente tio.

Só quando pararam de galopar que me viram e


tentaram se levantar para vir para os meus braços, talvez
estejam com sede ou fome, pois é quando me procuram
sabendo que o tio está em casa.

— Pa, pa, pa — disseram, tentando andar na minha


direção, esticando os bracinhos, mas sempre caiam com a
cama elástica balançando.

Gianluca se levantou pegando os dois no colo e


descendo a pequena escada. Os cabelos do meu irmão
estava uma bagunça, mas tenho certeza de que a metade
das mulheres presente no aniversário estava o achando
lindo, pois não parava de olhá-lo. Gianluca é loiro e tem os
cabelos um pouco na altura da nuca, usa argolas nas orelhas
e, por onde passa, arranca suspiros.

— Quando vamos começar a comer o bolo? —


Francesco, com cara de fome, perguntou e pegou um dos
gêmeos no colo.
— Agora, vim buscar os dois bagunceiros para
começar.

O tema da festa era do Baby Shark, eles adoram esse


desenho e a musiquinha, quando estão acordados, esse
desenho passa na televisão vinte quatro horas por dia,
inclusive os dois estão vestidos de tubarões bebês com
barbatanas nas costas e tudo; eu e os tios estamos usando
camiseta com o desenho. Eles estão a coisa mais lindas,
andam e caem, ainda estão aprendendo a andar direito.

Contratei um buffet e, assim que informei que iríamos


cortar o bolo, eles poderiam servir os convidados, alguns são
amigos dos meus irmãos e meus, não quis muita gente,
Noêmia não pôde vir, mas, no final de semana, ela vem
visitá-los; para ela, os dois são como netos, quando Natasha
faleceu, ela sentiu muito. O consolo para ela são os nossos
filhos. Quando eles saíram da maternidade, ela me deu
muita força, me ensinou a trocar fraldas, a dar banho, a
cuidar. Ela foi essencial como sempre. Mas tive que
contratar uma enfermeira para me auxiliar, eles tiveram que
tomar fórmula, eram tão pequenininhos que, quando
choravam, mal dava para ouvir, agora estão grandes e
saudáveis. E eu os amo tanto, nunca pensei que um dia
poderia sentir esse amor tão forte por alguém, meus filhos
são tudo para mim, é o meu coração fora do peito.

Depois dos parabéns e algumas sessões de fotos,


começamos a comer o bolo. Os dois estavam lambuzados,
lambendo os dedinhos, os bebês tubarões começaram a
bocejar com sono. Agradeci aos convidados, assim que
todos se retiraram, fui levar os dois para o banho. Gianluca
se despediu, dizendo que ia aproveitar e encontrar uns
amigos, mas ele acha que eu sou cego, vi-o conversando
com duas mulheres. Francesco me ajudou com os dois, e me
sentei na poltrona no quarto deles enquanto os vestia com
os pijamas.

— Quer que eu durma aqui com você? Estava


pensando, você ainda anda dormindo? A última vez que isso
aconteceu, a empregada saiu correndo e isso aconteceu na
hora em que eu cheguei pela manhã, você nem tinha os
meninos ainda e morávamos juntos, a coitadinha estava
tremendo, você, em pé, na sala, pelado — disse
gargalhando, e sorri junto com ele, nem lembrava mais
desse detalhe, sou sonâmbulo, mas isso acontece quando
fico muito ansioso por algo.

— Não aconteceu mais desde que os meninos


nasceram, eles me cansam rápido, tenho que dançar com
eles, correr pela casa brincando de esconde-esconde e,
quando caio na cama, capoto, durmo mesmo, mas obrigado,
irmão, não precisa dormir aqui, já sei me virar com esses
dois bagunceiros — disse, apertando os dois no meu colo,
eles estavam sentados na minha perna, deitados com a
cabeça no meu peito, já estavam querendo dormir.

— Tudo bem, vou para casa, ou talvez aceite o convite


do pessoal do golfe para uns drinques. — Beijou os meninos
e saiu.
Meus irmãos me ajudam muito, mas sei que eles
precisam viver a própria vida deles. Peguei os meus filhos no
colo e pus cada um em seu berço, fiquei olhando-os virando
de lado para dormir, eu os amava tanto, eles são os meus
presentes que a mãe deles deixou. Nunca irei esquecer de
Natasha, durante os poucos meses que passamos juntos, ela
me fez muito feliz. Onde quer que esteja, sei que está
olhando por nós.

A babá eletrônica começou a fazer barulho, sinal que


os dois já tinham acordado, olhei através da câmera e vi os
dois em pé, um em cada berço, choramingando. Hoje eles
acordaram mais cedo, constatei depois de olhar no relógio
na mesinha ao lado da cama. Me levantei, me alongando
para mais um dia de troca de fraldas, mamadeiras e hoje
tem pediatra. Às vezes penso que os meus irmãos têm
razão, eu preciso de uma babá para me ajudar a cuidar
deles.

Depois de lavar o meu rosto, me encaminhei para o


quarto deles. Abri a porta e assim que me viram fizeram a
festa, gritando, pedindo colo para sair do berço, primeiro
peguei Gael, depois Pietro, beijei cada um, dando bom-dia.
Eu amo o cheiro dos meus filhos, para mim, é o cheiro mais
gostoso desse mundo. Coloquei os dois no chão, eles
ficaram me esperando, fui até o banheiro encher a banheira
para o banho dos dois. Depois tirei as fraldas encharcadas
de xixi e coloquei os dois dentro, eles gostam de banho,
fazem a maior bagunça.

— Pronto, agora vamos tomar café, tenho certeza de


que a Cida preparou algo bem gostoso — disse, terminando
de pentear os cabelos deles. Os dois estavam vestidos com
macacões dos bebês tubarões. Eles pularam batendo
palmas.

Senti uma leve dor nas costas e coloquei as mãos no


quadril, esse negócio de abaixar e levantar está deixando a
minha coluna dolorida, eles estão pesados demais. Preciso
me exercitar, estou avaliando contratar uma babá mesmo.
Irei pedir a minha assessora que selecione algumas
candidatas.

Coloquei cada um em sua cadeirinha e Cida começou a


servir o café. Ela é a nutricionista e cozinheira, ela está
trabalhando comigo desde que os dois começaram a fase da
introdução alimentar, ou seja, desde os seis meses. Ela
também monta todo o cardápio semanal das crianças. Após
servir, se retirou e fiquei observando eles comerem, já
sabem usar o garfo para pegar as frutas e tomam suco no
canudinho. Aliás, adoram suco de laranja, hoje eles têm
natação também, mas fazem aqui em casa, contratei um
profissional que vem dois dias na semana. Quero que os
meus filhos aprendam a fazer tudo, o que tiver ao meu
alcance irei fazer, assim como o meu pai fez comigo e meus
irmãos.
Depois do almoço, os dois já estavam arrumados,
Gianluca vai comigo, pois sozinho não dou conta, como eles
já andam, a todo momento querem estar no chão. Gianluca
chegou e os dois correram na direção dele, ele se abaixou e
os dois o abraçaram, o fazendo cair no chão, foi a maior
festa.

— Agora vamos, ou terei que dar outro banho em


vocês se continuarem nesse chão.

— Eles estão animados, mal sabem que irão tomar


vacina — Gianluca sussurrou quando entramos no carro, os
dois estavam de olho no desenho que estava passando.

— Confesso que é a pior parte para mim, não gosto de


vê-los chorando, ainda mais com dor. Mas sei que é
necessário.

Assim que Gianluca estacionou o carro em frente ao


consultório, deu a volta e me ajudou a tirar os meninos. Ele
segurava Gael, eu, Pietro, e a bolsa, as pessoas que não nos
conhecíamos achavam que éramos um casal, porque
sempre estava acompanhado de um dos meus irmãos.

Após informar o nome das crianças, ficamos


aguardando nos chamar. A recepcionista não tirava os olhos
do meu irmão. Às vezes, acreditava que eu era invisível, pois
elas só olhavam para ele.

Nos levantamos assim que os nomes dos meus filhos


foram chamados para entrar no consultório. Eles estavam
quase dormindo, mas despertaram.

— Boa tarde! Como estão esses dois meninos lindos?


— A doutora Ana era bem animada com as crianças.

— Estão bem, só estão pesados a cada dia —


confessei.

— Então vamos pesá-los para ter certeza se ganharam


muito peso mesmo. Ou é só o papai que está ficando velho e
não tem mais forças para carregá-los — brincou.

Os meninos ficaram apenas de fraldas, depois que se


pesaram, a doutora pediu que os deitasse na cama
hospitalar para realizar alguns exames. Medição da cabeça,
avaliação nos joelhos, barriga, garganta.

— Está tudo bem com eles dois, ganharam dois quilos


desde a última consulta, estão crescendo rápido e
saudáveis. Você é sempre um ótimo pai. Bastante água,
sucos, alimentação saudável, nada de doces. Ouviu, titio?
— Olhou para Gianluca, que fez cara de desentendido. Mas
é ele que dá doces escondidos para os meus filhos.

— Pode deixar, doutora, ficarei de olho nos três. — Ela


sorriu.

Depois de vestir os meninos, fomos para a sala de


vacina. Sei que eles irão chorar. Entramos na sala e
tomaram injeção na coxa. Choraram muito, eu sempre fico
me sentindo culpado. Saímos da sala com os dois
soluçando, deitados com a cabeça em nossos ombros. Fico
tão triste quando eles ficam assim.

Chegamos em casa, eles já estavam dormindo na


cadeirinha. Só tirei os sapatos e os deitei no berço. Quando
acordarem, vão estar famintos, por isso já vou deixar a
mamadeira feita e, quando acordarem, só esquentar.

— Eu vou indo irmão, ainda tenho que passar na loja


de vinhos para tratar de uma venda, hoje, pela tarde, recebi
um e-mail e preciso avaliar, temos uma demanda grande
para entregar no Rio de Janeiro — Gianluca disse, tocando
o meu ombro.

— Obrigada por mais essa ajuda, pensei muito e vou


contratar uma babá. Agora mesmo vou ligar para a dona
Letícia selecionar algumas candidatas que eu mesmo irei
entrevistá-las. Vou aproveitar que eles estão dormindo e
analisar alguns documentos que Francesco me enviou
ontem.

— Você precisa mesmo de uma babá, as crianças


necessitam conviver com outras pessoas, eles estão
crescendo, e você não está dando conta dos dois. Sei que,
por mais que ajudamos, à noite, você lida com eles
sozinhos. Já pensou em se casar? — inquiriu sério.

— Na minha vida, não tem espaço para mais ninguém


Gianluca, estou muito bem sozinho, amo ser pai solo. Agora
volte ao trabalho. — Ele sorriu, me abraçou e foi embora.
Assim que Gianluca saiu, resolvi tomar um banho e
trocar de roupas. Daqui a duas horas, os meninos terão
aulas de natação, eu sempre participo. Ajudo incentivando,
por incrível que pareça, eles não tem medo, adoram nadar.

Depois do banho, fui para o escritório trabalhar, minha


única companhia é a babá eletrônica. Reli alguns
documentos da Vinhos Del Fiore, nossa loja de importações
e exportações, e assinei alguns contratos, alguns
restaurantes querem renovar conosco, pois, desde que
começaram a servir os nossos vinhos, a clientela tem
aumentado. Passei cerca de duas horas no escritório
avaliando outras propostas e a babá eletrônica anunciou
que os meus bebês acordaram, temos apenas meia hora até
que o professor chegue para aula de natação. Assim que os
tirei do berço, fomos trocar as fraldas, eles sempre acordam
preguiçosos, Gael se deitou no chão fazendo manha, e
Pietro começou a chorar. Era sempre assim, peguei os dois
no colo, acalmando-os.

— Hoje vamos para a piscina, o tio Sérgio já está quase


chegando. — Como eles amam ir a piscina, ficaram atentos
ao que eu falava. Eles são muito inteligentes e sempre
entendem o que eu falo. Começaram a gritar animados e
correram para a porta assim que os coloquei no chão.

Na sala de estar, esperei que eles terminassem a


merenda, decidi tomar um copo de suco com um sanduíche.
Pietro começou a encrencar com o irmão, jogando pedaços
de pão nele. Me levantei, tirando os dois da cadeirinha.
— Não pode, filho. Papai já explicou, seu irmão está
triste. Abraça ele — disse assim que pus os dois no chão.

Gael abraçou o irmão, olhando para ele sorrindo,


depois beijou o rosto dele. Eu sempre fico emocionado
quando eles são carinhosos um com o outro. Sempre fomos
assim, eu e os meus irmãos, por mais que brigássemos,
sempre pedimos desculpas. Nossa mãe sempre nos disse
que tínhamos que ser melhores amigos uns dos outros. E
sempre falo com eles sobre isso, sei que eles não entendem,
mas, quando estiverem maiores, irão entender.

Já estávamos na piscina, os dois já nadavam direitinho,


não tirava os olhos deles um minuto sequer, sei que Sérgio é
um profissional responsável, mas sou pai e temo muito pela
vida dos meus filhos. Quando Sérgio os colocou no fundo
para emergirem, comecei a filmar para mandar para os tios.
Parecem dois patinhos na lagoa. Eles gritavam, se
divertindo.

A aula terminou, nos despedimos de Sérgio, e ele foi


embora, ainda tinha mais duas aulas para dar hoje.

Depois do banho, fomos para a sala, os dois estavam


tomando mamadeiras e assistindo aos desenhos. Já estava
anoitecendo e logo eles iriam dormir.

Enquanto eles assistiam aos desenhos, comecei a ler o


noticiário no Ipad. Quando acabaram, queriam colo,
começaram a esfregar os olhinhos com sono. Como eles já
tinham tomado mamadeira, levei os dois para o quarto,
coloquei os pijamas neles, e me deitei cada um em seu
berço. Cantarolei umas musiquinhas até que eles dormiram.
Cobri cada um, beijei e saí do quarto. Coloquei as mãos na
lombar, de vez em quando sentia uma dorzinha.

Entrei no meu quarto, segui para o banheiro e fui até as


gavetas de remédios, procurando por um relaxante
muscular. Às vezes invento de brincar com eles e esqueço
que estou ficando velho. Escovei os dentes e vesti o meu
pijama, antes de dormir, fiquei pensando que às vezes sinto
falta de sair e voltar para casa de madrugada, tomar umas
cervejas, jogar conversa fora. Mas logo passa, sou bem mais
feliz depois que me tornei pai. Meus filhos são tudo para
mim, eles sempre estarão em primeiro lugar na minha vida.
Não importa o que aconteça.
Capítulo 2
Sofia
Abri o pequeno portão de cercas brancas e entrei. Girei,
fechando-o, e segui andando para entrar em casa. Minha
nonna deve estar preparando o jantar, e meu nonno ainda
deve estar no trabalho. Ele trabalha na Vinhos Del Fiore no
cargo de auxiliar de produção, é um trabalho pesado para
ele, que já é um idoso, meu sonho é me formar logo e
começar a trabalhar na área para dar uma vida melhor a
eles, eu era estudante de fisioterapia. Mas, pelo jeito, vou ter
que esperar até arrumar outro emprego, já que fui demitida
do supermercado onde trabalhava como caixa e pagava o
meu curso. Estava na experiência e cheguei atrasada duas
vezes, na terceira, não teve mais desculpas, não me atrasei
de propósito, os ônibus dessa cidade são tão precários e
demoram a passar.
Passei o dia andando entregando currículos, já
trabalhei de tudo nessa vida, trabalho desde os meus
dezoito anos, já fui babá durante um ano, já fui ajudante de
cozinha, balconista, vendedora externa, vendia planos de
saúde. Meu nono levou meu currículo para deixar na
empresa onde ele trabalha. Espero que eu seja chamada.

— Vozinha — chamei assim que entrei em casa, ela


saiu da cozinha limpando as mãos no avental, sempre
sorrindo, seus cabelos estavam quase todos brancos e tinha
algumas rugas no rosto, mas continua muito bonita.

Meu avô sempre fala que foi amor à primeira vista


quando a viu, se conheceram na Sicília quando meu vô foi
conhecer o lugar, ele é apaixonado por ilhas e arquipélagos,
casaram e tiveram o meu pai, que veio a falecer aqui no
Brasil; quando eu nasci, a minha mãe faleceu no parto. Fui
criada por meus avós e meu pai, mas já faz dois anos que
ele morreu de infarto.

— Pelo seu olhar, não arrumou nada, não é? — Neguei


com a cabeça e me sentei no sofá velho.

— Não se preocupe, minha bambina, vou acender uma


vela para Santa Rita de Cássia para abrir as portas de
emprego. Enquanto você não arruma um, vem ajudar a
nona a cortar os legumes para a sopa. — Me levantei
abraçando a minha avó e fomos para a cozinha, minha avó
prepara a melhor sopa do mundo.
Depois de alguns minutos, meu avô chegou
reclamando da demora do ônibus. Eu fico com o coração
doendo por vê-lo ainda trabalhando e pegando ônibus
lotado, às vezes, ele vem em pé.

Meu vô Giuseppe é o melhor avô do mundo, sempre me


deu o melhor que pôde depois que o meu pai se foi. Meu
sonho é conhecer a Itália, a cidade onde eles casaram e
tiveram o meu pai. Eles decidiram vir para o Brasil como
imigrantes e Santa Tereza foi onde eles decidiram criar
raízes, criaram o meu pai e, quando ele ficou adulto, casou-
se com a minha mãe. Depois que ela se foi, ele não se casou
mais.

Peguei a sacola de pão da mão do meu avô, pois todo


dia ele compra na padaria da cidade, porque sempre disse
que o de lá é mais gostoso e macio. Beijei o seu rosto e a
mão, pedindo a benção. Depois que me abençoou, foi para
perto da minha avó beijar a testa dela. Acho lindo o amor
deles, tão respeitoso e sincero, dificilmente eles brigam, só
quando meu avô não quer ir ao médico realizar alguns
exames. Ele é teimoso, mas dona Beatrice o coloca na linha.

— Vou arrumar a mesa, vocês podem ir tomar banho,


deixa tudo comigo.

 Os dois foram para o quarto, fiquei arrumando a mesa,


coloquei os pães no cesto e os pratos em cada lugar da
mesa. Enquanto eles tomavam banho, resolvi ir tomar um
também. Ao sair do banho, vesti uma camisa grande e um
short curto, amarrei os meus longos cabelos e retornei à
cozinha, meus avós já estavam à minha espera, nunca
comíamos sem todos estarem na mesa, a não ser que um de
nós estivesse na rua.

Me sentei e minha avó começou a servir a sopa, meu


avô pegou o pão, colocando ao lado dos nossos pratos; antes
de comermos, começamos a rezar para agradecer ao
alimento.

— Entreguei o seu currículo no RH da empresa, filha.


Estou confiante que irão contratá-la. Está rolando um
burburinho que vão contratar vendedores para a loja de
vinhos, como você já tem experiência na área, acredito que
irá ser chamada, vamos confiar — meu vô falou, todo
confiante.

— Vamos confiar — repeti sua fala. Não vejo a hora de


começar a trabalhar e retomar o meu curso de fisioterapia.

Uma semana depois que meu avô entregou o meu


currículo na empresa em que ele trabalha, recebi uma
ligação a respeito de uma vaga para babá, teria que estar no
local às nove horas da manhã. Estava na sala assistindo à
novela com a minha vó quando me ligaram.

  — Senhorita Sofia? Estou ligando porque você deixou


seu currículo para concorrer à alguma das vagas disponíveis
na empresa e vi no seu currículo que a senhorita já foi babá
durante um ano. Devido à sua experiência, a convidamos
para uma entrevista. Caso seja do seu interesse, enviaremos
o endereço no seu e-mail. — Confirmei que teria interesse
sim, após encerrar a ligação, dei um pulo comemorando,
minha avó se assustou, mas, assim que soube da minha
alegria, vibrou comigo e correu para acender uma vela para
a santa e agradecer. Ela era muito religiosa. Recebi o
endereço por e-mail, vi que a localização era na área nobre
de Santa Tereza. Amanhã teria que sair bem cedinho, uma
hora de antecedência no máximo.

Acordei bem cedo, fiz a minha higiene matinal. Escovei


os meus cabelos, fiz um penteado, prendendo-os bem, pois
eram longos e queria passar uma boa impressão. Vesti uma
calça jeans de cor clara, uma blusa de algodão branca,
calcei um par de All Star, é o meu estilo de tênis preferido,
borrifei um pouquinho de perfume e passei um batom bem
claro apenas. Me olhei no pequeno espelho, gostando do
resultado, eu gostava muito criar looks combinando roupas,
se não fosse apaixonada por fisioterapia, com certeza iria
estudar moda.

Antes de sair do meu quarto, fiz uma pequena prece,


desde pequena a minha vó me ensinou que, se pedirmos
algo com muita fé, se realiza. E, com fé, pedi a Deus que
conseguisse ser contratada. Fiz o sinal da cruz e saí pegando
a minha bolsa no gancho ao lado da porta, coloquei o meu
celular dentro e verifiquei se o meu cartão de passagens
estava também. Antes de ir para o ponto de ônibus, terei
que tomar café, por mais que não estivesse com vontade,
devido estar ansiosa, terei que tomar, pois a dona Beatrice
jamais me deixará sair de estômago vazio. Ela sempre diz
que saco vazio não para em pé.

— Bom dia! Sua benção, vó. — Beijei sua mão, em


seguida, ela beijou a minha.

— Deus lhe abençoe, minha filha, está tão bonita. É tão


parecida com a sua mãe, se Deus quiser, e Ele há de querer,
você vai conseguir esse serviço. Agora se sente que vou lhe
servir o café bem reforçado.

Depois de tomar o café, me despedi da minha avó e fui


para o ponto de ônibus, ainda bem que o ônibus que irei
pegar passa por perto do condomínio, preciso fazer o
restante do caminho a pé, mas não é muito demorado.

Cheguei no ponto e esperei cerca de dez minutos, o


ônibus parou, esperei dois idosos subirem primeiro, em
seguida subi, paguei a passagem e me sentei. Fiquei atenta
para não passar do ponto, não queria me atrasar de jeito
nenhum.

 Depois de vinte minutos, desci do ônibus, agradecendo


ao motorista. Olhei no relógio e ainda estava no prazo,
faltava mais de quarenta e cinco minutos para as nove
horas. Com o meu bloquinho na mão, andava prestando
atenção nos nomes nas placas de endereços.
Parei perto de uma banca de revista e perguntei ao
senhor se ele sabia onde ficava o endereço. Graças a Deus
ele me explicou direitinho por onde ir e, em poucos minutos,
estava na portaria do condomínio, informando quem eu era
e por que estava ali. Um dos seguranças pediu que eu
esperasse enquanto ele iria ligar para liberar a minha
entrada.

— Senhorita, entre, por favor — disse, me dando


passagem, entrei, agradecendo e seguindo por onde ele me
instruiu.

Durante o meu trajeto, fiquei observando as casas, era


uma mais linda que a outra. Aqui, com certeza só mora
quem tem dinheiro. Não se via ninguém na rua, só carros.
Parei em frente à casa, verificando se era o número que
estava indicando no meu bloco de anotações. E, sim, era a
casa. Segui andando pelo caminho de pedrinhas coloridas,
ao lado do caminho, muita grama verde. Toquei a
campainha, notando que a porta era enorme, eu parecia
uma anã perto da porta, fiquei aguardando alguém aparecer
para me atender.

— Senhorita Sofia Bianchi? — uma senhora de


cabelos grisalhos perguntou.

— Sim, vim para a entrevista relacionada à vaga de


babá — afirmei, sorrindo, esperando que me convidasse
para entrar.
— Sou a governanta Janaína, entre, por favor. Aguarde
aqui na sala enquanto comunico o senhor Lorenzo da sua
chegada. — Ela já ia saindo, mas parou e virou-se para
mim. — A senhorita aceita algo para beber? — de forma
educada perguntou. Agradeci a ela, que subiu a escada
enorme.

A casa era deslumbrante, grande e muito bem


arrumada. A sala era maior que toda a minha casa. Acho
que nem se trabalhasse durante vinte anos conseguiria
morar em uma casa como essa, imagina o trabalho que dá
para limpar, e olha que eu nem vi a parte de cima ainda, me
cansei só de imaginar quantos quartos tem.

Permaneci em pé, esperando a governanta voltar. Olhei


para cima e vi um lustre enorme muito lindo pendurado no
teto, parecia dos filmes de bailes que assisto com a minha
vó, eu e ela somos apaixonadas por filmes de príncipes.
Fiquei parada no meu canto, vai que acontece alguma coisa
e a culpa cai sobre mim, claro que vai cair. A única que está
aqui sou eu. Quantos empregados será que tem nessa casa?
Se eu fosse rica e dona desta casa, com certeza contrataria
uns dez, cinco para a parte de baixo e cinco para a de cima.
Saí do meu devaneio quando a senhora Janaína retornou.
Ela continuava sorrindo para mim.

— Queira me acompanhar, por favor, senhorita Sofia. O


escritório está na parte de cima, e o senhor Lorenzo já está à
sua espera. — Janaína parou e ficou esperando que eu a
seguisse. Então a segui.
Subimos a escada e, quando chegamos no topo,
seguimos pelo corredor, paramos ao lado da porta que
supus ser o escritório do senhor Lorenzo. Deu duas batidas e
me pediu para entrar e saiu. Entrei, esperando qualquer
pessoa, menos o homem mais lindo que eu já tinha visto na
terra. Seus olhos pareciam duas piscinas de tão azuis que
eram. Fiquei parada, sem ação, era a primeira vez que ficava
dessa forma diante de um homem, seus lábios abriram e
notei seus olhos sobre mim.

— Senhorita Sofia, está se sentindo bem? — Sua voz


grave penetrou nos meus ouvidos me fazendo voltar à
realidade, e me senti uma boba, talvez ele acreditasse que
eu não fosse uma boa babá por agir dessa forma. Seus olhos
foram diretos para os meus pés, talvez eu não devesse ter
colocado esse par de tênis, eles já estão um pouco velhos.
Senti sua expressão mudar, ele indicou a cadeira à sua
frente.

— Me chamo Sofia — disse e lembrei que ele acabou


de me chamar pelo nome, claro que ele sabe meu nome. Se
pudesse, sairia daqui correndo, nunca agi assim antes. Deve
ser porque eu nunca fui entrevistada por um homem tão
atraente. Estendi a minha mão na sua direção e, quando ele
apertou, senti meu corpo ficar febril e minha pele se
arrepiou toda. Deus! Eu nunca havia sentido nada disso.

Me sentei, fingindo arrumar uma mecha de cabelo, mas


os fios estavam presos.
— Sou Lorenzo Fiore, serei eu a entrevistá-la para o
cargo de babá dos meus filhos. Quero que saiba, senhorita,
que eu sou muito exigente quando se trata deles. Vi em seu
currículo que trabalhou durante um ano como babá e, antes
de selecionar algumas candidatas, liguei pessoalmente para
os seus antigos chefes, e a senhorita foi a única que foi bem
elogiada e recomendada. Por isso está aqui hoje. Me fale um
pouco sobre você? — Apertei a minha coxa para sentir um
pouco de dor e cair em mim, eu estava muito nervosa.

— Como disse antes, me chamo Sofia, mas claro que o


senhor já sabe. Tenho vinte três anos e sou estudante de
fisioterapia, porém, no momento, não posso dar
continuidade ao meu curso. Mas é um dos meus sonhos que
pretendo realizar, e moro com os meus avós. — Terminei de
falar e suspendi o meu olhar, e ele estava me olhando.

— Por que devo escolher você para o cargo? — Já


estava mais calma para responder.

— Porque, como o senhor disse antes, eu fui a única


que foi bem recomendada. Mas só isso não é suficiente para
conquistar a vaga. Se o senhor me contratar, tenho certeza
de que não irá se arrepender. Tenho muita experiência em
cuidar de crianças. Se precisar de mim nos finais de
semana, estarei a sua disposição — disse, esperando ele
falar algo.

— Não tem compromisso aos finais de semana caso eu


precise de você? — inquiriu.
— Não, senhor — afirmei segura.

— Certo, então, Sofia, meus filhos são gêmeos e eles


acabaram de completar um ano, estão na fase de
descobertas, são bastante curiosos, às vezes brigam, às
vezes querem colo, tudo ao mesmo tempo. Gostei muito das
suas respostas e senti seguranças nelas, então, vamos fazer
uma experiência de trinta dias, caso se saia bem, falaremos
da contratação. Sei que duas crianças para uma pessoa só é
demais, às vezes trabalharei em casa e sempre estarei
ajudando. Eles praticamente dormem à noite toda, uma vez
ou outra acordam para tomar mamadeira de leite, mas não
é toda noite. Dificilmente adoecem. Preciso que durma aqui
e estará livre aos finais de semana. Alguma objeção? —
Como ele perguntou, tenho que ser sincera.

— Como o senhor falou em contratação, pensei em dar


continuidade ao meu curso. É apenas três vezes na semana.
Claro, se o senhor estiver de acordo. — Percebi que ele
ficou pensando.

— Tudo bem, tenho certeza de que já estarei em casa,


você pode, sim, dar continuidade a sua faculdade. Como
você estará sob a minha responsabilidade, pois dormirá na
minha casa, meu motorista irá levar e buscar você. Seria
muito arriscado fazer todo o trajeto para ir pegar ônibus. Se
estiver de acordo, você já pode começar amanhã. Irei te
explicando tudo, como os meninos estão acostumados, no
começo, ficarei por perto lhe auxiliando até que eles já
estejam acostumados com você. No começo, fui firme em
não querer contratar uma babá, mas eles estão crescendo e
isso requer mais atenção e sozinho não estou conseguindo
mais. — Ele sorriu, e foi o sorriso mais bonito. Céus! O que
está acontecendo comigo?

— Tudo certo. Vou conversar com os meus avós, pois


moro com eles, e amanhã cedinho estarei aqui — disse,
esperei ele se levantar para fazer o mesmo.

O senhor Lorenzo se levantou e não pude deixar de


prestar atenção em seu tamanho, ele era muito grande, não
era muito forte, mas, pelo pouco que vi, é bem bonito. Na
verdade, ele é todo bonito, diria que parece aqueles
príncipes dos filmes. Barba rala, sorriso arrasador, ele é
aquele estilo de homem que te deixa sem palavras, tem
lábios carnudos e vermelhos, voz que seduz, cabelos pretos
bem aparados. Oh, Deus! Mais uma vez estou cobiçando o
corpo do meu futuro chefe.

— Te aguardo amanhã, senhorita Sofia, só mais uma


coisa — falou, olhando nos meus olhos.

— Pois não, senhor?

— Vi que o seu sobrenome é Bianchi, é italiana? —


Sorri de forma tímida.

— Meus avós e meu pai são da Itália, mas eu nasci no


Brasil. — Ele enrugou a testa e balançou a cabeça.
Andei em direção à porta, ele foi mais rápido e passou
por mim abrindo. Passei por ele, sentindo as pernas
tremerem. No topo da escada, ele disse.

— Amanhã nos vemos. Tenha um bom dia. — Seguiu


andando, me dando as costas.

Dona Janaína já estava à minha espera com um sorriso


alegre. Me despedi da senhora e passei pelo enorme portão,
chegando à rua. Andei até o ponto de ônibus agradecendo
por ter sido contratada, sei que meus avós ficarão um pouco
tristes por eu ter que praticamente morar no emprego, mas
será por pouco tempo. Ficarei até me formar e conseguir um
emprego na minha área para poder sustentá-los, não quero
mais ver o meu avô se esforçando no trabalho. Eles me
deram tudo do bom e do melhor, agora é a minha vez de
retribuir.

 
Capítulo 3
Lorenzo
Peguei o currículo em cima da minha mesa com as
informações da candidata a babá, a única que tinha o perfil
com experiência e se encaixava nas minhas exigências, sem
filhos e solteira. Não que eu tenha preconceito se a pessoa é
comprometida ou não, mas prefiro que seja dessa maneira.
Pedi a minha governanta que, assim que a candidata
chegasse, viesse me informar, Gael e Pietro ainda estavam
dormindo, eles acordaram na madrugada e custaram um
pouco a dormir.

Me sinto um pouco cansado, assim que contratar a


babá, irei voltar a frequentar academia, antes fazia boxe,
jogava golfe, mas me tornei pai de gêmeos e agora a minha
atenção é toda deles.
Uma batida na porta do meu escritório me tirou dos
meus pensamentos em relação às crianças.

—  Entre —  disse, supondo ser Janaína.

— Senhor Lorenzo, a candidata chegou — minha


governanta avisou assim que entrou. Assenti.

— Pode trazê-la e, por favor, fique de olho nas crianças


caso eles acordem.

—  Sim, senhor —  disse, se retirando.

Pouco minutos depois voltou, assim que a porta abriu,


uma moça de mais ou menos um metro e sessenta entrou,
seus olhos enormes me avaliaram, era bonita, não usava
muita maquiagem, debaixo dos olhos tinha pequenas
olheiras, seus olhos eram bastantes expressivos, lábios
carnudos, pele clara, um pouco pálida, mas bonita. A cor dos
seus olhos era castanho-claro, seus cabelos estavam
completamente presos. Percebi que era tímida pela forma
como se comportava. Indiquei a cadeira à sua frente, ela se
sentou e comecei a entrevistá-la. Suas respostas eram
bastantes claras e seguras de si. Não tive dúvidas alguma
sobre a sua contratação, faria um mês de experiência com
ela. Claro que tive que saber se ela era solteira e, quando
confirmou, algo dentro de mim se agitou, como se ficasse
feliz com a sua resposta. Deixei esse pequeno fato de lado,
ignorando-o completamente. Nem sei por que agi dessa
forma.
Vi em seu olhar a determinação de terminar a sua
faculdade, poderia facilmente contratar outra pessoa que
não estudasse à noite, mas enxerguei algo dentro dela, o
quanto ela queria conquistar uma profissão. Tenho certeza
de que ela será uma excelente fisioterapeuta. E, por fim,
perguntei se ela era italiana, como sempre, me respondeu
com sinceridade, era filha e neta de italianos. Percebi um
pouco em seu sotaque, com certeza, na casa dos avós, falam
também em italiano.

Tudo acertado e amanhã Sofia começa a trabalhar.


Espero que as crianças gostem dela, apesar de que eles são
bonzinhos, gostam de conhecer pessoas novas.

No dia seguinte, meus filhos acordaram bem cedinho,


estavam manhosos e queriam colo, eu também acordei com
a coluna mais dolorida, quase não conseguia fazer muitos
movimentos. Coloquei os dois no banho, Pietro começou a
espirrar e chorar. Após tirar os dois do banho, coloquei uma
roupa de frio neles, pois o dia estava nublado. Terminei de
pentear o cabelo de cada um e fomos tomar café.

Ao chegar na sala de estar, coloquei cada um em sua


cadeirinha e Cida começou a servir o café, meu jornal já
estava sobre a mesa, como recomendo. Peguei, comecei a
folhear e cheguei na parte da bolsa de valores, tendo em
vista como está a economia no país, hoje o valor aumentou
cinco por cento.
— Papa, papa. — Olhei para Gael, que começou a
chorar, vi que seu nariz estava congestionando. Fui até ele e
senti que estava quente.

—  Senhor, a babá chegou. Posso mandá-la ir deixar as


suas coisas no quarto? —  Ainda de costas, respondi:

—   Ainda bem que ela chegou, preciso levar os


meninos na emergência, os dois estão com febre. Diga a ela
que iremos à emergência, só preciso de um minuto para
trocar a roupa dos meninos. —   Janaína assentiu, pedindo
licença, e saiu.

—  Senhor? Já estou pronta. —  Sofia disse assim que


entrou no quarto das crianças, eles ficaram olhando para ela
sem entender nada, seus olhos brilharam e seus lábios
repuxaram em um sorriso.

—   Fique com eles, por favor, enquanto vou trocar de


roupas, um deles acabou de vomitar em mim.

—  Sim, senhor —  respondeu, e saí para o meu quarto,


como eles estão doentinhos, capaz de começarem a chorar.

Abri a porta do meu closet e peguei a primeira camisa


que vi e uma calça e fui até o banheiro tomar um banho
rápido. Fiz tudo na pressa, com receio deles chorarem, me
sequei e vesti a roupa. Meu celular começou a tocar, andei
rápido, secando as mãos e pegando o aparelho de cima da
mesa. Era Gianluca. Atendi, saindo do quarto depois de
calçar os meus sapatos, pegando minha carteira.
—  Não posso falar agora, meu irmão, estou indo levar
os meninos no hospital pediátrico, eles acordaram febris e
Gael vomitou, ainda bem que a babá começou a trabalhar
hoje. Assim que chegar lá e tiver um parecer, ligo avisando.

