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Manual Uso Prejudicial Alcool Povos
Manual Uso Prejudicial Alcool Povos
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OIBID
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VEND
Brasília – DF
2019
2019 Ministério da Saúde.
Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não
Comercial – Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução
parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte.
A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério
da Saúde: <www.saude.gov.br/bvs>.
Elaboração:
Fernando Pessoa de Albuquerque
Lucas da Silva Nóbrega
Roberta Aguiar Cerri Reis
Colaboração:
Andrea Borghi Moreira Jacinto
Isadora Simões de Souza
Janini Selva Ginani
Juliana Silva Gama
Mariana Vaz Tassi
Pedro Lemos Macdowell
Roberto Tykanori Kinoshita
Apoio financeiro:
Organização Pan-Americana de Saúde
Revisão técnica:
Vera Lopes dos Santos
Lívia Dias Pinto Vitenti
Renata Vasconcelos de Souza Brito
Marina Rios Amorim
Normalização:
Luciana Cerqueira Brito – Editora MS/CGDI
Revisão:
Khamila Silva e Tatiane Souza – Editora MS/CGDI
Ficha Catalográfica
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria Especial de Saúde Indígena. Departamento de Atenção à Saúde Indígena.
Manual de monitoramento do uso prejudicial do álcool em povos indígenas / Ministério da Saúde, Secretaria Especial
de Saúde Indígena, Departamento de Atenção à Saúde Indígena. – Brasília : Ministério da Saúde : 2019.
18 p. : il.
ISBN: 978-85-334-2728-0
APRESENTAÇÃO..............................................................................................................................................7
2 - COMO MONITORAR?........................................................................................................................12
REFERÊNCIAS................................................................................................................................................ 19
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APRESENTAÇÃO
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1 - O USO PREJUDICIAL DE ÁLCOOL
Antes de tudo, compreende-se que o uso de bebidas alcoólicas trata-se de
uma prática social e, dessa maneira, é determinada por aspectos do contexto
sociocultural em que está inserida. Nesta lógica, a utilização de bebidas
alcoólicas em comunidades indígenas assume características peculiares, que
podem variar de acordo o contexto da comunidade em que está inserida. Os
grupos indígenas adotam formas próprias de consumir bebidas alcoólicas, que
se diferenciam em diversos aspectos:
¾¾ Nos tipos de bebidas que são consumidas, como os preparos
fermentados tradicionais, as bebidas industrializadas e outros tipos de
bebidas, tais como “álcool de farmácia” e perfumes.
¾¾ Nas interações e contextos sociais envolvidos no uso de bebida, como o
uso em grupo, em festas, em família ou solitariamente.
¾¾ Na quantidade de bebidas consumidas em determinadas ocasiões.
¾¾ Em outras regras e valores sociais que normatizam e constroem esta
prática social.
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À medida que aprofundamos o entendimento sobre a forma por meio
da qual o uso de bebidas alcoólicas se insere no contexto social de uma
comunidade e quais os significados dados pelos grupos a esta prática, torna-
se possível perceber que esta não é, em si mesma, algo necessariamente ruim
ou problemático para a vida nas aldeias. Em alguns casos, o uso de bebidas
alcoólicas pode ter uma importante função social em contextos rituais de
contato com o mundo dos espíritos, ou, ainda mesmo, ser elemento promotor
da socialização entre os grupos, contribuir na resolução de desavenças, ou
mesmo de alegrar os momentos festivos e inúmeras outras funções.
A identificação e o discernimento tanto dos benefícios quanto dos
prejuízos relacionados ao uso de bebidas alcoólicas, nos âmbitos individual
e coletivo, dependerá de uma abertura por parte dos profissionais de saúde
para reconhecer as perspectivas dos próprios indígenas sobre esta questão.
