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PROAMI 2013;10(2):57-102
ABORDAGEM DO PACIENTE COM
INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA
AGUDA
Márcio Antônio Arbex
Luciana Ferreira Oliveira
Sara Carvalho Barbosa
■■ INTRODUÇÃO
A insuficiência respiratória aguda (IRpA) é uma causa frequente de admissão na unidade de
terapia intensiva (UTI) e responsável por taxas altas de mortalidade. Vincent e colaboradores,
em 2002, analisaram 1.449 pacientes internados em 40 UTIs de 16 países. Eles mostraram que
32% dos pacientes foram admitidos na UTI em razão de IRpA, ao passo que 35% dos pacientes
admitidos por outras causas desenvolveram insuficiência respiratória durante sua internação
nessa unidade.1
Outro estudo, realizado nas UTIs do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP),
revelou uma prevalência de 57% de IRpA em 1.732 pacientes avaliados. A mortalidade nesse grupo
foi de 48%. Em outros 889 pacientes admitidos sem falência respiratória, 16% desenvolveram a
doença durante a internação.
sólidas. Acredita-se que o diagnóstico rápido e preciso da IRpA e de suas causas, bem como a
elaboração de estratégias terapêuticas eficazes possam melhorar o desfecho desses pacientes
na UTI.
■■ OBJETIVOS
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de:
■■ Esquema conceitual
PROAMI 2013;10(2):57-102
Definição Desequilíbrio da relação
Insuficiência respiratória ventilação/perfusão
Classificação fisiopatológica alveolocapilar ou hipoxêmica
Shunt
Fisiologia e fisiopatologia Insuficiência respiratória
ventilatória ou hipercápnica
Gradiente alveoloarterial
Insuficiência respiratória mista
Etiologia Volume-minuto e efeito espaço
morto
Gasometria arterial
Exames complementares
Oximetria de pulso
Radiografia de tórax
Asma
Caso clínico 1
Casos clínicos Caso clínico 2
Caso clínico 3
Conclusão
60
■■ DEFINIÇÃO
ABORDAGEM DO PACIENTE COM INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA
Na IRpA, o sangue venoso que retorna aos pulmões não consegue ser adequadamente
arterializado e sua tradução gasométrica será representada por PaO2 < 60mm Hg e/ou PaCO2
> 50mm Hg (com pH < 7,30). Lembrando que esses valores são arbitrários, assim como essa
conceituação gasométrica é simplista.4,5
■■ CLASSIFICAÇÃO FISIOPATOLÓGICA
Podem ser identificados três mecanismos que levam à insuficiência respiratória, a saber:¹,6,7
■■ tipo I – insuficiência respiratória decorrente de alteração na relação V/Q. Tem como mecanismo
o shunt parenquimatoso pulmonar. É também denominada IRpA alveolocapilar ou insuficiência
respiratória hipoxêmica;
■■ tipo II – insuficiência respiratória decorrente de hipoventilação. Conhecida como IRpA ventilatória,
cujo mecanismo básico é a hipoventilação alveolar. Sua característica é a hipercapnia;
■■ tipo III – IRpA na qual ocorrem os dois mecanismos fisiopatológicos superpostos ou combinados
(alteração da relação V/Q e hipoventilação alveolar).
LEMBRAR
Em todos os tipos de IRpA existe hipoxemia.
A hipoxemia é uma situação grave, pois a redução do conteúdo arterial de oxigênio leva à queda da
oferta e do consumo desse gás e, consequentemente, à hipoxia tecidual, a qual, se for prolongada,
poderá levar à morte celular.6
ATIVIDADE
1. Defina a IRpA.
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2. Quais são os fatores de risco para a IRpA?
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■■ FISIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA
A seguir, serão destacados alguns aspectos relacionados à fisiologia e à fisiopatologia da IRpA.4-7
O desequilíbrio na relação entre ventilação e perfusão pode ocorrer de duas maneiras: pouca
ventilação em relação à perfusão (baixa V/Q) ou alta ventilação em relação à pouca perfusão (alta
V/Q).
Na baixa V/Q, o sangue passa por alvéolos pouco ventilados, sofrendo oxigenação insuficiente.
Pela facilidade de difusão do gás carbônico, não há hipercapnia, exceto em fases muito avançadas.
Na alta V/Q, áreas alveolares ventiladas adequadamente não são perfundidas. Quando isso
ocorre em grandes extensões, funciona como hipoventilação, pois a ventilação alveolar está
sendo "perdida" para áreas onde não há trocas gasosas.
Shunt
Quando a baixa V/Q ocorre em sua apresentação máxima, ou seja, parte do sangue passa por
áreas sem qualquer ventilação, mantendo sua composição venosa, ela é denominada shunt. Ao
contrário, quando a alta V/Q ocorre em sua extensão máxima, com área sem perfusão, denomina-
se efeito espaço morto.
