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bial (ra-[e ee] DESCRIGAO Histéria da hemoterapia. O ciclo do sangue: recrutamento de doadores, coleta, preparagao de hemocomponentes e controle de qualidade. PROPOSITO Compreender a histéria da hemoterapia, as legislagdes envolvidas e o ciclo do sangue & importante para entendermos a utilizagao do sangue na terapéutica ao longo dos anos e todos 08 processos envolvidos para preparagdo dos componentes de forma segura e confidvel, minimizando os riscos da transfusdo aos receptores. OBJETIVOS MODULO 1 Reconhecer o histérico da hemoterapia e suas principais legislagdes MODULO 2 Reconhecer 0 ciclo do sangue e as etapas de doagdo desde o recrutamento do doador a coleta de sangue MODULO 3 Compreender a preparagao e 0 controle de qualidade dos hemocomponentes INTRODUGAO Ahemoterapia é a ciéncia que utiliza e estuda o emprego terapéutico do sangue que pode ser transfundido com seus componentes (hemocomponentes) derivados (hemoderivados) Essa ciéncia teve 0 pontapé inicial no periodo paleolitico e passou por uma era de cunho empirico e, depois, cientifico com a descoberta do grupo sanguineo ABO, em 1900. A partir disso, outras descobertas na area da hematologia, biologia molecular e imunologia contribuiram para que as transfusées fossem realizadas de forma cada vez mais seguranca e confidvel Atualmente, mesmo com todo avango cientifico e o aumento do numero de transfusdes & beneficio pela rapida corregao da deficiéncia, o desconhecimento hemoterapico pode ainda causar evento adversos e complicagées transfusionais ao receptor, como transmissao de doengas, formagao de anticorpos, sobrecarga circulatéria, TRALI (transfusion-related acute lung injury) e alterages metabélicas. Assim, é importante um olhar em todo 0 processo de obtengao do sangue, que inicia na conscientizagao da populagao e termina no ato transfusional, em um processo que mobiliza inumeros setores, pessoas, insumos, tecnologia e informagées, no chamado ciclo do sangue. Vocé imagina como ao longo da historia o sangue foi utilizado? Vocé sabe o que é um hemoderivado e como ele é produzido? Hemoderivado é sinénimo de hemocomponentes? Como sao separados de uma bolsa os hemocomponentes utilizados em uma transfusao? Sempre foi assim? Por que muitas pessoas nao podem ser doadoras de sangue? Indmeras perguntas permeiam essa ciéncia, assim vamos juntos estudar a historia da hemoterapia e conhecer 0 ciclo do sangue. AVISO: orientagées sobre unidades de medida. AVISO: ORIENTAGOES SOBRE UNIDADES DE MEDIDA. Em nosso material, unidades de medida e ntimeros sao escritos juntos (ex.: 25km) por questées de tecnologia e didaticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espago entre o niimero e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatérios técnicos e demais materials escritos por vocé devem seguir o padrdo internacional de separagao dos ntimeros e das unidades. MODULO 1 © Reconhecer o histérico da hemoterapia e suas principais legislagoes HISTORICO DA HEMOTERAPIA NO MUNDO Vamos comegar nosso estudo acompanhando, na linha do tempo, um breve histérico da hemoterapia no mundo. Imagem: Pixabay 14,000 A.C. PRIMEIROS INDICIOS Ahistéria da hemoterapia inicia no periodo paleolitico, mais precisamente em 14.000 a.C. Os primeiros indicios da importancia fundamental do sangue surgem a partir do famoso desenho do Bisdo de Altamira, uma pintura rupestre descoberta na gruta de Altamira, na Espanha. ATE O SECULO XX - PERIODO EMPiRICO Nesse perfodo, o sangue era envolvido em todo um misticismo, registrado em diferentes culturas: Chineses — acreditavam que 0 espirito da pessoa estava no sangue Egipcios — os faraés acreditavam que se banhar em sangue humano era uma excelente maneira de se obter satide. Vikings — bebiam sangue de baleias e focas como forma de curar escorbuto. Romanos ~ bebiam e se banhavam com o sangue de um touro, em um ritual chamado Taurobolium, com objetivo de se obter satide e forga bruta. Gregos — realizavam sangria (Ato de retirar parte do sangue da pessoa.) para curar as mais variadas doengas, FORMA DE CURA Assim como os vikings, 0 papa Inocéncio VIII (1432 - 1492) bebeu o sangue de trés jovens meninos de 10 anos para tratar uma doenga renal. Imagem: Autor desconhecido / Wikimedia commons / Dominio Ptiblico © 0 papa Inocéncio Vill (1432 — 1492). Imagem: Wikimedia Commons / CC BY 4.0 1628 - DESCOBERTAS SOBRE O SISTEMA CIRCULATORIO Durante muito tempo, o sangue foi utilizado por via oral ou em banhos. Apenas em 1628, as descobertas de William Harvey (1578 — 1657) sobre o sistema circulatério, os vasos sanguineos e a bomba cardiaca abriram caminho para a utilizagao do sangue por via intravenosa. Harvey era médico britanico, autor De Motu Cordis, publicado em 1628 1665 — PRIMEIRA TRANSFUSAO DE SANGUE Em 1665, o médico inglés Richard Lower foi o primeiro a realizar uma transfusdo propriamente dita entre animal/animal. Ele desenvolveu uma série de utensilios préprios para a transfusdo, baseado nos mesmos principios utilizados em cateter e seringas da atualidade. Nesse mesmo periodo, Jean-Baptiste Denis, médico francés, realizou uma transfusao entre animal/humanos, elaborando a melhor documentagao da época Imagem: WCollection gallery / Wikimedia commons / CC-BY-4.0 Imagem: WCollection gallery / Wikimedia commons / CC-BY-4.0 @ Richard Lower. (1631 — 1691) JEAN-BAPTISTE DENIS Imagem: Xenotransfusions, past and presente. Xenotransplantation, Roux e Deschamps, 2007, pag 210. 1 (1643 — 1704) Primeiro relato de transfusao homem e animal, em 15 de junho 1667. 1668-1679 — PROIBIGAO DA TRANSFUSAO A morte de Jean-Baptiste apés uma série de transfusées, tornou as discussées sobre 0 uso do sangue como medida terapéutica acaloradas e a pratica foi abolida na Franca. Na sequéncia, 0 Parlamento inglés tomou a mesma decisdo; no ano seguinte, foi a vez de 0 Vaticano se pronunciar sobre o fim dos experimentos. 1829 — PRIMEIRA TRANSFUSAO ENTRE SERES HUMANOS Somente em 1818, mais de um século apés a proibigao da transfusao na Europa, a discussdo foi retomada, e novas descobertas foram feitas. Em 1829, James Blundell (1791-1878) realizou a primeira transfusao homem/homem reconhecida em uma mulher com sangramento pés-parto. Ele também contribuiu com inumeros aparelhos para transfusdo de sangue. Neste periodo, ainda foram conduzidos estudos sobre as causas da morte de diversos pacientes que foram submetidos a transfusao, As condigdes de higiene basica nao existiam e 0 risco de infecgao por microrganismos era muito elevada, o que era uma provavel causa frequente desses dbitos. Somente apés os trabalhos de Joseph Lister (1827 — 1912), Louis Pasteur (1822 - 1895) & Florence Nightingale (1820 — 1910) sobre procedimentos de antissepsia e esteriizagao foi que toda a pratica médica invasiva teve melhora exponencial, diminuindo o ntimero de ébitos entre os mais diferentes pacientes, inclusive os que eram transfundidos. JAMES BLUNDELL Foto: John Cochran/ Wikimedia commons/ Dominio Publico. © James Blundell era inglés e sua especialidade era a obstetricia. 1901 — DESCOBERTA DO SISTEMA DE GRUPOS SANGUINEOS Apartir de 1900, inicia-se a era cientifica do conhecimento. Em 1901, Karl Landsteiner, postula sobre o grupo sanguineo ABO, composto por dois antigenos, que so marcadores de superficie celular capazes de gerar resposta imune, a saber: Ae B, possibilitando quatro tipos sanguineos diferentes: A, B, AB ¢ O. Tal descoberta fez toda a diferenga na pratica transfusional e ofereceu um aumento de seguranga consideravel a ela, reduzindo os casos de 6bitos decorrentes de incompatibilidade ABO ao longo do tempo. KARL LANDSTEINER Imagem: ViadiMens/ Wikimedia commons/ CC-BY-SA-4.0 @ Karl Landsteiner (1868 — 1943). Por suas contribuigdes, recebeu o prémio Nobel de Medicina em 1930 1945 - DESCOBERTA DA ANTIGLOBULINA HUMANA Apés as descobertas de Landsteiner em 1901, dos 45 sistemas de grupos sanguineos atualmente existentes, até 1944, somente cinco sistemas haviam sido descobertos, incluindo o préprio sistema ABO. Entretanto, mesmo com o aumento da seguranga transfusional apés os novos protocolos de transfusdio ABO-compativel, outras incompatibilidades eram notadas. Entdo, em 1945, Robert R. A. Coombs descobriu o soro de Coombs, ou antiglobulina humana Apés 0 surgimento do soro de Coombs, 24 novos sistemas de grupo sanguineo foram catalogados até 1990. E depois mais quatro até 2012 HISTORIA DA HEMOTERAPIA NO BRASIL Ahistéria da hemoterapia no Brasil comega em 1879, com a tese de doutorado apresentada por José Vieira Marcondes que demostrava as experiéncias transfusionais da época e um debate sobre a transfusdo animal/homem e entre seres humanos. Entretanto, nao ha relato de quando a primeira transfusdio de sangue aconteceu no pais. Acredita-se que Brando Filho e Armando Aguinaga foram os pioneiros nessa pratica, no Rio de Janeiro, mas os indicios mais confidveis da pratica datam de 1900, em Salvador. Na ocasido, o médico Garcez Frées transfundiu 129mL de sangue de um doador em uma paciente operada de pélipo uterino, com um aparelho improvisado por ele chamado aparelho de Agote. Imagem: Histéria da Hemoterapia no Brasil, Junqueira et al, 2005, pag 202 @ Agote, equipamento de transfuso rudimentar. ‘Apenas na década de 1940, a hemoterapia brasileira comegou a ser considerada uma especialidade médica e diversos bancos de sangue foram inaugurados, tanto publics quanto privados. Geralmente, essas instituigdes eram compostas em organizagées simples, contando com um