—   Estou indo para lá assim que avisar à secretária


para desmarcar a reunião e vou avisar ao Francesco. Até
daqui a pouco —  falou, desligando.

Antes de guardar o celular, mandei mensagem para o


motorista tirar o carro, que logo iremos sair. Entrei no quarto
e vi uma cena que me paralisou, os dois estavam sentados
no colo da babá e ela fazia carinho nas costas deles, ela
estava sentada na poltrona, assim que eles me viram,
quiseram logo descer do colo dela. Ainda bem que não
choraram.

—  Como vamos ao hospital, achei que devia arrumar


uma bolsa com umas peças de roupas, duas mantas e
algumas fraldas descartáveis. — Se levantou, pegando a
bolsa. Achei muito eficiente da parte dela agir dessa forma.

—  Obrigado, agora vamos. —  Peguei a bolsa de sua


mão e pus Gael no meu colo, ele estava muito quente, Sofia
pegou Pietro e saímos, já fora, coloquei cada um em sua
cadeirinha, Sofia entrou, fechei a porta e me sentei no
assento da frente.

Durante o trânsito, fiquei de olho nos dois, a todo


momento que eles se agitavam, Sofia tentava acalmá-los,
ora ela batia palminhas, ora apontava para o DVD portátil,
onde estava passando desenhos.

Assim que Luís estacionou o carro, desci e fui tirá-los da


cadeirinha, peguei a bolsa e seguimos para dentro do
hospital; na recepção, informei os sintomas que eles
estavam apresentando, após preencher a ficha, segui para o
consultório, relatei à médica o que aconteceu e que eles
acordaram já quentes e com o nariz congestionado. Após
falar tudo a pediatra de plantão, ela verificou a temperatura
de cada um deles, verificou também a garganta, pulmão, os
olhos. Eles choravam, me deixando preocupado. Odiava ver
eles dessa forma.

—  Lorenzo, eles irão tomar uma medicação agora, pois


estão com a garganta um pouco inflamada e com febre, irão
ficar em observação até a febre baixar e o vômito cessar.
Acredito que é apenas um resfriado, com a mudança de
tempo, sempre acontece. Assim que apresentarem
melhoras, eles irão para casa.

A doutora Rafaela nos levou até a enfermaria infantil,


Sofia ficou nos aguardando na recepção, Gianluca e
Francesco apareceram, conversei com eles rapidamente.
Eles estavam bastante preocupados. Os dois tiveram que
aguardar na recepção a contragosto.

O pior momento de ver seus filhos chorando e doente é


vê-los sendo furados. Meus olhos encheram de lágrimas por
ter que presenciar isso. Assim que a enfermeira conseguiu o
acesso nas veias, eles dormiram, o soro começou a pingar e
parecia que levaria uma eternidade para acabar. Me sentei
na poltrona ao lado da cama onde eles estavam, devia estar
tendo algum surto de viroses, muitas crianças estavam
internadas e a toda hora chegavam mais. Antes do meio-dia,
a pediatra passou, avaliando as crianças, que já estavam
melhor e, como a febre dos dois cessou, iríamos para casa.

Ao sair, encontrei os meus irmãos e Sofia na recepção,


Gianluca conversava com ela animadamente, ela sorria para
algo que ele acabou de contar, franzi o cenho para a cena,
nem sei por quê. Assim que me viram, caminharam rápidos,
pegando os meninos dos meus braços.

—   Graças a Deus, já estava a ponto de invadir esse


hospital, caspita! Eles estão bem? O que fizeram com vocês,
amores mio! —   Gianluca, com voz infantil, falava com os
sobrinhos.

—   Apenas um resfriado e garganta inflamada,


bastante água e, se der febre, tomar antitérmico. Agora
vamos para casa, eles devem estar morrendo de fome, aliás,
estamos com muita fome —  disse, caminhando.

A todo momento, percebia as olhadas de Gianluca para


Sofia, Francesco também percebeu, pois me olhou,
balançando a cabeça. Teria que falar com ele, Sofia é a
minha funcionária, e não vou admitir que ele brinque com
os sentimentos dela, como é acostumado a brincar com as
mulheres que sai.
—  Quando você nos contou que tinha contratado uma
babá, imaginei ser uma senhora baixinha de bigodes, não
essa bella donna, acho que irei frequentar a sua casa mais
vezes, fratello mio —   falou baixo, Sofia estava no quarto
com as crianças, assim que chegamos do hospital, eles
comeram e dormiram a tarde toda. Meus irmãos
aproveitaram e ficaram para almoçar, e resolvemos logo
alguns assuntos referente a loja.

—   Gianluca, mio caro, vou lhe dar um aviso apenas,


não quero que você mexa com Sofia, ela é a minha
funcionária, e não irei admitir sua cafajestagem com ela.
Meus funcionários são invisíveis para você, principalmente
essa ragazza. Fui claro? —   Ele riu, me deixando sem
entender, até Francesco, que é mais sensato, riu também.

—  Pelo visto, nosso fratello está innamorato pela babá


de seus bambinos —  afirmou, gargalhando.

— Não é isso, não sou cafajeste como você. Apenas


quero respeito com ela. Não quero que ela pense que não
somos respeitosos, ainda mais se os meus filhos se
apegarem a ela, não quero depois ter que demiti-la e ver os
dois chorando.

—  Ele está certo, Gianluca, guarde o seu pau dentro


da sua cueca bem guardado e respeite Sofia. Ela parece ser
uma boa pessoa. Quem sabe daqui uns meses ela não pode
virar nossa cunhada. Eu iria achar ótimo — Francesco
comentou e me deixou chateado, eles sempre querendo me
arrumar mulher.

—  Vocês dois são dois putos, e falem baixo. Não quero


que a moça pense que somos tarados, querendo arrumar
casamento para ela. Agora vou aproveitar que os meus
filhos estão dormindo e vou descansar também, estou com
dor na lombar. Vocês dois precisam retornar para a empresa
—  falei, me levantando, estávamos no escritório.

—   De novo essa dor? Tem que ir ao ortopedista,


Lorenzo, tem semanas que reclama dessa dor —  Francesco
disse.

—  É verdade —  Gianluca concordou.

— Prometo que marcarei a consulta assim que as


crianças melhorarem —  avisei, deixando-os tranquilos.

Depois que eles saíram, fui até o quarto dos meninos e


eles estavam dormindo, Sofia estava lendo um livro, quando
me viu, ficou sem graça. Disse a ela que iria descansar um
pouco, que, se ela precisasse de algo, era para falar com
Janaína, ela assentiu, e saí. No corredor até chegar em meu
quarto, fiquei pensando nos meus irmãos, espero que eles
não se metam com Sofia.
Acordei dando um pulo da cama, o barulho da babá
eletrônica me fez despertar, na tela, vi meus filhos pulando
tentando cantar a musiquinha do Baby Shark, batiam
palmas e riam. Fiquei por minutos olhando aquela cena, eles
já estavam à vontade com Sofia, nem sequer choraram. Ela
cantava junto com eles, seus cabelos estavam soltos e
percebi que eram longos. Ela tinha trocado de roupa e
estava usando um vestido branco soltinho. Pegou na mão de
cada um deles, fizeram uma roda e começaram a girar,
assim que soltaram as mãos, caíram no tapete. Eles
estavam se divertindo, me peguei rindo da cena. Ela tinha
jeito como babá.

Olhei no relógio à minha frente na parede e já passava


das dezoito horas, dormi bastante. Saí da cama, fui ao
banheiro lavar o meu rosto, retornei ao quarto e vesti uma
camisa, passei as mãos no cabelo, ajeitando os fios rebeldes
que caíam na minha testa. Calcei a minha sandália e fui até
o quarto. Abri a porta e, assim que me viram, andaram
rápido, abraçando as minhas pernas.

— Dormi demais. Eles não choraram? — Me sentei,


colocando os dois no colo.

— Só um pouquinho, mas dona Janaína me ajudou


acalmá-los, ela me disse que eles gostam do desenho do
tubarão e, quando eu liguei a televisão, eles pararam de
chorar e começaram a pular alegres, Gael não vomitou mais,
ainda bem que o senhor colocou pulseirinhas com os nomes
deles, senão eu não conseguiria identificar quem é quem,
eles são idênticos. Eles comeram e já tomaram banho
também.

Notei que eles estavam bem agasalhados e cheirosos.

—   É hora do remédio, pode pegar, por favor, no


armário dentro do banheiro? — pedi, e Sofia foi pegar. Ao
retornar, pedi para ela medir cinco ml no copinho, segurei
Gael para tomar, em seguida, Pietro. Reclamaram,
choramingando, mas logo passou. — Você pode ir comer
alguma coisa, fico com eles até eles dormirem, já instalei
uma babá eletrônica em seu quarto. E obrigado, Sofia, eles
realmente gostaram de você. — Ela sorriu, pediu licença e
saiu do quarto. — Vocês gostaram dela, meus amores? Ela é
muito legal, não é? Agora vamos dormir, papai está tão
cansado. Vem, papai vai ficar cantando as musiquinhas de
dormir que vocês gostam.

Por volta das sete e meia, eles dormiram, cobri cada


um, diminuí a temperatura do ar-condicionado, apaguei as
luzes, deixei as do abajur acesas. Arrumei algumas coisas
que estavam bagunçadas, claro que tem a arrumadeira que
faz tudo, mas não consigo ver nada fora do lugar e fingir que
não vi. Levei algumas roupas sujas para o cesto no banheiro
e saí do quarto verificando se as cortinas estavam todas
baixas. Não estou com fome, mais tarde, se me der, faço um
sanduíche. Liguei a televisão da sala e fiquei assistindo ao
jornal, mas logo desliguei, não tenho muita paciência de
ficar vendo notícias trágicas. Fui até a cozinha, peguei uma
taça e coloquei um pouco de vinho, e já ia saindo quando
Sofia entrou e parou quando me viu. Começou a olhar para o
chão.

— Vim encher a minha garrafinha com água, às vezes


acordo com sede, não sabia que o senhor estava na cozinha
— disse baixo, passando por mim abrindo a geladeira.

— Já estou voltando para o quarto, comeu alguma


coisa? — Ela se virou para responder.

— Sim, senhor, dona Janaína me serviu o jantar. Disse a


ela que não se preocupasse que eu mesmo me serviria, mas
ela fez questão. — Ela saiu, mas parou.

  — Senhor Lorenzo, amanhã começo novamente na


faculdade. Mas, se as crianças não acordarem bem, posso
deixar para começar no outro dia. — Dessa vez, ela olhou
em meus olhos.

— Por mim, tudo bem, só peço que me informe os seus


horários de entrada e saída para deixar Luís a par de tudo.
Como disse antes, ele irá ficar responsável por lhe levar e
lhe buscar.

— Sim, senhor — disse, saindo, pedindo licença.

Não sei por que, mas, quando ela me chama de senhor,


algo dentro de mim se agita, mas penso ser coisa da minha
cabeça. Estou sem sair com uma mulher há bastante tempo,
deve ser isso. Estou precisando me distrair. Peguei a minha
taça de vinho e voltei para a sala, então, resolvi ir até a
varanda, me sentei na espreguiçadeira e fiquei pensando na
minha vida. Já se passou um ano desde que me apaixonei
pela primeira vez; quando me envolvi com Natasha, não
pensei em me casar, mas sentia que estava gostando
realmente dela. Quando soube que ela estava grávida,
tomei um susto enorme e duvidei que seria um bom pai,
mas, quando meus filhos nasceram, não tive dúvidas que
seria o melhor pai do mundo para eles. É certo que me vi
sozinho em alguns momentos, mesmo tendo os meus
irmãos ao meu lado. Estou falando da figura materna, desde
que nasceram, eles não têm, às vezes Noêmia vem visitá-
los, mas não é sempre. Eles têm mais referências
masculinas, não têm tias, só tios. Avós também não têm de
nenhuma parte. Por isso eles se acostumaram com Sofia. Ela
é boazinha, quando vi pela câmera, ela parecia uma criança
brincando com eles de roda-roda.

Me peguei sorrindo lembrando da babá e me levantei


rapidamente. Tomei todo o vinho da taça, fui até a cozinha,
lavei e guardei no armário. Entrei no meu quarto e me
deitei, mas o sono não vinha. Peguei o meu Ipad e fiquei
navegando na internet nas minhas redes sociais, logo me
cansei. Olhei na câmera da babá eletrônica e meus bebês
ainda dormiam tranquilos. Suspirei, sentindo meu peito
encher de amor, nunca senti amor tão grande por ninguém
quanto sinto pelos meus filhos. Com esse pensamento,
fechei meus olhos e adormeci.

 
Capítulo 4
Sofia
Quando informei aos meus avós que teria que
praticamente morar no emprego, no começo, eles foram
contra. Minha nona mais ainda, ela disse que sou muito
novinha para morar na casa de um homem solteiro. Mas
meu nono disse que o senhor Lorenzo Fiore é um dos
homens mais respeitados que ele conhece não porque ele é
um dos seus chefes também, mas por nunca ter visto nada
na mídia que provasse ao contrário. Meu nono é um homem
à frente do seu tempo, ele sempre acredita que nós,
mulheres, temos que, sim, sermos donas das nossas
escolhas e somos capazes de nos defender sozinhas e, para
me ajudar, ele convenceu a minha avó dizendo que esse
emprego me ajudaria muito. Conseguiria pagar a minha
faculdade. E, nas folgas, claro, viria sempre passar com eles.
Para nos despedirmos, fomos ao restaurante italiano que
minha avó gosta de ir quando sobra dinheiro no final do
mês. Noutro dia, choramos abraçados, era a primeira vez
que iria dormir longe deles, nas outras vezes que trabalhei
como babá, não era necessário morar no emprego.

Já faz três dias que estou trabalhando na casa do


senhor Lorenzo e, quando vi aqueles dois bebês, achei as
coisas mais linda desse mundo, quis abraçar cada um deles,
são gêmeos idênticos, loirinhos de olhos azuis e a cara do
pai, portanto, na juventude, serão tão lindos quanto ele.

A primeira vez que vi o meu chefe fiquei sem fala,


porque não é sempre que você se depara com um homem
charmoso, eu já tinha visto algo na internet sobre ele e os
irmãos serem donos de vinícola e lojas de vinhos, mas não
dei tanta importância. Porém, quando fiquei perto dele,
senti alguma coisa estranha, é algo que nunca senti quando
fiquei perto de homem nenhum. Meu avô trabalha na
empresa dele e nunca reclamou do chefe, ao contrário,
sempre o elogiou, no final do ano, ele sempre presenteia os
funcionários com cestas natalinas que contêm vinhos, uvas
e alimentos.

Saí dos meus pensamentos quando ouvi as crianças


chorando; através da câmera da babá eletrônica, vi os dois
querendo sair do berço, estava no meu quarto estudando, e
trouxe o celular comigo, pelo aparelho conectado à câmera,
dava para ver o que eles estavam fazendo. Deixei os estudos
de lado e fui até eles.

Comecei na faculdade tem três dias, algumas matérias,


estou recuperando. Deixei meu livro em cima da cama e
fechei meu notebook, ajeitei o meu vestido, calcei as
minhas sandálias e segui rumo ao quarto deles. Essa casa é
tão grande que demora uns minutos para chegar no quarto
deles. Abri a porta e os dois estavam em pé no berço,
quando me viram, começaram a erguer os bracinhos,
querendo descer. Hoje o pai deles foi trabalhar na empresa,
ele disse que já se sentia seguro para deixar os dois comigo,
mas de vez em quando liga por chamada de vídeo, tenho
que disfarçar, porque o homem é bonito até na tela do
celular. E a voz dele é tão grave e potente que faz cada
parte do meu corpo acordar, sinto uma contração toda vez
que ouço a risada dele.

— Bom dia, meus amores. Que soninho gostoso,


custaram a acordar —   falei, pegando Pietro, em seguida,
Gael. Eles têm um cheirinho tão gostoso.

Eles já sabiam que, depois de descer do berço, teriam


que ir para o banheiro para tomar banho. Ensinei cada um
deles a levarem a toalha junto, eles colocam sobre o
ombrinho, é a coisa mais linda de se ver. Sim, eu estou
completamente derretida por eles.

Após dar banhos nos dois, coloquei a fralda descartável


em cada um, vesti um conjunto de macacão de moletom, o
tempo estava nublado e estava muito frio. Levei eles para
tomarem café, dona Cida, com certeza, já estava servindo.
Chegamos na sala de estar, coloquei os dois na cadeirinha e
começaram a comer, hoje era ovos mexidos com suco
natural de abacaxi. Como são crianças de apenas um ano,
eles comem fazendo bagunça, Gael é mais bagunceiro,
sempre joga algo no irmão. Senhor Lorenzo já tinha falado
sobre isso.

—   E você, Sofia, quer comer algo? Fiz um bolo de


chocolate sem glúten, as crianças sempre comem um
pedacinho com o pai, seu Lorenzo é apaixonado por bolo de
chocolate. Sempre me pede para fazer, como a mãe dos
bebês era diabética, ele tem muito cuidado com a
alimentação dos dois, só comem alimentos saudáveis —
  disse, sorrindo. Não sabia que a mãe deles era diabética.
Apenas isso.

— Não, Cida, obrigada. Tomei café cedinho com dona


Janaína. Outro dia aceito — falei, agradecendo.

Depois que as crianças tomaram café, as levei para a


sala de brinquedos, no mural de tarefas, sei que hoje elas
têm natação. E terei que entrar na piscina com eles, assim
como o pai fazia. Ele me instruiu quando falamos sobre a
rotina das crianças. Eles se sentaram no tapete grande e
fiquei os observando brincando, notei que eles são bem
espertos, gostam de pecinhas de montar e colocam cada
peça em seu devido lugar. Enquanto eles brincavam,
caminhei para perto da enorme janela, a vista dava para
rua, dificilmente você via alguém caminhando, mas dessa
vez as babás estavam passeando com as crianças, tinha
umas que já eram bem grandes, outras nem andavam
ainda, estavam nos carrinhos de bebês. E pensei se as
crianças gostariam de passear um pouco lá fora, mas antes
iria ligar para os pais deles. Não está sol, está um clima
perfeito para um passeio.

Peguei o meu celular no bolso do meu vestido e


naveguei pelos contatos, encontrando o número que estava
armazenado como senhor Lorenzo chefe. Deslizei a tela
para cima e começou a chamar, logo ele atendeu,
perguntando se estava tudo bem com os filhos.
Imediatamente o tranquilizei, dizendo que eles estavam
bem, que só gostaria de sair um pouco com eles para uma
voltinha ao redor do condomínio, claro, se ele permitisse. Ele
me pediu para aguardar enquanto ele entrava em contato
com o segurança para nos acompanhar, então, resolvi ir até
o quarto das crianças para pegar o carrinho de passeio.
Assim que estava tudo pronto, recebi uma mensagem
confirmando que podia sim levar os meninos, e recebi uma
pequena lista de cuidados.

“Não deixar eles pegarem muito sol, pois acabaram de


se curar de um resfriado, levar água, e ter muito cuidado
caso eles queiram ficar no parquinho, eles amam escorregar
no escorregador e, quando começam, não querem parar”.

Fiquei imaginando a cena desse homem levando os


filhos ao parquinho, as mães e babás das crianças presentes
o secando sem parar. Aposto como todas ficam querendo
puxar assunto com ele. Eu não as julgo, Lorenzo Fiore é um
partido e tanto. Lindo, sexy e atraente, educado, divertido.
Eu poderia passar o dia exaltando as suas qualidades, mas
tenho dois meninos empolgados com o passeio, já estão
dentro do carrinho de bebê. O segurança Almir irá nos
acompanhar. Eu entendo muito bem a preocupação que ele
tem com os filhos, mesmo em condomínio fechado, precisa
mantê-los em segurança.

Ainda bem que o carrinho é compacto para gêmeos,


assim, consigo empurrar e não ter tanto trabalho.
Empurrava o carro bem devagarinho, os deixando
admirarem a vista; quando um carro passava, eles gritavam
alegres. Almir sempre atrás de nós, ele é bem alto, forte,
moreno e careca. Quando avistei o parquinho, informei ao
segurança que iria ficar um pouco, pois as crianças se
agitaram para sair do carro. Ele afirmou, balançando a
cabeça e ficando parado atrás de mim.

Peguei nas mãos dos dois, deixei o carrinho perto de


Almir, ainda bem que consegui alcançar os dois, pois assim
que os coloquei no chão, eles correram, são muito rápidos.

— Nossa, como eles cresceram. — Me virei e vi uma


loira magricela atrás de mim, ela estava bem-vestida,
aposto como morava aqui. Ou era uma babá metida à besta,
mas duvido muito que ela iria se vestir assim, as outras
estão de uniforme. E pensei que eu não tenho um uniforme.
Será que o meu chefe esqueceu que empregados usam
uniformes.

— Você os conhece? — inquiri sem tirar os olhos


deles, que desciam pelo escorregador e corriam para subir
novamente, o brinquedo era de borracha bem baixinho,
então, não tinha perigo nenhum.

— Quem não conhece os gêmeos Gael e Pietro? Aliás,


quem não conhece o pai deles — corrigiu a fala.

— E você é a babá? — perguntou, me avaliando.


Penso que achou as minhas roupas velhas, pois torceu o
nariz, eu estava com o mesmo vestido e sandálias. Era um
vestido de renda que ganhei da minha avó, era novo e eu
gostava muito de usar ele. A encarei de volta respondendo a
sua pergunta.

— Sim, sou a babá, algum problema? — Esperei ela


responder, mas apenas sorriu como se eu tivesse contado
uma piada.

  —  Agora, me dê licença, preciso ficar de olho neles.


— Apontei na direção dos gêmeos.

Saí de perto da mulher, peguei a garrafa de água e dei


para cada um deles tomarem, eles estavam suados, mas
correram novamente para o escorregador. Deixá-los-ei
brincarem mais uns minutinhos e voltamos para casa, eles
precisam almoçar e depois irão dormir, pois mais tarde tem
natação.
Peguei a minha mochila em cima da cama, coloquei
nas costas e fui até o espelho da penteadeira, me sentei e
comecei a me maquiar passando apenas um nos lábios e
rímel nos olhos, e saí do quarto, fechando a porta. Andei
pelo corredor e ouvi risadas no quarto das crianças, parei em
frente à porta e bati, entrando em seguida. As crianças
estavam brincando com o pai delas, ele estava sentado no
chão e os dois pulando, assistindo aos desenhos. Quando ele
me viu, parou de sorrir, as crianças notaram a minha
presença e correram na minha direção.

— Estou cansando eles para, quando dormirem, não


acordarem mais hoje — disse, se levantando, ele estava
usando calça de moletom e uma camiseta, seus braços
eram fortes e tinha uma enorme tatuagem no músculo, não
consegui identificar qual era o desenho, já que teria que
demorar mais tempo olhando e não queria que ele me
pegasse no flagra.

— Estou indo para a faculdade, passei apenas para


avisar o senhor — falei, e os dois estavam abraçados a
minha perna, querendo colo.

— Tudo bem, Luís já está avisado — avisou, se


aproximando das crianças.

— Filhos, deixem a Sofia, ela tem que ir estudar.


Andem, olhem, o bebê tubarão já vai começar. — As
crianças nem ouviram ele, choraram, querendo meu colo,
abaixei e beijei cada um deles, me despedi, indo na direção
da porta, e eles me acompanharam, vendo que as crianças
não iriam desistir, senhor Lorenzo pegou os dois no colo, e
saí ouvindo o choro alto deles. Fiquei com uma dorzinha no
coração por fazer eles chorarem.

Senhor Luís parou o carro em frente à faculdade e


desci, me despedindo dele. As minhas amigas falam que
querem ter um chefe como o meu, para virem de carro para
a faculdade. Digo apenas que moro no emprego e, como o
meu chefe é cuidadoso, quase que me obrigou a acatar às
suas ordens.

Hoje teria aulas de ciências biológicas, anatomia,


fisiologia, biologia e neurologia. Na próxima semana,
teremos aulas teóricas nas clínicas. Estou pensando quando
terei que estagiar, terei que pedir dispensa do trabalho, mas
isso será só daqui uns três meses. Como estou no último ano
da faculdade, as aulas teóricas estão aparecendo com mais
frequência. Antes, quando morava com os meus avós,
aplicava neles o que aprendia nas aulas práticas, meu avô
sempre reclama de dor na lombar, a minha avó, nas pernas,
e, quando chegava da faculdade, fazia massagem neles,
sinto tanta falta deles. Suspirei, voltando a minha atenção
no professor.

Estávamos na última aula e já era quase vinte duas


horas da noite. Assim que terminou, coloquei o caderno e as
canetas dentro da mochila e me levantei, saindo da sala, me
despedindo de alguns colegas. Antes mesmo de sair, avistei
o carro e seu Luís em pé me esperando. Quando me viu,
sorriu, abrindo a porta do carona para eu entrar. Agradeci,
me sentando, colocando a minha mochila no colo; de
dentro, tirei um pacote de bolacha recheada e comecei a
comer, estava morrendo de fome.

Durante o trajeto de volta para casa, comecei a cochilar


um pouco, ainda tenho que fazer um trabalho hoje, pois, se
eu deixar para amanhã, não conseguirei fazer. Seu Luís
parou o carro dentro da propriedade, desci, agradecendo a
ele. Entrei em casa, estava um total silêncio, subi direto
para o meu quarto, coloquei a mochila em cima da cama,
comecei a tirar as minhas roupas e fui direto para o
banheiro, tomei um banho rápido, vesti uma blusa grande e
um short por baixo, amarrei os cabelos e segui para a
cozinha, dona Janaína deixa o meu jantar no prato somente
para esquentar. Entrei na cozinha, abri a geladeira e
encontrei o prato de comida. Coloquei no micro-ondas,
esperei esquentar, enchi um copo de suco, o micro-ondas
apitou e tirei o meu prato de dentro. Me sentei na mesa e
comecei a comer, já estava quase acabando quando ouvi
um barulho, não tinha acendido todas as luzes e, de onde eu
estava, não dava para ver muita coisa, vi apenas um vulto
seguido de uma silhueta, parece que alguém iria beber
água, pois abriu a geladeira. Quase cuspo o suco que tinha
acabado de tomar, era o senhor Lorenzo, e ele estava sem
roupas, pegou o refratário com o bolo de chocolate, pôs
sobre o balcão e começou a comer, ainda bem que daqui
onde eu estava não dava para ver ele completamente
pelado, pois o balcão cobria as partes de baixo. Agradeci
mentalmente, porque eu não conseguiria dormir se o visse
completamente nu.

Ele comia se deliciando, lambeu cada dedo e gemeu


com vontade. Assim que terminou, colocou de volta o bolo
dentro da geladeira e saiu como se eu fosse invisível. Que
coisa estranha! Ele deu a volta, se retirando da cozinha,
quase cuspo para fora o suco que tinha acabado de tomar,
pois vi o seu bumbum. Era bastante branco e dava para ver
a marca da cueca em volta das nádegas. Ele saiu por entre a
porta, coloquei a mão na boca, pois a minha vontade era de
gritar. Nunca passei por momentos como esse em trabalho
nenhum, não sei nem o que dizer, pensar, ou como agir.
Com certeza ele não me viu, senão teria falando comigo, ou
se desculpado, porque não é normal andar pelado pela casa.
Ou era?

Depois que o nervosismo passou, me levantei, indo na


direção da pia, comecei a lavar as louças que sujei. Sequei e
guardei no armário, enxuguei a mão e saí da cozinha,
andando devagar, será que ele já tinha ido para o quarto?
Ou estava no corredor? Subi a escada andando rápido, abri a
porta do meu quarto e entrei, sentindo o coração acelerado.
Que coisa maluca!

Me deitei na cama, mas não conseguia me concentrar


em nada, o sono desapareceu completamente, não consegui
dormir. Será que o meu chefe é sonâmbulo? Peguei o meu
celular e comecei a pesquisar sobre sonambulismo, e vi que
a pessoa pode muito bem se levantar e começar fazer
algumas tarefas, tipo, conversar, ir no banheiro. Mas, no
outro dia, não recordam de nada. Com certeza amanhã ele
não se lembrará do que fez. Ainda bem, já pensou se ele
lembrasse? Iria achar que eu estava de olho nele. Mas bem
que eu notei o seu peitoral definido, de repente comecei a
sentir um calor passear por todo o meu corpo, imaginei as
mãos grandes do senhor Lorenzo tocando cada parte. Tomei
um susto com esses meus pensamentos impuros, é até
pecado imaginar uma coisa dessa. Me levantei da cama.

Meu Deus, como eu posso ter pensamentos


pecaminosos com o meu próprio chefe?

  Sofia pare já com isso! Você nunca agiu assim outras


vezes. Mas claro que não, nunca tive um chefe tão bonito
antes, e que andasse pelado pela casa. Que fosse tão
musculoso e tivesse a bunda durinha e perfeita.

Voltei a deitar na cama e me cobri dos pés à cabeça,


tentei dormir, fechei meus olhos, contei carneirinhos e nada
do sono chegar. Então resolvi estudar, decidi fazer o meu
trabalho.

Coloquei os meus cadernos sobre a mesa de estudos,


liguei meu notebook e comecei a fazer a minha pesquisa.
Comecei a escrever um resumo de tudo que foi falado na
aula anterior, logo comecei a bocejar, olhei no relógio e vi
que passavam das duas da madrugada, então resolvi ir
dormir. Nem arrumei o material, deixei em cima da mesa
mesmo, amanhã, quando os meninos dormirem, irei
terminar de fazer.

Deitei na cama, apaguei a luz do abajur e me cobri,


mas, antes de dormir, ainda tive pequenos pensamentos
com a cena de horas antes com o meu chefe. Como estava
caindo de sono, logo adormeci. Mas isso não queria dizer
que teria um sono tranquilo. E se eu sonhar com ele?
Capítulo 5
Lorenzo
Me levantei da cama tomando um susto, eu estava
pelado, não lembro de ter tirado a roupa. Avistei a minha
cueca no chão, juntei e vesti. Ainda confuso de o porquê
estar sem roupas, comecei a fazer o alongamento de
sempre. Senti uma dor mais forte ao me abaixar e gemi,
voltando à posição normal. Coloquei as mãos no joelho para
alongar mais uma vez e vi que as pontas dos meus dedos
estavam sujas de chocolate, mas não me lembro de ter
comido bolo ontem, pois, quando os meninos dormiram, fui
logo para cama, estava bastante cansado, logo que tomei
um analgésico, me deitei, dormindo em seguida. Que coisa
estranha, forcei a mente para tentar lembrar de algo, mas
nada vinha.

Minutos depois, a minha mente foi logo para os


episódios que aconteciam sempre, sou sonâmbulo desde a
infância, e às vezes faço coisas dormindo, tipo comer,
conversar. Uma vez até tentei cozinhar, quando acordei,
estava todo sujo de farinha de trigo, meus cabelos estavam
todos brancos e minha barriga, suja de ovos crus, devia ter
quebrado para tentar pôr dentro da massa, mas fiz uma
bagunça grande apenas.

Sempre que isso acontece, fico sem roupas, não lembro


o exato momento em que as tiro, sempre durmo com elas,
mas, quando tenho esses episódios, acordo sem elas. Uma
vez uma antiga empregada me pegou na cozinha comendo
algo sem roupas, no outro dia, pediu para sair do emprego.
Claro que me desculpei, explicando que não fazia isso de
propósito, mas ela não quis mais ficar trabalhando na minha
casa. Desde esse dia comecei a terapia e fui melhorando,
mas, quando fico nervoso, ansioso ou até mesmo
preocupado com algo, isso sempre acontece.

Ontem, quando Sofia saiu para a faculdade e vi os


meus filhos chorando porque queriam ir com ela, percebi
que eles já estavam muito apegados a ela. Aí veio aquele
pensamento que eles nunca tiveram convívio com uma
figura feminina que ficassem com eles vinte e quatro horas
por dia. Claro que Noêmia, sempre que pode, vem passar
um final de semana com eles, mas é diferente, agora eles
veem Sofia todos os dias e, quando ela sai, eles sentem
falta. E isso me preocupa muito, porque sei que, assim que
se formar, ela irá seguir a profissão de fisioterapeuta.
Fui para o banheiro tomar banho, hoje não iria para a
empresa, teria de fazer um exame agora pela manhã, então
achei melhor ficar em casa. Francesco ficará a cargo de
tudo. Após o banho, saí do banheiro de roupão, fui até o
closet, escolhi uma calça jeans desbotada, uma camisa
branca e peguei a minha jaqueta. Após vestir a roupa,
penteei os cabelos e saí do quarto. Com certeza as crianças
já devem ter tomado o banho delas.

Andei pelo corredor e ouvi barulho no quarto dos meus


filhos, devagar abri a porta e eles estavam de banho
tomado, Sofia tentava vestir as roupas neles, mas sem
sucesso, eles corriam dela. Ela corria atrás deles devagar.
Fiquei os admirando se divertirem.

Assim que ela percebeu a minha presença, ficou


desconcertada e baixou o olhar, algo dentro de mim
sinalizou me alertando que algo ela tinha visto ontem à
noite.

— Bom dia, Sofia, — falei, pegando as crianças e as


deitando na cama, ajudando-a vestir eles.

— Bom dia, senhor Lorenzo — disse, pegando as


fraldas descartáveis, deixando próximo de onde estávamos.

— Eles já tomaram café? — inquiri, passando talco em


Gael.

— Já sim, senhor, mas fizeram tanta bagunça que tive


que dar banho novamente neles. Gael jogou suco no Pietro,
que chorou porque estava muito gelado. — Olhei para Gael
e ele fez que não tinha ouvido Sofia falar sobre o pequeno
mau passo que ele tinha dado no café da manhã.

— Filho, papai já conversou com você, seu irmão fica


triste quando você age dessa maneira. Não pode jogar resto
de suco no maninho, ele pode ficar dodói. Agora peça
desculpas para ele. Vocês são os melhores amigos. — Assim
que terminei de falar, Gael se aproximou do irmão e o
abraçou. Como é bom ser criança, eles brigam, mas logo
esquecem. Não guardam mágoa, já estão de bem e sendo os
melhores irmãos de sempre.

Sem querer, olhei para Sofia, que estava me olhando,


mas logo desviou o olhar. Percebi que suas bochechas
ruborizaram. Meu coração acelerou um pouco e fiquei
questionando o porquê. Levei as crianças para a sala e
ficamos um pouco juntos brincando, estava aguardando
Gianluca chegar, lendo algumas notícias no meu Ipad.

Já passava das nove horas, me levantei, indo até o meu


quarto pegar o meu celular e a minha carteira que tinha
esquecido. Como sempre Gianluca se ofereceu para ir
comigo. Todas as vezes que preciso fazer algo fora em
relação a mim ou meus filhos, ele sempre me acompanha.
Francesco também me acompanha, mas dessa vez ele
precisaria estar na empresa.

A campainha da minha casa tocou, era Gianluca. Assim


que desci as escadas, comecei a ouvir os gritos das crianças,
com certeza ele foi direto para o quarto deles quando não os
encontrou na sala. Assim que parei no corredor ao lado da
porta do quarto dos meus filhos, ouvi a conversa do meu
irmão com a babá, confesso que não gostei de escutá-lo
elogiando a profissão que ela iria seguir, como se já a
conhecesse antes.

— O fisioterapeuta tem um papel muito importante em


quase todas as áreas da saúde, não é mesmo, Sofia? Cuidar
do ser humano com todo amor e carinho não é para
qualquer um. Admiro você pela sua escolha e te desejo
muita sorte. — Escutei-o terminar de falar e fiquei
pensando: desde quando Gianluca era de elogiar a profissão
de alguém? Ele não era homem de rodeios, sempre era bem
claro com o que queria; se quisesse levar a mulher para
cama, falaria para ela sem enrolação nenhuma.

Entrei no quarto e ele sorriu de forma provocativa


quando me viu. Odiava isso nele, acha que tudo é uma
competição. Já disse para ele ficar longe da minha
funcionária, mas ele sempre acha um jeito de me provocar.
Olhei para ele fazendo gestos perguntando o que fazia aqui.
Ele apenas deu ombro, como se não fosse da minha conta.

