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ESTUDO COMPARATIVO ENTRE A PRECISÃO DE

INSTRUMENTOS UTILIZADOS EM MEDIÇÃO LINEAR NOS


LEVANTAMENTOS TOPOGRÁFICOS
Michelly Matos Pereira1
Marcos José Timbó Lima Gomes2

RESUMO

A trena é um objeto utilizado para obter distâncias, muito empregada nos levantamentos
topográficos aplicados a engenharia civil. Este trabalho tem por objetivo comparar a
precisão dos instrumentos utilizados em estudos topográficos: trena manual, trena a
laser em comparativo com a estação total; de modo a identificar qual apresenta maior
precisão e agilidade no processo da coleta de dados. Foram utilizadas medidas de uma
poligonal para realizar um comparativo entre a trena manual, a laser e estação total . A
precisão dos instrumentos foi obtida usando os valores coletados, utilizando para tal o
programa DataGeosis, a precisão da trena laser é da ordem de 1:10.409 enquanto que da
trena manual é de 1: 20.530. A partir dos resultados concluiu-se que o melhor meio para
obter distâncias em levantamentos de rotina é a trena manual, não apenas pela precisão
como também pela agilidade do processo.

Palavras–chave: trena a laser; trena manual; levantamento planimétrico

INTRODUÇÃO

A trena é um objeto utilizado para obter distâncias, muito aplicada nos


levantamentos topográficos aplicados a engenharia civil.

A trena convencional é basicamente uma fita graduada que apresenta divisões de


metro, centímetro e milímetro. Usada para medição direta de distâncias entre dois
pontos topográficos sobre alinhamentos (Orth, 2008). Apresenta dificuldades de uso em
espaços abertos (vento provoca catenária horizontal), em terrenos acidentados
(necessidade de esticar a trena sobre o alinhamento a medir), e distâncias longas
(trenadas até 20,00 metros, para minimizar as catenárias horizontais e verticais).

Uma evolução da trena convencional é a trena a laser, ou distanciômetro


eletrônico. Esses aparelhos empregam um sinal infravermelho pulsante que é
transmitido por um diodo laser. Para se obter uma medida é necessário apenas o tempo
de emissão e recepção do sinal (McCormer, 2004). Esse tipo de instrumento pode ser
utilizado com e sem prisma.

Dentre os instrumentos de medição aplicados na topografia e engenharia civil o


mais preciso é a estação total. A Estação Total é um instrumento eletrônico utilizado na
medida de ângulos e distâncias. Consiste num dispositivo que é uma combinação de um
teodolito e um MED, junto com um computador ou microprocessador embutido, com
capacidade de fazer vários cálculos, tais como determinação das componentes
1
Graduando em Engenharia Civil, UFCa, Juazeiro do Norte, CE, michellymatosp@gmail.com
2
Professor Doutorando em Engenharia de Transportes, UFCa, Juazeiro do Norte, CE, timbo@det.ufc.br
horizontais e verticais de distâncias inclinadas, cálculos de diferenças de cotas e
coordenadas de pontos visados (McCormer, 2004).

Assim, este trabalho tem como objetivo comparar a precisão de instrumentos de


medição linear utilizados em um levantamento topográficos, executado terreno plano: a
trena a laser, a trena convencional e a estação total, de modo a identificar qual apresenta
maior precisão e agilidade no processo de coleta de dados. Os dados usados como
valores reais foram os da estação total.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foram usados para coleta de dados os seguintes equipamentos: uma trena de


fibra de vidro fosco, com extensão de 50m, da marca Lufkin; uma trena a laser Bosch,
modelo DLE 40 Professional com precisão de até 1,5mm em distâncias até 50m;
estação total Kolida KTS-445LL e prisma da marca Pentyax, além de duas balizas, para
que pudesse fazer uma comparação dos dados obtidos pelos três equipamentos, quando
efetuado um levantamento planimétrico em terreno plano.