Doenças que provocam preenchimento alveolar por inflamação, edema (edema agudo de pulmão
[EAP], pneumonia, síndrome da angústia respiratória aguda [SARA]) e que levam ao colapso
alveolar resultam em menor quantidade de oxigênio alveolar disponível para ser captado nas
unidades alveoloscapilares, onde a perfusão passa a ser maior do que a ventilação para uma dada
unidade alveolar. Esse desequilíbrio é conhecido como efeito shunt (desvio).
Isso implica que parte do sangue venoso que chega aos capilares pulmonares não é oxigenado
quando retorna ao átrio esquerdo. A consequência fisiológica desse desequilíbrio entre a ventilação
e a perfusão é a hipoxemia.
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■■ O efeito shunt é uma das principais causas de hipoxemia em pronto-socorro e UTI (por
exemplo, EAP e SARA).
■■ O distúrbio V/Q responde à suplementação de oxigênio em altas concentrações.
■■ As situações em que ocorre o efeito shunt (SARA, por exemplo), não respondem
à suplementação de oxigênio como terapia isolada, pois a relação V/Q é totalmente
quebrada.
A hipoxemia causada pelo shunt não é corrigida por oxigênio a 100% por dois motivos:
■■ o oxigênio ofertado não atinge a região do shunt em razão da ausência total de ventilação;
■■ o oxigênio suplementar que atinge as áreas que ainda estão ventilando não compensa a
hipoxemia nas áreas com shunt, uma vez que o conteúdo de oxigênio no sangue não aumenta
além do limite de saturação da hemoglobina. Assim, se a hemoglobina já estiver 100%
saturada, um aumento na oferta alveolar de oxigênio não leva ao aumento de seu conteúdo
capilar (Figura 2).
100
↓ [ H+ ]
↓ Temperatura
Oxigênio-hemoglobina saturada (%)
80
↓ PaCO2
A b c
60 ↓ 2,3-DPG
↑ [ H+ ]
40
↑ Temperatura
↑ PaCO2
20
↑ 2,3-DPG
0
0 20 40 60 80 100
PaO2 (mm Hg)
também hipoxemia, uma vez que na hipoventilação não há renovação do ar alveolar, que,
consequentemente, vai reduzindo suas concentrações de oxigênio e elevando as concentrações
de gás carbônico. Portanto, a alteração primordial é a redução da ventilação alveolar.
Assim sendo, qualquer situação patológica em que ocorra disfunção da mecânica ventilatória, com
consequente hipoventilação, pode levar à insuficiência respiratória com hipercapnia.
ATIVIDADE
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6. Descreva o shunt.
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A IRpA mista surge nas doenças pulmonares nas quais estão presentes a hipoventilação alveolar
com hipercapnia e a hipoxemia, consequência de alterações alveolocapilares. Na IRpA mista
ocorre também aumento do gradiente alveoloarterial em razão do desequilíbrio da relação V/Q.
As doenças que podem servir de exemplo como causa de IRpA mista é a doença
pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) exacerbada e a asma severa.
Gradiente alveoloarterial
Conforme escrito anteriormente, a hipoxemia vai estar presente nos dois tipos fisiopatológicos de
IRpA. Como diferenciar se a hipoxemia é decorrente da diminuição da ventilação ou de alterações
alvéolos-capilares (crise hipoxêmica) primária? O cálculo do gradiente alveoloarterial de
oxigênio é uma ferramenta útil. Sua fórmula é a seguinte:
A PaO2 (pressão parcial de oxigênio no sangue arterial) é obtida pela gasometria arterial. A
PAO2 (pressão parcial de oxigênio nos alvéolos) é obtida pela fórmula ou equação dos gases
alveolares que se segue:
O gradiente (ou diferença) alveoloarterial com valor normal (até 15) origina hipoxemia decorrente
exclusivamente da diminuição da pressão alveolar de oxigênio decorrente de hipoventilação. Um
gradiente alveoloarterial > 15 resulta em alterações no processo de oxigenação, podendo ou não
estar associadas à hipoventilação alveolar.
LEMBRAR
O volume corrente diminui, por exemplo, em patologias neuromusculares, doenças
obstrutivas e fadiga muscular.
O aumento do espaço morto fisiológico pode elevar a PaCO2 por distúrbio V/Q (alta V/Q), já que
a presença de áreas ventiladas, mas não perfundidas (efeito espaço morto, como ocorre no
tromboembolismo pulmonar [TEP]), impossibilitam a eliminação de dióxido de carbono presente
no sangue e que retorna ao átrio esquerdo.
■■ ETIOLOGIA
São causas de insuficiência respiratória do tipo I:
■■ SARA;
■■ pneumonia;
■■ atelectasia;
■■ edema pulmonar;
■■ embolia pulmonar;
■■ afogamento;
■■ DPOC em exacerbação;
■■ asma grave;
■■ pneumotórax.
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As causas de insuficiência respiratória do tipo II estão relacionadas no Quadro 2.
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Quadro 2
ATIVIDADE
A) Ruim, uma vez que a paciente está em coma, devendo ser prontamente intubada.
B) Boa, podendo ser ofertado por máscara de pressão positiva contínua nas vias aéreas
(CPAP, do inglês continuous positive airway pressure).
C) Boa, mas em razão da disfunção neurológica grave, a oxigenação tem que ser
administrada por meio de VMI.
