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COULANGES, Fustel de. A cidade antiga.

São Paulo: Hemus, 1975

Introdução

Objetivo: Princípios e regras que governaram as sociedades grega e romana.

Etnografia similar, mesma língua, Instituições comuns entre elas e revoluções idênticas.

Alerta: Os antigos não são como nós , deve-se vê-los como a Índia ou Arábia antiga

“A comparação entre crenças e leis mostra-nos que as famílias grega e romana


primitivas foram constituídas por uma religião também primitiva que estabeleceu o casamento
e a autoridade paterna, fixou suas linhas de parentesco, consagrou o direito de propriedade e
de sucessão.(...)Da família se originaram, pois todas as instituições, assim como todo o direito
privado dos antigos. (...)Porém, com o tempo essas velhas crenças foram modificadas ou
desapareceram, e o direito privado e as instituições políticas sofreram idênticas
transformações.” (COULANGES, 1976. p.08)

A falta de documentos e os ritos como fonte indireta.

Livro Primeiro

Capítulo I

Crenças a respeito da alma e da morte

Haveria após a morte uma segunda existência. Não decomposição do ser era sim no entender
deles uma transformação de vida.

Acreditavam que permaneciam os mortos entre os vivos.

“Encerramos a alma na sepultura” são termos que aparecem em Ovídio e em Plínio o Moço

Enterravam-se objetos, armas e vestidos. Degolavam-se cavalos e escravos para o serviço do


morto.

Píndaro relatou que Frixos, morreu na Cólquida, mas teve o translado do corpo e alma por
saudade da Grécia.

Suetônio contou dos ritos de Calígula enterrado sem completar os ritos, foi refeito o
sepultamento.

Os castigos para grandes culpados eram a privação de sepultura, o que condenava a alma a
vagar em suplício eterno.

Descrevem-nos o costume de se rodear o túmulo com grandes grinaldas de plantas e de flores


e de sobre o mesmo se oferecerem doces, frutas, sal e ainda ali verterem o leite, o vinho e
algumas vezes o sangue de uma vítima.

Libações em que se cavavam buracos para as refeições sólidas, e o sacrifício pedia a queima da
carne do animal para inviabilizar o consumo para os vivos.

Entre os gregos diante de cada túmulo, havia sempre o lugar destinado a imolação da vitima
e ao cozimento de sua carne. Os romanos tinha a culina espécie de cozinha do morto.
Há formulas de entrega dos alimentos

Luciano diz: Os mortos nutrem-se dos manjares que colocamos sobre a sepultura e bebem o
vinho por nós ali espalhado; de modo que um morto que nada recebe está condenado a fome
perpétua.

Capítulo II

O Culto dos mortos

O morto necessitando de alimento, concebeu-se como dever dos vivos atender-lhes. Religião
da morte em que se é obrigatório a libação regular que perdurou com consistência até o
cristianismo.

Os mortos eram deuses subterrâneos.

Os romanos davam aos mortos o nome deles manes.

As sepulturas eram os templos dessas divindades. Por isso tinham inscrição sacramental Dis
Manibus. O deus permanecia encerrado no seu túmulo, Manesque sepulti, no dizer de Virgílio.
Diante da sepultura havia um altar para os sacrifícios igual ao que havia em frente dos templos
dos deuses. (COULANGES p.18)

Helenos, Latinos, Sabinos, Árias

Sradha: o chefe da casa oferece arroz, leite, raízes e frutos esperando a benevolência dos
deuses.

O culto exige o Sradha (libação), a ausência desta obrigação fazia com que a alma do morto
saíssem da pacifica morada a atormentasse os vivos. Sombras errantes, ouviam-nos gemer pela
calada da noite. Vinham doenças e esterilidade da terra.

O sacrifício, a oferenda de alimentos e a libação faziam-nos voltar ao túmulo e


proporcionavam-lhes o repouso e os atributos divinos. O homem estava em paz com seus
mortos.( COULANGES p.19)

Não havia uma necessidade de ser um homem virtuoso. Era considerado um deus tanto o bom
quanto o mau homem

Os Gregos denominavam demônios ou heróis. Os latinos Lares e manes, gênios.