— Meu irmão já assustou você com a bunda branca


dele, Sofia? Porque ele costuma andar pela casa pelado, na
madrugada, dormindo — comentou como se fosse o
assunto do ano e sem qualquer remorso.
Fuzilei-o com o meu olhar, sem saber o que dizer. Sofia
ficou desconcertada, e eu mais ainda. Era um assunto que
eu iria preparar para falar depois com ela, mas o bocudo,
como sempre, falou antes. Limpei a garganta e disse:

— Estou indo ao médico, Sofia. Qualquer coisa, estou


no celular. Janaína estará à disposição caso precise de ajuda.
Não deixe esses dois fazerem muita bagunça. Ouviram,
meus amores? Papai vai sair e não vai demorar, se
comportem. — Beijei cada um e saí do quarto, Gianluca se
despediu dos meus filhos e da babá e seguiu atrás de mim.
Quando já estávamos longe do quarto, falei: — Não sabe
guardar a porra da língua dentro da boca? Já disse que não
quero você jogando esse seu charme barato para a minha
funcionária. Sei que, assim que a conquistar e entrar em sua
calcinha, irá fazer de conta que nem a conhece. Então, para
o seu bem, fique longe dela, meus filhos se encantaram por
ela e não a quero longe deles porque o tio deles é um
cafajeste que só pensa com a cabeça de baixo — disse,
parando em frente ao seu carro e resolvi ir com ele,
dispensando o meu motorista, assim iríamos conversando e
contaria a ele que talvez eu tenha tido outro quadro de
sonambulismo depois de anos, e que ele foi idiota em falar
daquela maneira com Sofia, deixando-a envergonhada.

— Pelo visto não foi só os seus filhos que se


encantaram pela babá. O pai deles também. Ou você acha
que eu sou bobo e não percebi o seu olhar de ciúmes
quando me viu falando com ela. Deixa de besteira, Lorenzo,
eu não quero essa ragazza, apenas a achei legal e comecei a
conversar com ela, apenas isso. E ela não faz o meu tipo, é
muito magrinha, mas é bonita. Gosto de mulheres mais
volumosas, de seios enormes, que encham a minha mão
quando estou segurando-os. Fique tranquilo, manterei o
meu pau bem longe da boceta da sua funcionária. —
Terminou de falar e entramos no carro.

— Acho bom mesmo, e o que você falou ainda agora


sobre a minha bunda branca, eu acho que ela já viu —
comentei sem jeito, colocando o cinto de segurança.

Gargalhando, ele ligou o carro e entramos no trânsito.

— De verdade, irmão, me desculpe. Não sabia que


você tinha voltado a andar pelado pela casa dormindo
novamente, se soubesse, nem teria brincado com isso — se
desculpou, e senti que se arrependeu mesmo.

— Eu acho que tive outro quadro de sonambulismo,


pois, quando acordei hoje pela manhã pelado, estava com
os dedos sujos de chocolate, e não lembro de ter comido
nada antes de dormir, então, suponho que Sofia tenha me
visto pelado pela cozinha, porque hoje de manhã ela me
olhava toda desconfiada. Cara, se ela pedir pra sair do
emprego? Meus filhos choram quando ela vai pra faculdade,
imagina se eles não a virem mais. Por isso eu não queria
uma babá. — Terminei de falar olhando para ele.

— Mas ela não disse nada quando eu soltei a piada.


Não perguntou por que você estava pelado na cozinha. Se
ela não falou nada pela manhã que queria se demitir,
melhor ficar despreocupado, meu irmão, ela não vai pedir
pra ir embora. Você tem que contar a ela sobre esse
pequeno problema. É o único jeito, eu já abri o caminho,
agora é com você. E quer dizer que os dois safadinhos já
choram quando ela vai pra faculdade, é? — inquiriu,
sorrindo.

— Choram sim e, quando estou em casa, eles nem


querem saber de mim, perdi os meus filhos para a babá. —
Sim, comecei a fazer drama porque sou pisciano, faço
drama por tudo.

— Precisa ver a sua cara de cachorro abandonado.


Lorenzo, eles foram criados rodeados por homens, cara,
Noêmia era a única figura feminina na vida deles, e uma vez
no mês apenas ela vem visitar eles. É normal eles agirem
dessa forma. Sofia cuida bem deles, e criança tem instinto,
por isso eles choram quando ela sai, mas não se preocupe,
eles não a escolherão em vez de você. Eles estão crescendo
tão rápido, um dia desses eram recém-nascidos que só
choravam, faziam cocô e dormiam — concordei, sorrindo.

Descemos do carro assim que Gianluca estacionou em


frente à clínica. Entramos, informei o meu nome na
recepção e fiquei aguardando. Fiquei mexendo no celular,
esperando o meu nome ser chamado. Por volta de dez
minutos esperando, anunciaram o meu nome, entrei na sala
do exame.
O exame era ressonância e era a primeira vez que
estava realizando, nunca senti essa dor antes. Segui as
instruções do profissional depois de vestir a roupa
adequada, me deitei na cama e fui direcionado para dentro
do tubo e começou o exame. Fiquei bem relaxado, evitei
pensar em como o exame traz um pouco de incômodo. Após
cerca de trinta minutos, o exame acabou. Saí da sala, indo
na recepção para saber quando terei que vir buscar o
resultado. É daqui a três dias.

Como já estava perto do almoço, Gianluca e eu


resolvemos almoçar por aqui mesmo. Depois ele iria para a
loja, estava prevista uma entrega para hoje à tarde e, para a
mercadoria ser liberada para os nossos fornecedores, ele
teria que fazer o teste final antes que chegue ao cliente para
garantir a qualidade da bebida. E ele é muito bom no que
faz. Eu costumo dizer que ele tem duas caras, no trabalho,
ele é uma pessoa e, na vida fora do trabalho, é outra pessoa.

Depois de almoçar, chamei um carro de aplicativo, me


despedi de Gianluca e fui para casa. Durante a viagem,
liguei para Francesco para saber como as coisas estavam na
empresa.

Como não conseguia dormir, fiquei acordado na sala,


tentando assistir a algo, mas não conseguia me concentrar
em nada. A verdade é que eu estava com medo de
acontecer novamente o que aconteceu ontem. Sofia ainda
não tinha chegado da faculdade, e eu estava a esperando
chegar para jantar e ir dormir. Caso aconteça de eu me
levantar dormindo, ela não estará na cozinha.

Meus olhos começaram a pesar, e nada de ela chegar.


Olhei no relógio e já passavam das vinte duas horas e meia.
Peguei meu celular e verifiquei através da câmera da babá
eletrônica se os meus filhos estavam dormindo ainda. Eles
dormiram muito cedo e acredito que acordarão mais tarde.
Eles dormiam bem, fiquei mais um pouquinho no sofá
cochilando.

— Senhor Lorenzo? Acorde. — Ouvi uma voz baixa e


calma me chamando. Abri os meus olhos devagar e vi o
rosto de Sofia ganhar forma conforme meus olhos
aumentavam de tamanho.

De repente pulei do sofá assustado, verificando se eu


estava vestido. E, para o meu alívio, eu estava. Graças a
Deus.

— Aconteceu alguma coisa com os meninos? —


inquiri, preocupado.

— Não, senhor, eles voltaram a dormir, só queria tomar


mamadeira. Mas achei que o senhor poderia acordar
amanhã todo dolorido. Sei que está sentindo dores na
coluna e não faria bem nenhum o senhor dormindo no sofá.
Me desculpe se eu o assustei — explicou baixo.
— Não me assustou, fez muito bem em me chamar, eu
estava assistindo a um filme e devo ter cochilado — disse,
coçando a cabeça.

— Sofia, sobre o assunto que Gianluca falou pela


manhã, você me viu pelado quando voltou da faculdade? —
Ela nem precisava me contar, pois senti que ficou
envergonhada. Ela olhou para os pés e as bochechas
coraram.

— Vi sim, senhor, quer dizer, eu não vi o


completamente pelado, vi apenas de costas, graças a Deus.
— Olhei para ela rapidamente e devo ter feito uma careta,
pois ela começou a se explicar apressadamente.

  — Não graças a Deus de forma ruim, mas é que foi


meio estranho, nunca aconteceu coisa parecida antes em
nenhum emprego. Então pensei que o senhor só podia ser
sonâmbulo, aí fui pesquisar. Isso deve ser perigoso, porque
já pensou se o senhor acende o fogão? Ou pega uma faca,
pode se machucar. — Terminou de falar e olhou para mim.
O que ela acabou de dizer me tocou profundamente, acho
que nenhum dos meus funcionários se preocupou tanto
comigo quanto ela nesse momento.

— Sim, é perigoso, mas não tinha tido esses quadros


há anos. Com certeza aconteceu devido ao uso de remédios,
venho dormindo mal por causa das dores. Depois que me
tornei pai, tive que cuidar dos bebês sozinho. Peço
desculpas se eu te causei algum tipo de constrangimento.
Não era a minha intenção — falei, totalmente constrangido.

— Não precisa se preocupar com isso agora, senhor. Eu


sei que não faz por querer, é algo que foge completamente
do seu controle. Quando acontecer novamente, eu fecho os
olhos e saio correndo — disse, me fazendo sorrir. Ela era
engraçada.

— Obrigado por compreender e tentar me ajudar. Já


que os meninos não irão mais acordar, irei para o meu
quarto descansar. Boa noite, Sofia.

  — Boa noite, senhor! — desejou, me dando as


costas, seguindo para o seu quarto.

Fiquei olhando até ela sumir no final da escada. Seus


cabelos soltos batiam no final da sua cintura. Ela estava
usando sandálias e uma camisola que deixava apenas seus
joelhos à mostra. Balancei a cabeça, espantando
pensamentos aleatórios que de vez em quando vinha a
minha mente. Tinha horas que achava a babá dos meus
filhos atraente. Outra hora, a achava muito nova, mas uma
coisa tinha que admitir, ela era muito bonita e engraçada.

Era sábado e as crianças estavam na piscina com os


meus irmãos. Nas folgas, sempre nos reuníamos na minha
casa, Francesco e Gianluca cuidavam dos dois, enquanto eu
olhava a carne na churrasqueira. Resolvemos fazer
churrasco, eu tinha melhorado um pouco da dor lombar e
resolvi tirar o final de semana para me divertir com os meus
filhos e meus irmãos. Sofia foi para a casa dos avós,
voltando apenas na segunda-feira pela manhã. Não quero
admitir, mas a casa fica completamente vazia sem a
presença dela, claro que não digo nada em voz alta, apenas
penso, se os meus irmãos souberem disso, não vão me
deixar em paz.

Janaína já tinha trazido o arroz, a salada e os legumes


refogados para os meninos. Cortei a carne assada em
pequenos pedaços, sei que eles gostam, mas coloquei pouca
porção, quero que eles comam mais legumes. Depois que
eles saíram da piscina, troquei a roupa molhada deles,
colocando uma seca. Sentamo-nos na mesa e começamos a
comer. Eles estavam felizes; pela manhã, sentiram falta da
Sofia, mas, quando os tios chegaram, logo se esqueceram
dela.

— Puta merda, não vou resistir a essa gordura da


carne, amanhã sem falta começo a dieta. Fiz uma bateria de
exames mês passado que indicaram uma pequena alteração
no exame de glicose, mas hoje não resistirei a essa delícia
— Francesco disse, nos fazendo rir.

— Não fala palavrão perto dos meus filhos, sabe que


tudo que eles ouvem saem reproduzindo feito dois
papagaios — ralhei, olhando para Gael e Pietro
concentrados comendo.
  — E deixa de bobagem, Francesco, é apenas hoje. Isso
não fará você ficar doente. Vamos aproveitar a vida
enquanto a temos, como diria o papai. As coisas boas da
vida temos que aproveitar, seja o último dia, ou não.   —
Lembrei-me da citação preferida do meu pai e me bateu
nostalgia; se meus pais estivessem vivos, iriam mimar tanto
os netos. A dor da saudade é a pior a ser sentida. Queria
tanto que os meus filhos convivessem com os avós, mas é
algo impossível, tanto maternos, como paternos já não estão
mais entre nós.

— Eu vou almoçar e ir para casa, hoje vou sair com


uma amiga. Ela não conhece a noite de Santa Tereza e me
pediu para apresentar a ela. Talvez amanhã eu passe o dia
em casa dormindo. Então, não me liguem, ou mandem
mensagem, estarei bastante ocupado — Gianluca falou,
tomando um gole do vinho, eu e Francesco nos
entreolhamos e balançamos a cabeça. Como se
acreditássemos que amanhã ele iria passar o dia dormindo.
É um cafajeste mesmo.

— Eu aguardo ansioso pelo dia em que o Gianluca irá


se apaixonar, cair de quatro por uma mulher e ela ignorar
totalmente ele, aí ele vai provar do próprio veneno e,
quando isso acontecer, serei o primeiro a lembrá-lo que era
assim que ele tratava as mulheres — Francesco comentou.

— Não me jogue praga, fratello mio, isso jamais irá


acontecer. E, quando isso acontecer, estarei pronto para
partir dessa para uma melhor. Gianluca não se apaixona,
apenas dá prazer às ragazzas que procuram por uma noite
quente — contrapôs, nos fazendo gargalhar, até as crianças
sorriram.

  — Ouçam bem, bambinos, nunca se apaixonem em


hipótese alguma. Quando vocês completarem quatorze
anos, o tio irá explicar direitinho como agir nessas horas.
Nós, homens, nascemos para dar amor, mas se apaixonar
nunca. Ouviram? — As crianças balançaram a cabeça como
se tivessem entendido alguma coisa.

— Nem ouse falar bobagens para os meus filhos


quando eles tiverem maiores. Eles jamais serão como você.
Não vão agir da forma como você age tratando as mulheres.
Irei dar banho nos dois, e vocês tirem a mesa. Já chega
desse assunto, eles não entendem nada. — Eles
começaram a gargalhar, dizendo que eu sempre fujo
quando o assunto é esse. Temos quatro crianças na família,
meus filhos e os tios deles.

Depois que dei banho nos meninos, coloquei os dois


para dormirem, eu também estava cansado e precisava
descansar. Desci a cortina das janelas e cobri os dois. Em
poucos minutos, eles dormiram, deviam estar cansados de
brincar com os tios e pular na piscina.

Fui até a sala e meus irmãos já estavam de saída, cada


um deles iria aproveitar o final de semana da forma como
gostam de curtir. Francesco gosta de jogar golfe, e Gianluca,
se trancar em sua casa com alguma mulher, ou mulheres.
Eu iria aproveitar descansando com os meus filhos, pois,
para mim, a melhor coisa do mundo é estar do lado deles.
Capítulo 6
Sofia
Já era segunda-feira e começaria tudo novamente.
Levantei-me da cama às cinco e meia da manhã, me
espreguicei, bocejando, queria tomar café com meu nonno e
ir com ele ao ponto de ônibus para ir para o trabalho.

Passar o final de semana com eles foi tão prazeroso


como antes, quando eu era criança, fizemos doces, eu e
minha avó assistimos a filmes de príncipes, cortei os cabelos
do meu vô e fiz as unhas da minha avó. E, no domingo,
fomos à praia pela manhã, levamos comidas e comemos por
lá mesmo, ficamos até o sol se pôr. Era a coisa que eu mais
gostava de fazer quando eu era criança, meu pai sempre me
trazia à praia à tardinha para contemplar esse fenômeno
maravilhoso. Eu sentia muito a falta dele, apesar de já ter
feito dois anos que ele partiu, para mim, será sempre como
se fosse hoje.
Saí da cama, pegando a minha toalha e me encaminhei
para o banheiro, a água estava tão fria que cheguei a soltar
um gritinho de susto. Após escovar os dentes, comecei a
vestir as minhas roupas, coloquei algumas peças na minha
mochila e arrumei os meus livros, os trouxe para estudar,
mas nem os peguei, era o único dia que passava com os
meus avós desde que trabalhei como babá, então, decidi
que iria aproveitaria ao máximo quando estivesse com eles.

Só passei dois dias longe das crianças e já sinto tanta


falta delas. Contei para a minha avó como eles são, mostrei
algumas fotos e vídeos do meu celular que fiz dos dois. Ela
começou a fazer perguntas sobre o meu chefe, contei-lhe
que ele é sonâmbulo, só omiti a parte que ele anda pelado
quando isso acontece, se contasse, capaz de ela não me
deixar voltar lá.

A minha nona é muito religiosa, acredita que uma


mulher deve se guardar para o marido, mas sou bem
diferente dela, acredito que, quando você encontra a pessoa
certa, tem mais que aproveitar, não vai te fazer menos
mulher se vocês dormirem juntos antes do casamento. Sou
virgem, mas, por escolha minha mesmo, ainda não
encontrei a pessoa certa, mas também não estou à procura.
Quero me formar antes de tudo, mas confesso que sonho às
vezes com um homem lindo que se apaixona por mim, mas
é coisa da minha mente romântica.

Arrumei a minha cama e fui para a cozinha, o cheiro do


café da minha avó já estava pela casa toda, inspirei,
fechando os olhos. Amava o café da dona Beatrice. 

— Sua benção nonna, bom dia! — falei, beijando a


sua mão.

— Deus te abençoe, minha filha, dormiu bem? —


inquiriu após beijar a minha testa.

Meu avô apareceu na cozinha com a sua mochila de


trabalho, pedi a benção a ele também e tomamos café,
iríamos sair às seis e meia para o ponto de ônibus. O
trabalho dele fica cerca de uma hora, por isso ele tem que
sair antes de casa.

— Come bem, filha, estou te achando tão magrinha,


está se alimentando bem na casa desse senhor Lorenzo?
Cuidar de duas crianças não é fácil — falou, séria. Meu avô
olhou para mim, balançando a cabeça.

— Na casa do meu chefe, tem empregada para tudo,


vó. Tem a nutricionista das crianças, tem arrumadeiras, tem
a governanta. Eu não faço quase nada, e as crianças são uns
amores, sempre dormem bem, são bebês ricos, vó, eles
fazem massagem, natação. Daqui a um tempo, estão indo
para escolinha. Não se preocupe, eu estou muito bem, eles
não dão trabalho algum — explique, pegando um pedaço
de bolo, comendo em seguida, senti tanta falta desse bolo
no café da manhã.

Despedi-me da minha avó, prometendo que comeria


bem, que não ficaria até tarde com a cara nos livros. Que
ligaria diariamente para dar notícias.

Após meu avô se despedir dela também, fomos


caminhando até o ponto de ônibus conversando. Como o
aniversário da minha avó está chegando, ele quer fazer uma
festinha para comemorar. Acho tão lindo o amor deles, meu
avô sempre se lembra das datas importantes. Sempre
compra algum presente, ou traz flores para a minha avó e,
quando ele está de folga, sempre saem juntos para passear.

Meu ônibus já estava vindo, me despedi do meu avô,


fazendo sinal para o ônibus parar. Entrei no ônibus, girando
a catraca, me sentando próximo à janela. Coloquei os meus
fones de ouvido e peguei o livro que estava lendo, era um
romance, gosto de ler, sempre que posso, compro um livro
novo. 

Cheguei ao meu destino, me levantei, puxando a


cordinha do ônibus, desci, agradecendo ao motorista. Fiz
metade do caminho a pé, cantarolando a música que
tocava. O dia estava lindo, ensolarado, céu completamente
azul. Ao atravessar a rua, dei mais uns passos e já estava na
guarita do condomínio, o segurança já me conhecia, dei
bom-dia, passando por eles.

Já estava acostumada a fazer esse percurso, nem


achava mais ruim andar pela rua deserta. Um carro
completamente preto passou ao meu lado, diminuindo a
velocidade, me senti nervosa, nunca aconteceu nada
parecido. Devia ser alguém querendo alguma informação.
— Ei! Sofia, vem eu te levo. Estou indo pegar o
Lorenzo, hoje ele tem ortopedista para saber o resultado do
exame. — Senti um alívio tão grande, era só o senhor
Gianluca. Ele sorria, esperando que eu fosse logo entrar em
seu carro. Ele é tão bonito, tem um monte de tatuagens, ao
menos nos braços e no pescoço são as que ficam visíveis e,
também, ele usa argolas nas orelhas. 

— Já está pertinho, eu gosto de ir caminhando, faz


bem para a circulação — disse.

— Não está pertinho não, o sol está muito quente, vem


logo. Só saio daqui quando você entrar no meu carro —
falou sério. Quase reviro os meus olhos.

— Tudo bem. — Rendida, entrei em seu carro que


tinha um cheiro agradável. Ele estava tomando um copo
grande de café e usava óculos escuros, seus cabelos
estavam molhados, ele é bem cheiroso. 

— Quero te pedir desculpas por falar com você em tom


de brincadeira sobre um problema sério do meu irmão. Não
sabia que já tinha acontecido de ele sair andando pela casa
pelado. Acredito que eu não deveria ter falado daquela
forma. — Terminou de falar e me olhou. 

— Se o senhor não tivesse falado, eu não teria tido


coragem para conversar com o senhor Lorenzo um assunto
desses. Então, não precisa se preocupar, está tudo bem —
falei, sorrindo.
— Não me chame de senhor, nossa, eu não sou tão
velho assim. Ou sou? — A pergunta dele saiu de forma
engraçada e sorri.

— Não, o senhor não é, não. Digo, você não é velho, só


não quero faltar com respeito — expliquei.

Gianluca parou o carro em frente à casa do senhor


Lorenzo, abri a porta e saí. Assim que ele travou o alarme,
me seguiu. Agora que ele está fora do carro, dá para ver
como ele está vestido. Ele está de roupa social, terno e
gravata, como esses executivos se vestem. Cara de
bilionário.

Entramos na casa após Janaína abrir a porta, a casa


estava silenciosa, sinal de que as crianças ainda estavam
dormindo. 

— Cadê o povo dessa casa, Janaína? Por favor, tem


como você me servir um daqueles cafés maravilhosos que só
você sabe fazer. Por favorzinho, meu amor — Gianluca falou
com a melhor cara de anjo, ela sorriu, seguindo para a
cozinha.

— Verei se as crianças já acordaram — me despedi,


me retirando após pedir licença.

Ao chegar no topo da escada, observei o senhor


Lorenzo saindo do seu quarto todo arrumado, quando me
viu, me cumprimentou com um bom-dia e disse que as
crianças ainda estavam dormindo e que estavam no quarto
dele, porque acordaram pela madrugada e não queriam
dormir, então, ele as levou para o seu quarto. Ele sairá para
ir ao médico e de lá iria para a empresa, pois tinha uma
reunião importante e só voltaria para casa mais tarde.
Concordei e segui para o meu quarto. 

Aproveitei que as crianças ainda estavam dormindo e


entrei no meu quarto para trocar de roupa, depois fui até o
quarto me certificar que eles ainda dormiam. Ao abrir a
porta, sorri, eles estavam dormindo como se fossem dois
anjinhos, dormir na cama dos nossos pais sempre será
melhor do que a nossa, mas logo acordaram. Primeiro foi
Pietro, quando me viu, sentou-se na cama, esfregando os
olhinhos, logo foi a vez de Gael, sorrindo, me joguei na
cama, beijando os dois, que se deitaram de volta na cama,
gostando da bagunça. Fiz cócegas nos dois, que
gargalhavam, depois subiram em cima de mim, me fazendo
de pula-pula. Senti a maciez do tecido e em cada um deles
tinha um cheiro delicioso, era um cheiro de perfume bem
suave, mas, gostoso, tenho certeza de que esse cheiro não
sairá da minha memória.

A porta do quarto foi aberta e o senhor Lorenzo entrou,


fiquei um pouco desconcertada, pois estava em seu quarto e
deitada em sua cama, brincando com os seus filhos. Não era
dessa forma que devia me comportar.

— Me desculpe, é que eles acordaram agora e queriam


brincar — expliquei, saindo da cama, ficando de pé, me
sentindo envergonhada.
— Não precisa se desculpar, só vim pegar a minha
carteira que esqueci — falou, abrindo o closet e pegando a
carteira, em seguida, se aproximou e beijou os filhos, que
ficaram manhosos querendo colo.

— Papai sairá, mas, mais tarde volta. Tudo bem? —


Eles balançaram a cabeça concordando, como se estivessem
entendidos. Depois que o meu chefe saiu, levei as crianças
para o banho. Pensei em ler algumas histórias para eles, ou
só passar o dia na televisão, assistindo a desenhos.

Enquanto as crianças estavam na banheira brincando,


comecei a lavar os cabelos deles, fazendo carinho, os
deixando bem relaxados. Depois de alguns minutos, os tirei
da banheira e os levei para vestir as roupas. Como sempre,
eles realizam uma pequena bagunça querendo escolher as
roupas que querem usar, dessa vez, eles quiseram vestir um
macacão azul com o desenho de um tubarão. Terminei de
vesti-los e penteei os cabelos loirinhos deles. Coloquei o par
de sapatos em cada um e pronto, eles estavam perfumados
e prontos para tomar café. 

De mãos dadas, fomos até a sala de estar, eles


pareciam dois principezinhos, andavam ainda devagarinho.
Coloquei os dois na cadeira e Cida serviu o café deles, hoje
era mingau de aveia com pedaços de frutas por cima. Fiquei
observando os dois pegarem na colher, apesar de terem só
um ano, sabiam comer muito bem sozinhos. Enquanto eles
comiam, me sentei na cadeira, pegando o meu celular,
enviei uma mensagem por WhatsApp para a minha avó. Ela
me respondeu, dizendo que iria à feira daqui a pouco
comprar verduras e frutas, ela e a dona Adelaide, hoje era
dia de fazer sopa para os moradores de rua. Despedi-me
dela, tirando os dois da cadeirinha, pois já terminaram o
café. 

Como ainda era muito cedo, decidi ficar com eles na


varanda. Peguei a bola e brincamos um pouco de futebol,
eles corriam, chutando a bola, e gritavam gol. Por volta das
onze e meia, eles almoçaram e dormiram. Não tinha nada
para fazer, resolvi terminar de ler um romance. Comecei a
bocejar, então resolvi me levantar e ir conversar com
Janaína, ela estava na cozinha ajudando Cida a preparar o
jantar. Como eu já tinha uma certa intimidade com elas,
resolvi conversar a respeito do sonambulismo do nosso
chefe. Quem sabe assim não consigo descobrir mais coisas.

— Vocês sabiam que o senhor Lorenzo é sonâmbulo?


— Elas se entreolharam desconfiadas, como se fosse um
assunto proibido de se comentar.

  — Se não quiserem responder, entendo, é que eu o vi


na cozinha semana passada quando estava jantando e, no
outro dia, ele conversou comigo sobre o assunto, pensei que
vocês soubessem — expliquei.

— Eu nunca o presenciei no modo sonâmbulo, mas


chegou a comentar sobre o assunto conosco, quis nos deixar
a par da situação. Disse que não queria assustar ninguém,
então achou melhor explicar antes que acontecesse — Cida
comentou, mas ele ocultou a parte de andar pelado,
suponho que não se sentiu à vontade para falar.

— Eu sempre quis ver, confesso, mas o que ele faz


além de dormir em pé? — Janaína perguntou, curiosa.

— Nada, apenas fica comendo, às vezes pode


acontecer de ele conversar, mas, no outro dia, não lembrará
de nada — respondi.

Após ficar meia hora conversando com elas, resolvi ir


até o meu quarto para arrumar as minhas roupas, tirei
algumas que deixei na minha mochila. Tenho que pegar as
sujas para pôr para lavar. Peguei um porta-retratos com a
foto minha e de meus avós que trouxe da minha casa e pus
em cima da penteadeira. Através da babá eletrônica,
verifiquei se as crianças ainda estavam dormindo. Como
elas ainda estavam, resolvi almoçar antes que elas
acordassem. 

Na cozinha, Janaína e Cida estavam almoçando, me


juntei a elas. Às vezes tenho a impressão de que elas
comentam algo sobre mim quando eu não estou por perto,
pois todas as vezes que me aproximo, elas param de falar e
ficam com a expressão estranha, creio que não seja nada de
mal, mas acredito que seja mais sobre curiosidades. Elas já
me perguntaram quantos anos tenho, se já namorei, o que
achei do senhor Lorenzo. Será que elas perceberam que
frequentemente fico observando muito quando ele está por
perto? Preciso parar de fazer essas coisas. 
Estava na última aula de hoje, concentrada na
explicação do professor sobre fricção, sobre como diminuir a
região dolorida, ele usava um boneco e massageava
devagar, alternando os movimentos. Eu escolhi a área da
fisioterapia traumato-ortopédico-funcional, mas com certeza
não pararei somente nessa, farei outras, até porque quero
me especializar em outras áreas. Peguei a minha mochila
assim que a aula terminou e saí. 

De longe, avistei seu Luís, apressei os meus passos,


chegando perto dele, entrei no carro e seguimos para casa.
Assim que chegamos, agradeci ao motorista e segui para
dentro de casa, como sempre, a casa estava escura e
silenciosa. Terminei o meu banho e fui para a cozinha jantar.
Como normalmente está, o meu jantar estava na geladeira,
peguei e coloquei no micro-ondas, o esquentando.

Sentei-me na mesa, peguei os talheres e comecei a


comer. Mastigava o alimento sem demora, engoli e bebi um
pouco de água. Dessa vez acendi as luzes da cozinha, não
deixei mais às escuras desde o episódio com o senhor
Lorenzo. Ao terminar, me levantei, lavei o meu prato e já ia
saindo da cozinha quando o meu chefe entrou, dessa vez,
ele não estava pelado. Ele percebeu que fiquei assustada e
tratou logo de falar comigo para eu não pensar que mais
uma vez estava no modo sonâmbulo.
— Vim tomar o meu remédio, minha água acabou —
disse. Notei que ele estava andando devagar, devia estar
com dor. Resolvi perguntar se ele estava sentindo dor.

— O senhor está com dor? Parece que não está muito


bem. — Continuei parada, esperando a sua resposta.

— Estou sim, mas agora sei o que tenho, estou


tomando a medicação certa e farei fisioterapia. No exame,
deu hérnia de disco — explicou depois de tomar o
remédio. 

— Se o senhor estiver com muita dor, posso lhe fazer


uma massagem que aliviará muito, também tem uns
alongamentos que ajudam. Ainda não me formei, mas é
como se fosse uma forma de estágio, sempre ajudo os meus
avós — propus. 

— Se não for lhe incomodar, eu aceito, sim — falou.

Sugeri que seu Lorenzo se deitasse na cama de lado e


ficasse de costas para mim, pedi que colocasse um
travesseiro entre as pernas e que relaxasse. Comecei a
empurrar o seu corpo para trás e para frente, percebi que
ele sentiu um pouco de dor, então, diminui os movimentos.
Depois pedi que ele mudasse de posição, ficando de barriga
para baixo, e, com as pontas dos dedos, comecei a
massagear devagar, subia e descia, alternando os
movimentos. Senti que ele relaxou tanto que dormiu.
Coitado, devia estar tão cansado. Parece o meu avô quando
faço massagem nele. Devagar, deixei o seu quarto e fui para
o meu. Antes, passei no quarto das crianças, elas estavam
dormindo tranquilamente. 

Entrei no meu quarto e me sentei na beirada da cama.


Sei que o meu chefe não sente nada quando estou perto
dele, ao contrário de mim, que fico toda boba ao seu lado,
tento sempre agir normalmente, mas sempre vacilo. Sou
adulta, mas é que, quando estou perto dele, sinto coisas
absolutamente estranhas. Meu coração bate apressado
dentro do meu peito, fico tão nervosa que começo a morder
as minhas bochechas por dentro. Ainda mais quando ele é
gentil comigo, ou quando acha graça de algo que conto. Sei
que é coisa da minha cabeça, por isso devo parar de agir
assim. Ele me contratou para ser a babá dos seus filhos, sou
apenas uma empregada como qualquer outra.

Resolvi estudar para tirar esses assuntos da minha


cabeça, não sou mais uma adolescente boba. Já sou adulta e
sei que é impossível meu chefe se apaixonar por mim.

 
Capítulo 7
Lorenzo
Uma semana depois…
Já estou me sentindo bem melhor. As dores têm
diminuído constantemente, estou fazendo fisioterapia, mas
as massagens de Sofia têm me ajudado bastante. Na
primeira vez que ela se ofereceu para fazer a massagem,
relaxei tanto que dormi. Acordei no outro dia me sentindo
outra pessoa, parece que voltei a ter vinte anos. Estou com
mais disposição para brincar com os meus filhos, é certo que
eles me dão uma canseira, mas sempre me divirto. Fico
imaginando quando eles estiverem com cinco anos, se com
um ano já me fazem cansar apenas brincando em casa,
imagina quando estiverem maiores.

Hoje é sexta-feira e dei folga para os empregados, Sofia


também irá para a casa dos avós, ficará apenas eu e os
meninos.

Contei para os meus irmãos sobre as massagens que


Sofia vem realizando para me ajudar a aliviar as dores, e
agora eles não me deixam em paz. Dizem que eu e ela
formamos um belo casal, que olho de maneira diferente
para ela, mas isso não é verdade, eu tenho muito respeito
por ela e admiração.

Depois que a contratei, os meus filhos vivem bem mais


alegres, não que antes não fossem, é que agora eles têm
uma pessoa disponível somente para eles. Estão
aprendendo a pintar, claro que eles borram todo o desenho,
mas gostam. Até músicas estão aprendendo a cantar. Então,
o que ando sentindo por Sofia é gratidão.

Meus irmãos agem dessa forma porque acreditam que


sou infeliz, claro que não sou, sou muito feliz porque tenho
os meus filhos comigo, eles são saudáveis, temos uma
empresa que está indo muito bem, além disso, viajo quando
quero e para onde quero.

Eles supõem que, para ser feliz, tem que estar em um


relacionamento. Quando me envolvi com a mãe dos meus
filhos, pensei que ela seria a mulher da minha vida, que
teria aquela vontade de me casar, mas logo veio a gravidez
e as complicações do parto. Não deu tempo para nos
conhecermos como um casal, planejar filhos, comprar uma
casa. Foi tudo tão rápido, já faz um ano do seu falecimento,
e o que restou foi nossos filhos. Acredito que eu não esteja
pronto para outro relacionamento, não da maneira como
aconteceu antes.

Meu celular vibrou com uma mensagem, peguei o


aparelho que estava ao meu lado no sofá e vi que era
Gianluca. O que será que aconteceu? Desbloqueei a tela e li
a sua mensagem.

“Estou com saudades dos meus sobrinhos, então


pensei que seria ótimo se eles dormissem comigo
hoje. Passarei aí para pegar eles e, por favor, não
me diz não. Faremos a festa do pijama, já comprei o
meu de dinossauro, tem também o de unicórnio para
os dois”.

Gianluca tem um defeito, ele nunca conversa nada


antes, quando quer algo, sempre avisa em cima da hora.
Meus filhos são acostumados a dormirem com ele desde os
seis meses, com certeza ficarão felizes em ir dormir com o
tio. Olhei no relógio e já passava, das sete e meia, Sofia já
tinha saído para a faculdade. Estava dando um tempo, os
deixando assistirem a um pouco mais de desenhos; eles
estavam sem sono, dormiram a tarde toda e pelo visto não
dormirão tão cedo.

— Tio Luca vem buscar vocês para dormirem na casa


dele. Não é para dormirem tarde da noite e nem comerem
besteira. Se comportem e não façam muita bagunça.
Fiquem quietinhos enquanto vou no quarto de vocês
arrumar a bolsa com as roupas e fraldas. — Eles não me
deram muita atenção, pois bem na hora começou outro
episódio do baby shark.

Assim que retornei do quarto, a campainha de casa


tocou. Com certeza só podia ser Gianluca. Pelo visto, hoje
ficarei sozinho em casa, ainda disse para Cida não deixar
nada pronto, pois poderia estragar, agora me deu fome. Isso
porque os meus filhos irão dormir longe de mim. Quando
fico muito ansioso, sinto bastante fome. Abri a porta e
Gianluca passou por ela, segurando uma sacola grande.
Talvez fossem os pijamas de bichinhos.

As crianças correram e ele pegou os dois no colo,


beijando e fazendo cócegas com a sua barba rala, os dois
começaram a gargalhar, eles amavam essa bagunça que só
o tio Gianluca sabia fazer. Assim que eles ficaram no chão,
foram logo mexer na sacola que estava ao lado do sofá. São
dois curiosos.

— Não está usando os meus filhos para tentar seduzir


alguma mulher não, né? — questionei, olhando nos olhos
de Gianluca. Ele balançou a cabeça sério.

— Claro que não, sabe que não preciso de duas


crianças fofas para conquistar uma mulher. Bastam elas
olharem para mim que caem de amores, meu caro. Sou
irresistível — declarou, se gabando. Balancei a cabeça,
sorrindo.

— Coloquei algumas roupas na bolsa das crianças, as


mamadeiras, e a massa para o preparo do mingau. Eles não
estão com fome agora, mas, caso eles acordem com fome, é
só preparar o mingau. E não vá dar besteiras para eles.

— Sim, senhor — respondeu.

Com uma dorzinha no coração, me despedi dos meus


filhos. Fui até o carro verificar se Gianluca não esqueceu a
cadeirinha, mas ele é muito responsável quando se trata dos
sobrinhos. Não preciso me preocupar com nada, mas sou pai
e sempre me preocupo quando eles dormem na casa do tio.