D) Boa, bastando ofertar o oxigênio por cateter nasal.
Resposta no final do artigo
■■ DIAGNÓSTICO
A IRpA tem uma apresentação clínica muito variada, relacionada à doença ou à condição básica
que a causou. Por outro lado, as manifestações clínicas da hipoxemia e da hipercapnia não são
específicas, mas o diagnóstico de IRpA é preciso e precoce com a análise gasométrica do sangue
arterial somada ao quadro clínico.
AVALIAÇÃO CLÍNICA
A anamnese completa deve verificar:
LEMBRAR
Em virtude da gravidade do quadro, a história é obtida, em geral, com os familiares.
Uma boa observação clínica já indica a seriedade do quadro de insuficiência
respiratória, sendo crucial para o diagnóstico e intervenção precoces.
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Sinais e sintomas da insuficiência respiratória aguda
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Os sinais e sintomas da IRpA estão relacionados no Quadro 3.
Quadro 3
Nem sempre há correlação entre a gravidade dos sintomas e a alteração gasométrica. Por
exemplo, um paciente com cetoacidose diabética apresenta-se dispneico, embora não
esteja com IRpA, ou um paciente com DPOC pode apresentar alterações gasométricas
importantes, sem referir falta de ar em razão da sua adaptação à cronicidade da doença.
70
No Quadro 4, estão listados os achados clínicos da hipercapnia e da hipoxemia.
ABORDAGEM DO PACIENTE COM INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA
Quadro 4
Hipoxemia ■■ Diaforese
■■ Ansiedade
■■ Taquicardia e arritmia
■■ Taquipneia
■■ Confusão
■■ Rebaixamento do nível de consciência
■■ Convulsões
■■ Hipotensão/hipertensão
Fonte: Martins e colaboradores (2011).5
EXAMES COMPLEMENTARES
Gasometria arterial
Para o diagnóstico laboratorial, a gasometria arterial é fundamental e obrigatória. Os critérios
gasométricos arteriais que definem IRpA são PaO2 < 60mm Hg e PCO2 > 50mm Hg.
É essencial ter o valor da fração inspirada de oxigênio (FiO2) com que foi colhida a amostra da
gasometria (por exemplo, ar ambiente = 0,21). A importância da relação PaO2/FiO2 (P/F) é descrita
na literatura e auxilia no diagnóstico, prognóstico, conduta e acompanhamento.12
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■■ pH: 7,35 a 7,45;
■■ PaCO2: 35 a 45mm Hg;
■■ PO2: 80 a 100 mm Hg;
■■ HCO3: 22 a 26mm Hg;
■■ BE: -2 a +2;
■■ SatO2: > 95%.
Oximetria de pulso
A oximetria de pulso avalia imediata e continuamente a oxigenação. É um método não invasivo
e de grande importância. No entanto, várias condições podem afetar sua acurácia, inclusive se a
SatO2 encontra-se abaixo de 80% (Quadro 5).
Quadro 5
LEMBRAR
A leitura dos oxímetros pode sofrer interferência pelas arritmias cardíacas, esmaltes,
má perfusão periférica e hipotermia.
A avaliação mais apurada em relação à fisiopatologia da hipoxemia pode ser obtida com a
determinação da diferença alveoloarterial de oxigênio por meio da equação:
Conforme citado anteriormente, um paciente que apresenta PaO2 baixa e P(A-a)O2 normal
apresenta insuficiência ventilatória, enquanto o paciente que apresenta PaO2 baixa e P(A-a)O2
elevada apresenta insuficiência hipoxêmica.5
A IRpA é uma situação de emergência e pode evoluir para um evento fatal. Portanto, o tratamento
imediato tem de ser implementado antes que a etiologia específica seja diagnosticada e tratada,
assegurando-se, assim, a proteção de vias aéreas, além de oxigenação e ventilação adequadas.
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OUTROS EXAMES
ABORDAGEM DO PACIENTE COM INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA
Radiografia de tórax
A radiografia de tórax complementa a avaliação clínica e gasométrica e é indispensável na
avaliação do paciente com insuficiência respiratória. É útil para guiar a conduta e definir a etiologia
da IRpA.
As projeções que melhor trazem informações adicionais sobre a patologia são as posteroanterior
(PA) e perfil, mas, em razão das circunstâncias de imobilização do paciente, usualmente é utilizada
a projeção anteroposterior (AP). Em caso de derrames pleurais, utiliza-se a incidência em decúbito
lateral com raios horizontais (Laurell) como forma de determinar se o líquido pleural encontra-se
livre ou não.
LEMBRAR
A radiografia de tórax traz também informações sobre o posicionamento de tubos
e drenos, a presença de infiltrados, atelectasia, cavitações, massas, nódulos,
derrames pleurais, pneumotórax, lesão de mediastino e avaliação da área cardíaca
e aorta.
Tomografia de tórax
A tomografia computadorizada (TC) de tórax14 tem se firmado como um dos exames mais
importantes na avaliação do paciente com alterações pulmonares. As vantagens da TC são:
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LEMBRAR
O diagnóstico de TEP por meio da TC helicoidal depende da experiência do
observador e, caso os êmbolos estejam em vasos de pequeno calibre, existe a
possibilidade do exame ter resultado falso-negativo.