Apuleio diz que os manes quando malfazejos, deviam ser denominados larvas, reservando o
nome de lares só para os benfazejos e propícios. (COULANGES. p.20)

Capítulo III

O fogo sagrado

Toda casa de grego ou de romano possuía um altar; neste altar devia haver sempre um pouco
de cinza e brasas. Era obrigação sagrada do dono de cada casa manter aceso o fogo dia e noite.
COULANGES (p.21)

A religião ensinava ainda como este fogo devia permanecer sempre puro, o que em sentido
literal, significava que nenhum objeto impuro lhe devia ser atirado e que, em sentido figurado,
nenhuma ação culposa deveria cometer-se em sua presença. (COULANGES p.21)
Em 01 de março os ritos de extinção e re-acendimento do fogo eram feitos.

O culto exigia, a queima de oferendas: flores, frutos, incenso, vinho

O fogo do lar era a providência da família. O culto era simples vinho, óleo, gordura das vítimas,
que os deuses recebiam e devoravam.

Gregos, italianos e Hindus compartilharam no passado os povos Ária que adotavam o culto ao
fogo/mortos.

A transformação da sociedade e da religião de culto aos deuses como Zeus, ou Netuno


(personificados). Derivaram o culto a Vesta que originariamente era o altar do fogo sagrado que
antecedia os ritos das divindades.

Estia ou Vesta o nome era o mesmo, tanto em latim como em grego, e designou o altar. Do
nome comum veio o nome próprio da deusa. Uma lenda de divindade derivada do gênero
feminino ao qual se chamavam os altares de imolação. Estatuas de mulheres representaram
Vesta algumas vezes, sem que se deixassem de reconhecer a importância do fogo que a habitava
e exigia as libações gerais.

O fogo do lar é uma espécie de ser moral.

Penates , Lares, Vesta

“Mais tarde ainda quando deste mito do fogo sagrado se criou a grande Vesta, Vesta Surge
como deusa virgem; não representa nem a fecundidade, nem o poder, mas a ordem; não a
ordem rigorosa, abstrata, matemática, a lei imperiosa e fatal, apercebida desde logo entre os
fenômenos da natureza física, por que Vesta encarna ordem moral”. (COULANGES p.26)

Por virtude deste costume, nas casas são honrados também os Lares e os Penates.

Há portanto intima relação entre o culto dos mortos e do fogo.

“É licito julgar-se, portanto, ter sido o fogo doméstico, em sua origem, considerado comoo
expressão do culto dos mortos e que sob a pedra da lareira repousava um antepassado, sendo
o fogo ali acendido para o honrar, parecendo esse fogo conservar-lhe a vida ou representar a
sua alma imortal.” (COULANGES p.27)

Coulanges aponta para inexistência de documentos cabais além dos resquícios citados nos
escritos dos antigos.

Capítulo IV

A religião doméstica

Uma das mais importantes regras do culto dos mortos residia na fato de este apenas poder
ser prestado aos mortos de cada família que pelo sangue lhes pertencia.(...) Quanto ao banquete
fúnebre , que se renova em épocas determinadas, apenas a família tinha o direito de lhe assistir,
e os estranhos eram rigorosamente excluídos dele. (COULANGES p.28)

Culto aos mortos : Pratiázen- gregos e Parentare – latinos

Cada família possuía o seu tumulo, onde os seus mortos repousavam juntos, um após
outro.(...)Em tempos muito remotos, o tumulo ficava dentro da propriedade da família, no
centro da casa, não longe da porta, “a fim de que, refere um antigo, o filho tanto ao entrar como
ao sair de sua casa, encontre sempre seus pais e, que cada vez que o façam, lhes dirija uma
invocação.” (COULANGES p.30)

O gerador (pai) surgia-lhes como ente divino e, por isso o adoravam nos seus antepassados.

O culto não era público. Antes, pelo contrário, todas as cerimônias eram celebradas apenas
no seio da família.(...) Os gregos colocavam-no sempre em recinto fechado onde estivesse
protegido contra o contato e mesmo contra o olhar dos profanos. Os romanos o escondiam no
centro da casa.(...) Para todos os atos dessa religião tornava-se indispensável a sua prática
oculta, sacrificia oculta, no dizer de Cicero; se uma cerimonia fosse presenciada por estranho,
era considerada perturbada, profanada por um único olhar. (COULANGES p.31)

O pontífice de Roma, ou o arconte de Atenas, podia certificar-se se o pai de família cumpria


todos esses ritos religiosos, mas não tinha o direito de lhe ordenar a mais ligeira alteração nas
suas leis domésticas de religião. Sou quisque ritu sacrificium faciat era regra absoluta.
(COULANGES p.31)

Geração como propagadora de religião – Linha masculina

Livro segundo

A família

Capítulo I

Geração transmite o legado mas não é o que define a Família, pois e assim fosse a igualdade
de gêneros poderia entrar na equação. O afeto natural também não gerou a família, pois se
assim fosse a dinâmica sucessória poderia ser diversa.( COULANGES p.33)

Segundo Coulanges não se pode dizer também que a superioridade de força física do homem
contra a da mulher a define.

