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GBC

G R E E N B U I L D I N G C O U N C I L

REVISTA BRASIL

C O N S T RU I N D O U M F U T U RO S U S T E N TÁV E L ANO 3 / Nº7 / 2016

HOSPITAL
OSWALDO CRUZ
CENTRO DE REFERÊNCIA EM
SAÚDE NA AMÉRICA LATINA
RECEBE LEED NC GOLD

COP 21: os compromissos


do GBC Brasil para o
futuro do planeta

IPTU Verde concederá DOSSIÊ ESPECIAL


descontos de até 12%
em São Paulo
HOSPITAIS E
LABORATÓRIOS:
Certificação WELL prioriza INOVAÇÃO E
BEM ESTAR
a saúde e bem estar dos
ocupantes

VIBEDITORA
2016

09 a 11
AGOSTO SP EXPO EXHIBITION &
INSCRIÇÕES ABERTAS!!!
2016 CONVENTION CENTER
SÃO PAULO - SP

CALL FOR PROPOSALS O PODER DA TRANSFORMAÇÃO


EM SUAS MÃOS

e CALL FOR REVIEWERS


O sucesso da Greenbuilding Brasil 2016 também depende da sua ativa participação!
Compartilhe sua expertise, experiências, casos de sucesso e novos empreendimentos
com os nossos congressistas. As inscrições estão abertas a partir de 13 de novembro.
O nosso objetivo em 2016 é enfatizar a contribuição da comunidade da construção
sustentável para a apresentação de conteúdos relevantes e enriquecedores.

FIQUE ATENTO ÀS NOVIDADES DESTA EDIÇÃO:

2016

Realização simultânea à nova feira High Design - Home & Office Expo no
SP Expo Exhibition & Convention Center.
Encontro mais forte e abrangente para os setores de Arquitetura, Construção e Design
Greenbuilding Brasil manterá seu foco em sustentabilidade dentro destes segmentos
Mais de 15 mil profissionais reunidos
25 mil metros quadrados de área total
Mais de 200 marcas em exposição.

A partir de 2016 a Greenbuilding Brasil contará com a expertise do Informa Group,


grupo multinacional líder mundial na organização de Conferências e Feiras com forte
operação no Brasil, responsável por feiras como Greenbuild EUA e Mediterrâneo, World
Concrete Show, Designjunction, Dwell on Design, Interior Design Show, ForMóbile,
Expo Revestir e Fórum Internacional de Arquitetura e Construção, entre outras.

Acesse nosso site e apresente sua proposta ou se candidate a ser um de


nossos revisores! Você também pode fazer parte da transformação!

www.informagroup.com.br/greenbuilding

Mais informações sobre o evento: greenbuilding@informa.com


Editorial

Um novo ano de grandes CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO

expectativas para a
MEMBROS DO CONSELHO
Manoel Gameiro - Trane - Presidente
José Moulin Netto - Vice presidente
José Cattel - Alcoa

construção sustentável
Celina Antunes - Cushman & Wakefield
Mark Pitt - Sherwin Williams
Hugo Rosa - Método
Carmen Birindelli - WTorre

Convidada: Thassanee Wanick - Fundadora


do GBC e Cônsul Geral da Tailândia no
Brasil
O ano de 2015 que encerrou-se com um grande avan-
ço para a sustentabilidade do planeta com as resolu- CONSELHO FISCAL
Renato Alahmar - 3M
ções da Conferência Mundial do Clima, em Paris, a Guido Petinelli
COP21, protagonizada pelas organizações, associa-
DIRETOR GERENTE
ções e empresas preocupadas com o futuro do nosso Felipe Faria
planeta. Nesta edição o GBC Brasil apresenta seus
compromissos audaciosos visando um só objetivo,
futuro melhor para o lugar onde vivemos.

Esta edição da revista GBC Brasil traz como foco, um


dos temas mais relevantes no âmbito das constru-
ções, a saúde. A seção “Dossiê Especial” contempla VIBEDITORA
a apresentação de cases no setor da saúde, certifica-
DIRETOR EXECUTIVO
dos no Brasil e no mundo, apresentados por diversas Luiz Sampaio
empresas referenciadas no mercado, que abordam lfsampaio@vibcom.com.br
as características, particularidades e complexidades, REDAÇÃO
bem como os desafios encontrados no desenvolvi- Bruna Dalto - MTb 72943
Patrícia Braga
mento deste tipo de projetos. redacao@vibcom.com.br

COMERCIAL
A participação de especialistas conceituados em di- Douglas Alves
versas áreas da construção garante ainda um con- dalves@vibcom.com.br

teúdo de ampla qualidade nesta edição, através de FINANCEIRO


opiniões acerca das tendências e expectativas para Roseli Pereira
adm@vibcom.com.br
2016. E culmina com a disseminação dos métodos
DESIGN GRÁFICO E EDITORIAL
construtivos, soluções inovadoras e eficientes incor- VIB EDITORA
poradas às construções sustentáveis do país para
REDAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO
© Bianca Wendhausen

as outras regiões do Brasil, através da realização em VIDA IMOBILIÁRIA BRASIL - VIB EDITORA
conjunto do Greenbuilding Conferência e Expo em Rua Roque Petrella, 46 - sala 501
Brooklin - São Paulo - SP
parceria com o SINDUSCON-PE, realizado em Recife. CEP 04581-050
Desejamos a todos excelentes resultados para 2016. Tel/Fax: 11 5078 6109
www.vidaimobiliaria.com.br

Boa leitura! RESPONSÁVEL DO GBC


Maíra Macedo

ASSINATURAS E CONTATOS
LUIZ SAMPAIO COM A REVISTA:
Tel: 11 5078 6109
DIRETOR EXECUTIVO email: revistagbc@gbcbrasil.org.br
VIB Editora

Capa: Hospital Alemão Oswaldo Cruz

revistagbcbrasil.com.br dez/15-jan/16 3
GBC
índice
G R E E N B U I L D I N G C O U N C I L

REVISTA BRASIL

C O N S T RU I N D O U M F U T U RO S U S T E N TÁV E L ANO 3 / Nº7 / 2016

EDITORIAL...................................................> 3

COLUNA GBC..............................................> 6

GREEN PAGES
SIEGBERT ZANETTINI.....................> 8
PROJETO DESTAQUE...........................> 16
TENDÊNCIAS 2016......................................> 24

CERTIFICAÇÃO WELL.................................> 28

ESPECIAL
HOSPITAIS & LABORATÓRIOS
INTRODUÇÃO.............................................................> 34
PROJETOS EM DESTAQUE...............................> 40

EVENTO GBC BRASIL + SINDUSCON/PE

SUSTECONS 2015.......................................> 58

COP 21.........................................................> 64

POLÍTICAS PÚBLICAS..................................> 68

SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS........................> 70

ARTIGOS DE OPINIÃO................................> 74

AGENDA GBC JAN/FEV 2016.....................> 78

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coluna gbc

Reflexões sobre 2015.


Perspectivas para 2016.

O
atual cenário de dificuldade política e eco- o Projeto de Lei do IPTU Verde, assinado pelo Prefeito da
nômica que assola o país, crise hídrica e Cidade de São Paulo e enviado à Câmara dos Vereadores,
energética, bem como a indignação frente oferecendo até 12% de desconto no imposto para prédios
um dos maiores desastres ambientais da residenciais ou comerciais, novos ou existentes, que obti-
nossa história recente, exige um momento verem a certificação após a aprovação da Lei, assim como
de reflexão por cada cidadão brasileiro. É a nova Lei de Zoneamento da cidade de São Paulo que
inegável que o país passa por um processo de reconstrução oferece descontos na outorga onerosa para edificações
sistêmica, e o termo “reconstrução” sugere inúmeras opor- certificadas.
tunidades ao nosso movimento de construção sustentável. Aprofundar seus conhecimentos e aumentar sua partici-
Comprovadamente nosso movimento demonstra ser pação no movimento de green building, significa adentrar em
a solução para as principais demandas do país, certo que um ambiente de atmosfera estritamente próspera e otimista.
elevamos o padrão técnico do mercado, valorizando a me- Dentre os diversos objetivos, indicadores, metas e ini-
lhor técnica em detrimento dos melhores contatos, maxi- ciativas, o planejamento estratégico do GBC Brasil para os
mizamos o planejamento galgando eficiência em sentido próximos anos, compreende a expansão de nossa presen-
amplo, discutimos qualidade ambiental interna do ar em ça física em todas as regiões do país através da realização
hospitais, escritórios e escolas melhorando a recuperação dos nossos cursos e eventos.
de pacientes, produtividade e aprendizado de alunos, e, Realizamos em dezembro de 2015, em parceria com o
estamos inserindo o tema das edificações verdes dentro SINDUSCON Pernambuco o primeiro Greenbuilding Brasil
de um processo de planejamento urbano integrado, onde Conferência Internacional e Expo Summit Nordeste, asso-
segurança, transporte, qualidade de vida e bem estar são ciado ao II Sustencons. Cerca de 200 profissionais partici-
prioridades. param do evento que contou com 16 expositores, 162 con-
Não à toa nossa certificação internacional LEED possui ferencistas e 15 palestrantes, além da cobertura de mídia
projetos registrados em quase todos Estados brasileiros, pela TV Record e SBT. O evento foi organizado em tempo
faltam apenas os Estados do Acre e Tocantins. Em 2015, os recorde e os resultados alcançados demonstra a força das
mais de 100 novos projetos recebidos até o mês de novem- ONGs e Associações quando unidas.
bro, indicam a forte penetração da certificação em setores Estimularemos e iremos colaborar na construção de
diversos do mercado, com destaque a plantas industriais, uma forte rede colaborativa que nos permitirá obter suces-
centro de distribuição e logística, data center e varejo. so aos desafios propostos. Iniciativas semelhantes estão
O Referencial GBC Brasil Casa já soma 26 projetos sendo programadas para as demais regiões do Brasil, no
registrados em 8 diferentes Estados, 27 profissionais acre- sentido de engajar as lideranças locais no movimento de
ditados e dezenas de projetos no pipeline, dentre eles pré- transformação definido por nossa Missão.
dios e condomínios residenciais. Os cursos também estão sendo diretamente organiza-
Políticas públicas de incentivo com a capacidade de dos pelo GBC na cidade de Porto Alegre, em parceria com
acelerar exponencialmente a certificação de construção a ASBRAV e na cidade do Rio de Janeiro, em parceria com
sustentável, são apresentadas com maior frequência como o SECOVI-Rio.

6 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
coluna gbc

Há tempos o estímulo ao mercado de soluções e ser- lificados em benefício aos nossos patrocinadores, expan-
viços para construção sustentável pelo GBC Brasil extrapo- dindo os canais de divulgação dos benefícios e práticas de
lam as fronteiras das edificações que buscam a certificação construção sustentável, ao mesmo tempo que ofereceremos
internacional LEED, certo que este movimento comprova- oportunidades e valores melhores aos nossos Membros.
damente influencia o avanço e melhora do mercado, mes- Concomitantemente com os objetivos e iniciativas aci-
mo quando soluções são consideradas pontualmente para ma mencionadas, o fortalecimento dos nossos Comitês de
casos isolados. Trabalho através dos profissionais voluntários oriundo das
Neste sentido, o GBC Brasil prepara o ingresso de empresas Membros, dentro de um processo revisado de
ferramentas adicionais ao LEED de modo a reforçar nosso Governança desponta como uma de nossas prioridades,
compromisso com a transformação da indústria nacional posto que este ambiente de colaboração é a força que rege
da construção civil e a cultura da sociedade em direção a nossa organização e nos direciona a realização de nossa
sustentabilidade. Pautado em uma demanda oriunda dos missão.
nossos Comitês Técnicos criamos o Referencial GBC Brasil
Casa; adicionalmente também trabalharemos com a certi- MISSÃO
ficação WELL Building Standard, focada para o ocupante e Transformar a indústria da construção civil e cultura
pautada em saúde e bem estar; SITES para áreas externas da sociedade em direção à sustentabilidade, utilizando as
comuns de empreendimentos públicos ou privados; LEED forças de mercado para construir e operar edificações e co-
Dynamic Plaque – monitoramento contínuo da operação da munidades de forma integrada. E, garantir o equilíbrio entre
edificação e re-certificação LEED; EDGE, ferramenta criada desenvolvimento econômico, impactos sócio ambientais e
pelo IFC estruturada como forma de mitigar os efeitos de uso de recursos naturais, contribuindo para a melhoria da
mudanças climáticas; GRESB, associação global que ana- qualidade de vida e bem estar das gerações presente e fu-
lisa o desempenho dos portfolios do mercado imobiliário turas.
que se destacam por questões voltadas a responsabilidade
ambiental, social e de governança. Todas estas ferramen- VISÃO
tas estarão sendo certificadas pela nossa plataforma global Ser a liderança nacional para que todos possam, pro-
GBCI (Green Business Certification Incorporation). gressivamente, trabalhar, estudar e viver em uma edificação
Avanços também estão sendo promovidos em nos- sustentável, através de:
sa Conferência Internacional e Expo, Greenbuilding Brasil. • Desenvolvimento e promoção de diferentes siste-
Já para 2016, conforme anunciado recentemente, o GBC mas de certificação;
Brasil e USGBC fecharam uma parceria estratégica com o • Capacitação contínua e engajamento profissional;
Informa Group, grupo multinacional líder em eventos corpo- • Iniciativas sócio-culturais;
rativos e reconhecido globalmente por diversos mercados, • Criação de ampla rede colaborativa com a partici-
atual proprietário e produtor da Greenbuild International pação do poder público, iniciativa privada, socie-
Conference & Expo nos Estados Unidos, Itália e futuramen- dade civil organizada e a população.
te uma nova edição na Ásia. O Informa Group no Brasil,
com sede na cidade de São Paulo, será o responsável pela VALORES
produção e gestão da Greenbuilding Brasil 2016 que acon- • Colaboração;
tecerá simultaneamente à nova feira High Design – Home & • Credibilidade;
Office Expo em agosto no SP Expo Exhibition & Convention • Responsabilidade Social, Ambiental e Econômica;
Center. A parceria entre estes dois produtos proporcionará • Liderança;
um encontro forte e abrangente para os setores de Arquite- • Transparência;
tura, Construção e Design, no qual nós manteremos o foco • Ética.
em sustentabilidade.
Juntos, os eventos esperam atrair mais de 15 mil pro-
fissionais em 10 mil metros quadrados de área e com mais
de 200 marcas em exposição. FELIPE FARIA,
Estamos fortalecendo a organização, promoção e ope- DIRETOR
ração do evento, aumentando o número de visitantes qua- Green Building Council Brasil

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inovação
GREEN PAGES

Arq. Siegbert Zanettini


ENTREVISTA

©Divulgação Zanettini
Siegbert Zanettini é Arquiteto Urbanista e Professor Titular pela FAU-USP desde 1959.
Arquiteto Diretor Responsável Técnico, Coordenador Geral da Zanettini Arquitetura,
possui mais de 53 anos de atuação profissional, sua obra inclui 1.200 projetos realizados
em mais de 5 milhões de metros quadrados, além de quatro décadas de vida dedicadas
ao conhecimento acadêmico. Considerado um dos maiores especialistas em projetos
hospitalares, condição atestada por inúmeras Referências, Títulos e Prêmios. Além
disso, possui reconhecimento público como o maior especialista em edificações com
estrutura metálica do País e também é referência nacional nas áreas de Eco-eficiência e
Sustentabilidade pelo pioneirismo da área, também representada pelo reconhecimento
de diversos Órgãos, Universidades e Sindicato da Construção Civil.

8 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
inovação

A arquitetura contemporânea e pluridimensional de


Zanettini e a integração entre razão e sensibilidade e
suas correlações com as edificações de saúde

Como o Sr. define a sustentabilidade uma ambiência correta e harmônica entre quem Devido à complexidade dos processos
hospitalar no âmbito da arquitetura? usa e o próprio espaço. O principal referencial construtivos hospitalares, faz-se neces-
da arquitetura é o homem. sário um corpo de profissionais multidis-
Siegbert Zanettini: A sustentabilidade não é ciplinar que atenda às diversas deman-
somente a questão ambiental e econômica, ela O que é necessário para o desenvolvi- das necessárias dentro do processo. Na
também tem todo um envolvimento com o ser mento de um bom projeto hospitalar? opinião do senhor, como está o merca-
humano. No caso do hospital, você esta me- Quais são as dificuldades que podem ser do atual de capacitação de profissionais
lhorando as condições de vida de quem o está encontradas durante o desenvolvimento qualificados especificamente para cons-
utilizando, preservando a vida humana, e contri- de um hospital e outras edificações de truções sustentáveis no setor de saúde?
buindo para que esse conjunto funcione bem. saúde? O que se deve fazer para melhorar a qua-
Isso para mim é sustentabilidade. lificação destes profissionais?
SZ: Umas das questões mais importantes
A arquitetura que venho praticando pelo menos em um hospital são o zoneamento e a setori- SZ: A arquitetura depende de uma série de
há cinco décadas, superou há muito tempo a zação funcional, bem como os fluxos. A seto- especialidades onde confluem as ciências hu-
condição unidimensional da arquitetura mo- rização é importantíssima, pois determinada a manas, biológicas, ambientais, econômicas e
derna. É contemporânea e pluridimensional localização adequada das áreas, colocando- exatas. Todas essas ciências estruturadas po-
ao superar a visão moderna integrando a ra- -as em local estratégico, tais como, áreas de dem influir na arquitetura, às vezes diretamen-
zão científica à sensibilidade artística. A arqui- PS (Pronto Socorro), PA (Pronto Atendimento) te como é o caso das ciências ambientais, ou
tetura contemporânea, que pratico há quatro e ambulatórios para que não conflitem com as indiretamente, mas sempre apoiada em bases
décadas, se identifica pela luz, transparência, demais áreas internas do hospital. É igualmente científica para atender sua evolução constante.
leveza, evolução tecnológica e por se construir importante o bloqueio de acesso às áreas res- Esse trabalho multidisciplinar é importante para
sobre conceitos: concepção multidisciplinar tritas, como centros cirúrgico e obstétrico, UTI, que a obra consiga expressar suas qualidades,
com visões holística e sistêmica; superação berçário, setor de imagens, vestiário médico e que não é somente estética, mas também fun-
de paradigmas conceituais e construtivos da enfermagem. Setorização correta das áreas de cional. Atender às necessidades, ser eficiente,
moda adequando-se à cultura de cada época; serviços como cozinha, lavanderia, centro de econômica, ter durabilidade, e uma série de atri-
domínio integral das tecnologias limpas; inova- materiais; condicionamento separado de roupa butos que são tão importantes quanto à forma
ção e utilização evolutiva do conhecimento de limpa e suja, que podem estar contaminadas e arquitetônica. Essas visões holística e sistêmica,
base científica; a importância do projeto na ex- precisam ser acondicionadas e posteriormen- são a base da arquitetura que se completa com
plicitação da noção de qualidade e a questão te levadas até seu tratamento; o lixo hospitalar outras áreas do conhecimento. Na maioria das
ambiental como parte estrutural do repertório também não pode ser recolhido com o lixo escolas permanece a visão moderna da arqui-
arquitetônico. Esses predicados que integram comum devido ao alto nível de resíduos con- tetura. Ficam nesse limite conceitual e que re-
esse conjunto de conceitos não diferencia ar- taminados ou radioativos, precisam ser devida- sulta numa formação profissional superada. De
quitetura hospitalar das demais, é a arquitetura mente separados; a separação dos elevadores um modo geral, as130 escolas que existem no
sem adjetivos. A arquitetura hospitalar tem suas de cargas, utilizados pelos pacientes, equipe país formam um profissional com um universo
peculiaridades, é preciso entender que nisso ela médica e visitantes também são soluções de- restrito. Ele vai ter que aprender que uma forma-
é específica, mas nas citadas conceituações ela sejáveis afim de evitar infecção cruzada. Isso ção plena vai além do trabalho profissional. Elas
tem que servir ao homem em todas as suas ne- ocorre, quando o projeto tem seus fluxos mal não ensinam o estudante a pensar dessa forma
cessidades e condições, ou seja, como o edifí- resolvidos, onde o resíduo infectado acaba le- globalizante.
cio vai ser ocupado, de que maneira se garante vando infecção para áreas limpas.

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inovação
GREEN PAGES

Acredito que uma formação mais integrada, Qual a importância e a responsabilidade


que é de suma importância numa estrutura de da arquitetura na construção sustentável
inovação desenvolvida, principalmente em ins- de edificações hospitalares e de saúde?
talações hospitalares, que necessitam de maior
conhecimento de uma série de aspectos que SZ: Para mim não há diferenciação nos con-
fazem a obra mais completa quando incorpora ceitos fundamentais de arquitetura seja hos-
o maior número possível de variáveis, e entre pitalar, educacional, habitacional ou de outras
elas a questão ambiental é parte estrutural de tipologias. Ela tem que atender ao conjunto de
um projeto arquitetônico. Meio ambiente não é necessidades de cada tipologia preocupando-
uma novidade, ele é estrutural, pois é preciso -se em fazê-las com equilíbrio e com a visão
atender as condições ambientais de um país mais global possível, o que marca muito meu
tropical como o Brasil, que possui condições di- trabalho baseado em conceitos muito claros.
ferenciadas de outros continentes. A região nor- Esses conceitos fazem a base teórica estrutural
deste e a região sul possuem condições climá- e nascem através de uma leitura profunda sobre
ticas ambientais totalmente diversas. A primeira a realidade e condições brasileiras e mundiais,
tem regimes de ventos excelentes, porque não sobre quais influências externas e internas, con-
usar essas condições para geração de energia gregando desde o inicio do projeto a participa-
eólica, que é uma tecnologia extremamente ção multidisciplinar, que muitos consideram de
preservadora e limpa. Aqui no Brasil, as faces áreas complementares, mas que para mim são

©Fábia Mercadante
nascentes são muito boas, para orientação estruturais conceitualmente. Não existe com-
dos dormitórios que recebem o sol da manhã, plementação, existe integração. Assim como é
que é antibactericida. Aqui em São Paulo um importante a estética na arquitetura são impor-
quarto voltado para a face sul, vai ser úmido e tantes os demais sistemas, principalmente em
frio, durante boa parte do ano. Dependendo da projetos da área hospitalar. “Qualidade é a ade-
posição em que o edifício está orientado ele vai
funcionar melhor ou pior. Precisa ser projetado O que é preciso para a promoção da hu- quação à cultura, aos
de acordo com as condições ambientais do lo- manização dentro de uma unidade de usos e costumes de
cal em que se situa. saúde? Quais os benefícios esta carac-
terística traz, tanto para o projeto quanto cada época, ao am-
Como professor da FAU (Faculdade de Arquite- para os usuários? biente no qual a obra
tura e Urbanismo da Universidade de São Pau-
lo), eu sempre defendi a integração dos cursos SZ: Na visão global e integrada de projetos da se insere, à evolução
internos dentro de cada escola, mas também área de saúde são igualmente necessários a ar- científica, tecnológica
de outras como a Politécnica, a Geografia, a quitetura de interiores, a comunicação visual, o
Economia, entre outras. Conseguimos estru- paisagismo. Busca-se a humanização traduzida e estética, à satisfação
turar uma disciplina, onde o objetivo era fazer por ambientes agradáveis, com luz e ventilação das necessidades eco-
com que o aluno visse as outras questões fora naturais e mobiliário ergonômico e confortável,
da área da arquitetura, e não ficasse somente predicados que são muito importantes para um nômicas e fisiológicas,
no aspecto formal e estético, porém com vários ambiente humanizado, e com a máxima integra- direcionadas à razão e
problemas funcionais e técnicos, etc. Antes de ção com o exterior e com a natureza. Quanto
sair da FAU, em 2004, eu e o professor Lin- mais trouxermos a natureza para os pacientes emoção do homem”
denberg da Escola Politécnica, formamos uma e para o restante dos ocupantes que nele traba-
equipe de 15 professores e criamos o Curso de lham, mais contribuiremos para todos. Uma per- Arquiteto
Siegbert
“Dupla Formação” onde o aluno faz três anos manência melhor na recuperação dos pacien-
na FAU, depois mais dois anos na Poli, e pos- tes com a obtenção de ambientes agradáveis.
teriormente volta para sua escola para terminar A humanização trata de relações, da otimização Zanettini
os 4° e 5° anos. Os resultados têm sido exce- dos ambientes com o paciente e com a vida.
lentes, pois esses alunos têm alcançado uma Um ambiente mantendo o máximo da vegeta-
formação muito mais ampla do que aquele que ção é reconfortante em um hospital humanizado
permanece apenas na FAU ou na Poli. e sustentável.

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inovação
GREEN PAGES

A ventilação e iluminação naturais é uma ques- O tratamento e reutilização de águas pluviais


tão muito particular minha. Nos hospitais há através do recolhimento e do despejo em cis-

©Divulgação
uma grande tendência da utilização ampla de ar ternas de reuso também são pontos significa-
condicionado, justamente por se tratar de am- tivos. Se tivéssemos esse cuidado há alguns
bientes muito fechados. O aproveitamento da anos atrás, hoje não estaríamos em São Paulo e
ventilação natural nestes ambientes reduz a utili- em outras cidades do estado com estes proble-
zação de sistemas de ar condicionado evitando mas de água. Toda a água da chuva pode ser
assim que o ar de um ambiente contaminado reutilizada para atividades secundárias como
entre no sistema e seja distribuído para outros limpeza, lavagem, irrigação, bacias e mictórios
ambientes. Isso não é pouco comum na maioria que não precisam de água potável. O reaprovei-
dos casos. Os hospitais em que trabalho são o tamento de água de lavagem que foi usada em
mais possível abertos, bem iluminados e ventila- áreas não contaminadas também pode ter reu-
dos o que permite uma maior possibilidade de so em atividades não destinadas aos usuários
contato com o exterior. O melhor descontamina- mas para uso sanitário e usos especiais.
dor é o próprio ar com qualidade.
Bacias sanitárias com sistemas de descarga
Outra questão importante é o cuidado com com volume nominal ou menor, que gaste me-
quem trabalha no hospital. Projetar um ambien- nos quando você acionar a válvula, e com me-
te que possua locais agradáveis para trabalhar canismo de duplo funcionamento. A que gasta
e descansar em intervalos do trabalho é funda- 6 litros faz a mesma coisa que a de 18 litros.
mental em uma edificação hospitalar. Existem Componentes economizadores de metais sani-
hospitais onde não há lugar para um plantonista tários, por exemplo, acionamento automático de
descansar e acabam dormindo nos carros ou torneiras, tais como arejadores, temporizadores,
em leitos desocupados. Um plantonista que esse são alguns exemplos da otimização des-
trabalha 48 horas precisa de condições con- tes recursos.
fortáveis para descanso, importantes para que Hospital Mater Dei (MG)
desempenhe o seu trabalho com mais produti- Para desenvolver um projeto e execução
vidade e mais segurança. Melhora as condições hospitalar é necessário seguir algumas
estafantes das equipes, além de contribuir para normas reguladoras específicas. Na opi-
que o atendimento médico e da enfermagem nião do Sr. estas normas atendem a estas
©Divulgação

sejam mais facilitados. Desenvolvendo um am- necessidades específicas?


biente com estas características, além de me-
lhorar o atendimento ao paciente também cuida SZ: As normas e regulamentações deveriam
da equipe que trabalha com conforto, satisfação ter uma direção e um detalhamento maior. Nos
e bem-estar. aspectos de segurança de incêndio, por exem-
plo, como desocupar um hospital no caso de
Como deve ser feito o consumo e trata- uma ocorrência de incêndio. É uma questão
mento de água e esgoto em um edifício séria! A maioria dos hospitais não tem rota de
hospitalar? fuga no fim dos corredores, pois não possuem
saídas nas extremidades. Em alguns hospitais
SZ: Pensando não somente no hospital, mas fizemos câmaras de segurança que possuem
também na cidade onde o mesmo se implanta, elevadores especiais para cadeirantes ou pa-
para este é recomendável adotar-se um sistema cientes em macas. Sempre colocamos escadas
de tratamento do esgoto. Jogar o esgoto hospi- nas extremidades dos corredores e são alguns
talar na rede urbana de esgoto não é recomen- dos cuidados direcionados às limitações dos
dável, pois o mesmo pode estar contaminado pacientes. Algumas normas não atendem as
com prejuízo para a rede pública. Antes de sair necessidades citadas.
da área do hospital, este esgoto deve ser trata-
do e somente depois deve ser descartado na
rede de esgoto comum.
Hospital São Luiz Anália Franco (SP)

12 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
inovação
GREEN PAGES

Não somente no caso de incêndios, como tam- hospital da cidade, onde o terreno era fortemen-