Os dois me deram tchauzinho sem qualquer indicação


de choro, ao contrário, estavam superfelizes, acenavam,
jogando beijos. Murchei e Gianluca gargalhou.

Fiquei ao lado de fora até o carro desaparecer no final


da rua, morávamos no mesmo condomínio, mas em ruas
diferentes. Entrei em casa me sentindo abandonado, sei que
estou fazendo drama, mas me sinto assim. A casa fica um
total silêncio sem eles, se eu gritar, capaz de dar eco.

Suspirando pesadamente, fui até a adega, peguei um


vinho, em seguida, entrei na cozinha atrás do saca-rolhas,
abri a gaveta do armário, pegando o objeto, e abri a garrafa,
servindo em uma taça. Tomei um gole, sentindo o gosto
docinho da bebida. Como não tinha nada para comer, resolvi
preparar uma massa, das poucas coisas que sei cozinhar;
massa é a minha especialidade. Fiquei em pé em frente ao
armário enorme, tentando adivinhar em qual parte estavam
as panelas.
Fui até a despensa onde guarda os alimentos, tirei um
pacote de massa italiana e pus em cima do balcão. Peguei a
panela, fui até a pia, colocando água até a metade. Levei ao
fogão, peguei o meu celular e pus uma música para tocar
baixinho, gosto de ouvir músicas quando estou fazendo
algo.

Enquanto esperava a água ferver peguei a minha taça


e pus mais vinho, levando à boca, saboreando a bebida. Não
é porque sou o dono, mas nossos vinhos são os melhores.

 Abri a geladeira, pegando dois tomates para preparar


o molho; em outra panela, coloquei água e os tomates,
levando ao fogo, como a água da outra panela já estava
fervendo, coloquei a massa e mexi um pouco para não
grudar, acrescentei sal a gosto. Esperei mais alguns minutos
e o macarrão já estava no ponto, escorri a massa e deixei até
que preparasse o molho. Tirei os tomates do fogo, me
certificando se já estavam moles, joguei a água quente e
pus debaixo da torneira, esperando esfriar um pouco, em
seguida, peguei o liquidificador, coloquei os tomates sem as
cascas e dois dentes de alho. Após bater, provei, sentindo
quão bom estava, desliguei a música que estava tocando,
pois ouvi um grito vindo da parte de cima da casa, mas
como se estava só eu...

— Socorro, socorro. Meu Deus, que nojo, sai, sai! —


Era Sofia, e ela estava desesperada.
Deixei tudo o que estava fazendo e corri, subindo as
escadas rapidamente. Ofegante, abri a porta do seu quarto
mais do que depressa, seus gritos vinham do banheiro. Sem
pensar duas vezes, abri a porta, ela estava encolhida,
escorada na parede, quase chorando. Ao me ver, se pôs de
pé, me olhando com olhar suplicante. Meus olhos foram
para os seus seios, desceu para sua barriga, descendo mais
para baixo. Sei que a ocasião não é a certa, mas não pude
evitar olhar.

— Ai, meu Deus! Ai, meu Deus. Tira-a daqui! — gritou


mais alto. Foi aí que saí do transe, balançando a cabeça.
Nunca mais essa imagem sairá da minha mente. Sofia
completamente nua. — Ai, que nojo — disse, correndo e
pulando em meu colo, quase caímos para trás, eu não
estava preparado para pegar alguém no colo. Ainda mais a
babá dos meus filhos nua.

— O que aconteceu? — questionei, colocando-a no


chão. Ela me olhou com os olhos enormes.

— Estou nua! Feche os olhos por favor, vire-se de


costas. — Minha vontade era dizer que eu já tinha visto
tudo, que, mesmo fechando os olhos, não iria adiantar muita
coisa, a minha mente já tinha gravado tudo, inclusive as
manchinhas que ela tem ao redor dos seios e umbigo. Três
em cada lado para ser mais exato. Suspirei, eu não estava
me reconhecendo. — Tem uma barata no banheiro. O
senhor pode ir até lá e tirá-la de lá. Tenho muito medo de
barata — pediu com a voz baixa.
— Barata? Tem certeza, a casa foi dedetizada no mês
passado — de costas, indaguei.

— Sim, é uma barata. Ela está no chão, eu vi —


respondeu com a voz chorosa.

— Tudo bem, já posso me virar para ir até o banheiro?


— Fiquei aguardando a sua resposta.

— Sim, eu já estou de roupão — falou, e eu me virei,


indo na direção do banheiro.

Olhei na parede, em cima da descarga e, por último, no


chão. Peguei a barata, começando a gargalhar, não é
possível que ela gritou por isso.

— Por que o senhor está rindo? — inquiriu.

Retornei para o quarto mostrando-lhe a barata de


borracha dos meus filhos, eles deviam ter jogado aqui
quando estavam no quarto com ela. As bochechas de Sofia
ficaram vermelhas.

— Eu não acredito que gritei por causa de uma barata


de borracha. Céus, que vergonha estou sentindo de mim
mesma. Ainda por cima assustei o senhor — disse,
gargalhando.

Notei que ela fica linda com os cabelos molhados, não


reparei, mas, quando ela sorri, aparecem duas covinhas nas
suas bochechas, e o som da risada dela faz meu estômago
se remexer. Quando ela fica tímida, começa a apertar as
unhas. Eu poderia dizer mais coisas sobre a babá dos meus
filhos, mas fico parecendo um bobo quando estou perto
dela.

— E você não iria ficar com os seus avós hoje? —


indaguei tentando fazer com que a minha mente parasse de
imaginar o seu corpo sem o roupão que ela estava usando.

— Fiquei com o celular desligado durante a aula e,


quando liguei, vi a mensagem da minha avó. Eles foram
para o retiro da igreja. E eu não queria ficar sozinha em
casa. Me desculpe se não avisei o senhor. Quando entrei, a
casa estava silenciosa, pensei que todos já estivessem
dormindo — se explicou.

  — Me molhei toda quando desci de ônibus, estava


chovendo muito, corri para o banheiro para tomar um banho
quente. Ainda bem que meus livros não molharam —
comentou.

— Por que não me avisou? Teria ido pegar você. Estava


preparando uma massa antes de ouvir os seus gritos. Vista
as suas roupas e desça para comer — falei, saindo do seu
quarto.

No corredor, soltei uma longa respiração de alívio.


Precisava sair daquele quarto, ou perderia a razão. Já na
cozinha, voltei a preparar a massa, coloquei azeite na
panela, um dente de alho amassado e mexi, em seguida,
acrescentei o molho, deixando ferver, aproveitei e servi a
massa em dois pratos, colocando o molho quente em cima,
finalizei com queijo ralado e levei para a mesa. Servi vinho
nas duas taças, e Sofia chegou na hora, senti que ela estava
incomodada com algo, pois não me olhava nos olhos. Ela
estava usando uma calça de pijama rosa, cheia de ursinhos,
e uma blusa de mangas longas com a mesma estampa.
Queria sorrir, mas me concentrei. Não posso rir de uma
roupa de pijama engraçada quando o meu irmão usa um
pijama de dinossauro.

— Nossa, que cheiro delicioso! — elogiou. Dei a volta


na mesa, puxando a cadeira para ela se sentar. Ela
agradeceu se sentando. Senti o cheiro dos seus cabelos
lavados.

— Aconteceu alguma coisa? Estou te achando muito


quieta, parece estar incomodada com algo — inquiri, me
sentando.

— O senhor me viu nua. Agora que o susto passou, eu


fiquei pensando na situação. Quem sabe o senhor possa
achar que talvez eu tenha feito de propósito, para atraí-lo
para o quarto. Me sinto envergonhada. — Ao terminar de
falar, me olhou com certa vergonha.

— Jamais pensei em algo parecido. Vi o quanto você


ficou assustada de verdade. Sobre te ver nua, fique
despreocupada, eu nem lembro mais. Agora vamos comer e
esquecer desse assunto. — Sim, eu menti. Se tem uma
coisa que eu não vou esquecer é desse momento, mas ela
não precisa saber.
Esperei que ela comesse primeiro para saber se estava
bom. Ela enrolou a massa no garfo, levando aos lábios,
fechou os olhos e soltou um gemido. Era para ser algo
normal. Mas quem disse que foi? Fiquei excitado e me
remexi no meu assento. Claro que sei que estou há muito
tempo sem sexo, mas me neguei a me excitar com um
gemido rouco da minha funcionária. Bebi a metade do
vinho. Não posso me levantar agora, não quando estou
dessa forma, comecei a comer para a minha mente
esquecer esse pequeno detalhe.

— E as crianças estão dormindo? — inquiriu, bebendo


um pouquinho do vinho, quando sentiu o gosto delicioso,
deu uma golada maior.

— Estão na casa de Gianluca, vão dormir com ele —


respondi.

— Eles não vão chorar dormindo longe do senhor? —


quis saber.

— Eles choram se não dormirem lá, eles amam o tio.


São dois safadinhos, nem sentem a minha falta. — Ela
sorriu.

— O senhor falou de um jeito tão engraçado que


parece que os seus filhos foram para bem longe, eles só
estão a duas ruas da sua casa. Mas sei bem o que o senhor
está passando, sinto a falta dos meus avós. Por falar neles,
bem que o meu avô disse que o vinho da sua vinícola é o
melhor de todos. Desde que ganhou uma garrafa no final do
ano, ele toma bem pouquinho, só para render. Ele me disse
que fará de tudo para comprar uma garrafa, a minha avó vai
fazer aniversário e ela adora esse vinho — contou, me
deixando feliz.

— Seu avô trabalha na empresa? — pergunto, curioso.

— Sim, na fábrica de vinhos, na função de auxiliar de


produção. — Assim que respondeu, meu celular começou a
tocar.

Levantei-me da mesa e fui até o balcão pegar o


aparelho. Era uma chamada de vídeo de Gianluca, atendi
rapidamente, acreditando que aconteceu algo com os meus
filhos.

— Aconteceu alguma coisa com os meus filhos? —


Gianluca, vestido com o pijama de dinossauro, sorria,
virando a tela, mostrando os dois vestidos de unicórnio, eles
estavam pulando, fazendo bagunça na cama do tio.

— Bambinos, olhem para cá, mostre os seus pijamas


ao pai de vocês. — Quando ouviram a palavra pai, olharam
para a tela do celular, me procurando, sorri quando eles
tentaram pegar o celular da mão do tio e caíram sentados
na cama.

— Por que a boca dos meus filhos está roxa, como se


eles tivessem comido açaí, Gianluca?
— Oh! Céus, meninos, eu disse para vocês não se
sujarem tanto — disse baixinho, limpando na mesma hora.

Sofia estava colocando as louças na pia e iria lavar.

— Deixa que eu lavo, Sofia — falei, e Gianluca


aumentou os olhos e sorriu de canto, balancei a cabeça.

— Pelo visto, trazer os meninos para dormir aqui


comigo hoje foi uma boa ideia. Você está aproveitando o seu
dia de pai sem filhos. Aproveita bastante, talvez eles vão só
à tarde para a sua casa. Quem sabe você queira aproveitar
para tomar banho de piscina amanhã — o sem-vergonha
disse piscando.

— Deixa de ser idiota. Agora vá colocar os meus filhos


para dormir, caso eles sintam dor de barriga, já sei de quem
é a culpa. — Encerrei a ligação depois de me despedir das
crianças. — Gianluca às vezes é tão imaturo — comentei,
pegando os pratos lavados e secando com o pano de prato.

— Ele é muito engraçado — disse, me entregando a


colher, mas escorregou da minha mão caindo no chão, nós
dois pensamos a mesma coisa e nos abaixamos, nossos
joelhos se chocaram e Sofia caiu de bunda no chão.

Tentei levantá-la o mais rápido, peguei na sua mão e


puxei, ela veio com força e se chocou contra o meu peito.
Ficamos por um instante assim, em silêncio, ouvindo apenas
o som das batidas dos nossos corações. Olhei para os lábios
dela, que estavam tremendo. Era errado querer beijar a
babá dos meus filhos?

O telefone dela começou a tocar nos assustando.

— Deve ser os meus avós. Vou atender no quarto. Com


licença, senhor — pediu, saindo de perto de mim, limpei a
garganta.

— Tudo bem, vou tomar um banho, de repente ficou


quente — falei, pegando o meu celular, e saí da cozinha.

Cheguei no meu quarto sentindo minha ereção crescer


mais. O cheiro de Sofia estava na minha camisa, quando ela
encostou a cabeça depois de levantá-la do chão. Tirei a
camisa com força, entrando no box, ligando o chuveiro, tirei
a minha calça e, em seguida, a cueca. Entrei debaixo do
chuveiro sentindo a água morna cair sobre o meu corpo.
Sentindo meu pau ficar mais duro, minha mente viajou para
o episódio de minutos atrás, ela nua em seu quarto, os bicos
dos seios duros, a cintura fina, a sua pele branca, com
certeza deixaria marcas sobre ela. Com movimentos rápidos,
gozei, soltando jatos fortes, minhas pernas começaram a
tremer, então diminui os movimentos, respirando forte.
Bufei, lavando o meu corpo, odeio me sentir como um
adolescente em plena puberdade.

Saí do banheiro me enxugando, me joguei em cima da


cama, olhando para o teto. Teria que esquecer o que acabei
de fazer no banheiro, não quero que isso se repita mais, não
irei me envolver com a minha funcionária. Eu não quero que
isso aconteça novamente.
Capítulo 8
Sofia
Acordei, mas permaneci na cama pensativa, quase não
consegui dormir direito. Ainda sinto as mãos do meu chefe
em volta da minha cintura, e toda vez que penso nele sinto
desejos que só ele soube despertar em mim. Minha pele
esquenta só de imaginar suas mãos enormes passeando
pelo meu corpo, sinto a garganta secar, fico com calor e só
alivia quando tomo banho frio.

Ontem, quando terminamos de jantar, deixei a colher


cair no chão, ele fez a mesma coisa que eu, nos abaixamos e
nossos joelhos se tocaram, fazendo com que eu caísse de
bunda no chão. E, quando ele me levantou, esbarrei em seu
corpo forte, inalando um cheiro delicioso que vinha da sua
roupa. Ele cheira a perfume de bebê, misturado a algo
amadeirado. Como um homem tão lindo, carismático,
educado ainda é solteiro? Será que ele ainda ama a mulher
que morreu? Deve amar, ainda é tão recente, faz só um ano
que aconteceu. Talvez por isso ele decidiu viver apenas para
os filhos.

Peguei o meu celular e fiquei mexendo, minha avó me


mandou uma foto no WhatsApp dela e do meu avô na
piscina. Eles estavam se divertindo muito, fiquei feliz por vê-
los alegres. Por falar neles, preciso comprar o presente da
minha nonna, semana que vem é o seu aniversário, ela fará
sessenta anos. Dona Beatrice é muito vaidosa, é linda, tem
olhos azuis e cabelos loiros, alguns fios estão todos brancos;
meu vô Giuseppe já está com todos os cabelos brancos,
mas, quando era mais jovem, eram castanhos da cor dos
meus, ele e meu pai tem o mesmo tom de cor dos cabelos.

Não resisti e fui na barra de pesquisa e digitei o nome


do meu chefe. Várias fotos pipocaram na tela, ele nos
eventos juntos dos irmãos, em algumas sozinho, outras com
algumas mulheres ao redor. Ele deve ser muito cobiçado,
com certeza deve ter muitas querendo ocupar o lugar da
mãe dos gêmeos. Posso até estar enganada quando ele
disse que não lembrava da cena em meu quarto quando me
viu sem roupas, mas vi que seus olhos permaneceram
demoradamente em meus seios, não quis que ele notasse,
no entanto, eu percebi. Só de imaginar as suas mãos em
mim, fico completamente molhada. Beijar aqueles lábios
carnudos e deliciosos deve ser o sonho de qualquer mulher.

Suponho que estou precisando namorar para deixar de


pensar bobagens com o meu chefe. Dificilmente ele irá se
interessar por mim, uma funcionária.

Com esse pensamento ajuizado, decidi sair da cama.


Era sábado, e não tinha nada para fazer, talvez eu dê um
passeio no shopping, não sou de muitos amigos, não
costumo sair de casa e, quando saio, é com os meus avós.
Tomei o meu banho, tenho certeza de que as crianças ainda
não chegaram. Coloquei a touca no meu cabelo após tirar a
roupa, não queria molhá-los, pois lavei ontem, estavam
sedosos e cheirosos.

Depois de sair do banho coloquei um short jeans e uma


blusa de algodão com a estampa de coração, calcei as
minhas sandálias, penteei os cabelos e saí do quarto, indo
para a cozinha. Verifiquei se não havia ninguém pelo
corredor e continuei andando, desci a escada, a casa ainda
estava completamente escura, levantei as persianas da sala
e ficou tudo claro. Fiquei por uns minutos olhando para o
lado de fora, estava um dia bonito, o jardim estava sendo
regado pelas torneiras elétricas.

Deixei a sala e segui para a cozinha, abri também as


persianas, com certeza as empregadas retornarão na
segunda-feira. Coloquei a cafeteira para fazer café, peguei
uma frigideira, coloquei em cima do fogão, programei, logo
o painel acendeu. Coloquei um pouco de manteiga e
quebrei dois ovos mexendo, separei em um prato e fiz mais
dois, tenho certeza de que, quando o senhor Lorenzo
acordar, ele vai querer tomar café.
Peguei queijo e presunto e o pão de forma, separei
quatro pedaços e coloquei ao lado prato, o café já estava
pronto, peguei uma caixa de suco, servi em um copo e já ia
tomar o meu café quando percebi mais alguém na cozinha,
me virei e observei o meu chefe sem camisa, todo suado,
com o headfone em volta do pescoço, a camisa apoiada em
seu ombro, ele estava apenas de calça de corrida, com o
peito subindo e descendo. Ainda bem que não estava
segurando nada, pois deixaria com certeza o objeto cair,
nem olhei para ele, fiquei babando em sua barriga definida.
Caí em mim quando ele limpou a garganta, chamando a
minha atenção. Sem graça, olhei para ele.

— Fiz café. O senhor vai querer? — Não sei o que


aconteceu, mas ele estava olhando fixamente para mim.
Começou andar, se aproximando onde eu estava.

— Fiz ovos me… mexidos — gaguejei um pouco


quando ele ficou na minha frente. Seus braços longos
esticaram, acreditei que sua mão talvez fosse parar no meu
rosto, mas me enganei. Ele abriu a geladeira, tirando uma
garrafa de água, abriu e tomou todo o líquido. Em seguida,
jogou a embalagem no lixo.

Depois andou até o balcão, onde estava os ovos e o


café. Sentou-se em uma banqueta, pegou o garfo e
começou a comer. Eu ainda estava paralisada, observando
tudo. Na verdade, as minhas pernas travaram.
— Não vai tomar café, Sofia? — inquiriu, colocando
queijo e presunto no pão.

— Claro — respondi, andando, me sentei ao seu lado


e comecei a comer, eu estava com fome, mas me sentia
nervosa.

— Muito tempo que não saía para correr — comentou,


mordendo o pão.

Tomei um pouco do café, prestando atenção na sua


conversa.

— Teve um momento que pensei que ia cair no chão


desmaiado. Não sabia estar tão sedentário. Depois que me
tornei pai e tive que cuidar dos dois praticamente sozinho,
descuidei de mim, fiquei pensando quando estava voltando
para casa. Não posso descuidar da minha saúde, eu não sou
mais sozinho, tenho duas vidinhas que precisam de mim
para tudo, comecei a refletir sobre esse último ano, então,
decidi que, a partir de hoje, tudo mudará. Tirarei um tempo
para mim, vou malhar, correr, nadar. Fazer uma bateria de
exames, sabe quanto tempo não vou ao cardiologista? —
Virou-se para mim, esperando-me responder.

— Quanto tempo? — Ele sorriu, respondendo.

— Dois anos. Estou sendo imprudente comigo mesmo.


Francesco todo mês vai ao médico, realiza check-up todo
ano. Não come nada industrial, acredita que ele tem uma
horta orgânica na casa dele? Diz que o que compramos no
supermercado é tudo cheio de agrotóxicos. Às vezes, eu e
Gianluca pegamos muito no pé dele, mas sabe de uma
coisa? Ele que tem razão. — Ele fica tão atraente falando
sem parar. Pensei!

— Meus avós são assim também, não comem nada que


não seja saudável. Uma vez fiz um miojo e minha nonna
passou o dia falando que dá câncer, que entope as artérias
do coração, e me proibiu que comprasse novamente, mas
aquele caldinho é tão gostoso. — Sorri, lembrando desse
dia

— Seu sotaque muda quando fala algo em italiano —


falou, se aproximando de mim, seus olhos escureceram. Não
tive tempo de nada, sua mão delicadamente traçou a pele
do meu rosto bem devagar, contornando a minha bochecha.
Fechei os meus olhos, pois o seu olhar me queimava por
inteiro. Sentia o meu corpo amolecer a cada toque seu.

— Ragazza mia! — soprou, fazendo minha intimidade


pulsar de desejos, senti meu corpo todo reagir, minha pele
se arrepiou quando senti a sua respiração bem próximo ao
meu rosto, seu hálito quente misturado ao café.

Tenho certeza de que, se abrisse os meus olhos, não


resistiria e pularia em seu colo, enfiaria as mãos no meio dos
cabelos dele, puxando com força. Respirando devagar, fiquei
esperando pelo beijo.

Seus lábios tocaram os meus, abrindo passagem para


sua língua entrar, Lorenzo sugou o meu lábio inferior,
chupando devagar, quando senti a ponta da sua língua
encostar na minha, a campainha tocou, nos fazendo saltar
assustados.

Lorenzo me olhou como se estivesse fazendo a coisa


mais errada desse mundo. Levantei-me, levando as louças
para a pia. Sem dizer nada, ele seguiu para a sala, vestindo
a camisa. Eu estava morrendo de vergonha, ele é o meu
chefe. O que estou fazendo da minha vida?

— Meu menino! Que falta eu senti de você, um ano


que você não pisa no campo. Esqueceu dessa velha aqui,
cadê os meus bambinos? — A voz era de uma mulher
muito brava. Quem era ela? Fiquei na cozinha, não queria
atrapalhar os dois, eu estava muito envergonhada por deixar
acontecer esse quase beijo entre mim e o meu chefe.
Coloquei as mãos no peito, sentindo meu coração bater
acelerado.

— Noêmia, eu não acredito que não avisou que estava


vindo para cá. Poxa! Eu poderia muito bem mandar o Luís ir
lhe buscar no aeroporto, ou ter mandado o jatinho, sua
velha teimosa. Vem cá, me dá um abraço, estava morrendo
de saudades. — A voz dele estava bem feliz por ver a
mulher, não iria ficar o dia todo na cozinha, então, saí.

— Eu queria fazer surpresa. E não estou tão velha


assim, sei muito bem me virar sozinha. Agora vá buscar
meus meninos, quero matar essa saudade.
— As crianças estão chegando, foram dormir na casa
do tio. Gianluca mandou mensagem avisando que já está
trazendo-os. Quando eles te virem, vão pular de alegria.

Assim que ia subindo as escadas, os dois apareceram,


Lorenzo puxando a mala da senhora. Uma mulher baixinha
alegre, mas, quando me viu, parece que não gostou muito,
pois ficou bastante séria. Parei e me virei, sorrindo para os
dois, não sabia o que fazer.

— Quem é essa moça? — indagou com bastante


intimidade.

— É a Sofia, a babá das crianças. Sofia, essa é Noêmia,


uma segunda mãe para mim e meus irmãos. — Olhei para
a senhora e estendi a minha mão, sorrindo. Ela apertou,
sorrindo de volta.

— É um prazer, dona Noêmia, a senhora precisa de


ajuda? — Fiquei esperando a resposta.

— Claro, minha filha, me ajude a ir até o quarto,


preciso tirar alguns doces da mala que trouxe da vinícola.
Trouxe suco de vinho para as crianças — disse
carinhosamente, deu para sentir o amor que ela sente pelos
meninos.

Lorenzo agradeceu e disse ir para o quarto tomar um


banho. Notei que, ao me olhar, ele disfarçou ao máximo
possível para a senhora não perceber que estava
acontecendo algo entre nós. Mas ela não é boba, só pelo
franzir da testa, ela já desconfiou de algo. Espero que ela
não me pergunte nada, pois negarei tudo.

Abri a porta do quarto de hóspedes e entramos.


Coloquei a mala em cima da cama e abri depois de ela
pedir. Dona Noêmia colocou a bolsa que segurava ao lado da
mala e tirou as sapatilhas. A mala dela nem roupa tinha,
estava cheia de doces, sucos de uvas, uva-passas, caldas de
uvas, entre outras coisas, tudo da vinícola do senhor
Lorenzo, aposto.

— A senhora que fez esses doces todos? — inquiri.


Ela, toda cheia de orgulho, respondeu.

— Sim, todos eu que fiz lá no Espírito Santo do Pinhal,


na vinícola, tenho uma venda só desse doces. Mês que vem
é a colheita das uvas, e tenho a certeza de que Lorenzo não
perderá por nada. Desde que o pai fundou a vinícola, ele não
deixa de comparecer a uma colheita, este ano será o
primeiro ano que as crianças irão — comentou.

— Você trabalha há muito tempo como babá das


crianças? — como se não quisesse nada, perguntou.

— Quase um mês. — Nem olhei em seus olhos, fingi


que estava lendo o rótulo da embalagem do suco de uva.

— Pode me ajudar a levar os doces para a cozinha?


Quero arrumar na dispensa e pôr os sucos na geladeira para
quando as crianças chegarem tomar geladinho. Você precisa
experimentar as uvas em calda, tenho certeza de que irá
gostar muito.

Poucos minutos conversando com a dona Noêmia, já


tenho um grande respeito por essa senhora. Assim que
chegamos à cozinha, ela arrumou todos os doces na
despensa e os sucos de uvas colocou na geladeira, ela
conhecia a cozinha muito bem. Depois que arrumou tudo,
me ofereceu uma taça de calda de uvas, comecei a comer e
gemi, sentindo o gosto delicioso.

Coloquei o pijama das crianças após dar banhos nelas.


Eles chegaram da casa do tio pouco depois da dona Noêmia
chegar. Foi uma festa quando eles a viram e correram para
abraçar a senhora. Lorenzo resolveu que todos iriam
aproveitar o dia na piscina. Francesco ficou responsável pelo
almoço, Gianluca não parava de jogar piadinha para o
Lorenzo. Fiquei um pouco sem graça porque pegava, por
vezes, o meu chefe me olhando.

As crianças se divertiram tanto que agora estão


cansados e preparados para dormir. Estão até bocejando.
Coloquei cada uma em seu berço, eles são tão bonzinhos
que se deitam e dormem sem qualquer trabalho. Já ia
saindo do quarto quando Lorenzo apareceu, eu estava
apagando a luz do abajur.
— Acabaram de dormir, eles estão cansados mesmo,
pularam tanto na piscina — comentei.

— Sim, pareciam dois patinhos — disse baixo, sua voz


ficou rouca.

— Vou para o meu quarto, estou com um pouco de dor


de cabeça. Boa noite, senhor — desejei, e Lorenzo pegou no
meu braço, me fazendo olhar em seus olhos.

— Já tomou remédio? — Ele precisava parar de


sussurrar, porque, a cada sussurro, meu estômago se
remexia.

— Ainda não, mas farei isso agora. — Saí do quarto,


dando agradecendo a Deus que dona Noêmia não estava no
lado de fora.

Entrei no meu quarto, fechando a porta rapidamente,


parecia que eu estava fugindo de algo muito ruim. Acredito
que devo me manter longe do meu chefe, para o meu
próprio bem.

Duas batidas na porta me deixaram em alerta, fiquei


quieta, pedindo a quem quer que estivesse do outro lado
fosse embora, mas não foi, outra batida. Não deveria evitar
quem estivesse batendo.

Abri a porta e Lorenzo estava parado com um copo de


água e um analgésico. Sem entender, fiquei apenas olhando
para ele, nem abri a porta completamente, fiquei
segurando. Mas, se ele quisesse entrar, entraria, até porque
a casa é dele.

— Sei que não tomou o analgésico, pois nem passou


na cozinha. Então, resolvi trazer — explicou.

— Obrigada. — Após agradecer, peguei o copo e o


analgésico.

— Amanhã à tarde iremos ao shopping, preciso


comprar roupas para as crianças, Noêmia irá conosco, pois
logo mais à noite retornará para o campo. Sofia, será que
podemos conversar? Sei que está tarde, mas preciso muito
falar com você sobre o que aconteceu na cozinha pela
manhã. — Murchei na hora, ele se arrependeu, tenho
certeza, não iria aguentar ouvir isso. Sem opção, o deixei
entrar no quarto, antes tomei o analgésico e bebi um pouco
da água. Coloquei o copo em cima da mesinha e fiquei
esperando falar.

  — Sei que saí às pressas da cozinha assim que a


campainha tocou quando estávamos quase nos beijamos.
Eu não me arrependi de nada, confesso, acredito que, se a
Noêmia não tivesse chegado, teria levado você para o meu
quarto, mas eu não tenho mais idade para isso, de ficar de
paquera, e, também, me sinto atraído por você. Nesse exato
momento, não sei o que fazer. É isso, não quero que pense
que me arrependi. Boa noite! — disse, andando para a
porta.
— Eu também não me arrependi — confessei, me
virando, olhando em seus olhos, que logo ficaram em um
tom azul mais escuro.

Ele voltou, andando apressado, colocando as mãos na


minha cintura, me puxando mais para perto do seu corpo.
Nossas testas coloram uma na outra, nossas respirações
saíam rápidas, como se estivéssemos correndo.

— Sofia, tem certeza de que me quer aqui? Se não


quiser, é só dizer que saio do seu quarto. — disse entre os
meus lábios. Como resistir a isso tudo?

— Quero que fique — afirmei, ficando na ponta dos


pés.

Dessa vez o beijo foi de verdade, nossos lábios


encostaram um no outro e foi como fogo e gasolina. Senti a
sua língua quente entrando, começando a chupar a minha
devagar e deliciosamente. Gemi, querendo mais. De
repente, ele parou, abri os meus olhos, respirando forte.
Seus olhos brilhavam de desejos.

— Tu sei bella! — afirmou em um tom rouco, dizendo


que sou linda, seu sotaque em italiano inundou a minha
calcinha. Arfei com as mãos em volta do seu pescoço,
encostando os meus lábios nos dele.

— Grazie, tu che sei bello. — Ele sorriu abertamente


quando eu disse que ele que era bonito.
Fomos interrompidos pelo choro vindo da babá
eletrônica. Olhamos um para o outro e sorrimos.

— Pode ficar e descanse, você está com dor de cabeça,


olharei as crianças — avisou, saindo do quarto, me sentei
na cama com as pernas trêmulas.

O que será que acontecerá daqui por diante?

 
Capítulo 9
Lorenzo
Desci a escada e inspirei o cheiro do café, com certeza,
Noêmia deve ter acordado cedo e foi direto para a cozinha
preparar algo. Ela não aguenta ficar sem nada para fazer.

Ainda era muito cedo quando me levantei, não


consegui dormir direito só pensava em Sofia, em nosso
beijo, em seu corpo pequeno deixando o meu pegando fogo.
Ela me deixa tão excitado que nem água fria está dando
jeito. Só penso em levá-la para o meu quarto e fodê-la até
esse desejo acabar, mas meu lado racional grita mais alto,
não gosto de tratar uma mulher como um simples objeto
sexual.

Parei em frente à grande janela de vidro na sala, ao


levantar as persianas, fiquei admirando o dia. Ainda estava
vestido com o pijama, peguei o meu Ipad e li as notícias,
peguei meus óculos de grau que estavam na mesinha ao
lado da poltrona para isso. Comecei a deslizar a tela lendo
as notas. Após terminar de ler, me levantei, caminhando
para a cozinha.

Entrei e me sentei na banqueta dando bom-dia para


Noêmia. Ela me olhou, sorrindo, e já foi logo me servindo
café com pão, como estou acostumado a comer quando
estou na casa de campo.

Tenho certeza de que o pão foi ela quem fez, porque


não costumo comer pão caseiro, como mais integral. Ela se
aproximou, parando ao meu lado, cortando o pão, que saiu
fumaça, estava quentinho, e o cheiro, delicioso.

Lembrei-me logo dos cafés da manhã no campo, em


pouco tempo, matarei a saudades, pois mês que vem irei
para lá, é tempo da colheita das uvas. Dessa vez, não irei
sozinho, levarei os meus filhos comigo, quero que eles
tenham o mesmo amor que o pai deles tem pela vida no
campo e pelos negócios da família.

Quando meu pai se foi, eu e meus irmãos não


deixamos que os negócios acabassem, ao contrário,
cuidamos tão bem que tivemos que contratar mais
funcionários para a fábrica de vinhos.

— Acordou que horas para dar tempo de fazer pão


para o café da manhã? — Passei manteiga no pedaço que
ela me deu, experimentando, e soprei o pedaço ainda na
boca. Ela sorriu balançando a cabeça.
— Nunca perde a mania de comer algo sem esfriar
primeiro — brigou, se sentando ao meu lado. Senti que
queria dizer algo, ela sempre diz o que pensa, mesmo que
não tenha falado nada e nem pedido conselhos, mesmo
assim ela fala.

— Sabe que eu não consigo dormir até tarde, resolvi


me levantar e preparar o café matinal — disse, me olhando.
Fiquei esperando-a começar a falar.

— Eu não quero me meter em sua vida, meu menino,


mas também não vou me fingir de cega. Vi você saindo do
quarto da babá ontem à noite. Admito que ela é linda,
jovem e ama os seus filhos, mas será que a história não está
se repetindo? Não responda nada para mim, pense bem, se
acredita que está gostando da moça de verdade, saberá.
Você merece muito ser feliz, Lorenzo, encontrar alguém que
te ame, ame os seus filhos — disse, se levantando, abrindo
o forno e tirando de dentro um bolo de chocolate, balancei a
cabeça, ela não dormiu, e vai me tirar da dieta, pois ela não
faz bolo sem glúten, diz que são sem gosto.

— Não sei bem o que estou sentindo por ela. Sofia


desperta algo bom em mim. Não é só porque os meus filhos
gostam dela, eu também gosto, mas tudo é tão confuso. Não
quero magoar ninguém, e nós dois somos adultos. E ela é a
minha funcionária, só que mexe comigo de uma forma que
nenhuma outra mexeu, nem a mãe dos meus filhos
conseguiu penetrar o meu coração — afirmei e escutei
passos chegando na cozinha, eram os meus filhos e Sofia,
eles já estavam de banho tomado.

Quando me viram, correram, pedindo pão, peguei um


pedaço, e dei para cada um deles. Coloquei os dois em meu
colo e começaram a mexer nas coisas em cima da mesa.

— Bom dia, dona Noêmia. Bom dia, senhor Lorenzo —


nos cumprimentou.

Noêmia saiu da cozinha, dizendo que tomaria um


banho, pois estava com cheiro de ovos, fermento e suja de
farinha de trigo, mas logo retornaria à cozinha, pois fará
assado no forno que amamos comer, filé de cordeiro ao
molho madeira. Já também avisou Gianluca e Francesco,
para eles virem almoçar conosco.

— Tome café, Sofia, Noêmia fez pão caseiro — disse,


olhando-a, que sorriu, baixando o olhar.

Seus cabelos estavam presos, ela usava um vestido


rosa, que ia até os pés.

Gael derrubou a faca de passar manteiga, ela se


abaixou para pegar, senti o cheiro do seu perfume quando
se levantou, ficando perto de mim.

— Fifia — Pietro começou a chamar por Sofia.

— Oi, meu amor — falou perto dele, não sei se o


coração pode bater mais rápido, mas o meu está galopando
no meu peito. Não consigo deixar de olhá-la quando está tão
perto de mim, me causando sensações indescritíveis.

— Prepararei algo para eles comerem. Tem como você


ir até a sala de estar e pegar as cadeirinhas deles? — pedi.

Após Sofia voltar, coloquei os dois em suas cadeirinhas


e preparei algo. Fiz ovos mexidos, cortei algumas frutas e
servi o suco de uva que Noêmia trouxe para eles. Peguei
também a geleia de uva e o doce. Sei que Sofia gostou
muito. Cortei dois pedaços do pão caseiro e passei
manteiga, levei para a mesa e começamos a comer.