A família antiga é, desta forma mais uma associação religiosa do que uma associação natural.
Também veremos como a mulher só será verdadeiramente considerada quando a cerimonia do
casamento a tiver iniciado no culto, (...)

O parentesco e o direito a herança estão regulados, não em virtude do nascimento, mas de


harmonia com os direitos de participação no culto. Sem dúvida, não foi a religião que criou a
família mas seguramente lhe deu as regras,(...) (COULANGES p.34)

Epístion: aquilo que está junto ao fogo sagrado

Capítulo II

O casamento

A primeira instituição.

A mulher tomava parte dos ritos. Mas o lar paterno é seu Deus.

Aceitar um casamento é o ato de se desligar de uma religião para tomar parte de outra.

A partir do casamento, diz antigo escritor, “a mulher nada mais tem de comum com a religião
doméstica de seus pais: passa a sacrificar aos manes do marido.” Ela é sacerdotisa de um novo
fogo.
O nascimento não a ligava ao fogo do pai (ordenada ou adotada)

Gamos ou télos - cerimônia sagrada

Os três atos para os gregos : Enghyesis - Pompê - Télos

1- Na casa paterna da moça o pai oferece um sacrifício com fórmulas sacramentais e desliga a
responsabilidade de culto a filha

2- Não se entra sozinha na casa do novo esposo, ele a carrega ou o arauto em carro com cabeça
coberta em véu branco ou coroa. Vestido Branco. Hino hymen, ö hymenaie – himeneu. O marido
a carrega após a simulação do rapto sem que os pés toquem a soleira da porta da casa.

3- A esposa é colocada na frente da divindade doméstica e do fogo sagrado. Aspergida com


agua lustral; toca o fogo sagrado dividem os esposos pão e frutos

Romanos: Traditio – Deductio in domum – Confarreatio

Talássia

Os jurisconsultos identificaram e nos legaram as semelhanças do casamento antigo

Nuptiae sunt divini juriset humani communicatio ou Uxor socia humanae rei atque divinae

Nos dois casos significa que a mulher começou a participar da religião do marido, essa mulher
que foram os próprios deuses, como diz Platão, introduziram-na na casa do marido.

Daí se deduz que

O casamento proporcionou-lhe um segundo nascimento. Doravante estará colocada no lugar


de filha do seu marido, fillae loco, no dizer dos jurisconsultos. Não pode pertencer-se nem a
duas famílias, nem a duas religiões domésticas e assim a mulher pertence completamente á
família e religião de seu marido.

Sucessão e monogamia são derivações importantes dai advindas

Capítulo III

Da continuidade da família. Proibição do celibato. Divórcio em caso de esterilidade.


Desigualdade filho-filha

Um varão de seu sangue para levar as ofertas ao túmulo era o esperado em todas as famílias
nesse direito.

A extinção das famílias com seus respectivos cultos, eram fruto de zelo público em Atenas e
nas leis romanas aos magistrados.

A proibição do celibato com penas severas, foi a consequência, com fins expressos de deixar
filhos que mantivessem os fogos e libações.

Gerar um filho não era suficiente, decorria que deveria ser este varão filho do casamento
religioso.

O filho nascido fora do fogo doméstico não poderia ser reconhecido

Nothos- gregos Spurius- Romanos

Divórcio era direito na esterilidade da mulher e vedado a mulher na esterilidade do homem.


O nascimento de uma menina não satisfazia o objetivo do casamento. Com efeito, a filha não
podia dar sequência ao culto pois no dia em que se casasse, renunciaria à família e ao culto de
seu pai. Passando a pertencer à família e a religião do marido. A família, como o culto, só tinha
sequencia com os varões: fato capital este cujas consequências.

