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O CIDADÃO DOS CÉUS Salmos 15

No salmo 14 o homem natural foi retratado, aqui no salmo 15, o retrato é o do homem espiritual.

“Quem, Senhor, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte?”. É muito provável que Davi
estivesse no local de adoração ao fazer este questionamento. Ali no tabernáculo, com uma multidão ao seu redor, o
grande rei observa os rituais, os sacrifícios, as pessoas que chegam para adorar a Deus. Pode ser que Davi conhecesse
muitas daquelas pessoas. Ao vê-las ali adorando a Deus, ele se lembra do modo de vida de cada uma delas. Ele então
é levado a questionar quem genuinamente é filho de Deus.

Resumindo, o salmista queria fazer distinção entre os judeus de verdade e aqueles que eram hipócritas. Davi já sabia
daquilo que Paulo falaria séculos depois: “Não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é
somente na carne. Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não
segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus”. (Rm. 2:28-29)

Diante da frieza, da apatia, da falta de interesse, da negligência e da indiferença das pessoas, é normal que nos
perguntemos: Quem é genuinamente convertido? Como pode o Espírito Santo ter entrado num coração tão apático
e sem compromisso?

Diante deste contexto, Davi descreve em seu salmo o tipo de pessoa que está em condições de ser hóspede de Deus,
de habitar no tabernáculo do Senhor. Davi nos mostra quais são as exigências divinas para permitir que o homem se
aproxime dELe.

Quem é que efetivamente vai poder “entrar no céu”? Mas não é esta a pergunta do salmista. O salmista já é temente
a Deus. Ele já tem sua situação com Deus bem estabelecida. A pergunta, então, não é sobre o destino da sua alma na
eternidade, mas sim sobre quem terá o privilégio de viver em comunhão com Deus. Quem é que tem acesso a Tua
presença? Quem é que vai permanecer contigo? Essas são as perguntas.

Certamente, o salmista reconhece – ele já manifestou em outros lugares – a certeza de que Deus é onipresente;
entretanto, ainda que Deus seja onipresente, ou seja, esteja em todos os lugares, pode ser que você e eu não
estejamos na presença Dele. Com toda a certeza, olhando as Escrituras, nós sabemos que Deus é Senhor. Mas ainda
que Ele seja Senhor, você e eu podemos estar numa conduta na qual não agimos como servos, reconhecendo que
Ele é o Senhor.

Todos nós sabemos que Deus nos ama, mas ainda assim é possível vivermos uma vida longe do desfrutar do amor
de Deus. Portanto, veja que a colocação do salmista não está relacionada a outra coisa que não seja uma reflexão
sobre quem poderá estar num bom relacionamento, numa boa comunhão, numa boa intimidade, numa boa amizade
com Deus.

Hospitalidade lembra comunhão e intimidade. Ninguém se hospeda na casa de uma pessoa que não conheça. Para
sermos recebidos na casa de alguém, precisamos ter um mínimo de intimidade com o dono da casa. Certamente que
ao utilizar a figura da hospitalidade, Davi estava nos mostrando que aquele que deseja gozar de alguma intimidade
e comunhão com Deus, precisa sujeitar-se à vontade daquele que está oferecendo a hospitalidade. Assim como
devemos seguir as regras e costumes da casa que nos recebe, devemos seguir as orientações e regras de Deus se
desejarmos ser seus hóspedes.

Deus exige que aqueles que irão gozar de sua intimidade e comunhão vivam com integridade: A ideia de
integridade está completamente dentro da conduta conforme a orientação e a vontade de Deus.
Algumas pessoas confundem integridade com reputação. Integridade é aquilo que somos quando ninguém nos
observa, enquanto que reputação é o que as pessoas dizem sobre nós quando não estamos por perto.

Sobre a reputação não temos controle, pois mesmo nos dedicando em preservar nossa integridade, estaremos
sempre na dependência da honestidade daqueles que falam acerca de nós. Integridade é uma característica que
depende tão somente de nossas opções e ações. Sendo assim, o melhor de nosso esforço e determinação não deve
se concentrar no cuidado de nossa reputação, mas sim, na construção de uma vida de integridade.