O levantamento foi feito na Universidade Federal do Cariri, Juazeiro do Norte;


em horário noturno para melhor visualização do laser da trena. O procedimento foi
realizado por três pessoas: um operador, um auxiliar e um terceiro que apenas anotava
os dados. A terceira pessoa normalmente faz-se desnecessária em levantamentos
rotineiros, no entanto como foi adotado um rigoroso controle de medidas, achou-se mais
conveniente que outra pessoa, que não os responsáveis pelas medidas, coletasse os
dados.

O levantamento com a estação total foi realizado em sentido horário,


obedecendo aos procedimentos usuais para obtenção segura dos dados, para que estes
pudessem ser o mais confiável possível, a fim de serem utilizados como valor real. O
prisma era segurado por um tripé e nivelado, para que não houvessem erros devido à
movimentação de alguém que porventura o segurasse, ou mesmo de ações externas
como o vento. A leitura da trena de fibra de vidro era obtida esticando a mesma do
ponto onde estava localizada a estação até o ponto visado, usando como auxiliares as
balizas.

Foi tomada a máxima cautela para que os dados não apresentassem erro por
interferência da catenária (barriga) da trena. Após isso, era realizada a medição com a
trena laser, sendo esta fixada no ponto zero da estação total, de modo que o ângulo
vertical fosse perpendicular ao solo, e mirada no centro do prisma, onde uma folha de
papel em branco fora colocada para melhor visualização do feixe de luz. As medidas
com a trena laser foram repetidas três vezes em cada mirada, para que se pudesse
compará-las, fazer uma média, ou descartar uma das medições, conforme fosse
necessário.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
A precisão dos instrumentos foi obtida usando os valores coletados, utilizando
para tal o software topográfico DataGeosis.

Tabela 1 – Precisão Linear


Instrumento Precisão

Estação Total 1:71.720


Trena Manual 1:20.530
Trena a Laser 1:10.409

Além da precisão também foi calculado, no programa DataGeosis, o erro linear


de fechamento da poligonal levantada.

Tabela 2 – Erro Linear


Instrumento Erro

Estação Total 0.00014


Trena Convencional 0.001
Trena a Laser 0.003

A partir dos dados, pode-se afirmar que o uso da trena convencional foi mais
eficiente e também eficaz para esse tipo de levantamento. Uma vez que a precisão foi
50,7% maior quando relacionado com a trena a laser; e o erro apresentado é 33%
menor. O resultado foi diferente do esperado, visto que por a trena a laser ser um
equipamento mais avançado o ideal seria que a precisão fosse maior e o erro menor
posto em comparação com a trena convencional.
Não descartando os possíveis erros de manuseio, uma das causas apresentadas
para o resultado é a incompatibilidade do instrumento a laser com a função a qual foi
submetida, pois a trena foi desenvolvida para realizar medidas em locais fechados e não
em levantamentos topográficos planimétricos.
Ainda que da trena a laser mostrasse maior precisão, o uso desse equipamento
nos levantamentos topográficos não seria recomendado devido as grandes dificuldades
encontradas durante o processo de coleta de dados, tais como o horário do
levantamento, destreza necessária para que fossem obtidas cada uma das medidas, além
do tempo gasto em cada uma das medições, em muito superior ao que foi gasto durante
a leitura com a trena de fibra de vidro.

CONCLUSÕES

De modo geral os resultados obtidos apontaram para a trena convencional como


melhor que a trena a laser, para medições lineares de levantamentos topográficos em
terrenos planos. Já a trena a laser deve ser usada em medições lineares em locais
predominantemente internos, conforme recomendado pelos fabricantes.
Este trabalho foi importante para mostrar que mesmo instrumentos mais
avançados possuem suas limitações e que, especificamente, a trena a laser não deve ser
utilizada para fins mais abrangentes que não os já especificados na literatura.

AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a Universidade Federal do Cariri pela concessão de bolsas
de iniciação a docência e aos colaboradores que diretamente ou indiretamente
participaram da elaboração e execução desse trabalho.

REFERÊNCIAS
McCORMAC, Jack C.. TOPOGRAFIA. 5ª Edição, 2004.

ORTH, Dora. TOPOGRAFIA APLICADA. Curso de Arquitetura e Urbanismo.


Universidade Federal de Santa Catarina. Notas de aula, 2008.

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