A aposição do nome dos nascidos

O nascimento constituía apenas o vínculo físico: esta declaração do pai criava o vínculo moral
e religioso. Esta formalidade apresentou-se igualmente como obrigatória, tanto em Roma, como
na Grécia e na India.

Limpa do pecado da gestação e insere um novo membro no culto

Capítulo IV

Adoção e emancipação

O medo da extinção da família e dos cultos

O recurso da adoção servia aqueles que não conseguiram filhos naturais pela via do casamento
religioso, e não mais podiam se divorciar. Ou no caso de mortes dos varões encarregados do
culto.

Caso ateniense analisado em que o objeto da adoção não seria concedido, pois já havia um
filho.

Adotar é pedir a religião e à lei aquilo que não se pode obter da natureza.

In sacra transit ; no entanto o filho adotado deve ser desligado da religião de seu progenitor
original.

Sacrorum detestatio: ato da emancipação que considera que o filho jamais será considerado
membro da família com igual exclusão o direito de oficiar o culto.

Capitulo V

O parentesco. O que os romanos entendiam por agnação

Parentesco e agnação sistemas concorrentes de genealogias

Calcula-se que de acordo com nossos costumes, o parentesco dos sapindas iria até o sétimo
grau e a dos samanôdacas até o décimo-quarto

Aos olhos da lei romana muitas vezes irmãos consanguíneos eram agnados ou considerados
parentes, e uterinos nem sempre o eram.

A medida que o direito evolui incorporam o conceito de cognatio parentesco independente das
regras da religião doméstica.

Capítulo VI

Direito de propriedade

Propriedade privada desde a mais longínqua antiguidade.

Os cidadãos detém o solo da família mas não necessariamente a colheita. - Sociedade de


dádiva
Religião domestica, família e direito de propriedade se mesclam.

Na posse do altar de culto se possue a terra enquanto tiver alguém que alimente a chama do
sacrifício aos mortos

O recinto sagrado protegido érkos, separa o domínio de um contra o de outro. Não se pode
haver parede contígua. Em Roma 1 metro é espaço em que habita o deus da divisa

Entre o gregos dividia-se em duas partes o quadrado formado pela cerca: nas primeira parte
ficava o pátio; a casa ocupava a segunda. O altar, colocado mais ou menos no centro do recinto
total, encontrava-se assim no fundo do pátio e junto da entrada de casa. Em Roma, a disposição
era diferente, porém tinha a mesma origem. O altar ficava no meio do recinto, mas os
compartimentos levantavam-se ao redor, pelos quatro lados, de maneira a encerra-lo no centro
de um pequeno pátio. (COULANGES p.51-52)

Penetrar nessa casa com más intenções era sacrilégio. O domicilio era inviolável. Segundo a
tradição romana, o deus doméstico repelia ladrões e afastava o inimigo.

As sepulturas não podem ser demolidas. Propriedade inalienável e imprescritível. Estabelece


um vínculo indissolúvel com a terra (propriedade)

Não havia cercas, mas faixa de terra em um metro de largura com os termos espécie de
representante sagrado do culto doméstico - Pedras e troncos, que recebiam imolações, sangue,
vinhos, bolos, flores hinos em ritual de limites.

As legislações de Esparta a exemplo proibiam a venda de terras. Aristóteles informa em A


politica que muitas cidades em suas legislações proibiam a venda de terras.

Sob a Lei das 12 tábuas entre os romanos já se reconhecia a venda, mas preservava toda a lei
anterior quanto aos jazigos.

A venda por excepcional que ocorra, deve seguir os libripens e os ritos simbólicos da
mancipação. Na Grécia devia –se acompanhar todos os sacrifícios aos deuses que perdiam seu
espaço de libações e devia se autorizada sempre pela religião. De foro privado.

Não havia confisco nem expropriação por dívidas. O corpo do homem responde pela dívida não
sua terra que tem donos mais antigos e de sua família no futuro

Capítulo VII

Direito de sucessão

1 º - Natureza e origem do direito de sucessão entre os antigos

Há nesses casos a perpetuação de um culto hereditário.

Pode afirmar-se de modo mais claro, que o cuidado do culto é inseparável da sucessão.

O que leva o filho a herdar não é a vontade egoísta do pai. Não se tem testamento, o filho
herda de pleno direito, ipso jure heres exsistit, conforme diz o juris consulto. É herdeiro forçado,
heres necessarius. Obrigação tanto quanto direito.

