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Livro+Mentoring+ +grupo 5
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MENTORING
A nova fronteira do desenvolvimento
SUMÁRIO
O COMPORTAMENTO DO MENTOR DE SUCESSO 4
E o que você pode fazer para mudar? A mudança
ocorre através da alteração de um ou mais
elementos da Tétrade. Esse conhecimento pode
nos tirar do papel de vítimas e nos tornar mais
proativos em relação ao controle de nossas
próprias vidas e ter um comportamento que gere
os resultados que a gente queira, para que
possamos nos tornar um mentor de muito
sucesso.
Outro fator importante é o poder das perguntas.
Anthony Robbins em seu livro “Desperte o gigante
interior”, fala que somos resultado das perguntas
que fazemos para nós mesmos. Nossas perguntas
determinam o nosso pensamento. Não são os
acontecimentos que moldam minha vida e
determinam como eu sinto ou ajo e, sim, a
maneira como interpreto e avalio minhas
experiências de vida.
Portanto, o seu comportamento também é fruto
de como você está estruturando o seu
pensamento. De como você está fazendo
perguntas a si mesmo que gerem esse
comportamento eficaz. O significado que atribuo a
todos os eventos é o que vai determinar as
decisões que tomo e as ações que realizo. Logo, o
destino final é pelo ato de pensar.
Pensar nada mais é do que o processo de fazer e
responder perguntas. Perceba que a maneira
como você pensa, gera uma ação, um
comportamento. Então, é muito importante que
você reflita que tipo de pensamento está tendo ou
realizando. Porque isso vai fazer com que você
tenha um comportamento eficaz.
Muitas pessoas altamente eficazes tem um
conjunto de perguntas que se fazem, diariamente,
numa reflexão sobre o que fizeram e como
poderiam ter feito melhor e como podem
melhorar, daqui para frente. E existem cinco
passos para isso: as suas habilidades, metas,
alinhamento, aprendizagem contínua e sua ação
no dia a dia. Isso é determinante para que,
também, tenha esse comportamento eficaz.
A PNL também nos traz uma grande contribuição
nesse processo. É o T.O.T.S, um modelo da
estrutura primária de comportamentos eficientes.
Toda a sua ação deve estar centrada nisso. Para
obter os resultados esperados, você precisa ter
uma estrutura interna adequada, aquele jogo
interior que Timothy Gallwey, fala.
O T.O.T.S é o modelo que descreve como
avaliamos a eficácia de uma estratégia. Através de
um teste inicial, compara-se o estado atual com o
estado desejado, usando feedback do sistema para
juntar as várias operações. Um outro teste é feito
e se o estado desejado for atingido, gera um
comportamento de saída para que você não
continue fazendo a mesma coisa. A PNL utiliza o
planejamento consciente do modelo T.O.T.S para
ajudar os elementos necessários a adquirir
coeficiência e novos comportamentos.
Ao final deste artigo vou lhe propor um exercício
para que você coloque isso em prática e tenha um
comportamento para chegar ao estado desejado.
Vou lhe dar uma estrutura para gerar novos
comportamentos.
Imagine que você quer se tornar um mentor de
sucesso, mas não sabe como mudar sua maneira
de ser. Porque o nosso cérebro trabalha com
estratégias. Então, não basta apenas desejar ou
querer. Você precisa ter uma estratégia específica
para isso. E esse exercício vai lhe dar a estratégia
para você gerar um novo comportamento que o
leve para onde quer.
Existem alguns pontos chaves. Primeiro, as
pessoas aprendem novos comportamentos
criando mapas mentais dentro de um sistema
neurológico. Segundo, quanto mais completo
forem esses mapas, isto é, em todos os sistemas
de representação, maior será a probabilidade de
se conseguir um novo comportamento desejado.
O terceiro ponto, é que focalizar-se na meta, é a
maneira mais rápida de se obter novos
comportamentos. Isso é determinante na vida,
como também, na sua carreira de mentor. Você
tem que ter metas claras, estruturadas para que
possa ter sucesso nessa profissão.
Já no quarto ponto, as pessoas já têm em
potenciais os recursos que precisam para
conseguir novos comportamentos. O grande
desafio é como eu vou acessar. O êxito é uma
função de criar acesso, ativar e organizar a
neurofisiologia da pessoa. E isso faz com que você
comece a gerar esse comportamento.
E, por fim, uma mentalização como se fosse. Essa
expressão “como se fosse” é a grande chave para
você gerar esse novo comportamento porque ela
liga a estratégia mental ao sistema motor da
imaginação. Faz com que o cérebro aceite a
imaginação como realidade. Lembre-se do que
Albert Einstein disse: “A imaginação é mais
importante que o conhecimento”. Então, faça esse
exercício abaixo e tenha sucesso com os novos
comportamentos que você quer ter, para obter
sucesso.
Depois de ter gerado esses novos
comportamentos, observe as cinco convicções
para conseguir resultados que você queira. Faça
uma avaliação de tudo o que você fez até agora
para ver se está convicto de que vai gerar
comportamentos de sucesso.
Lembre-se que somos medidos por resultados.
Todos os resultados da sua vida são medidos por
ações que você toma. Então, para conseguir
resultados é importante agir. Pessoas geram
comportamentos, que geram resultados.
Pode parecer simples e óbvio. No entanto, nossas
crenças, mais uma vez vão interferir ou
potencializar nossas possibilidades. A expectativa
de se ter sucesso ou fracasso molda os
comportamentos e subsequentes resultados. Para
as metas, é importante estar convicto sobre cinco
aspectos. É o que você vai fazer com um exercício
a seguir para ver se está pronto para ser um
mentor de sucesso.
Primeiro é você perceber se o resultado que você
quer é, verdadeiramente, desejado. Segundo, se é
possível gerar esse resultado. Terceiro, se o
caminho é adequado. Quarto, se você tem as
capacidades necessárias para realizar essa meta. E
quinto, avalie se sente-se merecedor e assuma a
responsabilidade para ser um mentor de sucesso.
Respondendo essas perguntas, o ajudará a moldar
onde você quer chegar.
Para finalizar este artigo, vou me reportar a
Robert Dilts, o qual menciona que o mentoring
vem da mitologia grega. O mentor era o
conselheiro sábio e fiel ao herói. Sobre o pretexto
de mentor, a deusa Atena se tornou a guardiã e
professora de Ulisses, enquanto Odisseu estava
longe em suas viagens. Assim, a noção de um
mentor passou a significar algo que envolvesse o
processo de ambos, aconselhamento ou
assistência. E que servisse como um guia ao
professor.
Mentoring enfatiza o aspecto relacional e informal
de aprendizado e desempenho, tanto quanto
estabelece o domínio da tarefa. O mentor tem
envolvimentos distintos do professor ou do coach.
O professor instrui, o coach fornece feedback
comportamental específico, a fim de ajudar a
pessoa a aprender a crescer.
Como assessores e conselheiros, os mentores
frequentemente ajudam os outros a estabelecer,
clarificar ou reforçar valores fundamentais e
crenças, muitas vezes, através de seu próprio
exemplo.
Então, se você quer ter sucesso nessa carreira,
você tem que ser um exemplo, tem que falar
daquilo que, efetivamente, pratica. Você tem que
ter os seus valores colocados em ação.
Exercício T.O.T.S
1. Quais são as suas metas de aprendizagem
para este curso?
2. Qual é a sua evidência, isto é, como você vai
saber que está conseguindo estas metas?
● O que você verá durante o processo?
● O que você escutará ou falará
durante o processo?
● O que você fará, fisicamente, durante
o processo?
● O que você sentirá a respeito do
processo?
3. Que capacidades e recursos você tem para
ajudá-lo a conseguir suas metas?
4. O que você vai fazer se perceber que não
está conseguindo aquilo que quer?
QUAL PROBLEMA EU
RESOLVO E QUAL
RESULTADO O CLIENTE
ESPERA?
Gislaine Cavalcante
Um cliente não te procura por acaso.
Normalmente ele te encontra porque alguém lhe
indicou dizendo que foi atendido por você e esta
pessoa teve a solução contigo.
O cliente só quer saber se você resolve o problema
dele. Quer saber se você consegue ajudar/apoiar.
Teu cliente quer comprar a tua experiência.
Assim fica muito mais fácil das pessoas comprarem
seu serviço de mentoria. Pois irá ficar muito claro
e específico qual o problema você resolve e qual a
solução que terá ao te contratar.
O QUE HÁ POR TRÁS DO
TALENTO?
Marçal Siqueira
Quanto tempo eu perdi…
Quero falar especialmente de mim. Sabe por quê?