Não sei o que deu em mim, mas imaginei sermos uma


família e comecei a interagir mais com Sofia. Perguntei-lhe o
que ela mais gostava de comer. Ela me disse que ama a
comida da avó, feijão arroz, bife e batata frita e, aos finais
de semanas, sopa de legumes com pão de alho. Deu-me até
vontade de comer, pedirei a Cida para preparar para o jantar
amanhã. Por vezes, olhava-lhe e ficava difícil tirar os meus
olhos dela, às vezes, ela me olhava, ria e baixava a cabeça.

Ela é inocente e, ao mesmo tempo, tão experiente.


Adoro quando as bochechas dela coram, ou quando ela me
olha encabulada com algo que eu disse. Preciso tê-la na
minha cama ou ficarei doente com as bolas do saco
doloridas. Mas que pensamento idiota foi esse?

— E você? — perguntou, limpando a boca dos


meninos.
A cena me fez suspirar devagarinho. Eles já estavam
familiarizados com ela. Era tão lindo ver os cuidados que ela
tinha com eles. Meus filhos amavam a babá, e eu estava me
encantando por ela.

— Como de tudo praticamente, mas massas são as


minhas preferidas. Quando os meus pais eram vivos, a
minha mãe sempre cozinhava aos finais de semana —
relatei, sentindo um misto de saudades deles.

— Sinto muito pelos seus pais, até hoje sinto a falta


dos meus. Meus avós sempre fizeram de tudo para que eu
não sentisse tanta falta deles, mas não teve nada que me
fizesse esquecê-los um dia sequer. Amo os meus avós, sou
grata por tudo. Não vejo a hora de retribuir tudo que fizeram
por mim. Por falar neles, depois ligarei para saber se eles já
chegaram do retiro. Estou morrendo de saudades. —
Terminou de falar.

— Sadade — Gael repetiu, nos fazendo gargalhar.

Pietro repetiu a mesma coisa. Estavam tão sapecas.

Estacionei o carro no estacionamento do shopping,


Noêmia não quis vir, foi para a casa do Gianluca fazer o pão
caseiro para ele, pois meu irmão reclamou que ela só faz as
coisas para mim, ele é muito ciumento.
Decidi passear um pouco com os meus filhos, já era de
tardinha, almoçamos em casa, mesmo em clima de família,
meus irmãos sempre fazendo gracinhas comigo. Os gêmeos
dormiram e só acordaram quase cinco horas da tarde. 

No shopping, eles corriam na nossa frente, eles adoram


sair de casa. Percebi que os meninos estão crescendo e as
roupas estão ficando pequenas demais.

Algumas pessoas passavam por mim e Sofia e ficavam


nos olhando. Acho que estavam imaginando que éramos
namorados ou casados. Como venho muito nesse shopping
desde que as crianças eram bebês de colo, alguns
vendedores já nos conheciam.

Entrei na loja que estou acostumado a comprar as


roupas deles. Eles estavam empolgados, andavam rápidos e
nos faziam correr atrás deles. Com ajuda da vendedora,
começamos a escolher algumas peças para as idades deles.

 Como adoram estampas com desenhos que assistem,


pegamos várias. Depois das compras, os levei para
brincarem no parquinho. Enquanto Sofia os olhava, fui até a
sorveteria e comprei dois sorvetes. Ficamos sentados ao
mesmo tempo em que eles brincavam na piscina de
bolinha. Sei que tem uma pessoa para ficar de olhos nas
crianças, mas não conseguia parar de observá-los.

— Adoro sorvete de morango com calda do mesmo


sabor, fica um gosto delicioso — disse, depois de lamber
um pouco do sorvete dela, que era de chocolate.
— Se eu soubesse, teria escolhido esse sabor, mas,
como sou chocólatra, trouxe o mesmo sabor para você, mas
depois podemos tomar de morango com calda.

— Pelo que eu soube, alguém começaria a fazer dieta


— brincou, me fazendo ri também. 

— A dieta começa amanhã, hoje posso comer o que


quiser. O que acha de irmos ao McDonald’s? — Ela sorriu,
fazendo hum!

Peguei os meninos no parquinho, eles choraram um


pouco, porque não queria sair da piscina de bolinha, mas
logo pararam de chorar quando chegamos ao McDonald’s.
Pedi a Sofia que colocasse as sacolas com as compras ao
nosso lado no chão. Eram três sacolas só de roupas para os
dois.

Nossos pedidos chegaram, dei batatas fritas para cada


um dos meninos, e Sofia e eu comeríamos hambúrguer.
Sabe quando foi que comi hambúrguer? Tem mais de ano.
Então, comerei sem culpa.

Dei um pedaço para os dois pidões, que pediram milk-


shake também, e Sofia ajudou os dois tomarem. Eles
estavam com a boca toda suja de maionese e ketchup, só
hoje eles irão comer isso. Prometi a mim mesmo em
pensamento. Já era quase oito horas da noite quando saímos
do shopping, as crianças dormiam em suas cadeirinhas.
Olhei para o retrovisor, e Sofia estava no celular digitando
mensagens.
— Está tudo bem? — inquiri quando parei no sinal.
Ela suspendeu o olhar e respondeu.

— Está sim. Meus avós já estão em casa. Estou


pensando em ir vê-los. O senhor pode parar, mais à frente
tem um ponto de ônibus. Pela manhã, volto — pediu, me
fazendo murchar. Assim que os meninos dormissem, iria até
o seu quarto, mas acredito que pensando dessa forma soa
até egoísta.

— Só me diz o endereço para pôr no GPS que deixo


você lá — falei.

Ela sorriu e agradeceu. Menos de vinte minutos, parei o


carro em frente a uma casa de cercas brancas. Ao se
despedir das crianças, abriu a porta e saiu. Chamei-a,
abrindo a porta do carona. Não iria me contentar ir para a
casa sem antes beijá-la. Assim que ela entrou, mirei os
meus olhos nos dela. No começo, ela ficou confusa, mas,
assim que levei os meus lábios até os dela, se entregou ao
beijo. Nossas línguas duelavam, realizando pequenos
barulhos.

Sem resistir, enrolei os meus dedos em seus cabelos e


puxei a sua cabeça mais para perto, chupando seus lábios.
Eu queria mais, muito mais. Só paramos o beijo quando o ar
já estava nos faltando.

— Eu não consigo estar perto de você sem beijá-la;


está me deixando louco. — afirmei, olhando em seus olhos.
— Sinto a mesma coisa em relação ao senhor, mas não
é certo o que andamos fazendo. O senhor é o meu chefe. Se
alguém nos vir, eu não sei nem o que pensar. Não quero
ficar mal falada na sua casa — alegou.

— Quanto a isso, não se preocupe. Não deixarei


ninguém falar mal de você na minha casa. Meus
empregados fazem intrigas, pois sabem que eu não aceito
esse tipo de comportamento de nenhum deles. Não quero
que fique pensando que estou de alguma forma te usando.
Confesso que estou encantando por você. Se hoje você não
fosse dormir na casa dos seus avós, dormiria comigo —
falei, cheirando o seu pescoço, a senti se remexer no banco.

— Senhor, tenho que entrar. A minha avó pode ver o


carro parado e vir até o portão, tenho certeza de que ela não
irá gostar de me ver dentro de um carro com os vidros
escuros e com um homem, mesmo sendo meu chefe —
disse, me olhando com as bochechas coradas.

— Tudo bem, mas saiba que te esperarei amanhã. —


Ela assentiu e saiu. Fiquei a esperando entrar na casa dos
avós e segui com o carro.

Durante o trajeto de volta para casa, fiquei pensando


em tudo o que está acontecendo comigo. Preciso desabafar
com os meus irmãos, eles irão me aconselhar melhor sobre
tudo isso. Ou vão rir da minha cara, tenho certeza de que
vão.
Assim que estacionei o carro na garagem, peguei
primeiro Gael e o levei para o quarto, depois voltei para
pegar Pietro, eles estão tão pesados.

Após tirar os tênis deles, verifiquei as fraldas para


trocar, não iria acordá-los agora. Mais tarde eles acordarão
com fome. Depois de trocar as fraldas e cobrir cada um,
peguei as sacolas com as compras, deixando em cima do
trocador de fraldas amanhã, peço para Janaína arrumar no
closet deles e direi para separar as que não dão mais neles
para doação. Na igreja dela, eles sempre estão precisando
de doações, tanto de roupas, como de calçados.

Entrei no meu quarto pensativo, amanhã, na empresa,


conversarei com os meus irmãos. Eles são os meus melhores
amigos e tenho certeza de que, fora as brincadeiras, eles só
querem me ver feliz.

Acordei e comecei a me alongar, como prometi a mim


mesmo que iria cuidar mais de mim, já estava vestido com
uma bermuda de malhar e camiseta. Saí do quarto, ainda
era muito cedo, Noêmia já estava acordada e pedi a ela que
ficasse de olho nas crianças, caso elas acordassem. Sofia já
deve estar chegando. Ela me disse para eu ir sossegado,
pois adora cuidar dos netinhos dela. Meus filhos são uns
sortudos, tem a melhor avó do coração de todas, ela não é
avó deles de sangue, mas não importa. Eles a amam.
A academia era no condomínio mesmo, iria
caminhando para me aquecer. Aproveitei e comecei a correr,
cheguei na academia e entrei, já falei com o personal trainer
antes e, assim que me viu, começou a me dizer quais eram
os tipos de exercícios que iria fazer de início. Para começo,
fui para a esteira e comecei a caminhar em seguida correr.
Já corri praticamente dez quilômetros e parei, olhando as
horas no relógio. Bebi a água toda da minha garrafa e
percebi uma loira me olhando sorrindo, não a conhecia, mas
também não iria ficar de cara fechada. Sorri de volta, saindo
da academia.

Ao voltar para casa, o sol já estava quente, coloquei os


meus óculos escuros e segui andando. Chegando, subi os
dois degraus que dava acesso à porta da minha casa, abri e
entrei, fui direto para o meu quarto tomar um banho e me
arrumar para ir para a empresa.

Hoje teria uma reunião com o pessoal do marketing,


precisamos de novas estratégias de desenvolvimento para
alcançar novos clientes.

Comecei dando o nó na gravata, em seguida, pus o


terno, abotoei os dois botões e penteei os cabelos. Olhei-me
um pouco mais no espelho, peguei meu perfume, passei um
pouco. Peguei o meu celular, colocando no bolso da calça
social, e saí para tomar café.

Ao passar pelo quarto dos meus filhos, ouvi risadas,


eles já estavam acordados, fazendo bagunça. Abri a porta,
eles estavam só de cuecas, correndo atrás da Sofia, que
estava com um lençol na cabeça. Fiquei observando a cena
e comecei a rir quando eles conseguiram pegá-la,
derrubando-a no chão, subindo em cima dela, que
gargalhava tão gostoso que me deu vontade de me jogar no
chão também e sorrir. Eles me viram e saíram de cima dela,
correndo na direção onde eu estava.

— Papa. — Os dois abraçaram a minha perna. Abaixei-


me, ficando na altura deles. Sofia se aproximou e nos
encaramos por um breve segundo.

— Papai trabalhará. Só passei para dizer que amo


vocês e se comportem. — Beijei a cabeça dos dois, que
queriam colo. Deixei minha pasta no chão e me levantei os
dois no colo, que riram, puxando a minha gravata. Em
seguida, abraçaram o meu pescoço e cada um deitou a
cabeça em meu ombro.

— Eles já tomaram café e banho também. Estava


vestindo as roupas deles para caminharmos um pouco na
pracinha. Se não for problema para o senhor — avisou, me
olhando, notei seu olhar um pouco triste. Será que
aconteceu algo com ela ou seus avós?

— Não tem problema. Pode levá-los sim, contanto que


o segurança vá com vocês. Vou enviar mensagem agora
mesmo, avisando. Agora preciso ir, meus amores, ainda vou
tomar café, papai ama vocês e vou morrer de saudades.
Coloquei os dois no chão, que começaram a chorar,
mas logo Sofia disse que os dois iriam brincar no
escorregador, eles ficaram animados e me esqueceram.

— Estou indo, qualquer coisa, estou no celular. —


Olhei em seus olhos, minha vontade era de beijá-la, mas
virei as costas e saí.

A mesa do café estava farta, Noêmia apareceu para me


dar bom-dia. Amanhã, quando ela for embora, sentirei falta
dela, ela mima todos nós.

Luís já estava com o carro pronto e saímos mais cedo


para não pegar trânsito.

Cheguei na empresa e pedi a minha secretária, dona


Cecília, para me passar a agenda de hoje. Como previsto, às
dez horas, a reunião começará, olhei no relógio e faltavam
dez minutos para começar. Uma batida na porta e logo os
meus irmãos entraram. Olharam-me como se nunca tivesse
me visto.

— Aconteceu alguma coisa? Vocês estão me olhando


de um jeito estranho — indaguei, desconfiado.

— Um passarinho verde nos contou que tem alguém


innamorato — Gianluca disse, cutucando Francesco.

— Então esse passarinho está inventando coisas.


Vamos para a reunião? — quis mudar de assunto.
— Por que está fugindo do assunto? É só nos contar,
fratello mio. É a babá dos seus bambinos? — Francesco se
aproximou, perguntando. Olhei- os e sorri.

— No almoço, conto tudo. Mas já vou logo avisando,


não quero saber de gracinha e nem zoação. Do contrário,
corto relações com os dois. Agora vamos para a reunião. —
Sorrindo, eles deram dois tapinhas nas minhas costas e
saímos.

Entramos na sala de reunião e já estava tudo


preparado, o pessoal do marketing já chegou e estava
apenas nos aguardando.

— Bom dia! — cumprimentamos o pessoal e nos


sentamos.

— Este ano, como esperado, batemos recordes de


vendas on-line, criamos conteúdo nas redes sociais com
fotos das bebidas e vídeos com dicas do nosso sommelier, o
senhor Gianluca, que agradou bastante os nossos
consumidores. O perfil da loja Vinhos Del Fiore tem crescido
absurdamente. Com base no mercado, o que pretendemos
fazer nada mais é continuar. Como estão observando pelos
gráficos, as vendas só crescem — Danilo, o gerente de
marketing, falava, apontando para os gráficos no painel. —
Este ano crescemos bastante na plataforma digital. 

Vibramos com as muitas vendas da nossa loja on-line .


A tela do meu celular piscou, era da câmera da babá
eletrônica, gosto de ficar observando os meus filhos quando
estou na hora do almoço ou em minha sala, sem nada para
fazer. Peguei o copo d’água a minha frente, levei aos lábios,
bebendo um pouco, abrindo a câmera, cuspi a água para
fora, tossindo sem parar, minha camisa social e meu terno
ficaram todos molhados.

Na hora em que a câmera abriu, focou em Sofia, ela


estava em seu quarto, de costas, usando um vestido, seus
cabelos soltos caíam em sua cintura, ela estava usando uma
calcinha minúscula, deixando seu bumbum lindo totalmente
à mostra. No fundo, os meus filhos fazendo barulho. Pela
imagem, eles estavam em seu quarto. Ela nem deve ter
percebido a câmera ligada. Em casa, para onde ela vai, tem
que levar a babá eletrônica, pois sabe que gosto de ver os
meus filhos.

— Está melhor agora? — Francesco perguntou,


batendo nas minhas costas.

— Consegue respirar? — Gianluca também


questionou, preocupado.

O pessoal do marketing saiu me desejando melhoras.


Fiquei com o rosto pegando fogo. De repente, todo o meu
corpo ficou dolorido.

— Estou melhor, engasguei-me bebendo água, isso já


aconteceu quando eu era criança. Lembram? Vou para a
minha sala trocar de roupas, devo ter um par de ternos no
meu banheiro. Estou bem — afirmei mais uma vez, me
levantando.
Tenho certeza de que os meus irmãos ficaram sem
entender nada. É bom que eles nem entendam mesmo.
Acabarei morrendo se continuar desse jeito. Agora a
imagem de Sofia apenas de calcinha não sairá da minha
cabeça pela tarde toda.
Capítulo 10
Sofia
Um mês depois…
Na sexta-feira à noite, me despedi dos meus avós com
um aperto enorme no peito. Meu avô me disse que a minha
avó teve uma queda de pressão quando estavam voltando
do retiro no mês passado. Ele ficou bastante preocupado
com ela, mas, graças a Deus, foi só um susto mesmo, ela foi
ao médico, que passou exames de sangue. Ela realizou e
deu uma pré-hipertensão, que tem que se cuidar para não
se agravar mais, apenas mandou-a fazer uma caminhada
pela manhã, cuidar mais da alimentação e passou uma
medicação.

Meu avô disse que ele vai com ela caminhar, eles
acordam mais cedo e vão caminhando até a praça, depois
ele vai para o trabalho. Quando saio da faculdade na sexta-
feira, já vou direto para a casa deles e, no sábado, saímos
para o centro de convivência dos idosos, onde ela faz
natação e aulas de zumba. Foi ótimo para ela, porque fez
novas amizades. Então, ela está melhorando a cada dia.

Neste exato momento, estamos embarcando no jato


particular do meu chefe, vamos para a colheita das uvas em
sua vinícola. Quando ele disse que eu precisava acompanhá-
lo, quase não acreditei, pensei que ele fosse me dispensar,
pois lá tem a Noêmia e as outras empregadas. Disse que
quer que os filhos conheçam o lugar, porque, daqui a uns
anos, eles herdarão tudo, e perguntou se eu poderia
acompanhá-lo. Confesso que fiquei indecisa, é um lugar
desconhecido para mim, mas sou a babá dos filhos dele,
então, decidi vir. Senti um frio na barriga quando o jato
decolou, para falar a verdade, nunca andei de avião,
imagina um jato particular, onde estão apenas o piloto, o
copiloto, eu, meu chefe e os bebês. Por falar no meu chefe,
estamos cada dia mais apegados um ao outro. Teve uma
noite que ele me levou para o seu quarto e me fez ter três
orgasmos que eu jamais imaginaria que poderia ter. Claro
que eu já tive orgasmo, não é porque sou virgem que nunca
tive, mas outra pessoa te proporcionando aquilo, é mil vezes
maravilhoso. Só não fomos aos finalmente ainda porque
sempre as crianças acordam, ou acontece algo. Não contei a
ele que sou virgem, não tive coragem. E também tive medo,
porque ele é grande, muito grande, mas sei que é bobagem
da minha parte. Sinto tanta vontade de me entregar que às
vezes nem consigo dormir. Meu corpo pega fogo só de
imaginar as suas mãos percorrendo cada canto e minha pele
se arrepia a cada toque dele. Espantei o pensamento
quando Lorenzo se virou e me olhou, franzindo a testa, ele
estava de óculos de grau, e confesso ficar irresistível,
completamente sexy. Ele estava no assento da frente com
os filhos, que estavam dormindo.

— Está com medo? — sussurrou, perguntando.

— Um pouco — respondi, sentindo um frio na barriga,


pois só a sua voz me causou arrepios.

Sem eu esperar, ele colocou a mão para trás para pegar


na minha. Segurei a sua mão, e ele começou a fazer carinho
nos meus dedos, me dando conforto. Só esse pequeno gesto
me deixou calma, mas com o corpo pegando fogo. Lorenzo
ficou segurando a minha mão até que o jato pousasse.

Assim que pousamos em sua propriedade, alguns


seguranças apareceram e ajudaram. Ajudei Lorenzo com
crianças, enquanto outras pessoas carregavam as malas.
Confesso que, assim que desci, inspirei o ar puro do campo,
o vento bagunçava os meus cabelos. Tudo aqui é lindo, é
terra que se perde de vista. Colocamos as crianças no chão e
eles saíram correndo em meio à grama verde. Era novidade
para eles este tipo de lugar.

— Esse lugar é tão lindo e calmo. Só de estar


caminhando por essa grama verde e macia me sinto tão
livre que tenho até vontade de sair correndo com os braços
abertos, permitindo que o vento açoite o meu rosto —
disse, olhando para Lorenzo, agora ele estava usando óculos
escuros, ficando parecido aqueles príncipes dos filmes
românticos.

— Então corra. Abra os braços e sinta o vento frio


golpear o seu rosto — falou, me incentivando, me senti que
nem uma criança e corri com os braços abertos gritando.

As crianças correram atrás de mim, achando graça.


Parei e olhei a imensidão de pés de uvas, eram tantas que
seria impossível contá-las. Suspirei, sentindo a brisa ficar
mais forte. Pegamos nas mãos das crianças e entramos na
casa, não deixei de prestar atenção em tudo. Era enorme por
dentro e bem confortável, uma piscina grande, que duvido
muito que seja usada.

Noêmia nos recebeu com muita alegria. Abraçou as


crianças, em seguida, me abraçou. Depois começou a falar
com Lorenzo, como se fosse mãe dele, sempre o tratando
com muito amor e carinho, pois, quando veio trabalhar para
a família, eles ainda eram pequenos. Depois ela me levou
para o quarto que irei ficar. Os meninos ficarão com o pai no
quarto do Lorenzo. Deixei a minha mala em um canto, nem
vou desfazê-la, depois terei que arrumar tudo novamente,
avisei que iria tomar um banho e pôr uma roupa confortável.
Ela saiu dizendo que ia preparar o almoço.

Depois do banho, coloquei uma legging, uma blusa


longa e prendi os cabelos. Peguei as minhas sandálias na
mala e as calcei, saindo do quarto para cuidar das crianças.
Chegando na sala, eles estavam sentadinhos, tomando suco
de uva na mamadeira.

Lorenzo estava ao lado deles, ele tomou banho, seus


cabelos estavam molhados. Ao me aproximar, senti o cheiro
do seu perfume, me sentei no outro sofá. A televisão estava
ligada e passava desenhos.

— Depois do almoço, sairei para resolver alguns


assuntos com o Inácio, o administrador da vinícola. As
crianças, com certeza, dormirão depois. Noêmia estará
disponível para qualquer coisa — disse, me olhando.

— Sim, senhor — concordei, me levantando para


pegar as mamadeiras, os bebês acabaram de tomar todo o
suco.

Poucos minutos depois, o almoço saiu. Dona Noêmia


pediu para a outra empregada servir na sala de estar. Já
tinha duas cadeirinhas para as crianças, ajudei a colocá-los,
em seguida, começamos a comer. Eles não comeram toda a
comida, pois já tinham comido outras coisas, fora o suco.

A comida estava deliciosa. Terminamos de comer e fui


pôr as crianças para dormir, antes dei banho. Assim que os
coloquei na cama, dormiram logo.

Como nada tinha para fazer, decidi ligar para a minha


avó. Andei até a varanda que ficava no quarto, a vista era
maravilhosa, suspirei, olhando para o horizonte, que lugar
lindo. Comecei a conversar com a minha avó, descrevendo
como era a vinícola. Ela disse que, pela descrição, parecia
com as vinícolas da Itália.

Após encerrar a ligação, resolvi ir até onde dona


Noêmia estava. As crianças não acordariam agora. Deixei a
babá eletrônica no quarto, se caso acordassem antes da
hora, ficaria sabendo. Encontrei a senhora na cozinha,
ajudando a outra empregada a preparar bolo. Quando me
viu, sorriu.

— Sofia, chegou em boa hora. Estamos preparando o


bolo que o Lorenzo ama. Bolo de chocolate, também estou
fazendo doces de uva, amanhã vou pôr na venda. À noite,
terá a festa e sempre vende bem. Vem, prove um pouco —
disse, colocando a colher na vasilha do doce, me
entregando, soprei e comecei a comer. Era muito delicioso.

— Tenho certeza de que a minha avó iria gostar muito


desses doces. Ela ama qualquer tipo de doce — comentei,
lambendo a colher.

— Pois irei fazer três compotas para você levar para ela
— avisou carinhosamente, sorri e agradeci.

Fiquei observando-as cozinharem. Quando o bolo


esfriou, comi um pedacinho. Tenho certeza de que, se
ficasse um mês aqui, voltaria para casa rolando.

Por volta das cinco da tarde, Lorenzo chegou, eu e as


crianças estávamos na varanda, ele me disse que iria levar
os filhos até onde os trabalhadores estavam fazendo a
colheita das uvas e eu fui junto.

Como dona Noêmia pediu, trouxe uma manta e uma


cesta com águas, sucos e bolo. Era um piquenique, não sei
se é impressão minha, mas sinto que ela está, de alguma
forma, tramando algo, porque sempre dá um jeito de me
deixar a sós com Lorenzo. E hoje disse que as crianças
dormirão com ela, para mim e Lorenzo, aproveitarmos a
festa. Suponho que ela esqueceu que sou a babá.

Ao chegar próximo a alguns pés de uvas, estendi a


manta debaixo da sombra e coloquei a cesta em cima da
manta. As crianças começaram a brincar, eles estavam
aproveitando a vida no campo. Lorenzo foi até uma parreira
e colheu dois cachos de uvas, lavando-os. Eu estava sentada
e fui surpreendida, ele estendeu a mão até a minha boca, e
eu abri, comendo as uvas, eram docinhas e suculentas. Sei
que não era o certo, pois as crianças estavam por perto, mas
ele me beijou, o gosto dos seus lábios estavam com o gosto
das uvas. Sua língua começou a passear dentro da minha
boca, então, sem me controlar, coloquei as mãos em seu
pescoço e gemi, mas fomos interrompidos por duas crianças
que se jogaram em cima de nós.

Lorenzo caiu para trás com eles e me levou junto.


Ficamos deitados ouvindo apenas os dois gritarem e
sorrirem. Em seguida, ele me olhou com os olhos em
chamas. Se hoje ele for para o meu quarto, tenho certeza de
que me entregaria a ele.
— Por que está me olhando desse jeito? — quis saber,
envergonhada.

— Porque eu não consigo mais ficar perto de você e


não te provar por inteiro — respondeu com a voz baixa e
rouca. As crianças se levantaram, e ele entregou a
mamadeira de suco para eles.

  — Quero você por inteiro — chegou bem perto do


meu ouvido e disse bem baixo, deixando os cabelos da
minha nuca eriçados.

  — Quero provar o gosto da sua boceta. Em seguida,


enterrarei meu pau todo dentro dela, e não pararei até você
gritar o meu nome. — Tenho certeza de que os meus olhos
aumentaram de tamanho, minha respiração até falhou. Eu
nunca ouvi isso antes.

— O que foi, não gostou da forma como disse? Estou


apenas te dizendo a verdade. Tem noite que nem consigo
dormir, fico tão duro que chega a doer. — Minha nossa, ele
não tem um pingo de pudor em me dizer uma coisa dessas!

— Gostei, é que ninguém nunca tinha me falado umas


coisas dessas antes, e ouvir da boca do senhor… digo de
você, soa estranho. O senhor é o meu chefe — desabafei.

— Esqueça isso. Entre nós dois, não existe chefe e


funcionária. Existe um homem e uma mulher que querem
transar um com outro. Ou estou enganado? — falou, me
encarando.
— Não está. Como disse, tenho medo do que os outros
irão pensar. — Terminei de falar e olhei para onde as
crianças estavam.

— O que os outros irão pensar é problema deles. Agora


vamos voltar para casa. À noite, vamos para a festa nos
divertir.

Ainda bem que eu trouxe esse vestido, nem foi


intencional, nem nada. É que acho ele muito lindo. É azul e
tem uma fenda na perna, deixando uma das coxas à mostra.
Usei uma vez no casamento da filha da nossa vizinha. Após
terminar de me vestir, me olhei no espelho, eu estava linda.
Sorri de mim mesma, eu estava parecendo uma boba. Passei
apenas uma base no rosto, fiz um delineado, um batom
clarinho, calcei uma sapatilha, não trouxe saltos altos, e saí.

As crianças já tinham dormido e dona Noêmia já foi


para o quarto. Eu estava nervosa, hoje me entregarei para o
homem que estou apaixonada. E tenho certeza de que será
lindo. Pelo que percebo e sinto, ele também gosta de mim.

Cheguei na sala onde Lorenzo estava me esperando.


Ele segurava uma taça de vinho na mão. Estava vestido
casualmente, com uma calça jeans e uma camisa cor-de-
vinho, de mangas longas. Quando sentiu a minha presença,
se virou sorrindo, caminhou para perto de mim e parou.
— Você está muito linda. Aliás, você é linda, mas hoje
está mais — elogiou e, em seguida, beijou o meu rosto.
Meu corpo todo entrou em alerta, senti arrepios na coluna
quando sua mão pousou na minha cintura.

— Você também está muito bonito — elogiei de volta.

— Vamos, hoje quero dançar muito com você.


Aproveitar muito. — Segurou na minha mão e saímos.

Lorenzo abriu a porta do carro para eu entrar. Em


seguida, entrou.

— Coloca o cinto, a estrada é de barro, com vários


buracos, e vamos sacudir muito até chegar à sede onde está
acontecendo a festa.

Lorenzo estacionou o carro e abriu a porta para eu sair.


Saí do carro um pouco envergonhada, porque as pessoas
não tiravam os olhos de mim. Com certeza elas estavam
supondo que eu era sua namorada ou esposa.

— Nosso patrãozinho chegou! — um homem alto,


com os cabelos brancos, disse e as pessoas começaram a
aplaudir, nos servindo vinho e comida.

Em poucos minutos, eu já me sentia à vontade, as


pessoas são muito alegres e receptivas, sempre me
oferecendo algo. Pela primeira vez, pude apreciar de perto
as pessoas pisando nas uvas e dançando alegremente,
enquanto o suco caía em uma espécie de barril.
— Por que eles amassam as uvas com os pés? —
perguntei, interessada em saber.

— Porque o processo é mais eficaz que em um


maquinário, assim não agride as sementes e as cascas saem
separadas sem ser esmagadas, e dá o melhor vinho —
respondeu.

— Senhorita? Vem amassar as uvas — uma moça, que


devia ter a mesma idade que eu, me chamou. Neguei com a
cabeça, sorrindo.

— Vá, Sofia, não se nega um convite desse — Lorenzo


disse, piscando.

— Mas estou de vestido longo, vou me sujar toda —


argumentei.

— Oras, é só levantar a barra do vestido até o joelho.


— Ele estava se divertindo.

Sem alternativas, subi e entrei no tanque enorme.


Antes, higienizei bem os meus pés. A música tocava alto e
fui pisando nas uvas e, quando dei por mim, estava me
divertindo gargalhando. Lorenzo também não escapou, ele
entrou no tanque, segurou a minha mão e começamos a
pular, sentia meus pés todos melecados, mas foi divertido.

Depois de um tempo, saímos do tanque suados e com


muita sede. Tomei bastante água, já passava de meia-noite
quando eu e Lorenzo decidimos vir embora. Ao parar o carro
em frente à casa dele, comecemos a nos beijar.

O beijo começou lento e devagar saboreávamos a boca


um do outro. As mãos dele alisavam as minhas pernas e
foram subindo.

— Vamos sair daqui. Quero provar você e não quero


nada nos impedindo — disse, ainda me beijando.

Saímos do carro e entramos na varanda, estava um


pouco escura. Sem esperar, ele se atira para cima de mim,
me beijando novamente, prendendo o meu corpo contra a
parede, seus lábios desceram pelo meu pescoço e senti a
sua língua quando ele começou a lamber, estremeci quando
sugou a pele. Foi descendo a boca pelos meus seios e, como
o vestido era de alças finas, ele desceu uma delas, revelando
um dos meus seios. Devagar, rodeou o mamilo com a língua,
me fazendo gemer loucamente. Senti o seu pau aumentar
cada vez mais. Eu estava louca para me entregar a ele.

Lorenzo pegou a minha perna, a levantando para ter


mais acesso a minha bunda, e suspendeu o vestido; eu
estava usando uma calcinha minúscula. Começou a
acariciar a minha pele, apertando-a, enfiou a mão dentro do
meu vestido, então, senti todo o meu corpo responder ao
seu toque. Estou excitada, muito excitada.

Sem pressa, afastou o tecido da calcinha para o lado e


começou a esfregar o meu clitóris, então, comecei a rebolar
sentindo tantos desejos. Um gemido escapou da minha
boca, era mais um gemido de dor quando senti um dos seus
dedos me penetrar, eu estava molhada, mas, como ainda
era virgem, senti um pouco de dor. Lorenzo parou e me
olhou com olhos enormes.

— Você é virgem? — Não soou nem como uma


pergunta, era mais como frustração. Ajeitou a alça do meu
vestido rapidamente, como se eu tivesse dito algo proibido.

— Sim, eu sou! Mas tenho certeza de que quero me


entregar a você. Eu sempre esperei por alguém como você.
Estou pronta — afirmei, a expressão do seu rosto havia
mudado. Ele apenas me olhava, levou uma das mãos à
cabeça, mexeu no cabelo, e eu sabia que ele estava nervoso.

— Pode entrar, darei uma volta para aliviar um pouco a


mente — disse, saindo às pressas.

— Fiz algo de errado? Porque ainda não tenho muita


experiência, mas posso aprender. — Corri atrás dele,
tentando ouvir alguma explicação.

— Por favor, entre. Não venha atrás de mim. Só preciso


ficar sozinho — pediu e continuou andando em direção aos
parreirais.

Lágrimas caíram dos meus olhos, rolando pelas minhas


bochechas. Ele tinha me rejeitado. Não me queria. Entrei na
casa sem fazer barulho, corri para o meu quarto, fechando a
porta. Tomei um banho rápido e me deitei de roupão e tudo
na cama, soluçava baixinho. Ele não me quis, me recusou.
Capítulo 11
Sofia
Uma semana depois…
Eu não imaginava que um coração partido poderia doer
tanto. Ser rejeitada é mil vezes pior. Achei que meu chefe
estaria realmente apaixonado por mim, assim como me
apaixonei por ele, mas me iludi, eu sei. E só me resta juntar
os meus cacos e seguir com a minha vida de cabeça
erguida.

 Nunca tinha sofrido por amor, mas para tudo tem uma
primeira vez, não é mesmo? Nada melhor do que estar com
a minha família. Sei que eles estarão ao meu lado quando
eu precisar.

Quando chegamos da viagem, acreditei que as coisas


entre mim e meu chefe fossem melhorar, mas foi puro
engano meu. Ele só não mudou comigo, como me evita o
tempo todo. Tudo entre nós dois ficou estranho quando ele
descobriu que ainda sou virgem. Não falou mais comigo,
chegou pela madrugada bêbado, eu não vi, quem viu foi
Noêmia, e ela me contou quando acordei de manhã e não o
vi. Ele só foi acordar mais tarde e, no outro dia, voltamos
para sua casa, e o clima no jatinho foi o pior possível.

Já na sua casa, foi pior ainda, ele sempre chegando


tarde do trabalho e saindo muito cedo, só falava comigo o
mínimo possível. Ainda tentei conversar com ele. Quando
cheguei da faculdade, fui até o seu quarto, e não o
encontrei. Fui até o quarto das crianças e ele estava lá
dormindo com os filhos no sofá-cama. De repente me senti
tão sozinha e isso foi a gota d’água, ele tinha me magoado,
e eu não ficaria mais aqui para sofrer mais. Sim, é frustrante
isso tudo.

O que tem me dado forças são as crianças, que não


têm culpa de nada pelo pai agir dessa forma comigo.
Acredito que ele só quis brincar comigo, na verdade, no
começo, pensei que era isso mesmo, mas ele foi ganhando a
minha confiança, me fazendo ser especial, única, e
realmente acreditei que ele fosse se apaixonar por mim. Mas
me enganei completamente.

A casa se tornou silenciosa, não se vê mais o meu chefe


correndo pela casa com os filhos nas costas, na sala
conversando comigo, ou me agarrando no corredor e me
levando para o seu quarto, não tem mais ele na cozinha
fazendo massa e me mandando mensagem avisando que já
está pronta. Não tem mais beijos com gosto de vinho. O que
restou foi apenas um coração quebrado.

Como hoje é sexta-feira e, durante a semana, estava


sendo evitada, decidi que era melhor ir embora, me demitir,
deixar uma carta. Já que não o vejo durante o dia, nem à
noite. Foi a decisão mais difícil que já tomei na vida.
Escreverei a carta depois de as crianças dormirem, não
quero que elas me vejam chorando. Elas sentem quando
estou triste, querem ficar no meu colo com a cabeça deitada
em meu peito. Não queria ter que deixá-los, mas não me
resta opção.

Após eles almoçarem, fui fazê-los dormirem. Janaína


anda desconfiada, porque não fico mais tagarelando na
cozinha com ela. Decidi aceitar de vez o meu papel nessa
casa. Me concentrei apenas nas crianças.

Por volta das dezessete horas e trinta minutos, já tinha


escrito a carta, claro que o papel molhou um pouco com as
minhas lágrimas, mas, enfim, escrevi tudo que sentia. Fui
até o seu quarto e coloquei em cima da mesinha ao lado dos
livros, fica mais fácil de ele ver.