É necessário que se compreenda como se dá essa prática em sua relação com
o contexto social no qual ela ocorre. Trata-se de um processo de aproximação
dos profissionais de saúde às concepções dos grupos indígenas, que só é
possível a partir de uma atitude de escuta empática, aberta. Neste processo, o
foco está em compreender o outro, seus pensamentos, sentimentos e atitudes.
O papel do profissional de saúde não é definir o que é certo e errado, normal
e patológico, prejudicial ou saudável, e
sim escutar o que aquela comunidade,
família ou pessoa pensam sobre o uso de
bebidas alcoólicas.
Nesse sentido, convidamos os profis-
sionais de saúde e os indígenas assisti-
dos pelo Subsistema de Atenção à Saúde
Indígena, a discutirem coletivamente nas
aldeias as seguintes questões:
• A questão da bebida alcoólica é
um problema na sua aldeia?
• Se sim, por que a questão da
bebida alcoólica é um problema
na sua aldeia? Desde quando?
• Por que acontece esse problema
na sua aldeia?
• Que soluções podem ser pensadas
para enfrentar o problema?
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Figura 1 – Fluxo das Informações de Monitoramento do Uso Prejudicial de Álcool
DEFINIÇÃO DE CASO: Usuário que demanda cuidados da EMSI relacionados a um padrão de consumo
prejudicial de álcool, definido principalmente pelas suas consequências negativas, não estando
necessariamente vinculadas à quantidade de bebida ingerida ou à frequência de consumo. Estas
consequências podem ser individuais ou coletivas, de saúde, sociais ou espirituais, estão diretamente
relacionadas ao uso de álcool e trazem repercussões danosas à própria pessoa ou a outras pessoas
do seu convívio. É importante que o usuário considere que o uso de álcool tem lhe causado
consequências negativas.
Atenção: O uso de álcool associado a presença de HIV/Aids, diabetes, deficiência nutricional, beribéri,
tuberculose, tratamento de outras IST, devem ser acompanhados com atenção pela equipe de saúde.
IDENTIFICAÇÃO:
Aldeia: Município:
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PERFIL DO USO DE BEBIDAS ALCÓOLICAS:
3) Descreva, a partir das características a seguir, a situação em que a pessoa se alcooliza mais
frequentemente:
LOCAL: ACOMPANHADO DE: OCASIÃO: TIPO DE BEBIDA:
☐ Aldeia ☐ Sozinho ☐ Festas indígenas ☐ Bebida própria da
☐ Cidade ☐ Professores indígenas tradicionais com uso etnia
☐ AIS/Aisan
habitual de bebidas ☐ Cerveja
alcóolicas próprias
☐ Familiares ☐ Vinho
☐ Festas indígenas
☐ Outros indígenas tradicionais em que o ☐ Cachaça/pinga
☐ Outros não indígenas uso de bebidas alcóolicas ☐ Álcool combustível
próprias não é costume ☐ Álcool etílico de uso
☐ Outras festas na aldeia doméstico/farmacêutico
☐ Festas na cidade ☐ Álcool destilado da
☐ Período de receber gasolina
benefícios sociais ☐ Gasolina
☐ Qualquer ocasião ☐ Perfumes e similares
☐ Outras bebidas
☐ Outros, especifique: ☐ Outras, especifique: ☐ Outras, especifique: destiladas
COMORBIDADES:
☐ Outras, especifique:
☐ HIV/aids ☐ Tuberculose ☐ Beribéri
☐ Hepatites virais ☐ Diabetes ☐ Cardiopatia
☐ Outras IST ☐ Deficiência nutricional ☐ Hipertensão
CUIDADOS OFERTADOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA (descreva as ações desenvolvidas pelas EMSI para cuidado
ao usuário):
ENCAMINHAMENTOS:
☐ Hospital Geral ☐ CRAS ☐ Outros, especifique:
☐ Hospital especializado ☐ CREAS (Rede de Assistência Social)
☐ CAPS ☐ Conselho Tutelar
☐ Instituição de ☐ Vara da Infância e Adolescência
internação
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3.1.2 Consumo prejudicial de bebidas alcóolicas
Fonte da informação – quem demandou por cuidados relacionados ao
uso de álcool?