A minha experiência pode ajudá-lo a descobrir os
seus melhores caminhos, afinal, como mentor
(posição minha atual) há estradas que eu já
percorri, algumas deram certo e outras não, o que
me dá a tranquilidade, a partir desse artigo, falar
das minhas dores e contribuir com o seu
crescimento.
Como disse a você, sou atualmente mentor e cuido
de estratégias, carreiras e pessoas, mas nem
sempre foi assim. Em boa parte da minha vida fui
executivo de grandes companhias, sempre
atuando em gestão de pessoas, comunicação,
estratégia e resultados. Foram mais de 15 anos
sentado atrás de uma mesa executiva tomando
decisões, treinando pessoas e gerindo orçamentos.
Fui reconhecido nacionalmente por algumas
práticas em gestão humana e comunicação. Essa é
a parte boa, mas durante toda a minha carreira,
apesar de ser bem-sucedido, tive alguns
problemas por falta de autoconhecimento e por
consequência autorresponsabilidade.
Desde a minha primeira formação em jornalismo,
sempre fui muito decidido e, às vezes, atropelando
processos e, principalmente, pessoas. Venho de
uma família simples: de uma mãe firme e de um pai
mais tranquilo, mas creio que tenho muitas das
características da minha mãe, o que acredito que
isso foi muito bom, mas estou entendendo
atualmente que preciso recrutar a paciência e a
calma do meu pai em vários momentos. Sou
casado com a uma mulher muito calma e tenho um
filho e uma enteada bem diferentes, o que me faz
conviver com pessoas totalmente distintas em
seus modelos mentais.
Onde mora o problema? Ou morava? Acontece que
como sempre fui muito focado em resultados.
Descobri que com tudo e com todos, sempre
prevalecia o meu jeito, mesmo que para isso,
algumas pessoas fossem feridas no meio do
processo. Confesso que isso não me afetava muito,
ou seja, pensava assim: sei o que quero e quem não
entender ficará para trás. Claro que ao longo do
caminho me feri e magoei pessoas também (tudo já
resolvido atualmente), mas com muito custo.
Ao longo da minha carreira como executivo,
desenvolvi mecanismos de persuasão e conseguia
colocar muita gente alinhada com os meus
pensamentos, mas nem sempre do jeito delas e sim
do meu. Acredito que isso me fez ter (para muitos,
mas não para mim na época) traços de arrogância.
Isso não destruía meu talento, mas manchava a
minha imagem por conta de um comportamento
inadequado.
Quando descobri minhas principais características
comportamentais (temperamentos observáveis)
comecei a aprender que quanto mais eu me
autoconhecia, mais eu sabia das oportunidades de
melhoria e isso me salvou e vem me salvando
todos os dias. Dessa forma, aprendi que meu
talento ajuda, mas não é tudo, ou seja, o meu
comportamento pode melhorar meus talentos e
meus relacionamentos e, é justamente sobre isso
que quero tratar.
Isso vai doer um pouco, mas será bom!
A mente humana tem a capacidade de lembrar do
que tem de esquecer e esquecer do que tem de
lembrar, mas neste momento force o seu cérebro
um pouco e pense em algo que por pouco você
não conseguiu, que escapou pelo “vão dos dedos”,
parecia fácil, mas por um momento tudo se
complicou. Pode ser que esse exercício mental o
leve pensar em possibilidades que passaram pela
sua vida, mas que por falta de um comportamento
adequado você perdeu, pois, talento é importante,
mas comportamento conta muito. Isso acontece
com muita gente hoje: seja você empresário,
profissional liberal, pai, esposo, mãe, esposa, filho,
filha, não importa, em algum momento da vida nos
perdemos em comportamentos inadequados e não
alcançamos o que desejávamos.
Como eu disse acima: isso vai doer um pouco, mas
é necessário, afinal quem não quer obter sempre o
melhor da vida, dos negócios e dos
relacionamentos, mas nunca descobriu como
chegar a isso. A caminhada para o topo não é para
qualquer um, mas para aqueles, que se auto
conhecem, trabalham suas reações e avançam em
busca de seus objetivos.
Gostaria que você imaginasse agora numa roda de
pessoas muito diferentes da sua personalidade e
alguns comportamentos inadequados (na sua
opinião) são apresentados pelas pessoas e, isso lhe
irrita muito. Imaginou? Isso é mais comum do que
se possa pensar, pois somos seres de modelos
comportamentais diferentes. Há pessoas que
querem tudo no tempo delas. Há outras que
simplesmente conversam, conversam, mas não
definem o que querem. Há outros que são tão
calmos que chegam a nos incomodar. Há aqueles
que para toda explicação exigem muitos detalhes
para se tomar uma decisão. Em qual desses perfis
comportamentais você mais se encaixa: os
acelerados, os falantes, os calmos, ou os
detalhistas? Calma... há testes para isso, mas já deu
para imaginar o quanto algumas pessoas
simplesmente nos irritam por seus
comportamentos e, pior ainda, imagina quando
somos o oposto delas.
Certa vez eu estava em uma reunião e havia
pessoas com os quatro comportamentos acima e
eu consegui conviver com todas sem sofrer e,
ainda aproveitar o melhor da reunião. Ao final do
encontro, um dos participantes me perguntou:
Como você conseguiu, mesmo sendo alguém que
foca em resultados rápidos, ouvir todos e
contribuir com a reunião? Aquele foi um momento
de êxtase para mim, pois quantas vezes
simplesmente saí da reunião e deixei as pessoas
falando sozinhas? Mas então o que aconteceu para
que eu não tivesse tido a mesma reação de tempos
anteriores? Em uma frase eu respondo: Eu tive
comportamento adequado para o momento. Eu
tinha talento para resolver aquela reunião mais
rápida, mas se fizesse do meu jeito feriria as
pessoas e jogaria todo o meu talento por água
abaixo. É isso que estou falando. Você precisa se
conhecer e descobrir quais gatilhos lhe irritam no
comportamento do outro e dominar isso.
Quando não conhecemos o nosso perfil
comportamental, sequer imaginamos qual seria o
do outro e, por não obter essa informação
preciosa, lidamos no estilo presa e predador,
pensando a hora de acuar alguém e dominar tudo
ou o contrário sermos acuados pela outra pessoa e
dominados. A partir do momento que me conheço
e sei dos meus limites emocionais posso lidar,
inclusive com as questões alheias e, de maneira
mais tranquila, não atuar no modelo presa e
predador.
E agora consegue imaginar quão ingênuos já fomos
mesmo tendo talento para conduzir uma simples
reunião, nos perdemos por uma reação
comportamental inadequada? É disso que estou
falando: comportamentos que ferem a nós e aos
outros.
Talento, o que é?
A palavra “talento” tem sua origem no latim
“talentum”. Significa “inclinação, desejo de fazer,
de conquistar”. Quando vem do grego “talenton”,
possui o sentido de “pesagem, soma, quantia de
dinheiro”. Com o tempo, o vocábulo foi ganhando
novos sentidos, principalmente, após uma
parábola encontrada na bíblia no livro de Mateus,
que atribuiu o significado da palavra para “aptidão,
dom especial”.
Concordo bastante com o que a bíblia traz,
principalmente, pois este é o meu foco aqui:
fazê-lo refletir sobre o seu talento x
comportamento, que são situações distintas, mas
que se juntas e, se bem aproveitadas, dão os
melhores resultados.
Vamos ler a parábola dos talentos, que falamos e
que pode ser encontrada na bíblia em Mateus
25:14-30:
"E também será como um homem que, ao sair de
viagem, chamou seus servos e confiou-lhes os seus
bens.
A um deu cinco talentos, a outro dois, e a outro
um; a cada um de acordo com a sua capacidade.
Em seguida partiu de viagem.
O que havia recebido cinco talentos saiu
imediatamente, aplicou-os, e ganhou mais cinco.
Também o que tinha dois talentos ganhou mais
dois.
Mas o que tinha recebido um talento saiu, cavou
um buraco no chão e escondeu o dinheiro do seu
senhor.
"Depois de muito tempo o senhor daqueles servos
voltou e acertou contas com eles.
O que tinha recebido cinco talentos trouxe os
outros cinco e disse: ‘O senhor me confiou cinco
talentos; veja, eu ganhei mais cinco’.
"O senhor respondeu: ‘Muito bem, servo bom e
fiel! Você foi fiel no pouco; eu o porei sobre o
muito. Venha e participe da alegria do seu senhor!
"Veio também o que tinha recebido dois talentos e
disse: ‘O senhor me confiou dois talentos; veja, eu
ganhei mais dois’.
"O senhor respondeu: ‘Muito bem, servo bom e
fiel! Você foi fiel no pouco; eu o porei sobre o
muito. Venha e participe da alegria do seu senhor!