©Divulgação
bém uma melhor iluminação natural para área te inclinado aproveitamos para organizar todos
de internação leva ao paciente a sensação de os acessos, principal, do edifício, pavimento
se sentir vivo. Ter contato com a paisagem e o externos, serviços, do pessoal, da oncologia,
verde, é muito importante que se traga a nature- todos separados em vários níveis cuja solução
za para dentro do hospital. Em meus projetos auxiliou toda a setorização. Por exemplo, o pa-
sempre coloco áreas externas para descanso e ciente que vai fazer um tratamento oncológico
tetos verdes que contribuem para o lazer e des- não precisa passar em outras áreas. É preciso
canso do paciente. entender como usar cada obstáculo da melhor
maneira possível. Outra questão importante é
Um hospital, muitas vezes, precisa de a orientação correta de vãos e aberturas dos
ambientes fechados devido às suas ne- ambientes de permanência prolongada, evitan-
cessidades particulares, e por isso a uti- do voltar as faces do edifício para lados muito
lização do ar condicionado é constante. quentes, úmidos e frios. É necessário projetar
Em quais pontos se deve ter mais aten- o edifício com um bom zoneamento, uma boa
ção ao instalar um sistema de ar condi- implantação, resolvendo problemas de acessos
cionado neste tipo de edificação? e a posição da internação em relação ao movi-
mento solar e aos ventos úmidos e frios. Com a
SZ: O controle de infecção é uma das questões correta implantação na morfologia do terreno e
que deve receber maior atenção em ambientes explorar melhor todas as condicionantes locais.
mais críticos, como salas cirúrgicas, onde vão
os equipamentos de condicionamento com Quais são as tendências e perspectivas
maior controle individualizados de infecção. Os para o futuro no setor da construção sus-
aparelhos de ar condicionado são específicos tentável em hospitais?
de cada sala, evitando cruzar o fluxo de ar com Hospital São Camilo (SP)

salas vizinhas e consequentemente a contami- SZ: Acredito que as condições de sustentabi-


nação desses outros ambientes. Iniciei há vários lidade em hospitais, como em qualquer outra
anos este processo, onde cada sala cirúrgica tipologia de projeto, devem ser incorporadas
dos hospitais tem um equipamento de ar con- para uma sadia resposta social, econômica e
©M.Scandaroli

dicionado específico. Se por qualquer motivo, ambiental, que devemos perseguir na arquitetu-
a sala é contaminada, ela é bloqueada e feita ra. Aqui no escritório, sempre colocamos o hos-
a desinfecção, e o restante do centro cirúrgico pital em condições ótimas de sustentabilidade,
continua em funcionamento sem a necessidade pois faz parte de uma visão contemporânea.
de isolamento de todo o centro. São soluções
que liberam o hospital de um problema e o per- Alguns bons exemplos de obras hospi-
mite continuar funcionando. Ao fazer retrofit de talares assinadas por Siegbert Zanettini,
hospitais é preciso trabalhar o tempo todo com incluindo obra novas e retrofits:
o mínimo de ruídos e com intervenções progra-
madas, para não haver incômodo nas demais Hospital Moriah, SP - 2011; Hospital São Luiz -
áreas, porque o hospital funciona durante 24 Anália Franco, SP - 2006; Hospital São Camilo -
horas. Pompéia; Maternidade Vila Nova Cachoeirinha,
SP - 1968; Hospital Municipal Ermelino Matara-
O que é necessário para uma boa implan- zzo, SP - 1985; Hospital Geral de Pedreira, SP
tação hospitalar? -1989; Atrium Hospital Albert Einstein Morumbi
- 1999; Hospital Prof. Edmundo Vasconcelos -
SZ: Não é em qualquer lugar que se deve cons- 1999; Hospital Bandeirantes, SP - 2011; Hospital
truir um hospital. A escolha do terreno é funda- Universitário da Universidade de São Paulo, SP
mental, para atendimento a localização do pro- - 2013; Fleury Medicina e Saúde - Unidade Aná-
jeto. É desejável que possibilite acessos fáceis lia Franco, SP - 2013; Hospital Mater Dei, Betim,
para a chegada e a saída de ambulância de MG - 2015.
pacientes. O Hospital Mater Dei - Unidade Con-
torno, em Belo Horizonte, considerado o melhor Hospital Moriah (SP)

14 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
BRASIL

I LDI NG C
BU
OU
GREEN

NCIL

BR
ASIL

M e m b ro
projeto em destaque

Referência em
serviços de alta
complexidade, o
Hospital Alemão
Oswaldo Cruz
recebe LEED Fotos: Divulgação Hospital Oswaldo Cruz

NC Gold

E
m junho de 2015, a nova Torre E do Hospital Alemão Oswal- talizando 22 salas cirúrgicas. “Quatro destas novas salas são inteligentes
do Cruz, recebeu a certificação LEED nível Gold na categoria e contam com recursos de rastreamento de imagens e integração total
New Construction. Considerado um dos maiores centros hos- aos sistemas do Hospital. Duas delas também podem transmitir imagens
pitalares da América Latina, o Hospital adere aos conceitos de procedimentos ao vivo para o Auditório do Hospital”, explica Welling-
de sustentabilidade que garantem redução no consumo dos ton Bueno Vieira, engenheiro de obras hospitalares do Hospital Alemão
recursos naturais, eficiência hídrica e energética, conforto, saúde e bem- Oswaldo Cruz. “Os recursos inovadores agregam qualidade, segurança
-estar dos usuários, melhor gestão dos resíduos e utilização de materiais e precisão às cirurgias, além de oferecerem mais conforto às equipes
ecologicamente corretos, além de avançar no sentido da responsabilida- médicas. Um exemplo disso são os focos cirúrgicos, todos de LED, que
de socioambiental com a campanha ‘Feche a torneira, abra uma ideia!’. melhoram a iluminação”, salienta o engenheiro.
A ampliação do complexo acrescentou 29.500 metros quadrados cons- Na UTI, assim como no Centro Cirúrgico, as salas e os leitos possuem
truídos ao complexo hospitalar, sendo necessário um investimento de sistema de integração e mobilidade, permitindo ao cirurgião o melhor
cerca de R$ 240 milhões. A construção da Torre E ampliou o número de posicionamento do paciente e da equipe nas amplas salas, beneficiando
leitos do hospital de 255 para 371. O novo auditório possui capacidade o trânsito de profissionais em casos de emergência. No total, incluindo
para 200 pessoas, o que melhorou muito o espaço tanto para o público as estruturas já existentes na Torre B, são 44 leitos de UTI.“Em uma obra
interno como para os visitantes. A nova torre possui cinco subsolos que hospitalar as parcerias são necessárias para o desenvolvimento do pro-
ganharam novas vagas de garagem, possibilitando distribuir melhor o jeto. Ainda temos que levar em consideração que durante o período da
fluxo de veículos internamente e nas vias do entorno. Além disso, há um obra os equipamentos vão evoluindo tecnicamente e esta comunicação
andar técnico que abriga equipamentos de infraestrutura, facilitando sua com os parceiros e equipes tem que ser rotineira para evitar retrabalho
manutenção. Neste andar, foi feito o isolamento acústico, atenuando o do momento da chegada dos equipamentos. A atuação conjunta da En-
ruído emitido para o exterior do edifício. genharia do Hospital e das empresas de fornecimento de equipamentos
O novo Centro Cirúrgico possui nove modernas salas, equipadas para a médico/hospitalares contribui de forma expressiva para ajuste das so-
realização de procedimentos de alta complexidade, que através de uma luções, ou seja, são muitos profissionais envolvidos, inclusive o próprio
interligação física, complementa o outro Centro Cirúrgico da Torre B, to- corpo clínico do hospital e pacientes coexistindo durante uma obra de

16 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
projeto em destaque

Projeto:
Hospital Oswaldo Cruz - Ampliação
Torre E
Localização:
São Paulo - SP
Cliente/proprietário:
Hospital Alemão Oswaldo Cruz
Área construída:
29.500 m² - Torre E
Número de Leitos Novos:
116
Certificação:
30/06/2015
Sistema e Nível da Certificação:
LEED NC - Gold
Arquitetura:
Hospital Oswaldo Cruz investe cerca de Botti Rubin Arquitetos Associados

R$ 240 milhões para construção e imple-


Construtora:
Racional Engenharia

mentação de medidas sustentáveis para Consultoria de sustentabilidade:


CTE

expansão do complexo hospitalar e lança Gerenciamento, Elétrica, Hidráulica e


Ar Condicionado:
campanha de conscientização para esti- MHA Engenharia

mular o uso racional da água


Sistema de Ar Condicionado:
Ergo Engenharia

tamanha magnitude”, afirma Wellington Bueno Vieira. rem de forma mais sustentável, aproveitando melhor recursos cada vez
Visando melhor fluidez nas áreas da nova Torre foi construído o túnel mais escassos, como a água.
de interligação entre todos os edifícios do complexo. “Tal comunicação “Os interessados enviaram uma breve descrição do processo de implan-
permitiu que tivéssemos acesso direto às Docas de Recebimento, à Far- tação, foto e os indicadores de redução obtidos. As iniciativas inscritas
mácia Central, à Rouparia e ao Serviço de Nutrição”, pontua Wellington. foram avaliadas por um grupo de especialistas que analisaram: aplica-
Além disso, foi reduzido o fluxo pelas demais portarias com a criação da bilidade, investimentos, economia e impacto na comunidade. Adicional
uma entrada exclusiva de veículos na Torre E, hoje utilizada para entra- a isso, são feitas constantes campanhas de conscientização em relação
da de veículos dos médicos, que permite a instalação do Departamento ao uso da água nas áreas comuns, refeitório e vestiários. Também, foi
de Relacionamento Médico logo à sua entrada. Também foi realizada a reduzida a pressão da água em torneiras e chuveiros, e reduzida a frequ-
construção de um fluxo direto entre os antigos e novos Centros Cirúr- ência de lavação de áreas comuns (substituída por varrição). Além disso,
gicos e UTIs, B e E respectivamente. O auditório locado no 1º subsolo palestras de conscientização são feitas com gestores, colaboradores e
da Torre E, facilitou significativamente o acesso, uma vez que este era comunidade externa”, destaca Wellington.
localizado no 14º andar da Torre B. A campanha ocorreu no dia 30 de setembro e os interessados enviaram
sugestões de projetos já implantados e bem-sucedidos no uso racional
Responsabilidade socioambiental da água. A instituição premiou o autor do melhor projeto com uma via-
O Hospital Alemão Oswaldo Cruz, um dos maiores centros hospitalares gem com acompanhante.
da América Latina e referência em serviços de alta complexidade, abriu
espaço para a discussão sobre o uso consciente da água, buscando Sustentabilidade
promover uma mudança no comportamento da sociedade. Para isso, a As estratégias sustentáveis adotadas na construção da ampliação do
instituição lançou a campanha “Feche a torneira, abra uma ideia”, que hospital contemplaram o uso racional no consumo de água, otimiza-
premiou a melhor iniciativa de uso consciente da água. A campanha foi ção da eficiência energética, proibição do uso de CFC, uso de energia
feita junto a colaboradores, pacientes, fornecedores e a comunidade em renovável, gestão correta dos resíduos de obra, utilização de madeira
torno do complexo hospitalar. O objetivo foi motivar as pessoas a vive- certificada e plano de controle da qualidade do ar.

revistagbcbrasil.com.br dez/15-jan/16 17
projeto em destaque

Através da instalação de dispositivos economizadores foi possível redu- Conforto, saúde e bem-estar para os usuários
zir em 21% o consumo de água. Priorizou-se também o reuso de águas Para garantir a qualidade do ar foram instalados equipamentos com finali-
pluviais e de drenagem da parede diafragma nas bacias e mictórios, dade exclusiva de pré-tratamento do ar exterior, que abastece os fancoils
além do reuso para irrigação de jardins. de cada sala cirúrgica. “O ar externo é filtrado, resfriado e depois segue
A construção também contemplou o uso de energia renovável através para os equipamentos, onde é novamente filtrado e climatizado”, detalha
da utilização de placas solares, permitindo uma redução no custo anual o engenheiro. Nos quartos de isolamento também foram instalados filtros
de energia em pelo menos 1%. Visando ainda a redução de energia foi HEPAS logo antes do difusor de ar para garantir que qualquer impureza,
realizada simulação energética durante o projeto com a implantação de mesmo aquela que pode se prender nos dutos, não chegue até os aparta-
sistemas de ar condicionado eficiente, painéis solares, vidros eficientes, mentos. O hospital também conta com um plano de manutenção preven-
elevadores, luminárias, entre outros. tiva dos equipamentos para garantir que estejam em boa operação e com
Na gestão de resíduos da construção foi definido o descarte correto para o funcionamento dentro dos padrões de projeto. “Realizamos a análise
áreas devidamente licenciadas. Os resíduos gerados durante a obra fo- de qualidade em todo o complexo e a certificação de áreas, como o cen-
ram destinados para áreas de transbordo e triagem (ATT) e/ou reaprovei- tro cirúrgico e leitos de pacientes em isolamento” ressalta o engenheiro.
tados na obra. Com isso, 75% do resíduos gerados foram desviados de “Desta forma, garantimos os padrões necessários em relação ao sistema
aterros. Outros cuidados foram tomados, desde a escolha apropriada do de ar condicionado, quanto às questões de controle de fungos, bactérias,
terreno e local de construção até a gestão de resíduos da obra. “Na oca- limpeza do ar, umidade e temperatura”, conclui.
sião, a gerenciadora do projeto – MHA Engenharia – organizou a obra em
três diferentes fases: o contrato de demolição das edificações existentes Relação com o entorno
na área da ampliação, o contrato de execução das paredes diafragmas e As certificações LEED são grandes aliadas na redução de custos, tanto
o contrato com a construtora para a execução de toda a edificação-civil na execução da obra, quanto na operação do hospital. Além disso, contri-
e instalações”, afirma Wellington Vieira. “Para minimizar o ruído gerado buem para o conforto interno de pacientes, funcionários e da comunida-
em grandes obras como esta, por determinado tempo, foi necessário de no entorno da instituição. Outro ponto a ser observado diz respeito à
enclausurar o motor da grua que trabalhava durante a noite, mesmo com valorização do empreendimento. Durante a obra foram tomados diversos
o motor trabalhando na menor rotação possível. A carga e descarga de cuidados: a lavagem dos pneus dos caminhões, descarte controlado de
quase todo material foi feita durante a noite e madrugada, o que exigiu material, áreas específicas para lavagem dos pincéis, utilização de ma-
um grande envolvimento da vizinhança e, inclusive, do público do próprio teriais com emissão de COV (compostos orgânicos voláteis) controlado,
hospital, já que a obra estava muito próxima do Centro Cirúrgico e UTI, entre outros. O acesso de veículos e pedestres foi distribuído de maneira
ambos em plena atividade”, complementa. Em razão da maior parte das correta para não sobrecarregar as vias marginais ao hospital. Também,
edificações vizinhas terem mais de 60 anos, também foram cuidadosa- em atendimento ao Aditivo do TCA 164/2009 da SVMA da PMSP (Prefei-
mente projetados serviços de contenção para estas áreas. tura Municipal de São Paulo), foi feito o plantio de 20 mudas de árvores
Todos os materiais empregados na obra foram previamente aprovados, nativas DAP 5 na calçada e entrada da Torre E, à Rua Santa Ernestina.
verificando-se os limites previstos pelo LEED para COV (Composto Orgâ- Com o intuito de reduzir o fluxo de veículos na região, o Hospital Alemão
nico Volátil) em adesivos, selantes, tintas, revestimentos e pisos, uso de Oswaldo Cruz conta com um bicicletário e vestiário exclusivo para os seus
madeira certificada FSC (Conselho de Manejo Florestal), além da não uti- usuários. Também foram implementadas vagas exclusivas para veículos
lização de gás refrigerante à base de CFC (clorofluorcarbono) nos equi- classificados como baixo emissor de poluentes e baixo consumidor de
pamentos do sistema de condicionamento de ar. Para esta aprovação combustível, além disso, foram adotadas medidas para redução das ilhas
foram apresentadas as declarações ambientas dos fabricantes. de calor minimizando o impacto no micro clima e no ambiente urbano.

©Bruno Marinho

Wellington Bueno Vieira,


Hospital Alemão Oswaldo Cruz

18 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
projeto em destaque

Redução de 21% no consumo de


água com dispositivos economizadores

Redução de 1% do custo anual de


energia total do edifício
Fotos: Divulgação Hospital Oswaldo Cruz

75% de resíduos de obra desviados


de aterro

Plantio de 20 mudas nativas na


entrada da Torre E

Parceria e equipe multidisciplinar Instituição de referência no atendimento humani-


Para o desenvolvimento de um projeto com esta amplitude e comple- zado e personalizado
xidade foi necessária a parceria e completa integração das diversas
equipes envolvidas. Ao todo, nestes quase 30 mil metros quadrados de Segundo Wellington Vieira, a instituição investe constantemente no apri-
construção, estiveram envolvidos uma quantidade significativa de profis- moramento das suas instalações, o que incluiu o projeto da Torre E. Pen-
sionais especializados para o desenvolvimento do projeto e consultoria sando em como ofertar um atendimento de excelência, o hospital promo-
(17 empresas) e execução da obra (mais de 50 empresas contratadas e veu durante 40 dias consecutivos, treinamento técnico e comportamental
subcontratadas). para profissionais das áreas assistenciais recém-admitidos para atuar
O CTE (Centro de Tecnologia de Edificações) foi a consultoria respon- nas Unidades de Internação deste prédio. O engenheiro enfatiza que
sável pela obtenção do LEED. A MHA Engenharia realizou os projetos esta equipe dedicou-se integralmente a esta preparação, enquanto eram
complementares do novo prédio, sendo responsável por todo sistema estimulados a um convívio mais prolongado, proporcionando uma pers-
elétrico, hidráulico, ar-condicionado e sistemas eletrônicos, além de ser pectiva transformadora na relação entre eles e, consequentemente, com
responsável, também, pelo gerenciamento da obra, liderada pela Eng. os pacientes e familiares. “Quando um grupo concluía o treinamento,
Marcia Cristina Brandão, gerente de projetos da MHA. O projeto arquite- outro começava, e assim sucessivamente. Além disso, outras equipes
tônico foi desenvolvido pela Botti Rubin Arquitetos Associados. A Racio- assistenciais que já integravam o quadro de colaboradores do hospital,
nal Engenharia também foi parceira no projeto com a execução a obra. também passaram por esta formação em serviço. Este trabalho foi em-
A Ergo Engenharia forneceu para o Hospital Alemão Oswaldo Cruz o basado por conceitos de um modelo assistencial onde paciente e família
sistema de ar condicionado. são o centro da atenção na assistência à saúde".
De acordo com Wellington o projeto já nasceu para ser um edifício sus- Importante ressaltar que para ofertar os melhores resultados, o Hospi-
tentável e para a obtenção da certificação LEED. “Valeu a pena! Hoje, tal conta com um corpo clínico e assistencial de excelência. O modelo
o edifício conta com sistema de reuso de água, sensores de presença assistencial do Hospital foi apresentado durante o III Congresso Interna-
que acionam a iluminação nas circulações, bicicletário e vestiário para o cional de Acreditação realizado pelo Consórcio Brasileiro de Acreditação
colaborador, iluminação natural em quase 100% das áreas incluindo UTI (CBA) – representante exclusivo da Joint Commission International no
e Centro Cirúrgico, entre outros. O título de uma obra sustentável carac- Brasil, uma das mais importantes certificadoras de saúde no mundo –
teriza um empreendimento valorizado, que economiza recursos naturais tendo sido premiado em primeiro lugar.
energéticos e promove conforto interno aos seus ocupantes, além da
comunidade no entorno da instituição”, finaliza.

revistagbcbrasil.com.br dez/15-jan/16 19
inovação

Programa Água

Fotos: Infinitytech
de Valor
Programa apresenta gestão estratégica da Virgínia Sodré

água como solução mitigadora de impactos no


consumo de água a nível macro, meso e micro

O
cenário atual em relação banos, que vem aumentando as pressões por rios de obra e cadeia de suprimentos. “O pro-
ao consumo da água é novas infraestruturas e pela exploração de no- jeto foi desenvolvido junto aos funcionários,
um dos tópicos de maior vos mananciais. numa ação cujo objetivo era de engajá-los
importância na socieda- A água é um insumo essencial para o processo em todo processo. Parte também importante
de atual. O avanço da de produção na indústria da construção civil, deste processo são os fornecedores, pois a
crise hídrica vem toman- o consumo da água acontece de forma direta falta de gestão da água em seus processos
do proporções significa- para a produção e consumo humano, como in- internos podem afetar as atividades que estão
tivas devido à alta demanda deste insumo em diretamente, através dos processos desenvolvi- sendo desenvolvidas no canteiro de obra de
todas as esferas. Estudos da ONU (Organi- dos por sua cadeia de suprimentos. forma a comprometer produto final. Por isso
zação das Nações Unidas) mostram que um Pensando em uma maneira eficaz de estabele- é necessário que a gestão estratégica englo-
cenário crítico para a disponibilidade hídrica cer a gestão da água na construção civil, a con- be todas as áreas inclusive os fornecedores”,
de uma região corresponde a 1500 m³ por ha- sultoria de engenharia e meio ambiente Infini- destaca Carla Bordini, engenheira ambiental
bitante/ano, a bacia do Alto Tietê, na qual a re- tytech desenvolveu o Programa Água de Valor, da Infinitytech.
gião metropolitana de São Paulo se encontra, projeto que visa o uso sustentável e a gestão A gestão estratégica da água, além de englo-
apresenta uma disponibilidade hídrica de 200 estratégica da água na obra, aumentando a re- bar o negócio como um todo, tem uma visão
m³ por habitante/ano, o que corresponderia a siliência das empresas do setor a atuarem em abrangente e integrada da água, avaliamos as
um cenário de estresse hídrico acentuado. A cenários cada vez mais adversos. O principal pressões nas bacias hidrográficas, a infraes-
disponibilidade hídrica considerada ideal para objetivo deste programa é garantir a redução trutura local, a ações integradas da gestão de
uma região corresponde a 2.500 a 20.000 m³ do consumo de água e a minimização dos ris- demanda e da oferta de água, com o intuito de
por habitante/ano. cos relacionados à água nas operações da em- melhorar gestão da água nas operações da
Um dos principais fatores responsáveis por presa e nos seus novos negócios. Dessa forma empresa, trazendo além do benefício do uso de
esse cenário é o crescimento acentuado da busca-se também a implantação de ações que maneira responsável, a redução dos impactos
população, principalmente nos grandes cen- trazem uma menor dependência deste recurso e conflitos relacionados à gestão da água nas
tros urbanos, associado ainda a um geren- nos processos construtivos da empresa, con- regiões de sua atuação; visando garantir além
ciamento inadequado dos recursos hídricos. tribuindo junto aos demais atores competentes da disponibilidade de água em suas opera-
Esse fator contribui para o aumento do aden- para melhoria da segurança hídrica nas regiões ções, a redução dos custos relacionados a este
samento das cidades e por consequência onde atua e auxiliando no desenvolvimento da insumo em seus negócios/operações.
da verticalização das construções. Conforme infraestrutura local dessas regiões. De acordo com Virgínia Sodré, diretora da Infi-
dados da SABESP, o consumo humano, hoje, Em parceria com a CCDI (Camargo Correia nitytech, o primeiro passo é a conscientização
é responsável por mais de 80% da demanda Desenvolvimento Imobiliário), o programa foi das empresas, fazer com que haja um enten-
de água na RMSP, sendo estimado que numa implantado em seis empreendimentos da em- dimento da necessidade de um planejamento
residência unifamiliar temos um consumo mé- presa. O trabalho foi desenvolvido visando à no uso da água durante toda a sua cadeia de
dio de 150 litros por pessoa/dia, enquanto que integração de todas as áreas de atuação da negócio, desde a escolha do terreno, planeja-
para uma unidade multifamiliar este consumo companhia e fornecedores. Para promover mento do produto, construção até a entrega da
aumenta para 220 litros por pessoa/dia. Com um engajamento integrado foram realizados edificação. O segundo passo é a realização do
isso observamos um grande incremento na workshops, campanhas de conscientização diagnóstico para entender a real e atual situa-
demanda por água nos grandes centros ur- abrangendo todas as áreas, inclusive operá- ção da empresa bem como seus processos

20 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
inovação

vidades desenvolvidas no escritório, copa, ves-


tiários e refeitório. Já o consumo relacionado
à produção encontra-se subdividido em mais
duas vertentes, em uma delas a água é vista
como um “componente” do processo e na outra
é utilizada como “ferramentas” de processos.
Na divisão de componentes são analisados
processos como cura de concreto, fabricação
de argamassa, irrigação, fabricação de gesso,
cimento, além da fabricação do concreto por
terceiros, ou seja, a cadeia de suprimentos. A
divisão ferramentas engloba lavagem de ruas,
lava rodas, cuidado com o entorno, testes hi-
drostáticos e de impermeabilização, processos
os quais aumentam significativamente o con-
sumo de água. “Trabalhamos esta visão micro
atuando conforme as etapas de segmentação
das obras. Nas obras da CCDI foram aborda-
das quatro etapas: mobilização de canteiro, su-
em relação a esta temática. “Este trabalho ini- gará a região um novo consumidor potencial de perestrutura, acabamento e pintura e limpeza
cial foi um dos maiores desafios. A identificação água e gerador de efluentes). Engloba-se aqui no final da obra”, afirma Carla Bordini.
e análise da região para verificar a tendência de todo o processo construtivo dentro do canteiro,
alagamentos, como estão as pressões e a po- ou seja, a gestão da água por m³. “Este proces- Análise de Riscos
luição do entorno, se existe tratamento de es- so nasce com a escolha do terreno, onde estou
goto, se há o abastecimento de água pela com- atuando e qual bacia atende a região na qual Como uma peça fundamental para a realiza-
panhia ou se houve rodízio de abastecimento estou construindo. Após esta etapa, verifica-se ção do planejamento estratégico é de extrema
dos sistemas de distribuição. Tudo isso entra a questão do entorno, da infraestrutura sanitária importância a avaliação dos riscos relacio-
neste diagnóstico e influencia no planejamento existente, das pressões por água, entre outros. nados à gestão da água, fase importante do
estratégico e na tomada de decisão”, pontua. Estes aspectos mapeados entram no plane- programa Água de Valor, pois esta percepção
Pensando nisso foi desenvolvido um estudo jamento da obra e, muitas vezes, são aliados de riscos se configura como um dos principais
que aborda de forma global todos os níveis da no desenvolvimento urbano das cidades. Em motivadores para o engajamento das organi-
gestão da água que influenciam no desenvol- alguns casos a construtora é obrigada a investir zações na busca por estratégias de redução
vimento do negócio e na gestão da água. Foi em infraestrutura, como implantar a infraestrutu- do consumo de água. “Este planejamento
desenvolvida uma visão abrangente da água, ra de abastecimento de água, coleta de esgoto não é somente em relação à redução do con-
diagnosticando os cenários críticos em rela- e drenagem como uma contrapartida para libe- sumo em si, mas também abrange a neces-
ção à gestão da água e levando a uma leitura ração da obra. A nível micro trabalhamos com sidade de se analisar os riscos. O sentido é
estratégica das carências e potencialidades ações de redução de forma segmentada, ado- fazer algo planejado, com a implantação de
socioeconômicas e ambientais das regiões tando estratégias de monitoramento deste con- ações mitigadoras para os riscos mapeados,
onde a Incorporadora já atua e irá atuar. Uma sumo, instalação de sistemas e processos com eliminando as soluções ‘caseiras’, que muitas
ação pioneira envolvendo os níveis MACRO, o foco na gestão e na eficiência do consumo. vezes podem até trazer uma redução do con-
MESO e MICRO da gestão. Percebemos que muitas empresas ainda não sumo de água, mas expondo, por exemplo,
Foram avaliadas a nível MACRO as bacias hi- se atentaram para esta questão. Então nos dois os usuários dos sistemas a um risco sanitário
drográficas que fazem parte das regiões de primeiros meses de implantação, o trabalho elevado. Precisamos trazer a eficiência hídrica
atuação da CCDI, avaliando os principais pro- que foi realizado abordou muito a conscientiza- na produção minimizando os riscos da ope-
blemas e conflitos relacionados à gestão da ção e a necessidade urgente de repensarmos ração”, justifica Virgínia Sodré. Neste contexto
água nessas regiões. A nível MESO foram diag- a forma como gerimos a água, explicando os são avaliados riscos operacionais, financeiros,
nosticadas a infraestrutura existente, como está problemas relacionados a gestão da água do reputacionais, regulatórios e ao produto.
o serviço de atendimento ao saneamento am- entorno, e como o entendimento da gestão a Os riscos operacionais envolvem a operação
biental (nas questões relacionadas ao abaste- nível MACRO, MESO, MICRO pode trazer um geral da obra, tais como impactos na produ-
cimento de água, ao esgotamento sanitário e a melhor planejamento de gestão para as empre- ção por escassez de água; falta de confiabili-
drenagem das águas pluviais) e a nível MICRO sas”, explica Virgínia. dade no fornecimento, tanto para o uso direto
foram identificados os principais pontos críticos Ainda dentro do canteiro de obras, o processo como na cadeia de suprimentos; paralisação
relacionados à gestão e uso da água na opera- foi diversificado em dois segmentos: consumo da produção pela falta do recurso; além dos
ção e nos produtos (destaca-se como produtos humano e consumo produção. Segundo Carla problemas causados à saúde dos operários
os empreendimentos que serão comercializa- Bordini, engenheira ambiental da Infinitytech, o devido à possível contaminação da água. Os
dos, seja comercial ou residencial, que entre- consumo humano pode ser observado nas ati- riscos financeiros são aqueles que causam

