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Fundamentos
Tecnológicos
da Pesagem
Índice
INDICADOR DIGITAL
3 Divisão ou incremento de uma medição digital.

LEGISLAÇÃO DO INMETRO
08 Suas portarias e como interpretá-las.

COMUNICAÇÃO DOS INDICADORES


17 Protocolos e meios físicos para sistema de
controle externo e impressões.

DIMENSIONAMENTO DE UMA BALANÇA


26 Passos para dimensionamento, cálculos matemáticos
e escolha de seus componentes.
ANÁLISE E CORREÇÃO DE DEFEITOS
32 Cuidados capazes de evitar problemas com a balança.

EXERCÍCIOS
33 Exercícios de fixação.
Indicador digital
DIVISÕES:

Para qualquer tipo de equipamento ou instrumento de medição, existe uma contagem


numérica de início ao fim. Para ilustrar isso, temos aqui como exemplo uma régua que vai de 0 a
15cm. Cada risco que essa régua tem é uma divisão.

Na metrologia, “d” é a divisão, que é a menor parte medida (um degrau ou um incremento), de
ponto a ponto da leitura. Assim, na régua abaixo, “d” é igual a 1mm.

E se fôssemos contar cada traço até 0,5cm, teremos 5 divisões. Se contarmos até 1cm
teremos 10 divisões, e isso progressivamente até sua escala final contabilizando 150 divisões
de contagem.

A mesma coisa acontece nas balanças, onde, se contarmos até sua carga máxima com uma
determinada divisão ou incremento, teremos uma contagem de divisão máxima.

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Indicador digital
DIGITALIZAÇÃO DE UM SINAL ANALÓGICO:

Como vimos nos módulos anteriores, toda célula de carga é um transdutor contendo strain
gauges que geram um sinal de tensão elétrico dependendo da força aplicada a esta célula. No
entanto, estes sinais são da ordem de milivolts (mV), suscetíveis a ruídos.

Para resolver este problema, os sinais elétricos analógicos são levados a um circuito
microprocessado dentro do indicador digital que converte-os em sinais digitais. Esses sinais
digitais operam com duas tensões, uma para indicar nível zero (0) e outra para indicar nível
um (1), que são menos suscetíveis a ruídos.

A digitalização de um sinal é feita em fases, onde as principais são:

• Amostragem, que consiste em retirar amostras do sinal original conforme uma frequência
ou instantes pré-determinados;
• Codificação, que transforma o sinal quantizado em um sinal binário.

Resumidamente, concluímos que os sistemas de digitais diferem dos sistemas analógicos de


três formas importantes:

INTEGRIDADE DO SINAL: Em um sistema digital, os sinais de tensões elétricas analógicas da


célula de carga são levados a um microprocessador dentro de um indicador que converte-os
imediatamente em sinais digitais. Esses sinais digitais geralmente usam 0 e 5 volts como sua
faixa de sinal, que é menos suscetível à flutuação do que a faixa média de 0,03 volts em uma
célula analógica. Em outras palavras, o sinal digital é muito mais robusto.

CONTEÚDO DO SINAL: Os sinais digitais são compostos de informações binárias como as


utilizadas em computadores. Como os dados binários são muito menos suscetíveis a
interferências, o fluxo de dados é mais estável e menos propenso a erros.

TAXA DE AMOSTRAGEM DE DADOS: A taxa de dados mede a rapidez com que a célula de
carga pode enviar informações sobre o peso. As células de carga analógicas fornecem
informações de peso continuamente em tempo real. Os indicadores enviam informações de
peso em bits, muitas vezes por segundo.

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Indicador digital
DIGITALIZAÇÃO DE UM SINAL ANALÓGICO:

Como exemplo da fase de amostragem de uma digitalização, temos na figura abaixo um sinal
oriundo de uma cápsula ou transdutor (peça acoplada ao braço do toca-discos) responsável
por ler as ranhuras do sulco do disco de vinil. Ela traduz estes micros relevos em vibrações,
geradas através do contato entre superfícies. Essas vibrações (energia mecânica) são
transmitidas da agulha para a cápsula, onde existe um ímã e uma bobina. Na cápsula, a energia
mecânica entra em contato com o campo magnético gerado pelo imã, transformando-se
então em energia elétrica.

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Indicador digital
COUNTS:

Inicialmente, vamos nos ater a fase de amostragem da digitalização para entendermos como
é definida a divisão de medida de um indicador de pesagem.