médico transfusionista e um corpo de doadores de sangue do grupo sanguineo O que eram selecionados e examinados para comprovagao do bom estado de satide geral. Esses doadores eram remunerados, com cerca de 500 a 750 réis por centimetro cubico de sangue doado. © SAIBA MAIS Os primeiros registros de doagao voluntaria de sangue so da Cruz Vermelha, uma organizagao que, em 1939, assumiu como bandeira o combate ao comércio de sangue e 0 incentivo a doagao voluntaria e altruista de sangue. Nas décadas 1950 e 1960, a formagao da Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (SBHH) e a promulgagao da Lei n° 1075, de 27 de margo de 1950, que dispde sobre a doagao voluntaria de sangue foram os fatos mais importantes. Além disso, foram fundadas a Associagao de Doadores Voluntarios do Brasil e a Associagao Brasileira de Doadores Voluntarios de Sangue (ABDVS), para combater o comércio de sangue e divulgar a doagdo voluntaria, independentemente da Cruz Vermelha. Em 1964, o Ministério da Satide (MS) criou um grupo de trabalho para estudo e regulamentagao da hemoterapia no Brasil e fundou a Comissao Nacional de Hemoterapia (CNH). Juntos, eles estabeleceram decretos, portarias e resolugdes que regulamentavam os processos hemoterapicos no Brasil; instituiram os primeiros protocolos para o fornecimento da matéria-prima para produgao de hemoderivados, as normas basicas para atendimento de doadores e pacientes candidatos a transfusdo e determinaram a obrigatoriedade dos testes sorolégicos necessarios 4 seguranca transfusional © SAIBA MAIS Nesse mesmo ano, foi estabelecido o dia 25 de novembro (data da fundagao da ABDVS) como 0 “Dia Nacional do doador voluntario de sangue”. Essa data continua sendo celebrada até o dia de hoje. No entanto, mesmo com essas legislagées, o Brasil continuou com uma pratica de doagdio de sangue ainda muito livre de controle por parte do Governo Federal e dos érgaos estaduais e municipais, com um sistema de coleta de sangue ineficiente, pois ainda se baseava majoritariamente em doadores remunerados, que eram tidos como “profissionais”. Além disso, nessa época, os exames obrigatérios para deteccao de doengas infecciosas como sifilis e hepatite B nao eram realizados na maioria dos bancos de sangue do pais. Assim, em meados da década de 1970 e inicio da década seguinte, o Governo Federal implantou 0 Programa Nacional do Sangue e Hemoderivados (Pré-Sangue), estimulando a criagao de hemocentros estaduais. Em novembro de 1977, foi inaugurado o Centro de Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco (HEMOPE), primeiro hemocentro do Brasil Outros hemocentros foram criados nas principais cidades do pais, tendo como diretrizes a doagao voluntaria néo remunerada de sangue e medidas para seguranga de doadores receptores. Aremuneragao dos doadores foi comum até os anos 80 e finalmente proibida a partir da Lei Federal n° 10.205, de margo de 2001, que regulamenta o paragrafo 4 do artigo 199 da Constituigao de 1988. E que vamos estudar mais no préximo tépico. Foto: Shutterstock,com Atualmente, a estrutura da coleta de sangue no Brasil é composta por uma rede de hemocentros piiblicos responsaveis pelo abastecimento dos hospitais, cuja principal responsabilidade é buscar doadores voluntarios de sangue a fim de que nao haja desabastecimento nas mais diversas unidades hospitalares espalhadas pelo pais AHISTORIA DA HEMOTERAPIA especialista Thiago Vianna de Carvalho apresenta no video os personagens e fatos marcantes para e evolugao da ciéncia hemoterapica no Brasil e no mundo. Para assistir a um video D, sobre 0 assunto, acesse a ° versao online deste conteudo. LEGISLAGOES EM HEMOTERAPIA Os servigos de hemoterapia tém algumas legislagdes que os norteiam e outras leis normas que so especificas para que a qualidade dos servigos e dos hemocomponentes produzidos sejam garantidos, a fim de que os doadores de sangue e os receptores sejam protegidos em todo o tempo, assim como os profissionais de satide envolvidos. Agora, vamos conhecer as principais legislagdes envolvidas durante a histéria da hemoterapia no Brasil LEI FEDERAL N° 1.075, DE 27 DE MARCO DE 1950 Sancionada pelo Presidente Eurico Gaspar Dutra, é a lei que dispée sobre a doagao voluntaria de sangue. De acordo com essa lei, a doagao € considerada um servico de extrema relevancia a satide e, assim, dispensa o doador de sangue do ponto em seu trabalho no dia da doagao, sendo o maximo de uma doagao ao ano DECRETO N° 54.494, DE 16 DE OUTUBRO DE 1964 Até 1964, apesar dos varios servigos de hemoterapia no pals, nao havia nenhuma legislagao especifica sobre a area. O presidente Castelo Branco, entéo, a partir do Decreto n° 54.494, de 16 de outubro de 1964, cria um grupo de trabalho para estudar e propor legislago disciplinadora sobre hemoterapia. LEI FEDERAL N° 4.701, DE 28 DE JUNHO DE 1965 A primeira lei oficialmente sancionada sobre a atividade da hemoterapia. Essa lei estabelece em seu artigo primeiro que a atividade hemoterapica do Brasil seré exercida de acordo com preceitos gerais que definem as bases da Politica Nacional do Sangue, que classifica 0 exercicio dessa atividade em trés orgaos: Normativo e consultério Fiscalizagao Executivo No documento, esta descrito que a Comissao Nacional de Hemoterapia, um érgao permanente diretamente subordinado ao Ministro de Estado, tem autoridade para estabelecer quaisquer normas para implantagao e desenvolvimento da Politica Nacional do Sangue. Mesmo a CNH sendo extinta em 1979, durante os 14 anos em que esteve vigente, normas, portarias, decretos e leis foram criados, e os servigos de hemoterapia, publicos e privados, cresceram e se multiplicaram rapidamente, inclusive aqueles que se dedicavam exclusivamente a coleta de plasma para industria de hemoderivados. Na disputa por doadores de sangue, com a finalidade de garantir o contrato de fornecimento com a industria, nao havia maiores preocupagées com a sauide nem dos doadores nem dos receptores. COMISSAO NACIONAL DE HEMOTERAPIA Algumas competéncias da CNH sao: definigdo dos sistemas de organizacées responsaveis por prover o sangue e todos os seus hemocomponentes e hemoderivados; doagao voluntaria de sangue como dever civico e social; medidas de protegdo ao doador e receptor de sangue; todo incentivo a pesquisa cientifica, assim como a formagdo e o aperfeigoamento profissional especializado no segmento. Assim, a CNH tinha como fungao fiscalizar os érgaos executivos da atividade hemoterapica, sempre trabalhando com a participagao de érgaos estaduais, municipais e de conselhos de classe dos profissionais atuantes no segmento. LEI N° 6.229 DE 17, DE JULHO DE 1975 E RDC N° 1, DE 2 DE MAIO DE 1975 Institui o Sistema Nacional de Satide com o objetivo simples de coordenar, entre os Ministérios, formas de aumentar a produtividade e melhorar o aproveitamento de recursos para agées em satide. Assim, considerando o elevado risco de um receptor contrair hepatite B por meio de transfusao, foi instituida a Resolugdo n° 1, de 2 de maio de 1975, que toma obrigatéria a realizagao de testes individuais de deteceao de antigeno e anticorpo em todo sangue coletado, seja para fins profilaticos ou terapéuticos ou para produgdo industrial PORTARIA N° 721, DE 9 DE AGOSTO DE 1989 E responsavel por organizar, sistematizar e disciplinar as atividades técnicas hemoterapicas no pais. Essa portaria passou por inimeras modificagées até ser compilada na Portaria de Consolidagao n° 5 de 28 de setembro de 2017, no anexo IV, especificamente. Essas descrigdes técnicas regem e estruturam todas as atividades para qualquer unidade de hemoterapia. LEI N° 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990 Estabelece a criagdo do Sistema Unico de Satide (SUS) e garante a gratuidade dos servigos em unidades piblicas de satide. Além disso, trata de um conjunto de agées capaz de diminuir ou prevenir riscos a satide e de intervir nos problemas sanitarios do meio ambiente, da produgo e circulagao de bens e da prestacao de servigos de interesse da satide. Entao, entende-se que a Unido, os estados e Distrito Federal, assim como os municipios, devem definir quais serdo os mecanismos de controle e fiscalizagao préprios, com poder de “policia sanitaria’. PORTARIA N° 127 DA SECRETARIA NACIONAL DE VIGILANCIA SANITARIA (SNVS) , DE 8 DE DEZEMBRO DE 1995 Nela so descritos os diversos tipos de servigos hemoterdpicos. Em 2001, a Resolugao da Diretoria Colegiada — RDC n° 151 veio a confirmar a organizagao proposta pela SNVS. LEI N° 9.782, DE 26 DE JANEIRO DE 1999. Com a criagdo da Agéncia Nacional de Vigilancia Sanitaria (ANVISA) , 0 Programa Nacional de Sangue e Hemoderivados sai do controle do Ministério da Saude e passa a fazer parte da Geréncia Geral de Sangue e Hemoderivados (GGSH). A maior contribuigao é a construgao de uma camara técnica no segmento de hemoterapia completamente independente das variagdes politicas do governo, assegurando a qualidade de servigo de uma agéncia reguladora a populagdo geral. AANVISA se preocupa bastante com a preservacao do meio ambiente e da satide do trabalhador, além de regulamentar o manejo e descarte de residuos em servigos de sauide como um todo, o tratamento de efluentes hospitalares e a qualidade do ar no ambiente de satide ete. LEI N° 10.205 DE 21, DE MARCO DE 2001 Essa lei regulamenta o §4 do artigo 199 da Constituigdo de 1988, que dispée sobre as. atividades de coleta, processamento, estocagem, distribuigao e uso dos componentes sanguineos, assim como alguns outros pontos relacionados. Além