revistagbcbrasil.com.br dez/15-jan/16 21
inovação

prejuízos por alguns fatores como impostos As ações para redução do consumo da água planejamento, agregada ao estado de escas-
multas e processos judiciais por contamina- nas obras abordam vertentes econômicas, so- sez dos mananciais que abastecem a Macro
ção de funcionários, fornecimento por sistemas ciais e tecnológicas. Em um panorama geral, Metrópole, bem como o aumento populacio-
inadequados, aumento do custo da água. Para este plano de ação baseia-se em campanhas nal, direciona o país para um cenário crítico.
Virgínia esta questão pode trazer prejuízos finan- de conscientização, novos sistemas construti- Segundo a engenheira somente a demanda
ceiros reais, “O caminhão pipa muito usado pela vos, fontes alternativas como reúso e aprovei- do consumo urbano tem previsão de cresci-
maioria das construtoras em obras, aumentou o tamento de água de chuva e campanhas edu- mento de 17 m³ por segundo na Macrome-
seu custo em 275% nos últimos dois anos. Estão cativas para os profissionais envolvidos. Além trópole do estado de São Paulo nos próximos
sendo criadas leis municipais tais como a lei pro- disso, foram definidas ações específicas de vinte anos, com a previsão de aumento de
mulgada na cidade de São Paulo, aprovada nes- acordo com as características e necessidades 4,2 milhões pessoas. “O principal objetivo do
se ano, que penaliza em R$1.000,00 quem for de cada obra relativas às áreas de consumo planejamento estratégico de água é preparar
pego lavando veículos ou calçadas com água humano, produção, abastecimento e produto. a empresa para o inevitável. Temos que com
potável”, ressalta a engenheira. Já os riscos re- Uma das ações que mais se destaca pelo ex- muita urgência adotarmos a eficiência do uso
putacionais norteiam a credibilidade da empresa celente potencial de monitoramento e redução da água na construção civil, precisamos gerir
em relação ao mercado e clientes. A má gestão de uso da água é a instalação de hidrômetros a água na obra e lançarmos prédios eficien-
da água contribui para exposição de negativa da por etapas da obra, o que permite um contro- tes, os grandes centros urbanos do Brasil já
imagem da empresa, desgaste das relações co- le elevado do consumo por metro quadrado sofrem com escassez real de água. Pode ser
merciais, além de restrições de novos produtos. a cada fase. Contribuindo também para uma que o próprio Governo comece a restringir a
Perfuração de poços sem outorga, não cumpri- melhor gestão do recurso, reduzindo custos opção de novos lançamentos em regiões com
mento de regulamentações ambientais, entre e otimizando o processo como um todo. Foi estresse hídrico; este cenário não está muito
outros, podem acarretar em prejuízos à em- elaborada uma planilha de cálculo na qual são distante”, alerta Virgínia.
presa perante a lei, como, por exemplo, taxas, inseridos dados de consumo de cada fase do A ideia de integrar pessoas, departamentos,
processos legais, restrição no fornecimento de processo construtivo, colaborando ainda mais fornecedores através de conscientização e co-
água, dificuldade para liberação de outorgas, para esta gestão, bem como para a criação de nhecimento de todas as complexidades dos
além de autuações ambientais. Todos estes um benchmark para a incorporadora. processos é corroborada pela parceria que
riscos podem causar a perda de competitivi- A estratégia de medição setorizada através da a Infinitytech iniciou com o Sinduscon (Sindi-
dade, falha de gestão, restrição de novos lan- instalação dos hidrômetros nas obras foi uma cato da Indústria da Construção Civil) em um
çamentos, assim como a rejeição por parte do solução definida pelos próprios gestores de projeto que visa amplificar e disseminar o pro-
consumidor. “Neste trabalho, integramos estes obras. A metodologia utilizada foi a divisão dos grama para as demais empresas, contribuindo
riscos relacionando-os a todas as dificuldades hidrômetros por abastecimento de água pela de forma geral para mitigação dos impactos
do projeto, entre os grupos da empresa, área rede pública, escritórios e vestiários, por torres relacionados à água e a melhoria da gestão
de negócios, obras, planejamento, qualidade, e, consequentemente, por fases ou andares em si. “Acreditamos muito nesse trabalho e
produtos. Trabalhamos com uma mescla de construídos. “O objetivo é implantar no primeiro nos benefícios que este pode trazer para as
funcionários da empresa, com perfis distintos andar, monitorar e setorizar os consumos. Con- empresas, temos como desejo que mais em-
para realizarmos em conjunto a análise de ris- forme a evolução da obra, o hidrômetro é mo- presas possam ter acesso a esta metodologia
cos da empresa (CCDI). Neste trabalho fomos vido para os andares que estão sendo traba- que desenvolvemos e que possamos direta
mediadores nas estratégias, mas os riscos fo- lhados continuando com o mesmo processo. ou indiretamente melhorar a gestão efetiva da
ram definidos por eles”, afirma Virgínia Sodré. Atuamos em seis empreendimentos da CCDI água no setor da construção. Para o futuro vis-
criando uma guia de ações para cada obra. lumbramos trabalhar na avaliação da gestão
Ações mitigadoras e oportunidades Criando uma padronização da gestão, de for- da água na cadeia de fornecedores, hoje está
ma a controlarmos o consumo da água por m³ se iniciando no Brasil estudos relacionados à
A avaliação dos riscos em todos os processos e por fase de obra”, garante Virgínia Sodré. avaliação do ciclo de vida dos materiais, e um
construtivos contribui para uma análise apro- Além dos benefícios ambientais, sociais e eco- dos pontos abordados por estes estudos é a
fundada dos impactos inerentes à obra, pos- nômicos que o programa proporciona, é pos- gestão da água. Dessa forma observamos que
sibilitando ações adequadas e promovendo sível quantificar a pegada hídrica da obra, que o setor da construção tanto local como a nível
a visualização de oportunidade de negócios. permite avaliar o consumo direto e indireto da internacional está se preparando para uma vi-
A definição destas ações, através do planeja- obra, ou seja, tanto o relativo à obra quanto são mais abrangente da gestão da água, tanto
mento estratégico de gestão da água, permitiu da cadeia de suprimentos “ Era necessário de- para produção industrial dos produtos e insu-
a CCDI vislumbrar possíveis oportunidades, as senvolver uma ferramenta de gestão que con- mos utilizados na obra, como na execução em
quais englobam aumento de competitividade, siderasse o consumo de água em toda cadeia si do processo construtivo. E nós como con-
fortalecimento da cadeia de valor, parcerias, produtiva, e que possibilitasse seu monitora- sultoria ambiental, queremos auxiliar o setor
obtenção de recursos e incentivos e implanta- mento. Então fomos à busca de ferramentas a ter uma visão efetiva dessa gestão da água
ção de novas tecnologias associadas à redu- internacionais que pudessem nos fornecer integrada como um todo”, conclui Virgínia.
ção dos custos operacionais, além do reconhe- isso”, esclarece Carla Bordini.
cimento socioambiental frente ao mercado e a Para Virgínia Sodré, o cenário atual em relação
seus clientes. à água é preocupante. A falta de gestão e de

22 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
tendências

Tendências2016
O Brasil tem enfrentado diversos problemas relacionados às crises hídrica e energética,
mesmo com um alto potencial e recursos para o desenvolvimento de fontes de energias
renováveis.
Além disso, temos acompanhado a evolução do desmatamento, da poluição e o cresci-
mento das emissões de gases de efeito estufa. Por outro lado, a construção sustentável
tem avançado significativamente nos últimos 10 anos, sendo crescente o número de em-
preendimentos certificados e o engajamento das organizações e empresas brasileiras do
setor da construção civil tem sido de extrema importância para estes avanços.
Em meio a esse cenário nacional, diversos especialistas falam sobre as suas expectativas
para 2016.
©CTE

O Brasil tem avançado de maneira significativa nas questões de sustentabilidade dentro da construção civil
nos últimos dez anos, ocupando hoje uma posição de destaque entre os principais países em número de
projetos certificados no mundo. Neste período tivemos fortes avanços no desenvolvimento de projetos, ma-
teriais e tecnologias sustentáveis e na execução de obras atendendo às diretrizes da construção sustentável.
O portfolio de empreendimentos gerados e os nossos canteiros de obras não devem nada aos de países
desenvolvidos.
Porém, mesmo com estes significativos avanços, o mercado ainda não foi capaz de formar profissionais
qualificados para a gestão do uso e operação das tecnologias de ponta empregadas nestes empreendimen-
tos certificados. Desta forma, o que ocorre hoje é que muitos dos empreendimentos que foram certificados,
não estão tendo o desempenho previsto no momento de sua concepção, gerando o que conhecemos por
desperdício tecnológico. Com os crescentes aumentos nas tarifas de água e energia praticados recente-
mente, e ainda previstos para os próximos anos, é fundamental que a operação destas edificações seja ajus-
tada para que estes edifícios possam ter um desempenho sustentável ao longo da sua vida útil, oferecendo
assim todos os benefícios das tecnologias neles implantadas.
Além da necessidade desse avanço na operação sustentável dos empreendimentos, creio que nos pró-
ximos anos, a sustentabilidade na construção do Brasil vai consolidar as conquistas obtidas em projetos
e canteiros de obras e ampliar o escopo da sustentabilidade para os demais elos da cadeia produtiva,
envolvendo a fabricação de materiais, o desenvolvimento da inovação de produtos, a logística reversa, a
economia circular, a responsabilidade social e uma forte campanha de educação dos consumidores e da
sociedade, ressaltando os benefícios econômicos, ambientais e sociais da sustentabilidade.

Roberto de Souza
Diretor Presidente do CTE

24 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
tendências

A Construção Civil tem, em seus diversos setores, se aproximado cada vez mais da Sustentabilidade, através
©Divulgação

de soluções e novas tecnologias que buscam reduzir impactos ao ambiente. A atenção e os esforços em
relação à eficiência no uso da água e da eletricidade só devem aumentar, diante das condições de cresci-
mento populacional das grandes cidades, das adversidades climáticas, da disponibilidade, acesso e custos
destes insumos. Com isso, espera-se que o emprego de soluções eficientes, tanto em novos edifícios como
em edifícios que estejam em reforma, seja intensificado em 2016 e nos próximos anos. Mas certamente o ca-
minho para uma Construção Civil de fato Sustentável ainda é longo. Temos ainda adaptado muitas soluções,
tornando-as menos impactantes, mas devemos intensificar o emprego da inovação no desenvolvimento de
novas tecnologias, para que sejam eficazes e não somente mitigadoras ou de menor impacto. Além disso,
é de suma importância que a especificação e compra destas tecnologias e soluções sustentáveis seja reali-
zada com olhar sistêmico, avaliando efetividade e não somente custo.

Eng. MSc. Osvaldo Barbosa de Oliveira Junior


Coordenador da Engenharia de Aplicação da Deca

O mercado de construção sustentável vai continuar se expandindo em 2016 apesar da redução da velocida-
©Divulgação

de da economia, pois ele faz sentido e as empresas terão que buscar economias em seu custo de operar.
Como sabemos 50% da energia elétrica produzida no Brasil é destinado as edificações e os sistemas de ar
condicionado representa de 60 a 70% do consumo de energia de um edifício.
Com a tecnologia disponível hoje em termos de equipamentos, sistemas e controles podemos reduzir o
consumo dos sistemas de ar condicionado em 40 a 50% e dessa forma buscar uma redução significativa no
consumo de energia tem que passar pelo sistema de ar condicionado.
A busca por eficiência será ampliada face a redução na economia e as empresas terão que reduzir seus
custos para operar de forma mais eficiente
A redução no consumo de energia normalmente também reduz o consumo de agua e ambas são muito
importante.

Manoel Gameiro
Vice Presidente de Eficiência Energética da ABRAVA

A sustentabilidade, em qualquer setor produtivo, tem a tendência natural de se estabelecer, seja nas pe-
©Divulgação Sinduscon-PE

quenas ou grandes empresas, em qualquer lugar do mundo. Na construção civil isto não é diferente. As
construções sustentáveis estão relacionadas à eficiência nos processos, aumento de produtividade, ou seja,
é construir mais com menos. É fundamental a redução dos custos da empresa, visto que estamos em mer-
cado cada vez mais competitivo. Além disto, temos observado, felizmente, a formação de um consumidor
cada vez mais consciente de suas escolhas, e que prioriza a compra de produtos com viés de sustentabi-
lidade, mesmo que por vezes paguem um pouco mais por isto. Não é mais viável para as sociedades, do
ponto de vista da preservação e disponibilidade dos recursos naturais, manter os altos níveis de exploração
de matéria-prima e de desperdício. Vejo o mercado da construção civil dar um passo importante em toda a
sua história, em busca da sustentabilidade no setor. Além da redução de custos, as construções sustentá-
veis estão associadas ao uso racional da água potável, eficiência energética, gestão correta dos resíduos,
qualidade de vida para quem trabalha ou reside nestas edificações. O mercado de construções sustentáveis
já é uma realidade. Terá vantagens aqueles que assim fizerem e derem o passo à frente.

Serapião Bispo Ferreira Neto


Diretor de Ciência e Tecnologia do Sinduscon/PE
Coordenador do Movimento Vida Sustentável –MVS

revistagbcbrasil.com.br dez/15-jan/16 25
tendências

O setor da construção representa mundialmente um terço das emissões de gases de efeito estufa e 40% do
©Divulgação Saint-Gobain

consumo global de energia. É preciso uma mudança profunda na concepção das construções para diminuir
de forma significativa seus impactos. Hoje, estamos planejando as cidades e os edifícios de amanhã. Isso não
pode acontecer sem um compromisso muito forte com a sustentabilidade, seja em termos de preservação e
consumo dos recursos naturais, bem como a diminuição das emissões de carbono.
O Brasil atualmente tem dois grandes desafios no mercado da construção civil: o déficit habitacional de sete
milhões de habitações e a demanda de mais de 1,5 milhão de novas unidades, bem como a grande neces-
sidade de infraestrutura. Nos últimos anos, vimos surgir normas, regulamentações e certificações a favor
de mais sustentabilidade nos edifícios e do bem-estar e conforto de seus ocupantes. Porém, o mercado da
construção civil no país tem ainda um longo caminho a percorrer, o que implica no esforço conjunto de todos
os atores da cadeia, desde as políticas públicas até as construtoras, os fabricantes de materiais de construção
ou ainda as entidades certificadoras.
A Saint-Gobain tem um papel importante na evolução da construção sustentável, principalmente no Brasil, uma
vez que é um elemento central de sua estratégia. O Grupo possui um portfólio completo de soluções para novas
construções ou reforma tanto individuais como coletivas, e até mesmo outros espaços de convivência. Nossos
vidros, placas de gesso, lã de vidro, colas, argamassas e rejuntamento ou telhas de fibrocimento proporcionam
ao mesmo tempo eficiência energética, conforto e bem-estar dos usuários e qualidades funcionais. Atuamos
também na sensibilização e formação dos profissionais da construção, bem como do consumidor final.
Esse compromisso com a sustentabilidade se torna realidade graças aos nossos investimentos contínuos em
pesquisa e desenvolvimento. Em 2016, o novo centro de pesquisa e desenvolvimento do Grupo, primeiro do
Hemisfério Sul será inaugurado em Capivari, São Paulo, para criar os materiais dos edifícios do futuro.

Thierry Fournier
Presidente da Saint-Gobain para Brasil, Argentina e Chile

Observamos realidades muito distintas em relação à sustentabilidade em edifícios de lajes corporativas e nas
©Divulgação Secovi-SP

demais tipologias. No primeiro caso, as grandes empresas demandam por imóveis certificados, pois conhe-
cem as vantagens socioeconômicas de estarem instaladas neste tipo de propriedade, mesmo se a locação
ou o preço do imóvel for um pouco mais caro. Naturalmente, as incorporadoras atendem esta demanda. Já
nas demais tipologias, ainda há pouca demanda e, portanto, a maioria dos projetos não incorporam atribu-
tos sustentáveis. Isto se deve ao fato de que empreendimentos sustentáveis agregam entre 1,6% e 8,6% de
custos adicionais em relação à empreendimentos convencionais similares, sendo este o principal obstáculo
declarado por 82% dos incorporadores que responderam ao questionário que é parte da dissertação de
mestrado que realizei sobre este assunto (www.hamiltonleite.com.br/page0031.html). Existem quatro possi-
bilidades para que haja equilíbrio econômico do ponto de vista da incorporadora e consequente crescimento
da certificação nas demais tipologias:
1-Aprovação de leis que concedam incentivos fiscais ou urbanísticos à projetos sustentáveis;
2-Análise aprofundada das normas de certificação, com foco em custos, para que o projeto seja realizado
com custo adicional próximo de zero. É possível!;
3-Quando os compradores de imóveis residenciais também estiverem informados sobre os benefícios socioe-
conômicos dos imóveis sustentáveis, e demandarem por este produto;
4-Quando houver metas sustentáveis e planos de ação, desde que econômica e tecnologicamente viáveis,
para as empresas do setor imobiliário alcançarem num longo prazo.

Hamilton de França Leite Junior


Diretor de Sustentabilidade do Secovi-SP

26 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
tendências

A realidade enfrentada pelo setor da Construção Civil em 2015 fez com que a maioria dos players deste mer-
©Divulgação

cado se readequassem a este cenário, buscando atuar com maior eficiência e produtividade, além de buscar
a segmentação de mercado, com foco em ampliar as reduzidas oportunidades do mercado.
A continuidade do cenário retraído para 2016 nos leva a repensar os projetos e as metodologias construtivas,
inclusive sob a ótica da sustentabilidade. As demandas por empreendimentos sustentáveis devem ser inten-
sificadas nos próximos anos. Cada vez mais buscamos desenvolver processos industrializados dentro do
canteiro de obras e a industrialização de sistemas construtivos fora do canteiro. Como consequência deste
esforço, temos reduzido perdas aparentes e incorporadas de insumos na construção, diminuindo a quantida-
de de resíduos a serem descartados, por exemplo.
Quanto às questões relativas aos recursos hídricos é importantíssimo buscarmos soluções eficientes desde
a concepção dos projetos de engenharia, durante a fase de construção e finalmente à fase de operação do
empreendimento. Nos projetos, foram evidentes as demandas por aumento de reservatórios de reuso de
água e mesmo a utilização da água armazenada em reservatórios de retardo de águas pluviais, que antes
eram lançados na rede pública e agora passaram a funcionar também como reservatórios de água para reuti-
lização no próprio empreendimento. Da mesma forma, as questões relativas à eficiência energética ganharão
maior importância nos próximos anos, pois além das respectivas certificações, que passaram a ser cada vez
mais comuns nos empreendimentos, a conscientização do uso racional de energia deverá ser um ponto de
extrema importância para incrementar a performance dos empreendimentos, cujos esforços retornarão sob
forma de economia no consumo durante a operação dos mesmos, tanto para os investidores, como para os
usuários.

Hugo Rosa
Presidente da Método Potencial

Asau – Arquitetura e Urbanismo


Projetos que atendem suas necessidades: Comercial, Residencial e Industrial.

Temos como Missão, criarmos um habitat mais integrado com o ser humano, através da prestação
de serviços diferenciados nos mercados da construção e desenvolvimento imobiliário.

Quem Somos:
Arquitetura e Urbanismo desenvolve um trabalho criterioso voltado a busca contínua da qualida-
de, atendendo prazos e custos propostos. A Natureza destas atividades vai desde a Pesquisa e Aná-
lise de Restrições, Programação, Pré-Dimensionamento e Planejamento Físico, ao Projeto Arquite-
tônico Completo, o Projeto de Reforma, o Projeto de Arquitetura de Interiores, Planos Urbanísticos
e de Paisagismo, a Coordenação de Projetos Complementares, Fiscalização e Acompanhamento da
Obra e Desenhos de Apresentação.

Projetos Consultoria Contatos

• Arquitetura Sustentável • Gerenciamento de Projetos e Obras Rua Doutor José Roberto Freire, 206
• Arquitetura Residencial, Comercial, industrial • Paisagismo, Design e Decoração de interiores Centro - Itaguaí, 23815-203
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revistagbcbrasil.com.br dez/15-jan/16 27
desempenho

Certificação WELL
promove saúde e bem
estar nas edificações
Com cerca de 2 milhões de metros quadrados construídos em 12 países, a
certificação WELL ganha espaço no mercado da construção sustentável
na promoção de saúde e bem-estar dos usuários

P
rojetar e construir ambientes que promovem a saúde e edifício, incluindo o posicionamento das janelas e vidros na fachada,
bem-estar aos usuários se tornou um dos pontos mais as proporções da construção, o sistema de aquecimento, refrigeração
importantes no âmbito da construção civil. Estes requi- e ventilação e a qualidade da água fornecida ao edifício. Esta tipologia
sitos têm sido cada vez mais relevantes como fatores de também avalia as instalações e oportunidades de bem-estar no terre-
decisão dos consumidores em geral. no. Visando a melhoria contínua e avanço da certificação e de seus
A certificação WELL Building Standard foi desenvolvida resultados foram desenvolvidos pelo IWBI programas pilotos para o
para atender esta demanda na busca por qualidade de vida, saúde e setor de varejo, residências multifamiliares, educação, restaurantes,
produtividade dos usuários aliada à sustentabilidade ambiental dentro cozinhas comerciais, instalações de saúde, instalações esportivas e
dos espaços construídos, além de ser uma ferramenta complementar a setor publico.
Certificação Internacional LEED. Esta integração entre o IWBI (Interna- A implantação da certificação WELL nas edificações traz efeitos be-
tional Well Building Institute) e o GBCI (Green Building Council Institute) néficos tanto para a questão humana quanto para o lado econômico.
com as ferramentas certificadoras WELL e LEED proporcionam um O ambiente com características adequadas e saudáveis contribuiu de
desenvolvimento mais assertivo e garantem resultados positivos. forma plena para o bem-estar, conforto, aumento de produtividade e
A certificação WELL baseia-se em sete categorias, tais como, ar, água, diminuição do absenteísmo, melhora da satisfação e promove até a
alimentação, luz, fitness, conforto e mente. Um olhar mais atento para felicidade dos ocupantes. Além disso, influenciam diretamente nos
estes conceitos mostra que eles são significativamente relevantes em efeitos psicológicos, frequentemente causados por ambientes cujas
um edifício, uma vez que passamos cerca de 90% do tempo de nossas rotinas possuem alto nível de stress, como é o caso das edificações
vidas em ambientes construídos. hospitalares. Além dos benefícios imensuráveis proporcionados à vida
Atualmente, mais de 80 edifícios com cerca de 2 milhões de metros e a saúde dos usuários, a certificação permite agregar ao projeto um
quadrados localizados em 12 países já possuem a certificação ou en- elevado potencial comercial, através do retorno de investimentos sig-
contram-se registrados, em fase de desenvolvimento. O Brasil já teve o nificativos, fruto da redução de despesas em longo prazo tanto com
primeiro projeto registrado na Certificação WELL Building Standard, o pessoal quanto com relação à vida útil do edifício.
escritório da SETRI, em São Paulo. A versão 1 da certificação abrange De acordo com estudo de caso realizado pelo IWBI, com os usuá-
tipologias como edifícios de escritórios comerciais e institucionais que rios do primeiro edifício certificado WELL Building Standard, a sede da
vão desde edifícios novos e existentes, projetos de interiores, novos e CBRE na Califórnia, 83% dos ocupantes disseram sentir-se mais pro-
existentes, até a categoria Core & Shell que contempla a estrutura do dutivos e 92% informaram que o novo espaço de trabalho criou efeitos

28 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
desempenho

Fotos:©Denmarsh Photography
CBRE Group, Inc.’s Global Corporate Headquarters,
Los Angeles, California (EUA)
Fotos:©CBRE

Phipps Center for Sustainable Landscapes,


Pittsburgh, Pennsylvania (EUA)

positivos na saúde e bem-estar. Voltando-se para o lado comercial, As equipes de projetos podem registrar o projeto a qualquer momento
100% das empresas confirmaram o interesse de seus clientes por este à medida que evoluem no processo de desenvolvimento do projeto.
novo método de trabalho, além disso, 94% garantiram que obtiveram Entretanto, é mais vantajoso registrar o projeto o mais breve possível
impactos positivos no desempenho de seus negócios. “Investir na para que as estratégias que irão satisfazer a Certificação possam ser
saúde e bem-estar dos colaboradores tem o potencial de ajudar as integradas desde o início.
empresas a reter os melhores talentos, aumentar a produtividade dos A etapa de documentação inclui documentos e desenhos do projeto,
funcionários e satisfação, fortalecer os esforços de responsabilidade declarações de garantia da equipe de projetos, além da necessidade
corporativa e reduzir o absenteísmo”, ressalta Paul Scialla, diretor exe- de revisão desta documentação para certificação final. Na fase de veri-
cutivo da Delos, fundadora do WELL Building Standard. ficação de desempenho, testes são realizados no local após a ocupa-
A ferramenta WELL Building Standard é fruto de sete anos de pesqui- ção e durante a operação do edifício, procedimentos necessários para
sas e investigação através da colaboração por conceituados profissio- avaliar e validar o desempenho previsto. A certificação é concretizada
nais da medicina, da ciência e profissionais da indústria. O principal após a validação do projeto quanto à conformidade da documenta-
foco na criação desta certificação, como já dito acima, é o bem-estar ção e resultados de desempenho. A recertificação garante, a cada três
e a saúde humana, fatores que exigem a necessidade de um corpo de anos, o alto nível do projeto em relação ao design, operação e manu-
profissional qualificado para seu desenvolvimento. Os recursos ineren- tenção ao longo do tempo.
tes à certificação WELL contribuem diretamente em sistemas vitais da
saúde humana. Níveis e critérios para certificação WELL
Outra figura importante no processo de certificação WELL é o profissio-
nal acreditado ,WELL AP, que possui conhecimento sólido e especiali- A certificação pode ser atingida em três níveis, Silver, Gold e Platinum.
zado voltado para saúde e bem-estar nas construções. De acordo com Para conquistar qualquer um dos níveis é necessário o atendimento
Paul Scialla, a credencial WELL associada ao profissional acreditado de todas as pré-condições estabelecidas nas diretrizes da certificação.
LEED promove oportunidade e um diferencial frente ao mercado da Para obtenção de níveis mais elevados o projeto deve apresentar um
construção civil. “A certificação WELL está levando a indústria a repen- alto percentual de otimização de recursos.
sar a sua abordagem para a construção sustentável, a criação de uma
nova oportunidade de mercado, colocando as pessoas no centro das SILVER GOLD PLATINUM
decisões de projeto e construção”, garante o especialista.
Cumprimento Cumprimento Cumprimento
de 100% das de 100% das de 100% das
O processo de certificação WELL pré-condições pré-condições pré-condições
aplicáveis à aplicáveis à aplicáveis à
O processo de certificação WELL envolve cinco etapas: Inscrição; Do- tipologia. tipologia, além tipologia, além
de desempenho de garantir
cumentação; Verificação de desempenho; Certificação; e Recertifica- acima de 40% desempenho
ção (não aplicável para Core & Shell). O Os projetos que buscam a em otimização . acima de 80%
Certificação WELL devem se registrar no IWBI através do WELL Online. em otimização.

revistagbcbrasil.com.br dez/15-jan/16 29
desempenho

AR Visando a qualidade do ar interno (QAI) que abran- -Teste e monitoramento da qualidade do ar;
gem a remoção de contaminantes, prevenção de poluição e a purifica- -Tratamento e filtragem;
ção do ar, são estabelecidas as seguintes estratégias: teste e monito- -Ventilação;
ramento da qualidade do ar; tratamento e filtragem; ventilação; controle -Controle de umidade;
de umidade; protocolo de limpeza; seleção de materiais; processos -Protocolo de limpeza;
construtivos; entrada saudável. Nesta categoria é analisada a utilização -Seleção de materiais;
de materiais tóxicos, eliminação de contaminantes biológicos, falhas de -Processos construtivos;
ventilação e transmissão de vírus e bactérias pelo ar. -Entrada saudável

ÁGUA As estratégias relacionadas à água envolvem medi- -Qualidade da água;


das que promovam a qualidade e filtragem deste recurso, tratamento e -Acesso à água potável;
otimização no acesso de água aos edifícios. Os requisitos exigidos nesta -Filtragem.
categoria são: qualidade da água; acesso à água potável; filtragem.

NUTRIÇÃO A categoria nutrição busca estabelecer condições -Acesso a alimentos saudáveis;


para melhores hábitos alimentares através do fornecimento de alimentos -Porções saudáveis;
mais saudáveis, dicas comportamentais e conscientizar quanto à quali- -Alimentação consciente;
dade de nutrientes. Encontram-se dentro desta categoria critérios como: -Área para preparação dos alimentos;
acesso a alimentos saudáveis; porções saudáveis; alimentação cons- -Produção de alimentos.
ciente; área para preparação dos alimentos; produção de alimentos.

LUZ Ações relativas à iluminação estão descritas na -Níveis baseados nas atividades;
categoria luz, que reforçam o ritmo circadiano do corpo e abrangem -Projeto circadiano;
requisitos como desempenho do projeto, controle de iluminação, ní- -Qualidade da cor;
veis de iluminação adequados para as atividades, que contribuem para -Iluminação natural;
melhora do humor e produtividade do usuário. Alguns dos critérios para -Controle de ofuscamento.
certificação são: níveis baseados nas atividades; projeto circadiano;
qualidade da cor; iluminação natural; controle de ofuscamento.

FITNESS A certificação WELL também estabelece requisitos -Projeto ativo (exterior);


com o objetivo de incentivar atividades físicas e envolvem as seguintes -Projeto ativo (interior);
estratégias: projeto ativo tanto para o exterior como para o interior, es- -Estações de trabalho ativas;
tações de trabalho ativas; espaços para atividades físicas, desenvolvi- -Consciência e hábitos;
mento de consciência e hábitos saudáveis. -Espaços para atividades físicas.

CONFORTO Para a categoria conforto, a certificação estabelece -Térmica;


a criação de ambientes que promovam a produtividade e minimizem -Acústica;
distrações por parte dos usuários. Os requisitos avaliados são: térmica, -Ergonômico;
acústica; ergonômico; olfatória; acessibilidade; controle; protocolo. Es- -Olfatória;
tas estratégias contribuem para um ambiente de qualidade permitindo -Acessibilidade; controle;
aumentar o nível de satisfação e bem-estar. -Protocolos.

MENTE A categoria mente abrange os seguintes critérios: -Conexão com a natureza;


conexão com a na tureza; beleza; consciência e bem-estar; feedbacks -Beleza;
de projetos; projeto integrativo; equidade social e altruísmo e espa- -Consciência e Bem-Estar;
ços adaptáveis. Estas estratégias permitem abordar campos de apoio -Feedbacks de projetos;
mental e saúde emocional, fornecer aos colaboradores feedbacks re- -Projeto Integrativo;
lacionados às políticas e diretrizes do escritório, bem como fornecer -Equidade social e altruísmo.
elementos de design, espaços de relaxamento e tecnologia avançada.