Por incrível que pareça, o senhor Gianluca apareceu


rapidamente e levou as crianças, afirmando já ter falado
com o pai deles antes, achei estranho, mas não disse nada.
Sei que percebeu o meu jeito, ele até tentou arrancar algo
de mim, mas fui bem discreta. Então, ele não insistiu, com
certeza o irmão deve ter contado para eles o que aconteceu
na vinícola.

Meia hora depois, já havia tomado o meu banho e tinha


colocado as minhas roupas na mala. Ouvi a campainha
tocando, mas não fiquei para saber quem era. Poucos
minutos depois, peguei a minha mochila e saí do quarto
fechando a porta devagar. Olhei ao redor do corredor,
sentindo uma tristeza tão grande, eu já tinha me
acostumado a morar aqui.
Não me permiti chorar, eu já tinha chorado muito.
Contudo, assim que passei pelo escritório do Lorenzo, ouvi a
sua voz, não sabia que ele já estava em casa. Não ia parar,
iria descer a escada sem ao menos olhar para trás, mas uma
voz feminina e com bastante ironia me fez parar e escutar o
que dizia.

“Pelo que soube, continua preferindo as empregadas. Já


que a mãe das crianças era arrumadeira da casa de campo.
Agora se envolveu com a babá dos seus filhos”.

Não fiquei esperando-o rir da fala da mulher, ou


concordar com ela, desci as escadas apressadamente. Do
lado de fora da casa, seu Luís me viu, quis me ajudar com a
mala, mas agradeci e disse que não era preciso ele me levar
para a faculdade. Ele ainda insistiu dizendo que o senhor
Lorenzo não iria gostar. Mas quer saber? Eu não estava nem
aí para o senhor Lorenzo.

Dei as costas para ele e saí andando pela rua vazia,


chorando muito, quem não choraria ouvindo o que eu ouvi?
Então ele é acostumado a brincar com as empregadas da
casa? Assim que passei pela guarita, avistei um táxi e dei
com a mão, fazendo-o parar, falei o meu endereço assim
que entrei.

Do jeito que eu estava, não iria para a faculdade. Fui


para casa, tenho certeza de que lá serei acolhida. Durante a
viagem, chorei tudo o que tinha que chorar, enxuguei o meu
rosto, paguei ao motorista e saí puxando a mala.
Abri o portão e segui para dentro de casa, suponho que
o meu avô ainda não deve ter chegado do trabalho. Bati na
porta e minha avó abriu. Mesmo sem eu dizer nada, ela
sentiu que não estava nada bem comigo. Sorriu, me
ajudando com a mala. Sem fazer perguntas, fomos para o
meu quarto.

— O que aconteceu, filha? Sei que não está bem, foi


demitida? — Antes fosse isso.

Levantei-me e fui para perto da janela, olhei para fora,


já estava escurecendo. Não sei se era bom contar para a
minha avó, ela ainda estava melhorando, não queria
preocupá-la. Suspirei, eu e minha nonna somos amigas,
nunca escondi nada dela, e conversar com alguém vai me
deixar melhor.

— Eu pedi demissão, nonna. — Olhei para ela, que


estava sentada na cama dobrando as minhas roupas.
Aproximei-me e me sentei ao seu lado.

— Por quê? Aconteceu algo grave que fez você se


demitir? — inquiriu, preocupada. Novamente suspirei, não
iria mentir para ela. Nunca escondi nada dela, e não seria
agora que começaria.

— Eu me apaixonei pelo meu chefe — afirmei.

  — Mas ele não sentiu o mesmo por mim, ao menos


não me disse. Então, achei melhor pedir demissão, me
afastar. — Não iria contar a ela que ele tinha me rejeitado,
nem que a noite iria para o seu quarto.

— Vocês dormiram juntos? Ele mexeu com você e


depois não quis assumir as responsabilidades? —
perguntou, se levantando da cama.

— Não, vó, nada aconteceu além de uns beijos. Eu não


sou uma adolescente, tenho vinte e três anos. Sou uma
adulta já. Estou contando porque nunca fui de esconder
nada da senhora, nem do meu avô. Tudo que fizemos foi
com o meu consentimento. Deixei uma carta pedindo
demissão. Agora vou focar em terminar a minha faculdade.
Única coisa que vou sentir falta é das crianças. Tadinhos,
nem me despedi deles direito, quando chegarem da casa do
tio, não vão me encontrar — disse tristemente.

— Oh! Minha bambina. Amar é uma das mais lindas


dádivas que Deus criou. O sofrimento faz parte, não digo a
pessoa sofrer diariamente, mas sofrer quando algo
acontece. Você tem certeza que o seu chefe não sente a
mesma coisa por você? Talvez ele não está sabendo lidar
com novos sentimentos. Cuidou dos filhos sozinho, talvez
não saiba lidar com as perdas. Se ele realmente gosta de
você, irá te procurar. — Limpei os meus olhos e olhei para
ela.

— A senhora acha isso mesmo, nonna? Acredita que


ele está apenas confuso? — Ela sorriu.
— O tempo é o melhor remédio. Se ele aparecer, é
porque gosta de você. Agora mude essa cara, não gosto de
te ver triste. Seu avô vai querer falar com o senhor Lorenzo.
Sei que não é mais uma criança, mas ele tem que saber que
você tem avós que lhe amam e que não querem te ver
sofrer. Não vou te julgar, já fui jovem e, quando se é jovem,
passamos por várias decepções. Agora vamos fazer o jantar,
seu avô está quase chegando. Não esqueça, minha filha, nós
te amamos — disse, me abraçando. Meus avós são os
melhores do mundo.

Já me sentia melhor só de ouvir a minha avó dizer que


Lorenzo poderia estar confuso, mas as palavras daquela
mulher ainda pipocavam na minha mente.
Capítulo 12
Lorenzo
— Primeira coisa — Gianluca disse, levantando um
dedo. Tinha acabado de contar para eles sobre o que
aconteceu na casa de campo entre mim e Sofia. Pelas caras
deles, eu devo ter feito tudo errado. Sei o que fiz.

— Você é um babaca. Um fodido de um babaca —


falou, passando as mãos nos cabelos nervosamente.

— Segundo, um idiota e moleque! Você agiu feito um


maledetto com a ragazza. Nem eu, que sou cafajeste
assumido, agiria dessa forma. Se não quisesse comer uma
mulher virgem, conversaria com ela primeiro. Ou, se não
estivesse interessado, teria dito algo que a deixasse
confortável. Não fugiria, deixando-a sem nenhuma
explicação. — Apenas ouvia envergonhado pela minha
atitude com Sofia. Ele tinha razão.
— Mas pode ter conserto ainda. — Foi a vez do
Francesco. Olhei para ele, esperando-o falar.

— Corra atrás da ragazza, diga a ela o que está


sentindo. Confesse que não quis magoá-la, que estava
apenas confuso, conte sobre a sua vida. Diga que não é mais
um adolescente, tem dois filhos, e não quer transar com ela
apenas por transar, quer compromisso sério. Diga que está
apaixonado e fugiu dela por medo. — Eles dois tem razão
em tudo o que falaram. Olhei no relógio em meu pulso e já
se passavam das cinco horas.

— Obrigado, meus irmãos, tudo o que vocês falaram é


verdade. Espero que não seja tarde demais, e que Sofia me
ouça. Sei que, no começo, ela vai ser resistente, mas não
desistirei.

— Buscarei os meus sobrinhos para deixar vocês à


vontade para conversarem. Estou indo agora mesmo de
moto, chegarei mais rápido — Gianluca disse, saindo.

— Só não os leve de moto para a sua casa, pegue um


dos carros que está na garagem — comuniquei.

Após me despedir dos meus irmãos, deixei a empresa


certo de que hoje iria me acertar com Sofia. O trânsito
estava congestionado, me deixando irritado.

— Que droga! — resmunguei na enorme fila de carros.


Poucos minutos depois, os carros começaram a andar,
olhei no relógio, e Sofia devia ainda estar em casa. Dirigi
rápido, mas com cautela. Estacionei o carro em frente à
minha casa e entrei apressadamente; se desse sorte, ela
estaria em casa. Entrei e estava um silêncio total. Gianluca
já levou as crianças. Janaína veio até onde estava.

— Senhor, a senhorita Gabriele está no seu escritório,


disse que o senhor já estava a sua espera e que se trata de
uma reunião de emergência. — Mas que droga o que
Gabriele quer? Ela nem trabalha na empresa, como tem
uma reunião de emergência?

Subi as escadas rapidamente na direção do escritório


para logo despachá-la, dizer que não tenho nada para falar
com ela. Que saímos duas vezes apenas. Ela queria que eu
colocasse um anel de compromisso em seu dedo, como não
fiz, desapareceu da minha vida alegando que eu havia
iludido.

Abri a porta e dei de cara com Gabriele sentada na


poltrona, mexendo no celular. Ela é filha de um amigo
empresário que queria que me casasse com sua filha para
unir os negócios. Ela é enóloga, estuda a produção do vinho
desde a escolha do solo, passando pelo plantio, produção,
engarrafamento e envelhecimento da bebida. Já trabalhou
na preparação do solo para o plantio na vinícola, nos
envolvemos, mas não foi nada sério. E me intriga muito ela
ter me procurado somente agora.
— Lorenzo, meu querido, quanto tempo. — Levantou-
se, dando dois beijos em meu rosto.

Confuso com a sua presença repentina, me sentei na


minha cadeira, a esperando falar o que queria. Com certeza
Sofia já estava saindo para a faculdade.

— Aconteceu algo sério, Gabriele? Pelo que me lembro,


da última vez, você não queria me ver nem pintado de ouro.
O que fez mudar de ideia?

— Isso aqui — disse, pegando o seu Ipad da bolsa e


me mostrando umas fotos.

Era eu, Sofia e os meninos no shopping, na praça de


alimentação. Sofia segurava Gael em seu colo, e eu, Pietro, e
estávamos rindo de algo que eles fizeram. Sorri, nesse dia
foi quando realmente tive a certeza de que estava me
apaixonando por ela. Só não quis admitir.

— O sorriso bobo em sua face confirma todas as


minhas suspeitas — falou com ironia. Fiquei olhando para
ela.

— Pelo que soube, continua preferindo as empregadas,


já que a mãe das crianças era arrumadeira da casa de
campo. — Me olhou com os olhos cheios de mágoa.
Suspirei, tentando me acalmar.

— Agora se envolveu com a babá dos seus filhos? É


isso mesmo, Lorenzo? Deixou de firmar um compromisso
comigo, que sou fina, tenho uma profissão digna, para ficar
correndo atrás de uma garota que mal saiu das fraldas.
Ainda por cima finge gostar dos seus filhos, tudo isso para te
conquistar, quem sabe ela já não esteja grávida, tentando
dar o golpe da barriga. — Foi aí que saí de mim, meus
filhos eram o meu ponto fraco. E não admitiria que falassem
deles, ou de Sofia.

— Quem é você para falar comigo dessa maneira,


ainda por cima envolver os meus filhos nessa palhaçada
toda? Que direito você tem de falar da minha vida e de
Sofia? Pelo que sei, nunca fomos casados, e nem temos
compromisso um com o outro. Julga que a sua profissão é
mais digna de uma babá? Deixa que eu respondo. Sofia é a
babá dos meus filhos, e, sim, eu me apaixonei por ela. Sabe
por quê? Porque ela é simples, não se vangloria de nada, ao
contrário de você, que acredita que só porque tem a
profissão que tem é melhor que os outros. Agora saia da
minha casa, a minha vida particular não te interessa. —
Levantei-me da minha cadeira e fui até a porta, abrindo para
ela sair. Acompanharia ela até a saída para ter certeza de
que ela saiu da minha casa mesmo.

— Eu não acredito nisso, Lorenzo, está me enxotando


da sua casa? — Fingiu que iria chorar, mas não caio mais
nos dramas dela.

— Estou sim, e espero que não apareça mais, pois


deixarei bem claro para os meus seguranças que não é bem-
vinda na minha casa.
Ela saiu andando às pressas, soluçando, mas sei que é
tudo fingimento. Ela entrou em seu carro e liguei para o
chefe dos seguranças, avisando que ela estava proibida de
entrar na minha casa.

Depois entrei, perguntei a Janaína e ela me disse que


Sofia já tinha saído para a faculdade, relatou também que
ela passou o dia triste. Claro, eu a evitei durante a semana
toda.

Que raiva estou sentindo de mim!

Segui para o meu quarto para tomar um banho e


esfriar a cabeça, hoje ela não volta para casa, vai para os
avós. Irei até a faculdade a fim de esperá-la sair para me
desculpar com ela. Dizer o quanto fui babaca.

Entrei no meu quarto e fui tomar um banho, meu


pensamento era todo em Sofia. Como não enxerguei que
estava me apaixonando por ela! Não a rejeitei porque não a
queria, foi porque fiquei assustado. Seria o primeiro homem
da vida dela, e isso causou muita confusão na minha
cabeça, mas errei em deixá-la sozinha e evitá-la.

Saí do quarto enxugando os cabelos, estava com a


toalha enrolada na cintura. Sentei-me na beira da cama,
sentindo a lombar doer um pouco, meu remédio estava em
cima da mesinha. Ao pegar a caixa com os comprimidos, vi
um papel branco dobrado perto dos meus livros, peguei os
meus óculos de grau para ler o que ela escreveu. Desdobrei
o papel e comecei a ler sentindo meu coração bater tão
rápido que cheguei a imaginar que ele pararia a qualquer
hora.

“Senhor Lorenzo, é com dor no meu peito que escrevo


esta carta para lhe informar da minha demissão. Eu não sei
estar em um lugar onde sou diariamente evitada, não sei
ficar sem falar, e isso não estava me fazendo bem. Desde
que me rejeitou em sua casa de campo, o senhor quebrou o
meu coração em mil partes que jamais poderão ser
consertadas. E quebrou uma segunda vez quando não
estava olhando em meus olhos. Que culpa tenho de ter me
apaixonado pelo meu chefe? Que culpa tenho se todas as
vezes que lhe vejo o meu coração bate em descompasso! E
que culpa tenho em ser virgem e querer me entregar para o
homem que conquistou o meu coração? Imaginei que a
minha primeira vez seria linda, romântica, que acordaria ao
lado da pessoa e sorriria, me lembrando da nossa noite e nos
amaríamos novamente. Mas não aconteceu nada. Fui
rejeitada pelo senhor, mas quero que saiba que amo os seus
filhos, inclusive o pai deles, e sei que é um amor impossível,
já aceitei tudo, só quero poder me recompor de tudo, pois o
senhor foi o meu primeiro e único amor. Sofia.

Terminei de ler a carta deixando vários pingos de


lágrimas caírem no papel, que tinha marcas de lágrimas, ela
chorou, e chorou por mim. Acreditei que nada mais iria me
doer, a perda da mãe das crianças não foi tão dolorosa
quanto a dor que estou sentindo ao ler essa carta e
visualizar o sofrimento da mulher que se apaixonou por
mim. E o que eu fiz? Só a destratei, a fiz sofrer. Mas nada
está perdido, vou atrás de Sofia, a farei me perdoar, nem
que eu tenha que me ajoelhar e implorar pelo seu perdão.

Às dez horas, estava em frente a sua faculdade


segurando um buquê de rosas, algumas alunas que estavam
saindo olhavam-me e comentavam. Nem dei a mínima se
estavam me achando um bobo, só queria o perdão da Sofia.
Um grupo de alunos foi o último a sair e o vigilante fechou o
portão. Aproximei-me deles perguntando se eles a
conheciam. Um deles me disse que sim, ela estudava na
mesma sala que ele, mas que faltou hoje. Ele até tentou
ligar para ela, mas não atendeu.

Murchei ao saber que ela faltou, logo ela que é tão


estudiosa e não gosta de faltar, mas eu a machuquei, ela
está sofrendo. Agradeci ao grupo, entrei no carro, deixando
o buquê no banco do carona.

Meu celular tocou era Gianluca, meus filhos devem


estar chorando. Atendi, relatando tudo. Ele me aconselhou a
dar um tempo para ela pensar. E que os meninos estavam
chorando sentindo a falta dela, até chamaram o nome dela.

Gianluca tinha razão, era melhor dar um tempo a ela e


pensar no bem-estar dos meus filhos. Dirigi indo para casa,
pedi a Gianluca para levar os meninos, eles iriam dormir no
meu quarto.
Logo a Sofia estará de volta, disso tenho certeza.
Capítulo 13
Sofia
Estávamos numa correria doida. Hoje é a quermesse na
igreja do padre Osório, que frequentamos. Todos os anos, eu
e meus avós participamos, somos responsáveis pela barraca
de cachorro-quente e nos vestimos a caráter. O objetivo é
arrecadar fundos para a manutenção da paróquia e para as
distribuições de cestas básicas para as famílias de baixa
renda.

Terminei de prender o meu cabelo, tinha acabado de


dividir no meio e feito uma trança, colocando um elástico de
cada cor. Para finalizar, fiz umas pequenas sardas no meu
rosto, peguei o chapéu e saí do meu quarto.

Hoje é feriado na cidade de Santa Tereza, então, a


maioria das pessoas estará na festa, e isso é ótimo, pois
tenho certeza de que iremos dobrar a meta do ano passado.
Esses três dias que estou sem ver Lorenzo e as crianças
têm me deixado muito inquieta, mas já coloquei na minha
cabeça que tenho que me acostumar com a falta deles.
Procurei ocupar a minha mente ajudando a minha avó a
fazer o molho do cachorro-quente e a separar os
descartáveis para levar para a venda. Meu avô ficou
responsável por comprar os refrigerantes para servir com o
cachorro-quente, ele foi na frente, para organizar tudo na
barraca.

A minha avó já estava pronta, ela estava linda, usando


um vestido todo florido. Para deixá-la mais parecida com
uma caipira de verdade, fiz umas sardas no rosto dela
também. Ao se olhar no espelho, ela começou a gargalhar,
mas gostou.

Já tinha pedido o carro de aplicativo e saímos. Dona


Violeta estava em sua janela e acenou, a coitada não vai
poder ir, quebrou o braço. Em todos os anos, ela ajuda nas
vendas na barraca dos bolos. Uma pena, ela é tão querida.
Acenamos e entramos no carro.

— Dona Violeta estava com um olhar tão triste —


comentei com a minha avó.

— Percebi, filha, mas tenho certeza de que ano que


vem ela estará conosco. Acredito que agora ela terá mais
tempo para vigiar a rua. — Sorrimos do seu comentário.

Dona Violeta é conhecida como a mulher que sabe


tudo. Ela fica em frente à sua casa tomando conta da vida
dos outros, quem trafega na rua ou quem pergunta algo, e
ela sempre sabe responder. Ainda mais quando é cobrador.
No linguajar popular, é a fofoqueira da rua, mas é uma boa
pessoa. Ama ajudar o próximo, mesmo que depois ela fale
para a vizinhança toda, mas ajuda.

Chegamos à paróquia e ajudei a minha avó a sair do


carro, agradecendo ao motorista depois de pagar pela
corrida. O lugar estava cheio, muita gente chegando
também, as barracas estavam lotadas de clientes.

Meu avô já estava na nossa barraca, arrumando tudo


para começar a vender, ele estava tão bonitinho de chapéu
de palha. Eu iria servir às mesas, meus avós ficariam
somente na barraca, anotando os pedidos.

As crianças corriam de um lado para o outro,


brincando; outras estavam na pescaria; algumas no tiro ao
alvo. Andava de um lado para o outro segurando a bandeja,
servindo as mesas. Fiquei por um minuto descansando, mas
logo comecei a servir novamente, estava caminhando
sorrindo para os idosos que dançavam na pista do salão.

— Sofia? — Ouvi alguém chamar o meu nome, me


virei, eu poderia esperar qualquer pessoa, menos Lorenzo
Fiore parado a poucos centímetros, a minha frente,
segurando um buquê de rosas.

Minhas pernas fraquejaram, minhas mãos começaram


a tremer e, sem eu conseguir me conter, a bandeja com o
cachorro-quente e o refrigerante caiu no chão. Rapidamente
ele caminhou na minha direção e nos abaixamos na mesma
hora.

— Me perdoe, eu fui um idiota! Passei na sua casa e


uma senhora com o braço quebrado me disse que você
estaria aqui e me deu o endereço. Você precisa de ajuda?
Deixa que eu pago, onde é a barraca? — Não conseguia
abrir a boca, apenas apontei o lugar.

  — Preciso te pedir perdão por ter sido um babaca com


você. Eu não deveria ter feito o que fiz. Me perdoa? —
pediu, pegando na minha mão, que estava gelada e
tremendo.

Andei na frente, e Lorenzo veio atrás de mim. Meus


avós o reconheceram e fecharam a cara, mas tenho certeza
de que não serão mal-educados.

— Senhor Giuseppe, dona Beatrice. Sou Lorenzo e vim


aqui para falar com vocês não como chefe de Sofia, mas,
sim, como um homem apaixonado que só fez bobagens.
Amo a neta de vocês e, em primeiro lugar, quero que vocês
saibam e, também, quero que me deem permissão para
conversar com ela tentar explicar os motivos de ter agido da
forma que agi, sei que nada justifica, mas quero conversar.

Ele disse que me ama? Que é apaixonado por mim?

Comecei a tossir rapidamente, minha nonna bateu nas


minhas costas devagar e me deu um pouco de água. Minhas
bochechas começaram a esquentar pela vergonha.
— Você fez minha neta chorar, meu rapaz, por mais
que seja o meu patrão, não posso deixar de puxar a sua
orelha. No túmulo do meu filho, pai dela, eu jurei que
ninguém a machucaria ou a fizesse sofrer. Mas não temos
controle de tudo. Só quero deixar uma coisa bem clara, mio
caro. Se fizer a minha neta chorar, serei novamente
obrigado a lhe quebrar esse nariz perfeito, ou deixá-lo sem
os dentes. — Quis sorrir, mas fiquei séria.

— Minha neta não é qualquer uma, senhor Lorenzo, ela


tem família. No dia em que ela chegou em casa chorando,
eu quis ir atrás do senhor, mas acredito que para tudo tem
uma primeira vez. Só não volte a magoá-la, ela é tudo para
mim e vê-la chorar me deixa entristecida — minha nonna
disse, me fazendo lacrimejar, a abracei.

— Uma promessa que faço agora é que ela nunca mais


chorará. Se porventura ela chorar, será de felicidade, pois eu
a amo de verdade — declarou, olhando em meus olhos e
me entregando o buquê de rosas. Peguei sorrindo, ele
amoleceu novamente o meu coração, mas os cacos ainda
estavam no chão, precisaria ouvir o que ele tinha para me
dizer e só assim eles voltariam a ser colados novamente.

— Agora ajude a Sofia a servir às mesas — o nonno


falou sério, mas depois sorriu.

— Vou fazer melhor. Comprarei todos os cachorros-


quentes e pode distribuir para todas as crianças e adultos,
quero também fazer uma doação para a igreja, meus pais
eram devotos de Nossa Senhora. — Tenho certeza de que
ele já conquistou o coração dos meus avós.

Depois de acabar com todos os cachorros-quentes,


Lorenzo ganhou um urso de pelúcia no tiro ao alvo. A
quadrilha começou a dançar, ficamos até acabar. Depois ele
deixou os meus avós em casa, entreguei o meu buquê de
rosas para a minha nonna, certifiquei-me que os dois
estavam bem, e só assim fui para a casa dele. Eu estava
morrendo de saudades das crianças.

Despedi-me dos meus avós e entrei em seu carro.


Estava um pouco nervosa, ele iria me contar a história da
sua vida.

Por volta das cinco horas da tarde, chegamos à sua


casa. Durante a viagem, ele segurou na minha mão e não
soltou mais, quando parávamos no sinal, ele beijava o dorso.
Todas as vezes meu coração acelerava.

Ao estacionar o carro na garagem, saiu, dando a volta,


abrindo a porta, e pegou na minha mão. Assim que saí, ele
levou a mão a minha cintura e me beijou, um beijo cheio de
saudades. Devagar, sua língua entrou na minha boca
quente, procurando pela minha e, assim que se chocaram,
começaram a chupar uma à outra tão deliciosamente,
fazendo pequenos barulhos. Após parar o beijo, ele deu
pequenos beijos em meus lábios, me fazendo sorrir, em
seguida, beijou a minha testa e me abraçou.

— Me perdoa? — inquiriu em um sussurro.


— Não sei, que tal mais alguns beijos? — brinquei.
Voltamos a nos beijar novamente.

— Acho bom entrarem, aqui é um condomínio de


família, capaz da polícia aparece — Gianluca disse,
segurando nas mãos dos gêmeos. Quando me viram,
correram na minha direção, me abaixei e abracei os dois.

— Fifia — disseram sorrindo.

— Meus amores, eu estava morrendo de saudades de


vocês. Nunca mais vou sair de perto de vocês, eu os amo.

— Agora que está tudo resolvido entre os pombinhos,


vou para casa tomar um banho, irei comemorar por vocês.
Estou cheirando só a bebê. Vou logo avisando que não vou
poder ficar com os seus filhos para vocês namorarem. Tenho
compromisso para esse final de semana. Desejo felicidades
aos pombinhos. — Terminou de falar andando para perto de
mim, chegou perto do meu ouvido e cochichou:

— Se eu fosse você, fazia ele sofrer um pouco. Admito


que ele foi um idiota com você, mas te ama. — Piscou, me
fazendo sorrir.

Depois que Gianluca foi embora, entramos na casa. As


crianças estavam animadas, com certeza não dormiriam
agora. Sentamo-nos no sofá, eles ficaram brincando, tinha
alguns brinquedos espalhados pelo chão da sala.
— Você não respondeu se me perdoava ou não —
falou, pegando na minha mão, começando a acariciá-la.
Olhei em seus olhos azuis, que estavam brilhando. Suspirei
e comecei a falar:

— Você me magoou muito, mas acredito em tudo o


que falou para os meus avós, só preciso que saiba que eu
ouvi metade da conversa daquela mulher que estava em seu
escritório. Ela disse que você sempre prefere as suas
empregadas. Eu saí correndo, não fiquei esperando a sua
resposta — contei.

— Se tivesse ficado, teria ouvido a minha resposta e a


minha afirmação que sou apaixonado por você e, também,
teria visto que coloquei para fora a intrometida. Não a
convidei para a minha casa, muito menos dei brecha para
ela falar da minha família. Acredite em mim, Sofia, jamais
permitiria que alguém entrasse na minha casa e fizesse
intrigas de qualquer um dos meus funcionários, e eu iria
aceitar. Sou íntegro, errei com você, admito, mas sei pedir
perdão também. Tudo o que falei para os seus avós é a mais
pura verdade. Sou apaixonado por você, eu te amo —
declarou e me beijou, me puxando para mais perto dele.

  — Para te falar a verdade, eu nunca estive preparado


para amar uma mulher como estou agora. Quando conheci a
mãe das crianças, senti uma atração forte por ela, mas nada
que despertasse aquela vontade de querer me casar.
Quando soube que ela estava grávida, a trouxe para morar
comigo, não nessa casa. Cuidei dela e, no decorrer do
tempo, vivíamos mais como amigos, ela estava tão feliz que
ia ser mãe, pois perdera os pais em uma tragédia. E, sim, ela
era arrumadeira da casa de campo. A partir dos quatro
meses, ela começou a apresentar inchaço, muita dor de
cabeça, às vezes fraqueza, fez muitos exames, ela era
diabética e tinha hipertensão, a gravidez se tornou de risco,
cuidei dela, contratei os melhores médicos, meus irmãos me
ajudaram também. Com oito meses, ela teve que fazer uma
cesariana de emergência. Já estávamos avisados que ela
poderia não sair viva da sala do parto, mas acreditávamos
que poderia acontecer um milagre, mas não aconteceu, ela
faleceu e deixou nossos filhos para eu cuidar. E eles são tudo
na minha vida. Sempre eles virão em primeiro lugar. Desde
que Natasha partiu, eu me fechei para o amor. E, quando te
vi, algo despertou dentro de mim. Quando você me disse
que era virgem, eu me assustei, uma garota linda ainda
virgem, querendo se entregar para mim, não acreditei que
te merecesse. Pensei que não fosse possível me apaixonar
novamente, mas você chegou com esse jeitinho doce,
tímido, cuidou dos meus filhos tão bem. Derrubou a barreira
e penetrou completamente no meu coração. — Coloquei a
mão em seu rosto e comecei a acariciar.

— Sinto muito pela perda da mãe das crianças, ainda


bem que eles têm um pai maravilhoso que cuida deles com
muito amor e dedicação. Você é perfeito. Claro que eu te
perdoo, seu bobo.
Lorenzo começou a me beijar, enfiei a mão em seus
cabelos, puxando sua cabeça. Sua mão envolveu minha
cintura. Arfei, sentindo o pequeno aperto.

— Lorenzo — chamei a sua atenção, as crianças


estavam tentando subir no sofá.

— Papa, Fifia — as crianças começaram a nos chamar.


Afastamo-nos rapidamente, dando atenção a eles.

Minha pele estava toda arrepiada, sentia os lábios de


Lorenzo passear por todos os lugares possíveis. Estava
deitada em sua cama completamente nua. Não fizemos sexo
ainda, estamos conquistando a confiança um no outro
novamente. Seus lábios foram descendo para a minha
barriga, sua língua rodeou meu umbigo, suspirei baixo, me
remexendo. Já tomamos uma garrafa de vinho e já passava
das três da madrugada. Sua língua impiedosa tomou um
dos meus mamilos, o mordendo devagar, em seguida, sugou
com força, fazendo meu quadril arquear. Ele sabia como me
deixar excitada, na verdade, nem precisava de muito,
bastava ele me olhar do jeito que está me olhando agora,
seu rosto completamente lindo, seus olhos em um tom azul
mais forte.

Eu queria dar prazer a ele como acabou de me dar


minutos atrás. De forma tímida, me levantei e me sentei no
colchão, ele ficou me olhando, antes que não conseguisse
falar, disse de uma vez por todas.

— Quero chupar você, quero colocar seu pau todo na


minha boca. — Senti meu rosto ficar quente com a
confissão.

— Não precisa se sentir na obrigação de retribuir, faço


tudo porque amo te dar prazer — disse.

— Não sinto obrigação, sinto vontade, muita vontade,


se eu não souber como fazer, você me instrui. Mas me
parece que é como chupar um pirulito, certo? — Ele riu,
afirmando que sim.

Fui para a beira da cama, ele se posicionou a minha


frente, seu pau completamente duro e cheio de veias ao
redor. Grande e grosso, será que vai caber em mim?
Balancei a cabeça, não queria pensar nisso agora. Comecei
a tocá-lo e ouvi um grunhido escapar de sua boca. Levei os
meus lábios e lambi a cabeça grande e dura, era bom, senti
quando minha vagina começou a pulsar de desejos. Nunca
imaginei que colocar a boca em um pau fosse tão excitante.
Sem resistir, ergui meus olhos, Lorenzo estava de olhos
fechados, com os lábios entreabertos. Engoli mais um pouco
do seu pau e chupei, foi um pouco dificultoso, mas, em
poucos minutos, já estava acostumada. Chupei devagar,
lambi. Suas pernas começaram a tremer, não queria parar
de chupar, queria provar que gosto tinha o esperma dele. Os
jorros eram fortes, não consegui engolir tudo.
— Sua malvadinha, me deixou com as pernas fracas.
Agora vamos tomar um banho — falou com um sorriso
imenso no rosto.

Suponho que não poderia estar mais apaixonada, na


verdade, eu estava me sentindo nas nuvens, tenho um
homem lindo e apaixonado por mim, que me fez
experimentar os mais deliciosos prazeres que jamais
imaginei que existisse. E, também, tenho duas crianças que
me conquistaram quando os vi. Sou tão feliz, e serei mais
daqui para frente. 
Capítulo 14
Lorenzo
Os dias ao lado de Sofia têm sido os melhores
possíveis, estamos nos conhecendo cada dia mais. Todos os
dias descubro um gosto diferente dela, e o que ela gosta de
fazer quando estamos no nosso momento íntimo. Confesso
que tento me segurar o quanto posso pois, minha vontade é
tomá-la por inteiro, mas quero que ela peça, quero que ela
tenha certeza de que quer fazer amor comigo.

A pedi em namoro, estávamos na piscina à noite. Olhei


dentro dos seus olhos castanhos e vi neles o amor que ela
tem por mim; nunca namorei sério com alguém, mas Sofia
desperta em mim tudo de bom, me sinto um completo
adolescente. Ela aceitou o meu pedido e, no outro dia,
comprei um anel de compromisso com o símbolo do infinito
e dei a ela, colocando em seu dedo. A cada dia, estamos
mais felizes e apaixonados.

Mês que vem é a formatura dela, tenho pensado todos


os dias que presente dar para ela, não é um tipo de
recompensa por ela cuidar dos meus filhos tão bem, quero
que ela se sinta especial. Apesar de ter apenas vinte e três
anos, ela tem me ensinado muitas coisas. Ela é uma menina
doce, que ama os avós e se preocupa com eles.

Estávamos em uma reunião de negócios, coloquei o


meu celular no modo silencioso. Olhei no relógio e já
passavam das nove horas da manhã. Assim que saí da sala,
dona Letícia, a minha secretária, com os olhos assustados,
andou na minha direção.

— Senhor, dona Sofia ligou, quer falar com o senhor


com urgência, já ia à sala de reunião lhe avisar, pois a voz
dela estava aflita, e o seu celular está no silencioso. —
Rapidamente tirei o meu celular do bolso do terno e
constatei mais de quinze ligações perdidas dela. Mas o que
aconteceu? Retornei a ligação, andando apressado
para minha sala.

— O que aconteceu, tem mais de quinze chamadas


suas no meu celular? — perguntei assim que ela atendeu.

— Graças a Deus que você atendeu. Pietro não para de


chorar desde a hora que acordou, ele tenta cutucar o ouvido
com o dedo e chora mais. Liguei para a pediatra deles, ela
disse que é para o levarmos na emergência. Ela está dando
plantão e nos aguardando.

— Estou chegando aí, arruma a bolsa com fraldas,


roupas, uma manta. Avisa logo a Janaína para ficar de olho
no Gael. — Desliguei o celular e corri para casa, ainda bem
que a empresa não é muito longe, cerca de vinte minutos.

Saí da minha sala, avisando a dona Letícia para


cancelar os meus compromissos de hoje. Entrei no elevador,
enviei uma mensagem para os meus irmãos, avisando do
ocorrido e que não retornaria mais hoje para a empresa.
Parei o carro em frente de casa, saí apressadamente,
Sofia já estava na sala segurando Pietro, que chorava sem
parar. Assim que me viu, chorou mais ainda, e meu coração
se partiu, não gosto de vê-los chorar, ainda mais de dor.
Peguei meu filho no colo e saímos.

Coloquei-o na cadeirinha, Sofia entrou e se sentou ao


lado dele. Dirigi com cuidado, mas queria chegar logo,
Pietro continuava chorando muito.

— Será que ele colocou água no ouvido durante a


natação, amor? — Sofia inquiriu, preocupada.

— Acredito que não, estou pensando que ele pode ter


cutucado, ou pode ser alguma inflamação — falei, entrando
no hospital.

Peguei Pietro nos braços e pedi a Sofia para avisar a


doutora Rafaela que já estávamos na recepção, antes, fiz a
ficha dele. Doutora Rafaela nos levou para o consultório.
Começou a examinar Pietro, logo descobriu o porquê de ele
estar chorando, ele estava com otite, uma inflamação
causada por bactérias, que afeta a região dos tímpanos. Vai
ser medicado agora com remédio para dor. Em casa, vai
fazer uso de antibióticos.

— Algumas recomendações que esse garotinho não


poderá fazer enquanto o ouvido estiver inflamado, não pode
entrar na piscina e não pode coçar por dentro. No caso de
dor continuar com os analgésicos, voltem daqui a dez dias
para realizar novos exames. Boa sorte! — Agradeci à
médica e saímos.

Antes de chegar em casa, passei na farmácia e comprei


a medicação receitada pela médica. No caminho para casa,
pensei em passarmos o final de semana na casa de praia,
até sexta-feira tenho certeza de que Pietro já vai estar
melhor. Iremos no sábado bem cedinho para aproveitar
bem.

Chegamos à casa, Pietro dormiu durante o caminho,


peguei-o com cuidado e o coloquei em seu berço. Preciso
encomendar duas camas, eles já estão crescidos para
continuarem dormindo em berço.

Gael, assim que viu o irmão, começou a perguntar se o


dodói passou. Dizem que gêmeos sentem tudo que o outro
sente, e é verdade. Após o banho, liguei para os meus
irmãos, contando o que o Pietro tinha. Tomara que ele não
chore mais. Olhei para ele dormindo e pedi a Deus que
curasse meu filho, ele é apenas uma criança indefesa.