disso, regulamenta que a Politica Nacional de Sangue, Componentes e Hemoderivados teré por finalidade garantir a autossuficiéncia do pais nesse setor e harmonizar as ages do poder pliblico em todos os niveis de governo, e sera implementada, no Ambito do Sistema Unico de Satide, pelo Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Derivados (SINASAN) RDC N° 149 DE 14 DE AGOSTO DE 2001 Com 0 objetivo de reunir as informagées sobre os servigos de hemoterapia, essa resolugao estabelece os indicadores minimos que os servigos hemoterdpicos, de qualquer complexidade, devem encaminhar as vigilancias sanitarias estaduais e municipais, a partir do formulario do Sistema de Informagao de Produgao Hemoterapica (HEMOPROD). Esse formulario, atuaimente digital, tem dados pertinentes ao ciclo do sangue. PORTARIA N° 112 DE 29 DE JANEIRO DE 2004 Desde a década de 1980, a preocupagao com a infeceao por HIV transmitida por transfusdo & marcante no cendrio mundial. Testes sorolégicos foram desenvolvides e jé sao utilizados na rotina dos bancos de sangue brasileiro hé muito anos, ainda assim um fator preocupante persistia: a questo da janela imunolégica, que é o periodo entre a infecgao e a produgao de anticorpos detectados nos testes laboratoriais. Nos primeiros testes sorolégicos desenvolvidos, por exemplo, a janela imunolégica chegava a ser de meses. Com o passar dos anos, os avangos nos testes moleculares permitiram o desenvolvimento de uma metodologia de biologia molecular, chamada de NAT, garantindo uma redugao da janela imunolégica e uma maior seguranga transfusional, o que reduz a soroconversao. A metodologia do NAT permite a detecgao do material genético do HIV apés cito dias de infecgao. Além do HIV, também é utilizada para a detecgao de dois marcadores de hepatite Be C. Adetecgao para eles é, respectivamente, de 60 ¢ 70 dias na metodologia sorolégica e de somente 10 dias no NAT apés a infeceao. APortaria n° 112, de 29 de janeiro de 2004, garantiu que todas as amostras coletadas de doadores de sangue sejam testadas na metodologia do NAT, NAT Traduzido do inglés como “teste de Acido nucleico”, é um teste que se utiliza de ferramentas da biologia molecular para detecgao do material genético de alguns virus. RDC N° 34 DE 11 DE JUNHO DE 2014 Revoga a RDC n’ §7 e a RDC n” 51. Essa RDC reafirma o regulamento sanitario sobre os requisitos de boas praticas para os servigos de hemoterapia e conta com uma série de anexos que servem como modelos de inspego por parte das Vigilancias em uma visita sanitaria, com diversos aspectos a serem averiguados. RDC N° 75 DE 02 DE MAIOR DE 2016 Altera alguns pontos da RDC n° 34 de 11 de junho de 2014. A principal alteragao foi a obrigatoriedade de realizagao de testes de biologia molecular para detecgao dos virus da Hepatite B - HBV, na triagem de doadores de sangue. PORTARIA DE CONSOLIDAGAO N° 5, DE 28 DE SETEMBRO DE 2017 Essa portaria estabelece todos os critérios técnicos do ciclo do sangue, que é composto por uma série de atividades, desde a triagem/recrutamento do doador até a transfusao. E importante destacar que a RDC n° 34, de 2014, e a Portaria de Consolidagao n° 5, de 2017, caminham de forma conjunta, servindo como base a execugao das atividades técnicas e sanitarias em qualquer servigo de hemoterapia com quaisquer complexidades existentes. RDC N° 222 DE 28 DE MARCO DE 2018 Regulamenta as Boas Praticas de Gerenciamento dos Residuos de Servigos de Satide. As bolsas de sangue, segundo a legislagao, sao classificadas no grupo A, uma vez que sao residuos com a possivel presenga de agentes biolégicos que, por suas caracteristicas, podem apresentar risco de infecgdo. As bolsas rejeitadas por contaminagdo ou por data de validade vencida estdo no subgrupo A1, ¢ as bolsas vazias ou com volume residual apés transfuséo pertencem ao subgrupo Ad. Esses residuos devem ser identificados, no minimo, pelo simbolo de risco biolégico, com rétulo de fundo branco, desenho e contornos pretos, acrescido da expressao “residuo infectante”. Os residuos do subgrupo A1 precisam de tratamento prévio, ou seja, processos que reduzem ou eliminam a carga microbiana, como a autoclavagao, e, em seguida, podem seguir para disposigao final. Por outro lado, os residuos do subgrupo Ad nao precisam de tratamento prévio, sendo acondicionados em sacos brancos e encaminhados para disposigao final. VERIFICANDO O APRENDIZADO 4. VIMOS QUE A HISTORIA DA HEMOTERAPIA POSSUI INUMEROS PERSONAGENS DE EXTREMA RELEVANCIA, MAS O TRABALHO DE UM DELES E UM MARCO DA PASSAGEM DO PERIODO EMPIRICO PARA O PERIODO CIENTIFICO COM A DESCOBERTA DO SISTEMA SANGUINEO ABO. QUEM E ESSE PERSONAGEM? A) R. Coombs B) Karl Landsteiner C) Joseph Lister D) Jean-Baptiste Denis E) Richard Lower 2. NO BRASIL, A HISTORIA DA HEMOTERAPIA INICIA COM A PUBLICAGAO DE UMA TESE DE DOUTORADO EM 1879. SOBRE O HISTORICO DA DOAGAO DE SANGUE NO BRASIL, ANALISE AS AFIRMATIVAS A SEGUIR. I. O “DIA NACIONAL DO DOADOR VOLUNTARIO DE SANGUE” E DIA 25 DE OUTUBRO, DIA DA CRIAGAO DA ASSOCIAGAO BRASILEIRA DE DOADORES VOLUNTARIOS DE SANGUE. Il. AREMUNERAGAO DOS DOADORES NO BRASIL PODE SER REALIZADA EM CASOS EM QUE O TIPO SANGUINEO E RARO. Ill. EM 1977, FOL INAUGURADO O CENTRO DE HEMATOLOGIA E HEMOTERAPIA DE PERNAMBUCO (HEMOPE), PRIMEIRO HEMOCENTRO. DO BRASIL. E CORRETO O QUE SE AFIRMA EM: A)l B) Il cil D)lell E)lelll GABARITO 1. Vimos que a histéria da hemoterapia possui inimeros personagens de extrema relevancia, mas o trabalho de um deles é um marco da passagem do periodo empirico para o periodo cientifico com a descoberta do sistema sanguineo ABO, Quem é esse personagem? Aalternativa "B " esta correta. Karl Landsteiner foi quem mais contribui com a ciéncia moderna na drea da hemoterapia com a descoberta do principal sistema de grupo sanguineo, o ABO. Sua contribuigao foi téo notavel que ele recebeu um prémio Nobel de Medicina, em 1930, 2. No Brasil, a histéria da hemoterapia inicia com a publicagdo de uma tese de doutorado em 1879. Sobre o histérico da doagao de sangue no Brasil, analise as afirmativas a seguir. 1.0“ Nacional do Doador Voluntario de Sangue” é dia 25 de outubro, dia da criagao da Associacao Brasileira de Doadores Voluntarios de Sangue. Il A remuneragao dos doadores no Brasil pode ser realizada em casos em que o tipo sanguineo é raro. Ill, Em 1977, foi inaugurado o Centro de Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco (HEMOPE), primeiro hemocentro do Brasil. E correto 0 que se afirma em: Aaltemativa "E " esta correta. A data em que se comemora 0 "Dia Nacional do Doador Voluntario de Sangue” é 25 de outubro, data de criagdo da ABDVS. A Lei Federal n° 10.205, de margo de 2001, proibiu a remuneragao dos doadores de sangue no Brasil, pratica realizada durante anos, tratando a doagao de sangue como um ato voluntéria e altruista. O Programa Nacional do Sangue e Hemoderivados (Pré-Sangue) estimulou a criagdo de hemocentros estaduais com a criagdo do HEMOPE em 1977. MODULO 2 © Reconhecer o ciclo do sangue e as etapas de doagao desde o recrutamento do doador até a coleta de sangue CICLO DO SANGUE O ciclo do sangue é composto de uma série de atividades relacionadas que partem desde o processo do recrutamento e triage do candidato & doagao de sangue até a transfusdo. Apés a coleta, o sangue ¢ fracionado em varios hemocomponentes, que sao armazenados e, posteriormente, distribuidos, seguindo rigidos controles de qualidade no armazenamento e na distribuigao até chegar ao destino de utilizagéo em pacientes que necessitam da transfusdo. Isso ocorre apés as amostras dos doadores serem submetidas a exames imuno-hematolégicos © sorolégicos, a testes moleculares e estarem em conformidade para que o sangue coletado seja utilizado para o fim a que se propée, Veja, a seguir, o ciclo do sangue: == l Imagem: Thiago Vianna de Carvalho, Ciclo do sangue — Os hemocomponentes ¢ hemoderivados sao resultados de um proceso. Vamos conhecer um pouco mais cada uma dessas etapas: CAPTAGAO (RECRUTAMENTO) DE DOADORES Nessa etapa, sao utilizadas estratégias, como mobilizagao em locais de trabalho, igrejas, shoppings e redes sociais, para sensibilizar a populagdo em geral sobre a importancia e a necessidade de doar sangue. Além disso, campanhas sao realizadas em hospitais para a sensibilizagao dos familiares dos pacientes, e doadores sao fidelizados. Todo esse movimento visa evitar a falta de sangue para o tratamento de milhares de pacientes. TRIAGEM (SELEGAO DE DOADORES) Nessa etapa, apés o cadastro do doador, esse passa por uma triagem clinica e hematolégica, de modo a identificar quais candidatos estdo aptos ou nao a doagao. COLETA DE SANGUE Sendo apto a doagdo, 0 candidato segue para a coleta do sangue a ser utilizado em transfusées apés o seu processamento. Além da bolsa de sangue, so coletadas amostras paras os exames sorolégicos e imuno-hematolégicos. PROCESSAMENTO DE BOLSAS (FRACIONAMENTO) ‘So todas e quaisquer operagées efetuadas com o sangue coletado antes da selegao pré- transfusional. O intuito é separar o sangue total em hemocomponentes, efetuar a rotulagem, o armazenamento e a liberagao, para que possam ser administrados nos melhores receptores possiveis. TESTES EM LABORATORIO Nessa etapa, o sangue passa por diferentes testes em laboratérios: Laboratério de imuno-hematologia — serve para testar as amostras dos doadores de sangue, definindo seus grupos sanguineos ABO/RhD e anticorpos regulares e irregulares. Laboratério de sorologia e NAT — serve para testar marcadores para doengas como