"Por fim veio o que tinha recebido um talento e
disse: ‘Eu sabia que o senhor é um homem severo,
que colhe onde não plantou e junta onde não
semeou.
Por isso, tive medo, saí e escondi o seu talento no
chão. Veja, aqui está o que lhe pertence’.
"O senhor respondeu: ‘Servo mau e negligente!
Você sabia que eu colho onde não plantei e junto
onde não semeei?
Então você devia ter confiado o meu dinheiro aos
banqueiros, para que, quando eu voltasse, o
recebesse de volta com juros.
" ‘Tirem o talento dele e entreguem-no ao que tem
dez.
Pois a quem tem, mais será dado, e terá em grande
quantidade. Mas a quem não tem, até o que tem
lhe será tirado.
E lancem fora o servo inútil, nas trevas, onde
haverá choro e ranger de dentes’ ".
Vemos aqui, que os três tinham talentos em suas
mãos, mas o que determinou o sucesso de um e
fracasso de outro, foi exatamente o
comportamento. O texto não fala em nenhum
momento que seria recompensado esse ou aquele
a quem o talento fosse entregue, mas o que
recebeu cinco teve uma atitude comportamental,
o que recebeu dois outra e o que obteve um
talento outro comportamento totalmente
diferente dos demais.
É comum criticarmos o que “apenas “enterrou o
talento que recebeu. Podemos dizer: Nossa,
enterrar o talento foi um ato de tolice, ou mesmo
dizer... que inteligente o que multiplicou. Apesar
de nossos pensamentos nos levarem ao julgamento
de um e de outro, era comum nesta época
esconder talentos (nesse período não havia
bancos) e esconder também era um ato de decisão
acertada, até porque, possivelmente, esses
talentos eram barras de ouro de 40 quilos cada
(alguns estudos apontam para isso). Onde eu quero
chegar? Todos tinham talento e, aqui vamos
imaginar talentos como dons, que é o método mais
fácil de entender, mas cada um ágil de acordo com
sua crença o que gerou um comportamento
diferente para cada.
Vamos isolar a crença e pensar apenas nos
comportamentos: O que ganhou cinco saiu
(imediatamente) o que tinha dois, a bíblia diz que
ele simplesmente (saiu), não sabemos se muito
tempo depois ou na mesma hora, já o terceiro
tomou a decisão de enterrar. O que difere um do
outro? Sem dúvida o comportamento, um deles
soube aproveitar melhor o talento que tinha nas
mãos, o segundo também, mas o terceiro parece
não ter feito a melhor escolha. Talento não é tudo,
principalmente, quando a escolha do
comportamento é inadequada. Isso te faz lembrar
algo?
Certamente, você conhece alguém, ou mesmo
você que é dotado de muitas capacidades, talvez
você seja melhor do que muita gente por aí, mas se
perde por não adequar talento com
comportamento.
De onde vem o comportamento?
Quando falamos de comportamento ou
temperamentos podemos dizer que ele vem de
vários fatores humanos. A educação que
recebemos dos nossos pais, o convívio social, e as
crenças que geramos ao longo da nossa vida
podem definir a base do nosso comportamento. O
jeito mais fácil para explicar essa questão vem de
um iceberg, mas antes, o que é um iceberg?
Segundo o dicionário de significados Iceberg é um
grande pedaço de gelo que se desprende das
geleiras polares e vagueiam pelos oceanos árticos.
Etimologicamente, a palavra iceberg é formada
pela união de duas outras palavras: o inglês ice,
que significa "gelo"; e do holandês e alemão berg,
que quer dizer "montanha". Ou seja, iceberg
significa "montanha de gelo".
Os icebergs (ou icebergues, na grafia da língua
portuguesa), são compostos de água doce
solidificada e existem em quase todos os
ambientes árticos do planeta, exceto no Polo
Norte, onde o gelo forma banquisas, ou seja,
plataformas de gelo formadas de água do mar
congelada durante o inverno.
Esses blocos enormes de gelo podem ter diversas
formas e tamanhos, que normalmente costumam
indicar a sua origem e idade.
Apenas 10% do iceberg fica visível na superfície,
sendo que 90% do seu volume está imerso na
água. Por este motivo, os icebergs são
considerados um grande perigo para a navegação
marítima.
Por causa dessa característica dos icebergs, surgiu
a expressão popular: "isto é apenas a ponta do
iceberg", que significa que certa coisa é apenas o
começo ou uma pequena parte de um problema ou
situação muito maior e complexa.
Gostaria que você imaginasse comigo então esse
iceberg! Pensa que ele tem uma parte bem
profunda que fica onde não localizamos
visualmente (os 90% citados no parágrafo
anterior). Nesta parte mais profunda está a nossa
formação de personalidade, pois tudo o que nos
disseram até os sete anos de idade foi acumulando
em nosso subconsciente, pois não tínhamos filtros
emocionais para saber o que seria bom um ruim
para nossa vida, e os outros 10% e o resultado que
geramos a partir do nosso comportamento, então
o que temos de comportamento ou
temperamento, nem sempre conseguimos
dominar sem um autoconhecimento que nos
mostre isso, pois está na parte mais profunda de
nós mesmos e, mais do que isso, ninguém que se
auto conhece gera um novo padrão se não quiser
fazê-lo. Essa é a grande pergunta: Você quer? Você
consegue? Diria que é possível adequar os nossos
temperamentos de acordo com as exigências que
temos, mas desde que saibamos quem nos somos e
por que agimos assim.
O que é autoconhecimento?
Diria que aqui está o grande achado. Saber quem
nós somos, por que fazemos o que fazemos, o que
está por trás de toda ação que tomamos? Esse
caminho, todos nós deveríamos percorrer,
exatamente para saber de nossa essência. Eu
sempre me preocupei com os meus resultados,
mas nunca havia me preocupado como eu os
construía. Confesso que achava que estava indo
muito bem, mas muito bem mesmo, não admitia a
mínima chance de errar e também fazia o mesmo
com as pessoas a minha volta, seja família,
trabalho, igreja e convívio social. Tinha uma frase
que eu sempre dizia para pessoas quando elas me
perguntavam algo assim: E aí Marçal, você está
pronto? E eu respondia: Na verdade nasci pronto!
E uma outra quando alguém errava e dizia assim:
Mas isso é muito difícil e eu retrucava: Se fosse
fácil isso é para minha avó e tantas outras, como:
Os problemas mais complexos vão sempre para a
mesa das pessoas mais competentes, e se você
quer ser um líder de sucesso só se estabelecerá se
resolver problemas complexos que ninguém é
capaz de resolver. Apesar de que essa última frase
continuo crendo nela, de que os melhores são os
que resolvem os problemas que ninguém resolve,
mas o segredo está em como eu verbalizava isso.
Na maioria das vezes em tom de ironia e até
agressividade e sem muito aceitar o que o outro
pensava sobre o mesmo assunto.
Deixa eu contar uma história: Eu viajei muito como
repórter esportivo e tinha na minha equipe uma
pessoa pacata (na minha forma de ver, não na
dele), que até para comer tinha rituais de cor e
apreciação de cada alimento que colocava no
prato e, para mim, aquilo era “frescura”, pois tudo
se misturaria no estômago mesmo (ingenuidade a
minha, podia aproveitar como ele). Um dia falei
isso para essa pessoa, e ela com muita calma me
disse: Isso é assim para você e para mim não, e
retrucou: Aprenda a respeitar as pessoas e você se
dará bem! Aquilo me doeu, mas hoje lembro com
alegria desse e de outros ensinamentos dados pelo
hoje grande amigo, Sebastião Gonçalves Sobrinho
ou Tião como eu o chamava, sempre falo dele nas
minhas palestras. O que aconteceu quando ele me
disse isso: Eu nunca imaginei que aquilo era
importante para ele, pois do meu ponto de vista
não era.
Na verdade, eu não me conhecia suficientemente
para saber de onde vinha aquilo. Quando lembro
da minha mãe dizendo: Se quiser comer está no
fogão, esquenta e cuida da sua própria comida,
isso não era nenhuma maldade dela, mas uma
forma de me ensinar que eu devia agir como
alguém independente, ao contrário do meu amigo
que teve um outro tipo de criação materna e, por
favor, nada de errado com a minha mãe ou com a
dele, apenas a identificação de modelos mentais
que nos geraram comportamentos diferentes.
Talvez você diga assim: então você quer me dizer
que vou ter de ver como fui criado para saber por
que tenho determinadas reações? Não
necessariamente, mas vamos cruzar algumas
informações apenas para sua própria reflexão,
antes que avancemos para o próximo capítulo.
E se eu tivesse um mentor?
