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Pintura no Brasil

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Assunção de Nossa Senhora, de Mestre Ataíde, teto da igreja de São Francisco, Ouro Preto,
início do século XIX. Ataíde representa um dos primeiros momentos de originalidade na
pintura erudita brasileira.

Pinturas populares contemporâneas, Bahia.

A pintura no Brasil é uma das principais expressões da cultura brasileira. Nasceu com os
primeiros registros visuais do território, da natureza e dos povos nativos brasileiros, realizados
por exploradores e viajantes europeus cerca de cinquenta anos após o Descobrimento. Os
índígenas já praticavam há muito tempo algumas formas de pintura no corpo, em paredes de
grutas e em objetos, mas sua arte não influenciou a evolução posterior da pintura brasileira,
que passou a ser dependente de padrões trazidos pelos conquistadores e missionários
portugueses.

No século XVII a pintura no Brasil já experimentava um desenvolvimento considerável, ainda


que difuso e limitado ao litoral, e desde então conheceu um progresso ininterrupto e sempre
com maior pujança e refinamento, com grandes momentos assinaláveis: o primeiro no apogeu
do Barroco, com a pintura decorativa nas igrejas; depois, na segunda metade do século XIX,
com a atuação da Academia Imperial de Belas Artes; na década de 1920, quando se inicia o
movimento modernista, que teve sucesso em introduzir um sentido de genuína brasilidade na
pintura produzida no país, e em tempos recentes, quando a pintura brasileira começa a se
destacar no exterior e o sistema de produção, ensino, divulgação e consumo da pintura está
firmemente estabilizado através de muitos museus, cursos universitários e escolas menores,
exposições e galerias comerciais, além de ser uma atividade que conta com inúmeros
praticantes profissionais e amadores.

Índice

1 Antes da colonização europeia

2 Precursores

2.1 Pernambuco e os holandeses

3 O florescimento do Barroco

3.1 Escolas regionais

3.1.1 Bahia

3.1.2 Pernambuco
3.1.3 Maranhão e Pará

3.1.4 Rio de Janeiro

3.1.5 Minas Gerais

3.1.6 São Paulo

3.1.7 Outros centros

4 Transição para o Neoclassicismo

5 Academismo

5.1 Apogeu da Academia

5.2 Outros estrangeiros

6 A crise da Primeira República

7 Modernismo

7.1 A Semana de Arte Moderna e a primeira geração de modernistas

7.2 Difusão do modernismo

7.2.1 O eixo Rio-São Paulo

7.2.2 Outros centros

8 Os grandes museus, as bienais e o abstracionismo

9 Anos 60-70: engajamento político e crise conceitual

10 "Onde está você, geração 80?"

11 Atualidade

12 Pintura marginal

12.1 Arte naïf

12.2 Arte dos alienados

12.3 O graffiti

13 Ver também

14 Referências

15 Ligações externas

Antes da colonização europeia

Pinturas rupestres da Serra da Capivara.

Relativamente pouco se conhece a respeito da arte pictórica praticada no Brasil de antes da


descoberta do território pelos portugueses. Os povos indígenas que foram encontrados pelo
colonizador não praticavam a pintura como era conhecida na Europa, usando tintas na
ornamentação corporal e na decoração de artefatos de cerâmica. Dentre as relíquias indígenas
que sobreviveram desta época destaca-se um bom acervo de peças das culturas Marajoara,
Tapajós e Santarém, mas tanto a tradição de cerâmica como a de pintura corporal foram
preservadas pelos índios que ainda vivem no Brasil, estando entre os elementos mais
distintivos de suas culturas. Também ainda existem diversos painéis pintados com cenas de
caça e outras figuras, realizados por povos pré-históricos em grutas e paredões rochosos em
certos sítios arqueológicos. Estas pinturas provavelmente tinham funções rituais e teriam sido
vistas como dotadas de poderes mágicos, capazes de capturar a alma dos animais
representados e assim propiciar boas caçadas. O conjunto parietal mais antigo conhecido é o
da Serra da Capivara, no Piauí, que exibe pinturas rupestres datadas de 32 mil anos atrás.[1]
Entretanto, nenhuma destas tradições se incorporou à corrente artística introduzida pelo
colonizador, a qual se tornou predominante. Como disse Roberto Burle Marx, a arte do Brasil
colonial é em todos os sentidos uma arte da metrópole portuguesa, embora em solo brasileiro
tenha passado por várias adaptações ditadas pelas circunstâncias especificamente locais do
processo colonizador.[2]

Precursores

Belchior Paulo: Adoração dos Reis Magos, Igreja dos Reis Magos, em Nova Almeida, Espírito
Santo.

Albert Eckhout: Negra da Costa do Ouro.

Entre os primeiros exploradores da terra recém-descoberta vieram alguns artistas e


naturalistas, encarregados de fazer o registro visual da fauna, flora, geografia e povo nativo,
trabalhando apenas com a aquarela e a gravura. Pode-se citar o francês Jean Gardien, que
realizou as ilustrações de animais para o livro Histoire d'un Voyage faict en la terre du Brésil,
autrement dite Amerique[3], publicado em 1578 por Jean de Léry, e o padre André Thevet,
que afirmou ter realizado do natural as ilustrações para seus três livros científicos editados em
1557, 1575, e 1584, onde se incluía um retrato do índio Cunhambebe.[4]

A produção dos viajantes ainda mostrava os traços da arte renascentista tardia (maneirista), e
se insere mais no âmbito da arte europeia, para cujo público foi produzida, do que brasileira,
ainda que seja de grande interesse pelos seus retratos da paisagem e da gente dos primeiros
tempos da colonização. O primeiro pintor europeu que deixou obra no Brasil de que se tem
notícia foi o padre jesuíta Manuel Sanches (ou Manuel Alves), que passou por Salvador em
1560 a caminho das Índias Orientais mas deixou pelo menos um painel pintado no colégio da
Companhia de Jesus desta cidade. Mais importante foi o frei Belchior Paulo, que aqui aportou
em 1587 junto com outros jesuítas, e deixou obras de decoração espalhadas em muitos dos
maiores colégios jesuítas até seu rastro se perder em 1619. Com Belchior se inicia
efetivamente a história da pintura no Brasil.[5][6]

Pernambuco e os holandeses
O primeiro núcleo cultural brasileiro que se assemelhou a uma corte europeia foi fundado em
Recife em 1637 pelo administrador holandês conde Maurício de Nassau. Herdeiro do espírito
do Renascimento, como descreveu Gouvêa, Nassau implementou uma série de melhorias
administrativas e infraestruturais no chamado "Brasil holandês". Além disso, trouxe em sua
comitiva uma plêiade de cientistas, humanistas e artistas, que produziram uma brilhante
cultura profana no local, e embora não tenha conseguido alcançar todos os seus altos
objetivos, sua presença resultou na elaboração de um trabalho cultural muito superior ao que
vinha sendo realizado pelos portugueses nas outras partes do território. Dois pintores se
destacaram em seu círculo, Frans Post e Albert Eckhout, realizando obras que aliavam
minucioso caráter documental a uma superlativa qualidade estética, e até hoje são uma das
fontes primárias para o estudo da paisagem, da natureza e da vida dos índios e escravos
daquela região. Esta produção, ainda que tenha em grande parte retornado à Europa na
retirada do conde em 1644, representou, na pintura, o último eco da estética renascentista em
terras brasileiras.[7]

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