30 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
desempenho

Foto: Delos
ENTREVISTA

Paul Scialla
Diretor do International
WELL Building Institute

Quais são os benefícios ambientais, so-


ciais e econômicos da certificação WELL
Building Standard?
Paul Scialla. Sustentabilidade ambiental,
saúde e bem-estar caminham lado a lado. É necessário que um edifício possua o Até agora, quantos projetos já alcançaram
Como o primeiro padrão de construção que certificado LEED para alcançar o WELL a certificação WELL e quantos estão regis-
se concentra exclusivamente sobre a saúde Building Standard? Quais são as princi- trados?
e o bem-estar das pessoas em edifícios, o pais diferenças e sinergias entre ambos PS. Atualmente, mais de 80 projetos abran-
WELL Building Standard é projetado para tra- os padrões? gendo quase 2 milhões de metros quadrados
balhar em harmonia com outras certificações PS. Enquanto Certificação LEED não é um estão registrados ou certificados sob o WELL
de construção verde, incluindo LEED, para pré-requisito para alcançar o WELL Building Building Standard em 12 países nos cinco
tornar os ambientes construídos não só me- Standard, WELL foi concebido para comple- continentes.
lhores para o planeta, mas melhores para as mentar o LEED para melhor atender a saúde
pessoas que nele habitam. humana e sustentabilidade ambiental dentro Qual é o processo de registro? Quanto
A certificação WELL estabelece requisitos de de edifícios. O GBCI, que fornece a certifica- tempo dura todo o processo até o resulta-
desempenho em sete categorias relevantes ção de terceiros para o WELL, e o Instituto do final?
para a saúde e bem-estar dos ocupantes: ar, Internacional WELL Building têm racionaliza- PS. O processo de certificação WELL envolve
água, alimento, luz, fitness, conforto e mente. do como LEED e WELL podem trabalhar em cinco etapas:
Espaços certificados WELL podem ajudar a conjunto, tornando mais fácil para os projetos 1. Inscrição: A certificação começa com o
criar um ambiente construído que melhora a obterem as duas certificações e alcançar a registro através do WELL Online, uma plata-
alimentação, a condição física, o humor, os saúde ambiental e humana e bem-estar. forma digital projetada para angariar projetos
padrões de sono, e o desempenho de seus em processo de certificação, do início ao fim.
ocupantes. Economicamente falando, a cer- Qual seria o custo efetivo sobre o inves- 2. Documentação: Documentação, incluindo
tificação WELL não só tem o potencial para timento do proprietário para alcançar a documentos do projeto, anotações e dese-
redução nos custos de saúde, como também Certificação WELL? nhos, além de cartas de garantia da equipe
fornece retorno inestimável sobre o investi- PS. As taxas de inscrição variam de US$ 1.500 do projeto, são necessários antes da revisão
mento, aumentando o valor dos empreendi- a US$ 10.000, dependendo da tipologia e ta- da certificação final.
mentos através de uma declaração altamente manho do projeto. Os custos de certificação 3. Verificação de desempenho: uma série de
visível sobre compromisso de uma organiza- começam em US$ 4.000 e variam de US$ 0,08 testes de desempenho pós-ocupação são
ção para com a saúde e bem estar das pes- a US$ 0,23 por pé quadrado, dependendo feitos no local, conhecida como Verificação
soas nos edifícios. da tipologia e dimensão do projeto. O preço de Desempenho.
A indústria da saúde e bem-estar é uma das por volume está disponível para projetos que 4. Certificação: Certificação WELL reconhece
que mais crescem hoje em dia, e cada vez excedam 1 milhão de pés quadrados (92.900 que o projeto documentou com sucesso e
mais é um dos maiores fatores de decisão m2), para terrenos com vários edifícios, e para conformidade todas as características e pas-
para os consumidores e funcionários. Investir sites corporativos com múltiplas construções. sou pela Verificação de desempenho.
na saúde e bem-estar dos colaboradores tem O custo total para obter o certificado WELL - 5. Recertificação: A recertificação, que deve
o potencial de ajudar as empresas a reter os incluindo registro, certificação e verificação de ser completada a cada três anos, garante
melhores talentos, aumentar a produtividade desempenho - custa em média menos de US$ que o edifício mantenha o mesmo alto nível
e satisfação dos funcionários, fortalecer os 100 por empregado para um edifício típico de de projeto, manutenção e operações ao lon-
esforços de responsabilidade corporativa e escritórios comerciais. go do tempo. Para projetos Core & Shell, a
reduzir o absenteísmo. recertificação não é necessária.

revistagbcbrasil.com.br dez/15-jan/16 31
desempenho

Trabalho desenvolvido pelo GBC Brasil é apresentado


O mundo está enfrentando uma enorme como referência em Congresso em Hong Kong
crise econômica, onde muitas pessoas
estão perdendo seus empregos. Quais

Fotos: Divulgação WGBC


oportunidades de emprego pode forne-
cer o WELL Building Standard?
PS. O WELL Building Standard está levando
a indústria a repensar a sua abordagem para
a construção sustentável, a criação de uma
nova oportunidade de mercado, colocando
as pessoas no centro das decisões de projeto
e construção. O credencial de WELL Accre-
dited Professional (WELL AP) - que significa
conhecimento em saúde humana e bem-estar Jonathan Laski (WGBC), Paul Scialla (Dellos), Benny Chow (HKGBC), Felipe
no ambiente construído, e especialização no Faria (GBC Brasil) e John Alker (UKGBC)

WELL Building Standard - oferece a oportuni-


dade para LEED APs e outros profissionais da O GBC Brasil foi referência no Congresso do como o ambiente sustentável nos escritórios
construção civil para se diferenciarem no mer- WGBC que ocorreu no último mês de outubro brasileiros influencia a saúde e o bem-estar
cado. Além disso, como a demanda por novos com a apresentação para 40 países do estu- dos colaboradores.
materiais de construção sustentável e saudá- do que está sendo realizado em parceria com Neste momento está sendo realizada a métri-
vel continua a crescer, os fabricantes estarão o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas). ca perceptiva que visa obter as percepções
procurando atender a essa necessidade. O objetivo da sessão era demonstrar como dos colaboradores do escritório. Esta etapa
os GBCs podem impulsionar a demanda por consiste em coletar de forma anônima atra-
Qual seria seu conselho para uma equipe edificações mais saudáveis planejadas para vés de questionário online, respostas sobre
de projeto que quer aplicar para o WELL os usuários finais e de que forma estão traba- qualidade do ar e ventilação, conforto térmi-
Building Standard? lhando para alavancar a campanha do Better co, iluminação, qualidade acústica, ocupa-
PS. Nós encorajamos o registro do projeto no Places for People. ção de espaços e ergonomia, áreas verdes
WELL o quanto antes possível. A opção por Considerando que passamos 90% de nos- e vistas, aspecto e percepções, localização
uma construção WELL não são necessaria- sos tempos em ambientes internos, é funda- e transporte e facilidades e conveniências.
mente as decisões mais caras, mas as de- mental o entendimento de como os espaços O questionário é aberto para a participação
cisões mais conscientes. Quanto mais cedo físicos e as edificações podem impactar a de empresas ou escritórios de forma gratui-
integrar o WELL em seus projetos, mais aces- saúde e o bem-estar de seus ocupantes. Há ta e os dados coletados são tratados com a
sível será todo o processo. indicadores relacionados à qualidade am- devida confidencialidade. O resultado será
biental interna, que apontam melhoria de 8 um relatório completo que será fornecido
Olhando para o futuro, quais são as expec- a 11% de produtividade dos funcionários em para o edifício ou escritório participante e a
tativas sobre o WELL Building Standard? um escritório. Um dos dados levantados por empresa será capaz de identificar oportuni-
PS. Com quase 2 milhões de metros quadra- estudo desenvolvido pelo WGBC comprova dades de melhorias em seu ambiente. Os in-
dos de projetos, a nível mundial, que estão re- que despesas com funcionários, incluindo teressados em participar poderão entrar em
gistrados e que buscam a Certificação WELL, salários e benefícios, representam 90% dos contato com o GBC Brasil através do e-mail:
a resposta da indústria para o WELL tem sido custos operacionais de uma empresa. Com mairamacedo@gbcbrasil.org.br
extremamente positiva e temos visto muitos vi- este cenário os executivos tem priorizado Além das métricas perceptivas, algumas em-
sionários nos principais mercados em todo o buscar a reposta à pergunta: Como o meu presas passarão pelas métricas físicas que
mundo. Estamos ansiosos para uma adoção prédio afeta as minhas pessoas? se referem às medições a serem realizadas
mais global e generalizada dos conceitos e O trabalho apresentado pelo GBC Brasil du- pelo IPT no ambiente. Estas métricas incluem
como a dinâmica continua a aumentar rapida- rante o Congresso foi o desenvolvimento da desde medições de iluminância no posto de
mente, o que reflete o interessante valor eco- pesquisa que está sendo feita em parceria trabalho, medições do nível de ruído externo
nômico e social da proposta de trazer saúde com o IPT e que tem como objetivo a análise e interno e medições de temperatura do ar,
e bem-estar para os edifícios onde passamos de estudos de casos nacionais a fim de verifi- radiante média, umidade e velocidade do ar.
mais de 90% do nosso tempo. car, através de métricas perceptivas e físicas,

32 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
Arquitetura para um
futuro sustentável.
Qualidade de vida, experiência positiva
e bem-estar. Esse é o conceito da
arquitetura praticada pela equipe ACR.
Há 18 anos oferecemos soluções que
conciliam as necessidades de cada
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hospitalidade e humanização. E o
resultado tem sido o reconhecimento do
nosso trabalho nas áreas da Educação,
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DOSSIÊ TIPOLOGIAS

DOSSIÊ ESPECIAL
HOSPITAIS E LABORATÓRIOS

SAÚDE NA
CONSTRUÇÃO
COM LEED
HEALTHCARE

34 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
DOSSIÊ TIPOLOGIAS

©Vítor Barão
©Vítor Brandão
Certificação LEED exclusiva para edifícios
na área de saúde mostra que é possível
atingir resultados significativos frente às
complexidades inerentes ao setor

A
tendência por qualidade, con- rede de colaboração e possui quase 1.000
forto e sustentabilidade está membros associados que contribuem para
cada vez mais forte nas edifica- a disseminação destas práticas sustentáveis
ções de saúde, tanto no âmbito nas construções . Atualmente no Brasil exis-
nacional quanto internacional. tem 42 registros de empreendimentos no seg-
Hospitais, laboratórios, centro de diagnósti- mento de hospital/saúde (considerando am-
cos se tornam alvos importantes na agenda bulatórios, edificações de exames, serviços e
das grandes empresas do setor de saúde. hospitais). Estas edificações são registradas
Neste contexto, as organizações de cons- nos sistemas LEED NC, LEED CI, LEED EBOM
trução sustentável desempenham papel de e LEED HC. Sendo no total 8 Certificados, nos
protagonistas na busca pelo desenvolvimen- sistemas LEED NC e LEED CI.
to de projetos mais eficientes que atendam
exigências ambientais cada vez mais rígidas Complexidade
neste setor.
A organização mundial Green Building Coun- A construção de um edifício de assistência à
cil vem ao longo dos últimos anos se em- saúde (EAS) possui uma complexidade ele-
penhando em promover a construção de vada devido às diversas necessidades dos
edificações de saúde de forma sustentável, usuários. Este tipo de edificação possui ne-
através da certificação LEED, que possui cessidades específicas, tais como, áreas so-
uma modalidade exclusiva para este setor, o ciais, salas de apoio técnico e logístico, am-
LEED Healthcare. A parceria com outras or- bientes assistenciais que necessitam de uma
ganizações de cunho sustentável bem como integração de fluxos que permitam uma ope-
empresas do setor privado como construto- ração otimizada, além de ser uma unidade
ras, escritórios de arquitetura e consultorias que necessita de funcionamento em tempo
de sustentabilidade corroboram para que integral. Itens relacionados à qualidade do ar,
este movimento se torne cada vez mais só- conforto térmico e escolha dos materiais tam-
lido no mercado. bém devem ter um planejamento específico,
De acordo com a diretora-executiva da As- uma vez que uma edificação de saúde abriga
clépio Consultoria, Eleonora Zioni, o projeto os seres também mais complexos, os seres
arquitetônico é um dos processos de maior humanos, em momentos delicados da vida.
importância em uma edificação de saúde. A certificação ambiental permite minimizar
“Permita-me usar uma figura de linguagem. ambientes insalubres, com medidas para re-
Em um processo de projeto integrado, a ar- dução de geração de resíduos, utilização de
quitetura é como a ‘mãe’ do projeto. Ela pre- materiais com componentes tóxicos, aumen-
cisa dos projetos complementares, as enge- to da produtividade dos funcionários, a recu-
nharias que seriam ‘os pais’, mas a essência, peração mais rápida de pacientes, além de
a orientação e a definição são feitas pela Ar- reduzir custos com a redução no consumo de
quitetura”, define Eleonora. água e energia, fator de extrema importância
O Brasil possui um forte aliado em busca da para um edifício onde o funcionamento não
sustentabilidade, o Green Building Council pode ser interrompido. “Para obter uma certi-
Brasil, organização que conta com uma forte ficação ambiental, é preciso fazer um proces-

revistagbcbrasil.com.br dez/15-jan/16 35
DOSSIÊ TIPOLOGIAS

HOSPITAIS E LABOR
rência de seus produtos. No entanto, a solu- construção que não considerava o ciclo e vida
ção, segundo Arthur, é a exigência por esta dos prédios, que podem ser 50 ou 60 anos. As
©Divulgação Asclépio transparência no mercado brasileiro que são pessoas se preocupavam com o custo inicial
originalmente internacionais. “É algo difícil acrescido na data da conclusão da obra, mas
de implantar, mas precisamos exigir o ama- não faziam a conta das economias durante o
durecimento do mercado brasileiro, princi- desempenho da edificação”, destaca.
palmente de fornecedores cujos fabricantes O envolvimento do cliente com o desenvol-
possuem este nível de transparência. Aqui no vimento do projeto é essencial para que se
escritório fazemos esta campanha e exigimos atinjam resultados positivos quando se trata
do nosso mercado o mesmo. No caso de fa- de edificação com esta criticidade. Este alinha-
bricantes brasileiros, procurando fazer este mento de propósitos e interesses entre cliente e
trabalho de forma mais educativa”, afirma. projetista bem como toda a cadeia de parcerias
Eleonora Zioni Visando esta qualidade construtiva, é impor- de um projeto possibilita que a construção de
tante que o profissional compreenda o proces- um edifício, principalmente no setor da saúde,
so multidisciplinar de projetos e construções atinja os resultados almejados, seja para uma
© Arthur Brito, Kahn do Brasil

hospitalares de forma ampla. Para Eleonora, certificação ambiental ou somente pelo benefí-
o mercado precisa de mais profissionais que cio que um projeto sustentável para sociedade.
conheçam a certificação LEED para saúde, e “O importante a ressaltar é que, quando existe
o GBC Brasil contribui para esta capacitação este alinhamento de propósito as pessoas bus-
com um curso especifico.“São profissionais cam fazer mais e melhor, todas se engajam,
com conhecimento técnico em sustentabi- buscam novas soluções por um benefício que
lidade e processo de certificação ambiental não é somente o financeiro, mas também de
valorizados no mercado. A sustentabilidade construir algo que trará benefícios para a socie-
nas edificações é muito importante. Hoje em dade como um todo”, diz Arthur Brito.
dia é um diferencial, mas logo será essen-
Arthur Brito cial”, argumenta Eleonora Zioni. LEED Healthcare

Quebrando paradigmas A criação de uma certificação exclusiva para


so de qualidade. O desafio é conseguir con- edificações de saúde reforça a preocupação
ciliar com equilíbrio um bom projeto de EAS As edificações estão entre os três maiores do setor em pensar em construir hospitais
com o resultado de desempenho sustentável responsáveis pela emissão de gases de efei- mais eficientes, com qualidade e conforto
satisfatório”, afirma Eleonora. to estufa, além de grandes consumidoras de preocupando-se com um dos fatores mais
A escolha dos materiais é um dos pontos que energia e água. Ao construir um edifício, nota- importantes na vida do ser humano, a saú-
se deve dar prioridade na construção de um -se a dimensão do impacto no mercado da de. O LEED Healthcare trata-se de uma cer-
hospital, pois sua influência é muito grande na construção, já que o edifício transforma o ter- tificação específica para hospitais e englo-
recuperação dos pacientes e bem estar dos reno e o ambiente natural ao redor do prédio, ba todas as necessidades desta tipologia,
usuários em geral. Para Arthur Brito, diretor- é um grande gerador de resíduos, consumidor necessidades que são distintas dos demais
-executivo da Kahn do Brasil, é necessário exi- de produtos e empregador de pessoas. edifícios. No Brasil já existem seis projetos de
gir um amadurecimento do mercado brasileiro Em uma edificação de saúde estes impactos hospitais registrados com LEED Healthcare.
quanto às especificações e transparência dos podem ser maiores, pois sempre serão neces- Esta é uma grande tendência na construção
materiais. De acordo com o diretor da Kahn, sárias reformas para manter-se atualizada. Se- civil brasileira voltada para hospitais.
o mercado internacional já possui um nível gundo Eleonora, passamos 90% do tempo de Para Eleonora Zioni, é muito útil a criação
elevado de maturidade quanto à questão de nossas vidas em um ambiente construído, por desta modalidade, pois facilita o processo de
transparência dos componentes de materiais. isso é necessário construir, projetar e utilizar as certificação. A certificação LEED HC - Health-
No Brasil existem empresas fornecedoras edificações de maneira saudável. “É inviável care se aplica a todos os tipos de hospitais,
de materiais de origem internacional, como termos edificações que colaborem com a pro- edifícios com outros tipos de usos relaciona-
por exemplo, da França, Alemanha, Canadá, liferação de doenças. Em minha opinião não dos com a área médica, tais como prédios de
Estados Unidos, entre tantos outros países é fácil quebrar paradigmas. As construções ambulatórios, consultórios médicos, odonto-
que possuem um grau elevado de transpa- sustentáveis quebram o modelo anterior de lógicos e veterinários, clínicas, laboratórios,

36 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
DOSSIÊ TIPOLOGIAS

ORATÓRIOS
centros de reprodução, centros de terceira Legislações de prefeitura, Trânsito, CONTRU, Primeira certificação Healthca-
idade, prédios de educação médica e cen- CONPRESP, Resoluções, Portarias e Boas re no mundo - Grupo de Saúde
tros de pesquisa. “Para a certificação LEED práticas em Saúde, Nível de Biossegurança Cooperativa em Puyallup
HC é pré-requisito obrigatório o Processo para agentes Infecciosos.
Integrado, que é a integração da arquitetura O edifício do Grupo de Saúde em Puyallup,
com os engenheiros, construtores, consulto- Humanização em Washington, foi o primeiro no mundo a re-
res, comunidade e cliente desde o início do ceber a certificação LEED Healthcare. O em-
projeto desde a versão 2009, enquanto nas A Organização Mundial de Saúde (OMS) de- preendimento conquistou o selo Gold, fruto
outras modalidades LEED é um crédito novo fine saúde como não só a ausência de doen- de um processo de integração das equipes
e opcional na versão 4, hoje a versão vigen- ças, mas o perfeito estado de bem-estar físico, muito bem planejado. Participaram do proje-
te”, afirma Eleonora Zioni. mental e social. O equilíbrio entre estes as- to a companhia Benaroya, Collins Woerman
Além do pré-requisito de Processo Integrado, pectos proporciona a tão procurada qualidade (arquitetura), GLY, Mechanical University, Pa-
são obrigatórios específicos da modalidade de vida. Sentir-se bem e viver com saúde são cland (paisagismo), Iluminação Pivotal Enge-
Healthcare, a avaliação ambiental do terreno, itens essencialmente interligados. Quando é nharia e Economia Inc. (comissionamento). A
bem como o desenvolvimento de um plano necessário ir a um hospital é desejável que o integração e o engajamento destas equipes
de prevenção à poluição nas atividades de local demonstre e propicie o equilíbrio dos fa- contribuíram para atingir um resultado exce-
construção, ambos dentro da categoria SS tores que farão as pessoas se sentirem bem. lente nos processos de construção do edifício.
(Sustainable Sites). Na categoria de MR (Ma- São inúmeros os benefícios que um ambien- Alguns novos critérios do LEED HC também
teriais e Recursos) é obrigatória a redução do te humanizado pode trazer, como redução foram atingidos neste projeto, tais como, co-
metal mercúrio. Com relação a alguns dos do stress de pacientes e visitantes, aumento nexão com o exterior, redução no uso de água
créditos dentro desta categoria, pontuam os da produtividade dos funcionários, redução potável para refrigeração de equipamentos
projetos que obtiverem a redução de chum- de permanência e medição de pessoas in- médicos, prevenção de contaminantes lan-
bo, cádmio e cobre, bem como os que fi- ternadas, a integração com os conceitos çados no ar e redução de toxinas bioacumu-
zerem o uso de mobiliário e equipamentos de hotelaria também contribui para tornar o lativas que prejudicam a saúde. Porém, o de-
hospitalares, projeto com flexibilidade, dentre ambiente mais saudável e confortável. São sempenho energético foi um ponto alto neste
outros. Dentro do sistema BD+C (Building igualmente benéficos os efeitos psicológi- projeto, que necessitou desta integração das
Design + Construction ), a versão 4 do LEED, cos proporcionados por um espaço bem partes envolvidas, inclusive, do Grupo de
hoje vigente, possui 21 tipos diferentes de ti- planejado e humanizado, como por exem- Saúde, para alcançar as metas definidas den-
pologias para as edificações, por exemplo: plo, a percepção acústica proporcionada tro do orçamento. Como resultado, o edifício
hotéis, centros de distribuição, data centers, por isolamento e absorção de ruídos no re- atingiu 29% de economia de energia acima do
lojas, mas todos de uma mesma ferramenta vestimento de pisos, instalação de sistemas baseline LEED (ASHRAE 90.1 -2007).
de certificação LEED. de som ambiente, sempre com o intuito de
obter o conforto e sensação de sentir-se ‘em Platinum em saúde
Regulamentações casa’.
Em ambientes humanizados é possível en- Já é um grande desafio desenvolver proje-
Diante da complexidade inerente aos projetos contrar espaços iluminados, ventilados, tos sustentáveis nas edificações de saúde,
de saúde, há a necessidade de construção agradáveis e coloridos integrados com a na- dado as necessidades específicas para esta
de acordo com normas e regulamentações, tureza, com diferentes texturas nos materiais tipologia que contribui para a complexidade
como a RDC 306 voltada para o gerencia- de acabamento e, acima de tudo, promo- do projeto. Porém, o mundo está em busca
mento de resíduos e a CETESB para trata- vendo a interação humana. “Humanização é de projetar melhor, o que vem resultando
mento de água e esgoto. Para a certificação baseada no conceito que o foco dos espa- na conquista do nível máximo da certifica-
LEED existem algumas normas referências ços de saúde são as pessoas, além de que ção Healthcare, o Platinum. É o exemplo de
como, ISO para materiais, ASHRAE 90.1 é muito importante ser tratado com respeito alguns empreendimentos localizados em di-
voltada para energia, ASHRAE 55-2010 que e gentileza, ter a privacidade garantida, ob- versas partes do mundo, que receberam a
avalia conforto térmico e ASHRAE 62.1 que ter o máximo de informação a respeito de certificação máxima, reforçando ainda mais
regulamenta ventilação . Outras normas exi- tratamentos, terapias alternativas sobre saú- o comprometimento em projetar e executar
gidas para construção de um EAS são RDC de e doença. O paciente deve ter a autono- almejando a sustentabilidade para o mundo.
50- 2002, NBR 9050 - ABNT, NR-32-do Minis- mia e o poder de escolha sobre o maior bem O projeto Dell Childrens MCCT BT3, em Aus-
tério do Trabalho, IT do Corpo de Bombeiros, da humanidade, a vida”, salienta Eleonora. tin no Texas conquistou a certificação LEED

revistagbcbrasil.com.br dez/15-jan/16 37
DOSSIÊ TIPOLOGIAS

©Ed Sozinho
©Wendy Whittemore
Olive Branch Hospital (EUA)

©John Durant
Group Health Puyallup (EUA)

©Divulgação
DellChildrens Hospital (EUA) Hospital Dell'angelo (ITA)

BD+C: Healthcare versão 3 de 2009 no nível inovação e design, além de conquistar resulta- quanto psicológica dos pacientes bem como
Platinum, atingindo 86 dos 110 pontos previs- dos excelentes com o atendimento das novas reduzir o tempo de permanência no hospital.
tos para a certificação. O destaque do projeto medidas exigidas pelo LEED HC. O hospital O Hospital foi construído em um parque iso-
foi para o desempenho energético do edifício foi projetado para proporcionar economias de lado e possui sete andares com fachadas
garantindo 30 pontos dos 39 exigidos para 35% nos custos de energia ao longo de um de vidro inclinado. O parque possui dois la-
este critério onde o foco em desempenho e edifício de referência projetado para ASHRAE gos que permitem o escoamento de água
otimização energética e medidas de geração 90,1-2007. e irrigação. O projeto ainda inclui um amplo
de energia renovável. espaço social criando um ambiente humani-
O edifício Chang Gung Proton Therapy Centre, Hospital na Itália traz a sustenta- zado no piso térreo, que conta com uma pra-
localizado em Taoyuan, em Taiwan também bilidade como essência ça urbana, loja, restaurante e capela. Além
recebeu a certificação máxima - LEED BD+C: disso, possui vasta plantação de espécies
Healthcare v3 - LEED 2009 atingindo também O projeto de um hospital na Itália se colocou não alérgicas como palmeiras e bananeiras,
86 pontos obtendo resultados relevantes em em posição de referência por suas estraté- magnólias, begônias, gerânios, samambaias
todos os critérios, a destacar o desempenho gias sustentáveis e saudáveis. A sustenta- e uma variedade de ervas proporcionando
energético e eficiência no uso da água. bilidade foi inserida ao projeto mostrando uma fragrância agradável para os ambientes
Outro case interessante no setor de saúde, é a conscientização e a preocupação com a externos e nas salas de espera.
o Healthcare Metodista Olive Branch Hospital, saúde e bem estar do usuário, bem como a As fachadas também contam com 11.000
quarto hospital nos Estados Unidos a receber preservação do planeta. painéis trapezoidais com variadas dimensões
a certificação Healthcare. O hospital localizado O Hospital Ospedale Dell'angelo, localizado construída em alumínio em uma grande es-
na cidade do norte de Mississipi, Olive Bran- em Veneza-Mestre tem como diferencial a im- trutura de aço. Priorizando a ventilação natu-
ch, foi projetado para oferecer atendimentos plantação de jardins abundantes permitindo ral, foram feitas 700 aberturas mecanizadas
emergenciais de qualidade, internações, la- aos pacientes uma vista agradável da nature- integradas a sensores de temperatura na
boratórios, além do planejamento de espaços za. O escritório de arquitetura Emilio Ambasz, parte inferior e superior da fachada de vidro,
para futuros espaços cirúrgicos, ortopédicos, responsável pelo desenvolvimento do projeto permitindo economia de energia no hospital.
maternidade, tratamento de câncer, entre ou- atribuiu características que permitem fundir a Além disso, vidros inteligentes, que regulam
tros. A utilização de abordagem do Projeto In- arquitetura e paisagem em um único edifício. a ventilação e dispersão de calor, foram ins-
tegrado permitiu manter os gastos dentro dos Estudos comprovam que o acesso direto à na- talados nas janelas dos quartos permitindo
custos orçamentários previstos. A unidade tureza é considerado como um grande poten- assim uma vista para a vegetação exterior.
também atingiu pontuação máxima relativa à cial de recuperação mais rápida, tanto física

38 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
DOSSIÊ TIPOLOGIAS

HOSPITAIS E LABORATÓRIOS
Laboratório B.Braun:
Exemplo de
sustentabilidade
em um dos maiores
complexos industriais
de saúde do país

A importância do gerenciamento de obra e os processos para obtenção de resultados


ambientais positivos para o primeiro centro logístico destinado a produtos
farmacêuticos a ser certificado pelo LEED NC Gold

O
projeto do complexo renciamento da obra, contribuiu fortemente já está com o projeto em desenvolvimento, e
B.Braun, laboratório loca- para garantir os mais altos níveis de qualida- corresponde a construção da nova planta de
lizado no Rio de Janeiro de e sustentabilidade ao projeto. dispositivos médicos, que terá 32.000 metros
se destaca como um dos O complexo tem em sua totalidade 190.000 quadrados de área construída. A Fase III ain-
maiores empreendimentos m², sendo que o seu desenvolvimento está da está no projeto conceitual, e será o novo
do país em sua tipologia, e planejado para ser realizado em três fases. A centro administrativo que valorizará ainda
segue em sua construção diretrizes susten- Fase I já está executada, nela houve a imple- mais a região.
táveis, que contribuíram para a conquista da mentação do centro logístico com 21.700 me- O Armazém, que conquistou a certificação,
certificação LEED NC nível Gold, em outubro tros quadrados constituídos por estrutura me- é considerado um dos maiores do país, e é
de 2015. A Tessler Engenharia, empresa de tálica com capacidade para 12.500 pallets, destinado ao depósito dos produtos inflamá-
gerenciamento especializada em engenharia além de dois mezaninos em L, com área de veis, a Central de Utilidades e a portaria, inter-
industrial desde 1996 e responsável pelo ge- 2.700 metros quadrados cada uma. A Fase II ligados por um pátio central para fluxo e es-