Vivemos num modo de modismos: são palavras,
técnicas, ciências novas que podem nos ajudar a
chegar ao próximo nível. O coaching tem sido uma
ferramenta importante neste tempo, mas confesso
que a mentoria me chama muito a atenção pela
velocidade das respostas. Vamos conceituar as
duas coisas primeiro:
Segundo o IBC – Instituto Brasileiro de Coaching,
coaching é: um processo, uma metodologia, um
conjunto de competências e habilidades que
podem ser aprendidas e desenvolvidas por
absolutamente qualquer pessoa para alcançar um
objetivo na vida pessoal ou profissional, até 20
vezes mais rápido, comprovadamente. E segundo o
próprio IBC mentoring é: uma espécie de tutoria
onde um profissional mais velho e mais experiente
orienta e compartilha com profissionais mais
jovens, que estão iniciando no mercado de
trabalho ou numa empresa, experiências e
conhecimentos no sentido de dar-lhes orientações
e conselhos para o desenvolvimento de suas
carreiras. Na verdade a mentoria não se limita ao
campo profissional, mas também ao pessoal.
Imagine você sendo mentorado por alguém que
conhece muito sobre comportamento humano e
se essa pessoa lhe ajudasse! Quanto ganho, quanto
aprendizado, quanto conhecimento isso não lhe
traria e quantos caminhos não seriam encurtados?
Então o que eu quero dizer a vocês com tudo isso?
Se eu conhecesse alguém que já tivesse passado
pelas mesmas dores que eu e, fosse meu mentor,
eu teria sido mais assertivo, muito mais feliz e feito
muito mais amizades, como exatamente faço hoje,
mas não tive, exceto ações esporádicas de
correção de meus erros, ou seja depois que tudo já
aconteceu. Digo, que depois que as coisas já deram
errado, quem fala depois pode ser considerado
engenheiro de obra pronta e, por não ter dado
certo, obra imperfeita. Então quanto vale um
mentor para você?
Creio que a presença nas nossas vidas de pessoas
que já passaram pelo que podemos evitar passar,
adianta o processo e nos desenvolve ao mesmo
tempo. O problema é que na maioria das vezes os
mentores nos escolhem e não nos que os
escolhemos. Felizmente, isso está mudando e
mentores estão começando a ficar disponíveis.
Então o papel de um mentor na minha vida valeria
muito, pena que só descobri isso após os 40 anos
de idade, mas que bom que hoje posso mentorear
pessoas a não passarem pelo que eu passei. Como
disse nas páginas anteriores, por não me
autoconhecer e saber dos perfis comportamentais
errei muito e paguei um alto preço (emocional,
financeiro e físico). Minha dica é: Conheça pessoas
que possam servir para você de mentor. Falo
sempre: pague um café, um almoço, um jantar e
até sessões de mentoria e, melhor ainda, se seu
mentor conhecer de comportamento humano isso
vai lhe ajudar muito a encurtar caminhos.
Temos vários comportamentos que vão da
dominância, passando pela influência, estabilidade
e análise.
Comportamento humano determina muito onde
vamos chegar e como vamos chegar e, é isso que
quero tratar na sequência. Perguntas? Quem pode
ser seu mentor? Motivo da sua escolha? O que vai
fazer para encontrá-lo? Sucesso!
OPORTUNIDADES PARA O
PROFISSIONAL DE
MENTORING NO BRASIL
Fernando Oliveira
O processo de Mentoring existe a muito tempo,
sendo que historicamente a figura do mentor foi
marcado por uma nome ex: na Grécia antiga era
chamado de Guru, pelos franceses era classificado
pela expressão Protégé (meu protegido). Já o
termo Mentoring surgiu da mitologia grega na
obra odisseia de Homero.
Mais este termo se fez muito mais presente nas
corporações de forma profissional em meados do
século VXIII com a revolução industrial iniciada na
Inglaterra.
Muitas pessoas praticam ou já praticaram o
processo de Mentoring de forma inconsciente em
suas vidas, considerado como um Mentoring
informal, por exemplo: os pais exercem um papel
de Mentoring informal com seus filhos, irmão mais
velhos também realizam este processo quando
dão seus aconselhamentos para seu irmão mais
novo.
O conceito de Mentoring parte do princípio aonde
o Mentor conduz e apoia seu mentorado rumo ao
seu objetivo, utilizando de sua expertise e
experiência na área, fazendo assim com que seu
mentorado ganhe tempo e potencialize seus
resultados. Cada vez mais temos pessoas mais
jovens e muito preparadas com inúmeras
formações, estando envolvidas em processo
estratégico e na tomada de decisão. Porém hoje
temos um cenário aonde possuímos instituições
de ensino e não de aprendizado, ou seja, as
universidades ensinam seus alunos a exercer uma
função.
Mas na maioria de tomada de decisão ou algum
planejamento estratégico é necessário além de
habilidades técnicas, exige experiência de quem já
vivenciou a mesma situação ou uma situação
similar em algum momento de sua carreira, e com
esta experiência lhe trouxe um resultado e um
aprendizado, aonde este aprendizado e
experiência lhe servirá como um parâmetro para
decisões futuras. E é neste momento que o
mentor entra para apoiar seu mentorado neste
processo com toda a sua experiência e expertise
em sua área de atuação.
Durante toda a nossa vida trazemos com as nossas
experiências algumas crenças e valores que em
algum momento nos serviu e hoje já não serve
mais. Essas crenças e valores ficam armazenadas
no nosso inconsciente, numa forma de um ponto
cego aonde nos limita e nos impedindo de ir além.
Essas limitações são muito desafiadoras de
identificar sozinho, e por este motivo gera uma
grande frustração e decepção. O mundo
corporativo não vai entender que você não está
sendo produtivo ou assertivo em suas decisões
devido essas travas, e sim iram dizer que é
incompetente, não tem foco, falta de dedicação
etc.
Hoje estamos vivendo um cenário de constante
mudanças, tanto na área comportamental quanto
na área tecnológica, aonde a velocidade para
tomada de decisão é extremamente importante
para se obter o resultado esperado, e não
podemos nos dar ao luxo de ficar na antiga técnica
de acerto e erro. Não temos mais tempo para
aprender a fundo uma determinada habilidade, e
temos cada vez mais que diminuir a margem de
erro e assim acelerar todo o processo rumo ao
nosso objetivo. Com todas essas mudanças e a
velocidade a qual estão acontecendo, sai na frente
aqueles profissionais os quais possuem seus
mentores para lhe apoiar nesse processo, porém é
necessário escolher bem seu mentor, pois para
que obtenha o resultado esperado a relação
mentor mentorado tem que ter alguns pontos
indispensáveis;
● Empatia; para funcionar o processo de
mentoring tem que haver a empatia entre
mentor e mentorado para assim estabelecer
um elo de relacionamento;
● Confiança; é extremante importante haverá
confiança entre as partes pois assim o
processo caminha de forma mais produtiva
e prazerosa;
● Transparência; é de grande importância o
mentorado ser transparente com seu
mentor para que assim ele possa ser o mais
assertivo possível dentro do objetivo que
está sendo trabalhado;
● Comprometimento; Mentor e Mentorado
tem que estar 100% comprometido com o
objetivo, além do comprometimento um
com o outro em todo o processo;
● Estar aberto a ouvir; o Mentorado tem que
estar aberto para ouvir os aconselhamentos
de seu Mentor;
● Atitude: o Mentorado tem que ter a atitude
para agir e executar as ações acordadas
com seu mentor.
Esses são alguns pontos básicos que farão com
que seu processo de mentoring seja mais leve e
produtivo. Entre de cabeça neste processo de
puro aprendizado, e verás o quão produtivo e
enriquecedor será para sua vida profissional e
pessoal participar deste processo.
PROPÓSITO PARA
MENTORES DE NEGÓCIOS
Claudio Brito
Tenho me dedicado a pesquisar o trabalho do
professor Kaplan de Harvard e do consultor
empresarial Jim Collins sobre um tema que pode
ajudar os empreendedores a alavancar seus
resultados de forma significativa e preparar suas
empresas para durar, mesmo após eles não
estarem mais em seu comando, eu estou falando
de Propósito Empresarial.
Empresas que apresentam sucesso duradouro
tem valores e o propósito empresarial principal
fixados enquanto as estratégias e as práticas de
negócios se adaptam a um mundo em mudanças.
A dinâmica de preservar o núcleo enquanto
estimula o progresso é a razão de empresas como
HP, 3M, Johnson & Johnson, Procter & Gamble,
Merck, Sony, Motorola e Nordstrom se tornaram
instituições de elite capazes de se renovarem para
atingirem performance de longo prazo.