Na amostragem feita de um sinal original analógico, que varia de forma contínua no tempo, é
produzido um sinal digitalizado com degraus, conforme figura abaixo.

Estes degraus, para um indicador digital, são chamados de counts, que nada mais é que o
número de incrementos máximos, ou divisões máximas possíveis para uma balança que utilize
este determinado indicador.

Para ilustrar melhor, temos abaixo o sinal analógico de uma célula de carga apresentando de
forma contínua a rampa de sua pesagem em comparação com a digitalização feita por um
indicador com 5000 counts máximos possíveis de divisões, que é o caso do modelo WT 1000.

Podemos ver que, a indicação do peso no indicador entre um count e outro (um degrau e
outro) não será a mesma apresentada pela rampa analógica, ou seja, será arredondada para
mais ou para menos (degrau mais próximo) do seu possível, ou determinado no ajuste do
indicador conforme veremos a seguir.

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Indicador digital
COUNTS e DIVISÕES:

Ao ajustarmos um indicador, temos que determinar quantas divisões de pesos desejamos ter
para medir uma também determinada carga máxima desejada. Isso respeitando o limite máximo
de counts do indicador.

No exemplo abaixo, o mesmo apresentado no capítulo DIVISÕES, temos para um indicador de


5000 counts máximos (WT 1000), um número de divisões ou incrementos de pesagem de 2500
divisões desejados, que, no caso do exemplo, a balança foi ajustada para 5kg de carga máxima e
divisões de 2 em 2g. Poderíamos usar 5000 divisões também, de 1 em 1g, mas não mais que isso.

Note que, neste exemplo, aquilo que estiver entre cada 2g de pesos medidos será arredondado
para a divisão mais próxima e mostrado no indicador.

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Legislação do INMETRO
PORTARIA N° 236 – OBRIGATORIEDADES:

A Metrologia Legal é parte da metrologia relacionada às atividades resultantes de exigências


obrigatórias, referentes às medições, unidades de medida, instrumentos e métodos de
medição, que são desenvolvidas por organismos competentes.

Tem como objetivo principal proteger o consumidor tratando das unidades de medida,
métodos e instrumentos de medição, de acordo com as exigências técnicas e legais
obrigatórias.

No Brasil as atividades da Metrologia Legal são uma atribuição do INMETRO, que também
colabora para a uniformidade da sua aplicação no mundo, pela sua ativa participação no
Mercosul e na OIML - Organização Internacional de Metrologia Legal.

As exigências obrigatórias para uma balança são determinadas por portarias, e uma delas é a
portaria n° 236/94 que estabelece os erros máximos permissíveis, as classes de exatidão das
balanças, além de outros requisitos técnicos importantes para o fabricante e o usuário.

Os erros máximos permissíveis são definidos para uma avaliação inicial, assim como para
quando a balança já está em uso. As balanças são verificadas/fiscalizadas pelo INMETRO ou
IPEM (Instituto de Pesos e Medidas).

PRINCIPAIS EXIGÊNCIAS APLICADAS A UMA BALANÇA:

APROVAÇÃO DO MODELO:

Todo instrumento só pode ser colocado no mercado ou utilizado, se está conforme a um


modelo apresentado por seu fabricante ou seu representante, que tenha sido objeto de uma
decisão de aprovação, após ter sido verificado que este modelo satisfaz as prescrições deste
regulamento pelo INMETRO.

Os instrumentos devem ser submetidos aos ensaios descritos nos anexos da portaria 236, e
o ensaio de durabilidade (fadiga) deve ser executado após a realização de todos os ensaios
aplicáveis ao instrumento.

Caso aprovado o instrumento, é emitida uma portaria que autoriza o uso em campo. Que é o
caso do indicador modelo WT 1000 da Weightech, conforme selo mostrado abaixo:

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Legislação do INMETRO
PORTARIA N° 236 – OBRIGATORIEDADES:

MARCAÇÃO DOS INSTRUMENTOS:

Além da portaria específica para o indicador, a balança também deve ter sua portaria como um
todo testado e aprovado pelo INMETRO, e trazer as seguintes indicações obrigatórias:

• Marca ou nome do fabricante, CNPJ e endereço;


• Indicação da classe de exatidão, na forma de algarismos romanos, dentro de um campo de
forma oval;
• Carga máxima;
• Carga mínima;
• Valor de divisão de verificação (e);
• Modelo que a balança foi registrada na portaria de aprovação de modelo;
• Ano em que o equipamento foi fabricado;
• N° de Série da balança;
• Portaria do Inmetro: número e ano em que foi aprovado e publicado o modelo na portaria do
Inmetro.