ATIVIDADE
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Alguns sinais e sintomas direcionam o diagnóstico para determinada patologia, tais como:5
■■ asma;
■■ DPOC;
■■ insuficiência cardíaca descompensada;
■■ SARA;
■■ embolia pulmonar;
■■ doenças neuromusculares.
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Asma
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Dados que sugerem doença asmática:
■■ sibilância;
■■ roncos;
■■ uso da musculatura acessória.
Definição AMERICANO-EUROPEIA de
SÍNDROME DA ANGÚSTIA RESPIRATÓRIA AGUDA
■■ Infiltrado pulmonar bilateral.
■■ Início agudo e ausência de congestão pulmonar/PCAP < 18mm Hg (Swan-Ganz).
■■ Relação P/F < 200 – SARA;
■■ Relação (P/F) < 300 – lesão pulmonar aguda (LPA).
Fonte: Hovnanian e colaboradores (2012).17
76
Após inúmeras críticas a essas definições, em 2012, especialistas reuniram-se e, após revisões
ABORDAGEM DO PACIENTE COM INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA
De acordo com o estudo, a mortalidade aumenta com a gravidade: 27% na SARA leve, 32% na
SARA moderada e 45% na SARA grave. A progressão de SARA de leve para moderada ocorre,
em uma semana, em 29% dos pacientes, enquanto a progressão de SARA moderada para grave
ocorre em 13%.
A definição de Berlim tem melhor acurácia do que a definição americano-europeia de 1994 (0,577
versus 0,536, P < 0,001).16
Embolia pulmonar
Os achados para o diagnóstico de embolia pulmonar são:
■■ taquicardia;
■■ dor torácica;
■■ taquipneia;
■■ eletrocardiograma com padrão S1Q3T3.
Doenças neuromusculares
Nessa categoria, estão incluídas doenças como:
■■ polimiosite;
■■ síndrome de Guillain-Barré;
■■ esclerose lateral amiotrófica;
■■ miastenia gravis;
■■ alterações de eletrólitos.
Essas doenças podem associar-se a sintomas como fraqueza muscular, parestesias, deficit motor,
mialgia e convulsões.
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ATIVIDADE
14. Assinale a alternativa que NÃO apresenta um sintoma que sugere asma.
15. “De acordo com estudos, a mortalidade aumenta com a gravidade: 27% na leve, 32%
na moderada e 45% na grave.” Essa assertiva diz respeito a qual patogenia?
A) Embolia pulmonar.
B) IC descompensada.
C) SARA.
D) Síndrome de Guillain-Barré.
Resposta no final do artigo
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■■ monitorização do paciente;
■■ oxigenoterapia suplementar com cateter ou máscara (com o objetivo de manter a saturação
periférica maior do que 90%);
■■ anamnese e exames complementares (gasometria arterial) após estabilização do paciente;
■■ se o desconforto respiratório for mantido, deve-se proceder com ventilação não invasiva;
■■ intubação orotraqueal e ventilação invasiva no caso de rebaixamento do nível de consciência
(Glasgow < 10), instabilidade hemodinâmica ou iminência de parada cardíaca.
78
Em seguida, nos próximos 15 minutos, deve-se:5
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■■ iniciar o tratamento da doença ou síndrome de base, quando esta for estabelecida pela história
e exame físico;
■■ avaliar indicações, contraindicações e/ou continuação da ventilação não invasiva;
■■ reavaliar a necessidade de intubação e ventilação mecânica;
■■ realizar nova análise gasométrica;
■■ obter radiografia de tórax;
■■ obter outros testes diagnósticos no caso de a etiologia ainda não ter sido estabelecida.
Tratamento da Hipoxemia
A hipoxemia deve ser tratada imediatamente após ser reconhecida. O objetivo é manter a SatO2 >
90%, com uma oferta de oxigênio, se possível, menor do que 60%.
LEMBRAR
Altas concentrações de oxigênio (FiO2 > 0,6) podem causar efeitos tóxicos aos
pneumócitos em razão da formação de espécies reativas de oxigênio, o que leva à
desnitrogenação alveolar e a atelectasias de reabsorção, resultando em uma piora
da relação V/Q.19
■■ sistemas de baixo fluxo – cateteres nasais (1 a 5L/min) ou máscaras faciais comuns (5 a 10L/
min); porém, ambos os sistemas não garantem uma FiO2 determinável, podendo ser utéis em
patologias que exigem baixos fluxos de oxigênio (DPOC);
■■ sistemas de alto fluxo – máscaras facias ou de traqueostomia que se baseiam no efeito Venturi,
capaz de garantir um aumento do fluxo ofertado de oxigênio e a determinação da FiO2.