sifils, hepatites B e C, HTLV, HIV e doenga de Chagas. Laboratério de controle de qualidade — visa assegurar a esterilidade dos produtos hemoterapicos. ARMAZENAMENTO Essa etapa visa a manutengao dos hemocomponentes em condigdes adequadas para a preservagdo das caracteristicas especificas de seus elementos de acordo com cada hemocomponente produzido. SELEGAO PRE-TRANSFUSIONAL Tem como principio a escolha adequada dos hemocomponentes de acordo com as caracteristicas identificadas nos receptores. Essas caracteristicas abrangem tanto 0 pedido médico de transfusao quanto os resultados laboratoriais. TRANSFUSAO Nessa etapa, ocorre a infusdo propriamente dita do hemocomponente no receptor. O procedimento deve ser conduzido por profissional habilitado, por via endovenosa e sempre com finalidade terapéutica bem definida, @ COMENTARIO Ahemovigilancia, conjunto de procedimentos para realizar o monitoramento das reagdes transfusionais resultantes do uso de sangue e seus componentes, também deveria ser incluida nesse ciclo. A seguir, essas etapas serao abordadas de maneira mais detalhada. RECRUTAMENTO E TRIAGEM DE DOADORES Os servigos de hemoterapia devem promover a melhoria constante da atengao e do acolhimento aos candidatos a doagao, realizando a triagem clinica com vistas a seguranga do futuro receptor, porém com isengao de manifestagdes de juizo de valor, preconceito e discriminagdo por orientagao sexual, identidade de género, hdbitos de vida, atividade profissional, condigao socioeconémica, cor ou etnia, dentre muitas outras questées, sem prejuizo seguranga do receptor. Atualmente, nao existem substitutos para o sangue e seus componentes, logo a sua obtengdo 6 dependente apenas do altruismo dos doadores voluntarios de sangue, devendo eles serem atendidos sob os principios da universalidade, integralidade e equidade no ambito do SUS. Imagem: Shutterstock.com © SAIBA MAIS De acordo com os dados do 7° Boletim de Produgao Hemoterapica do Ministério da Satide, em 2018, foram realizadas 3.311.220 coletas, sendo 97,7% delas por coleta de sangue total (ST) e 2,3% por aférese. Desse quantitativo total, 80,54% foram coletas em servigos publicos e 19,46% em servigos privados. Registrou-se entao que, em 2018, coletou-se 10,24% a menos que no ano anterior e 17,37% que em 2016. Como seria possivel reverter essa realidade de queda de doago? Somente com captagao e programas de conscientizacao da populagao. Essa tarefa, no entanto, nao é simples e nao tem que ser encarada como algo restrito ao governo, aos hemocentros e aos bancos de sangue, mas, sim, como um dever de todo o cidadao, principalmente daqueles que atuam na area da satide que, direta ou indiretamente, estao plenamente envolvidos com a temética transfusional Afinal, quem pode doar sangue? Quais sao os critérios? A seguir, apresentamos os critérios mais basicos para doagao de sangue: ALIMENTAGAO O candidato a doagao nao podera estar em jejum, mas também nao se recomenda a doacdo depois de refeigdes muito pesadas e gordurosas. HIDRATAGAO A ingestao de liquidos em volume maior bem antes e depois da doagao é sempre recomendada e muito importante. DOCUMENTOS candidato 4 doagao deve apresentar um documento original e oficial de identidade com foto, filiagdo e assinatura. Podem ser apresentados documentos digitais que possam ser verificados, desde que tenham assinatura para conferéncia. ESTADO GERAL candidato 4 doagaio deve estar em condigdes plenas de satide. IDADE Podem doar sangue pessoas entre 16 e 69 anos. E importante ressaltar que os doadores menores de idade, além do documento de identidade, devem apresentar uma autorizagao por escrito dos pais ou responsaveis legais. Os bancos de sangue normalmente tém um formulario de autorizagao disponivel na internet. Ja os maiores de 60 anos sé poderdo doar caso jé tenham realizado uma doagao antes dos 60 anos. INTERVALO ENTRE DOAGOES Mulheres podem doar sangue com um intervalo de 90 dias entre uma doagdio de sangue total ¢ outra, até no maximo trés vezes, em um periodo de 12 meses. JA os homens podem doar sangue com um intervalo de 60 dias entre uma doagao de sangue total e outra, até no maximo quatro vezes por ano. PESO O candidato 4 doagao deve ter mais de 50Kg. HEMATOCRITO (HT)/HEMOGLOBINA (HB) Sao parametros verificados na triagem clinica. Os valores minimos aceitaveis sao Hb = 12,5g/dL ou Ht = 38% para mulheres e Hb = 13,0g/dL ou Ht = 39% para homens. @ DICA Na segao Explore+, vocé podera consultar todos os critérios de forma detalhada. TIPO DE DOADORES Quanto ao tipo de doago, o doador pode ser classificado da seguinte maneira: Imagem: Shutterstock.com DOADOR DE SANGUE AUTOLOGO Aquele que doa para sua prépria utilizagao para uma situagdo especifica, como uma cirurgia eletiva. Imagem: Shutterstock.com DOADOR DE SANGUE VOLUNTARIO Aquele que doa sangue espontaneamente, e nao em atendimento a uma demanda especifica, por exemplo, uma tragédia. Compreende a doagdo de sangue como um dever social, uma maneira de ajudar o préximo, Imagem: Shutterstock.com DOADOR DIRIGIDO OU CONVOCADO Atende a uma demanda de convocagao por qualquer razao, sendo ela por conta de alguma caracteristica especial de seu sangue, em razo da resposta a alguma campanha veiculada em midia ou em razo do atendimento a algum paciente em especifico, Foto: Shutterstock.com Quanto a periodicidade da doagdo, o doado pode ser classificado da seguinte forma: Doador de primeira vez — aquele que se apresenta no servico para a primeira doagao. Doador de repetigao — aquele que doa mais de uma vez em um periodo de 12 meses no mesmo servigo. Doador esporadico - aquele que retorna ao servigo apés 12 meses da tiltima doagao de sangue. Cada um desses doadores apresenta vantagens, desvantagens e epidemiologias especificas para transmissao de doengas infecciosas. Por exemplo, um doador de sangue voluntario e de repetigao parece oferecer premissas de produtos hemoterdpicos melhores e mais seguros, certo? Até certo ponto, sim. Isso é uma verdade, mas nao absoluta. Doadores regulares também podem aparecer no servigo somente para realizar monitoramento dos testes para agentes infecciosos, em especial, a sindrome da imunodeficiéncia adquirida (als). Como a selegao dos doadores ¢ suscetivel a falhas por conta de uma anamnese com baixa especificidade e sensibilidade, eles podem simplesmente mentir em inimeras perguntas da triagem para que consigam doar seu sangue e monitorar seus testes sorolégicos, mesmo sabendo que tiveram comportamento de risco. TRIAGEM DE DOADORES Durante a triagem dos candidatos a doagao, algumas etapas sdo realizadas. Clique abaixo e conhega cada uma: PRE-CADASTRO TRIAGEM CLINICA E HEMATOLOGICA LANCHE E HIDRATAGAO PRE-CADASTRO Momento em que o candidato fornece documentos de identificagao e informa dados como enderego, telefone e e-mail. Entrega-se ao candidato uma ficha com perguntas que servem de critério de avaligéo para o segundo momento. TRIAGEM CLINICA E HEMATOLOGICA Pode ocorrer em etapas distintas ou nao. Nesse momento, o profissional capacitado, de nivel superior, entrevista 0 candidato a fim de confirmar as respostas dadas na ficha e verificar os parametros clinicos pertinentes (hematécrito ou hemoglobina, peso, altura, pressdo arterial, pulsagao, temperatura etc.). E uma entrevista, logo ha uma certa subjetividade nesse aspecto. O profissional que faz a triagem deve ser capaz de perceber além do que o candidato responde, seu comportamento para entao decidir classificd-lo como inapto ou nao. Um ponto importantissimo a ser levantado é que o momento da entrevista na triagem tem que ter privacidade, e essa é uma obrigatoriedade de todos os servigos de hemoterapia em oferecer 0 sigilo total ao candidato a doagao. E necessario que o triador tenha sempre uma postura ética, de extremo respeito pelo candidato, e ofereca sigilo absoluto em tudo o que for tratado durante a triagem. LANCHE E HIDRATAGAO Apés confirmada a aptidao do candidato, ele se submete a uma vigorosa hidratagao e, habitualmente, come alguma coisa para prevenir reagdes adversas a doagao. Ao final dela, o doador precisa também lanchar para repor calorias, além de se hidratar a fim de repor rapidamente o volume de sangue coletado. DOAGAO DE SANGUE Uma vez 0 candidato considerado apto, ele torna-se um doador de sangue, Esse é 0 momento em que o doador deve se dirigir 4 coleta de sangue. A sala de coleta é uma unidade de um servigo de hemoterapia e deve contar com uma estrutura ampla, sem grandes obstrugdes, com materiais e equipamentos que, além de serem adequados a pratica da coleta, devem, ainda, dar suporte ao doador em caso de uma reagao adversa a doagao de sangue, como uma crise vaso-vagal, ou seja, quando o doador perde seus sentidos e simplesmente desmaia. Foto: Shutterstock.com O sangue pode ser coletado a partir de dois métodos: coleta de sangue total e por aférese. A seguir conheceremos essas duas abordagens. COLETA DE SANGUE TOTAL Para a coleta de sangue total, de forma resumida, temos a seguinte sequéncia de agées. Veja a seguir: Foto: Shutterstock.com ESCOLHA DO BRAGO DE PUNGAO E possivel que um doador de sangue tenha melhor acesso em um brago em lugar do outro. O ideal 6 que seja realizada apenas uma pungao. ANTISSEPSIA DO LOCAL DE PUNGAO Aantissepsia deve ser rigorosa. Nessa etapa, devem ser utilizados antissépticos como clorexidina 2%, como melhor opgao, ou alcool 70%, aplicados preferencialmente no meio do local que sera puncionado para o exterior, por trés vezes. Foto: Shutterstock.com me YW Foto: Shutterstock.com GARROTEAMENTO Deve ser realizado no meio da primeira metade do brago, na altura do biceps, e deve represar © sangue, mas de forma que fique confortavel para 0 doador. PUNGAO DA VEIA Aveia escolhida deve estar de acordo com o calibre da agulha e possuir poucas curvas para facilitar 0 acesso e o flux continuo. A veia mediana é sempre a melhor escolha, mas também é possivel puncionar a veia cefalica ou basilica. Foto: Shutterstock.com Foto: Shutterstock.com COLETA DE AMOSTRAS LABORATORIAS Primeiramente é feito um desvio de fluxo de aproximadamente 40mL de sangue total para que sejam coletadas as amostras que serao submetidas aos testes sorolégicos ¢ imuno- hematolégicos. COLETA DE A SANGUE TOTAL Apés a coleta das amostras, abre-se 0 fluxo para coleta do sangue na bolsa, que deve durar até 15 minutos, sendo 0 ideal 12 minutos. O volume coletado é de aproximadamente 450mL + 45mL, dependendo do peso corporal do doador. Foto: Shutterstock.com Foto: Shutterstock.com FINALIZAGAO DA COLETA Nessa etapa, retira-se o garrote para aliviar a pressao e, na sequéncia, realiza-se a retirada da agulha com o maximo de seguranga possivel, sempre utilizando o dispositive de protegao integrado ao seu conjunto, Deve ser realizada pressdo com gaze ou algodao estéril no local da retirada da agulha por um minuto. Apés, é bom colocar uma bandagem para evitar sangramentos e recomendar que o doador nao realize esforo com o brago da pungao nem o dobre para evitar hematomas. BOLSA DE SANGUE Ao final da doagdo, a bolsa de sangue total é encaminhada ao setor de processamento para que os hemocomponentes sejam produzidos e, apés os exames sorolégicos e imuno- hematolégicos, possam ser utilizados na rotina do banco de sangue. Foto: Shutterstock.com COLETA POR AFERESE E a doagdo de um componente do sangue utilizando uma maquina coletora, que separa os componentes do sangue total por centriftugacao, permitindo a coleta seletiva de um ou mais de ‘seus componentes (plasma rico em plaquetas, glébulos brancos e hemdcias). Foto: Shutterstock.com @ Bolsa de plasma coletada por aférese. Excepcionalmente, pessoas que ndo se enquadram como doadoras convencionais de sangue poderdo ser doadoras por aférese, isso acontece quando o componente desejado desse doador é muito especial para 0 paciente. Por exemplo, quando 0 doador tem um tipo de sangue muito raro ou & doador de células-tronco para transplantes. Entdo, para melhor compreensao, podemos dividir esse processo em partes. Um conjunto plastico, estéril e descartavel é instalado na maquina coletora e 0 sangue do doador vai circular por ele e, em nenhum momento, entrara em contato com a maquina. Esse circuito 6 composto de trés partes unidas entre si: Imagem: Shutterstock.comk PRIMEIRA PARTE Coleta o sangue, adiciona a ele um anticoagulante e o transfere a um segundo compartimento Imagem: Shutterstock.com SEGUNDA PARTE E responsdvel pela centrifugagao, proceso em que o sangue é separado em seus componentes principais, permitindo a coleta seletiva do componente desejado em uma pequena bolsa coletora Imagem: Shutterstock.com TERCEIRA PARTE E a via de devolugdo do sangue, onde os outros componentes sao remisturados e devolvidos ao doador. Esse processo continua até que a coleta programada tenha chegado ao seu final e normalmente dura entre 30 a 130 minutos dependendo do tipo de hemocomponente a ser coletado. Para ser doador por aférese, é preciso atingir os critérios de doagao de sangue total e possuir veias em condigdo de coleta, Além disso, existem alguns parametros hematolégicos a serem seguidos conforme o hemocomponente a ser coletado. Clique abaixo e vamos conhecé-los: COLETA DE PLAQUETAS POR AFERESE (PLAQUETAFERESE) Para a realizagao da plaquetaférese, a contagem de plaqueta deve ser 2 a 150 x 109 plaquetas/L, e o intervalo minimo entre duas coletas deve ser de 48 horas, podendo o mesmo doador realizar doagdes, no maximo, quatro vezes por més e 24 vezes por ano, Foto: Shutterstock.com (@ Maquina de Aférese para extrair plasma e plaqueta do ST. COLETA DE PLASMA POR AFERESE (PLASMAFERESE) O intervalo minimo entre duas plasmaféreses deve ser de 48 horas, podendo o mesmo doador realizar doagées, no maximo, duas vezes em um periodo de sete dias e quatro vezes em um periodo de dois meses. O ntimero maximo anual de doagdes de plasma por aférese, por doador, ndo pode ser superior a 12 doagdes, tanto para homens quanto para mulheres Foto: Shutterstock.com @ Plasmaférese COLETA DE HEMACIAS POR AFERESE Acoleta de hemacias por aférese apresenta uma pequena diferenca em relacdo aos outros hemocomponentes, pois uma unica coleta busca coletar duas bolsas de concentrados de hemacias com, no minimo, 45g de hemoglobina em cada bolsa. Entdo, chamamos essa coleta de “coleta de hemacias duplas’. Por essa razo, o critério é um pouquinho diferente. Para esse procedimento: © doador deve pesar, no minimo, 70kg ¢ ter uma dosagem de hemoglobina superior a 14g/dL; © volume total dos componentes coletados deve ser inferior a 8mL/kg de peso do doador do sexo feminino e 9mL/kg do sexo masculino; e © intervalo minimo entre as doagées deve ser de quatro meses para os homens e de seis meses para as mulheres. COLETA DE GRANULOCITOS Como a coleta desse hemocomponente sé pode ser realizada por aférese, merece uma atengao especial. Os granulécitos sao as células sanguineas responsaveis por combater e eliminar as infecgdes do nosso organismo. Pacientes submetidos a transplante de medula 6ssea (TMO), realizando quimioterapia ou com qualquer imunodeficiéncia grave, podem nao ter uma contagem suficiente de granulécitos, conferido uma imunossupressao Por isso, a transfusao de granulécitos pode auxiliar os pacientes a combaterem infecgdes graves e outros patégenos oportunistas. Sabe-se que os granulécitos doados nao podem ser estocados como os outros hemocomponentes. Assim, a coleta sé deve ser efetuada quando o paciente tem indicagao de transfusao, e 0 doador deve ter tipo sanguineo compativel com 0 paciente. Para isso, de forma geral, o doador de granulécitos tem seu registro de grupo sanguineo ja conhecido, para que ele seja convocado a essa doagdo, que acaba sendo, de certa forma, direcionada. No entanto, cada unidade de hemoterapia que realiza essa coleta define como sdo seus processos. A primeira avaliagao do doador de granulécitos consiste em entrevista clinica e coleta de amostra de sangue para a realizagao de nova triagem sanguinea para confirmagao e triagem sorolégica habitual do banco de sangue. Entdo, o doador retorna ao banco de sangue na véspera da doagdo para receber duas medicagées que sao necessdrias para a coleta de uma quantidade adequada de granulécitos, ou seja, uma contagem de leucécitos superior, no dia da doagdo, a 5,0 x 10%/uL. Adoagao ¢ feita, geralmente, na terceira visita ao banco de sangue e dura aproximadamente 3 horas. Nao ha parémetros especificos relativos ao género ou peso do doador, nem mesmo se estabelece um tempo de intervalo entre doagées de granulécitos por aférese. Isso fica sob critério exclusivamente médico. TIPOS DE BOLSAS DE SANGUE especialista Thiago Vianna de Carvalho demonstra os tipos de bolsas de sangue e quais hemocomponentes sao produzidos com cada uma. Para assistir a um video >, sobre o assunto, acesse a ° verso online deste contetido. 0 VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. O MOMENTO DA TRIAGEM DE DOADORES E FUNDAMENTAL PARAA SELEGAO DOS MELHORES DOADORES POSSIVEIS. PARA QUE ISSO OCORRA, QUAIS SAO AS TRES FASES DA TRIAGEM? A) Pré-cadastro; lanche e hidratagao; triagem clinica e hematolégica B) Pré-cadastro; triagem clinica e doagéo C) Pré-cadastro; doagao; lanche e hidratagao D) Pré-cadastro; doago; triagem clinica e hematolégica E) Pré-cadastro; triagem clinica e hematolégica; lanche e hidratagao 2. TODOS OS PROCESSOS DE COLETA SAO FRUTO DE INTENSOS ESTUDOS AO LONGO DO TEMPO, E ALGUNS EQUIPAMENTOS VIERAM PARA NOS AJUDAR. NESSE CONTEXTO, A MAQUINA PARA FAZER A COLETA POR AFERESE E DE SUMA IMPORTANCIA EM UM BANCO DE SANGUE. SENDO ASSIM, QUAL A DEFINIGAO DA DOAGAO POR AFERESE? A) E a doagdo de um componente do sangue utilizando uma maquina coletora, que separa os componentes do sangue por sedimentagdo, permitindo a coleta seletiva de um ou mais de seus componentes. B) E a doagdo de um componente do sangue utilizando duas maquinas coletoras, uma separa 0s componentes do sangue por centrifugagao, permitindo que a outra faga a coleta seletiva de um ou mais de seus componentes. C) E a doagao de um componente do sangue utilizando uma maquina coletora que agrega os componentes do sangue por centrifugagao, nao permitindo a coleta seletiva de um ou mais de seus componentes. D) E a doacgao de um componente do sangue utilizando uma maquina coletora que separa os componentes do sangue por centrifugagao, permitindo a coleta seletiva de um ou mais de seus componentes. E) Nao 6 a doagdio de um componente do sangue utilizando uma maquina coletora que separa 0s componentes do sangue por centriftugagao, permitindo a coleta seletiva de um ou mais de seus componentes. GABARITO 1. © momento da triagem de doadores é fundamental para a selego dos melhores doadores possiveis. Para que isso ocorra, quais sdo as trés fases da triagem? Aalternativa "E " esta correta, Apés passar por um cadastro (pré-cadastro), os candidatos destinados a doagao devem passar por uma triagem clinica e hematolégica, uma anamnese e uma entrevista clinica na qual responde a varias perguntas, visando compartilhar aspectos de sua vida, habitos, medicamentos e cirurgias, evitando, assim, possiveis riscos ao receptor do sangue. Nesse sentido, a verificagao hematolégica serve para identificar os parametros que tornam os doadores aptos. Uma vez aptos, eles so encaminhados ao lanche e a hidratacdo a fim de evitar reagdes adversas durante a doagao de sangue. 