Todas essas informações devem ser apresentadas (fixadas) na balança de forma bem clara,
conforme exemplos a seguir.

VERIFICAÇÃO INICIAL:

A Verificação inicial não deve ser realizada a menos que a conformidade do instrumento ao
modelo aprovado e/ou às exigências deste regulamento sejam estabelecidas sob a
responsabilidade do Órgão Metrológico Competente. O instrumento deve ser ensaiado por
um órgão delegado do INMETRO (IPEM) no momento da instalação e pronto para uso, a menos
que ele possa ser transportado, montado e instalado após verificação inicial.

Nesse processo, o instrumento recebe selo e lacre do órgão fiscalizador, conforme abaixo:

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Legislação do INMETRO
PORTARIA N° 236 – OBRIGATORIEDADES:

VERIFICAÇÃO PERIÓDICA:

A colocação em uso do instrumento de medição será comunicada pelo seu proprietário,


imediatamente, ao órgão metrológico executor da primeira verificação periódica, constando
desta comunicação a designação do proprietário, local e data de instalação.

Todo instrumento de medição novo ou renovado, após sua colocação em uso no local da
instalação, estará sujeito à verificação periódica, conforme previsto na regulamentação
técnica metrológica aplicável para a categoria do instrumento de medição.

VERIFICAÇÃO SUBSEQUENTE:

Os instrumentos de medição e medidas materializadas estarão sujeitos à verificação eventual


sempre que: forem submetidos a reparo, conserto ou manutenção; forem reprovados nas
verificações periódicas; e tiverem o período de validade da verificação expirado
prematuramente.

LACRE:

O lacre é aplicado pelo fiscal do Inmetro logo após a colocação do selo, fixado em local onde
será impossível fazer outro ajuste no indicador, na caixa de junção e outros, sem o
rompimento do mesmo.

PORTAL PAM:

Vale observar que a Portaria de Aprovação de Modelos e Instrumentos de Medição (PAM), é


uma base de dados onde portarias de aprovação sobre os modelos de balanças são reunidos,
ou seja, são registros com todas as informações para comercialização nacional desses
instrumentos.

Assim que aprovada pelo Inmetro, a balança tem um cadastro no PAM junto às suas
informações técnicas para que verificações seguras sejam destacadas. Além disso, a Portaria
de Aprovação serve como uma ferramenta para verificação de autenticidade, portanto, em
caso de dúvidas sobre o equipamento, a consulta no portal é muito importante.

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Legislação do INMETRO
PORTARIA N° 236 – OBRIGATORIEDADES:

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Legislação do INMETRO
PORTARIA N° 236 – CLASSIFICAÇÃO DA BALANÇA:

Uma das definições apresentadas na portaria, é a classe de exatidão da balança.

As balanças são divididas em 4 classes:

• Classe I (Fina): Balanças de exatidão especial, usadas para medidas finas e exatas. Elas
costumam ser de alto custo e delicadas;
• Classe II (Especial): Balanças de exatidão fina, muito usadas em laboratórios de pesqui-
sas, farmácias, e industrias onde existe uma grande necessidade de uma pesagem precisa;
• Classe III (Média): Balanças de exatidão média, usadas no comércio e indústrias;
• Classe IV (Ordinária): Balanças de exatidão ordinária, usadas para se ter uma noção de
peso. É o nível mais baixo de precisão de balanças.

Outras informações importantes apresentadas pela portaria e que toda balança deve apre-
sentar, além da classe, são:

• Carga máxima (Max): Capacidade máxima de pesagem, sem considerar a capacidade


aditiva de tara;
• Carga mínima (Min): Valor da carga abaixo do qual os resultados das pesagens podem
estar sujeitos a um erro relativo excessivo;
• Divisão (d): Diferença entre os valores correspondentes a duas marcas de escala con-
secutivas, para uma indicação analógica, ou a diferença entre duas indicações consecutivas,
para uma indicação digital;
• Divisão de verificação (e): Valor utilizado para a classificação e verificação de balanças.