40 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
DOSSIÊ TIPOLOGIAS
Fotos: ©Paulo Mercadante

tacionamento de carretas e caminhões com borado na fase de planejamento, execução tações do LEED foram seguidas. Durante a
dez docas. “Sem dúvida o gerenciamento é de medições físicas, inspeções com emissão obra foram previstas estratégias como con-
um dos processos mais importantes para a de Relatórios de Não Conformidades e Rela- trole da erosão e sedimentação, todos os re-
obra, principalmente quando se trata de uma tórios Mensais de Acompanhamento Físico e síduos gerados pela obra foram destinados
obra complexa como a Fase 01 dos Labora- Financeiro com análise de desempenho. Na para aterros e incineração, reciclagem ou
tórios B.Braun, finalizada”, diz Theo Silveira, fase de encerramento é realizado a entrega reaproveitamento em outros produtos. Tam-
diretor-executivo da Tessler Engenharia. da obra através do acompanhamento de bém foram realizadas compras de produtos
De acordo com o diretor da Tessler, por se tra- check-list de todos os serviços executados, que tenham material reciclado incorporado
tar de uma obra destinada a saúde, o atendi- do início ao final da obra, finalização do data- em sua composição, reduzindo, assim, os
mento a legislação da vigilância sanitária con- -book e encerramento dos contratos. impactos ambientais provenientes da extra-
tribuiu para a complexidade da execução, que ção de matéria prima. 31,99% do conteúdo
somada aos requisitos de segurança exigidos Saldo positivo em sustentabilidade total de materiais de construção foi fabricado
pela FM Global e as premissas de construção Gestão da água: O planejamento e uso ra- usando materiais reciclados.
do Green Building Council, seguindo princí- cional da água foram pontos diferenciais em Priorizou-se a utilização de produtos que te-
pios de eco-eficiência e sustentabilidade ne- todo o processo de construção do Laborató- nham sua extração de matérias primas, e sua
cessária para a certificação tornaram o desafio rio B.Braun. “Na fase 01 toda a água da chu- produção dentro de um raio de 800 km, redu-
ainda maior. va é captada e armazenada para consumo. zindo, assim, os impactos ambientais prove-
A fase 02 tem grande preocupação no uso nientes da extração de matéria prima. 65,78%
Gerenciamento racional de água. Estão previstos o reaprovei- do total do valor dos materiais de construção
O processo de gerenciamento divide-se em tamento de água cinza, ou seja, a água dos inclui produtos que foram fabricados e extra-
três fases, planejamento, execução da obra vestiários é aproveitada nas descargas. Toda ídos na região onde se localiza o projeto e
e encerramento, sendo destinadas a cada a água utilizada no processo de fabricação 81,28% dos resíduos gerados na construção
uma delas atividades específicas. A fase de está prevista em circuito fechado, que reutili- foram destinados aos aterros locais.
planejamento é considerada uma das mais za a mesma água e evita o consumo desne- Seguindo o Plano de Gerenciamento da IAQ
importantes do processo. Nesta etapa é cessário. A Estação de tratamento de esgoto na obra foi possível manter a qualidade do ar
preparada toda a documentação necessária tem nível de eficiência máxima e a água após interno adequado, reduzindo o desperdício e
para a orientação da fase seguinte, tais como tratada pode ser reaproveitada dando um ga- proporcionando conforto e saúde aos cola-
planejamento de obra com a elaboração do nho de aproximadamente 30 % nos recursos boradores e futuros ocupantes do empreen-
PDCA, Cronograma Físico e Financeiro, Lici- hídricos.”, afirma Theo Silveira. A redução do dimento. A zona de respiração possui taxas
tações que envolvem desde o Vendor-list até uso da água foi adotada através da especifi- exteriores de ventilação de entrada de ar para
a negociação final, além da identificação dos cação de metais que propiciam 20% de re- todos os espaços ocupados, cumprindo o
aspectos ambientais bem como os requisitos dução do consumo. As águas pluviais foram mínimo estabelecido no ASHRAE 62,1-2.007.
legais para liberação da obra. devidamente gerenciadas de acordo com a O projeto possui espaços mecanicamente
A fase de execução de obra é mais longa do permeabilidade do solo e as águas cinzas fo- ventilados e está em conformidade com o
processo. Nela é feito o acompanhamento to- ram direcionadas para os sanitários. Padrão ASHRAE 55-2004. Sensor de CO2 foi
tal das atividades através do cronograma ela- Durante a obra: Praticamente todas as orien- instalado dentro de cada espaço densamen-

revistagbcbrasil.com.br dez/15-jan/16 41
DOSSIÊ TIPOLOGIAS

HOSPITAIS E LABORATÓRIOS

©Paulo Mercadante
Théo Silveira
Tessler Engenharia

Projeto:
Laboratório B. Braun
te ocupado, com dispositivos de medição do armazém no bairro de Guaxindiba, todo o es- Localização:
fluxo de ar exterior para todos os sistemas em toque é condicionado em um único local de São Gonçalo – RJ
que 20% ou mais dos serviços de fluxo de ar propriedade da BBraun. “Com a construção Cliente/proprietário:
de abastecimento de criação não densamen- da nova fábrica em Guaxindiba a produção, Grupo B.Braun
te espaços ocupados. Tais dispositivos são armazenagem e despacho se concentrará no Área construída:
programados para gerar um alarme quando mesmo complexo, otimizando a produção e
21.700 m² - Fase I
as condições variam de acordo com 10% ou distribuição”, diz o diretor da Tessler.
mais do valor de projeto. O local de implantação do empreendimento Certificação:
Optou-se também pela utilização de materiais também possui serviços básicos dentro do 22/10/2015
de baixa emissão a fim de reduzir a quantida- raio permitido e pontos de ônibus a poucos Sistema e Nível da Certificação:
de de contaminantes presentes em produtos metros de distância do empreendimento. LEED NC - Gold
químicos que possuem forte odor, causam Houve também a implantação de bicicletá- Arquitetura:
irritação ou prejuízo ao conforto e bem-estar rios, chuveiros para 0,5% do número efetivo,
Zanettini Arquitetura
dos operários no processo de obra. Além vagas de estacionamento preferenciais para
disso, toda madeira utilizada na construção é veículos com baixa emissão e veículos caro- Estrutura, fundação, elétrica, hidráuli-
legalizada e proveniente de manejo sustentá- na, o que contribui para redução do impacto ca, automação e climatização:
vel, 71,36% do total de materiais de constru- no entorno da obra e ao meio ambiente. Os Excenge
ção à base de madeira são certificadas em espaços abertos foram valorizados com áre- Consultoria de sustentabilidade:
conformidade com os princípios e critérios do as vegetadas, a redução das ilhas de calor foi Sustentax
Forest Stewardship Council (FSC). tratada com a utilização de cobertura verde e,
Simulação energética:
Implantação: Diversas iniciativas foram im- onde não foi possível contemplar vegetação,
plementadas para minimizar os impactos foram especificadas pinturas com laudos que Espaço Sustentável
ambientais, tais como a proteção de talu- comprovem a eficiência do material empre- Gerenciamento:
des, utilização de materiais absorventes para gado. Também foram previstos capachos em Tessler Engenharia
prevenir eventuais contaminações de solo e todas as portas para reduzir a entrada de par- Luminotécnica:
sistema lava-rodas para os veículos. Houve tículas e o fumódromo está locado de acordo Mingrone
ainda a recomposição florestal em parte do com as distancias mínimas exigidas.
Esquadrias:
terreno, inserida na APA Guapimirim, com Especificações e consultoria: O projeto e a
plantio de espécies nativas da Mata Atlântica. obra se desenvolvem com a participação de QMD
Atualmente, segundo Théo Silveira, a pro- um consultor LEED que orienta os projetistas Impermeabilização:
dução está localizada no bairro de Arsenal de todas as disciplinas (arquitetura, lumino- Proiso
em São Gonçalo, no Rio de Janeiro e a es- técnica, paisagismo, instalações hidrossani- Paisagismo:
tocagem dos produtos fabricados são dis- tárias, elétricas e HVAC) na especificação de Dias Lagoa
tribuídas em galpões locados em diversas materiais e equipamentos que sejam apro-
Laboratórios:
unidades, proporcionando um custo adicio- vados pelo LEED, garantindo a preservação
nal no produto final. Com a construção do ambiental desejada. Para a especificação Vidy

42 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
inovação

adequada de materiais foram consultadas as com espécies nativas, centro de convivência, sustentáveis e de alta tecnologia, para aten-
normativas RDC 50 que regulamenta os pro- transporte próprio dos funcionários. Na segun- der as demandas atuais e as possibilidades
cessos da edificação segundo a legislação da fase a concepção do projeto prevê a maio- de expansão no futuro, seguindo os padrões
sanitária, os Data Sheets da FM Global que ria das fachadas do edifício envidraçadas que mundiais adotados pelo grupo B.Braun.
determina quais os materiais são adequados permitem a integração da área externa, tratada A sustentabilidade norteou todo o processo
para evitar incêndios, além da legislação do pelo paisagismo, com a área interna, inclusive construtivo do complexo B.Braun, seguin-
corpo de bombeiros. para quem está na área da produção. A lan- do os princípios de eco-eficiência da certifi-
Foi desenvolvido um programa de serviço de chonete e o restaurante são totalmente envi- cação LEED no que tange à humanização,
limpeza verde em conformidade com LEED- draçados e cercados por jardins. multidisciplinaridade profissional, arquitetura
-EB O+M v2009 IEQ p3EQp3: Política de Nas áreas de cobertura, estão previstos tetos contemporânea com visão holística e sistê-
Limpeza Verde; um Plano de Gestão de Resí- verdes e podem ser acessados pelos usu- mica desde a fase inicial do projeto até sua
duos reforçada em conformidade com LEED- ários que estiverem no primeiro pavimento. conclusão, visando à eficiência energética e
-EB O+M MRP2 v2009: Política de Gestão de Para os visitantes foi criada uma circulação dos recursos hídricos, controle de geração
Resíduos Sólidos; além do desenvolvimento totalmente envidraçada pela qual o visitante de resíduos, favorecimento de utilização de
de um Plano de Manutenção das Áreas Ex- transita na qual é possível avistar uma grande tecnologias limpas bem como produtos pro-
ternas em conformidade com LEED-EB O+M área da produção. As salas de treinamento venientes de matérias-primas renováveis.
Ssc2 v2009 e MRP1: Política de Compras e de reuniões estão equipadas com dispo- “Como trabalhamos com equipes multidisci-
Sustentáveis. sitivos que propiciam a criação de cenários plinares, o planejamento foi fundamental para
Energia e controle de temperatura: Para de iluminação. As áreas que estão fora da a boa convivência e fluidez dos trabalhos. O
otimização no consumo de energia é utiliza- área da produção foram tratadas com acaba- nosso sucesso pôde ser medido através do
do todo o rejeito de energia resultante do ar mentos amadeirados que tornam o ambiente cumprimento do cronograma e na finalização
comprimido utilizado na produção. Uma gran- aconchegante tornado o ambiente harmônico da obra com zero acidente - a obra esteve
de parcela desta energia aquece água para com características humanizadas. ocupada em 80% do seu curso, com apro-
utilização dos vestiários e cozinha. Quando ximadamente 550 empregados nas áreas de
esta energia é insuficiente, o complemento é Integração entre arquitetura con- civil, instalações elétricas, hidráulicas e de ar-
produzido com a geração através de placas temporânea e multidisciplinarida- -condicionado”, finaliza Ricardo Suzart.
solares. A energia poderá ser gerada através de profissional
de grupos geradores e o empreendimento O desenvolvimento do projeto arquitetônico O Grupo B.Braun
também contará com tanque de termo acu- do Laboratório B.Braun teve a colaboração O Grupo alemão B.Braun, multinacional do
mulação que reduz em até 80% o custo de do conceituado arquiteto, Siegbert Zanettini, setor médico-hospitalar avança rumo à sus-
energia. A ASHRAE 55-2004 norteou o projeto que possui uma trajetória profissional de mais tentabilidade com a construção do Comple-
de HVAC. O armazém foi projetado para uma de 50 anos, além de possuir vasta experiên- xo Industrial em Guaxindiba. O Projeto da B.
temperatura máxima de 30 graus com controle cia no setor de construções de saúde. Braun é o primeiro Centro Logístico destinado
de umidade. “O nosso negócio envolve a fa- A preservação da natureza no entorno da a produtos farmacêuticos e médico-hospita-
bricação e comercialização de produtos médi- área industrial foi um grande diferencial na lares a ser certificado pelo LEED NC nível
cos-hospitalares, por conseguinte, seguimos execução do projeto. O edifício corporativo Gold. Segundo Ricardo Suzart, este título é
rigorosamente as exigências da legislação se localiza ao lado oposto do loteamento e fruto do trabalho e dedicação das equipes
sanitária, cujo controle é realizado pela ANVI- conta uma vasta paisagem, onde o foco é de Engenharia, Meio Ambiente e Logística
SA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), manter a vegetação em suas condições mais da B.Braun que, juntamente com parceiros
que nos audita sistematicamente quanto aos naturais possíveis. Além disso, as coberturas contratados, formou um time em busca das
requisitos necessários para manter a integri- verdes do espaço garantem uma envoltória melhores soluções sustentáveis sem estourar
dade e qualidade de nossos produtos. Para agradável e ambientalmente correta. o cronograma físico e financeiro, viabilizan-
garantir um ambiente adequado contamos Para manter a harmonia e zoneamento em do o projeto. Para garantir que suas ideias
com um sistema de controle de temperatura cada fase da obra, foi adotada a política Clean e conceitos fossem totalmente alinhados
dos ambientes e monitoramento por análises Desk, do início à implantação do projeto, que com a sustentabilidade, a B.Braun tornou-se
de forma sistemática da qualidade do ar”, ex- contribui para otimização dos processos e eli- membro do GBC Brasil, cuja missão é apon-
plica Ricardo Suzart, Gerente de Engenharia e minação de desperdício, o que influencia dire- tar para projetos e construções sustentáveis,
Meio Ambiente do Grupo B. Braun. tamente os custos da produção. O zoneamen- auditando tanto o projeto quanto sua execu-
Humanização: A orientações do LEED auxi- to do terreno criou condições favoráveis para ção. “A sustentabilidade não é apenas parte
liam neste quesito, pois solicita espaços de o projeto de arquitetura, contribuindo para a dos valores da empresa é, consequentemen-
convivência, áreas de hidratação, postos para articulação dos ambientes baseando-se nos te, elemento essencial do princípio que nos
briefs e palestras no canteiro de obras, vestiá- conceitos Concept Office 2010, o que resul- norteia ao longo de 175 anos”, afirma.
rios e refeitório adequados ao número de fun- tou num rico projeto, como melhor orientação
cionários. Para a primeira fase do empreendi- solar. Trata-se de uma obra de arquitetura
mento foi implantado o projeto de paisagismo contemporânea, com espaços humanizados,

revistagbcbrasil.com.br dez/15-jan/16 43
DOSSIÊ TIPOLOGIAS

HOSPITAIS E LABORATÓRIOS
Tecnologia, design e
eficiência aliados na
conquista do selo LEED
Platinum
Centro Integrado Cardiológico e Neurovascular
Fleury Ponte Estaiada recebe mais alto grau de
certificação na categoria CI

U
m dos bens mais importan- A demanda da ACR Arquitetura, em saúde, se pesadas. Por isso, aproveitamos pouco da in-
tes na vida do ser humano é ampliou depois dos primeiros projetos na área fraestrutura oferecida, criada para um prédio
a saúde, e é pensando neste e com a recomendação de clientes, tornando comercial”, afirma Antônio Carlos Rodrigues,
importante ponto que o Cen- a procura ainda maior. A carência de arquite- sócio-diretor da ACR Arquitetura.
tro Integrado Cardiológico e tos especializados neste setor, principalmente
Neurovascular Fleury Ponte quando se fala em sustentabilidade, também Iluminação e Design
Estaiada foi projetado. Além das característi- foi um fator crucial para a empresa seguir por
cas sustentáveis, a preocupação com a huma- este caminho. Neste ponto, a empresa dispõe O maior diferencial deste projeto é o sistema
nização e hospitalidade, tanto dos pacientes de profissionais qualificados e com capacita- de iluminação, que além de influenciar na eco-
quanto dos colaboradores também foi abor- ção profissional que garantem a implemen- nomia de energia, traz à tona o potencial de
dada como um dos principais requisitos para tação dos processos sustentáveis em seus alto design em todos os ambientes. O projeto
a execução desta obra. É aí que entra a impor- projetos. lumínico do CD Fleury Ponte Estaiada teve a
tância de um bom projeto de arquitetura. O Centro Integrado Cardiológico e Neuro- importante parceria com Esther Stiller, profis-
A ACR Arquitetura, responsável pelo projeto vascular Fleury Ponte Estaiada, localizado na sional referenciada no mercado de projetos de
arquitetônico, implantou no CD Ponte Estaia- Avenida Jornalista Roberto Marinho, em São iluminação, além de contar com a expertise da
da um conceito sustentável que se integrasse Paulo, conta com 3 mil metros quadrados empresa Lumini.
a um alto padrão de design, o que conferiu ocupados no térreo e no primeiro andar. Trata- A utilização de lâmpadas com tecnologia LED
ao Centro de Diagnóstico um ambiente har- -se de um centro de referência em diagnóstico foi predominante no projeto, contemplando
monioso, saudável e ecologicamente correto, cardio neurovascular por conter equipamentos 90%, os outros 10% foram instaladas lâmpadas
garantindo ao projeto o certificado LEED CI de última geração e de alta tecnologia volta- fluorescentes T5 que se adequaram aos objeti-
(Commercial Interiors) nível Platinum, o mais dos para este segmento. O projeto foi realiza- vos de eficiência energética e economia finan-
alto nível da certificação. do no Edifício Tower Bridge, também com cer- ceira exigidas para a certificação LEED.
A empresa possui ampla experiência no de- tificação LEED, que inicialmente foi projetado Antônio Carlos explica que foi necessário rea-
senvolvimento em edificações de saúde, e para uso comercial. lizar um projeto exclusivo para implementação
é parceira com o Grupo Fleury desde 1995. O primeiro grande desafio da ACR Arquitetura de iluminação LED. Por se tratar de uma tecno-
Também atua no ramo de atividade corpo- em desenvolver este projeto foi a adequação logia diferenciada não faz sentido adequar uma
rativa e educação, porém o foco principal de de um local destinado ao setor corporativo lâmpada LED em uma luminária comum. “A
atuação está no setor de saúde, com o de- para uma unidade de saúde. “Apesar de se tecnologia LED ainda é mais cara do ponto de
senvolvimento de Centros de Diagnósticos, tratar de um edifício certificado, nosso grande vista do 'investimento inicial'. Na saúde há uma
Clínicas, Laboratórios de pesquisas e Hospi- desafio se deu pela necessidade da instala- necessidade de iluminação 24 horas, e este
tais. Atualmente possui participação em mais ção de equipamentos que consomem muita consumo em LED é mais econômico, o que
dois projetos certificados LEED, nível Gold do energia, comuns em espaços de saúde, onde contribui para um retorno desse investimento
Grupo. é essencial uma ampla carga de máquinas muito rápido, mas ainda em alguns anos”.

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DOSSIÊ TIPOLOGIAS

Fotos:©Vítor Barão
Além da economia de energia, o LED veio para pitalidade aos pacientes e que crie boas con- primordial para que o Centro de Diagnóstico
revolucionar o design da arquitetura. A unida- dições de trabalho aos colaboradores, devido Fleury se tornasse mais humano. “A luz aliada
de Fleury Ponte Estaiada possui equipamentos ao maior grau de tensão na rotina operacional. a materiais naturais, com formas mais orgâ-
desenvolvidos exclusivamente para instalação É justamente por conta destas questões que nicas e curvilíneas, se alinhou aos conceitos
de LED. Esta tecnologia possui características é preciso gerar um ambiente mais humano, do branding, desenvolvido pela empresa GAD
que necessitam, por exemplo, de dispositivos agradável e propiciador para que a equipe para o Grupo”, afirma Antônio Carlos.
que driblem a sua alta temperatura como o possa desenvolver uma boa atividade e assim
dissipador de calor, que evita o superaqueci- se antecipar à demanda do cliente. Ações sustentáveis
mento no ambiente gerando mais conforto ao Antônio Carlos diz que a hospitalidade pode
usuário. O design industrial de LED também é ser alcançada de forma tangível, que envolve O Grupo Fleury optou pelo Edifício Tower
figura importantíssima para durabilidade, que aspectos como iluminação, temperatura ade- Bridge, empreendimento já com certificação
permite a utilização do potencial de 50 mil ho- quada, móveis confortáveis, entre outros. A LEED Core & Shell, nível Gold. Com isso o CD
ras de duração, garantindo também economia forma intangível de atingir esta hospitalidade é Ponte Estaiada realçou ainda mais o empre-
de manutenção. na receptividade e na capacidade do colabo- go de ações de sustentabilidade. Baseando-
Segundo o sócio-diretor da ACR Arquitetura, rador entender a necessidade do cliente. -se nos requisitos exigidos para a certificação,
a iluminação é muito importante para garantir O fluxo, por onde transita o cliente, o colabora- foram contempladas medidas para redução
hospitalidade, conforto e principalmente para dor, o insumo, onde sai e entra comida e lixo de energia, consumo consciente de água,
visualizar os diferenciais arquitetônicos, e a ilu- também é fundamental. Um bom planejamen- materiais com baixa ou nenhuma emissão
minação LED garante este diferencial. “A luz to não permite que estes fluxos se cruzem. No de compostos orgânicos voláteis e passíveis
tem temperatura, tem produção de cor, pode Centro de Diagnóstico – Ponte Estaiada, ele se- de reutilização, instalação de equipamentos
ser direta ou indireta, ofuscante ou não ofus- gue características hoteleiras, pois se trata de que garantem o conforto térmico, qualidade
cante. O LED é um pequeno ponto de diodo um local onde muitos vão apenas para exames do ar interno com alto potencial de economia
que permite dar a forma e a cor que se deseja de rotina, não estão necessariamente doentes. de energia, implantação de processos que
em um espaço, completamente diferente das Toda a estrutura foi planejada para que o clien- melhorem o espaço e o entorno, bem como
demais lâmpadas, o que necessita de um de- te não se sentisse dentro de um hospital. “Ten- ações de design e inovação de processos.
sign específico para a luminária”. tamos humanizar os ambientes com formas, Todas estas iniciativas, acompanhadas da
cores e materiais que propiciem aconchego e consultoria de sustentabilidade Sustentech
Ambiente humanizado acolhimento. O emprego de alta tecnologia, na Desenvolvimento Sustentável, garantiram que
área da saúde, pode levar ao desenho de am- o Centro de Diagnóstico – Ponte Estaiada con-
A hospitalidade é um dos fatores mais rele- bientes frios e impessoais. Nós nos esforçamos quistasse, em outubro de 2015, o nível máxi-
vantes nas edificações de saúde. De acordo em aliar a tecnologia com calor humano”. mo da certificação LEED CI, o Platinum.
com Antônio Carlos, é necessário o desenvol- No caso da iluminação, a utilização de LED di- Com o objetivo de garantir a redução no con-
vimento de um projeto que ofereça esta hos- recionou o desenho de muitos ambientes e foi sumo de energia, o projeto atendeu à norma

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©Vítor Barão
ASHRAE 90.1-2007, que foca no desempenho mistura de ar externo e retorno dos fancoils.
energético do edifício com intuito de mitigar O Centro de Diagnóstico possui 100% das
os impactos econômicos e ambientais. O paredes revestidas com papel vinílico resis-
desenvolvimento do projeto lumínico permite tente e lavável, um material sustentável com
uma redução de cerca de 27% da densidade durabilidade de cerca de 15 anos, excluindo
de potência lumínica, comparada ao baseline. a necessidade do emprego de protetores de Antônio Carlos Rodrigues
100% dos equipamentos de ar condicionado parede e repintura constante, evitando a gera- ACR Arquitetura
e ventilação possuem alta eficiência energé- ção de resíduo e poeira, elemento prejudicial
tica, além de equipamentos que não utilizam justamente por se tratar de uma edificação de
CFC, gás que danifica a camada de ozônio, saúde. Projeto:
em conformidade com a resolução CONAMA O empreendimento possui salas de armazena- Unidade Fleury Ponte Estaiada -
267. A individualização dos sistemas de ar mento de resíduos infectantes, comuns e reci-
Centro Integrado Cardiológico e
condicionado do edifício também contribui de cláveis. Um Plano de Gestão de Resíduos foi
elaborado para garantir que 87% dos resíduos Neurovascular
forma significativa para redução do consumo
de energia. 80% dos equipamentos (em car- de obra fossem desviados de aterros. 12% Localização:
ga) possuem certificação Energy Star. Além dos materiais aplicados em obra apresentam São Paulo - SP
disso, o projeto prevê caixas VAV (Volume de rápido ciclo de renovação, como forma de re- Cliente/proprietário:
Ar Variável) com sensores de temperatura e de duzir o uso e esgotamento de matéria-prima. Fleury Medicina e Saúde
presença para todos os espaços, inclusive os A unidade CD Ponte Estaiada contou com um
Área construída:
que possuem exposição solar. Adicionalmen- serviço de comissionamento avançado que
assegurou que a construção e calibração para 3.300 m²
te, todos os espaços estão separados em di-
ferentes zonas térmicas, sendo que cada uma operação otimizada dos sistemas seguissem Certificação:
é atendida por uma caixa VAV controlada por conforme previstas em projeto. Além disso, 14/10/2015
sensor de presença e sensor de temperatura. com o objetivo de incentivar o desenvolvi- Sistema e Nível da Certificação:
As medidas adotadas no uso de água potá- mento de energia limpa de fontes renováveis, LEED CI - Platinum
vel atingiram cerca de 39% de redução, com o Grupo Fleury disponibiliza-se para compra,
Arquitetura:
a instalação de equipamentos eficientes, tais certificados de energia verde, que são conver-
tidos em investimentos para geração de ener- ACR Arquitetura e Planejamento
como: torneiras automáticas nos lavatórios
com vazão de 1,8L/mim; torneiras da cozinha gia limpa a ser lançada na rede elétrica. Gerenciamento da Obra e Projeto:
e chuveiros com vazão de 6L/min; mictórios a João De Lucca
seco; autoclismos duplo fluxo 3/6L. A importância global do arquiteto Consultoria de sustentabilidade:
O empreendimento apresenta elevada quali- Sustentech
dade do ar interno, renovação do ar, sistema Para Antônio Carlos Rodrigues, sócio-diretor
Comissionamento:
de filtragem de poluentes e política antifumo da ACR, a arquitetura possui uma importân-
Térmica Brasil
de acordo com a legislação atual 13.541/09. cia global em todas as fases do trabalho. O
Contribuindo para conforto, bem-estar e pro- setor de saúde é altamente regulamentado e, Estrutura Metálica:
dutividade dos ocupantes excedeu em 30% dependendo da complexidade e da expectati- Beltec Engenharia
as vazões mínimas da ASHRAE 55. Durante va do cliente, é necessário ou não formar uma Estrutura de Concreto:
a execução da obra do centro de diagnóstico equipe de profissionais de múltiplas discipli- JKMF
foi implantado um Plano de Qualidade do Ar nas que farão os projetos complementares.
Elétrica, Hidráulica, gases medicinais:
Interior para garantir a saúde e segurança dos “Um bom projeto de arquitetura não pode ser
EAPEC Engenheiros Associados
operários. dissociado do que está dentro das paredes.
A utilização de adesivos, selantes, tintas e ver- A Arquitetura permeia por todas as matérias, Climatização:
nizes com baixa emissão de COV (composto de Exatas a Humanas. É preciso conhecer o Masstin
orgânico volátil) contribui para reduzir a dis- funcionamento dos equipamentos para atin- Luminotécnica:
persão de odores que prejudicam o conforto girmos seu melhor cenário de eficiência, sem Esther Stiller Consultoria
e bem-estar dos ocupantes e operários. 60% perder de vista que, tudo o que projetamos e
Combate contra incêndio e Automação:
dos pisos aplicados também apresentam bai- construímos, é para nossa atividade humana
KB Engenharia
xa emissão de poluentes. Além disso, o pro- de viver e trabalhar. A Arquitetura é, portanto, o
jeto prevê sistema de captura de partículas, ponto de partida e de chegada para todos os Acústica:
com filtros G4 e F7 em todos os plenums de projetos”, destaca Antônio. Harmonia Davi Akkerman + Holtz

46 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
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HOSPITAIS E LABORATÓRIOS

©Kahn do Brasil
Clínica Hospitalar Baum
Arquitetura e construção restaurativa integrada ao
alinhamento de propósitos são peças fundamentais
na concepção de projeto em Blumenau-SC

É
fato que a complexidade a Kahn se estimulou a estudar o LEED, como no de investimentos. Esta filosofia chama-
inerente a um projeto arqui- uma ferramenta importante para se construir da “restaurativa” motiva a participação dos
tetônico hospitalar traz a ne- de forma mais eficiente e começou incorpo- parceiros com novas propostas e ideias im-
cessidade de se projetar de rando estas técnicas no Hospital Albert Eins- portantes para o projeto e a área hospitalar
forma mais atenta. O escri- tein, em 2003. “Neste momento, passamos é uma das mais nobres no sentido de trazer
tório de Arquitetura Kahn do a estudar mais, a acreditar os profissionais esta melhoria. “Os escritórios de arquitetura
Brasil, uma empresa global, e implantar isso nos projetos. Hoje a Kahn precisam incorporar os temas de eficiência
traz para o projeto Clinica Hospitalar Baum, é a empresa com o maior numero de pro- energética, eficiência hídrica, conforto térmi-
em Blumenau – SC, os conceitos de susten- fissionais acreditados LEED, com mais de co e luminoso, e a especificação de materiais
tabilidade de forma diferenciada, incorporan- 100 pessoas”, pontua Arthur Brito, diretor- saudáveis desde a concepção e durante o
do medidas não apenas para atingir algum -executivo da Kahn do Brasil e primeiro pro- desenvolvimento do projeto. Hoje, na Kahn,
nível de certificação, mas ir mais a fundo com fissional acreditado LEED em escritórios de somos uma exceção que deveria virar a re-
uma concepção restaurativa. arquitetura. Com isso, o escritório da Kahn gra no futuro dos escritórios de arquitetura”,
Fundada em 1895 por Albert Kahn, a empresa começou a crescer com a ideia de sustenta- afirma Biserka Veloso, consultora de susten-
já entendia os benefícios de trazer iluminação e bilidade como parte inerente de sua cultura, tabilidade e coordenadora de certificações e
ventilação natural para os ambientes com certo algo fundamental para de fato se atingir a arquiteta na Kahn do Brasil.
pragmatismo, devido à melhora de produtivida- sustentabilidade de forma completa em uma
de, apesar de ainda não existir o fundamento construção, de acordo com Brito. O alinhamento de propósitos
conceitual e filosófico de sustentabilidade. O conceito de arquitetura e construção res- melhora os processos e permite
Em São Paulo há 17 anos, a Kahn desenvol- taurativa não é somente sustentável. A ideia a oportunidade de fazer melhor
veu o Hospital Monte Sinai, em Juiz de Fora, permeia o fazer melhor a cada vez, com
e em 2003 iniciou um trabalho de Plano Di- objetivos mais nobres e ousados que pos- Um dos pontos primordiais no desenvolvi-
retor no Hospital Albert Einstein, que vem se sui como um dos principais objetivos trazer mento de um projeto que visa à melhora da
desenvolvendo até hoje, uma visão de longo benefícios à sociedade, ir além do que sim- sociedade é o alinhamento de propósito en-
prazo. Com a ascensão da sustentabilidade, plesmente a economia de recursos e retor- tre as partes envolvidas. No caso da Clínica