Funcionários da HP sabem bem que mudanças
radicais nas práticas da operação, normas
culturais e estratégias de negócios não significam
perder o espírito HP – Os valores principais da
empresa. J&J questiona constantemente sua
estrutura e redesenha seus processos enquanto
preserva seus ideais incrustados no seu núcleo.
Em 1996, a 3M vendeu várias unidades do seu
negócio – um movimento dramático que
surpreendeu a imprensa voltada para negócios –
para refocar no seu estável propósito principal de
“resolver problemas sem solução, de forma
inovadora”. Segundo o estudo de Jim Collins as
empresas com o propósito claro superaram em
12x os resultados da média de mercado.
Empresas grandiosas de verdade entendem a
diferença entre o que nunca muda e o que está
aberto a mudanças, entre o que está
sacramentado e o que não está – é uma habilidade
rara para gerir continuidade e mudanças – que
requer disciplina e consciência prática – e está
intimamente ligada com a habilidade de
desenvolver visão. A visão provê uma guia sobre o
que deve ser preservado e o que devemos deixar
seguir em frente. Mas a visão se tornou uma das
palavras mais usadas e menos entendida no
mundo, evocando diferentes imagens de pessoas
diferentes: de valores mantidos profundamente,
objetivos alcançados, obrigações societárias,
objetivos emocionantes, forças motivadoras e
razões de ser. Nós recomendamos um framework
conceitual para definir visão, adicionar clareza e
rigor ao vago e confuso conceito que gira em
torno do tema e dá uma guia prática para articular
uma visão coerente a uma organização. É um
framework baseado em 6 anos de pesquisa,
refinamento e testes do trabalho com executivos
de várias organizações do mundo todo.
Uma visão bem concebida consiste em dois
principais componentes: uma ideologia principal
e uma visão de futuro. Ideologia principal, o Yin
em nosso esquema, define o que defendemos e
porque existimos. O Yin não muda e complementa
o Yang, A visão de futuro. A visão de futuro é o que
nós queremos nos tornar, atingir, criar – algo que
irá requerer uma mudança significativa e
progresso para atingir.
Ideologia principal
Define os aspectos duráveis da organização – Uma
identidade consistente que transcede produtos
ou ciclos de mercado, mudanças de tecnologia,
modismos na gestão e líderes individuais. De fato,
a mais duradoura e significante contribuição destes
que construíram empresas visionárias foram a
ideologia principal. Como Bill Hewlett disse sobre
o seu amigo e parceiro de negócios David Packard
na ocasião da sua morte, “Quanto mais a empresa
avança, a coisa mais importante que ele criou foi o
código de ética conhecido como HP Way.” A
ideologia principal da HP, que guiou a companhia
desde a sua criação 50 anos atrás, incluindo um
respeito profundo pelo indivíduo, a dedicação pela
qualidade e confiabilidade, o compromisso com a
responsabilidade pela comunidade (Packard
deixou seu legado de $4.3 bilhões de dólares e
ações da HP para uma instituição de caridade), e
uma visão de que companhia existe para fazer
contribuições técnicas para o avanço e bem-estar
da comunidade.
Companhias criadas como as de David Packard,
Masaru Ibuka da Sony, George Merck da Merck,
William McKight da 3M e Paul Galvin da Motorola
entenderam que é mais importante saber quem
você é do que para onde você está indo, para
onde você está indo vai mudar com as mudanças
do mundo. Líderes morrem, produtos se tornam
obsoletos, mercados mudam, novas tecnologias
surgem e modas na gestão vem e vão, mas a
ideologia principal em uma companhia grandiosa
permanece como fonte de orientação e
inspiração.
A ideologia principal provê a cola que unifica a
organização enquanto ela cresce, descentraliza,
diversifica, expande globalmente e desenvolve
diversidade no ambiente de trabalho. Uma visão
efetiva precisa enquadrar a ideologia principal da
organização, que se divide em duas partes: os
valores, um sistema guia de princípios e
doutrina; e o propósito empresarial, a razão
fundamental para a existência da empresa.
Valores principais, são princípios essenciais na
doutrina da organização. Um pequeno conjunto
de princípios guia, valores principais que não
requerem juntificativas externas; eles tem valor
intrínseco e importância para aqueles dentro da
organização. Os valores principais da Disney,
imaginação e salubridade devem ser nutridos pelo
seu próprio dim. William Procter e James Gamble
não insinuaram na cultura P&G o foco na
excelência dos produtos meramente como uma
estratégia para o sucesso, mas quase como uma
doutrina religiosa. E esses valores foram passados
por mais de 15 décadas pela equipe P&G. Serviço
ao consumidor – mesmo sendo subserviente – é o
caminho da vida que a Nordstrom traçou nas suas
origens em 1901, 8 décadas antes dos programas
de serviço ao consumidor se tornarem cool.
Para Bill Hewlett e David Packard, respeito ao
indivíduo foi o primeiro e mais importante
profundo valor pessoal; eles não pegaram isso de
um livro e nem ouviram de um guru da gestão. E
Ralph Larsen CEO da J&J coloca dessa forma “Os
valores principais estão incrustados em nosso
credo e podem ser vantagem competitiva, mas
não é por isso que temos eles. Nós temos eles
porque eles definem porque estamos aqui e vamos
mantê-los mesmo que eles se tornem uma
desvantagem competitiva em certas situações.”
Uma empresa grandiosa decide por ela mesma
que valores manter como principais, largamente
independente no ambiente atual, requisitos
competitivos ou modas de gestão. Claramente,
então, não há universalmente um conjunto certo
de valores principais.
Uma empresa NÃO precisa ter em seus valores
principais, serviços ao cliente (a sony não tem) ou
respeito ao indivíduo (Disney não tem) ou
qualidade (walmart não tem) ou foco no mercado
(HP não tem) ou trabalho em equipe (Nordstrom
não tem). Uma empresa precisa ter práticas
operacionais e estratégias de negócios em torno
dessas qualidade sem perder sua essência. Além
disso, uma empresa grandiosa não precisa ser
amável ou humanista nos seus valores principais.
Empresas tendem a ter apenas alguns valores
principais (entre 3 e 5). Apenas alguns valores
podem ser o principal. Isso é tão fundamental e
profundo que elas raramente mudam, se vão
mudar algum dia.
Para identificar os valores principais da sua
organização, seja implacavelmente honesto para
definir quais são seus valores centrais. Se você
definir mais do que 5 ou 6 valores, existe a
possibilidade de você ficar confuso em relação a
algo que não vai mudar como a área operacional,
as estratégias de negócios ou as normas culturais.
Lembre-se que os valores precisam estar de pé
frente ao teste do tempo. Depois de fazer uma
lista preliminar dos seus valores principais,
pergunte-se sobre cada um, se as circunstâncias
mudarem e nos forçarem a rever nossos valores,
nós vamos mantê-lo? e você responder
honestamente sim, então o valor não é principal
e você deve considerar retirá-lo.
Uma empresa de alta tecnologia, perguntou se
qualidade deveria estar em seus valores principais.
O CEO perguntou, Suponha que em 10 anos,
qualidade não faça diferença em nosso mercado.
Suponha que a única coisa que importa seja
velocidade e força, mas não qualidade. Devemos
manter qualidade em nossa lista de valores
principais? Os membros do time de gestão
olharam em volta e finalmente disseram não.
Qualidade permaneceu na estratégia da empresa,
os programas de melhoria contínua da qualidade
foram mantidos pela empresa, mas não fizeram
mais parte da lista de valores principais.
O mesmo grupo de executivos então se
degladiaram sobre manter a Vanguarda como
valor principal da empresa. O CEO perguntou,
devemos manter a inovação como valor principal,
não importando como o mundo mude a nossa
volta? Nesta hora o time de gestores disse um
retumbante sim. Os gestores observaram que “nós
sempre precisamos ter a vanguarda da inovação.
Isso é o que somos. Não importa o que aconteça. E
se o mercado que estamos não valorizar isso, nós
vamos achar um que valorize.” a vanguarda da
inovação foi para a lista principal de valores e
ainda permanece lá.
As pessoas que devem estar envolvidas na
definição de valores variam em função do
tamanho, idade e dispersão geográfica da
empresa, mas em muitas situações nós temos
recomendado o que chamamos de grupo marcial.
Funciona assim: Imagine que você foi perguntado
sobre recriar os melhores atributos da sua
empresa em outro planeta mas você só tem 5 ou
7 assentos na nave que vai levar seu time pra lá.
Quem você vai mandar? Mais importante, você
deverá escolher pessoas que tenham um certo
nível de entendimento dos seus valores, alto nível
de credibilidade junto aos seus pares e muita
competência.