O valor de divisão de verificação (e), para os diferentes tipos de instrumentos, deve ser como
estabelecido na Tabela 1 da portaria:

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Legislação do INMETRO
PORTARIA N° 236 – CLASSIFICAÇÃO DA BALANÇA:

A identificação da classe de exatidão de uma balança pode ser feita em acordo com a
tabela 2 (abaixo) da portaria:

Cálculo para determinar a classificação da balança do exemplo anterior:

Características da balança:

• Capacidade da balança: 5kg


• Incremento ou divisão (d) da balança: 1g
• Valor de divisão de verificação (e): 1g

Então, de acordo com a tabela acima teremos:

n = C.máx./e = 5000g/1g =5000

e = d = 1g

Assim concluímos que esta balança é de classe III – Média, com uma carga mínima de 20e
ou 20g.

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Legislação do INMETRO
PORTARIA N° 236 – ERRO MÁXIMO PERMITIDO:

Com a classe de exatidão identificada e o valor de verificação (e) é possível determinar


os valores de erros máximos permitidos para uma balança. Os valores de erro máximo
permitido são calculados em acordo com a tabela 4 da portaria.

Cálculo para determinar os erros máximos permitidos da balança do exemplo anterior:

Vamos usar as mesmas características da balança anterior:


• Capacidade da balança: 5kg
• Incremento ou divisão (d) da balança: 1g
• Valor de divisão de verificação (e): 1g
• Classe III

Então, de acordo com a tabela acima na coluna III teremos:

• Na faixa de 0 ≤ m ≤ 500e, ou seja, caso a massa a ser medida esteja na faixa de 20g
até 500g o erro máximo permitido é de ±0,5e = ±0,5g.
• Na faixa de 500e < m ≤ 2000e, ou seja, caso a massa a ser medida esteja na faixa de
acima de 500g até 2000g o erro máximo permitido é de ±1e = ±1g.
• Na faixa de 2000e < m ≤ 10000e, ou seja, caso a massa a ser medida esteja na faixa
de acima de 2000g até 5000g o erro máximo permitido é de ±1,5e = ±1,5g.

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Legislação do INMETRO
PORTARIA N° 289 – PESOS PADRÃO:

O peso padrão é um material de referência para verificar, ajustar e calibrar uma balança, com
a garantia de que são certificados pelo INMETRO ou RBC (Rede Brasileira de Calibração).

Conforme a Portaria n°289 do Inmetro, existem sete classes de Peso Padrão para balança, e a
escolha entre uma delas depende da exatidão da balança. As classes de peso padrão são
divididas entre E1, E2, F1, F2, M1, M2 e M3. Sendo a classe E1 a mais exata e a M3 a menos exata.

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Legislação do INMETRO
PORTARIA N° 289 – PESOS PADRÃO:

Cálculo para determinar as classes dos pesos padrão para a verificação periódica da balança
do exemplo anterior:

Características da balança:

• Capacidade da balança: 5kg


• Incremento ou divisão da balança: 1g
• Pesos escolhidos para fazer a verificação periódica: 500g, 1.000g e 1.500g

Então dividimos o incremento da balança por 3 e descobrimos o erro máximo admissível de


cada peso:

Erro admissível = 1g / 3 = 0,333g ou 333,33mg

Comparamos os valores nominais dos pesos utilizados na verificação com o valor de erro
máximo admissível e encontramos a classe de exatidão que apresente o erro máximo
admissível inferior ao calculado.

• Então para 500g a classe de exatidão será a M3, pois o erro máximo admissível é 250mg <
333,33mg.

• Para 1.000g a classe de exatidão será a M2, pois o erro máximo admissível é 150mg <
333,33mg.

• E para 1.500g a classe de exatidão será a M2, pois o erro máximo admissível é 150mg +
75mg =225mg. Neste caso devemos somar os erros máximos admissíveis dos pesos de
1.000g e 500g, por não existir um peso padrão normalizado de 1.500g.

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Comunicação dos indicadores
PROTOCOLOS DE COMUNICAÇÃO:

Protocolo é a "língua" dos equipamentos microprocessados, ou seja, uma espécie de idioma


que segue normas e padrões determinados. É através dos protocolos que é possível a
comunicação entre dois ou mais computadores ou equipamentos. Ele é o conjunto de regras
sobre o modo como se dará a comunicação entre as partes envolvidas. Ou seja, ele define
como os 1’s e 0’s de uma transmissão são interpretados.