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DOSSIÊ TIPOLOGIAS

Hospitalar Baum, o cliente possui um interes- evitando a necessidade de utilização de infra-

©Kahn do Brasil
se de negócio semelhante aos conceitos da estrutura pública -, o projeto precisa ser posi-
Kahn, que é o de restaurar, fazer o melhor tivo em energia - geração de energia através
independente do retorno de investimento. O de fontes renováveis em quantidade maior
investimento, de fato, é extremamente im- do que a consumida -, e utilização somente
portante nesta cadeia, porém, o que se deve de materiais que não são tóxicos.
ter como filosofia é maior do que o retorno Para isso é necessário um alto rigor em si-
financeiro em si. “O cliente nos procurou por mulações de desempenho. “Nas diferentes
uma questão de princípios e de alinhamento etapas de projeto são utilizadas diversas
de valores. A partir daí trouxemos a questão ferramentas de simulação, pesquisando as
da sustentabilidade e eles abraçaram a cau- possibilidades que existem no mercado tanto
sa entendendo este benefício, independen- em termos de energia, de água ou de mate-
te de certificação. Buscamos parceiros que riais para melhorar as características gerais
pensem com esta filosofia, que valorize este dos edifícios. Sobretudo do projeto da Clínica
modelo de trabalho. Desta forma as coisas Baum, que está em fase de desenvolvimento,
funcionam muito melhor”, afirma Arthur Brito. é onde se tem focado na utilização destas es- “NÃO EXISTE
A área hospitalar permite um amplo conheci- tratégias positivas”, destaca Biserka Veloso.
PROPRIEDADE
mento e traz uma sensibilidade muito grande
em todas as disciplinas de engenharia tais Fluxo e humanização E PROTEÇÃO
como, os processos como ar condicionado, INTELECTUAL NA
hidráulica, iluminação, entre outros. Porém, A questão dos fluxos é muito importante não
SUSTENTABILIDADE,
segundo Brito, a parte instrumental ainda somente para a humanização, mas na seto-
era um pouco carente para se atingir objeti- rização e funcionalidade do hospital. Para TUDO QUE USAMOS É
vo. Diante deste cenário foi desenvolvido na isso foram definidos backstage, onde há um PARA TODO MUNDO
Kahn um programa chamado Performance fluxo de equipamentos mais pesados, fluxo
USAR. SE QUEREMOS
Based Design, projeto baseado em desem- de funcionários, não havendo a necessidade
penho fundamentados em estudos visando de cruzar este fluxo com os pacientes, e ons- UMA CONSTRUÇÃO
uma maior capacidade para tomadas de de- tage é onde há a circulação dos pacientes MAIS SUSTENTÁVEL,
cisões que permitem construções cada vez permitindo uma maior fluidez. “Esta separa-
NÃO TEM SENTIDO
mais restaurativas, que melhore a social, ur- ção de fluxo é muito bem vinda e produtiva,
bana e do acervo ambiental como um todo. inclusive na circulação de elevadores”, ob- SEGURAR PARA GENTE
Aliado a isso, a Kahn desenvolveu um mé- serva Carolina Botelho, diretora de projetos TUDO QUE A GENTE
todo de trabalho baseando-se em estudos da Kahn do Brasil.
APRENDE, É O MUNDO
e evidências na execução dos projetos com Para garantir um ambiente humanizado é
o programa Evidence Based Design (Design necessário proporcionar uma sensação ao NÃO SERÁ MAIS
Baseado em Evidências), contribuindo para usuário de estar em um ambiente confor- SUSTENTÁVEL. ENTÃO
essa integração de propósitos com o cliente. tável como em sua própria casa, seguindo
A GENTE FALA MESMO
Como fruto do interesse em buscar novas al- uma dinâmica muito utilizada no setor de
ternativas de construção sustentável, a Kahn hotelaria. Esta humanização não necessaria- O QUE FAZ E COMO
adotou, como meta desafiadora, a inscrição mente está vinculada à questão de aplicação FAZ PARA TODO
do projeto no The Living Building Challenge de acessórios e materiais no ambiente. No
MUNDO FAZER IGUAL”
(LBC). A Clínica Hospitalar Baum é o único projeto da Clínica hospitalar Baum, a hu-
empreendimento da América do Sul inscri- manização é um desafio importante, pois a
to no LBC. Aliada a isso, o projeto busca a concepção consiste em trazer a natureza e Arthur Brito
certificação LEED for Healthcare, concedida a sustentabilidade para dentro do projeto. Kahn do Brasil
especificamente para edificações de saúde. “Incluímos um espelho d´água ao redor das
A certificação LBC preconiza medidas de alto áreas de esperas, onstage, que permite tra-
desempenho para qualquer edifício, espe- zer o verde para dentro do hospital, ou seja,
cialmente para projetos hospitalares. Umas trazer o exterior para o interior ao máximo”,
das principais exigências são: geração de explica Carolina Botelho. Segundo ela, outro
saldo positivo de água - a água deve sair com grande desafio na questão da humanização
qualidade superior a que entrou no edifício, é a seleção dos materiais resistentes às ca-

revistagbcbrasil.com.br dez/15-jan/16 49
DOSSIÊ TIPOLOGIAS

HOSPITAIS E LABORATÓRIOS
racterísticas e necessidades hospitalares,
contribuindo para uma durabilidade maior

©Kahn do Brasil
destes materiais.
De acordo com Arthur Brito, o terreno foi
processado originalmente para construção
logística, onde havia um curso de água da
hidrologia natural. A ideia inicial era a res-
tauração deste curso de água, porém houve
algumas barreiras legislativas, o que inviabili-
zou a restauração. Neste sentido foi adotada
a estratégia de criação de uma lagoa artifi-
cial. “Adoraria ter visto restaurar o curso de
água original com espécies de vegetação de
mananciais originais aqui em torno do hospi-
tal. Seria fantástico”, diz Arthur Brito.

Ventilação e iluminação natural

Um dos fatores emblemáticos do projeto da


Clínica Baum é a construção do chamado
“Edifício Ponte”, bloco que passa de forma
transversal acima da lagoa artificial. O bloco Respeito com o entorno Diversidade instrumental visan-
possui abertura de janelas em todo seu inte- do alta qualidade e redução de
rior permitindo uma melhor ventilação cruza- Uma questão peculiar à arquitetura hospi- custos
da, melhorando assim as condições de ven- talar na sustentabilidade que envolve todos
tilação natural. Com estas características, o os projetos hospitalares que é o contexto de Cotidianamente é necessária a utilização de
projeto quebra o paradigma de um ambiente vizinhança. Em nome de uma questão nobre, diferentes ferramentas para auxiliar na tomada
monolítico e ermético, além de promover a os hospitais acabam por gerar alguns trans- de decisão de um projeto. No entanto, segun-
sustentabilidade no tocante à redução no tornos cotidianos como, trânsito, circulação do Biserka Veloso, ainda não existe a unifica-
consumo de energia por refrigeração. “Além de caminhões entre outros que geram im- ção destas ferramentas em apenas uma plata-
deste trabalho técnico no projeto Baum exis- pactos urbanos sociais significativos em seu forma que envolva modelagem arquitetônica,
te um trabalho cultural de estimular as pes- entorno. O que corroborou com uma reação simulações termodinâmicas e luminosas. Hoje
soas a abrirem as janelas, entender os be- natural legislação da cidade de São Paulo, existem ferramentas que tentam juntar todas
nefícios da ventilação e iluminação natural”, restringindo a construção de hospitais próxi- estas funções num software, mas ainda sacri-
esclarece Arthur Brito. ma a áreas residenciais. ficando uma série de capacidades. “Existem,
O projeto de iluminação é igualmente benéfico A filosofia restaurativa é essencial para mi- porém uma série de ferramentas com diferen-
na busca por sustentabilidade, pois permite nimizar estes impactos. De acordo com o tes funções, e é na integração destes diversos
utilizar o máximo de iluminação natural pos- diretor-executivo da Kahn, houve uma iniciati- softwares durante o processo que consegui-
sível. Viabilizou-se um fluxo onde é possível va de pesquisa com os moradores da região mos subsidiar as decisões de projeto em base
garantir a entrada de luz natural em todas as com o intuito de reduzir este impacto ao en- a sua sustentabilidade”.
salas contribuindo para a produtividade e con- torno, iniciativa esta que começou no projeto O Sefaira é uma ferramenta baseada no Ske-
forto dos colaboradores, além de ajudar na re- Hospital Albert Einstein e se consolidou em tchUp, usada para subsidiar concepções dos
cuperação dos pacientes. “Um projeto Hospi- todos os projetos hospitalares da Kahn. Com projetos permitindo repostas mais rápidas do
talar possui uma alta complexidade em termos isso veio o comprometimento da empresa em que as normalmente utilizadas pelas consul-
de fluxo e operação, devido a isso, os projetis- melhorar cada ampliação feita na execução toras em análises de conforto térmico e de
tas focam nos fluxos e se esquecem tanto do de cada obra, a relação com entorno, medi- consumo energético. Esta ferramenta pode,
partido arquitetônico quanto das outras carac- das para redução do transito, conter os trans- também, ser facilmente integrada ao desen-
terísticas. A nossa proposta é a integração de tornos nas áreas residenciais e oferecer mais volvimento conceitual da volumetria do projeto
todas estas características como mutuamente áreas verdes. O projeto da Clínica Hospitalar auxiliando na definição de opacidade e orien-
benéficas”, afirma Arthur Brito. “É uma sinergia Baum oferece benefícios para a convivência tação do projeto.
entre um bom partido arquitetônico com boas urbana através da incorporação de todos es- Outra ferramenta utilizada pela Kahn é o sof-
condições ambientais de ventilação nos pro- tes conceitos, além de possuir atrativos para tware IES VE, que permite alta capacidade de
jetos e que geram uma operação muito bem reavivar esta convivência, tonando-se refe- análise e, apesar de exigir uma quantidade
resolvida por isso”. rência de destino e apreciação. maior de informação, é de extrema importân-

50 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
DOSSIÊ TIPOLOGIAS

ESTRATÉGIAS SUSTENTÁVEIS DECISÕES NO INÍCIO DO PROJETO TEM MENOR CUSTO E


MAIOR IMPACTO
ÁGUA:
- Aproveitamento de águas pluviais
- Tratamento e reuso de águas cinzas
- Tratamento biológico de esgoto
- Lagoa com fins ornamentais e reservatório hídrico
- Permeabilidade dos pavimentos
- Aparelhos e torneiras de baixo consumo
- Sist. de climatização de baixo consumo de água
- Paisagismo de baixo requerimento hídrico

ENERGIA:
- Definição térmica da envoltória para a diminuição
dos consumos associados à climatização
- Uso de um sistema VRF de alta eficiência
- Uso de luminárias e equipamentos eficientes
- Uso de automação vinculada à iluminação natural
- Uso prioritário de ventilação natural
- Uso do resfriamento evaporativo do lago ornamental
- Uso de painéis solares térmicos para o aqueci-
Fonte: Kahn do Brasil
mento de água
- Aproveitamento da rejeição de calor do sistema de
climatização para o aquecimento de água
- Estão tentando viabilizar a incorporação de pai-
néis fotovoltaicos para geração de energia

cia para o desenvolvimento formal do projeto, tem mais volta. E o mais importante desde pontos importantes no projeto é a buscar por
no que tange ao detalhamento dos consumos o Performance Based Design é sermos pro- gerar ciclos positivos através de novas estra-
energéticos e um melhor entendimento da in- tagonistas desta transformação, tanto instru- tégias para reaproveitamento de recurso na-
tegração com sistemas de climatização, ilumi- mental como de filosofia projetual. Se temos tural, reuso de água, diminuindo o impacto
nação, e automação. uma ferramenta tão poderosa, vamos usá- ambiental através da melhora de eficiência
O programa Performance Based Design inte- -la para melhorar a qualidade dos projetos do empreendimento. “Dar a devida relevân-
grado ao sistema Revit e ao sistema BIM (Buil- e aumentar o nível de sustentabilidade. Não cia a este tema é fundamental. Isso é algo
ding Information Modeling) ajudam no desen- utilizamos o BIM somente por uma tendência que não acontece hoje, e é uma etapa im-
volvimento geral dos projetos. Mas o objetivo tecnológica, ela tem que ter este resultado, portantíssima dentro de um programa hospi-
é a fusão destas tecnologias que permitirá res- e o projeto da Clínica Baum tem muito a ver talar. Exigir maior transparência dos fornece-
postas para tomada de decisões simultâneas com isso”, argumenta Arthur Brito. dores é fazer a nossa parte num movimento
às concepções dos projetos, reduzindo assim de mudança de mercado que é necessário”,
um trabalho adicional. “Com o BIM, conse- A importância da seleção ade- enfatiza Biserka Veloso.
guimos ser mais produtivos, conseguimos quada dos materiais Arthur explica que o importante filosoficamen-
construir edifícios antes de ele ser construído te é ter um cuidado muito grande com a toxi-
fisicamente. Isso garante uma qualidade de A escolha dos materiais é algo importante na cidade dos materiais, principalmente aqueles
execução e uma programação de obra muito filosofia da Kahn. Para Biserka é necessário utilizados em hospitais, é algo que já é adota-
mais precisa, facilita a compatibilização o que dar a devida relevância a este tema e reque- do há algum tempo e tenta instrumentar, é o
contribui para um menor desperdício de ma- rer maior transparência aos fornecedores, este primeiro passo, a seleção e especificação de
teriais, evitando retrabalho, tempo de obra e procedimento contribui para substituição de materiais na Kahn. Evitar o uso de materiais
dinheiro do cliente, além de envolver a susten- materiais normalmente utilizados no mercado prejudiciais à saúde é algo que faz todo senti-
tabilidade nos termos de ser mais eficientes”, que possuem componentes tóxicos, bio-acu- do em uma unidade hospitalar. “Trazer essas
aponta Carolina Botelho. mulativos e carcinogênicos, por materiais não inquietudes e preocupações para o mercado
Segundo Arthur Brito, a ferramenta BIM ainda tóxicos, com padrões de cuidados ambientais de materiais de forma geral dá ênfase para a
não é utilizada em grande parte dos escritó- internacionais buscando sempre se atentarem relevância deste tema e permite uma cons-
rios de arquitetura, porém á algo que já está ao ciclo de vida destes materiais. cientização, é um movimento que provoca e
se consolidando, em torno de 15% a 20% Todas estas questões relacionadas à trans- impacta este mercado”.
dos escritórios já estão incorporando esta parência de matérias estão sendo muito fér-
tecnologia em sua realidade. “É algo que não teis para o projeto da Clínica Baum. Um dos

revistagbcbrasil.com.br dez/15-jan/16 51
DOSSIÊ TIPOLOGIAS

HOSPITAIS E LABORATÓRIOS

Acústica, Inovação e
Sustentabilidade
Forros e revestimentos, desenvolvidos pela OWA, são
produzidos com fibra mineral biossolúvel e garantem
conforto acústico e maior salubridade aos hospitais e
demais ambientes construídos

P
rodutos com variedade de ruído e adequação da reverberação, me-
sistemas e modulações para lhorando condições de inteligibilidade. Para
redução de ruídos e conforto cada atividade/uso e dimensão de ambiente,
acústico, sistemas para pro- simulamos através do software Ambient, qual
teção ao fogo, produtos com produto e metragem seria mais adequado
baixa emissão de compostos para alcançar um bom resultado”, explica
orgânico-voláteis desenvolvidos com alta Nancy Devai, engenheira e gerente de produ-
qualidade e atestados ambientais, sistema tos da OWA.
produtivo premiado por sustentabilidade e Há um movimento constante no Brasil volta-
economia de energia, são características al- do à sustentabilidade na cadeia de fabrican-
mejadas por grandes empresas do setor de tes e fornecedores. Com o apoio do GBC
Nancy Devai forros e revestimentos destinados à constru- (Green Building Council) Brasil, este movi-
ção de edifícios. mento cresce de forma expressiva no país
A OWA, fabricante de forros acústicos em através da disseminação de melhores prá-
fibramineral biossolúvel preocupa-se com ticas sustentáveis, incentivos e, em alguns
esta questão. Atuante no Brasil desde 1988, casos, exigências de desempenho dos pro-
a empresa possui uma linha de produtos dutos oferecidos no mercado. Ações como
desenvolvida através de estudos, pesquisas estas contribuem, de certa forma, para que
científicas, além de ser detentora de inúme- a cadeia de suprimentos se adéque a uma
ras certificações e atestados ambientais, a realidade que anseia por medidas mais cons-
empresa busca oferecer ao mercado a tão cientes ambientalmente. A OWA, responsável
almejada sustentabilidade nas construções pela comercialização e instalações de forros
através de seus produtos. e revestimentos em diversos empreendimen-
Situações de maior complexidade, no caso tos, incluindo cases certificados pelo LEED,
projetos hospitalares, exigem um projeto possui em seu DNA tais premissas. Um
acústico, que irá considerar também fatores exemplo de sucesso é o Hospital Oswaldo
como isolamento, ruído estrutural, entre ou- Cruz Nova Torre, certificado pelo LEED NC
tros pormenores. “Nossa linha de Forros e nível Gold.
Revestimentos é indicada para redução de

52 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
DOSSIÊ TIPOLOGIAS

Hospital Oswaldo Cruz


Uma das fortes características incorpora-
das ao projeto do Hospital Oswaldo Cruz é
a qualidade acústica. O projeto desenvolvi-
do pelo escritório de arquitetura Botti Rubin
e pelo consultor e diretor da Acústica & Sô-
nica, José Augusto Nepomuceno com base

Fotos: Divulgação Hospital Oswaldo Cruz


no Guidelines for Design and Construction of
Hospital and Health Care Facilities teve im-
pacto direto e expressivo no conforto acús-
tico dos pacientes, reduzindo os níveis de
ruído ambiente, resultado da aplicação dos
forros minerais OWA nos quartos do hospi-
tal. "O tratamento acústico é um dos quesitos
essenciais para tornar o ambiente hospitalar
mais confortável, além de trazer benefícios
na recuperação dos pacientes”, explica José Segundo Nancy a utilização deste produto foi
Augusto Nepomuceno. Para Nancy Devai um fundamental no projeto do Hospital Oswaldo
bom tratamento acústico é fundamental por Cruz. “Um dos grandes benefícios da utiliza-
questões de saúde, principalmente nos am- ção deste material é a proteção certificada a
bientes hospitalares. “O conforto acústico é micro-organismos, bactérias e fungos, resis-
fundamental em um hospital. Se o paciente tência ao fogo além dos créditos LEED, aten-
não tiver uma boa condição de sono, de re- dendo todos os requisitos referentes a forros
pouso, prejudica a sua recuperação de uma para hospitais. Este era o único material que
maneira satisfatória”, endossa a engenheira. possuía, na época, um certificado para uso
“Para cumprir com as normas, necessitáva- em ambientes hospitalares, garantindo a se-
Fibra mineral biossolúvel
mos de um material com superfície lisa, alto gurança nestes ambientes. Este foi o ponto
índice de absorção acústica, resistência ao fundamental da escolha no projeto Oswaldo Por ser um material biodegradável, a fibra mi-
fogo e certificação para uso hospitalar. O re- Cruz e também em todas as outras caracte- neral biossolúvel ou fibra branca biossolúvel
sultado foi um edifício hospitalar com design rísticas como o bom desempenho acústico, não causa nenhum prejuízo ambiental ou ris-
moderno, sustentável e com o tratamento iluminação natural, economia de energia, ter co à saúde, diferente de outros produtos que
acústico que atendeu às exigências técnicas” conteúdo reciclado e também poder ser reci- podem ser até cancerígenos. O Forro Mineral
salienta Maria Luíza Becheroni – Botti Rubin clado depois”, afirma. OWA é composto por fibras minerais biosso-
Arquitetos. Outros empreendimentos certificados ou lúveis, aglomerante amido, cargas minerais
Além dos quartos, os forros minerais foram buscando a certificação LEED que contaram perlita e argila. O processo de produção da
instalados nas áreas de recepção, térreo e com a contribuição da OWA foram: Eldorado fibra consiste no aquecimento do calcário em
mezanino garantindo pontuação no crédito Business Tower (LEED CS nível Platinum) e fornos formando uma lava, que quando res-
relacionado a conteúdo reciclado por apre- Edifício Vera Cruz (LEED CS Pré Certificado friada se transforma na fibra mineral branca
sentarem componentes que permitem a to- Nível Platinum); Ventura Tower II (LEED CS biossolúvel. Posteriormente esta fibra é mis-
tal reciclagem do produto posteriormente ao nível Gold); Hotel Hilton Barra RJ (LEED NC turada à solução aquosa, aglomerante amido
uso. A baixa emissão de VOC (compostos registrado); Hotel Grand Hyatt RJ (LEED NC e cargas minerais: perlita e argila, todos pro-
orgânicos voláteis) também é um fator de registrado); Ed Vince Leblon (LEED CS re- dutos naturais e não nocivos à saúde, isento
extrema relevância, se tratando de ambientes gistrado); Torre Oscar Niemeyer (LEED CS de formaldeído ou nenhum outro composto
onde há uma forte necessidade de grande nível Certified); Centro Empresarial Senado/ químico. A pintura utilizada também é com-
cuidado com a saúde. Pela classificação de RJ (LEED CS nível Silver); Universidade Pe- posta por pigmentos naturais, que resultam
baixa emissão de VOC, os forros minerais trobras RJ (LEED CS nível Certified); CENPES no forro mineral.
garantem a qualidade do ar nos ambientes Petrobras RJ (LEED NC registrado); Arena A linha OWA de forros minerais segue carac-
fechados, preservando a saúde dos ocupan- Maracanã (LEED NC nível Silver); Mineirão terísticas e normativas ambientais permitindo
tes. Igualmente, a capacidade de reflexão da (Certificado LEED NC nível Platinum); Eco sua aplicação em áreas de alta criticidade,
luz do produto, contribuindo para economia Pátio Rodoanel (LEED NC nível Gold); Tribu- como hospitais, berçários e escolas. Suas
de energia e melhor aproveitamento da luz nal de Justiça do Distrito Federal (LEED NC características sustentáveis garantiram a con-
natural. registrado). quista do selo ambiental alemão Blue Angel,

revistagbcbrasil.com.br dez/15-jan/16 53
DOSSIÊ TIPOLOGIAS

HOSPITAIS E LABORATÓRIOS

Foto: Divulgação Hospital Oswaldo Cruz


que atesta produtos produzidos através de
matérias primas naturais, com baixa emissão
de COV, levando em consideração questões
de saúde e meio ambiente. Apesar de todas
estas características ecologicamente corretas,
o forro mineral possui baixo custo se compa-
rado aos benefícios oferecidos pela sua utili-
zação. A OWA oferece garantia de 10 anos do
produto, se instalado corretamente, seguindo
as orientações de manutenção. Porém, o pro-
duto terá durabilidade enquanto o ambiente se
mantiver em operação adequada.
Além do selo Blue Angel, os forros minerais Atestados – Institutos de Pesquisas
OWA são atestados por diversos outros ins-
titutos de pesquisas renomados nacional e • EPA Aachen GmbH – atesta a resistência a fungos
internacionalmente. “Para recomendação dos e bactérias -;
forros acústicos, nos baseamos muito nas nor-
• Resistência a Microorganismos (fungos e bacté-
mas da Alemanha para hospitais. No hospital rias) segundo Norma JIS Z 2801:2000 : Prof. Dr. R.
Oswaldo Cruz, as equipes de arquitetura e Mutters Institut für Medizinische Mikrobiologie und
acústica também adotaram normas e diretri- Hygiene – Marburg, Alemanha. (Forro Mineral OWA
zes internacionais para o projeto e tratamento Bolero Biocide);
acústico. O forro mineral OWA apresenta vá-
• Resistência a Microorganismos, Efeito Bacteriostá-
rias características sustentáveis, mas nossas
tico e Bactericida, Descontaminação Cinética segun-
outras linhas também contribuem com crédi- do norma NF S 90350 – CERA-LABO França (Forro
tos LEED, como a linha de forros e revestimen- los escritórios de arquitetura como melhor Mineral OWA Humancare);
tos de madeira Nexacustic com Certificado sistema de forro acústico.
• Eurofins e ITA (Institut Toxikologie und Aerosolfors-
FSC e Selo E1 de baixa emissão de voláteis Para Nancy, o mercado avançou muito nos
chung): certificam que produtos não contem formal-
orgânicos e, nossa linha SONEX em espuma últimos anos em relação à preservação do
deído e são classificados como de baixa-emissão de
acústica incombustível, com créditos LEED meio ambiente e na consciência sobre o im-
compostos orgânicos voláteis;
nos quesitos isolamento térmico, reflexão a luz pacto dos materiais de construção utilizados.
e inovação", afirma Nancy Devai. “Nós que acompanhamos o mercado desde • ITA (Institut Toxikologie und Aerosolforschung) –
Alguns prêmios e certificações que a OWA 1988, tempo difícil de se falar em tratamento Teste de Biossolubilidade de nossa Fibramineral;
possui no que tange a produção dos mate- acústico assim como, na década de 80 e 90, • RAL: laboratório que certifica a qualidade de nossa
riais reforça o comprometimento da empresa por exemplo, ninguém falava em separar lixo fibra mineral e atesta como substancia não nociva de
com a sustentabilidade ambiental e saúde ou em reciclagem. Acredito que nosso merca- acordo com Hazardous Materials Ordinance;
humana: TUV - ISO9001; ISO14001; BS OH- do amadureceu muito em relação à questão • Resistência ao fogo: Classe A2, s-1,d0 - EN13501
SAS 18000; ISO50001; E-ON Bayern; E.ON do meio ambiente, isso facilitou a entrada de Certificado MPA Alemanha / Classe II A: NBR9442 –
Environmental Award - em 2007 a OWA re- produtos que garantem essa questão. Ainda IT10- Certificado IPT, SP- Brasil / Classe 1 – ASTM
cebeu prêmio ambiental da maior companhia existem produtos mais econômicos que não E84 – Certificado EXOVA, Canada;
de energia da Alemanha, por seu inovador atendem vários quesitos de segurança e que
• Absorção sonora conforme ISO 354: laboratório
sistema de reaproveitamento de calor dos ainda estão em mercado, mas nos grandes
Hochschule für Technik GmbH - Stuttgart-Alemanha;
fornos e redução no consumo de energia; centros este conceito já está bem consolida-
Selo LEED Gold – OWA GmbH Alemanha do”, conclui. • Reflexão a Luz segundo norma ISSO 7724-2: Frau-
2012; ECOPROFIT in the Bavarian Lower nhofer IPA Institut – Stuttgart, Alemanha;
Main Region – desde 2008 a OWA está con- • GSA – certificado de isenção de asbestos/amianto;
tinuamente envolvida no Projeto Ecológico
• Certificados TUV ISO9001-14001-18001: Qualida-
de Proteção Ambiental Integrada; Architects´
de e Gestão Ambiental OWA
Darling Awards 2015 – Alemanha – eleita pe-

54 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
DOSSIÊ TIPOLOGIAS

Newset atua na climatização


em hospitais

Boa engenharia e simplicidade dentro da expectativa do


cliente e com melhor custo benefício são estratégias da
empresa na promoção da sustentabilidade e qualidade
em projetos hospitalares