2. Todos os processos de coleta so fruto de intensos estudos ao longo do tempo, e alguns equipamentos vieram para nos ajudar. Nesse contexto, a maquina para fazer a coleta por aférese é de suma importancia em um banco de sangue. Sendo assim, qual a definigao da doagao por aférese? Aalternativa "D " esta correta. Acoleta de sangue por aférese é realizada por uma maquina coletora que separa os componentes do sangue por centriftugagao, permitindo a coleta seletiva de um ou mais de seus componentes; nesse processo, podem ser coletados plasma, concentrado de plaquetas, hemacias e granulécitos. MODULO 3 © Compreender a preparagao e 0 controle de qualidade dos hemocomponentes PROCESSAMENTO DOS COMPONENTES Vocé certamente ja ouviu falar sobre hemocomponentes e hemoderivados, mas sabe a diferenca entre eles? Os hemocomponentes sao produzidos em um banco de sangue ou servigos de hemoterapia de forma geral, por meio de processes fisicos como centrifugagao e congelamento. Por sua vez, os hemoderivados so produtos industriais, obtidos a partir do fracionamento do plasma por processes fisico-quimicos industriais. E importante ressaltar, no entanto, que ambos sao produzidos a partir de uma coleta de um doador de sangue. Hemcconecnentes Homedehedes Sengue totai(sT) Concentrade de hemacas( CH) ploquete (PRP) Concentrado de ploquetas (er) Plasma fresco Rica Pleema de 24% (24) ‘chopreciptedo coo Concetrado de ‘atores de coagulacee ‘Atbuming Globutinas Imagem: Guia para uso de hemocomponentes, Ministério da Satide, 2015, pag 18 © Hemocomponentes e hemoderivados produzidos a partir de uma unica doagao de ST. Agora que ja conhecemos a diferenca entre hemocomponentes e hemoderivados, vamos aborda-los separadamente a seguir. PREPARAGAO DOS HEMOCOMPONENTES Como ja sabemos, hemocomponente ¢ produto obtido da centrifugagao de uma unidade de sangue total (ST) de maneira nao industrial. Os principais componentes do sangue total sao: Concentrado de hemdcias (CH) Crioprecipitado {enio) <———— Concentrade de Plasma fresco plaquetas (CP) congelado (PFC) A SEPARAGAO DO SANGUE TOTAL E POSSIVEL EM FUNGAO DAS DIFERENTES DENSIDADES E TAMANHOS DAS CELULAS SANGUINEAS. O quadro abaixo demonstra as diferentes densidades dos diferentes hemocomponentes: PES ECCRUCC IES (gimL) eau Cua oe ST 1,053 Plasma 1,020 CPICRIO 1,030 CH com CPDA-1 (acido citrico, citrato de sédio, fosfato de sédio, dextrose e adenina) 1,070 CH com SAG-M (composto por soro fisiolégico, adenina, 4,060 glicose e manitol) ‘ Quadro: Densidade do ST e dos hemocomponentes. Elaborado por Thiago Vianna de Carvalho . © Atengao! Para visualizagdo completa da tabela utilize a rolagem horizontal Depois de ser coletada, a bolsa de sangue deve seguir para o setor de processamento/fracionamento e ficar em repouso, no minimo, por 2 horas em temperatura controlada, de 20°C a 24°C, ou deve ser mantida sob placas aluminio com butanodiol (placas frias que funcionam como elemento de refrigeragao) para posterior processamento. Para que 0 produto gerado seja de qualidade, o transporte do sangue total da sala de coleta ao setor de processamento ¢ muito importante. Foto: Helena Horta Nasser PLACA DE BUTANODIOL ¥ Foto: Helena Horta Nasser SANGUE TOTAL EM REPOUSO NA PLACA DE BUTANODIOL Imagem: Shutlerstock.com © Centrifuga Todo 0 processamento é feito por meio de centrifugagao refrigerada, processo que garante a minimizagao de contaminagao e a proliferagao bacteriana, além de assegurar que todos os hemocomponentes estejam dentro dos parémetros de qualidade minimos para melhor utiizagdo nos receptores. SANGUE TOTAL (ST) O produto de uma doagao de sangue é considerado sangue total, com volume de 450mL + 45mL ¢ coletado em solugdo anticoagulante de CPDA-1 com validade de 35 dias. Quando coletada em CPD (acido citrico, citrato de sdédio, fosfato de sédio, dextrose), ACD (Acido citrico, citrato de sédio, dextrose) ou CP2D (citrato, fosfato e dextrose dextrose), a validade 6 de 21 dias. Foto: Pixabay Solugées aditivas sao utilizadas para aumentar a sobrevida e a possibilidade de armazenamento dos concentrados de hemacias por até 42 dias quando conservadas a 4 + 2°C. O mais comum e amplamente utilizado mundialmente é o SAG M. No quadro a seguir, estao descritas as principais fungdes dos preservantes, conservantes & aditivos, vamos conhecé-las? Acido citrico (A) Diminuigdo do pH Dextrose (D Fonte de ATP Citrato (C) Anticoaguante Fosfato (P) Previne quedas do pH Adenina Fonte de ATP Manito! (M) Conservagao da membrana do eritrécito Quadro: Principais fungdes das solugdes conservantes/preservantes e aditivas. Elaborado por Thiago Vianna de Carvalho ~ © Atengao! Para visualizagéo completa da tabela utilize a rolagem horizontal Importante destacar que, no Brasil, as bolsas de sangue total coletadas devem ser 100% processadas de acordo com a legislagao vigente, nao tendo sangue total em estoque. Em bancos de sangue de todo o mundo, esse produto também é utilizado para produgao de hemocomponentes, Assim, ha uma melhor conduta para aproveitamento do sangue doado e ainda possibilita que até quatro receptores diferentes se beneficiem de uma unica doagao voluntaria de sangue. Foto: Shutterstock.com ®& Concentrado de hemacias. CONCENTRADO DE HEMACIAS (CH) Esse produto é produzido a partir de uma unidade de sangue total pela remogao (geralmente por centriftugacao) de aproximadamente 230mL de plasma. Também pode ser obtido por aférese. Da mesma forma que o ST, 0 CH necessita de conservagao constante a 4 + 2°C, com validade variavel de acordo com as solugées anticoagulantes/preservantes e aditivas, seguindo a validade especificada ‘Segundo os pardmetros técnicos, o CH sem qualquer solugdo aditiva deve possuir hematécrito entre 65% e 80%, enquanto as com solugao aditiva, entre 50% e 70%. PLASMA FRESCO CONGELADO (PFC) © PFC 6 originario do plasma da coleta do ST ou aférese. O plasma a porgao acelular do sangue, ou seja, a porgdo liquida, consfituida basicamente por agua, proteinas (albumina, globulinas, fatores de coagulagao e outras), carboidratos e lipidios. Apés centrifugagao a partir de uma unidade de ST, as hemacias por serem mais pesadas ficam no fundo da bolsa, e o plasma na parte superior. Foto: Helena Horta Nasser @ Bolsa de ST apés a centrifugacéo com a separacao das hemacias e do plasma Foto: Shutterstock.com @ Extracéo do plasma no equipamento manual. O plasma é obtido por transferéncia em circuito fechado para uma bolsa satélite, que garante a esterilidade do hemocomponente e isso é fundamental em todo o processo, desde a coleta até a transfusdo. A separagdo pode ser feita a partir de fracionadoras automatizadas ou manuais, conforme imagem ao lado. O plasma fracionado deve ser completamente em até 8 horas apés a coleta do ST ¢ aférese e mantido, no minimo, a -20°C, Se conservado entre -30°C e -20°C, sua validade é de 12 meses. Caso armazenado abaixo de -30°C, sua validade 6 de 24 meses. Cada unidade de PFC contém, pelo menos, 70% da atividade dos fatores VIII e V de coagulagao e um volume igual ou superior a 150mL. 0 congelamento permite a preservagao dos fatores de coagulacdo, fibrinélise e complemento, albumina, imunoglobulinas, outras proteinas e sais minerais, além de manter constantes suas propriedades. Foto: Shutterstock.com 1 Plasma fresco congelado. © SAIBA MAIS Também so produtos do plasma: plasma rico em plaqueta (PRP) — consiste no plasma extraido de sangue total que & rico em plaquetas e livre de congelamento. Plasma de 24 horas (PFC24) — é proveniente do plasma totalmente congelado entre 8 ¢ 24 horas apés a coleta. Plasma isento de crio (PIC) ~ é 0 plasma em que o CRIO foi retirado em sistema fechado. Plasma comum, nao fresco, normal ou simples (PC) - ¢ 0 plasma cujo congelamento nao se deu dentro das especificagées técnicas, ou ainda, é resultado da transformagao de um PFC, de um PFC24 ou de um PIC cujo periodo de validade expirou. Todos os produtos podem ser utilizados em transfusdo com excegao do PC, que deve ser obrigatoriamente descartado ou oferecido a industria para produgao dos hemoderivados. CONCENTRADO DE PLAQUETAS (CP) O CP é obtido a partir de unidade individual de sangue total ou por aférese, coletadas de doador unico, Foto: Shutterstock.com BOLSA DE CONCENTRADO DE PLAQUETAS OBTIDO DE ST Foto: Shutterstock.com BOLSA DE CONCENTRADO DE PLAQUETAS OBTIDO POR AFERESE A obtengao de plaquetas do sangue total pode ocorrer a partir de dois métodos: centrifugacao de sangue total e extragao de buffy coat, que é uma camada leucoplaquetaria rica em plaquetas. Clique abaixo e conhega os métodos: CENTRIFUGAGAO DE SANGUE TOTAL Nesse método, a centrifugagao do sangue acontece em duas etapas. Na primeira etapa, & realizada uma centrifugagao leve em que se obtém o plasma rico em plaquetas (PRP); na segunda etapa do processo, o PRP é novamente centrifugado, desta vez em alta rotagao, para a obtengao do CP. EXTRAGAO DE BUFFY COAT Nesse método, o ST é centrifugado e extraido com maquinas fracionadoras automatizadas e bolsas fop & bottom, que so bolsas com uma saida superior para extragao do plasma pobre em plaqueta (PPP) e uma saida na parte inferior para extragao das hemacias, ficando na bolsa