Por exemplo, a rede da internet é dividida em camadas, cada uma com uma função
específica, e as principais camadas são:
• Camada de Aplicação:
WWW (navegação web), HTTP, SMPT (emails), FTP (transferência de arquivos) e SSH. Usada
pelos programas para enviar e receber dados de outros programas pela própria internet.
• Camada de Transporte:
TCP, UDP e SCTP. Para transporte de arquivos recebidos da camada anterior. Aqui aconte-
ce a organização e a transformação deles em pacotes menores, que serão enviados à rede.
• Camada de Rede:
IP (IPv4 e IPv6). Os arquivos empacotados na camada anterior são recebidos e anexados ao
IP da máquina que envia e que recebe os dados. Daqui, são enviados pela internet usando a
próxima camada.
• Camada de Estrutura Física:
Ethernet e Modem. É a camada que executa o recebimento ou envio de arquivos na web.

Neste curso básico falaremos sobre como os equipamentos de pesagem se comunicam com
outros dispositivos (PC, impressoras, CLP’s etc.) fazendo uso de interfaces digitais (RS232,
RS485 e Loop de corrente), como também da interface analógica 4 a 20mA.
Posteriormente, em cursos específicos, estudaremos os protocolos utilizados com estas
interfaces, como TCP/IP, Modbus e outros.

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Comunicação dos indicadores
TRANSMISSÃO 4 A 20mA:

A melhor forma de transmitir uma informação analógica a grandes distâncias é usando a


corrente, visto que, usando ou a tensão ou resistência, teremos variações dos valores pela
linha fazendo assim com que o valor inicial informado na origem seja diferente do resultado
medido final. Isto não ocorre com a corrente, pois a corrente em um circuito elétrico em
série é a mesma em qualquer ponto.

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Comunicação dos indicadores
LOOP DE CORRENTE:

TRANSMISSÃO 4 A 20mA:

Conforme demonstrado no gráfico abaixo, no padrão 4 a 20mA de transmissão a corrente


de 4mA indica o 0 (zero). Isto por uma questão de segurança, onde uma corrente inferior a
4mA indica cabo rompido ou outro problema qualquer. Assim, 4mA indica quando 0% de sua
capacidade (0kg) está sendo aplicado na balança, já considerando a sua estrutura total
montada, e 20mA indica 100% da capacidade máxima que se quer medir.

Portanto, tendo os valores correspondentes a 4 e 20mA, podemos encontrar qualquer


outro valor dentro da reta mA/kg da balança.

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Comunicação dos indicadores
COMUNICAÇÃO SERIAL:

Em telecomunicações, o processo de envio de dados sequencialmente por um barramento


de computador é denominado comunicação serial, o que significa que os dados serão
transmitidos bit a bit. Enquanto em comunicação paralela, os dados são transmitidos em
um byte (8 bits) ou caractere em várias linhas de dados ou barramentos ao mesmo tempo.
A comunicação serial é mais lenta do que a comunicação paralela, mas é usada para
transmissão de dados longos devido ao custo mais baixo e por razões práticas.

Comunicação serial:

Comunicação paralela:

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Comunicação dos indicadores
COMUNICAÇÃO SERIAL:

Modos de transferência de dados em comunicação serial:

Transferência de dados assíncrona – O modo em que os bits de dados não são sincronizados
por um pulso de clock. O pulso de clock é um sinal usado para a sincronização da operação
em um sistema eletrônico.

Transferência de dados síncrona – O modo em que os bits de dados são sincronizados por um
pulso de clock.

Características da comunicação serial:

• A taxa de transmissão é usada para medir a velocidade de transmissão. É descrito como o


número de bits transmitidos em um segundo. Por exemplo, se a taxa de transmissão ( baud
rate ) for 200, então 200 bits por segundo serão transmitidos. Os valores mais comuns de
baud rate são 1200, 2400, 4800, 9600, 19200, 115200.

• Os bits de parada são usados ​para indicar o término de transmissão de um byte. Alguns
valores típicos são 1, 1,5 e 2 bits.

• O bit de paridade é a forma mais simples de verificar erros de comunicação. Os mais usados
são o bit de paridade par e o bit de paridade ímpar.

O bit de paridade vai a 1 quando a soma dos bits 1, que compõem o byte (8bits), resultar em
uma paridade diferente da definida pelo usuário, ou seja, tanto o transmissor quanto o
receptor sabem qual é a paridade a ser usada.