Exemplos de Valores
Sony
Elevação da cultura japonesa e do status nacional
Ser pioneira – não seguir os outros, fazer o
impossível
Encorajar individualmente a habilidade e a
criatividade
Walt Disney
Sem cinismo
Nutrir e promover “os valores saudáveis
americanos”
Criatividade, sonhos e imaginação
Fanática atenção para consistência e detalhes
Preservação e controle da magia disney
Nordstrom
Serviço ao consumidor acima de tudo
Trabalho duro e produtividade individual
Nunca estar satisfeito
Excelência na reputação, fazer parte de algo
especial
Invariavelmente as empresas acabam
selecionando representantes com alta
credibilidade que fazem um super trabalho para
articular os principais valores de forma precisa,
pois eles são exemplos desses valores – uma fatia
representativa do código genético da empresa.
Mesmo empresas globais composta de pessoas
muito diferentes podem identificar um conjunto
compartilhado de valores principais. O segredo é
trabalhar do indivíduo para a organização. Pessoas
envolvidas em articular os principais valores
precisam responder algumas questões: Quais dos
seus valores pessoais você traz para o trabalho?
(isto pode ser fundamental para mantê-los
independentemente se eles são recompensados).
O que você fala para as suas crianças são os
valores que você trouxe do trabalho e que você
tem esperança que eles tenham quando se
tornarem adultos? Se você acordar amanhã com
dinheiro suficiente para não trabalhar mais o
resto da vida, você continuará com esses
valores? Você vê esses valores como sendo válidos
daqui a 100 anos? Você vai manter esses valores
mesmo que daqui a alguns anos ele se torne uma
desvantagem competitiva? Se você for montar
uma empresa amanhã em outro setor, esses
valores poderiam continuar sendo aplicados
independente do setor? Essas últimas perguntas
são essenciais pois elas vão fazer uma distinção
crucial entre os valores que não devem mudar e as
práticas e estratégias que mudam o tempo todo.
Como definir o propósito de uma empresa
O que é Propósito principal da organização? É a
razão da empresa existir e faz parte da ideologia
principal do negócio. Um propósito efetivo reflete
a motivação idealista das pessoas que trabalham
na empresa. Não se trata de apenas escrever a
energia da empresa ou seu cliente alvo, ele
captura a alma da empresa.
David Packard
Jim Collins
Imaginar o futuro
O segundo componente primário do framework
da visão é imaginar o futuro, em duas partes, uma
meta audaciosa de 10 a 30 anos com uma
descrição clara do que acontecerá quando a meta
for batida. Nós reconhecemos que a frase
imaginar o futuro é paradoxal. Mas se por um
lado, isso transmite algo concreto – algo visível,
vivido e real. Por outro lado, envolve um tempo
não realizado – com sonhos, desejos e aspirações.
Visão Nível OGCA – Objetivo, Grande, Cabeludo e
Audacioso
Nós encontramos em nossa pesquisa empresas
com missões forte ou como nós preferimos
chamar Objetivo, Grande, cabeludo e audacioso,
como uma poderosa forma de estimular o
progresso. Todas as empresas tem objetivos. Mas
existe uma diferença entre ter um objetivo e
estar comprometido com um grande e
apaixonante desafio – Como escalar o Everest. O
verdadeiro OGCA é claro e atraente, serve para
unificar o ponto de foco e de esforço, e age como
catalisador do espírito do time. Existe uma clara
linha de chegada, então a organização pode saber
quando atingiu seu objetivo; as pessoas gostam de
saber a linha de chegada. O OGCA engaja as
pessoas – Elas tentam alcançar e agarram ele. Ele
é tangível, energizante e altamente focado; As
pessoas veem um caminho; ele precisa de pouca
ou nenhuma explicação.
Por exemplo, a missão da lua de 1960 da NASA
não precisou de um comitê gastando horas em
como transformar o objetivo em algo inteligível,
o objetivo era tão fácil de compreender – que
poderia ser dito de 100 diferentes maneiras que
continuaria fácil de entender. Muitas declarações
corporativas vistas por ai, não tem a força
mobilizadora do OGCA.
Um OGCA não deve ser fácil de ser batido – mas
tem entre 50% e 70% de probabilidade de
sucesso – mas a organização precisa acreditar
que pode alcançá-lo. Mesmo que seja preciso um
esforço extraordinário e talvez um pouco de sorte.
Nós temos ajudado empresas a definirem seus
OGCA em quatro categorias: Objetivos OGCA,
inimigos comuns OGCA, Modelo completo OGCA
e transformação interna OGCA.
Descrição viva
Em adição a visão OGCA, uma imagem de futuro
precisa do que chamamos de Descrição viva – que
é vibrante, engajadora e uma descrição específica
sobre o que acontecerá ao atingir o OGCA, pense
em traduzir essa visão de palavras para imagens,
de forma que as pessoas possam carregar em suas
mãos, algo essencial para tornar o OGCA tangível
na mente das pessoas.
Por exemplo, Henry Ford deu vida ao objetivo de
democratizar o automóvel da seguinte forma “Eu
vou criar um carro motorizado para a grande
multidão… ele será tão acessível que um homem
com bom salário estará apto a passar com a sua
família horas abençoadas de prazer em grande
espaços criados por Deus… Quando estiver
pronto, todos poderão ter um, os cavalos vão
desaparecer de nossas estradas… e teremos um
grande número de empregados recebendo um
bom salário.”
Paixão, emoção e convicção são essenciais na
descrição vivida. Alguns gestores ficam
desconfortáveis na hora de divulgar seus
sentimentos, mas é o que motiva os outros.
Alguns pontos chave. Não confunda a ideologia
principal com a visão de futuro e nem o propósito
principal com o OGCA.
O propósito principal é a razão pela qual a
organização existe.
O OGCA é o objetivo principal articulado.
O propósito principal não será completado nunca,
o OGCA é alcançável entre 10 e 30 anos.
Pense no propósito principal como a estrela no
horizonte a ser seguida sempre e no OGCA como
a montanha a ser escalada. Quando você atingir o
topo da montanha poderá seguir para outras
montanhas.
Identificar a ideologia principal é um processo de
descoberta, mas a visão de futuro é um processo
criativo. Muitos executivos avançam mais
definindo primeiro a descrição vívida e voltando
depois ao OGCA. Este approach envolve iniciar
com questões como, nós estamos sentados aqui
em 20 anos, o que você gostaria de ver? Como
essa empresa deveria parecer? Como deveria ser
os funcionários? O que ela deveria ter atingido? Se
alguém escrever um artigo sobre essa empresa em
20 anos, o que ele escreveria?
Para criar a visão de futuro é preciso um certo
nível de confiança cega e comprometimento.
Quando bem escrita essa visão continua inspirado
mesmo depois da saída dos líderes que a criaram.
Tenha em mente que o OGCA não é apenas um
objetivo e sim um Objetivo, Grande, Cabeludo e
Audacioso.
Mas e sobre falhar na realização de uma visão de
futuro? Em nossa pesquisa, encontramos que as
empresas visionárias mostram uma admirável
habilidade para atingir seus objetivos mais
audaciosos. A Ford democratizou os automóveis;
Citicorp se tornou o banco mais acessível do
mundo e a Boeing se tornou a maior empresa de
aviões do mundo. Em contrapartida isso não
acontece com o OGCA pois as empresas
frequentemente falham em alcançá-lo. O segredo
não está em traçar objetivos fáceis: As empresas
visionárias tendem a ter mais ambição audaciosa.
E também não é preciso ter um líder carismático
ou visionário. As empresas visionárias atingem seu
OGCA sem um líder grandioso no leme. A
diferença também não está na estratégia: As
empresas visionárias frequentemente realizem
seus objetivos mais por um processo orgânico de
vamos tentar várias coisas e manter as que
funcionam do que usando planos estratégicos
perfeitos.
Finalmente, é importante tomar cuidado com a
síndrome do chegamos em relação a visão de
futuro – uma espécie de letargia enfrentada pelas
empresas ao atingir o OGCA e não definir outro
OGCA. A NASA enfrentou essa síndrome ao pousar
na lua. A Ford também ao popularizar o automóvel
e a Apple ao criar o computador para pessoas não
técnicas. Essa síndrome também é apresentada
por Startups após o IPO.
Uma visão simplesmente cria o contexto para que
tudo aconteça. Construir uma empresa visionária
requer 1% de visão e 99% de alinhamento.
Quando você tem um alinhamento soberbo um
visitante pode cair no seu espaço e inferir sua
visão das operações e atividades da empresa sem
nunca ter lido um paper ou participado de uma
reunião.