Tratamento da Hipercapnia
O tratamento da IRpA ventilatória, além da oxigenoterapia, tem como princípio básico o tratamento
das doenças que causam a disfunção ventilatória. O tratamento inclui:
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O suporte ventilatório reúne métodos de suporte mecânico para o tratamento de pacientes com
IRpA ou crônica agudizada.5, 20 Os objetivos do suporte ventilatório são:
■■ aliviar os sintomas;
■■ reduzir o trabalho respiratório;
■■ oferecer conforto ao paciente;
■■ melhorar as trocas gasosas;
■■ minimizar os riscos da intubação orotraqueal e do suporte ventilatório.
■■ paciente jovem;
■■ doença de baixo risco (escore APACHE baixo);
■■ bom nível neurológico;
■■ boa dentição (melhor adaptação);
■■ hipercapnia moderada (PaCO2 > 45mm Hg ou hipoxemia moderada – PaO2 < 92mm Hg).
■■ acidemia moderada (pH < 7,35 ou > 7,10);
■■ melhora na troca gasosa e na frequência respiratória nas primeiras duas horas de início da VMNI.
80
São indicações da VMNI:
ABORDAGEM DO PACIENTE COM INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA
■■ exacerbação de DPOC;
■■ pneumonia em imunocomprometidos;
■■ EAP;
■■ desmame difícil;
■■ prevenção de reintubação em IRpA hipoxêmica;
■■ doenças neuromusculares;
■■ crise de asma;
■■ VMNI em DPOC exacerbada, complicada por acidose hipercápnica e que não possui
indicação de intubação orotraqueal imediata, tem indicação de nível de evidência 1A;
■■ em edema pulmonar cardiogênico, a indicação de VMNI também é de nível 1A;
■■ em paciente com IRpA hipoxêmica ou com processo asmático exacerbado com sintomas
severos mesmo após o uso de broncodilatadores, há recomendação relativa de VMNI
(nível 2B);
■■ o uso de VMNI pode também ser benéfico em casos de IRpA recorrente e nos casos de
extubação precoce.
LEMBRAR
Nos últimos anos, a VMNI vem sendo aplicada em larga escala como alternativa de
ventilação em pacientes imunossuprimidos, com bons resultados; porém, ainda sem
evidência científica comprovada.
Uma vez indicada a VMNI, deve-se optar pelo tipo de suporte não invasivo e seus ajustes:
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venoso, melhorando o desempenho do ventrículo esquerdo. Já no DPOC, indica-se o
BIPAP em razão da redução do trabalho respiratório, com o aumento da ventilação e
consequente redução da PaCO2.
LEMBRAR
A VMNI não deve retardar a intubação de pacientes que não respondam bem ao
tratamento nas primeiras horas.
Em seguida, deve-se realizar minuciosa ausculta pulmonar e cardíaca, aferição de sinais vitais,
coleta de gasometria arterial e radiografia de tórax. Novos ajustes devem ser feitos com o auxílio
dos resultados, visando à correção da hipoxemia e da hipercapnia.
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Frequência Número de respira- Fisiológico: 10 a 16ipm. Ajuste de acordo com PaCO2 e
respiratória ções ou ciclos por pH.
minuto.
Pressão Aplicação de uma Valor inicial em torno de 5cm H2O (fisiológico). Efeitos:
positiva no final pressão positiva abertura de espaços alveolares colabados, diminuição
da expiração constante ao final da da resistência das vias aéreas, melhora da troca gasosa.
(PEEP) expiração. Em casos como SARA, injúria e edema alveolar ou
atelectasia, aumenta-se progressivamente a PEEP. Esse
procedimento é denominado recrutamento alveolar.
Relação Relação tempo inspira- O tempo inspiratório é 1/3 do ciclo respiratório (0,8 a 1,2s)
inspiração: tório/tempo expiratório. depende do volume corrente, da frequência respiratória,
expiração (i:e) Na respiração normal, do luxo inspiratório e da pausa inspiratória. O tempo
essa relação é de 2:3. expiratório é 2/3 do ciclo respiratório. Deve ser maior em
pacientes com obstrução ao fluxo expiratório e hiperinsu-
flação. A relação i:e usualmente é de 1:2 a 1:3.
Fluxo Velocidade com que Em geral, entre 40 e 60L/min. Determina a velocidade que
inspiratório o gás é ofertado ao o volume corrente será ofertado e, consequentemente, o
paciente. É expressa- tempo inspiratório e a relação i:e, para certa frequência
da em L/min. respiratória, além do pico de pressão nas vias aéreas.
Pico de pressão Maior valor de pressão Valores além de 50cm H2O causam lesão pulmonar.
inspiratória atingido durante a
(PIP) inspiração do volume
corrente.
Pressão platô Pressão das vias Reflete pressão alveolar no término da inspiração. Acima
aéreas medida durante de 35cm H2O leva à lesão pulmonar.
pausa inspiratória.
Sensibilidade Esforço despendido Varia entre -0,5 a -2,0cm H2O. Maior sensibilidade, menor
pelo paciente para o esforço do paciente.
disparar (pressão
ou fluxo) uma nova
inspiração assistida
pelo ventilador.