Exemplo: Se o usuário definiu uma paridade par, e a soma dos bits 1 deram impar, o bit da
paridade vai a um (1).

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Comunicação dos indicadores
RS 232:

Uma das comunicações mais antigas, porém populares, usada em indústrias e produtos
comerciais é a RS232. Ela é um tipo de comunicação serial usada para transmissão de dados
normalmente em distâncias médias de no máximo 15 metros. Foi introduzida na década de
1960 e encontrou o seu caminho em muitas aplicações como impressoras de computador,
dispositivos de automação de fábricas, etc.

A RS232 é usada para conectar dois dispositivos permitindo a troca de dados seriais entre
eles, e funciona na comunicação bidirecional (full-duplex) que troca dados entre si.

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Comunicação dos indicadores
RS 232:

No exemplo abaixo veremos como o caractere ‘R’ é transmitido no formato serial:

Primeiro temos que convertê-lo em um grupo de 8 bits, por uma questão de padronização
usaremos o código ASCII, onde ‘R’ é igual a ‘01010010’. Além disso temos que utilizar:

• Um bit para indicar o início de transmissão (start bit);


• Um bit de paridade (par ou ímpar);
• Um bit de parada (stop bit).

Para que a informação não se perca durante a transmissão (ruídos, interferências) é


interessante convertê-la para valores de tensão mais elevados. O padrão RS232 trata
como nível um (1) valores de tensão de -3V a -15V, e como nível zero(0) valores de tensão
entre +3V a +15V.

A região entre +3 e -3V é considerada região de imunidade ao ruído, onde o valor do bit
anterior é mantido.

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Comunicação dos indicadores
RS 485:

Um dos principais problemas da RS232 é a falta de imunidade a ruídos que interferem na


comunicação. O transmissor e receptor compara a tensão dos dados e negocia linhas
com uma linha zero em comum.

Neste sentido, variações no nível 0 (terra) podem proporcionar efeitos desastrosos. Pelo
fato do nível de disparo da RS232 estar definido em +-3V, o ruído é facilmente captado,
limitando a velocidade e a máxima distância.

Por outro lado, a interface RS485 não possui um nível zero como sinal de referência e
variações na diferença de tensão com relação ao terra entre o transmissor e receptor,
não causando nenhum problema.

Os sinais na RS485 são transmitidos sobre uma linha com sinal positivo e uma linha com
sinal negativo, sendo que o receptor do RS485 compara a diferença de tensão entre as
linhas, ao invés de considerar o nível de tensão absoluta do sinal.

A tensão do barramento ‘A’ é comparada com a do barramento ‘B’. Se a tensão em ‘A’ for
maior que em ‘B’, o sinal recebido é um (1). E se a tensão em ‘B’ for maior que em ‘A’, o
sinal recebido é zero (0). Essa lógica pode ser invertida dependendo do caso. Há uma
margem de tensão de +-0,2V. Sendo assim, é prevenida a existência de loops de terra,
uma fonte comum de problemas em comunicações.

Os diferenciais da RS485 são as grandes distâncias de comunicação (1200m) e maiores


velocidades.

O padrão RS-485 é multiponto, o que permite que vários dispositivos possam ser ligados
ao barramento de comunicação, sendo definidos 32 dispositivos em uma única rede.

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Comunicação dos indicadores
RS 485:
Na figura acima, supondo que o escravo 2 queira “falar” com o mestre, então ele precisa
esperar que o mestre lhe chame. Isto faz desta rede half-duplex.

Fundamentos Tecnológicos da Pesagem - Básico 3 25


Dimensionamento de uma balança
Trataremos agora de um caso hipotético onde, a partir dos dados levantados, dimensio-
naremos uma balança.

Temos as seguintes informações:


• Peso morto do dispositivo (plataforma de pesagem e seus acessórios sobre as
células) = 50kg;
• Peso máximo da carga a ser medida sobre a plataforma = 500kg;
• Quantidade de pontos de apoio onde serão instaladas as células = 4.

Com estas informações encontraremos:


• O modelo da célula de carga a ser utilizada;
• O tipo de caixa de junção;
• O número de divisões máximas permitidas;
• O indicador mais indicado.