Além de gerar boa reputação, somente a integridade pode nos proporcionar a paz interior e a consciência limpa,
mesmo quando a nossa reputação é atacada.
Todos nós, de alguma maneira, cultuamos a Deus. Mas escutem: A aprovação diante de Deus está sujeito a nossa
fidelidade e integridade. Não é o que sai da boca que tem valor para Deus; o que tem valor para Ele é o que vem do
coração. Deus está dizendo: “Você quer estar em comunhão comigo?
A condição é que: Não é só aqui, quando você canta, que Eu quero ouvir sua consagração. Não é aqui, quando você
ora, que Eu quero ouvir sua devoção. Eu quero 'integralidade', Eu quero 'fidelidade total', Eu quero que você ande
nos meus caminhos.”

A pessoa íntegra é aquela que não tem nenhum buraco para esconder. Sua vida não possui trincas camufladas pela
cera da hipocrisia, da dissimulação, da personalidade dúbia. Ela é o que é seja em que situação for. Pessoas,
ambientes, situações não mudam a personalidade daquele que é integro.

Não é conforme o que você acha, nem tão pouco conforme o que a sociedade acha: “Todo mundo faz isto, todo
mundo faz aquilo.” Não é isto que está em questão. A pessoa que tem comunhão com Deus é aquela que conhece
quais são as orientações de Deus, e está vivendo em conformidade com as exigências e o padrão Dele.

Como é que eu devo me relacionar com a pessoa que é meu chefe? Como é que eu devo me relacionar com a pessoa
com quem estou casado? Como é o meu relacionamento com a minha família?
Veja o versículo 2 novamente: Aquele que é íntegro em sua conduta e pratica o que é justo, que de coração fala a
verdade. Então, há um coração íntegro e que pratica a justiça - e isto pressupõe conhecer o que as Escrituras falam.
E devemos, assim, deixar que essas Escrituras nos confrontem e nos façam perceber nossas atitudes impróprias,
nossas ações equivocadas, porque o que vale é o que Deus está determinando.

Veja: você e eu nos tornamos filhos de Deus pela graça Dele, mas a comunhão, a amizade e a intimidade com o
Senhor dependem das respostas que daremos em nosso dia a dia.

A segunda exigência divina para aqueles que desejam gozar de sua intimidade e comunhão é “Deixem de fazer
fofoca”: “O que não difama com a sua língua”. (v.3) Poucos pecados são tão poderosos, diabólicos e difíceis de serem
tratados como os pecados da língua. Tiago nos diz que a língua “É fogo, é mundo de iniqüidades”, “Contamina o corpo
inteiro”, “Põe em chamas toda a carreira da existência humana”, “Inflamada pelo inferno”, “é mal incontido,
carregado de veneno mortífero”.
Todas estas imagens retratam vividamente o sinistro poder da língua!

O salmista deixa claro que aquele difama o próximo com a sua língua, não pode desfrutar de comunhão com Deus.
O escritor de Provérbios afirmou o mesmo ao dizer que “Seis coisas o Senhor aborrece e a sétima ele abomina...
testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia contenda entre irmãos”. (6:19)
Jesus nos exortou dizendo que “Toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no dia do
juízo”. (Mt. 12:36). Por isto que o sábio acertadamente afirmou: “O que guarda a boca conserva a sua alma, mas o
que muito abre os lábios a si mesmo se arruína”. (Pv. 13:3)

O mesmo homem que escreveu este salmo que estamos analisando, num outro salmo (141), disse o seguinte: “Põe
guarda, Senhor, à minha boca; vigia a porta dos meus lábios”. (Sl.141:3). Davi sabia das inúmeras implicações morais
e espirituais que poderiam vir sobre ele, caso sua língua não fosse vigiada e guardada.
Foi por tudo isto que Paulo aconselhou aos crentes de Éfeso dizendo: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra
torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade e, assim, transmita graça aos que
ouvem”. (Ef. 4:29).