O
Fotos: Divulgação Newset

sistema de climatização em um ambiente à pressão negativa (isola-


possui uma função estra- mento de pressão negativa), de modo que o ar
tégica e de extrema impor- contaminado não se desloque aos ambientes
tância nas construções hos- adjacentes, assim como um paciente imuno-
pitalares, por isso, medidas deprimido deve ficar em um ambiente especial
diferenciadas devem ser com pressão positiva (isolamento de pressão
incorporadas na implantação e operação de positiva) e todo ar altamente filtrado (filtro ab-
um projeto de extrema complexidade como soluto) para evitar contaminações. Segundo o
este. A necessidade de evitar contaminação, engenheiro, uma simples falha de operação
controlar a temperatura e umidade, garantir coloca em risco as pessoas que estejam pró-
Eduardo Rodovalho um fluxo operacional otimizado são particulari- ximas ou o próprio paciente. Por esse motivo,
dades inerentes às edificações de saúde, uma é extremamente importante que o instalador
vez que o objetivo principal é o cuidado com preveja uma possível situação desta e consi-
a saúde humana. A facilidade de transmissão dere medidas de segurança no projeto mecâ-
de vírus e bactérias pelo ar e a adequação de nico, elétrico e de automação do sistema.
ambientes que não possuem temperatura e Apoiado em seus mais de 30 anos de história
umidade adequadas também são pontos fun- e experiência de engenharia na área de clima-
damentais a serem considerados no projeto tização, a Newset sempre buscou a integra-
de edificações, onde existem pessoas com a ção de soluções de engenharia inteligentes na
saúde, de certa forma, fragilizada. “Diversos ví- implantação dos projetos de ar condicionado
rus e bactérias podem ser transmitidos pelo ar junto às demais disciplinas, aliando tecnolo-
entre pacientes e usuários, podendo gerar ou gia, boa engenharia e simplicidade dentro da
agravar uma doença. A preocupação é sem- expectativa do cliente com melhor custo bene-
Felipe Daud pre seguir as medidas colocadas em norma, fício, adquirindo ampla experiência em diver-
tanto na fase de projeto quanto na operação”, sos setores, bem como especializações e pro-
explica Felipe Daud, engenheiro da Newset. jetos mais exigentes, sendo um deles a área
Daud esclarece que, no caso de uma operação hospitalar. “A migração para o setor hospitalar
já estabelecida, um paciente que possua uma é uma tendência natural de mercado, devido à
doença transmissível pelo ar deve se manter segmentação das instalações e tipos de equi-

revistagbcbrasil.com.br dez/15-jan/16 55
DOSSIÊ TIPOLOGIAS

HOSPITAIS E LABORATÓRIOS

Fotos: Divulgação Newset


Hospital Santa Paula

Hospital Santa Paula

pamentos. Os projetos mais específicos assim mero de renovações, entre outras. A norma máximo na geração de ruídos, desconfortos e
como a área Hospitalar, requerem estrutura, NBR7256 indica os parâmetros necessários principalmente poeira, pois uma partícula em
administração, controle e muita experiência para cada situação dentro de cada ambiente. suspensão que pode levar contaminação a
de engenharia com grande planejamento. Nos Complementando a implantação, a operação locais adjacentes. “A Newset possui toda esta
últimos cinco anos, temos investido muito em é também de extrema importância, de modo preocupação e equipes treinadas, com o obje-
sua gestão operacional de administração e en- que os parâmetros previstos em projeto se tivo de alcançar a maior confiabilidade possível
genharia, assim como estruturação de sócios mantenham controlados ao longo do tempo do sistema em qualquer que seja a situação da
e colaboradores para dar prosseguimento a sendo possível obter confiabilidade sobre os implantação”, ressalta Eduardo Rodovalho.
todo trabalho desenvolvido sem perder o ob- equipamentos, pois a operação normalmente A Newset atuou no projeto de instalação de
jetivo e estratégia planejada”, afirma o diretor é ininterrupta. diversos hospitais no decorrer de sua história,
e engenheiro da Newset, Eduardo Rodovalho. “Estamos constantemente nos empenhando entre eles os hospitais: Albert Einstein, Nove
De acordo com Rodovalho, a busca pela certifi- de modo a tornar as instalações de ar con- de Julho, São Luiz (atualmente Rede D'or), Sa-
cação LEED na área hospitalar, no Brasil, ainda dicionado o mais eficiente possível. Vemos maritano, Santa Catarina, Santa Helena, Santa
está em fase inicial. A maioria dos investimen- também atualmente um crescimento de ações Paula, Unimed, entre outros. Dentre as obras já
tos atuais está focada em reformas (retrofits) 'verdes' por parte dos investidores em outras executadas, estão como destaque os trabalhos
de modo a agregar valor ao serviço e reduzir disciplinas, como por exemplo, a substituição desenvolvidos nas unidades da Rede D'or, que
custos, principalmente no quesito energia. Nes- de iluminação para LED, a criação de plano exigem extremo planejamento e engenharia, de
te foco, acabam sendo tomadas ações que de gerenciamento de resíduos e até mesmo o modo a aumentar a eficiência das instalações
vêm de encontro ao LEED, mas não necessa- investimento em sistemas de aquecimento so- existentes e contribuir consequentemente à
riamente com a obtenção da certificação. Além lar e implantação de ambientes arborizados”, qualidade do ar e bem-estar dos usuários.
disso, as grandes redes hospitalares priorizam destaca Felipe Daud.
Acreditações Hospitalares, que se trata de um Saúde e economia de energia
sistema de avaliação e certificação da qualida- Retrofit
de dos serviços de saúde que está diretamente O ar condicionado é um dos maiores res-
ligado à infraestrutura e instalações dos hospi- Em projetos de retrofit, a responsabilidade da ponsáveis pelo consumo de energia em uma
tais, conforme a norma NBR7256. empresa de ar condicionado é ainda maior e edificação, e este consumo aumenta ainda
Além das pessoas, os equipamentos de alta requer amplo envolvimento no projeto, apura- mais quando incorporado a uma edificação
complexidade (como por exemplo, os de ima- da administração, experiência e planejamento. hospitalar devido a necessidade de funcio-
gem) também necessitam de controle preciso Este envolvimento é necessário, tanto para en- namento ininterrupto. Segundo Felipe Daud,
de temperatura e umidade. Desta forma, é caixar os trabalhos a serem desenvolvidos em além do funcionamento contínuo, os níveis
preciso preocupar-se, não somente em con- horários e períodos negociados com as áreas de filtragem, controle de umidade e ar exterior
trolar a temperatura, mas também com as do Hospital, bem como ter um grande cuidado também se tornam maiores, contribuindo para
variáveis de umidade, pressão, filtragem, nú- com as equipes treinadas visando o controle o aumento do consumo energético. “Temos

56 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
DOSSIÊ TIPOLOGIAS

Hospital São Luiz (Rede D'Or)

Central A.G. - Rede Santa Helena

adotado diversas estratégias para melhorar Inúmeras medidas como o desenvolvimento de seja na operação final. Desta forma, o Prêmio
a eficiência energética das instalações, entre equipamentos especiais junto aos fabricantes, Hospital Best reconhece todo o planejamento,
elas o uso de inversores de frequência em preocupações/medidas acústicas, controle in- execução e consequente resultado final, ne-
ventiladores, água quente para reaquecimen- dividual, entre outras estratégias, são capazes cessário em obras hospitalares. Em 2012, a
to substituindo o uso de resistências elétricas, de proporcionar o maior conforto possível aos Newset também recebeu o prêmio de empresa
e em alguns casos até DOAS (Sistema de Ar usuários, contribuindo para que não sintam a de serviços do ano, pelo próprio Hospital Best.
Externo Dedicado)”, afirma. diferença entre um ambiente hospitalar e o sis- Outra conquista foi o prêmio de Fornecedores
Felipe explica que outras medidas simples na tema de climatização de seu ambiente de tra- Preferidos dos Grandes Hospitais, durante o
operação também podem ser tomadas para balho ou de sua própria residência. ano de 2011, pela revista HOSP VIP 2011.
redução de energia com a ajuda da automa- “Estudos recentes em ambientes de UTIs, “Atualmente formamos um grupo de cinco
ção. Um simples aumento de set-point da tem- apontam que a recuperação destes pacientes empresas, onde conseguimos um melhor
peratura interna de uma sala cirúrgica quando está diretamente relacionada à compartimen- controle por empresa com estabelecimento
ela não está sendo utilizada, ainda mantendo tação dos leitos com controles de temperatura de metas pontuais, além de compartilharmos
o controle de umidade e respeitando à máxima individual e maior presença de familiares. Este de alguns departamentos comuns a todas,
temperatura imposta pela norma, pode contri- é um grande desafio para nós, pois temos pa- o que nos leva a ser bastante competitivos,
buir para a redução energética. “A Newset pro- râmetros normativos de recirculação de ar, taxa com todas direcionadas ao mesmo objetivo.
cura entender cada situação e cada cliente de de renovação, filtragem e controle de tempe- O Prêmio Hospital Best é de grande valia para
modo a contribuir ao máximo para aumento da ratura e umidade que devem ser seguidos e a a Newset, pois é o reconhecimento de todo
eficiência energética”, enfatiza. compartimentação dos leitos nos levam a so- o trabalho realizado pelas diversas áreas da
luções mais complexas”, lembra Felipe Daud. empresa em prol do sucesso da obra”, finaliza
Humanização Eduardo Rodovalho.
Reconhecimento
O sistema de climatização é parte fundamen-
tal para promover um ambiente humanizado A Newset vem conquistando, desde 2003 o
em uma edificação de saúde. A contribuição Prêmio Hospital Best, reconhecimento espe-
da climatização neste sentido se torna um cifico para obra hospitalares, que envolve a
dos grandes desafios, de acordo com Felipe interação de diversos departamentos internos,
Daud. Existem diversas variáveis a serem con- como engenharia, suprimentos, execução, fis-
troladas, como o fato da dimensão dos equi- calização e comissionamento. O motivo desta
pamentos hospitalares, além da necessidade necessidade é pelo fato de que obras hospita-
de um grande trabalho relacionado a pressões lares exigem engenharia complexa e rapidez na
e ruídos. Com isso, o nível de controle destes execução, não permitindo erros ao decorrer do
processos também se torna maior. caminho que impactem, seja no cronograma,

revistagbcbrasil.com.br dez/15-jan/16 57
eventos 2015

Fotos: Divulgação GBC Brasil


EVENTO EM RECIFE
EXPANDE PARA O
BRASIL OS CONCEITOS
DE CONSTRUÇÃO E
DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL

Colégio Estadual Erich Walter Heine,


58 dez/15-jan/16 Rio de Janeiro rev/gbc/br
eventos 2015

O GBC Brasil e o Sinduscon-PE promoveram,


em Recife, o VIII Seminário da Construção
Sustentável e II Sustencons, onde abordaram
temas como desenvolvimento sustentável na
construção civil além de expor soluções e
tecnologias pioneiras para o setor

C
om o intuito de promover a cado nacional e internacional através da fei- Participaram do evento mais de 200 visitantes,
ampliação da Expo Green- ra de exposição SUSTENCONS, bem como 162 participantes do Seminário, 15 palestran-
building e fomentar a cons- abordar estratégias de planejamento na exe- tes e 16 expositores. Entre os participantes es-
trução sustentável em ou- cução das obras, fomentar o interesse de pro- tavam construtores, engenheiros, arquitetos,
tras regiões do país, o GBC fissionais envolvidos na cadeia produtiva no urbanistas, professores e estudantes univer-
Brasil em parceria com o setor da construção civil, além de promover a sitários, além de representantes de entidades
SINDUSCON-PE, além de conscientização da importância da construção e instituições públicas. Além disso, o evento
contar com o patrocínio da sustentável para estudantes e sociedade em contou com ampla cobertura da mídia através
Deca e Rain Bird, promoveu entre os dias 9 e geral. das emissoras SBT e Rede Record.
11 de dezembro o VIII Seminário Pernambu-
cano de Construção Sustentável, na cidade “Trata-se de um grande trabalho de cons- A palestra de abertura, no dia 9, foi iniciada
de Recife. O local do evento foi na sede do cientização de todos os agentes da cadeia pelo engenheiro e presidente do Sinduscon-
SINDUSCON-PE, que também contou com produtiva da construção, do fabricante de -PE, Gustavo Miranda, que abordou as inicia-
a II SUSTENCONS, a feira de tecnologias e insumos ao empresário da construção, pas- tivas com focos em sustentabilidade no setor
inovações sustentáveis para construção. O sando também pelos operários, engenheiros da construção civil, bem como a iniciativas
evento teve como foco a disseminação de e arquitetos”, explica Gustavo de Miranda, desenvolvidas pela organização nos últimos
soluções sustentáveis, práticas e métodos presidente do Sinduscon-PE. dez anos.
construtivos atualmente disponíveis no mer-
Em seguida, representando o Green Building
Council Brasil, o diretor-executivo Felipe Faria
desenvolveu sua palestra, ‘Indústria Nacional
da Construção Sustentável - Consolidação,
Aperfeiçoamento e Expansão’, explanando
sobre as perspectivas na evolução da cons-
trução sustentável no Brasil.

“Estimularemos e iremos colaborar na cons-


trução de uma forte rede colaborativa que
nos permitirá obter sucesso aos desafios pro-
postos. Iniciativas semelhantes estão sendo
programadas para as demais regiões do Bra-
sil, no sentido de engajar as lideranças locais
no movimento de transformação definido por
nossa Missão” afirmou Felipe Faria, diretor
executivo do GBC Brasil

revistagbcbrasil.com.br dez/15-jan/16 59
eventos 2015

Expositores – II Sustencons

A feira de expositores, II Sustencons, que


ocorreu paralelamente às sessões técnicas
do Seminário, ficou localizada na área térrea
da sede do Sinduscon, onde os participan-
tes do evento puderam verificar as diversas
soluções e inovações para construção civil,
sendo reservada à feira uma área de 500 me-
tros quadrados.

A II Sustencons contou com empresas re-


ferência no setor de produtos e soluções
sustentáveis como, a Ecogreen (Telhados e
paredes verdes), Reciclart/Mais Social, Ciclo
Ambiental, Remaster, Acqualimp, RainBird,
Eplast, Sictell, GlobalSun e Celpe, além do Programação das sessões
Movimento Vida Sustentável, desenvolvido técnicas – VIII Seminário
pelo Sinduscon-PE em parceria com diversas
instituições. No primeiro dia também foram realizadas,
após as sessões ministradas pelos represen-
O destaque da II Sustencons ficou a cargo da tantes das instituições organizadoras do even-
exposição de duas casas desenvolvidas com to, Gustavo Miranda e Felipe Faria, as palestras
o uso de tecnologias inovadoras, um dos pro- ‘Keynote Session - O desafio da construção e
jetos utilizou tecnologias como steelframe, dry- operação de condomínios verdes - Como in-
wall, além de contar com geração de energia cluir a sustentabilidade na base de sua em-
através de painéis fotovoltaicos. Um dos dife- presa’, apresentada por Claudio Carvalho da
renciais nesta construção residencial está re- Newinc Construtora e ‘Iniciativas Sustentáveis
lacionado à geração e distribuição de energia no Nordeste Brasileiro - Movimento Vida Sus-
elétrica na rede pública. A casa faz parte do tentável’, com a presença do representante do
acervo do Sinduscon-PE. A segunda casa foi Sinduscon-PE, Serapião Bispo Ferreira.
desenvolvida pela Eplast, onde toda estrutura é
feita com PVC, com a utilização de sal marinho, “O visitante pode acompanhar o que está
recurso considerado abundante atualmente. sendo adotado na cadeia produtiva da cons-

60 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
eventos 2015

Fotos: Divulgação GBC Brasil


trução civil – do planejamento à execução das São Paulo, bem como auditoria energética. Felipe Oliveira, representante da equipe
obras, além das novas características dos Participaram como palestrantes Osvaldo responsável pelo projeto.
empreendimentos que estão sendo entre- Barbosa de Oliveira Junior, Duratex Deca
gues para que o uso durante os anos vindou- com a sessão ‘Uso Racional da Água - Ges- Em seguida, um dos temas mais relevantes
ros, por parte dos moradores ou proprietários tão da Demanda - Evolução e Tendências’; atualmente no setor da construção sustentá-
dos imóveis, se torne mais sustentável tanto Daniel Todtmann, diretor da SMDU, minis- vel, o Referencial GBC Brasil Casa - Certifica-
economicamente quanto ambientalmente”, trando a palestra ‘A dimensão ambiental na ção Sustentável para residências e edifícios
explica Serapião Bispo, diretor de Ciência e proposta de revisão do zoneamento no Mu- residenciais no Brasil, foi explanado por Maria
Tecnologia do Sinduscon-PE. nicípio de São Paulo’, e após um intervalo Carolina Fujihara, coordenadora técnica do
e visita à exposição, a sessão foi retomada Green Building Council Brasil e professora do
A programação do dia foi reiniciada às 14h, com a palestra ‘Auditoria de Energia - O pri- curso Referencial GBC Brasil Casa, oferecido
após o intervalo para almoço e contou com meiro passo para a economia real do con- pela organização,
a participação dos representantes das em- sumo’, apresentada pelo representante do
presas, Duratex Deca, CTE (Centro de Tec- CTE, Wagner Oliveira. “As certificações ambientais de uma forma
nologia de Edificações) e Secretaria Muni- geral, elevam o padrão técnico do mercado,
cipal e Desenvolvimento Urbano (SMDU). O segundo dia do evento iniciou com a pa- ampliam o conhecimento, promovem o de-
Foram abordados temas como uso racional lestra ‘Case Reserva Camará - Planejamen- senvolvimento de novas tecnologias e criam
da água, revisão da lei de zoneamento em to Urbano Integrado’, que foi ministrada por serviços e trabalhos para profissionais qua-

revistagbcbrasil.com.br dez/15-jan/16 61
eventos 2015

lificados. O mercado da construção residen-


cial sustentável no país precisa se expandir e
atender à demandas cada vez mais crescen-
tes, sempre alinhadas com o desenvolvimen-

Fotos: Divulgação GBC Brasil


to sustentável. Iniciamos nosso trabalho no
Nordeste, mas buscamos elevar este padrão
no país todo e fomentar uma economia real-
mente verde.”, Maria Carolina Fujihara.

Finalizando a programação da manhã do


segundo dia, foi a vez da pauta sobre ques-
tões energéticas com a palestra intitulada
‘Programa Nacional para Energia Renovável
e Eficiência Energética’, apresentada por re-
presentantes do Ministério do Meio Ambiente
(MMA) com Alexandra Maciel, Banco Intera- deira responsável na construção civil: baixa Visitas Técnicas
mericano de Desenvolvimento – BID, com Ál- emissão, garantia de renda e sustentabilida-
varo Silveira, e do PNUD (Programa das Na- de na floresta amazônica’, que contou com a O dia 11, terceiro e último dia do evento, foi
ções Unidas para o Desenvolvimento), com presença da WWF Brasil, cujos palestrantes reservado para realização de visitas técnicas
Ludmilla Diniz. foram os especialista Ricardo Russo e Ales- aos empreendimentos Arena Pernambuco,
sandra Barassi. Finalizando as sessões do Reserva Camará e Ciclo Ambiental. O roteiro
As palestras escolhidas para compor a pro- dia, e do evento, o palestrante Ricardo Pas- de visitas iniciou na sede do Sinduscon-PE
gramação no período da tarde foram: ‘Aplica- choal e Paulo Vinícius Jubilut, da Remaster em direção a Usina Solar da Arena Pernam-
ção do Sistema de Gestão Lean Construcion Floor & Ceilling Solutions abordou o tema buco. Após esta visita o destino foi o em-
com apoio da Informatização’, realizada por ‘Infraestrutura Verde no Planejamento Urbano preendimento Reserva Camará, e finalizando
Otacílio Valente, representante do Sinduscon- das Cidades’. a programação a visita à empresa de recicla-
-CE; ‘O uso inteligente da água: Irrigação gem e beneficiamento de resíduos da cons-
Tecnificada – como manter e operar o paisa- Antes de cada intervalo do primeiro e segun- trução civil, Ciclo Ambiental.
gismo de forma eficiente’, com o palestrante do dia a sessão foi aberta para debates entre
Marcelo Zlochevsky, da Rain Bird, referência os participantes e palestrantes.
mundial no setor de produtos para irrigação
e, também, patrocinadora do evento; ‘Ma-

62 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
políticas públicas

GBC BRASIL E WGBC NA COP21


Green Building Council Brasil e WGBC se destacam na maior confe-
rência de mudanças climáticas do mundo e assumem compromissos
de metas audaciosas para mitigação dos impactos ambientais

U
ma das mais importantes conferências de mudanças climá-
ticas no mundo, a COP21, foi palco de encontro de líderes
mundiais para discutir e reforçar compromissos relaciona-
dos à redução de emissões de gases efeitos estufa no mun-
do. O encontro ocorreu no dia 30 de novembro em Paris e a
reunião oficial do encontro foi liderada pelo Ministro Francês
de Ecologia e ex candidato à presidência, Ségolène Royal. O encontro con-
tou com a presença em peso de chefes de estado de diversos países, incluin-
do organizações não governamentais que fomentam ações mitigadoras dos
impactos ambientais.
O GBC Brasil e demais GBCs, representados pelo World Green Building Council
(WGBC) tiveram participação importante durante a conferência com apresenta-
ção do compromisso relacionado à construção de edifícios mais verdes visando
reduzir estes impactos nocivos ao planeta. Um dos objetivos de maior importân-
cia dos GBCs foi o comprometimento em reduzir as emissões de gases efeito
estufa, em 84 gigatoneladas até 2050 no âmbito da construção civil, o equivalen-
te a não construir 22.000 usinas de geração de energia a carvão. O objetivo é não
permitir que o aquecimento global avance mais do que 2 graus ao longo deste
período. Esta é uma das metas mais desafiadoras. Um total de 25 GBCs de todo
o mundo assumiram compromissos nacionais para redução de gases efeitos
estufa trazendo a sustentabilidade dos seus edifícios e garantir que a indústria da
construção desempenhe o seu papel em limitar o aquecimento global a 2 graus.
Os edifícios representam atualmente cerca de um terço das emissões globais.
Mas a construção verde é uma das soluções mais rentáveis para as alterações
climáticas, o que gera benefícios ambientais, econômicos e sociais significativos.
Participaram do evento 100 membros corporativos dos Green Building Councils
(GBCs), incluindo a gigante francesa de fabricação de produtos Saint-Gobain,
incorporador australiano LendLease e a construtora sueca Skanka.
Dentre os GBCs participantes 25 assumiram o compromisso de registrar, re-
novar ou certificar mais de 1,25 bilhão de metros quadrados voltados para
construções que priorizem a sustentabilidade, além de capacitar mais de
127.000 profissionais até 2020, de acordo com as qualificações exigidas para
execução de obras verdes.
A implementação da certificação Net Zero nas edificações também garantiu
seu espaço na cadeia de compromissos do WGBC, para atingir carbono zero
em edifícios novos, e realizar uma reforma para eficiência energética de todos
os edifícios existentes até 2050. Os 100 GBCs apoiaram este compromisso de
alto nível por parte da rede. Além disso, mais três GBCs, sendo eles, Canadá,
Austrália e África do Sul comprometeram-se em aderir à certificação Net Zero
nas construções.

64 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
políticas públicas
Fotos: Divulgação WGBC

Ségolène Royal, Ministra da Ecologia da França, discursa no Buildings Day Reunião do WGBC - Members Day - que ocorreu em Hong Kong em outubro de 2015

"Sabemos como construir cada vez mais. desenvolvimento do mercado criando assim carbono baseado na metodologia REDD+
O desafio é construir mais e melhor. E são melhores oportunidades de negócios para a com a implementação de ferramentas de cer-
compromissos como estes que irão auxi- construção de edificações verdes, focando tificação de construção sustentável (Projetos
liar na transformação global da indústria da prioritariamente nos setores residenciais e de Restauro e Preservação de Florestas Tro-
construção, não somente no atingimento da edificações já existentes (retrofit). picais Nativas).
meta de apenas dois graus, mas também vi- “Os compromissos assumidos pelo GBC “O GBC Brasil lidera o número de Alternati-
sando perceber os benefícios diversos deste Brasil estão alinhados com nosso planeja- ve Compliance Path apresentados ao LEED
novo modelo de edificações” afirma o CEO mento estratégico para os próximos anos, International Roundtable e aprovados pelo
do WGBC, Terri Wills. certo que os objetivos e iniciativas que estão LEED Steering Committee. Aproveitando esta
sendo projetadas e implementadas são po- circunstância e considerando o número de
As ações do GBC Brasil frente tencializadas pela construção de uma forte projetos LEED registrados no mundo, em
às demandas mundiais de sus- rede colaborativa entre GBC Brasil, Ongs, parceria com a Fundação Amazônia Susten-
tentabilidade Associações, iniciativa pública e privada. Isto tável (FAS), estamos propondo um mecanis-
nos permitirá reforçar presença em todo ter- mo para angariar recursos à floresta nativa
A responsabilidade do Brasil frente às ne- ritório nacional estimulando o engajamento tropical como forma de preservação, através
cessidades ambientais mundiais tiveram das lideranças locais”, salienta Felipe Faria. da certificação internacional LEED”, explica
destaque no COP21, onde foram acordados Com isso, a organização brasileira compro- Felipe Faria.
compromissos de mitigação de impactos mete-se, nos próximos cinco anos, a promo- A cadeia de suprimentos e soluções tecnoló-
relacionados ao clima, consumo de energia ver a certificação de 70 milhões de metros gicas também contribuiu para o comprome-
e água, emissões de gases poluentes, utili- quadrados em construções verdes através timento do Brasil em relação às estratégias
zação de materiais ecologicamente corretos, da aderência de ferramentas como o LEED, sustentáveis debatidas no encontro em Paris.
implementação tecnológica visando a otimi- EDGE e Referencial GBC Brasil Casa. Portanto, o GBC Brasil continuará a incenti-
zação dos recursos, bem como o fomento de “O Green Building Council Brasil está demons- var a demanda de materiais e produtos que
políticas governamentais e de incentivos para trando verdadeira liderança em edifícios verdes, se adéquam aos cumprimentos de Avaliação
o setor da construção civil. lançando os seus compromissos ambiciosos de Ciclo de Vida, incluindo as declarações
“Há tempos os membros do GBC Brasil e nestas negociações de críticas mudanças cli- ambientais de produtos. Além disso, com-
parceiros, vem demonstrando liderança e ex- máticas em Paris”, enfatiza Terri Wills. promete-se também a apoiar a utilização de
periência no que tange a transformação da A inclusão de treinamentos técnicos e de ferramentas tecnológicas que possibilitem a
nossa indústria da construção de forma coor- eventos para todas as regiões brasileiras tam- transparência do desempenho das constru-
denada às metas ambiciosas apresentadas bém são metas prioritárias para o GBC Brasil. ções como o LEED Dynamic Plaque.
pelo WGBC durante o COP Paris, visando O objetivo é expandir seu Programa Nacional
contribuir com as metas desejadas sobre mu- de Educação em todo o país, o que possibili- Políticas públicas
danças climáticas”, afirma o Diretor Executivo tará a capacitação técnica de mais de 10.000
do GBC Brasil, Felipe Faria. profissionais até 2020. Com relação ao Green Ações voltadas a políticas públicas de incen-
Os compromissos assumidos pelo GBC Bra- Building Brasil Conferência e Expo, o GBC tivos são metas já consolidadas pelo GBC
sil iniciam-se pela forte relação entre as orga- Brasil espera chegar em 20.000 visitantes por Brasil, e se corroborou ainda mais no encon-
nizações de cunho sustentável, setor público, ano até o ano de 2020. tro mundial COP21. A busca por políticas de
parcerias com o setor privado e associa- Em relação às alterações climáticas no país, incentivos governamentais em apoio às cons-
ções, visando maior cooperação em ações em 2016 o GBC Brasil avança com a promo- truções verdes e comunidades sustentáveis
e programas focados na conscientização, ção de ações práticas para compensação de já fazem parte da agenda da organização

revistagbcbrasil.com.br dez/15-jan/16 65
políticas públicas
Fotos: Divulgação WGBC

Lançamento da Aliança Global para Edifícios e Construções (Global ABC)

no Brasil, sendo endossada com o compro- global ambicioso em relação ao clima, trans- Compromissos da Saint-Gobain
misso assumido no encontro internacional. parência e previsibilidade nos mecanismos fi-
Este compromisso contempla criação de leis nanceiros para o alcance de menores custos •Promover a preservação e disponibilida-
ambientais de cunho mandatório, licitações destinados à redução de emissões de carbo- de dos recursos naturais;
verdes, incentivos fiscais e administrativos no, implementação de mecanismos eficien- •Reduzir em 50% a quantidade de resí-
para edificações construídas dentro da regu- tes na redução do consumo de energia e re- duos não recuperados e dos recursos na-
lamentação e exigências ambientais. dução de gases efeito estufa nos setores da turais até 2025;
O GBC Brasil continuará advogando por construção civil e transportes, garantia do co- •Redução de 80% da descarga de água
melhores oportunidades e mecanismos de mércio internacional em incentivar ações no até 2025;
financiamento que visam o apoio a projetos combate às mudanças climáticas, além da •Reduzir em 15% o consumo de energia
de modernização de construções existen- introdução de certificações ambientais para nas atividades da empresa até 2025;
tes com foco em eficiência energética, bem demonstração dos benefícios de produtos. •Reduzir em 20% as emissões totais de
como comprometer-se em promover iniciati- De acordo com o presidente da Saint-Gobain, CO2 nas atividades industriais, transporte,
vas recompensatórias e de reconhecimento Thierry Fournier, os compromissos do Grupo infraestrutura, produtos e serviços da com-
para as empresas que aderiram aos concei- refletem a nossa determinação em garantir panhia até 2025;
tos de sustentabilidade em seus portfólios, um crescimento sustentável das atividades •Reduzir em 75% o consumo de energia e
tais como GRESB. da empresa e ao mesmo tempo preservan- emissões de gases efeito estufa em seus
Além de intensificar a campanha criada em do o meio ambiente. “A redução das nossas edifícios terciários até 2040;
parceria com a ABESCO e ABRAVA, rela- emissões de CO2 e de consumo energético •Aumentar o número de projetos R&D e
cionada a políticas públicas integradas pelo em toda a cadeia produtiva e de fornecimen- investimentos visando à redução do im-
maior engajamento e participação de todas to é um desafio e já estamos atuando neste pacto ambiental em seus processos e so-
as esferas governamentais no apoio a uma sentido há vários anos. Para isso, contamos luções;
das metas mais ousadas, sendo a redução com os esforços de todos os nossos negó- •Promover a construção sustentável e res-
no consumo de 30% de energia e 40% no cios. Até 2025, a Saint-Gobain pretende re- ponsável visando conservar energia e re-
consumo de água no setor imobiliário brasi- duzir em 15% o seu consumo de energia e cursos naturais, proporcionando conforto
leiro existente até 2030. 20% suas emissões totais de CO2, além de e bem-estar;
diminuir em até 80% os rejeitos de água in- •Desenvolver soluções eficientes e inova-
Saint-Gobain tem destaque na dustriais nos próximos dez anos. O Grupo doras que contribuam para o aumento da
conferência do clima também defende a criação de um preço do eficiência energética e redução no impac-
carbono como um incentivo para a redução to ambiental dos edifícios ao longo do seu
A líder mundial em soluções sustentáveis das emissões”. Segundo Fournier, a COP21 ciclo de vida;
para o setor da construção civil apresenta foi um evento chave para o desenvolvimento •Investir em eficiência energética e treina-
metas audaciosas na conferência de mudan- futuro do nosso planeta e para as gerações mentos de habitat sustentáveis para pro-
ças climáticas. A Saint-Gobain enxerga a forte futuras. “Foi primordial para a Saint-Gobain fissionais e empresários;
necessidade de assumir compromissos junto participar dos debates e trabalhos internacio- •Promover diálogo com stakeholders e
às diversas potências mundiais para limitar o nais, que aconteceram nesta ocasião, para participar no desenvolvimento de projetos
aquecimento global a dois graus. Além disso, marcar a nossa mobilização na luta contra o regulatórios.
o grupo apoia a construção de um acordo aquecimento global”.