O filho Heres suus, herda de si próprio

Enquanto vivia o pai, o filho era coproprietário do campo e da casa. Vivo quoque patre
dominus existimatur
2º - O filho herda, a filha não

Roma: a filha casada não herda do pai.

Grécia: a filha casada ou solteira não herda nunca

Filhas não tinham direito a herança – usufruto por intermédio da tutela a um herdeiro ou
agnado

Não há nenhum documento antigo texto de lei relativo ao direito de sucessão das mulheres.
A filha só conta no número de herdeiros quando sob sua tutela do pai na ocasião de sua morte.
Ainda assim se houver testamento em seu favor e somente um terço dos bens.

Se por exemplo, o falecido deixava um filho e uma filha, a lei autorizava o casamento da irmã
com o irmão contanto que não fossem da mesma mãe.

Se o pai de filha única morresse sem ter adotado um filho, nem testado para ela. O direito antigo
exigia o seu parente mais próximo fosse o herdeiro e se casasse com ela. Inclusive o divórcio era
exigido se já fossem casados.

3º - A sucessão colateral

A religião domestica transmitia-se pelo sangue de varão a varão. Só a descendência em linha


masculina estabelecia entre dois homens a união religiosa, que permitia a um continuar o culto
do outro. (COULANGES p.63)

Se determinado homem, tendo pedido o filho e a filha, deixasse apenas netos, quem herdava
era o filho de seu filho, e não o filho de sua filha. Na falta de descendentes, o herdeiro era o
irmão e não a irmã.

A linhas genalógicas sapinda ou samonôdacas importavam nessa hora da sucessão colateral,


em que as ligações com as mulheres são sempre preteridas, em razão da lógica de não
manutenção da cultuação devido a regra de casamento.

4º - Efeitos da emancipação e da adoção

Estes dois estatutos dizem que o homem pode mudar de culto.

O homem no entanto não pode herdar de duas famílias. Assim a renúncia a uma delas sempre
estará em causa nesses casos.

Homens adotados em famílias em que já prestam culto , frequentemente desejam herdar das
famílias de origem também devido as condições que se fizeram lá. Mas esse direito antigo veda
essa forma de recepção.

5º - testamento, a príncipio não era conhecido

A propriedade não pertencia ao indivíduo, mas a família.

O testamento em si era a ruptura desse arranjo

Sólon o proibia. Ignorado em Esparta. Somente após a guerra do Peloponeso entra em uso em
circunstâncias delicadas.

Supõe que um homem, em seu leito de morte, reclama a faculdade de fazer testamento, e
fá-lo exclamar: “Ó deuses! Não é crueldade não poder dispor dos meus bens como entenda e
em favor de quem me agrade, deixando mais a este, menos aquele, segundo o afeto que tem
me demonstrado ? Porém o legislador responde a este homem: “Tu, que não podes contar com
mais de um dia, tu que apenas passas pela terra, acaso te compete decidir tais negócios? Tu não
és o senhor nem de teus bens, nem de ti próprio; tu e os teus bens pertencem inteiramente a
tua família, isto é, aos teus ancestrais e à tua posteridade.

As cúrias romanas sob um pontífice deveriam autorizar - Era Lei de exceção

6º - Antiga indivisão do patrimônio

A antiga religião estabelecia diferenças entre o filho mais velho e o mais novo: o primogênito
– diziam os Árias – foi gerado para o cumprimento do dever para com os antepassados; os outros
nasceram do amor.

Assim há o privilégio de presidir a todas as cerimonias do culto, doméstico, era esse filho
quem oferecia os banquetes fúnebres e pronunciava as fórmulas das orações. Pertencem aquele
que primeiro veio ao mundo. A cidade de Corinto prescrevia que o numero de famílias
permanecesse invariável, sem subdivisões de terras a cada geração pelos irmãos.

A indivisão da terra é uma legislação presumida da manutenção deste vínculo entre o direito
dos primogênitos e da necessidade da regulação do crescimento. A gens romana chagava a dar
nome a extensas famílias que não se dividiam e habitavam nas mesmas fratrias de guerreiros,
homens que iam as colônias ou casavam após emancipados. Não era a expropriação entre
irmãos o objetivo e sim a regulação pública.

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