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Dimensionamento de uma balança
CÉLULAS DE CARGA:

Primeiramente calcularemos o peso total do sistema (tw = pe + pmáx), somando o peso da


estrutura (pe) que se deseja converter em balança, com o peso da carga máxima (pmáx), ao
qual essa balança será submetida. Este valor deve ser multiplicado pelo coeficiente de
segurança, que no caso de sistemas com 4 células é de 0,417, e assim encontraremos a
capacidade das células.

• Encontrando a carga máxima do sistema (tw)


tw = pe + pmáx
Carga Máxima (kg) = Tara + Peso máximo
Carga Máxima (kg) = 50kg + 500kg
tw = 550kg

• Encontrando a capacidade das células:


Cap. Cel.(4C) = tw . 0,417
Onde 0,417 é o coeficiente de segurança para 4 células.
Cap. Cel.(4C) = 500kg . 0,417
Cap. Cel.(4C) = 229,35kg

Concluímos que a melhor solução de célula a ser utilizada nesta aplicação é a do tipo
Shear Beam, modelo BTBI de 250kg, por atender à faixa de peso superior mais próxima
a calculada.

Fundamentos Tecnológicos da Pesagem - Básico 3 27


Dimensionamento de uma balança
CÉLULAS DE CARGA:

Fundamentos Tecnológicos da Pesagem - Básico 3 28


Dimensionamento de uma balança
CAIXA DE JUNÇÃO:

Utilizaremos o modelo WT-4 que possibilita até 4 células de carga ligadas em paralelo, ajuste
individual das células através de trimpots, tamanho compacto e grau de proteção IP68.

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Dimensionamento de uma balança
NÚMERO DE DIVISÕES MÁXIMAS PERMITIDAS E INCREMENTO:

O número de divisões máximas permitidas pode ser calculado com a seguinte fórmula:

Onde:

Nd = N° de divisões permitidas pelo indicador;


1000 = Constante;
VD = Tensão de alimentação da Célula (5Vcc);
CP = Capacidade da Balança (500kg);
SC = Sensitividade da Célula (2mV/V);
NC = N° de Células (4);
CC = Capacidade das Células (250kg);
Si = Sensitividade do indicador (1µV/div).

• Encontrando o número de divisões máximas permitidas:

• Encontrando o incremento mínimo:

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Dimensionamento de uma balança
INDICADOR:
Neste caso escolheremos o indicador modelo WT1000, que é um indicador de 5000 divisões
e sensitividade ≥ 1 µV/d (https://www.weightech.com.br/indicador-de-pesagem-wt1000-led ).

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Análise e correção de defeitos
A maioria dos problemas acontecem por conta da operação das balanças ou ainda no
momento da sua instalação. Para manter um processo de pesagem em perfeito estado, é
necessário alguns cuidados que descreveremos abaixo:

NIVELAMENTO:

Antes de serem realizadas as pesagens, devemos garantir que a balança esteja em uma
superfície indeformável e nivelada adequadamente.

VINCULAÇÕES MECÂNICAS:

Que está relacionado com os cuidados que devemos ter com conexões mecânicas, elétricas e
pneumáticas. Como por exemplo nos sistemas de várias células onde é recomendado
posicionar as vinculações, de modo que sejam capazes de neutralizar as eventuais forças
laterais.

SENTIDO DA CARGA:

Devemos ter atenção no sentido da carga indicado na ficha técnica ou no corpo da célula. Este
deve ser orientado na mesma direção que a força aplicada.

CARGA MÍNIMA:

É uma informação obrigatória muito importante que evita que pesagens abaixo dos valores
mínimos sejam realizadas, ocasionando em erros e comprometendo as medidas.

TROCA DE LOCAL:

É um dos erros mais comuns durante o manuseio do equipamento. Sempre que instalada e
ajustada em um local, a balança não deve ser retirada ou movida de sua posição.

LIMPEZA:

O local de pesagem deve ser mantido limpo, seco e sem objetos fazendo peso no equipamento.

Fundamentos Tecnológicos da Pesagem - Básico 3 32


Exercícios
1) O que é uma divisão de uma balança digital?

a) É menor parte de medida ajustada (um degrau ou um incremento) de ponto a ponto da


leitura.
b) É a medida feita de uma em uma grama mostrado no indicador de qualquer balança.
c) É a medida feita de um em um quilo mostrado no indicador de qualquer balança.
d) Nenhuma das anteriores.

2) Qual o número de divisões de uma balança, com no máximo 5000 counts de digitalização
permitidos para seu indicador, e valores desejáveis de 10Kg de carga máxima e 2g de incre-
mento (10kg x 2g)?

a) 500 divisões.
b) 5000 divisões
c) 2500 divisões.
d) 10000 divisões.