Criar alinhamento é o seu trabalho mais
importante. Mas o primeiro passo será sempre
refazer a sua visão ou missão em um contexto
efetivo para criar uma empresa visionária. Se
você fizer isso bem, não precisará pensar nisso
pela próxima década.
Ideologia da Sony – 1950
Propósito empresarial
Experienciar a alegria pura da inovação e
aplicação da tecnologia para o benefício e prazer
do público.
Valores
Elevação da cultura japonesa e status nacional
Ser Pioneira – Não seguir os outros; Fazer o
impossível
Encorajar habilidades individuais e criatividade
Objetivo Grande Cabeludo e Audacioso
Tornar-se a empresa mais conhecida por mudar a
visão mundial de baixa qualidade dos produtos
japoneses.
Descrição vivida
Vamos criar produtos que vão invadir o mundo…
Seremos a primeira empresa japonesa a ir ao
mercado americano e distribuir diretamente…
Vamos ter sucesso com inovações que os EUA
falharam – como o transistor de rádio… 50 anos a
partir de hoje, nossa marca será a melhor avaliada
no mundo… E significará inovação e qualidade
mais que qualquer outro concorrente no mundo…
“Feito no japão” irá significar algo excelente e não
de má qualidade.
CULTURA, VALORES E
HUMANIDADE NA
MENTORIA DE NEGÓCIOS E
DE STARTUPS
Carlos Eduardo de Araújo Nogueira
Paulo Ricardo Oliveira da Costa Salgueiro
Elise Almeida Nogueira
Cada dia que passa o tema “mentoria” se consolida
como relevante para a maturidade do ecossistema
nacional de empreendedorismo, inovação e
investimento.
A crescente auto atribuição da expressão
“mentor(a)” nos perfis profissionais no Linkedin
revela a importância que essa atividade vem
assumindo em toda a cadeia produtiva. Antevendo
essa proeminência, um grupo de agentes do
ecossistema no Rio de Janeiro se juntou para
discutir o futuro da Mentoria e a sua solidificação
no ecossistema nacional e, em julho de 2016,
lançou as bases da Associação Brasileira dos
Mentores de Negócios – ABMEN, tendo à frente
da iniciativa os executivos de uma aceleradora
(OutsourceBrazil – OBr) e de uma incubadora
(INNASA RIO), com o apoio de algumas
instituições atuantes no ecossistema local.
A ABMEN é uma entidade sem finalidade lucrativa,
porém com um modelo de negócio inovador no
associativismo. Começou a operar oficialmente
em novembro/16 e foi construída sobre quatro
pilares: Competência, Transparência,
Conhecimento e Mérito. Competência de
profissionais já experimentados, maduros
intelectualmente, resilientes, criativos e
colaborativos. Transparência nas relações, nas
intenções, nas parcerias de benefícios mútuos e
nos propósitos. Conhecimento para levar ao
estado-da-arte a Mentoria, evoluí-la, evoluir os
associados e os ecossistemas. Mérito no
reconhecimento de que são as pessoas que fazem
com que outras pessoas alcancem seus objetivos e
que por isso elas merecem ser recompensadas.
Tem como Missão “desenvolver e fortalecer a
Mentoria de Negócios, tornando-a uma atividade
profissional reconhecida, desejada e construída a
partir da convergência de interesses entre os que
desejam mentorar e os que procuram por mentores
preparados, contribuindo para a melhoria da
qualidade geral do ecossistema de negócios, a
evolução das empresas e melhores empreendedores
e empresários para transformar o mundo por meio
dos negócios” .
A busca pela realização de sua Missão, com base
em seus Valores, tem levado a diretoria executiva
e alguns de seus associados a estudar outros
ecossistemas mais maduros, para entender o
papel dos mentores neles. Não foi surpresa ver a
importância que assume o Mentor nos
ecossistemas norte-americano, inglês e
israelense. Até em Portugal o mentor é relevante.
O que nos surpreendeu nesses estudos informais
foi o uso da expressão. Em todos esses países a
palavra “Mentor” sofre variações quanto ao seu
emprego. Além do Mentor ‘de Startups’ e de
‘Negócios’ há também o de Carreiras (dentro das
universidades). Mas em nenhum desses países
coachs se dizem mentores, nem consultores se
dizem mentores e nem conselheiros se dizem
mentores. Essa confusão acontece no Brasil e isso
acaba dificultando o entendimento dos reais
beneficiários da mentoria. Já antevendo essa
confusão, o grupo fundador da ABMEN decidiu
agregar o atributo “de Negócios” e definir um
posicionamento para sua atuação, situando suas
atividades tanto no ecossistema empreendedor de
base quanto no mundo dos negócios em geral.
Entretanto, essa medida atraiu para a ABMEN
muitas críticas e dissensões, o que reforçou a
necessidade de estabelecer um marco conceitual
para a atividade no Brasil e facilitar o
entendimento e o potencial de contribuição dos
Mentores para os empreendedores e todos os
atores envolvidos com o movimento
empreendedor nacional.
A ABMEN, em sua fundação, buscou referenciais
nos ecossistemas mais maduros para não
“reinventar a roda”. Para entender a dimensão de
contribuição de um verdadeiro mentor buscou-se
identificar precursores e parece que a primeira
pessoa a estabelecer algum referencial para
delinear o perfil e o comportamento de um
Mentor, no mundo das startups, foi o
norte-americano David Cohen e seus sócios na
aceleradora Techstars. Seu Manifesto do
Mentor[4]traz uma lista de recomendações:
1. “Seja Socrático
2. Não espere nada em troca
3. Seja autêntico / pratique o que você prega
4. Seja direto
5. Ouça mais e fale menos
6. A melhor mentoria é aquela que, eventualmente, se torna
uma via de mão-dupla
7. Seja responsivo
8. Adote ao menos uma startup nova todo ano
9. Separe claramente opinião de fato
10. Mantenha as informações confidenciais
11. Posicione-se claramente como mentor ou não
12. Saiba exatamente o que você não sabe
13. Guie, mas não controle
14. Aceite e se comunique com os outros mentores que
estiverem envolvidos no processo
15. Seja otimista
16. Forneça dicas práticas e específicas. Não seja vago
a) Empreendedores ativos – aqueles que estão em
processo de desenvolvimento de seus próprios
negócios em alguns programas de incubação ou
de pré-aceleração, e que vão para os eventos de
ignição de ideias para colaborar com a experiência
que já adquiriram;
b) Empreendedores seriais – são pessoas que
estão no movimento empreendedor empenhando
100% da sua criatividade e capacidade para
resolver problemas e inovar. Já criaram mais de
um negócio, fracassando ou vencendo, e são
convidados para eventos de ignição, bancas e
avaliações, contribuindo com suas visões de
mundo e suas experiências em transformar ideias
em negócios;
c) Executivos de Empresas e CEO– são
profissionais de mercado, geralmente de grandes
empresas e corporações multinacionais cujos
conhecimentos específicos são extremamente
úteis para empreendedores que buscam solução
de problemas e inovações nas áreas em que eles
dominam. Normalmente, são convidados para
participar de programas de aceleração, para
contribuir em momentos específicos do
desenvolvimento de um negócio;
d) Head de Aceleradoras e Incubadoras – são os
executivos envolvidos diretamente com
programas de aceleração e incubação. São
altamente experientes em modelagem de
negócios e possuem conexões de alto nível em
todo o ambiente empresarial, ecossistemas e
governos. Colaboram com programas de grande
envergadura, principalmente públicos, tais como
InovAtiva Brasil, StartupBR entre outros, além dos
seus próprios;
e) Investidores e anjos – são as pessoas,
normalmente empresários e/ou executivos
bem-sucedidos, que buscam oportunidades de
colaboração direta em empreendimentos com
elevado potencial de escala. Via de regra são
convidados a participar de bancas de concursos e
a colaborar em processos de aceleração.
Igualmente aos Head de Aceleradoras e
Incubadoras, possuem conexões e contatos em
um amplo espectro do ambiente empresarial,
ecossistemas e governos. Também colaboram
ativamente com programas de grande
envergadura;
f) Empresários – são pessoas que alcançaram o
sucesso em seus empreendimentos e negócios,
adquirindo grande experiência em mercado,
política, negociação e conjuntura e que se voltam
ao ecossistema para aconselhar, transferir
know-how e, eventualmente, investir.
Normalmente são convidados a participar de
bancas de concursos e a colaborar em processos
de aceleração;
g) Mentores de Negócios Profissionais – são as
pessoas que se preparam para cumprir essa
missão. Podem estar nas descrições anteriores e
também atuarem como consultores e coachs, mas
que buscam aprimoramento e metodologia
específica para colaborar nos ecossistemas, junto
às startups e empresas sociais de impacto, além
do ambiente empresarial como um todo.