Fonte: Adaptado de Vieira (2004).22
■■ inspiração – entrada do ar nos pulmões. O início da inspiração pode ser deflagrado pela
programação do aparelho (quando se ajusta a frequência respiratória o ciclo respiratório fica
predeterminado, independente do esforço do paciente) ou pelo esforço do paciente (com
o ajuste da sensibilidade, o esforço do paciente gera uma pressão ou fluxo pré-ajustados,
iniciando a inspiração);
■■ ciclagem (mudança de fase) – fecha a válvula inspiratória e abre a válvula expiratória. Transição
da inspiração para expiração. Pode ser por volume, pressão, tempo ou fluxo;
■■ expiração – saída passiva do ar. Após a ciclagem, abre-se a válvula expiratória. O recuo
elástico dos pulmões expulsa o ar. Ao final, a válvula expiratória se fecha. Inicia-se um novo
ciclo pelo disparo;
■■ disparo (mudança de fase) – abertura da válvula inspiratória para liberar o fluxo aéreo para os
pulmões.
84
Os respiradores são classificados em quatro tipos, de acordo com a forma pelo qual são ciclados,
ABORDAGEM DO PACIENTE COM INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA
isto é, pela forma como é finalizada a inspiração para iniciar a expiração. Os modos de ciclagem
dos aparelhos de ventilação mecânica são os seguintes:22
Quanto aos modos essenciais de suporte ventilatório, eles estão listados no Quadro 10.20
Quadro 10
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ATIVIDADE
17. Cite as três principais indicações de VMNI e explique sua vantagem em relação à
ventilação invasiva nessas situações.
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20. Em razão da melhor sincronia entre ventilador e paciente, qual é o modo ventilatório
mais utilizado para promover o desmame ventilatório?
A) VCV ou VCP.
B) Ventilação mecânica assistocontrolada.
C) Pressão de suporte.
D) Pressão positiva contínua nas vias aéreas.
Resposta no final do artigo
86
Ventilação mecânica invasiva em situações especiais
ABORDAGEM DO PACIENTE COM INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA
Sabe-se, atualmente, que a ventilação com altos volumes correntes (10 a 15mL/kg) associada
à PEEP baixa agravam a lesão pulmonar por barotrauma ou volutrauma, com piora também do
processo inflamatório.
Estudos recentes (ARDSNet, Amato, Browser, entre outros) demonstraram que VMI com
volume corrente baixo (6mL/kg) e PEEP elevado diminuíam a mortalidade da SARA.17
A utilização da VMI na SARA tem como objetivo atenuar o dano pulmonar, promovendo abertura
de áreas pulmonares previamente colapsadas, ofertando PEEP suficiente para mantê-las abertas,
além de baixo volume corrente. Essa técnica é hoje conhecida como open lung approach
(estratégia do pulmão aberto), que tem como principais objetivos promover boa troca gasosa e
mínimo shunt intrapulmonar.
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■■ posição prona (decúbito ventral) – promove a liberação de regiões posteriores do pulmão,
possibilitando um recrutamento mais eficaz, que diminui, dessa forma, o shunt intrapulmonar,
melhorando a relação V/Q. Indicado em casos de SARA grave;
■■ hipercapnia permissiva (com níveis de PaCO2 de até 70mm Hg) – é bem tolerada na SARA
em razão dos baixos volumes correntes empregados, aumentando o espaço morto fisiológico.
Promove um efeito inicial de aumento do débito cardíaco, da taquicardia, aumento da pressão
pulmonar e diminuição da resistência vascular periférica. É contraindicada nos casos de
hipertensão intracraniana.
Terapia de resgate que vem ganhando importância, a oxigenação por membrana extracorpórea
(ECMO) é uma técnica capaz de promover trocas gasosas, permitindo melhor ajuste da ventilação
mecânica com o objetivo de evitar a lesão pelo ventilador (VILI, do inglês ventilator-induced lung
injury).
Um estudo publicado em agosto de 2012 concluiu que esse método somente deve ser aplicado
em centros adequadamente equipados e treinados e em pacientes que não responderam bem aos
tratamentos convencionais. Existem dois tipos de ECMO, a saber:
Uma vez que a ECMO é indicada, o paciente deverá receber heparina intravenosa, sendo
conectado ao circuito de ECMO onde o fluxo sanguíneo é aumentado até que os parâmetros
hemodinâmicos e respiratórios estejam satisfatórios, devendo o paciente permanecer em ECMO
até que o suporte convencional seja suficiente para o indivíduo.
LEMBRAR
A intubação traqueal deve ser feita utilizando-se tubo no maior diâmetro possível (8
a 9,5mm).
PROAMI 2013;10(2):57-102
LEMBRAR
O objetivo da ventilação nesses pacientes não é o de alcançar uma normalidade
gasométrica.
ATIVIDADE
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Paciente do sexo feminino, em ventilação mecânica, está mal adaptada ao respirador. A paciente
está lúcida e apresenta frequência respiratória = 30ipm, SatO2 = 84%, FC = 132bpm, com
extrassístoles ao monitor e utilizando musculatura acessória. A paciente está internada há 48h
e não há conhecimento da sua história pregressa. Imagem radiológica mostra hiperinsuflação
(Figura 3).