3) Das afirmações abaixo relativas à digitalização do sinal de uma célula de carga, podemos
afirmar que:

I) Em um sistema digital, o sinal é menos suscetível à flutuação do que a faixa média de


0,03 volts em uma célula analógica. Em outras palavras, o sinal digital é muito mais forte.
II) Os sinais digitais são compostos de informações binárias como as utilizadas em com-
putadores. Como os dados binários são muito menos suscetíveis a interferências, o fluxo de
dados é mais estável e menos propenso a erros de pesagem.
III) As células de carga analógicas fornecem informações de peso continuamente em
tempo real. Os indicadores enviam informações de peso em bits, muitas vezes por segundo.
IV) Nenhuma das afirmações estão corretas.

a) Apenas a afirmação III está correta.


b) Apenas a afirmação IV está correta.
c) As afirmações I, II e III estão corretas.
d) Apenas as afirmações II e III estão corretas.

Fundamentos Tecnológicos da Pesagem - Básico 3 33


Exercícios
4) Qual das afirmações abaixo está completa, com relação ao conteúdo de informações do
selo de marcação de uma balança exigido pela portaria 236/94 do INMETRO?

a) Marca ou nome do fabricante, CNPJ e endereço; Indicação da classe de exatidão, na


forma de algarismos romanos, dentro de um campo de forma oval; Carga máxima; Carga
mínima; Valor de divisão de verificação e; Modelo que a balança foi registrada na portaria de
aprovação de modelo; Ano em que o equipamento foi fabricado; N° de Série da balança; Por-
taria do Inmetro: número e ano em que foi aprovado e publicado o modelo na portaria do
Inmetro.
b) Marca ou nome do fabricante, CNPJ e endereço; Carga máxima; Carga mínima; Valor
de divisão de verificação e; Modelo que a balança foi registrada na portaria de aprovação de
modelo; Ano em que o equipamento foi fabricado; N° de Série da balança; Portaria do Inme-
tro: número e ano em que foi aprovado e publicado o modelo na portaria do Inmetro.
c) Marca ou nome do fabricante, CNPJ e endereço; Indicação da classe de exatidão, na
forma de algarismos romanos, dentro de um campo de forma oval; Valor de divisão de verifi-
cação e; Modelo que a balança foi registrada na portaria de aprovação de modelo; Ano em
que o equipamento foi fabricado; N° de Série da balança; Portaria do Inmetro: número e ano
em que foi aprovado e publicado o modelo na portaria do Inmetro.
d) Marca ou nome do fabricante, CNPJ e endereço; Indicação da classe de exatidão, na
forma de algarismos romanos, dentro de um campo de forma oval; Modelo que a balança foi
registrada na portaria de aprovação de modelo; Ano em que o equipamento foi fabricado; N°
de Série da balança.
e) Nenhuma das anteriores.

5) Qual a classe de uma balança de capacidade máxima de 3000kg; divisão de 0,5kg e valor
de verificação e = d = 0,5kg?

a) Classe I.
b) Classe II.
c) Classe III.
d) Classe IIII.

6) Quais os erros máximos permitidos para o caso da balança do exercício anterior, nas
faixas de sua respectiva coluna da tabela de erros máximos permitidos da portaria 236/94?

a) ±0,05kg; ±0,1kg e ±0,15kg.


b) ±0,1g; ±0,5g e ±0,35g.
c) ±0,25kg; ±0,5kg e ±0,75kg.
d) ±0,5kg; ±0,8kg e ±0,9kg.

Fundamentos Tecnológicos da Pesagem - Básico 3 34


Exercícios
7) Entre as alternativas abaixo, qual é a melhor forma de transmitirmos uma informação
analógica a grandes distâncias?

a) Usando tensão.
b) Usando resistência.
c) Usando corrente, pois a variação informada na origem é a mesma do resultado medido
final.

8) Qual afirmação está correta?

a) A comunicação RS232 é utilizada para distâncias até 1200 metros.


b) A comunicação RS232 é do tipo Half-duplex.
d) A comunicação RS 485 é utilizada para distâncias até 1200 metros.
e) A comunicação RS 485 é utilizada para distâncias até 15 metros.

Fundamentos Tecnológicos da Pesagem - Básico 3 35

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