O salmista encerra dizendo: “Quem deste modo procede não será jamais abalado”. (v.5) Há um ditado que diz “quem
não deve não teme”. O íntegro e aquele que não difama a ninguém, não têm o que temer! É uma promessa divina
que o íntegro e puro de lábios jamais será abalado. Muitos dos nossos problemas têm a sua origem em nossa falta
de integridade e em nossa língua.

Honra a quem merece honra (Sl 15.4)


Quais os atributos que nossa sociedade valoriza nas pessoas? Por alguma habilidade, quem sabe. Por exemplo: Canta
bem? Representa bem? Tem fama? Toca bem? Pratica bastante esporte? É hábil com a bola? É impressionante que
pessoas como essas ganham muito espaço na mídia. Essas pessoas são valorizadas na sociedade por conta de
habilidades. A sua vida pessoal, sua integridade, não vale nada.

Agora, é interessante ver que o salmista diz que a pessoa que tem acesso à presença de Deus rejeita quem é
desprezível. Aquelas pessoas que têm destaque, mas não tem valor nos padrões de Deus, são pessoas das quais eu
não me torno íntimo, amigo. Por outro lado, o salmista também diz: “Mas honra os que temem ao Senhor”. Vejam!
Quem está colocando isto aqui é o próprio Deus. E ele nos orienta sobre a maneira como eu escolho meus amigos.

E aqui ele não está falando sobre ter ou não contato com os “não cristãos”. É natural que nós temos que ter contato
com não cristãos; mas e quanto às pessoas que são íntimas? Eu as estou escolhendo para que? Baseado em que
valores? Mesmo que você pense que isso não é importante para você, o é para Deus. E quando nós fazemos dos
nossos melhores amigos a impiedade, afastamos de nós a possibilidade de termos como amigo o próprio Deus. E
quando nós honramos e valorizamos as pessoas pelo seu temor a Deus, Ele nos diz: “Chegue mais perto. Eu quero
você perto de mim.

“Honra ao SENHOR com os teus bens e com as primícias de toda a tua renda” (Pv 3. 9)

A primeira parte do provérbio ensina: “Honra ao SENHOR com os teus bens…” (Pv 3. 9).
Honrar a Deus com os nossos bens é administrá-los de forma com que Deus seja glorificado. Fazemos isso pagando
nossas dividas em dia, sendo generosos com o próximo, planejando nosso futuro financeiro corretamente, excluindo
de nossa vida a adoração ao dinheiro e aos bens [a avareza], sendo gratos a Deus pelo nosso sustento, enfim, fazendo
um uso digno e abençoado do nosso dinheiro e bens. Agindo assim estaremos honrando a Deus com nossos bens.
Mas não é só isso!

A segunda parte do provérbio aponta para o uso do nosso dinheiro e bens na obra de Deus: “…e com as primícias de
toda a tua renda” (Pv 3. 9). No Antigo Testamento, os primeiros frutos que a terra dava [as primícias] eram oferecidos
ao Senhor. “As primícias dos frutos da tua terra trarás à Casa do SENHOR, teu Deus.” (Ex 23. 19)

As pessoas honravam a Deus agindo assim. Era a lei determinada por Deus. Assim, temos no Antigo Testamento a
instituição dos dízimos. O dízimo era a décima parte dos animais e das colheitas [o dinheiro da época] que o povo
oferecia a Deus. Era usado para o sustento dos levitas e para a ajuda aos órfãos, viúvas e estrangeiros. Era assim que
o povo honrava a Deus com as primícias da sua renda. A honra derivava da obediência a Deus.

Que Deus nos leve a refletir sobre estas verdades, a rever posturas, comportamentos, atitudes, e principalmente, a
fazermos uma auto-avaliação para vermos se realmente temos habitado no tabernáculo o de Deus.

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