A) Iniciar desmame em PSV, uma vez que em modo espontâneo sua mecânica ventilatória
irá se normalizar.
B) Extubar a paciente e colocá-la em CPAP, pois ela se encontra lúcida.
C) Sedar e curarizar a paciente e iniciar recrutamento alveolar com a intenção de melhorar
a oxigenação.
D) Otimizar a sedoanalgesia e ventilá-la em VCV ou VCP com frequência respiratória
baixa (10 a 12ipm), tempo expiratório prolongado e volume corrente = 8mL/kg,
minimizando, com isso, os efeitos deletérios da auto-PEEP.
Resposta no final do artigo
■■ Casos clínicos
Caso clínico 1
Paciente de 18 anos admitida na emergência em franca insuficiência respiratória.
PROAMI 2013;10(2):57-102
ATIVIDADE
24. Com relação ao caso clínico, qual é a conduta emergencial mais adequada?
Apesar das medidas adotadas, a paciente não apresentou melhora. Após 24h, sua
gasometria arterial mostrava PaO2 = 74mm Hg com FiO2 = 100%. A complacência
pulmonar era baixa e a pressão de admissão > 40cm H2O. Realizada TC de tórax
(Figura 5A-D).
ATIVIDADE
25. Ainda com relação ao caso apresentado, qual é a conduta indicada agora?
A) Apenas a IV.
B) Apenas a I e a IV.
C) Apenas a II e a IV.
D) A I, a II, a III e a IV.
Resposta no final do artigo
Caso clínico 2
Chamado à emergência, intensivista encontrou paciente do sexo feminino, branca, 46
anos, IMC elevado, com:
■■ intensa dispneia;
■■ cianose;
■■ torpor;
■■ SatO2 = 54% em ar ambiente.
Há alguns dias a paciente ingeriu alimento deteriorado, iniciando diarreia intensa, cólica,
calafrio, febre alta.
PROAMI 2013;10(2):57-102
Figura 6 – Radiografia no leito, revelando infiltrados alveolares
difusos que alcançam os ápices. Achados sugerem edema
inflamatório (não cardiogênico).
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
ATIVIDADE
26. Com relação ao caso clínico, quais são os diagnósticos possíveis e a conduta inicial?
aumentada a FiO2 para 80%, alcançando uma PaO2 = 90, o que dá uma relação P/F =
112. O padrão radiológico apresentou alguma melhora (Figura 7).
ATIVIDADE
Diante desse quadro, foi realizado um procedimento com a paciente, cujo resultado foi
a melhora clínica, gasométrica e radiológica (Figura 8A-B).
95
PROAMI 2013;10(2):57-102
Figura 8 – A) e B) Radiogramas apresentam importante melhora evolutiva.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
ATIVIDADE
28. Com relação à melhora obtida, assinale o procedimento que deveria ser realizado e
como deveria ser a sua operacionalização.
O quadro clínico evoluiu para IRpA associada a pico hipertensivo e o paciente foi
transferido para CTI. Foram adotadas medidas clínicas, suporte ventilatório com VMNI
e monitoração clínica.
PROAMI 2013;10(2):57-102
(cefepima), assim como foi realizada cultura, não havendo crescimento bacteriano.
Figura 11 – A) e B) TC de tórax.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
ATIVIDADE
29. Sobre o caso clínico relatado, assinale a opção que melhor caracteriza o quadro
pulmonar.
O paciente manteve o infiltrado pulmonar após dois dias com VMI e PEEP = 16cmH2O.
Foi efetuada uma nova TC (Figura 12).
ATIVIDADE
30. Diante do que foi exposto, qual exame deve ser realizado para esclarecimento
diagnóstico?
ATIVIDADE
31. Qual procedimento deve ser realizado para a definição do diagnóstico? Justifique.
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■■ CONCLUSÃO
A IRpA ou a incapacidade do sistema respiratório em atender as demandas metabólicas de
oxigênio do organismo, de início súbito, pode acontecer por disfunção de qualquer componente
desse sistema: centro respiratório, alterações medulares, doenças neuromusculares, alterações
da caixa torácica e, principalmente, por comprometimento do parênquima pulmonar.
É uma das síndromes mais prevalentes nas UTIs, tem alta taxa de morbidade e mortalidade.
Contudo, apesar das várias causas desencadeantes, acredita-se que o tratamento sindrômico
inicial, direcionado pelo entendimento de sua fisiopatologia, possa modificar esse cenário.
Com a estabilização clínica, deve-se buscar a identificação da causa da IRpA, por meio de exames
subsidiários mais complexos, tratando-se, assim, a causa específica.
99
PROAMI 2013;10(2):57-102
Atividade 3
Resposta: B
Comentário: A IRpA é uma causa frequente de admissão na UTI e responsável por taxas altas de
mortalidade.
Atividade 4
Resposta: A
Comentário: No tipo I, a insuficiência respiratória decorrente de alteração na relação V/Q tem
como mecanismo o shunt parenquimatoso pulmonar. É também denominada IRpA alveolocapilar
ou insuficiência respiratória hipoxêmica.
