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Calor Latente de Fusão do Gelo

Rodrigo Albuquerque Santana, Cristopher Alves Mesquita


Física Experimental II, 6M23, Turma G

Resumo
Através do uso de conceitos teóricos e experimentais termodinâmicos, o objetivo desse
experimento é determinar o calor latente de fusão do gelo. Foi aplicado uma variação de
temperatura no gelo e, observando a temperatura de equilíbrio em um calorímetro, obteve-se
três valores, porém apenas um deles foi compatível com o valor padrão encontrado na
literatura, sendo o valor experimental L gelo=80,2±2,0 cal/ g. Assim, o procedimento
experimental, apesar de conter erros sistemáticos pela natureza do experimento (muito
sensível às variações do ambiente), aplicado foi satisfatório.

INTRODUÇÃO
C *=mágua⋅c água +C calorímetro
Quando um corpo recebe calor, este
pode produzir variação de temperatura ou ΔT =T água−T eq
mudança de estado. Quando o efeito produzido
é a variação d€ temperatura, dizemos que o
corpo recebeu calor sensível. Se o efeito se Definindo as constantes do modelo e
traduz pela mudança de estado, o calor recebido suas unidades:
pelo corpo é dito Calor Latente. Assim, o Calor
Latente (L), de uma mudança de fase é a • c água = 1 cal / g .°C
quantidade de calor que a substância recebe ou • c gelo= 0,5 cal/ g .°C
cede, por unidade de massa, durante a • C calorímetro= 15,77±0,24 cal /°C
transformação, mantendo-se constante a
temperatura. [1]
MATERIAIS E MÉTODOS
O objetivo desse experimento é
determinar o calor latente de fusão do gelo a Neste experimento foram utilizados os
partir do princípio de equilíbrio térmico. seguintes materiais:

No SI, o calor específico tem a seguinte  Balança → Δ r=0,1 g


unidade:  Termômetro → Δ r=0,5°C
 Calorímetro
[ L] = J / Kg
 Aquecedor de água
 Pedras de gelo
Mas nesse experimento será utilizada
uma unidade mais usual e mais adequada:
Para realizar o experimento, a água foi
[ L] = cal/ g aquecida, inicialmente, até por volta de 90 °C, e
foi colocado uma quantidade de água no
O modelo teórico utilizado nesse calorímetro e, através da balança, medida a
experimento foi baseado na Equação massa dessa água, sendo que o intuito era ter
Fundamental da Calorimetria (Q=mL): cerca de 250g.
Após, com o auxílio de dois
C *⋅ΔT termômetros, mediu-se a temperatura de
L= + c g⋅T g − cágua⋅T eq , sendo que:
mg equilíbrio da água aquecida com o calorímetro.
Alcançado o equilíbrio da água com o A partir desses dados e do tratamento de
calorímetro, pegou-se algumas pedras de gelo, dados, obteve-se três valores de calor latente de
que estavam dentro de um recipiente de isopor fusão do gelo:
com um termômetro monitorando a
temperatura, e mediu-se sua massa na balança. L1 = 89,1±1,4 cal/ g
Após, colocou-se o gelo dentro do
calorímetro e, observando os termômetros, L2 = 80,2±2,0 cal/ g
esperou-se o equilíbrio térmico, onde o gelo
sempre derretia, o que era o esperado.
Depois desse procedimento, repetiu-se o L3 = 109,1±3,9 cal / g
mesmo outras duas vezes, porém reduzindo a
massa de gelo a ser colocada no calorímetro.
Deste modo, obtivemos três valores de Para verificar se os três valores são
temperatura de equilíbrio, o que proporcionou coerentes e compatíveis entre si, é realizado um
três valores de calor latente de fusão do gelo. teste de compatibilidade de acordo com o
método abaixo, sendo k =2,5 :
RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após os procedimentos experimentais, |c¯n− c̄ i|


≤ k
obteve-se os dados desejados. Segue a tabela de
dados obtidos no experimento com suas
√u 2
cn
2
+uc i

respectivas incertezas:
Assim aplicando para os três valores,
temos:
m água (g) T água (° C) m gelo (g ) T gelo (° C ) T eq (° C )
• L1 e L2 :
255,00±0,58 68,80±0,29 99,00±0,58 −18,90±0,29 24,00±0,29

|89,1−80,2|
254,00±0,58 75,6±0,29 62,00±0,58 −16,90±0,29 44,90±0,29 ≤ 2,5
√1,4 2 +22
255,00±0,58 76,7±0,29 31,00±0,58 −12,00±0,29 57,00±0,29
3,65>2,5 ⇒ Não são compatíveis.

• L1 e L3:
Desses dados, a temperatura e a massa,
por terem flutuações menores que a resolução |89,1−109,1|
do equipamento de medição, possuem ≤ 2,5
incertezas do Tipo B, que foram calculadas a √ 1,42 +3,92
partir da seguinte fórmula:
4,8>2,5 ⇒ Não são compatíveis.
∆r
un = • L2 e L3 :
√3
Para calcular a incerteza de C * ,Δ T e L |109,1−80,2|
≤ 2,5
foi utilizado outro parâmetro, a incerteza Tipo √3,9 2 +22
C, pois são dependentes de outros fatores.
Assim temos que: 6,6 >2,5 ⇒ Não são compatíveis.


n 2
∂y
un = ∑ ( ) u2x
k=1 ∂ x k
k
CONCLUSÃO

Como os três valores obtidos do calor


latente de fusão do gelo não foram compatíveis,
para determinar um valor resultante, é feito uma
análise dos valores encontrados com o valor
padrão.

Valor padrão do calor latente de fusão


do gelo:

L̄=79,92±0,05 cal/ g

Assim, aplicando o teste de


compatibilidade dos três valores de calor
latente, apenas o L2 foi compatível, logo ele
será o valor a ser considerado como final.

L= 80,2±2,0 cal/ g

Aplicando o teste de compatibilidade


nos dois valores temos:

|80,2−79,92|
≤ 2,5 ⇒ 0,2≤2,5
√ 1,42 +0,05 2
Logo, o valor obtido experimentalmente
é compatível com o valor padrão da literatura.

Portanto, o objetivo do experimento foi


alcançado com sucesso, apesar dos três valores
experimentais não serem compatíveis entre si.
Essa não compatibilidade indica a presença de
erros sistemáticos no experimento. Isso já era
esperado pela natureza do experimento, pois as
grandezas envolvidas são muito sensíveis a
qualquer interferência do ambiente. Assim, para
que fossem mitigados os erros sistemáticos,
seria necessário um ambiente de laboratório
muito bem controlado.

REFERÊNCIAS

[1] RAMALHO. Os Fundamentos da


Fisica: Termologia, Óptica e Ondas. Vol. 2. 9ª
Ed.

[2] Instituto de Física. Física Experimental


II: Notas Introdutórias, UFG (2023).

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