Deve-se apenas registrar nesta ficha a pessoa que faça uso prejudicial
de álcool e que ela ou seus familiares tenham demandado algum tipo de
cuidado relacionado a esse agravo à equipe de saúde. Se preenche, portanto,
o quadrículo “A própria pessoa”, caso a demanda tenha sido direta do sujeito,
ou se preenchendo o quadrículo “Familiares da Pessoa”, caso a demanda tenha
sido trazida à equipe por familiares da pessoa que faz uso prejudicial de álcool,
ou ainda se preenche o quadrículo “Outros”, caso a demanda tenha sido trazida
à equipe por amigos, conhecidos ou desconhecidos.
A pessoa ou a família classifica como problemas decorrentes do uso
de bebidas alcóolicas:
Neste campo, deve-se considerar a percepção do sujeito ou de sua família
sobre quais problemas eles entendem que são decorrentes do uso de álcool.
Classificando-os de acordo com a gravidade: nº 1 para o problema mais grave;
nº 2 para o segundo problema mais grave; nº 3 para o terceiro problema mais
grave e assim por diante. Marque “sem informação” caso esses problemas não
sejam identificados por quem fez a demanda ou pelo usuário. Nos casos de
problemas que não se enquadrem em algum dos itens da lista, especificar este
novo item no campo “outros”.
Descreva, a partir das características a seguir, a situação em que a
pessoa se alcooliza mais frequentemente:
Este campo servirá para caracterizar o modo como o sujeito utiliza bebida
alcoólica mais frequentemente, definindo-se: Onde bebe? (LOCAL); com quem
bebe? (ACOMPANHADO DE:); em que situação bebe? (OCASIÃO); e o que bebe?
(TIPO DE BEBIDA:). Pode-se preencher mais de um quadrículo e, caso não haja
item que caracterize o modo de uso de álcool, deve-se especificar a situação no
campo: Outros.
Descreva brevemente outros aspectos importantes que a pessoa ou a
família identifica/relata em relação ao uso de álcool:
Descreva a percepção que o usuário tem sobre seu problema, dando
destaque a concepções indígenas sobre esse tipo de adoecimento, para se
compreender esse agravo dentro do contexto indígena. Pode-se também
esclarecer possíveis conflitos familiares que o sujeito vivencie ou que tenha
sofrido em sua história de vida.
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relacionado ao estilo de vida. Nesse caso pode-se utilizar CIDs como o Z72.1:
Problemas relacionados com o estilo de vida – Uso de álcool.
Categoria Descrição
Sugere-se ainda que as consultas ou visitas domiciliares a pacientes com problemas
decorrentes do uso do álcool, realizadas pela EMSI e/ou profissional de Saúde Mental, sejam
Z72.1
registradas no SIASI no módulo morbidade com o CID Z 71.4 (Aconselhamento e supervisão
para abuso de álcool), além da inserção no módulo de atendimentos.
Z71.4 Aconselhamento e supervisão para abuso de álcool
F10 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de álcool
F10.0 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de álcool - intoxicação aguda
F10.1 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de álcool - uso nocivo para a saúde
F10.2 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de álcool - síndrome de dependência
Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de álcool - síndrome [estado] de
F10.3
abstinência
Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de álcool - síndrome de abstinência
F10.4
com delirium
F10.5 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de álcool - transtorno psicótico
F10.6 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de álcool - síndrome amnésica
Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de álcool - transtorno psicótico
F10.7
residual ou de instalação tardia
Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de álcool - outros transtornos mentais
F10.8
ou comportamentais
Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de álcool - transtorno mental ou
F10.9
comportamental não especificado
Elaboração Própria. Fonte CID-10
REFERÊNCIAS