original somente a camada leucoplaquetaria. buffy coat de cada bolsa pode ser agrupado com outros por meio de metodologia estéril, seguido por centrifugagao para a separagao e transferéncia das plaquetas para uma bolsa satélite, onde ficam armazenadas em pool, Esse método realiza a redugao de leucécitos em aproximadamente 90%. Imagem: Shutterstock.com @ Aseparagao do sangue total apés a centrifugagao ¢ igual a centrifugagaio de um tubo com amostra de sangue, note a presenga da camada leucoplaquetaria (ponta da seringa), o plasma © as hemacias (no fundo) Apés 0 processo de centrifugagao, o CP obtido do ST deve permanecer em repouso por aproximadamente 2 horas para desagregagao espontanea. Apés esse perfodo, elas devem permanecer em agitacdo constante em equipamentos especificos para esse fim. Os CP obtidos por aférese nao necessitam de repouso apés o preparo e devem seguir direto para agitagao. Aconservagao do CP é de 5 dias quando o plastificante da bolsa é 0 TOTM, sob agitagao constante em temperatura de 22 + 2°C. Cada unidade de CP obtido de sangue total contém aproximadamente 5,5 x 101° plaquetas em 40 a 70mL de plasma. Nas unidades obtidas por aférese, 0 contetido de plaquetas deve ser igual ou maior que 3 x 10" (corresponde a 6/7 unidades de plaquetas obtidas de sangue total), em um volume entre 200 - 300mL de plasma. Imagem: Shutterstock.com & Criopreciptado. CRIOPRECIPITADO (CRIO) © CRIO é uma fonte concentrada de algumas proteinas plasmaticas insoliiveis 4 temperatura de 1°C a 6°C. E preparado a partir do descongelamento de uma unidade de PFC & temperatura de 1°C a 6°C. Depois de descongelado, a parte liquida é removida e a proteina precipitada permanece na bolsa original junto com 10-15mL de plasma residual. Esse material é entdo recongelado e tem validade de 12 meses sob temperatura de -20°C. OCRIO contém glicoproteinas de alto peso molecular como o fator VIII, o fator VIII:vWF (fator von Willebrand), o fibrinogénio, o fator XIII e a fibronectina TRANSPORTE DE BOLSAS Diz respeito a garantia da manutengdo da temperatura das bolsas coletadas (como nas coletas realizadas fora do setor de hemoterapia) e dos hemocomponentes em transito, como para a transfusdo, entre setores de um hospital, quando pensamos na devolugao de um hemocomponente para reintegragao ao estoque etc. Foto: Gregorius Rahadian / Shutterstock.com @ Transporte de bolsas coletadas Todas as caixas térmicas utilizadas devem ser validadas para essa finalidade, levando em consideragao os seguintes requisitos: acondicionamento dos hemocomponentes na embalagem (caixa térmica); faixa de temperatura aceitavel; quantidade de hemocomponentes e material refrigerante; tempo de transporte; modelo de transporte; condigées climaticas. Todos os hemocomponentes utilizados, no entanto, devem passar por controle de qualidade, até seu vencimento, para confirmar o transporte correto sem prejuizo a qualidade do produto. A temperatura de conservagao de sangue e componentes serd registrada durante 0 processo de transporte, sendo monitorada e deve ser mantido conforme o quadro a seguir: Cee Cur oe Dee Cn tc Sangue total Sangue total (para produgao de CP) Concentrado de hemacias Concentrado de plaquetas Plasma fresco congelado Crioprecipitado 41°C a 10°C 20°C a 24°C 1°C a 10°C O mais préximo possivel de 20°C a 24°C Manter congelado Manter congelado FA Quadro: Temperatura de conservacao do sangue e hemocomponentes durante transporte. Elaborado por Thiago Vianna de Carvalho ~ © Atengao! Para visualizagdo completa da tabela utilize a rolagem horizontal FRACIONAMENTO NA PRATICA especialista Thiago Vianna de Carvalho explica como executar o fracionamento de uma bolsa de sangue total. Para assistir a um video >, sobre o assunto, acesse a ° verso online deste contetido. 0 HEMODERIVADOS ALBUMINA Aalbumina corresponde a mais de 96% das proteinas de um hemoderivado, e a apresentagdo mais comum no Brasil é na concentragao de 20%, em frascos de 50mL. E uma solugao coloide ¢ funciona como um expansor de volume plasmatico em tratamento de hipovolemia e queimaduras graves, por exemplo. Deve ser armazenada entre 2°C e 25°C e possui validade entre 3-5 anos. Foto: PETCHPIRUN / Shutterstock.com @ Albumina humana 25%. IMUNOGLOBULINAS ‘S40 hemoderivados que, no geral, possuem anticorpos contra diversos agentes infecciosos e, inclusive, outras imunoglobulinas. Podem ser apresentados para uso venoso, muscular e até subcutaneo. O uso oral ainda é experimental. A cconcentragao das imunoglobulinas deve ser maior que 90% em todas as apresentacées e pode ser utilizada em casos de patologias como anemia hemolitica autoimune, purpura trombocitopénica idiopatica, sindrome de G -Barré, dentre outras. ANEMIA HEMOLITICA AUTOIMUNE Patologia autoimune em que varios tipos de autoanticorpos sao dirigidos contra os glébulos vermelhos do sangue fazendo com que a sua sobrevivéncia seja menor. PURPURA TROMBOCITOPENICA IDIOPATICA Doenga autoimune caracterizada por niveis baixos de plaquetas, células sanguineas que previnem o sangramento. SiNDROME DE GUILLAIN-BARRE Doenga neurolégica de origem autoimune do Sistema Nervoso periférico com produgao de anticorpos contra a bainha de mielina, provocando fraqueza muscular e, em casos mais graves, pode até paralisar a musculatura respiratéria, impedindo o paciente de respirar. %& EXEMPLO Um exemplo é 0 Rhogan, uma imunoglobulina Rh, (D) usada para prevenir a isoimunizagao RhD em maes que so RhD negativas. FATORES DE COAGULAGAO Sao inumeros fatores que podem ser produzidos a partir do plasma oferecido a industria para produgao desse hemoderivado. Os mais comuns sao concentrados de fator VIII (FVIII), fator VII (FVII) e fator IX (FIX). Cada um deles é utilizado em patologias diversas como hemofilia Ae hemofilia B. Além desses, muitos outros fatores so produzidos e podem ser utilizados em patologias como a doenga de Von Willebrand. Agora, veremos procedimentos especiais aplicados aos hemoderivados. DOENGCA DE VON WILLEBRAND E uma deficiéncia ou anomalia hereditaria da proteina sanguinea fator de von Willebrand, que afeta o funcionamento das plaquetas. PROCEDIMENTOS ESPECIAIS EM HEMODERIVADOS Clique abaixo e conhega cada procedimento especial LAVAGEM Esse procedimento é realizado em CH e tem como principal objetivo a remogao de proteinas plasmaticas, leucécitos e outros grumos celulares por meio de uma solugao salina estéril, formando 0, assim, concentrado de hemacias lavadas (CHL). A lavagem, no entanto, reduz a validade do CHL para 24 horas, pois durante a lavagem solugdo conservante/aditiva & removida. Além disso, muitas vezes, o procedimento permite a entrada de ar no sistema, o que aumenta significativamente o risco de contaminagao bacteriana. E indicado para pacientes que tenham historico de reagdo alérgica grave ou recorrente, histérico de reagao febril nao hemolitica (RFNH), deficiéncia de IgA e, ainda, para casos transfusdo intrauterina quando nao houver CH com menos de 5-7 dias de coleta. DELEUCOTIZAGAO OU LEUCORREDUGAO Pode ser realizado em CH e CP de ST. Sua fungao é reduzir a concentragao de leucécitos nesses hemocomponentes para menos que 5 x 10° e 0,85 x 10® células/unidade. Esse método emprega milltiplas camadas de fibras nao tragadas de poliéster ou acetato de celulose que filtram os leucécitos, mas permitem que as hemécias fluam através das camadas. Foto: Shutterstock.com @ Leucorreducao dos concentrados de hemacias. Quando realizado em laboratério e pré-estocagem, esse procedimento mantém a validade original dos hemocomponentes, uma vez que sao utilizados filtros leucorredutores por meio de conexao estéril. O ideal é que 0 procedimento seja realizado na pré-estocagem, pois a remogao precoce de leucécitos impede o aumento de citocinas inflamatérias, que podem se acumular durante a estocagem e gerar algum dano ao receptor. E indicado para casos frequentes de RFNH, como prevengdo da disseminagao do citomegalovirus (CMV), como profilaxia a aloimunizago HLA (antigenos de leucécitos humanos) e para pacientes em regime de transfusao crénica IRRADIAGAO Consiste na irradiagéo dos hemocomponentes CH e CP celulares por meio de raios gama (Césio 137, Cobalto 60) ou raios X (acelerador linear) com dose minima recomendada de 25Gy na porgao central da bolsa. © CH deve ser irradiado em até 14 dias apés a coleta e armazenado até no maximo 28 dias apés a irradiago, respeitando a data de validade original do produto, O CP permanece com a validade original. Uma etiqueta deve ser fixada em cada hemocomponente para ser de facil identificagao do produto. © maior beneficio da irradiagao esta na prevencdo da doenga do enxerto contra o hospedeiro pés-transfusao (DECH-PT), uma vez que pacientes imunossuprimidos néo podem receber hemocomponentes celulares, como CH e CP, com linfécitos imunocompetentes do doador de sangue. A DECH-PT é uma doenga rara, agressiva e fatal que se manifesta com uma febre de causa indefinida apés 4 a 30 dias da transfusdo, eritema cutaneo, nduseas, vomitos, diarreia, hepatite e pancitopenia. CONTROLE DE QUALIDADE DOS HEMOCOMPONENTES Para o controle de qualidade dos CP e CH produzidos, é recomendado a verificagao de, pelo menos, 1% da produgéo ou 10% por més, o que for maior. Jd para o PF e CRIO, devem ser destinadas para o controle de qualidade 1% da produgao ou até 4 unidades/por més. Todos os testes realizados devem seguir a legislagao vigente, Entretanto, algumas andlises sao visuais, portanto, nao so padronizadas, assim, o servigo de hemoterapia deve seguir e estabelecer seu préprio padrao visual para verificacao. ‘Todas os hemocomponentes que ndo passarem na inspegao visual e nos parametros devem ser descartadas. CONCENTRADO DE HEMACIAS (CH) Para garantir a qualidade das bolsas de concentrado de hemacias ¢ preciso fazer a inspegao visual para avaliar os seguintes parametros: alteracdo de cor; lipemia do sobrenadante; presenga de codgulos e vazamento. Além disso, 0 CH deve seguir alguns parametros conforme a metodologia de obtengéo. O quadro abaixo apresenta cada um deles: Hemocomponentes Analises Teor de hemoglobina Hematocrito CEN (CHL) Valores esperados > 45g/ > unidade 40g/unidade 50-70% 50-75% (Bolsas foal RTT e TL > 40g/unidade rg Boer > 43g/ unidade 50-70% (Bolsas com com solugao solugéo aditiva- aditiva- SAGM) SAGM) 65-80% 65-80% (Bolsas (Bolsas com com CPDA- CPDA- 1) 1) Grau de hemélise (Altimo dia de <0,8% <0,8% <0,8% <0,8% armazenamento) Microbiolégica Negativa —_Negativa Negativa Negativa > 80% da Recuperagao _ massa _ _ eritrocitaria Proteina residual < (depois da lavagem) O,5g/unidade = _ Leucécitos residuais <5x (depois da filtracao) _ _ 10®/unidade — <1,2x Leucécitos _ _ 10°%unidade FB Quadro: parametros de qualidade do CH, CHL, CHD e CH obtidos por aférese. BRASIL Portaria da Consolidagao n° 5, Ministério da Satide, 2017, pag 375. Adaptado por Thiago Vianna de Carvalho. 