66 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
políticas públicas

Empresas brasileiras participam da


COP21 com metas importantes de
prevenção às mudanças climáticas

Ed Mazria, CEO do Architecture 2030, no Buildings Day Projeto de sustentabilidade é apresentado no encontro
pela thyssenkrupp e Ecofrotas

A thyssenkrupp e a Ecofrotas comemoram o resultado da implantação do Projeto Crédito


de Carbono na frota de veículos da empresa para a redução da emissão de CO2. O projeto
Ainda segundo Fournier, o primeiro acordo foi apresentado na conferência mundial de mundaças climáticas, a COP21 bem como seus
climático global para limitar o aquecimento resultados globais. O projeto, implantado em julho de 2014 conta com uma frota de 200 veí-
do planeta traz oportunidades fortes para culos, atualmente o combustível usado é de 100% etanol.
as empresas. Ele norteia as ações do que é A utilização do etanol na frota da empresa em São Paulo reduziu as emissões de gases de
fundamental para estruturar os esforços de efeito estufa em 679 toneladas. Segundo Eurico Moser, Diretor de Sustentabilidade da aera de
cada um. Para ele, a Saint-Gobain está con- negócios Elevator Technology da thyssenkrupp para o Brasil, a meta da empresa é reduzir em
vencida que é possível garantir o crescimen- 12% o consumo de combustível fóssil até 2020. “Hoje, 25% da frota da empresa já usa etanol
to econômico e ao mesmo tempo um de- como parte da nossa política de sustentabilidade”, afirma.
senvolvimento humano sustentável. “Hoje, De acordo com o Programa Brasileiro GHG Protocol, a emissão de gás carbônico provenien-
o setor da construção representa mundial- te da queima do etanol nos motores dos automóveis é considerada neutra, uma vez que a
mente um terço das emissões de gases de cana-de-açúcar absorve o poluente no processo de fotossíntese. “Com isso, empresas que
efeito estufa e 40% do consumo global de priorizam o biocombustível no abastecimento de suas frotas reduzem a emissão de poluen-
energia. Todos os atores da construção civil, tes e podem obter créditos de carbono”, explica Amanda Kardosh, gerente de Sustentabi-
desde as políticas públicas até as constru- lidade da Ecofrotas e que está na COP 21 apresentando os resultados globais do projeto.
toras, os fabricantes de materiais de cons-
trução ou ainda as entidades certificadoras
têm uma responsabilidade importante para
reduzir o impacto dos edifícios. Várias nor- Redução das emissões de CO2 e aceleração da adoção de
mas, regulamentações e certificações já soluções para economia de energia são compromissos
estão a caminho, promovendo a sustentabi- assumidos pela Danfoss na COP21
lidade nos edifícios, bem como o bem-estar
e conforto de seus ocupantes. A COP21 foi
um verdadeiro marco para a conscientiza- O presidente e CEO da Danfoss, Niels B. Christiansen, participa dos maiores eventos para-
ção da sociedade mundial para preservar o lelos à COP21, abordando temas como a aceleração de medidas de eficiência energética e
nosso planeta. Agora, todos nós temos que sua contribuição na redução de emissões de CO2. Além da conferência do clima, em Paris,
trabalhar para concretizar os compromissos Niels participou de discussões nos maiores eventos secundários, tais como o Fórum de Ino-
firmados”. vação Sustentável do PNUMA, em 7 de dezembro, bem como no evento Energy of Tomorrow
do New York Times, no dia 8 de dezembro.
"Quando se trata de combater as alterações climáticas, as soluções inovadoras e tecnológi-
cas de que precisamos já estão prontas - tecnologias que nos permitem poupar energia e
descarbonizar a produção de energia de forma econômica, aqui e agora. Isso é motivo para
otimismo. No entanto, é preciso acelerar a sua adoção por meio de um forte acordo climático
global e uma maior colaboração entre os setores público e privado para fornecer e financiar
as melhores soluções”, explica o presidente e CEO da Danfoss Niels B. Christiansen.
Antes da COP 21, a Danfoss também uniu forças com o Fórum Econômico Mundial, às inicia-
tivas das Nações Unidas e outras empresas internacionais para se comprometer e estimular
a ação climática concreta. A meta de clima da Danfoss é reduzir pela metade o seu próprio
consumo de energia até 2030 e emitir metade do CO2 a partir da energia que utiliza.

revistagbcbrasil.com.br dez/15-jan/16 67
políticas públicas

IPTU Verde: Cidadania


e sustentabilidade
Desconto no IPTU, como ferramenta importante para
o engajamento sustentável nas construções na cidade
de São Paulo, pode chegar a 12%

M
uito se discute sobre me- movimento sustentável avança na busca por qualquer instituição pública ou privada, que
didas, estratégias e ações construções verdes, promovendo a cons- atue em território nacional, e de credibilidade
favoráveis para a preser- cientização através de pesquisas, estudos técnico-científica reconhecida, poderá ana-
vação do meio ambiente, ambientais, engajamento e parcerias, é pos- lisar se o imóvel, construído ou reformado,
bem como o desenvolvi- sível vislumbrar as reais necessidades am- possui qualidades ambientais que contri-
mento social e econômico bientais, sociais e econômicas das cidades e buem para a sustentabilidade, atestando o
das cidades. A insistência e o engajamento também do país. Neste sentido, o IPTU verde melhor desempenho ambiental e assim, re-
das organizações sustentáveis, associações virá como mais uma ação de valor que con- querer a certificação ambiental nos três níveis
e empresas privadas do Brasil, que trilham o tribui para o contínuo empenho em construir de certificação. As organizações certificado-
caminho rumo a um futuro sustentável, tem cada vez melhor, mais eficiente e sustentável. ras deverão fornecer a relação dos certifica-
trazido resultados significativos e influencian- O incentivo fiscal prevê descontos de 4%, 8% e dos emitidos para as edificações beneficia-
do positivamente as ações municipais. 12% no IPTU (Imposto sobre Propriedade Pre- das pelo IPTU Verde, bem como as demais
É possível comprovar estas influências com dial e Territorial Urbana), de acordo com o nível informações necessárias à comprovação das
a apresentação do Projeto de Lei realizada de certificação do empreendimento. São três estratégias adotadas.
pela prefeitura de São Paulo à Câmara dos os níveis de certificação, o nível I prevê descon- Para os fins de enquadramento da Certifica-
Vereadores. O projeto de Lei institui incentivo to de até 4% sobre o IPTU, o nível II, os descon- ção, será exigida equivalência dos requisitos
fiscal para construções novas e existentes, tos vão de acima de 4% até 8%, já no nível III, os de eficiência energética da certificação do
dentro das tipologias residencial e comercial descontos de acima de 8% até 12%. empreendimento aos critérios de desempe-
verticais, com características ambientalmente Para obtenção dos descontos serão conside- nho conferidos, no mínimo, pela Etiqueta B
corretas, o PL 568/2015, criado em outubro radas medidas de sustentabilidade ambien- do Programa Brasileiro de Etiquetagem - PBE
de 2015 em São Paulo, denominado IPTU tal e técnicas construtivas, tais como, maior Edifica, conforme os parâmetros de desem-
Verde. O incentivo será administrado pela eficiência na utilização dos recursos naturais; penho energético das edificações presentes
Secretaria Municipal de Finanças e Desenvol- ampliação da área permeável; gerenciamen- no Regulamento Técnico da Qualidade para
vimento Econômico, com o objetivo de incen- to de resíduos sólidos; controle de emissão o Nível de Eficiência Energética de Edifícios
tivar construções sustentáveis, mediante a de gases poluentes; utilização de materiais Comerciais, de Serviços e Públicos (RTQ-
adoção de práticas que contemplem técnicas sustentáveis; e uso de inovações que promo- -C) e no Regulamento Técnico da Qualidade
voltadas à redução de consumo de recursos vam a preservação dos recursos naturais. Os para o Nível de Eficiência Energética de Edi-
naturais e de impactos ambientais no Municí- critérios para definição da pontuação técnica ficações Residenciais (RTQ-R), do Programa
pio de São Paulo. Tais medidas atendem ao são baseados nos parâmetros estabelecidos Brasileiro de Etiquetagem - PBE Edifica, ou
artigo 195 do Plano Diretor Estratégico Muni- no Plano Diretor, na Lei de Uso e Ocupação nos regulamentos que os substituírem.
cipal, de julho de 2014. de Solo, no Código de Obras e Edificações e A adoção de incentivos fiscais alinhados à
Certificações ambientais como o LEED, são no Plano de Gestão Integrada de Resíduos preservação ambiental são estratégias já de-
grandes incentivadoras de políticas públi- Sólidos da cidade de São Paulo. senvolvidas em diversas cidades no Brasil.
cas como o IPTU Verde. À medida que este De acordo com artigo 6° do Projeto de Lei, Estas iniciativas já são pautas na agenda de

68 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
políticas públicas

Sempre  a  melhor  solução  em    


Clima1zação  nos  empreendimentos  
Sustentáveis  

A   BMS   é   uma   empresa   de   Engenharia   com   experiência   em   instalações,  


manutenções     de   HVAC   e   automação   com   cerAficação   LEED,   mantendo   como    
principio   básico   a   missão   de   prestar   serviços   de   qualidade   a   preço   justo,   com   o  
compromisso   de   ter   parceiros,   não   só   clientes   agregando   confiabilidade   e  
segurança  entre  as  partes.  
 
Obras;  
•  Sistema   de   ar   condicionado   Apo   expansão   direta   e   indireta   para   conforto   e  
aplicações   especificas   (Industrias,   Hospitais,   Hotéis,   Laboratórios,  
55 cidades brasileiras como, por exemplo, Hipermercados,  Shoppings  e  EdiQcios  CorporaAvos).  
em São Bernardo do Campo, onde desde •  Sistema  de  Exaustão,  VenAlação  e  Extração  de  fumaça.  
2008, o desconto contempla edificações que •  Retrofit    de  Sistemas.  
contenham coberturas verdes. Desde 2012, •  Automação  Predial.  
também foi instituído desconto para constru- •  Detecção  de  alarme  de  incêndio,  cabeamento  estruturado,  controle  de  acesso,  
ções que incentivam a economia e reuso de sistema  de  CFTV.  
água, mitigação de fatores que causam en- •  A  BMS  conta  com  sua  própria  estrutura  para    fabricação  de  dutos  e  painéis.  
chentes, medidas para eficiência energética,
coleta seletiva, redução de ilhas de calor e
emissões de gases efeito estufa.
Em 2010, a prefeitura de Guarulhos também
adotou medidas de incentivos fiscais no
IPTU, concedendo desconto de 5% a 20%
para imóveis que possuam estratégias sus-
tentáveis como implantação de áreas verdes,
coleta seletiva, sistemas para captação e reu-
so da água da chuva, sistema de aquecimen-
to hidráulico solar e sistema solar elétrico, uso Algumas  Obras:  
de energia passiva, energia eólica, materiais
sustentáveis e telhados verdes.
Também em 2015, a cidade de Salvador pas-
sou a conceder descontos de até 10% no
IPTU para edifícios residenciais, comerciais,
mistos ou institucionais que adotem práticas
sustentáveis. Outros exemplos ações como
esta também são encontradas em outras re- Con1nental  Pneus  -­‐  BA   LED  -­‐  Barra  Funda  -­‐  SP   Hotel  –  Botafogo  -­‐  RJ  
giões do país como nas cidades de Curitiba,
Porto Alegre, Goiânia e Cuiabá, entre outras.
O IPTU Verde também é uma solução ado-
tada mundialmente em cidades como Berlim
na Alemanha; Dublin na Irlanda; Helsinque,
capital finlandesa; Medellín e Bogotá, ambas
na Colômbia, são exemplos desta preocupa-
ção com um futuro mais sustentável.
Tel.:  (11)3783-­‐8600  
www.bmsar.com.br  
revistagbcbrasil.com.br   dez/15-jan/16 69
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POR QUE SÓ A FÊMEA PICA...


A fêmea precisa de sangue para a produção de ovos.
Tanto o macho quanto a fêmea se alimentam de
substâncias que contêm açúcar, mas como o macho não
produz ovos, não necessita de sangue.

Mais preservação, saúde e dinheiro.


Menos pragas e produtos químicos
Huggo de Lucca, diretor Executivo, Biópolis

Aumento populacional, ocupações desordena- de esgoto destacando-se a leptospirose, tifo,


das e a carência de políticas de controle am- peste bubônica, febre hemorrágica, salmonelo-
biental urbano permitiram que diversas espécies se, sarnas e micoses. As baratas de esgoto (Pe-
sinantrópicas (que vivem em contato com o ho- riplaneta americana)são transmissoras de uma
mem) habitassem as grandes cidades. série de doenças, podendo abrigar bactérias de
diferentes gêneros, protozoários causadores de
O Aedes aegypti, considerado uma das espécies toxoplasmose e antígeno de hepatite B, além de
de mosquito mais difundidas no Planeta pela Agên- alergias e asma.
cia Europeia para Prevenção e Controle de Doen-
ças (ECDC), tem gerado grande temor as autorida- Sua presença ainda atrai seus predadores, os
des de saúde pública Brasileiras e exemplifica bem escorpiões amarelos (Tityus serrulatus), que apre-
a importância de tratar o tema pragas urbanas com sentam taxa de crescimento de 25% ao ano e po-
seriedade, conhecimento e responsabilidade. dem gerar sérios acidentes. Já os cupins, muito
associados às perdas estruturais em edificações
Uma determinada espécie da fauna sinantrópica antigas, são fundamentais para decomposição
pode ser considerada praga urbana quando sua de celulose, aeração, drenagem e ciclagem de
presença gerar algum prejuízo econômico, social nutrientes do solo.
ou até estético. Logo, entende-se que a classifi-
cação praga urbana é situacional e uma mesma A presença de pragas urbanas é multifatorial,
espécie pode ser considerada praga urbana em sendo influenciada por: padrões de construção,
um contexto, mas não em outro. presença de água, abrigo, alimento e acesso,
acondicionamento e frequência da retirada de
As populações de baratas e ratos por exemplo, lixo, segmento de atuação, entorno, dinâmica das
cumprem um papel importante na decomposi- infestações, dentre outros. Uma vez esgotados
ção de resíduos. No entanto, a OMS já catalogou esses fatores, faz-se necessário o uso de bioci-
cerca de 200 doenças transmitidas pelos ratos das (domissanitários).

70 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
certificações

Os compostos com atividade biocida são, em


graus variáveis, tóxicos para diversos organismos,
exigindo para seu uso o cumprimento de normas e
medidas que reduzam os efeitos prejudiciais. Sua
manipulação deve ocorrer por instituições legali-
zadas e somente quando registrados no Ministério
da Saúde.

O serviço prestado por empresas de controle de


pragas consiste na redução da probabilidade de
ocorrência das pragas urbanas, não sendo possí-
vel o uso de conceitos como extermínio ou erradi-
cação de espécies.

Um dado alarmante registrado pelo Centro de Vigi-


lância Sanitária do estado de São Paulo é que das
1.276 empresas que atuam no estado, apenas
120 possuem licença de funcionamento. Ou seja,
mais de 90% está na informalidade.

Como podemos observar, a questão de pragas ur-


banas deve ser tratada de forma séria e preventiva
para obtermos ganhos no âmbito da saúde públi-
SANITRIT:
ca e da economia. Solução para banheiros em qualquer local
Instalar novos banheiros em uma construção bos podem ser de pequeno diâmetro (32 mm),
existente nem sempre e uma tarefa fácil, em es- permitindo a instalação dentro de paredes, do
pecial quando o ramal de esgoto está acima ou forro ou do piso elevado.
longe do ponto desejado. Segundo Xavier Desrousseaux, Diretor da Sani-
Mas a solução SANITRIT pode resolver o pro- trit Brasil, o sistema tem resolvido problemas até
blema em apenas um dia, sem grandes obras. mesmo em obras novas, recém-entregues pela
Huggo de Lucca é diretor Executivo da Biópolis – Eco Con-
O sistema consiste em uma bomba alojada em construtora. Foi o que aconteceu na nova sede
trole de Pragas Urbanas, administrador pelo Instituto Mauá
um reservatório que recolhe e tritura os residuos da Advocacia Felsberg, em São Paulo. O dire-
de Tecnologia (IMT) e especialista em Economia pela FGV.
do banheiro e os conduz ao sistema de esgoto tor do escritório havia solicitado um banheiro ao
existente por um tubo de 32 mm por até 5 me- lado de sua sala, mas a canalização principal de
tros na vertical ou 100 metros na horizontal. Fácil esgoto ficava longe. “A solução foi o triturador
de esconder dentro de uma parede, o sistema sanitário da Sanitrit. O projeto foi realizado em
antigravitacional de evacuação de esgoto da tempo recorde, sem desperdício de materiais e
SANITRIT é a solução ideal para instalar banhei- com menor mão de obra”.
ros em qualquer sala corporativa sem necessi- O sistema Sanitrit foi desenvolvido na França há
Biópolis dade de quebrar o piso. mais de 58 anos. Hoje são 8 milhões de siste-
Unid. Pesquisa: Av. Professor Lineu Prestes, 2242 Sanitrit é silencioso (50 dB). A alimentação do mas instalados no mundo.
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revistagbcbrasil.com.br dez/15-jan/16 71
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cas eletrônicas, etc; Sempre buscando o que há de melhor em tec-
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das dos distúrbios de energia; dores com foco em economia, produtividade e
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temas de potência e desarmamentos de disjun- de água em suas lavagens de até 95% e capa-
tores sem motivos aparentes, causados por cidade de até 1.200 veículos por dia e tem seu
correntes parasitas. tempo médio de lavagens em apenas 60 segun-
dos por veículo.

72 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
certificações

ERRATA: Anuário GBC Brasil 2015


Pág 167: Pág 203:
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Área construída: 42.500 m² (estádio)
19.952,40m² Projeto (data):
Projeto (data): 2011
2009 Conclusão da obra:
Conclusão da obra: 2012
2013 Certificação:
Certificação: 27/06/2014
25/04/2014 Sistema e Nível da Certificação:
Sistema e Nível da Certificação: LEED NC Platinum
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revistagbcbrasil.com.br dez/15-jan/16 73
opinião

Primeira casa do
futuro feita por
crowdsourcing Jeann Vieira, LEED AP
Diretor da ETRIA

A
Enel apresentou em setembro de 2015, na Expo Milão tantes únicos interagiram com a plataforma compartilhando ideias e
2015, o projeto arquitetônico da casa do futuro que a informações, e quatro mil ideias cadastradas foram avaliadas por um
empresa vai começar a construir no Brasil antes do comitê técnico. As melhores ideias foram incorporadas ao design,
final de 2015, como parte do projeto NO.V.A. (Nós após a avaliação do comitê.
Vivemos o Amanhã). Esta é a primeira vez que uma O projeto arquitetônico da casa foi desenvolvido no Brasil pelo es-
iniciativa de crowdsourcing foi usada para ajudar a critório de arquitetura Studio Arthur Casas, que produziu projetos
construir uma casa do futuro, com ideias coletadas através do site aclamados em todo o mundo, incluindo o Pavilhão do Brasil na Expo
www.nosvivemosoamanha.com.br. Milão 2015.
A construção da casa deve terminar antes dos Jogos Olímpicos do "Este projeto nos deu a incrível oportunidade de projetar uma casa
Rio em 2016. Uma vez concluída, será a primeira casa do futuro no que gera mais energia do que consome”, disse o arquiteto da Arthur
mundo que funcionará como um “living lab”, onde as pessoas vão Casas. "Também nos fez reavaliar espaços domésticos em linha com
cooperar com o projeto, vivendo no local e testando diariamente as as necessidades impostas pela sociedade moderna”.
soluções inovadoras. As tecnologias e seu impactos na vida cotidia- Uma característica importante da casa é que ela pode tomar deci-
na e nos hábitos de consumo dos moradores serão constantemente sões por si só. Um conjunto de sensores e equipamentos de controle
monitorados, com o objetivo de aprimorar as soluções oferecidas remoto, por exemplo, permitirá que as janelas se fechem quando a
pelo projeto. chuva se aproxima ou, ainda, que os bombeiros sejam alertados se
“Precisamos entender como será a relação dos nossos clientes com o sistema detectar um princípio de incêndio. A casa também terá
o consumo de energia no futuro. Por isso, estamos adotando um en- aparelhos de controle remoto inteligentes, que poderão decidir os
foque em inovação aberta para um entendimento sobre o consumo melhores momentos do dia para serem usados, tornando o uso de
inteligente”, ressalta o responsável pela Enel Brasil, Marcelo Lléve- energia mais eficiente.
nes. “Este laboratório vivo é prova do compromisso da Enel com A casa será autossuficiente em energia e funcionará como uma
a inovação centrada no cliente e o diálogo permanente com seus microrrede, produzindo cerca de 105% de sua demanda graças à
stakeholders. Vamos usar as respostas de quem for morar na casa energia solar gerada por painéis instalados no telhado. A energia ex-
para aprender mais sobre como as tecnologias inovadoras dispo- cedente poderá ser armazenada em baterias de alta capacidade ou
níveis atualmente podem ser usadas para servir às pessoas. Nós transferida para a rede de distribuição local, aumentando a produção
também teremos a oportunidade de testar soluções que ainda não e o consumo de energia limpa.
estão no mercado. Este é um projeto muito emocionante”. A construção vai reduzir em até 85% o volume de resíduos e em 80%
Desde novembro de 2014, pessoas de todo o mundo usaram a pla- a emissão de carbono em comparação com uma casa convencio-
taforma online do NO.V.A, para discutir como deveria ser a casa do nal do mesmo tamanho (cerca de 375 m²). O projeto também vai
futuro. Foram cerca de 200 mil acessos de 106 países. 23 mil visi- usar materiais inovadores, como madeira com alta capacidade de

74 dez/15-jan/16 rev/gbc/br
opinião

“A implementação da certificação Living Building Challenge (LBC) será


um marco para a construção sustentável no Brasil, assim como foi a
primeira certificação LEED em 2004. Este projeto irá elevar o nível e às
expectativas dos projetos que virão depois, além de produzir e transmi-
tir know-how para as equipes envolvidas, que por sua vez irão difundi-los
no mercado. Além do LBC, o projeto mostra todo o seu comprometi-
mento com o desempenho energético e ambiental ao implementar todos
os sistemas de certificação de destaque no Brasil, como o PBE Edifica
(Inmetro), Referencial GBC Brasil Casa (GBC Brasil) e AQUA (Fundação
Vanzolini). Estamos muito felizes em poder prestar consultoria em todos
estes processos”
Jeann Vieira, diretor da
ETRIA, empresa responsável
pela consultoria ambiental.

isolamento térmico e tintas antichamas com capacidade de isola- inovadoras para geração distribuída e sistemas de armazenamento,
mento acústico. A estrutura da casa será formada por módulos pré- assim como soluções em eficiência energética.
-fabricados, que reduzem o tempo de construção e o uso de água e Esta segunda fase do projeto, após o lançamento da plataforma do
de materiais convencionais, como argamassas, mais agressivos ao NO.VA em novembro de 2014, será coordenada pela distribuidora
meio ambiente. de energia elétrica Ampla, subsidiária do grupo Enel no Brasil que é
As tecnologias planejadas para equipar a casa refletem o pioneiris- responsável pelo projeto NO.V.A., e por duas instituições de ensino
mo do projeto: parceiras: a Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) e a Fundação
• A casa será autossuficiente no uso de água. A captação de Getúlio Vargas (FGV).
água da chuva reduzirá o risco de inundações. Todos os efluen- A casa do futuro da Enel Brasil também será a primeira construção
tes, incluindo esgoto, serão tratados e reutilizados; na América do Sul a concorrer à certificação Living Building Challen-
• Equipamentos inteligentes medirão o consumo de água, ener- ge (LBC), selo internacional com padrão de desempenho rigoroso
gia e gás em tempo real; que certifica edificações de todas as escalas que operam de forma
• A casa será integrada com dispositivos de monitoramento de limpa e responsável com o meio ambiente.
saúde dos moradores; A Enel Brasil, subsidiária do grupo Enel, tem sede em Niterói (RJ) e
• Janelas feitas com vidros autolimpantes vão escurecer ou clare- operações em quatro estados do país: Rio de Janeiro, Ceará, Rio
ar de acordo com a claridade do sol; Grande do Sul e Goiás. O grupo atua em distribuição de energia
• Piso usará passos para gerar energia; por meio das distribuidoras Ampla (RJ) e Coelce (CE), em geração
• Sistema de refrigeração inteligente evitará o uso de ar-condi- pelas geradoras Endesa Fortaleza (CE) e Endesa Cachoeira (GO),
cionado; em transmissão através da Endesa Cien (RS) e serviços por meio
• Bancadas interativas serão equipadas com acesso à internet; da Prátil.
• TVs transparentes serão instaladas;
• Um biodigestor produzirá gás, a partir de resíduos orgânicos,
para ser usado na cozinha.
A casa também terá uma horta orgânica, que cobrirá uma área de
até 1.000 m², para produção de alimentos. Além disso, o projeto foi
desenhado para que não seja necessário o uso de energia elétrica
durante o dia.
O NO.V.A. também está aberto a outros possíveis parceiros, que po-
derão testar novos produtos e serviços. A Prátil, empresa da Enel
Brasil que atua em geração distribuída, testará na casa soluções

revistagbcbrasil.com.br dez/15-jan/16 75
opinião

Ar comprimido:
o sopro que a
indústria precisa Fabio M. Narahara
Diretor de Marketing para América
Latina do grupo Ingersoll Rand

Desde o século 19, a energia proveniente do ar vem transformando


os métodos de produção e tem se tornado cada vez mais presente
e indispensável onde não pode haver contaminação

P
ense rápido! Depois da água e da energia elétrica qual trial, o ar comprimido tem exercido papel essencial de complemen-
o elemento presente na maior parte dos processos tar, ou até mesmo substituir, a energia elétrica. Com isso, sua utiliza-
de produção? Muito provavelmente você responderá ção pode fazer parte de uma política energética das companhias que
errado. Trata-se do ar comprimido, também conheci- procuram atingir metas de redução em tempos de crise. Pois, como
do de energia proveniente do ar, um recurso pouco sabemos, a energia é um dos custos mais elevados para o processo
lembrado, mas que é responsável por movimentar as de produção e o setor industrial responde por até 40% de toda a
principais ferramentas e máquinas industriais, tornando-se um dife- energia consumida no Brasil.
rencial competitivo na produção e na logística mundiais. O investimento em ar comprimido é uma grande vantagem para o
É no setor alimentício e farmacêutico, porém, que o ar comprimido processo industrial, sobretudo pelas facilidades de sua obtenção. A
isento de óleo torna-se um componente indispensável. Por meio de começar pela baixa densidade dos gases, o que permite ser subs-
tecnologias e sistemas adequados é possível gerar ar comprimido tancialmente comprimido e gerando energia, diferentemente dos
de alta qualidade e eliminar quaisquer riscos de contaminação na líquidos. Além disso, essa energia não apenas está entre as mais
produção de alimentos. O ar comprimido isento de óleo também im- importantes, como também podemos produzi-la em quantidade ex-
pede qualquer contaminação durante seu uso em gabinetes odonto- pressiva, por meio de compressores de ar, e ainda, reduzir seu volu-
lógicos, químicos e outros processos altamente críticos. me para empregá-lo de forma eficiente na produção.
Não é por acaso que a utilização do ar comprimido vem ganhando Não bastando sua vasta utilização na produção industrial gerando
destaque desde a Revolução Industrial, já na segunda metade do energia, o ar comprimido ainda auxilia em operações em que se pre-
século 19, quando foram fundadas as primeiras indústrias dedicadas cisa de força e destreza, como nas plataformas de petróleo e sondas
à produção de compressores. A ideia de utilizar o ar surgiu pela pri- de navios, além de fornecer pressão para máquinas de limpeza, pin-
meira vez em 1861, com foco na perfuração de rochas. E em 1904 já tura e pulverização.
era utilizado por Simon Ingersoll (1818-1894) na construção do Canal Já na logística industrial é empregado no transporte de toneladas de
do Panamá. pó e grãos rapidamente de um lugar ao outro, ao mesmo tempo em
Ainda hoje, o ar comprimido segue ocupando lugar de destaque na que é responsável pelo deslocamento de objetos e componentes muito
indústria pesada, sendo fundamental na movimentação das grandes pequenos, como partículas sólidas, micro-organismos e vapor d’água.
máquinas da construção civil, aviação, navegação, siderurgia, explo- Resgatar a história da utilização do ar comprimido é necessário para
ração mineral, escavação, prospecção mineral, e outros. Contudo, entender sua importância na indústria. Uma das líderes em sistemas
seu grande destaque diz respeito ao nosso cotidiano, já que seu uso de ar comprimido, a Ingersoll Rand – faz parte dessa trajetória, de-
também está presente de diversas formas: em consultórios odonto- senvolvendo compressores desde o século 19. Está empenhada há
lógicos, em uma britadeira, ou em aberturas e fechamento de portas 144 anos em soluções de ar comprimido para as mais variadas apli-
de trens e metrôs, por exemplo. cações e usuais da energia do ar, com a missão de garantir maior
No entanto, o que muita gente não percebe é que no dia a dia indus- eficiência e produtividade sustentável à indústria brasileira.

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