Como disse, no sábado, saímos bem cedinho para a


casa de praia que ficava na região litorânea, cerca de uma
hora de carro. Antes, liguei para o caseiro abastecer a
geladeira, enviei a lista do que ele poderia comprar para as
crianças e pedi para arrumar os quartos.
Pietro não sentia mais dor, tenho certeza de que o
ouvido já desinflamou. Durante a viagem, eles estavam
dormindo, era muito cedo. Sofia estava feliz, ela me disse
que ama o pôr do sol, então levá-la-ei para apreciar o sol se
pondo.

Chegamos por volta das oito horas da manhã, os


meninos já acordaram, eles vieram aqui somente uma vez e
ainda nem andavam. Coloquei-os no chão na varanda, eles
ficaram olhando as gaivotas voarem de um lado para o
outro, estava ventando muito.

— Esse lugar é lindo, depois farei uma videochamada


mostrando aos meus avós. Desde criança, eles me levavam
à praia. Ainda bem que eles irão passar o final de semana na
sua casa de campo, meu avô quase não conseguiu dormir,
ansioso, porque ia conhecer a vinícola. Você só me faz feliz
— disse, me abraçando.

— Eu te amo, anjo, e fazer você feliz é o meu hobby


preferido. — Ela sorriu com os olhos brilhando.

Juarez levou as nossas malas para dentro da casa e


avisou que logo o almoço estaria pronto. Sua esposa, dona
Zuleica, é uma cozinheira de mão-cheia.

Sofia e eu fomos para o dar banho nas crianças, os dois


estão aprendendo a usar o peniquinho, eles usam fraldas
apenas à noite. Eles estão crescendo tão rápido. Às vezes
sinto falta de quando eles eram bem pequenininhos e só
dormiam, acordavam para comer e dormiam novamente.
— Não pode fazer bagunça, hein. Amor, traz as toalhas
deles, está na mala azul. Esqueci de pegar, por favor —
Sofia gritou do banheiro, estava procurando as roupas para
vestir neles. Irei separar a de praia, mais tarde iremos para
lá.

— Querida, eu não achei — gritei, indo na direção do


banheiro.

— Vocês nunca acham nada. Fica de olhos neles que


vou buscar, aproveita e toma logo seu banho para olhá-los,
depois tomo o meu. — Toquei a ponta do seu nariz,
sorrindo.

Depois do banho, as crianças fizeram uma soneca,


ficamos nós quatro, na cama, ouvindo o barulho do mar.

— Percebi que tenho trabalhado muito, não estou


aproveitando muito a vida em família — comentei com
Sofia.

— Se você diz, conheço você há quase dois meses. Sei


que aproveita todos os minutos que tem de sobra para
cuidar dos seus filhos. Não se culpe, você faz muito por
todos. O que está pensando em fazer?

— Viajar para a Itália, e quero você ao meu lado. —


Me virei para olhar em seus olhos.

— Amor, esqueceu que minha formatura é no mês que


vem? Não posso viajar agora. Na semana que vem, começo
a fazer os meus estágios — disse, deitando a cabeça no
meu peito.

— Eu sei, vida. A viagem será quando você se formar e


completar o seu estágio, ainda preciso verificar a minha
agenda e acelerar as coisas na empresa. — Terminei de
falar e começaram a bater na porta. Levantei-me e fui
verificar quem era.

— Senhor, o almoço já está pronto. Quando for


almoçar, é só me avisar que arrumo a mesa — Zuleica
disse, aguardando a minha resposta.

— Em dez minutos, você pode arrumar, acordarei as


crianças. — Ela saiu, pedindo licença.

Depois de dez minutos, saímos do quarto para almoçar,


mais tarde iríamos passear um pouco na praia, levar as
crianças para correr na areia descalças.

Hoje o dia estava bonito, sem previsão de chuvas,


Zuleica nos disse que, na semana passada, caiu muita
chuva na região. Era quatro horas da tarde quando
decidimos passear um pouco, fomos andando mesmo, as
crianças se divertiam correndo na nossa frente. Eles
estavam de roupas de banho, eram dois peixinhos,
adoravam água, mas nunca tomaram banho de mar. Pode
ser que eles tenham medo, ou não.

Atravessamos a rua e descemos para a praia. Quando


eles sentiram a areia sobre os pés, gostaram, começaram a
gargalhar, correndo. Escolhemos uma barraca e pedimos
água de coco. Depois das crianças se hidratarem e Sofia
passar protetor solar neles, começamos a andar, chegando
perto da água, o vento estava muito forte, trazendo a água
até onde estávamos, molhando os nossos pés.

Os dois, no começo, ficaram calados, apenas olhando,


depois que ganharam confiança, corriam para molhar os
pés. Resolvemos entrar no mar com eles. A água estava fria,
mas eles não reclamaram, ao contrário, quando saímos,
choraram.

Sofia se sentou na areia e começou a construir


castelinhos de areia, eles ficaram entretidos e esqueceram
um pouco da água. O pôr do sol começou, ficamos sentados
apreciando. O vento cada vez mais forte, suspirei, olhando a
imensidão azul que nos trazia paz.

Sofia saiu do banheiro usando uma camisola branca


transparente, revelando seus seios pequenos, seus cabelos
estavam soltos. Notei que o cumprimento da camisola ia até
os seus joelhos. Uma calcinha pequena da mesma cor, me
remexi na cama inquieto, acredito que essa noite não vou
conseguir resistir.

Ela se aproximou e notei o seu nervosismo, apesar de já


termos feito muitas coisas na cama, ela continua tímida.
Sentou ao meu lado, suspirou devagar, senti o cheiro
delicioso do seu creme hidratante. Sentei-me e fiquei
olhando em seus olhos. Passei a mão pelo seu rosto
acariciando, mirei seus lábios, ela passou a língua devagar,
colei a minha testa na dela, senti meu corpo todo arder de
desejos.

Devagar, uni nossos lábios, primeiro lambi, suguei


devagar, me sentei no meio da cama e a puxei para que
rodeasse o meu quadril com as suas pernas. O bico dos seus
seios tocou no meu peito nu, meu pau começou a endurecer
na mesma hora.

— Eu não sei se vou conseguir resistir dessa vez, anjo.


Ainda mais você usando essa camisola que a deixa
completamente gostosa. Meu pau está pulsando, desejando
entrar na sua boceta — soprei, quase gemendo.

— Mas eu não quero que você resista, Lorenzo. Eu


quero me entregar para você, amor. Quero que faça amor
comigo. Quero que me ame de todas as formas possíveis —
sussurrou.

Com a sua permissão, desamarrei o laço da camisola, a


tirando, jogando para o lado, seus seios ficaram com os
bicos rijos, esperando que enfiasse a minha boca neles e
começasse a chupar. Foi o que fiz, chupei um bico, depois o
outro. Sofia gemia, jogando a cabeça para trás.

— Me diz o que você quer, anjo? — De costas, ela se


deitou, tirando a calcinha, ficando completamente aberta
para mim.
— Quero tudo. Quero que você me beije aqui. —
Levou a mão tocando a sua boceta bem no clitóris.

Cheio de desejos, levei a minha boca, beijando a sua


boceta, em seguida, inalei o seu cheiro. Passei a língua
devagar, rodeando cada canto, chupando e saboreando. Os
gemidos de Sofia deixava meu pau cada vez mais duro.

— Você é linda, completamente linda! Amo tanto você


que chega a doer. Vou te amar como você merece ser amada
— declarei, olhando em seus olhos.

— Eu também amo você, amor, só não para de me


chupar. Por favor! — Sorri, voltando para o meio das suas
pernas.

— Lorenzooo! — Sofia gemeu meu nome, gozando,


remexendo o quadril, não parei até que bebesse tudo.

Tirei a bermuda que estava usando, levei a mão até a


minha carteira e tirei um preservativo de dentro. A cabeça
do meu pau estava completamente melada, mas teria que
me controlar, era a primeira vez de Sofia e teria que ser
especial e inesquecível. Coloquei o preservativo e rastejei,
subindo em seu corpo, beijando sua barriga, rodeando os
mamilos. Começamos a nos beijar.

— Relaxe seu corpo, anjo. No começo, sentirá um


pequeno desconforto, o que é normal, mas depois gostará
— expliquei, colocando a cabeça do meu pau na entrada da
sua boceta encharcada, senti-o deslizando devagar para
dentro, olhei em seus olhos, que estavam fechados. — Ei!
Abra os olhos. Olhe para mim, vai ser gostoso, acredite. Só
me diz se paro ou continuo?

— Continua, por favor — pediu.

Devagar, me encaixei em Sofia. Sua boceta é tão


apertada, deliciosamente apertada. Nossos corpos se
encaixavam perfeitamente, tínhamos criado uma conexão
só nossa. Percebi que ela também sentia o mesmo. Cada
investida era a forma de dizer o quanto eu a amo. Nossos
olhos permaneceram um no outro. Uma lágrima desceu dos
olhos de Sofia, e eu a beijei, sussurrando o quanto eu a amo.

— Você é minha! — afirmei com voracidade. —


Minha. Entendeu, Sofia? Agora mais que nunca. Goza para
mim?

Debrucei-me sobre ela, cheirando o seu pescoço,


beijando a sua boca. Nossos gemidos saíram conectados,
chamando os nomes um do outro.

Agora era definitivo, ela era minha, assim como sou


dela!
Capítulo 15
Sofia
Um mês depois…
Hoje é a minha formatura, depois de cinco anos
estudando, sou oficialmente fisioterapeuta, com honra e
louvor. Graças aos meus avós, que sempre me disseram que
os estudos vêm sempre em primeiro lugar.

Por mais que tenha sido árduo o caminho, cheguei


onde quis chegar. Foram quatro mil horas na faculdade,
meus avós e meu namorado me ajudaram muito. O que
aprendia nas aulas usava o conhecimento em casa, com
eles. Realizei até massagem relaxante nas crianças, elas
adoraram.

Olhei-me no espelho, não queria chorar, estava muito


emocionada pelo dia de hoje. Nossa formatura acontecerá
na casa de eventos de Santa Tereza; ontem, foi a nossa
sessão de fotos.

Decidi me arrumar aqui na casa dos meus avós,


ajudarei o meu avô com o nó na gravata e a minha avó a se
maquiar. Ontem, tivemos um dia de SPA, eu e ela. Lorenzo
me presenteou com esse dia, e eu quis levar a minha avó.
Recebemos massagem, cortamos os cabelos, fizemos as
unhas e limpeza de pele. E, quando saímos, fomos ao
shopping, comprar roupas.

Lorenzo só tem me feito bem. Contei para a minha


nonna que tive a minha primeira vez, claro que não
detalhei, mas como ela é a minha melhor amiga, contei. Ela
disse que sente falta da garotinha dela, que agora se tornou
uma mulher, que meus pais teriam orgulho de mim. Nessa
hora chorei muito. Com a minha mãe, eu não tive contato,
mas, com meu pai, tive até os meus vinte e um anos. Ele
sempre me dizia que eu iria realizar todos os meus sonhos,
e hoje realizo o sonho de me formar, mas ele não está aqui
para comemorar comigo, mas sei que está em um bom
lugar.

Saí do meu quarto assim que terminei de calçar os


meus sapatos, eram de salto alto. O vestido era longo, estilo
de festa, preto. Deixei o meu cabelo solto e elaborei uma
maquiagem leve.

Entrei no quarto dos meus avós, minha nonna tentando


dar o nó na gravata do meu nonno. Era engraçado, porque
ele tinha que se sentar na cama, por ser muito alto e ela,
bem baixinha. Eles olharam-me com os olhos emocionados.

— Você está linda, filha. Minha bambina cresceu —


meu vô disse.

— Não posso chorar, nonno! Deu trabalho fazer a


maquiagem — falei, soltando um risinho.

— Mas é verdade, bambina. Você está muito parecida


com a sua mãe. Olhe o que eu e seu avô compramos para
você, uma gargantilha, queremos que use hoje. — Me
entregou o presente. Meu avô colocou a correntinha no meu
pescoço.

— Não precisava, meus melhores presentes são vocês


dois ao meu lado nesse dia especial. Estão todos prontos?
Lorenzo já deve estar chegando — comentei, animada.

As crianças ficarão com dona Noêmia. Por falar nela, ela


adorou conhecer a minha vó, são amigas agora. Ela manda
doces todo mês. Meus avós amaram a casa de campo.
Lorenzo disse que vai convidar o meu avô para ajudar o seu
Inácio na administração da vinícola. Tem como não se
apaixonar mais por ele?

Meus avós, morando lá, fico mais sossegada porque sei


que eles estão em boas mãos. Quando passo muito tempo
na casa de Lorenzo, fico preocupada com os dois.
A campainha tocou, caminhei até a porta, a abrindo. Do
lado de fora, estava o meu namorado usando smoking,
suspirei, colocando a mão no peito. Ele estava incrivelmente
lindo. Ele sorriu e, em suas mãos, tinha um buquê de flores,
aliás, dois. Meu namorado é muito galanteador.

— Você está muito linda, anjo. Trouxe essas rosas para


te parabenizar pelo dia de hoje, sei o quanto você lutou e
persistiu para chegar até aqui. Quantas noites você ficou
estudando para dar o seu melhor — disse carinhosamente,
fiquei emocionada. Beijei, agradecendo.

— E trouxe para a senhora, dona Beatrice, que está tão


linda quanto a sua neta. — Minha nonna agradeceu,
pegando o buquê de flores.

Entramos em seu carro e seguimos para o local onde


seria a nossa formatura. A noite estava linda, sentia uma
sensação de dever cumprido e alívio. Consegui me formar,
apesar das lutas que enfrentei no começo, mas nunca
pensei em desistir.

Lorenzo estacionou o carro e saiu, dando a volta, abriu


a porta para os meus avós saírem e ajudou a minha avó com
cuidado. Em seguida, me ajudou e seguimos de mãos dadas
para dentro. Pedi ao fotógrafo para tirar umas fotos nossas.
Queria registrar esse momento feliz.

Do lado de dentro, encontrei os meus cunhados, que


me parabenizaram. Gianluca é mais engraçado e chama
atenção por onde passa, a maioria das formandas está de
olho nele, e ele sabe que estão olhando, mas não se afeta.
Francesco é mais reservado, sei que ele gosta de mim, mas
ainda não somos próximos como sou de Gianluca. Ele me
entregou uma caixinha de presente, dentro, tinha uma
pulseira com o símbolo da minha profissão. Agradeci,
abraçando-o, senti que ele ficou rígido.

— Como hoje é sua formatura, cunhadinha, pesquisei o


que dar para uma fisioterapeuta. Tiveram várias sugestões,
mas o que mais me chamou atenção foi essa. Uma cesta de
óleos e loções, sei que saberá usar muito bem. Será que um
dia desses você pode fazer uma massagem em mim? Esses
dias estou sentindo umas dorzinhas nas costas, me sentindo
tenso, na verdade — Gianluca disse, me fazendo sorrir.
Lorenzo disse para ele esquecer a massagem e procurar
outro profissional. Claro que farei a massagem, afinal, ele é
um ótimo cunhado.

— Irei vestir a minha beca e me sentar com os outros


formandos — avisei a todos.

Estava muito nervosa. Percebi alguns olhares curiosos


na direção do meu namorado quando ele me puxou para um
beijo de boa sorte, mas também ele é muito bonito, quem
não olharia?

A decoração do salão estava linda. O reitor da


faculdade se posicionou para falar, ficamos todos atentos.

— Nessa noite especial, repleta de felicidades,


algumas lágrimas e emoções, quero dirigir-me aos
formandos de fisioterapia. Espero que vocês possam usar
todo o conhecimento adquirido para tratar os seus pacientes
com amor e dedicação.

Em seguida, os nossos nomes foram chamados. Cada


um entrou com as pessoas mais especiais em suas vidas.
Entrei com os meus avós, pois foram eles que, desde
quando decidi seguir essa profissão, me deram forças,
conselhos e nunca me deixaram desistir. Sou muito grata a
eles. Depois de todos serem chamados, fizemos o nosso
juramento, posamos para as fotos e fomos comemorar.

Acordei com duas mãozinhas geladas e pequenas


puxando os meus cabelos. Eu e Lorenzo fomos dormir às
três da madrugada, meu corpo pega fogo quando estamos
na cama sozinhos. Fazemos amor todas as noites e pela
manhã também. Nunca estamos saciados um do outro, e
acho difícil que isso um dia aconteça.

Abri os olhos e vi Gael e Pietro sentados na cama,


olhando para mim. Eles já estavam de banhos tomados e
cheirosos. Espreguicei-me, eles colocaram a mão na minha
boca e fingi morder. Eles caíram na gargalhada.

— Já estão acordados? Caíram da cama, foi? Cadê o pai


de vocês? — Eles me olhavam sem entender, mas sorriram,
aliás, eles achavam graça de tudo.
— Papai — Pietro falou, eles já estavam falando
melhor a cada dia. Logo Lorenzo entrou, segurando uma
bandeja de café da manhã, sorrindo como se hoje fosse uma
data especial.

— Uau! O que estamos comemorando? — inquiri, me


sentando, colocando as crianças em meu colo.

— Como assim você não está se lembrando? —


perguntou, franzindo a testa. Fiquei puxando na memória
que data era hoje, mas nada veio.

— Amor, é sério. Não estou me lembrando. — Fiquei


me sentindo culpada.

— Estamos fazendo um mês de namoro, sua


esquecidinha — falou, me entregando um presente. Nossa,
nessa hora, murchei, não lembrava de verdade. Não sou
muito ligada a datas comemorativas, a não ser aniversários.

— Me desculpa? Eu não lembrava, nem comprei um


presente para você — pedi, abrindo os meus braços, ele se
sentou na cama, me abraçando, as crianças reclamaram,
pois estava apertando-os.

— Mais tarde você pode me dar um presente — disse


no meu ouvido.

Abri o presente, era um porta-retrato com nossa foto.


Eu, ele e os gêmeos. Tiramos quando fomos à casa de praia.
— Fifia, papai — as crianças repetiam, apontando
para a foto.

— Quis te dar esse presente, porque nessa foto estão


todas as pessoas que eu amo, para as quais faria qualquer
coisa para vê-las felizes. Além de ganhar um namorado
lindo, sexy e inteligente. Nesse pacote todo, vieram duas
crianças lindas, espertas, que te amam muito também.

— Só ouvi verdades. Eu amo vocês, meus bebezinhos,


amo o papai de vocês também. — Eles começaram a pular
na cama, fazendo bagunça.

Após tomar café na cama, decidimos sair um pouco


para caminhar nas redondezas e levar as crianças para
brincarem no parquinho. Lorenzo vai para a empresa
somente à tarde. Ele conversou comigo sobre contratar
outra babá para as crianças, já que estou fazendo estágio e,
daqui a três meses, posso ser contratada. Concordei com
ele, mas ainda não pensamos sobre o assunto. Sentamo-nos
e ficamos de olho nas crianças brincando no escorregador
com outros amiguinhos. Era tão bom vê-los se divertindo.
Pensei em meus avós, eles vão se mudar para a vinícola no
mês que vem, estão muito empolgados. Durante muito
tempo, deram duro para se sustentarem, nada mais justo
que agora, na velhice, possam descansar, apesar de que o
meu avô não consegue ficar sem fazer nada.

— Está pensando em quê? Meu amor. — Lorenzo


pegou na minha mão, olhei para ele.
— Meus avós se mudarão para a vinícola, já estão
resolvendo o aluguel da casa. Então, pensei que tenho que
procurar um apartamento para morar — disse, olhando
para as crianças correndo.

— Como assim procurar apartamento? Sou seu


namorado e quero que venha morar comigo, iria conversar
com você mais tarde, mas já que tocou no assunto. Não vejo
problema nenhum em morarmos juntos, aliás, só nos fará
bem, até conversei com os seus avós outro dia. Eles
disseram que ficarão mais sossegados se você aceitasse,
mas que a resposta não dependia deles, e, sim, de você. —
Mirei seus olhos azuis tão expressivos e só vi amor neles e
admiração. Eu o amo tanto, como nunca amei ninguém,
amo os seus filhos como se fossem meus.

— Tem certeza? Às vezes sou bem chata, quando estou


na TPM, sou pior ainda, vou chorar e, ao mesmo tempo,
sorrir. Posso até falar que te odeio, mas saiba que são só os
sintomas. — Ele riu, fazendo o meu coração transbordar de
amor.

— Quando estiver na TPM, serei aquele que lhe


comprará chocolates e assistirá a filmes românticos com
você. Eu prometo. — Uniu as mãos em juramento.

— Mesmo que eu não queira nem lhe ver pintado de


ouro? Estou falando sério, quando estou na TPM, sou outra
pessoa — argumentei.
— Posso me apaixonar por essa outra pessoa que você
se transforma. — Gargalhei, ele não tinha jeito.

— Sendo assim, eu aceito — falei.

Lorenzo se levantou, puxando a minha mão, me


abraçando. As crianças correram na nossa direção. Pegamos
eles nos nossos colos e nos abraçamos novamente, eles
gritavam, achando tudo engraçado.

— Sofia vai morar conosco, amores — disse, como se


eles entendessem algo.

Fiquei pensando em como a minha vida mudou depois


que encontrei Lorenzo. Eu estava sem emprego, mas o
destino já reservou algo muito melhor para mim. Ele me deu
uma família completa.
Capítulo 16
Lorenzo
Seis meses depois…
 Caminhei devagar e parei em frente às grandes janelas
de vidro que iam até o chão da minha sala em meu
escritório. Com as mãos no bolso da calça social, fiquei
analisando a minha vida a um ano atrás e pude constatar
que eu era feliz sim, porque meus filhos nasceram
saudáveis. Comparando hoje, sou muito mais feliz, encontrei
o amor da minha vida, com quem quero passar o resto dos
meus dias, quem sabe me tornar pai novamente, não sei o
que a vida me reserva, mas quero viver tudo o que tiver que
viver ao lado de Sofia.

Ontem, conversando com os meus irmãos, contei-lhes


que quero pedir ela em casamento. Estamos juntos há sete
meses, parece que tem mais tempo, porque a nossa
conexão foi tão forte desde quando nos vimos pela primeira
vez, meu estômago ficou gelado, mas minhas mãos suaram.
Sofia é diferente de todas as mulheres que já passaram pela
minha vida, ela nunca me olhou com interesse na minha
posição social. Ela enxergou o Lorenzo humano, aquele que
abdicou de muitas coisas para cuidar dos filhos e faria tudo
novamente.

Suspirei, olhando os emaranhados de prédios, a


caixinha com as alianças estão no meu bolso, pretendo levá-
la para jantar hoje para comemorar o seu contrato. Ela irá
trabalhar em uma das clínicas mais conceituadas de Santa
Tereza, não tenho nada a ver com a sua contratação. Tudo o
que ela conquistou foi por esforço dela mesmo.

Dificilmente a vejo reclamar de algo, às vezes, quando


ela estava estagiando, chegava cansada em casa, e as
crianças ainda estavam acordadas, querendo brincar, ela
brincava até eles se cansarem. Não nega nada aos dois.
Mima-os o quanto pode.

Mas, quando ela está na TPM, fica irreconhecível, fica


chata e chora por nada, bem que ela avisou. Mas sei como
deixá-la melhor nesses dias, encho a banheira para ela ficar
relaxando, quando volta para o quarto, faço massagem,
enquanto ela come uma barra de chocolate, depois
assistimos aos filmes de príncipes que ela ama tanto. A
maioria é repetida, mas quem sou eu para reclamar, tenho
amor a minha vida.

Olhei no relógio e já passavam das cinco da tarde. Saí


de perto das janelas, fui até a minha mesa e peguei a minha
pasta. Desliguei o computador e saí. Passei por dona Letícia,
lhe desejando uma boa tarde! Ao chegar no
estacionamento, destravei o carro e entrei, colocando a
pasta no banco do carona. Liguei o carro e saí do prédio,
entrando na rua, segui para casa pensando o que iria dizer
para Sofia, acredito que essas coisas não decoramos, elas
saem na hora do fundo do nosso coração.
Terminei de me arrumar e fui para a sala esperar Sofia,
ela estava no banheiro passando creme hidratante. As
crianças foram para a casa do Francesco, Gianluca teve que
viajar para a vinícola, estamos trabalhando no novo
espumante, o final do ano está quase chegando e temos que
pensar nos lançamentos novos das bebidas. Como ele é o
sommelier, esse trabalho é dele. Fui até a cozinha, coloquei
um pouco de vinho em uma taça e tomei. Eu estava
nervoso, tentei ao máximo não deixar transparecer quando
estava perto do sofá.

— Amor. — Ouvi a voz dela me chamando. Saí da


cozinha, levando a taça comigo.

— Estou aqui, querida! Fui até a cozinha pegar uma


taça de vinho. Quer uma? — Ela me olhou, não pude deixar
de admirar, ela estava linda, usando um vestido vermelho,
um sapato de salto alto, maquiagem leve, seus cabelos
estavam presos, usava um conjunto de joias. Ela estava
muito linda.

— Nossa, você está muito linda! — elogiei, me


aproximando mais, coloquei a mão delicadamente em sua
cintura. Entreguei a taça de vinho, ela tomou um gole. Uni
os nossos lábios e senti o gosto da bebida.

Devagar abri os meus lábios, comecei a fazer uns


joguinhos de sedução, parecia que ia beijá-la, mas recuava,
levei os meus lábios ao seu pescoço e comecei a beijar,
inspirando o seu cheiro. Em seguida, fui para o seu ouvido,
passei a língua devagar, e sussurrei.

— Quero foder você com esses saltos e esse vestido,


tirarei apenas a sua calcinha. — Bebi um pouco da bebida,
não engoli toda, voltei para a sua boca derramando o
restante do vinho, nos beijamos rápido e com desespero,
mas tinha que parar, ou não iríamos sair para jantar. O rosto
de Sofia estava vermelho. Suspirando, ela disse:

— Não gosto quando faz isso. Excita-me depois para,


não quero mais sair para jantar, quero passar a noite com
você no quarto — Disse manhosa. Sorri, deixando a taça na
mesinha.

— Podemos fazer isso e muito mais. Porém, faremos


depois do jantar. Você não vai se arrepender, eu te garanto.
Agora vamos!

Fechei a porta assim que Sofia entrou no carro, em


seguida, dei a volta, entrando, prendi o cinto de segurança e
liguei o carro. O restaurante que iríamos não era tão longe.
Pedi a minha secretária que reservasse a nossa mesa com
antecedência, pois são bem concorridas as vagas.

— Não sei, mas estou te achando um pouco tenso. Está


acontecendo alguma coisa? — Peguei a sua mão e beijei o
dorso.

— Deve ser impressão sua, está tudo bem —


expliquei, de olho no trânsito. Eu sabia que ela iria
desconfiar de algo.

Entreguei a chave para o manobrista, entrelacei a mão


na de Sofia e entramos no restaurante. Comuniquei o meu
nome para a recepcionista, que nos levou para a nossa
mesa. Puxei a cadeira para a minha namorada se sentar, em
seguida, me sentei a sua frente. Agradeci à recepcionista,
que se retirou.

— Vou pedir um vinho. Quer ir olhando o cardápio


enquanto peço o vinho? — Sofia pegou o cardápio e
começou a escolher o que iríamos comer. Sempre que
comemos fora, a deixo escolher a refeição.

Chamei o garçom e pedi duas taças de vinhos.


Agradeci, e ele se retirou. Olhei ao redor e o restaurante
estava cheio.

— Vou pedir uma salada de salmão defumada, é leve e


combina com vinho. Ou você quer lombo no molho
madeira? — inquiriu, me olhando. Chamei o garçom e ele
anotou os nossos pedidos.

— Está ótimo, amor!

O vinho chegou, logo em seguida, o nosso jantar.


Começamos a comer, reservei um quarto em um hotel aqui
perto, pedi para decorar o quarto com pétalas de rosas,
colocar champanhe. Pensei que queria mais privacidade
para pedir a minha namorada em casamento.
— Nossa, está uma delícia. Está gostando, amor?
Lorenzo, você está bem mesmo, querido? Estou acreditando
que você está escondendo algo de mim. É sobre a empresa?
As crianças? — Sorri, balançando a cabeça.

— Amor, não é nada, eu só estou feliz por você. Vamos


brindar ao seu contrato de trabalho. Estou muito feliz pela
sua conquista, eu vi o quanto lutou para chegar onde está.
Você merece muito mais. Eu te amo tanto, não esqueça.
Estou desse jeito porque tenho uma surpresa para você, mas
só posso dizer isso. Agora vamos comer, temos que ir em
outro lugar depois. — Sua testa enrugou, ela iria me encher
de perguntas.

— Você sabe que eu não gosto de surpresas, não sabe?


Vou roer as unhas agora, e fiz ontem, de gel. — Fez
beicinho, reclamando.

Terminamos de jantar, Sofia sempre querendo saber


sobre o que se tratava a surpresa, mas consegui ficar calado.
Tenho certeza de que ela iria amar.

Assim que o manobrista me entregou o carro, Sofia


entrou e entrei em seguida. Dirigi rumo ao hotel, era um dos
mais procurados pelos turistas, consegui a suíte mais
luxuosa, para a minha futura mulher, só queria o melhor.
Parei em frente ao hotel, novamente entreguei a chave do
carro para o manobrista, e entramos, Sofia olhou para mim
incrédula, mas não disse nada. Na recepção, peguei o cartão
magnético, agradeci e fomos para o elevador. Sua mão
estava gelada, beijei para tranquilizá-la. As portas se
abriram no nosso andar, saímos. Me virei para ela.

— Vou colocar esse lenço para vendar seus olhos. Tudo


bem? Isso faz parte da surpresa. — Ela concordou.

Abri a porta e ajudei-a a andar, como ela estava de


salto, ficou um pouco difícil, mas chegamos.

— Vou abrir a porta, assim que eu disser, você pode


tirar a venda. Certo, amor? — Balançou sua cabeça em
positivo. — Pode tirar — anunciei, queria olhar para o seu
rosto para ver sua reação.

As bochechas de Sofia ficaram vermelhas, ela pôs a


mão na boca e olhou para o chão cheio de pétalas de rosas
espalhadas. Em seguida, olhou para a cama, onde estava
escrito “casa-se comigo?” Olhei para ela, que estava
emocionada, lágrimas desciam dos seus olhos. Tirei a
caixinha do bolso, abrindo e mostrando o par de alianças.
Ajoelhei-me como manda a tradição.

— Aceita se casar comigo, amor? Quer fazer esse


homem, que está curvado aguardando uma resposta sua,
feliz? Não demore muito, pois bem sabe que ele está velho e
tem hérnia de disco. — Ela começou rir.

— É claro que eu aceito, seu bobo, você não é velho. É


o homem mais lindo e bondoso que já vi na vida.
Levantei-me, colocando a aliança em seu dedo, em
seguida, ela pôs no meu. Beijamo-nos, suas mãos enlaçaram
o meu pescoço. Fiz um pouco de esforço, puxando o seu
corpo para cima, a fazendo rodear as pernas no meu quadril.
Andei em direção da cama, me sentando devagar. Ficamos
assim nessa posição por um bom tempo, até que lembrei do
champanhe.

— Vamos comemorar bebendo champanhe. Depois


iremos para a cama e passaremos o resto da noite nela,
fazendo amor.

Abri a garrafa de champanhe, que explodiu, fazendo


Sofia dar uns gritinhos. Enchi duas taças e bebemos, depois
enchi mais outra e bebemos novamente.

— Quero dançar, amor. Vem, vamos dançar — ela


disse, alegre demais.

Liguei o som e dançamos, Sofia colocou a cabeça em


meu peito, e ficamos em silêncio, ouvindo a música
romântica que saía da caixinha de som. Mirei os seus olhos
quando ela levantou a cabeça. Olhos castanhos brilhantes.

— Amo você, anjo, que chega a doer meu peito! Eu


quis te pedir em casamento muito antes, mas pensei que
era cedo, não para mim, mas para você, que estava
realizando os seus sonhos. Eu já não aguentava mais, quero
te chamar de esposa, quero que todos saibam que é minha
mulher.
— Amo você, Lorenzo. Amo muito mais agora, porque
você sempre sabe a hora certa de fazer tudo por mim. Se
tivesse me pedido em casamento quando fizemos um mês
de namoro, eu teria aceitado, porque você é o homem da
minha vida. Quero passar o resto dos meus dias ao seu lado.
Quero ver nossos bebês crescerem. Sei que eles não são
meus filhos de sangue, mas são de coração, eu os amos
como se eles tivessem saído daqui, da minha barriga.

Emocionei-me com a sua fala, por isso a beijei com


todo desejo, com todo o amor que sinto por ela. Sofia é a
mulher da minha vida.

Tirei a minha jaqueta, depois a camisa. Sofia quis tirar


o vestido, mas não deixei. Queria-a de quatro desse jeito.

— Quero que tire a sua calcinha apenas — sussurrei.

Abaixei-me e enfiei as mãos por baixo do vestido e


desci a calcinha minúscula. Levei ao meu nariz e cheirei,
minha ereção pulsava dolorida na cueca. Beijei a sua coxa,
abri a sua perna, e cheirei a sua boceta.

— Quero que sente na cama e abra bem as suas


pernas, vou chupar a sua boceta e, quando gozar, vou te
comer de quatro — decretei.

Tirei a minha calça, em seguida, a cueca. Toquei o meu


pau completamente duro, ele pulsava de desejo, alisei para
cima e para baixo, olhando nos olhos de Sofia. Seus lábios
entreabertos, suas coxas roçando uma na outra. Andei na
sua direção, beijando seus lábios, empurrei seu corpo com
cuidado, suas pernas se abriram e sua carne estava
encharcada brilhando. Enfiei a minha cabeça e devagar
comecei a saborear. Lambi e, quando cheguei no seu
pontinho sensível, chupei, fazendo-a se contorcer. Seu
quadril arqueou, fazendo força contra a minha boca. Seus
gemidos ficaram mais altos conforme eu chupava. Abri mais
as suas pernas, devorando-a com a minha boca, era como se
fosse mel, me sentia um sortudo por ser seu primeiro
homem e ter os seus orgasmos somente para mim.

— Goza para mim, anjo? — ordenei enquanto lambia


e sugava o seu clítoris.

Seu corpo todo sacudia violentamente com vários


espasmos, depois que ela terminou de gozar. Fiquei de pé
olhando seu rosto vermelho, seu semblante relaxado.

— Fique de quatro, amor — pedi roucamente.

Sofia ficou de quatro usando os saltos, me aproximei,


levantando o vestido. Abaixei e beijei seu bumbum durinho,
em seguida, coloquei meu pau na entrada da sua boceta,
mas não enfiei, fiquei passando, ela rebolava, querendo que
eu enfiasse todo.

— Cala, anjo, apenas sinta o quanto estou duro. Isso


tudo é por você. — Ela gemia.

Sem conseguir aguentar mais, enfiei devagar, sentindo


sua carne quente. Gemia, me aprofundando mais.
Movimentei, entrando e saindo, adorava como os nossos
corpos se completavam, parecia uma sinfonia. Movimentei-
me mais duro e forte, não estava mais aguentando,
precisava me libertar.

— Hum! Que boceta gostosa! Eu não aguento mais,


anjo, vem comigo?

Gozamos juntos, meus jorros saíram fortes dentro dela,


nossos corpos colados e suados. Saí de dentro de Sofia
beijando suas costas. Ela se virou com a testa suada, pediu
para eu tirar o vestido dela. Ela tirou os sapatos e nos
deitamos na casa, cansados, mas saciados. Percebi que ela
ficou olhando para a aliança em seu dedo.

— Agora estou noiva. Vou me casar. Preciso contar para


os meus avós, agora não, só amanhã. Agora quero
aproveitar a noite com o meu noivo — disse, me beijando.

Em seguida, deitou a cabeça no meu peito, algumas


pétalas estavam emaranhadas em seus cabelos. Ela dormia
serena, seu rosto estava descansado. Beijei a sua testa e
fechei os meus olhos. Ao meu lado, estava a minha noiva, a
mulher que eu amava.
Capítulo 17
Sofia
Um mês depois...
Abri os meus olhos, olhei a hora no relógio em cima da
mesinha ao lado da cama e vi que faltavam quinze minutos
para às quatro da manhã. Minha barriga roncou e senti uma
enorme vontade de comer bolo de chocolate, que coisa
estranha!

Levantei-me, colocando o meu robe por cima da


camisola, calcei as minhas sandálias e saí do quarto,
fechando a porta com cuidado, ultimamente Lorenzo está
com dificuldade para dormir e qualquer barulho ele acorda.
Andei pelo corredor e desci a escada devagar, a casa estava
um pouco escura. Cheguei na cozinha, peguei um prato no
armário e um garfo, abri a geladeira e peguei uma fatia de
bolo, colocando bastante calda por cima, me sentei na
banqueta, colocando o prato em cima do balcão.