Atividade 7
Resposta: B
Comentário: Qualquer situação patológica em que ocorra disfunção da mecânica ventilatória, com
consequente hipoventilação, pode levar à insuficiência respiratória com hipercapnia.
Atividade 8
Resposta: D
Comentário: No Caso 1, a hipoxemia não é corrigida com a oferta aumentada de oxigênio, carac-
terística fisiopatológica do shunt, e espera-se um gradiente alveoloarterial de oxigênio aumentado.
No Caso 2, a hipoventilação com hipercapnia é característica da insuficiência respiratória venti-
latória (tipo II). Não há alteração da relação V/Q e a diferença alveoloarterial está normal, não há
lesão parenquimatosa e a troca gasosa é comprometida apenas por hipoventilação.
Atividade 9
Resposta: C
Comentário: A hipoventilação responde bem à oxigenoterapia, mas por conta do coma profundo,
induzido pelo barbitúrico, tem de ser instituída a ventilação mecânica para melhorar a oxigenação
e diminuir a hipercapnia.
Atividade 13
Resposta: D
Comentário: A ultrassonografia de tórax tem como característica, além da detecção e a localização
de líquido pleural, atuar como guia para toracocentese e outros procedimentos.
Atividade 14
Resposta: A
Comentário: A tosse crônica produtiva é característica da DPOC, cujos outros achados são:
dispneia ao esforço, progressiva exposição aos fatores de risco, história de tabagismo (mais
de 40 maços/ano) e presença de sibilos e roncos (aumenta de 8 a 15 vezes a possibilidade do
diagnóstico).
Atividade 15
Resposta: C
Comentário: De acordo com estudos, a mortalidade aumenta com a gravidade: 27% na SARA leve,
32% na SARA moderada e 45% na SARA grave. A progressão de SARA de leve para moderada
ocorre em 29% dos pacientes em uma semana, enquanto a progressão de SARA moderada para
grave ocorre em 13%.
100
Atividade 19
ABORDAGEM DO PACIENTE COM INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA
Resposta: 3 – 4 – 2 – 1
Atividade 20
Resposta: C
Comentário: O disparo do aparelho é feito somente a fluxo ou a pressão, nunca a tempo. A
pressão é ajustada e a ciclagem é feita a fluxo, ou seja, quando o fluxo inspiratório cai a um
nível predeterminado do pico de fluxo, ocorre a ciclagem. O volume corrente é variável e o fluxo
inspiratório é livre e decrescente. O paciente controla (ou determina) o tempo inspiratório, o fluxo,
o volume corrente e a frequência respiratória.
Atividade 23
Resposta: D
Comentário: Trata-se de paciente com doença obstrutiva (DPOC, asma) mal adaptada ao ventila-
dor, com frequência respiratória elevada, com provável aumento da auto-PEEP e comprometimento
da mecânica ventilatória. Os parâmetros sugeridos na alternativa D podem reverter esse quadro.
Atividade 24
Resposta: B
Comentário: A paciente encontra-se em risco de óbito, com hipoxia severa por SARA associada
a pneumotórax. Portanto, deve-se proceder a drenagem imediata, intubar a paciente e iniciar
ventilação com parâmetros apropriados para edema pulmonar inflamatório.
Atividade 25
Resposta: B
Comentário: Trata-se de um quadro gravíssimo de SARA (provável cracklung) associado a
pneumotórax e com evolução catastrófica. Todas as medidas de recrutamento alveolar devem
ser adotadas e, se estiver disponível, a ECMO deve ser utilizada como medida salvadora de vida.
Não há indicação para pulsoterapia e a drotrecogina está fora de qualquer recomendação e não
é mais produzida.
Atividade 26
Resposta: D
Comentário: Ver comentário da Atividade 28.
Atividade 27
Resposta: C
Comentário: Ver comentário da Atividade 28.
Atividade 28
Resposta: D
Comentário: O caso clínico se refere à sepse entérica com IRpA hipoxêmica, inflamatória, causada
por shunt, relação P/F baixa e nenhuma resposta ao oxigênio instituído no pronto-socorro, ou seja,
SARA grave. O aumento da FiO2 a 80% é altamente tóxico e piora a SIRS, além de não melhorar
em nada o quadro clínico. A conduta correta para tentar modificar a elevada mortalidade na SARA
grave é o recrutamento alveolar.
101
Atividade 29
PROAMI 2013;10(2):57-102
Resposta: C
Comentário: A história sugere, inicialmente, EAP, mas a piora clínica, a não resposta à VMNI, a
piora radiológica com infiltrado até o ápice e a TC sugerem um processo inflamatório/infeccioso
associado à IRpA. Nesse caso, a insuficiência respiratória é por shunt (desequilíbrio V/Q = zero).
Atividade 30
Resposta: A
Comentário: A persistência do infiltrado alveolar, apesar de todas as medidas de suporte ventila-
tório, do uso de antibióticos e do laudo da TC sugerindo fibrose pulmonar, demanda a busca por
definição da etiologia. A broncoscopia com LBA pode definir a doença que levou à IRpA.
■■ REFERÊNCIAS
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