7 © Atengao! Para visualizagdo completa da tabela utilize a rolagem horizontal Imagem: Shutterstock.com @ Apresenga do swirling indica a viabilidade das plaquetas, CONCENTRADO DE PLAQUETAS (CP) Para garantir a qualidade das bolsas de CP, é necessério realizar a inspe¢ao visual avaliando 0s seguintes parametros: lipemia, alteragdo de cor, presenga de grumos e vazamento e swirling (Movimento circular que mostra uma nuvem perolada em decorréncia da forma discoide das plaquetas.) . Devemos também testar alguns parmetros de qualidade, conforme o método de obtencao Observe 0 quadro a seguir: cod Clete CHP Dee cd Pe ict ty Pn) COC Mire) de ST Andlises Valores esperados Volume 40-70mL. > 200mL* _ Contagem de >5,5x101Y — 23,0x > 55x Plaquatas unidade 10"/unidade 101°/unidade (plaquetaférese simples) pH (tiltimo dia de >6,4 armazenamento) Microbiolégica Negativa Contagem de leucécitos Preparado de plasma <2,0x rico em plaquetas 108/unidade Preparadodecamada < 0,5 leucocitaria 108/unidade 26,0x 10"/unidade (plaquetaférese dupla) >64 >64* Negativa Negativa < 0,83 x 10°/unidade <5,0 x 108 < 5,0 x 10®/pool unidade de CP (jungao de pelo menos 4 unidades de CP) *Deve ser garantido um volume minimo de plasma ou solugao aditiva de 40mL por 5,5 x 1010 plaquetas. ** $6 realizada se for mantida em armazenamento. Quadro: parametros de qualidade do CP obtido do ST, por aférese e CP desleucotizado. BRASIL Portaria da Consolidagao n° 5, Ministério da Satide, 2017, pag 376. Adaptado por Thiago Vianna de Carvalho. ~ © Atengao! Para visualizagdo completa da tabela utilize a rolagem horizontal PLASMA FRASCO CONGELADO (PFC) Para avaliar a qualidade do PF, todas as bolsas devem passar por uma inspegao visual pré- congelamento e um percentual das unidades da produgdo mensal deve ser avaliado no pré e pés-congelamento. Na inspegdo visual, analisamos os seguintes fatores: coloragao atipica (lipemia, ictericia, hemolise etc.), presenga de fibrina, hemdcias e vazamentos. Foto: Helena Horta Nasser. LIPEMIA Foto: Helena Horta Nasser. COLORAGAO ANORMAL DO PLASMA Foto: Helena Horta Nasser. ICTERICA ‘So verificados alguns parametros, conforme observamos no quadro abaixo: Pee et ed ee 2) > 150mL (todas as bolsas Volume produzidas) TTPA (Tempo de Tromboplastina Parcial Até valor do controle + 20% Ativada) Fator VII 0,7 UlimL Fator V 20,7 UlimL Leucécitos residuais <0,1x 10%/mL Hemacias residuais <6,0 x 10%mL Plaquetas residuais < 50x 10%/mL B Quadro: Parametros de qualidade para o PFC e PFC24. BRASIL Portaria da Consolidagao n° 5, Ministério da Satide, 2017, pag 377. Adaptado por Thiago Vianna de Carvalho de Carvalho. > © atengao! Para visualizagao completa da tabela utilize a rolagem horizontal CRIOPRECIPITADO (CRIO) Para avaliar a qualidade do crioprecipitado, todas as bolsas devem passar por uma inspecao visual pés-descongelamento, na qual sero avaliadas a colorago atipica (lipemia, ictericia, hemélise etc.), presenga de fibrina e hemacias. Além disso, todas as bolsas de CRIO devem ter volume entre 10-40mL e dosagem de fibrinogénio maior que 150mg/unidade. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. APRENDEMOS QUE TODA BOLSA DE SANGUE TOTAL DEVE PERMANECER UM TEMPO DESCANSANDO APOS A COLETA E ANTES DO PROCESSAMENTO. QUAL O TEMPO MINIMO DE DESCANSO RECOMENDADO PARA BOLSA DE SANGUE TOTAL COLETADA DO DOADOR? A) 2 horas B) 3 horas C) 1 hora D) 45 minutos E) 30 minutos 2. AIRRADIAGAO E UM PROCEDIMENTO ESPECIAL BASTANTE UTILIZADO NA ROTINA DE BANCO DE SANGUE, PRINCIPALMENTE PARA ATENDIMENTO DE PACIENTES IMUNODEFICIENTES EM RAZAO DE TRATAMENTO QUIMIOTERAPICO. QUAIS SAO AS MAIORES VANTAGENS DA IRRADIAGAO? A) Prevenir a RFNH. B) Evitar a incompatibilidade ABO. C) Evitar a DECH-PT. D) Profilaxia a aloimunizagdo HLA. E) Esterilizagao dos hemocomponentes. GABARITO 1. Aprendemos que toda bolsa de sangue total deve permanecer um tempo descansando apés a coleta e antes do processamento. Qual o tempo minimo de descanso recomendado para bolsa de sangue total coletada do doador? Aaltemativa sta correta. Apés a coleta de sangue total, a bolsa de sangue deve permanecer em repouso durante 2 horas na temperatura de 20°C a 24°C antes no processamento, Além disso, ela pode ficar sobre uma placa de aluminio com butanodiol, que permite o refrigeramento do sangue coletado, etapa importante para a produgao dos hemocomponentes. 2. A irradiagao é um procedimento especial bastante utilizado na rotina de banco de sangue, principalmente para atendimento de pacientes imunodeficientes em razao de tratamento quimioterapico. Quais so as maiores vantagens da irradiagao? Aaltemativa "C " esta correta. A indicagao de componentes celulares irradiados tem como objetivo reduzir 0 risco de doenga do enxerto contra hospedeiro associada a transfusdo (DECH-PT), uma doenga rara, porém fatal. CONCLUSAO CONSIDERAGOES FINAIS ‘Ao longo desse contetido, conhecemos a historia da hemoterapia e as legislagdes que regem esse setor. E de suma importancia conhecer e verificar a utilizagao do sangue para fins terapéuticos ao longo da histéria e entender como esses fatos contribuiram para as normas e regras atuais da hemoterapia. Além disso, compreendemos que a preparagao do sangue para a utilizagao para fins terapéuticos é um processo chamado ciclo do sangue. Quanto a isso, abordamos as etapas de recrutamento, triagem, doagao de sangue, preparagao e armazenamento dos hemocomponentes, além de compreendermos como é¢ realizado o controle de qualidade. Vimos que todo esse processo visa a transfusdo de hemocomponentes segura, confidvel, minimizando os riscos ocasionados pelo simples ato transfusional ao receptor/paciente. O principio mais basico dos servigos de hemoterapia ndo se resume a qualidade técnica dos hemocomponentes produzidos ou ao volume produzido. E claro que esses aspectos sao muito importantes, mas nada disso tem valor se o principio do ciclo nao for considerado na captagao dos doadores. Sem os doadores, nao ha com o que se trabalhar e com o que atender aos receptores/pacientes. E ndo se esquega: doe sangue, doe vida! Para ouvir um podcast sobre o assunto, acesse a versaéo online deste conteudo. REFERENCIAS BRASIL, Ministério da Satide. Politica Nacional do Sangue. Brasilia: 1966. Consultado na internet em: 29 mar. De 2021. BRASIL, MINISTERIO DA SAUDE. 2015. Guia para uso de hemocomponentes. 2. ed. Brasilia-DF, 2015. Consultado na internet em: 31 mar. de 2021. BRASIL. Ministério da Satde. Portaria de Consolidagao n° 5, de 28 de setembro de 2017 Consolidagao das normas sobre as agées e os servicos de satide do Sistema Unico de Satide. Consultado na internet em: 31 mar, de 2021 BRASIL. Ministério da Satide. Técnico em hemoterapia: diretrizes e orientagao. Brasilia-DF: Normas e Manuais Técnicos, 2011. Consultado na internet em: 31 mar. De 2021. JUNQUEIRA, P.-C et al. Historia da hemoterapia no Brasil. Rev. bras. hematol. hemoter. 2005;27(3):201-207. REDE DE SERVIGOS TECNOLOGICOS PARA SANGUE E HEMODERIVADOS. Manual para controle da qualidade do sangue total e hemocomponentes. Sao Paulo: RedSang- SIBRATEC, 2011. Consultado na internet em: 4 abr. de 2021 ROUX, F.A; DESCHAMPS, J.Y. Xenotransfusions, past and presente. Xenotransplantation 2007: 14: 208-216. VERRASTRO, T.; LORENZ, T. F.; NETO, S.V. Hematologia e hemoterapia. 1. ed. Atheneu, 2006. EXPLORE+ Acesse a Portaria de Consolidagaio n° 5, de 28 de setembro de 2017. A partir do artigo 368, vocé encontra os critérios de selegdo de doadores, controle de qualidade em hemoterapia e outras regulamentagées importantes do setor. Para mais informagées sobre o teste NAT, leia o manual de implantacao do NAT brasileiro em servigos de hemoterapia. Para mais informagées sobre a hemoterapia no Brasil, leia o 7° Boletim de produgao hemoterdpica, disponivel no site da ANVISA. Assista, no YouTube, aos seguintes videos: Aférese 6 um tipo de doagao - saiba mais, da TV Universitaria de Uberlandia. Histéria da hemoterapia no mundo, do Canal do Hemocentro de Ribeirao Preto. O caminho do sangue, do Canal do Hemocentro de Ribeirao Preto. CONTEUDISTA Thiago Vianna de Carvalho @ CURRICULO LATTES

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