Levei a primeira garfada na boca, sentindo o gosto


delicioso do bolo. Cida sempre faz esse bolo, Lorenzo come
todos os dias. Peguei mais um pedaço, comendo e
gemendo, nunca fui de comer bolo na madrugada, está tão
gostoso que vou pegar mais uma fatia.

Quando ia me levantar, alguém entrou na cozinha,


fiquei quieta, pode ser Janaína, que veio beber água, a
silhueta ficou mais perto. Era Lorenzo completamente nu,
indo na direção da geladeira, não me mexi, fiquei
observando o que ele iria fazer.

Ele abriu a geladeira e tirou o bolo em pé, parado com


a porta da geladeira aberta, então, ele começou a enfiar o
dedo na calda e lamber. Céus! Ele estava de costas para
mim, e seu bumbum estava na minha vista, como sempre,
bumbum branco. Quis sorrir, mas fiquei quietinha, ele
estava no modo sonâmbulo.

— Preciso fazer outro bolo, esse já está acabando —


disse, colocando o bolo de volta na geladeira. Começou a
procurar algo, mexendo no armário. Ele virou na minha
direção, abaixei meus olhos, olhando para baixo, balançando
a cabeça. Imagina alguma empregada vendo essa cena. —
Deixa para lá, amanhã faço o bolo — falou e saiu pela porta
da cozinha, sumindo. Levantei-me o mais rápido possível, de
repente me deu enjoo, deve ser tanta calda que comi. Lavei
o prato e saí da cozinha.

Cheguei no quarto, ele estava deitado, dormindo, com


os dedos todos lambuzados de chocolates. Deitei-me ao seu
lado e dormi, sentindo uma leve dor de cabeça.

Pela manhã, acordamos, e ele ficou olhando para as


mãos.

— Meus dedos estão lambuzados, uma espécie de


creme seco, e acordei pelado. Você tirou as minhas roupas?
— perguntou, me olhando, eu estava tomando banho
quando ele entrou no banheiro. Sorri.

— Amor, você teve outro quadro de sonambulismo, eu


estava na cozinha na madrugada comendo, de repente me
deu fome e desci para comer. Já estava acabando quando
você apareceu pelado, procurando algo na geladeira, ainda
começou a falar. É engraçado, amor, mas fiquei preocupada,
fiquei até você sair da cozinha, não queria que acendesse o
fogo, ou pegasse em algo cortante. Você disse que iria fazer
bolo. — Ele coçou a cabeça desconfiado.

— Mas eu nem sei fazer bolo. — Comecei a gargalhar


da cara que ele fez.

— Não mesmo. Agora venha aqui tomar um banho


comigo, você está todo grudento, temos que trocar os
lençóis da cama.

Após o banho, fomos até o quarto das crianças, eles


estavam com um ano e sete meses e a cada dia estavam
mais sapecas. Conversei com Lorenzo que, ao invés de
contratarmos outra babá, por que não os colocar em uma
escolinha? Assim, eles interagem com outras crianças.
Como ele é dramático e apegado aos filhos, ficou de pensar,
mas decidiu que era o melhor para eles.

No primeiro dia, ele chorou mais que os gêmeos, ligava


toda hora para a diretora, pedia vídeos, mas viu que as
crianças gostaram e se adaptaram. Antes de irmos
trabalhar, vamos deixá-los na escolinha. Depois ele me leva,
em seguida, vai para a empresa.

Depois de dar banho nos meninos, fomos tomar café.


Eles sempre acordam muito dispostos para ir para a
escolinha. Cida trouxe ovos mexidos, frutas e leite, bolo, pão,
mas eu não quis comer, tomei apenas uma xícara de café.
Exagerei ontem, comendo pela madrugada, e acordei sem
fome.

— Não vai comer nada, amor? — Lorenzo perguntou,


me olhando.

— Não, estou sem fome, mas, se sentir, como algo no


trabalho. — Olhei para as crianças, que já terminaram de
comer. Levantei-me para levá-los para escovar os dentes e
se arrumarem. Lorenzo foi trocar de roupas para depois
olhá-los enquanto eu me arrumo. Porque, se deixá-los
sozinhos, eles aprontam.

Desci a escada, os dois estavam quietinhos em pé, com


as mochilas em suas costas do baby shark. Quando me
viram, correram na minha direção, pegando na minha mão.

— Colinha, Fifia — Gael disse.

— Colinha — Pietro repetiu.

— Isso, meus amores, vamos para a escolinha. Vocês


gostam muito, não é? — Eles balançaram a cabeça.
Saímos, eles estavam bem animados. Lorenzo os
colocou nas cadeirinhas e seguimos para a escolinha.
Quando eles voltam para casa, chegam cheio de assuntos e
palavras novas que aprendem lá. Eu ainda estava com uma
leve dor de cabeça, massageei a minha têmpora. Se
persistir, vou tomar remédio, sempre carrego comigo alguns
remédios, principalmente para dores.

— Está se sentindo bem? — Lorenzo perguntou


quando paramos no sinal.

— Só uma leve dor de cabeça — expliquei.

— Já tomou remédio, quer passar na farmácia antes de


ir para o trabalho? — Coloquei a mão em sua coxa.

— Tenho, amor, mas só tomo em último caso. Não se


preocupe. — Ele sorriu, relaxado.

— Se não melhorar, amanhã iremos ao hospital. Tudo


bem? — Concordei.

Dobramos a esquina e ele parou o carro em frente à


escolinha. Ele tirou os dois do carro e os colocou no chão.
Eles ajeitaram a mochila. Abaixamo-nos para nos
despedirmos deles.

— Se comportem, amores. Amo vocês. — Beijei os


seus rostinhos.

— Papai também ama vocês. E não briguem, vocês são


irmãos e melhores amigos. — Lorenzo abraçou e beijou os
filhos.

Eles acenaram para nós dois quando foram levados


para dentro e correram quando observaram as outras
crianças. Quando cheguei na casa deles para ser a babá,
eram tão pequeninos, nem falavam direito. Agora estão indo
para escolinha, estão ficando tão independentes. Fiquei
emotiva e deixei uma lágrima cair. Sorri, pois estou me
achando muito estranha hoje. Limpei a lágrima e entrei no
carro.

Abri os meus olhos, mas fechei novamente, gemendo


de dor, minha cabeça ainda estava doendo. Levantei-me,
sentindo um enjoo forte e andei às pressas para o banheiro,
me inclinando e vomitando. Fiz tanta força, mas não saiu
nada mais que água, não me alimentei ontem no trabalho e
nem quando cheguei em casa, não consegui comer nada.

A porta do quarto abriu e Lorenzo chamou o meu nome


quando não me viu na cama. Com certeza se preocupou
porque desde ontem não me sentia bem. Ontem dormi
cedo, ele ainda tentou me acordar para comer, mas eu não
quis.

— Estou aqui no banheiro, amor — falei, terminando


de escovar os dentes. Em seguida, passei uma água no
rosto. Me olhei no espelho e estava pálida, com olheiras ao
redor dos olhos.
— O que aconteceu? — inquiriu, olhando em meu
rosto.

— Vomitei e a dor de cabeça não passou. Ontem tomei


quatro analgésicos e nada, minha pressão deve ter baixado
— reclamei.

— Vou pedir a Janaína para cuidar dos meninos, vou só


tomar um banho e iremos à emergência, essa sua dor de
cabeça está estranha, não passa.

— Amor, não, eu só quero me deitar. Liguei para a


minha avó ontem, ela disse para tomar chá de erva-doce
que ajuda. Vou fazer, tomar e dormir. Mais tarde acordo
melhor — sugeri.

— Não custa nada ir à emergência e falar com um


especialista, querida. Isso não é normal, e você prometeu
que hoje iríamos. Então vamos logo. Veste uma roupa, eu
vou tomar um banho rapidinho. Vou ficar mais aliviado
quando um médico me disser que está tudo bem com você.
— Notei que ele estava realmente preocupado, então fui
trocar de roupas.

As crianças estavam na sala, assistindo a desenhos,


tomando suco em seus copinhos, estamos tentando tirar a
mamadeira. Agora eles não acordam mais para mamar. Já
dormem direto, mas ainda estão usando fraldas para
dormirem. Lorenzo apareceu todo lindo, de cabelos
molhados e penteados para trás. Só tinha um detalhe, o
perfume dele se tornou enjoativo, mas eu amava esse
cheiro. A enxaqueca deve ser bem séria.

Nos despedimos das crianças e saímos. Peguei uma


toalha de rosto que encontrei no quarto e pus no meu nariz,
não estava conseguindo inalar o seu cheiro. Assim que o
carro estacionou, saí apressada, estava a ponto de vomitar
no carro, mas passou quando inspirei o ar puro.

Entramos na clínica em que temos convênio. Já


passavam das oito horas da manhã. Lorenzo explicou na
recepção o que eu estava sentindo, em seguida, entregou a
carteirinha e a minha identidade. Ficamos de consultar com
o clínico geral.

Coloquei a pulseirinha com o meu nome e entramos.


Ele bateu na porta. Um senhor de cabelos grisalhos nos deu
bom-dia e nos disse para nos sentarmos.

— Está sentindo essa dor a bastante tempo? —


inquiriu.

— Senti de madrugada e persistiu o dia todo. E, antes


de virmos para cá, vomitei e me deu um pouco de enjoo,
não consegui comer o dia todo — relatei, ele ficou
anotando os sintomas, em seguida, começou a prescrever
alguns exames.

— Passei alguns exames para fazer, urina e de sangue,


beta HCG. — Na hora que ele falou esse exame, com
certeza a cor do meu rosto mudou, porque sei que é para
descobrir se a pessoa está grávida. Nervosa, eu estava
nervosa.

— O senhor está insinuando que posso estar grávida?


— Minha voz saiu baixa, e Lorenzo me olhou rapidamente.

— Só saberemos depois que os exames ficarem pronto


— disse calmamente, me entregando os papéis.

Levantei-me, e Lorenzo também, pedi licença e saímos.


Eu estava tremendo. Andei apressada, procurando o
laboratório.

— Calma, Sofia. Amor, se você estiver grávida mesmo,


eu vou ser o homem mais feliz desse mundo — me
tranquilizou, tocando o meu rosto, senti alívio com a sua
confissão.

— Sério? Você não acha que é cedo demais para


termos um filho. As crianças ainda são tão pequenas. E nem
casamos ainda — sussurrei essa parte, pois uma enfermeira
passou por perto.

— Isso é bobagem, podemos casar amanhã se você


quiser. — Sorri e o abracei.

— As crianças irão amar ter um irmãozinho, ou


irmãzinha. Agora vem, vamos fazer os exames, pois quero
poder comemorar de verdade — disse, me beijando.

Na sala do exame, colhi o sangue, em seguida, enviei a


amostra do xixi. Saímos e fomos esperar na recepção. Eu
estava inquieta, ansiosa. Com certeza, o bebê foi feito
quando Lorenzo me pediu em casamento, transamos sem
preservativo. Só noutro dia voltamos a nos cuidar.

Quase uma hora e meia depois, os resultados saíram.


Eu já não aguentava mais esperar. Lorenzo não parava de
falar, ele estava torcendo muito para dar positivo. Pegamos
os exames e retornamos à sala do médico. Entreguei os
papéis para ele, que começou a avaliar. Suspirou e nos
olhou.

— É o que suspeitei, a senhora está grávida de pouco


mais de um mês — falou, nos olhando, Lorenzo sorriu, meu
coração batia tão forte, eu iria ter um bebê.

— Sugiro que procure um obstetra para lhe


acompanhar durante a gravidez. Irei prescrever apenas um
remédio para dores na cabeça — disse, me entregando a
receita.

Agradecemos e saímos de mãos dadas. Do lado de fora,


Lorenzo me abraçou tão forte. A ficha ainda não caiu, eu
estava carregando um bebê na minha barriga. Eu estava
feliz, só não conseguia expressar, mas eu estava. Lorenzo é
o homem da minha vida, disso tenho certeza. Nosso amor é
verdadeiro e agora ele se multiplicou, vamos ser pais.
Capítulo 18
Lorenzo
Sete meses depois
Afrouxei um pouco a gravata, pois parecia que estava
apertada demais. Senti um pouco de falta de ar. Andei de
um lado para o outro. Estávamos na igreja, hoje era o meu
casamento com Sofia. Meus irmãos se aproximaram.

— Mio fratello, vai acabar furando o piso da igreja de


tanto andar de um lado para o outro. Se acalme, cara! Sofia
não vai desistir de casar com você não. Ainda mais com
aquele barrigão de oito meses, ela só está atrasada vinte
minutos, não sabe que grávidas fazem muito xixi? Talvez ela
esteja comendo algo que sentiu desejo, igual naquela vez
que ela fez você ir atrás de jaca pela cidade, tivemos que
pular um muro de uma casa abandonada porque, nos
supermercados, não tinha mais. Quase quebrei a perna
pulando o muro, aqueles cachorros botaram nós três para
correr. O que eu não faço pela minha sobrinha. Nem saiu da
barriga e já está colocando os tios para fazerem as vontades
dela, a bambina Chiara não vai ser fácil — Gianluca disse,
me fazendo rir.

— É vero, mio caro, sua bella donna não irá lhe


abandonar. As noivas sempre atrasam — Francesco
concordou.

Eles tinham razão, ela só estava atrasada.

A marcha nupcial começou a tocar, me ajeitei em meu


lugar, completamente nervoso. Dona Beatrice entrou e ficou
em seu lugar, olhou para mim e sorriu. Estávamos casando
na igreja mais disputada de Santa Tereza, quis casar aqui
porque era aqui que vinha na missa com os meus pais, é
como se eles estivessem presente.

Não consegui conter as lágrimas quando os meus filhos


entraram na frente da Sofia e do seu avô. Eles estavam
usando terno, gravata e sapato social, estavam crescendo
tão rápido que sentia falta de quando eles eram bebês de
colo.

Olhei para Sofia, ela estava linda com um barrigão de


oito meses, nossa filha está quase chegando. Chiara é tão
esperta, quando ouve a minha voz, começa a chutar. Os
irmãos dela brigam para ficar passando a mão na barriga, a
sentindo chutar. Tenho certeza de que eles serão irmãos
protetores.
Assim que o seu avô a entregou para mim, jurei a ela
que viveria somente para fazê-la feliz. Beijei as crianças, que
foram para perto dos tios, saindo correndo, fazendo todos da
igreja sorrirem. Noêmia estava presente, chorando.

O padre falou sobre família, sobre o casamento,


perguntou se era de livre e espontânea vontade que
estávamos contraindo o matrimônio e respondemos que
sim. Depois perguntou se eu aceitava Sofia em casamento,
claro que a resposta não poderia ser outra, era sim, sim para
o resto das nossas vidas. Em seguida, foi a vez dela,
emocionada, ela respondeu sim também. Antes de
trocarmos as alianças, disse o quanto ela é importante na
minha vida, o quanto ela só tem me feito bem, que os meus
filhos a tem como uma mãe. Ela também falou o quanto eu
a faço feliz. Que antes não pensava em se casar, mas,
quando me viu, se apaixonou à primeira vista. Trocamos
alianças e nos beijamos. Não sei se um homem pode ser
mais feliz que eu nessa vida.

Depois de jogar o buquê, fomos curtir a nossa festa,


não viajaríamos pela condição dela, que já estava prestes a
dar à luz.

— Está cansada?

— Se eu disser que sim? Seria chata? Sabe o que eu


queria agora? Uma banheira cheia de espuma e receber
uma massagem nos pés — disse com as mãos enlaçadas no
meu ombro, estávamos dançando devagar.
— Seu desejo é uma ordem, minha esposa. Iremos
agora para casa, encherei a banheira com água e sais de
banho. Farei massagem em seus pés e tudo o que mais você
quiser — falei, olhando em seus olhos, beijando seus lábios
em seguida.

  — Então vamos, antes avisarei aos meus avós, eles


dormirão em casa, mas aposto que querem sair antes de
aproveitar a festa.

Depois de avisar a todos, saímos. As crianças vão direto


para a casa do tio Gianluca. Peguei na mão da minha esposa
e saímos. Com cuidado, ela entrou no carro, peguei a
metade do vestido de noiva que ficou do lado de fora e pus
para dentro. Entrei no carro, dirigi com bastante atenção, de
vez em quando olhava para ela. Aumentei mais o ar-
condicionado.

Estacionei o carro em frente de casa, abri a porta e saí,


ajudando a minha esposa a sair, que, com dificuldade, saiu.
Peguei a barra do vestido e segurei para que ela não viesse
pisar. Entramos em casa e fomos direto para o quarto e, ao
entrar, fui direto para o banheiro encher a banheira.

— Quer ajuda para tirar esse vestido. Amor, você era a


noiva mais linda desse mundo. Se pudesse, casaria todos os
meses com você, só para te ver vestida de noiva. — Ela
sorriu.

— Amor, eu te amo, mas não vestiria todos os meses


esse vestido não, deu tanto trabalho para pôr, eu engordei
tanto. Meus seios estão quase pulando para fora de tão
grandes que estão, olha só. — Ela é tão exagerada.

Ajudei Sofia a tirar o vestido e fiquei animado quando a


vi apenas de calcinha e sutiã. Tirei a tiara, desamarrei o seu
cabelo, ela tirou o salto, ajudei a tirar o sutiã, o
desprendendo atrás. Por fim, tirei as minhas roupas, peguei
em sua mão e a ajudei a entrar na banheira com cuidado.
Ela gemeu em satisfação. Peguei o óleo de massagem,
coloquei um pouco na mão, passei em seus ombros e
comecei a fazer movimentos, ela jogou a cabeça para trás.
Beijei o seu ombro, coloquei a mão sobre a sua barriga e fiz
carinho. Desci a minha mão entre as suas pernas, ela abriu
mais, me dando passagem.

— Quer uma massagem na sua boceta, amor? —


sussurrei.

— Quero muito — respondeu.

Massageava seu clitóris e Sofia gemia. Mordia devagar


o seu ombro, meu pau duro cutucava a sua bunda. Enfiei
um dedo dentro dela, que estava molhada.

— Vamos para a cama, amor. Quero chupar a sua


boceta — disse, rouco.

Saímos da banheira, enxuguei Sofia e voltamos para o


quarto. Devagar, ela se deitou na cama, abrindo as pernas.
Fui beijando a sua barriga e enfiei a minha cara, lambendo
sua boceta, ela gemeu. Fiz novamente, dessa vez chupando.
Ela era tão gostosa, tão saborosa. Fiz alguns movimentos
com a língua e senti suas pernas tremerem. Ela gozou, só
não podia se mexer muito. Deitei-me ao seu lado, cobrindo
nós dois com o edredom. Essa não era a lua de mel que
tinha prometido, mas não podíamos viajar. O importante é
que estávamos juntinhos e nos amávamos. Era isso que
importava

— Sabe o que eu pedi quando cortei o nosso bolo de


casamento? — perguntei baixo.

— Que ficássemos para sempre juntos, que


pudéssemos ver nossos filhos crescerem, nossos netos
correndo por essa casa. Não quero nunca te perder. Promete
para mim que sempre estará comigo?

— Amor, sabe que sempre estarei com você. Eu te amo


para sempre. Vamos ver os nossos filhos grandes, eles
brigando porque tem que acordar cedo para irem para a
empresa, a nossa princesinha realizando os sonhos dela.
Podemos pensar em ter mais filhos quando Chiara
completar cinco anos. Espero que os seus irmãos casem
logo também para as crianças conviverem com os primos.
Você acha que eles irão se casar um dia? — Sorri.

— Claro que vão, eles dizem que não, mas é tudo


enganação. Deixa só eles se apaixonarem, vão ver que é
melhor coisa da vida — falei, beijando a sua testa.

Fiquei fazendo carinho em seus cabelos até que senti


que ela adormeceu. Suspirei feliz, encontrei o amor da
minha vida que meus filhos amam como se fosse a mãe
deles, que vai me dar mais um filho, e que me ama
incondicionalmente. Não posso querer mais nada nessa
vida, eu já tenho tudo.

Eu sempre pensei que nunca iria me apaixonar, mas


acabei me casando e me apaixonando. Se me perguntasse
se algum dia eu imaginaria isso, claro que não, só queria
criar os meus filhos e viver ao lado deles. Mas Sofia apareceu
para ser a babá dos meus filhos e me conquistou por
completo. Hoje não vivo sem ela. O meu grande amor.
Capítulo 19
Sofia
Um mês depois
Não tinha mais roupa que cabia em mim. Então, ficava
de camisola praticamente o dia todo. Meus pés estavam
inchados, meus seios, doloridos, eu estava comendo muito.

Comecei a fazer natação a pedido da minha obstetra, a


doutora Glória. Ganhei dezessete quilos na gravidez, estou
enorme. Fiz beicinho, me olhando no espelho, comecei a
passar óleo na minha barriga, ela está enorme e com
algumas estrias, mas como meu marido diz, isso não muda
nada, continuo linda.

Mas às vezes eu fico com receio de ficar nua na frente


dele com esse tamanho todo. Quando fazemos amor, ele
sussurra o quanto me ama e que continuo mais linda porque
estou carregando o fruto do nosso amor. Meu marido é tão
amoroso, me trata como uma princesa, nunca o vi com
raiva, é uma pessoa bondosa, de coração enorme, sempre
procurando ajudar o próximo. Quero que os nossos filhos
herdem essa personalidade dele.

Estou só esperando a minha filha nascer, estão todos


aqui em casa porque o parto vai ser humanizado, eu decidi
assim, quero que a minha filha nasça no conforto da nossa
casa, onde será o seu lar por muito tempo.

Meu marido reformou o quarto de hóspede para me dar


todo o suporte. Decidi que seria dentro de uma piscina, que
já está cheia, esperando que ela dê sinal para nascer, caso
não aconteça, terei que ir para a maternidade, fazer uma
cesariana, mas tenho certeza de que ela nascerá em casa.

Meus avós estão aqui, dona Noêmia também. Estão


todos aguardando a hora, mas ela é teimosa que nem o pai,
que nem a mãe também!

Senti um líquido escorrer pelas minhas pernas, baixei


os olhos e vi o espalhar pelo chão. Era o sinal.

— Lorenzo, amor! — gritei alto, assustada.

Ele abriu a porta rápido, cansado, aposto que subiu a


escada correndo.

— Nossa filha vai nascer. — Seus olhos azuis enormes


desceram para o líquido no chão.
— Vou avisar à equipe médica. Ou melhor, vamos para
o quarto que está preparado, eles já estão lá. Vem, eu te
ajudo. — Pegou na minha mão, preocupado, a mão dele
estava gelada.

— Amor, não precisa pressa. Calma. Ai, ai, meu Deus!


— Coloquei a mão nos meus quadris, gemendo de dor.
Nossa, nunca senti tanta dor em poucos segundos!

Olhei para ele, respirando, e continuei a caminhar.


Entramos no quarto.

— Nossa filha vai nascer — disse em voz alta. As


enfermeiras se aproximaram de mim me ajudando.

— Primeiro vamos fazer uns exercícios para então


entrar na piscina — a obstetra disse.

— Sente-se na bola e fique se movimentando; você


segure na mão dela e fique girando devagar. Depois,
comece a caminhar.

— Eu quero a minha nonna — pedi entredentes quando


outra contração me pegou. Uma das enfermeiras saiu para
chamar a minha vó.

Em poucos segundos, a minha avó entrou, segurou a


minha mão e Lorenzo a outra. Eu gemia com tanta dor.

— Já vai passar, filha, se acalme. É assim mesmo. —


Outra contração.
— Não é melhor levá-la para a maternidade — Lorenzo,
com a voz aflita, disse.

— Está tudo sob controle, senhor Lorenzo. Traga-a para


se deitar aqui na maca para saber com quantos centímetros
está. Dependendo do resultado, já podemos começar o
parto.

Após a doutora Glória fazer o exame de toque, entrei


na piscina. Lorenzo entrou comigo. Esqueci de dizer, mas
tem uma fotógrafa registrando tudo.

— O senhor se senta, e ela se senta na sua frente, ela


vai deitar a cabeça em seu ombro, e você segurará as mãos
dela e ajudará quando ela começar a fazer forças. Vamos lá,
Sofia?

Fiz muita força e gritei quando a dor me pegou


novamente, parecia que ia me quebrar ao meio. Olhei para a
minha nonna, que me dava forças só no olhar. Mais uma vez
fiz força, joguei a cabeça para trás, me deitando no ombro
do meu marido, eu estava suada e cansada. Na verdade,
estava exausta.

— Vamos, Sofia. Vamos colocar essa criança no mundo.


Força.

Eu já estava completamente exausta, não tinha mais


forças. Só tinha quando a contração aparecia. Então fiz
tanta força que senti Chiara saindo.
Como a médica instruiu, peguei a minha filha e puxei,
coloquei-a em meu peito e o choro alto começou a ecoar no
quarto.

Lorenzo e eu não conseguíamos parar de chorar, ela é


linda. Não dava para dizer com quem ela se parecia, mas
era linda. Com cuidado, saímos da piscina, enquanto as
enfermeiras cuidavam da minha filha e de mim, eu só
agradecia a Deus por ter me dado uma filha saudável,
perfeita. Ao meu redor, estavam as pessoas que eu mais
amava nesse mundo e que sempre estariam comigo, não
importa como, mas elas estariam sempre ao meu lado.

Lorenzo se aproximou da cama onde eu estava e trouxe


a nossa filha para mamar, ela estava faminta, começou a
sugar os meus seios, fazendo barulho. Já estava de roupinha,
e, ao terminar de mamar, se espreguiçou e voltou a dormir.
Quando se é criança, tudo é fácil.

— Ela é tão linda. Confesso que estava morrendo de


medo que algo acontecesse. Mas graças a Deus que tudo foi
bem. Você é tão forte, tão guerreira. Me apaixonei por você
novamente. Quer casar comigo de novo? — perguntou, me
fazendo sorrir.

— Eu te amo, muito amor. Eu caso com você quantas


vezes você quiser. Mas será que você pode providenciar algo
para eu comer? Estou morrendo de fome. — Ele riu, se
levantando. Minha avó se aproximou.
— Minha bisneta é linda, seu avô deve estar curioso
para conhecê-la, mas agora você vai comer e descansar, fez
muito esforço, vou cuidar de você, filha. Não se preocupe —
falou beijando a minha testa.

— Ela é muito parecida com você, Lorenzo, tem a cor


dos seus olhos. Mas graças a Deus puxou a beleza da mãe —
Gianluca disse.

Faz quinze dias que Chiara havia nascido, eles a


conheceram quando nasceu no outro dia, mas ainda não
dava para saber com quem ela se parece. Gael e Pietro
brigam para estar perto dela.

— Eu só faço filhos bonitos — meu marido disse com a


nossa filha no colo.

— Mas tenho certeza de que ela puxou a beleza dos


tios também — foi a vez do Francesco dizer. Eles eram uns
bobões.

Lorenzo abaixou e os irmãos a beijaram na cabeça. Era


sempre assim, eles eram tão carinhosos com ela.

— Papai, ela tá cheirosa — Pietro falou.

— Sim, amor. Ela acabou de tomar banho, está


cheirosa. Agora ela vai mamar na mamãe.

— Mamãe — Gael repetiu.


— Mamãe — Pietro também disse.

Olhei para Lorenzo emocionada. Era a primeira vez que


eles me chamavam de mãe, acho que por ouvir tanto
Lorenzo pronunciar essa palavra depois que nossa filha
nasceu.

— Vem aqui, meus amores. — Eles correram, subindo


na cama.

— Mamãe ama vocês tanto —  afirmei, emocionada.

— Tenho que ir para a empresa — Gianluca disse,


limpando os olhos. Ele disfarçando para ninguém notar que
ele se emocionou também.

— Vou com você também — Francesco  avisou,


limpando a garganta.

— Vou com vocês até a porta. Vem, filhos, deixa a


maninha mamar.

— Não, vou ficar com a mamãe — ambos falaram.

Sorri, mandando Lorenzo ir e deixar os dois comigo,


eles estavam com ciúmes da irmã. Mas não precisava, eu
amava os três iguais.

Eles ficaram a observando mamar sentadinhos à minha


frente. Estavam maiores. Estavam com dois anos e falavam
tudo. Inclusive, faziam fofoca um do outro, o que um
aprontou na escolinha. Sempre chegavam com novidades.
— Agora vamos, a maninha de vocês vai dormir, e eu
vou aproveitar para tomar um banho e comer. Vem, vamos
lá com o papai.

Peguei nas mãos dos dois e levei-os para baixo, onde o


pai deles estava. Voltei e fui tomar banho, ainda estava
inchada, minha barriga estava desinchando, meus seios
cheios de leite e vazavam sempre. Algumas marcas no
corpo também, mas nada disso importava, eu estava feliz.
Saí do banheiro vestida com o roupão. Lorenzo abriu a porta.

— Você está tão cheirosa. Está mais linda ainda. — Me


abraçou.

— Eu estou gorda — falei.

— Gorda não, gostosa — ele sempre me elogiando.

— Estou tão feliz, eles me chamaram de mãe. Nunca


pedi a eles, mas sonhava que um dia eles fossem me
chamar assim.

— Você é a mãe deles, querida. Está com eles a todo


momento, ajuda quando eles pedem e, quando adoecem,
eles chamam por você. Elas nunca te enxergaram com
outros olhos, sempre foi mãe, só não sabiam falar, mas
sentiam — Lorenzo disse.

Era verdade mesmo. Eles nunca me enxergaram como


babá, sempre me viram como mãe, mas nunca tinham
ouvido essa palavra até o pai deles pronunciar.
— Eu amo a minha família. Amo os meus três filhos, e
amo você, que me deu todos eles. Você mudou a minha
vida, Lorenzo — disse, abraçando-o.

Ficamos em frente à janela, olhando para o céu. As


crianças entraram no quarto correndo. Janaína tentou pegá-
los, mas eu pedi para ela deixar. Eles queriam estar perto da
gente.

Lorenzo colocou os dois na cama e nos deitamos ao


lado deles. Chiara dormia tranquila. Meu peito se encheu de
amor e gratidão. No quarto, estavam todas as pessoas que
eu mais amava. Que só me davam alegria e me faziam feliz.
Fechei os meus olhos, agradecendo a Deus por tudo. Olhei
para eles, que estavam de olhos fechados. Olhei para
Lorenzo, que sussurrou que me ama. Fiz o mesmo. Eu amo
minha família.
Epílogo
Lorenzo
Cinco anos depois…
Fiquei olhando os meus filhos correndo pelos parreirais
cheios de cachos de uvas. Estávamos na casa de campo
para mais uma colheita.

Os gêmeos Gael e Pietro estavam com cinco anos e


Chiara, com três. Não cansava de olhar eles brincando,
tinham tanto cuidado com a irmã. Eles corriam atrás da
borboleta, que voava para longe.

Coloquei a cesta com algumas uvas no chão, ao lado de


Sofia, que estava deitada em uma manta, pegando sol na
barriga. Ela estava grávida de três meses, ainda não
sabíamos o sexo.  Quando soubemos, foi um susto, porque
ela estava tomando anticoncepcional, mas nem um método
é cem por cento eficaz, se ela engravidou, era porque tinha
que ser. Eu acredito muito em destino.

— Trouxe uvas, amor. Estão docinhas, trouxe também


água, sucos e doces que sua avó fez. Ela disse que você tem
que comer bastante, está magrinha.

— Amor, eu estou com fome de outra coisa — disse,


olhando para mim, pedindo para eu me deitar ao seu lado.
Abri o maior sorriso e me deitei, mas sempre de olho nas
crianças.

— Estou desejando ter você. — Levou uma das mãos,


pegando no meu pau, que logo deu sinal de vida somente
com o seu toque.

Sorri sem acreditar, ela estava insaciável. Não tinha


nem meia hora que fizemos amor pela manhã, e ela já está
querendo de novo. 

— Vamos voltar para casa, as crianças ficam com sua


nonna e Noêmia. — Ela concordou e se levantou. Chamamos
as crianças, que estavam cansadas e vermelhas de correr no
sol.

— Vamos para casa, meus amores. 

— Não, mamãe, por favor — os gêmeos reclamaram,


fazendo Chiara repetir.

Ela parecia um papagaio, repetia tudo. Uma vez


Gianluca falou palavrão, ela ouviu e passou o dia todo
repetindo. Briguei com ele, lógico.

— Está muito quente, amor. Vamos para a piscina?

— Obaaaa! — disseram, correndo.

Peguei a cesta com as coisas e subimos. Chegamos em


casa, disse para Noêmia levar as crianças para a piscina, que
Sofia estava um pouco cansada. Ela sorriu, balançando a
cabeça. 

Entramos no nosso quarto e fomos direto para o


banheiro. Estávamos suados. Liguei o chuveiro, Sofia tirou a
roupa, e eu também. A barriga dela ainda estava pequena.

Começamos a nos beijar debaixo da água fria. Desci a


minha boca por toda parte do seu corpo, lambendo,
sugando, deixando marcas vermelhas.

— Você é insanável, minha esposa. Quer o meu pau


dentro da sua boceta gostosa?

— Sim, eu quero, marido. Quero tudo!

— Então vamos para a cama. — Peguei a toalha, nos


enxugando.

Sofia se deitou e me rastejei, subindo para me encaixar


em sua boceta quente. Enquanto nos beijávamos, a penetrei
devagar, sentindo um enorme desejo crescer dentro de
mim.

— Amo foder essa sua boceta gostosa. Está gostando?


— Hunrum! — disse, gemendo.

— Sua pele cheira tão bem. — Rocei o meu nariz,


cheirando a pele do seu pescoço. Não me canso de te dizer
isso, mas você continua a mesma de antes, tão linda e tão
gostosa na cama. 

Continuei arremetendo devagar, apertando a sua coxa.


Estava me segurando para não gozar, mas prefiro que a
minha esposa goze antes. Primeiro vem o prazer dela.

Levei uma das mãos aos seus seios, apertando o bico.


Enquanto ela gemia, rebolando comigo. Meu quadril
remexia e meu pau entrava e saia. As pernas de Sofia
rodearam o meu quadril, suas coxas tremiam e eu sabia que
ela estava próximo de gozar. Levei os meus lábios beijando
aos seus, nossas línguas quentes chupando uma à outra,
suas mãos desciam pelas minhas costas, arranhando a
minha pele.

Senti quando ela começou a ter espasmos, meti mais


fundo, acelerando o orgasmo. Ela gemeu, em seguida, gemi,
metendo rápido e forte. Encostei a minha testa na dela
quando terminamos. Nossas respirações estavam rápidas.
Joguei-me ao seu lado, cansado.

— Está com fome? — perguntei próximo ao seu


ouvido.

— Sim, muita fome — respondeu com os olhos


fechados.
— Vou pegar comida para você. Depois, o que acha de
sairmos para passear um pouco pela vila? Levar as crianças
para correr um pouco na rua. — Ela só concordava.

Vesti as minhas roupas, Sofia pediu uma camisa minha


e vestiu. Bateram na porta do quarto.

— Papai, mamãe, Gael não me deixa subir na boia, só


ele que quer — Pietro, com voz de choro, reclamava.

— Mamãe já vai, amor. — Sofia se levantou e procurou


um vestido.

Era sempre assim, nossos filhos brigavam e ela tinha


que ir conversar com eles. Sempre com a voz mansa, nunca
gritou com nenhum, sempre explicando que eles eram
irmãos e tinham que dividir os brinquedos, comidas, doces.
Eles brigavam, mas logo faziam as pazes.

Saímos abraçados do quarto, chegando à piscina, onde


já estava tudo bem. As crianças já estavam brincando como
se nada tivesse acontecido.

Sentamo-nos na espreguiçadeira, os observando 


brincar. Antes era apenas eu, Gael e Pietro. Agora a família
está completa e vai chegar mais um bebê. Se alguém me
perguntar se era isso que eu imaginava para a minha vida,
eu negaria, pensei que seria somente nós três, mas o
destino nos reserva somente coisas boas.
Peguei na mão da minha esposa e comecei a fazer
carinho nelas, imaginando nosso futuro. E só via amor e
felicidades nele, nossos filhos crescendo rodeados de amor,
fechei os olhos, agradecendo a Deus pela família linda que
ele tinha me dado. Não poderia estar mais feliz.

Fim
Notas da autora
O segundo livro da série CEOs Italianos será contada a
história de Gianluca. E o terceiro do Francesco!

A você leitor que chegou até aqui, muito obrigada por


mais essa oportunidade de conhecer as minhas histórias.
Não esqueça de avaliar o livro ao final da leitura. Me sigam
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lançamentos!

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