Voltando ao ponto inicial, a perspectiva da
mentoria é sempre o mais experiente orientar o
caminhar do menos experiente. E isso pode
simplesmente acontecer do mais velho para o
mais novo, como também do mais novo para o
mais velho. As claras diferenças geracionais,
reforçadas pela acelerada mudança causada para
evolução das tecnologias, reforçam essa “inversão”
se considerarmos que muitos jovens podem já ter
experimentado o sucesso e o fracasso muito mais
vezes que a geração de seus pais. Ou seja, apesar
da pouca idade já possuem muita experiência em
campos específicos quando comparado aos mais
maduros.
Mas a lógica não é essa. Na Mentoria de Negócios,
maturidade e muita experiência tem grande valor.
Assim, a mentoria, via de regra, vai do mais velho,
do mais experiente, ou do mais maduro para o
menos em tudo.
O Mentor de Negócios e de Startups é um
profissional que acompanha todo ou uma parte do
ciclo de vida de uma startup, um projeto ou
empresa, apoiando o seu desenvolvimento, seja
ele nascente ou em estágio avançado, com
experiência, conhecimento e abrindo portas com
sua rede de relacionamento. Atua em toda a esfera
empresarial, da base ao topo da pirâmide, do
aspirante a empreendedor à grande corporação,
inclusive em empreendimentos/negócios sociais,
de acordo com suas expertises, habilidades e o
alcance de suas conexões e networking.
O Mentor de Negócios e de Startups é o
profissional mais experiente que exerce esses
papéis de acordo com o grau de maturidade do
mentorado e de acordo com as circunstâncias da
mentoria em si.
Nesta perspectiva, abaixo, abordamos os quatro
papéis mais relevantes que cada mentor de
negócios e de startups p oderá lançar mão para
cumprir sua missão, dadas as circunstâncias de
cada mentoria. Os consideramos os mais
importantes porque são pilares da sociedade que
nos viabiliza a existência e nos dá a possibilidade
de evoluirmos.
Mentor familiar– O ‘mentor familiar’ é o pai/a
mãe que existe dentro de cada mentor(a). São os
pais que constroem as bases morais, moldam o
caráter e dão continuidade à transmissão oral da
cultura e seus valores para que o novo ente social
possa crescer de maneira saudável, se desenvolver
e se relacionar dentro das regras de convivência e
sociabilidade. Na mentoria de negócios e de
startups poucos mentores aceitam cumprir esse
importante papel, principalmente em relação ao
fator cultural. No entanto, é justamente o fator
cultural que permite a mudança de paradigmas, de
dentro do modelo cultural vigente para fora. A
verdadeira disrupção é fazer a mudança de dentro
para fora da cultura, nunca de fora para dentro. E
para mudar a cultura é necessário aceitá-la,
entende-la, identificar suas fragilidades e agir para
mudar.
Mentor educacional– O “mentor educacional” é
todo(a) professor(a)/educador(a) que existe
dentro de cada mentor(a). Seu principal papel é
transferir para os aprendizes os valores de
contexto e hierarquia. Contexto é o sentido das
coisas, a inter-relação que há entre tudo o que
existe, relacionado ou não a uma atividade
profissional. É o domínio de um ou mais contextos
que dão aos mentores a principal condição para
sê-los. Hierarquia é o reconhecimento de que
tudo o que existe respeita uma cadeia de
autoridade, de poder, de comando, de forma e de
ascensão, desde as plantas mais simples às mais
robustas; dos animais mais elementares aos reis
da selva, aos reis dos oceanos e aos seres
humanos. Na mentoria de negócios e de startups o
fator educacional volta e meia precisa ser lançado,
principalmente quando um mentorado não dispõe
de subsídios conceituais e práticos para entender
o problema para o qual busca oferecer solução ou
mesmo para solucionar o seu próprio problema.
Este tipo de mentor(a) tem papel crucial no
ecossistema por promover a busca, a geração e
multiplicação de conhecimentos.
Assim, em dado momento de uma mentoria, pode
o(a) mentor(a) decidir dar uma aula sobre
determinado conteúdo, se percebe que essa
carência pode afetar significativamente, e a curto
prazo, a startup o
u empresa. Em outras condições,
pode indicar literaturas, cursos e outros caminhos
para capturar o contexto que lhe falta.
Mentor organizacional– O “mentor
organizacional” é o(a) gestor(a)/o(a) executivo(a)
que existe naqueles que puderam exercer essas
atividades em organizações empresariais,
instituições sociais ou organizações de Estado na
qualidade de altos executivos. O papel do(a)
mentor(a) organizacional para com seus trainees
e/ou mentorados é exercitar a visão e a
autogestão, habilidades que os preparam para o
desafio de gerir as operações de uma empresa.
Mentor de negócios– O “mentor de negócios” tem
como premissa básica inspirar os aspirantes a
empreendedores a tomarem essa decisão,
motivando-os com seus próprios exemplos de
vida a ingressar no desafio e no risco de tornar
seus sonhos realidade. Além disso, os mentores de
negócios e de startups q ue sejam empresários
(pequeno, médio ou grande) também ajudam o
empreendedor a compreender as dificuldades do
processo, de como lidar com a política, com os
sindicatos, entender a conjuntura, navegar na
complexidade das leis, ser criativo para lidar com
fatores antagônicos da cultura
sócio-econômico-política do Brasil e outros
fatores que poucos tocam durante uma sessão de
mentoria. Esse papel é fundamental para os
empreendedores validarem suas ideias e negócios
devido à grande experiência acumulada ao longo
de anos, em jornadas de sucessos e fracassos e
também pela própria capacidade e visão de um(a)
mentor(a) mais maduro(a).
Claro que esses são os papéis basilares. Ao
tornar-se um(a) Mentor(a) de Negócios a bagagem
precisa ser complementada com diversos outros
conhecimentos, pois estamos falando do
ecossistema empreendedor, de inovação e de
investimento.
Quanto a “ser socrático”, eis um tremendo desafio
para qualquer pessoa. Exercitar a Maiêutica
requer muita prática. Ser socrático, antes de tudo,
é uma escolha. E tem implicações. Usar a
maiêutica não é para qualquer um e quem a adota
precisa estar muito ciente de si mesmo, ser forte
intelectualmente, equilibrado emocionalmente e
humilde. À primeira vista, parece fácil, mas
definitivamente não é. Caso não tenha formação
em Psicologia, Medicina, Direito, Psicanálise,
Filosofia Clínica e nem treinou o suficiente para
saber como usar o método, está muito longe de
ser um(a).
Mentores verdadeiramente socráticos não atuam
como executivos, muito menos como consultores,
conselheiros/advisers ou coachs durante uma
mentoria; não definem a solução do problema, não
se envolvem com as escolhas do empreendedor e
não impõem sua visão ou modus operandi. Para ser
socrático, o Mentor de Negócios e de Startups
precisa reavaliar a sua forma de ver o processo da
mentoria e de se situar nele.
O princípio da Mentoria socrática de Negócios é a
isenção e o respeito à singularidade do
empreendedor. A mentoria é uma oportunidade
de o cliente aprender e crescer e, para isso, o
Mentor de Negócios e de Startups necessita se
preparar para cada encontro, construir estratégias
de mentoria e treinar para saber a diferença entre
'queixa' e 'problema real'. Muito treinamento para
conduzir a sessão a um objetivo concreto, onde o
empreendedor consiga, por si mesmo, enxergar
caminhos de solução para o seu problema; para o
mentor saber a hora certa de interferir no speech
do mentorado, para segregar ou realçar os pontos
de incongruência e levar os
empreendedores/empresários a refletir e a
decidir mais acertadamente. Treinam para
aprender a construir junto com seu cliente os
cursos de solução e de ação que farão os negócios
e as startups evoluírem de maneira saudável,
sustentável e autônoma quando a mentoria
terminar.
Naturalmente, como um grande mercado de
oportunidades em aberto, quase virgem, será
inevitável a proliferação de todos os tipos de
mentores e propostas de mentorias, pro bono,
pagas ou remuneradas das mais diversas formas,
comprometidas ou não com o sucesso dos
negócios de seus clientes, o fato é que não há mais
como ignorar a importância do Mentor como um
agente que dá solidez a esse movimento
empreendedor. Se continuarmos mirando as
grandes economias de mercados, com as quais
tentamos nos espelhar, e não houver um novo
abalo sócio-político no Brasil, que coloque toda
essa construção abaixo, nosso ecossistema
nacional tem grande chance fazer nosso País ser o
que todos nós queremos.
MENTORES PARTICIPANTES
RICARDO ABEL
Economista, Master Coach Trainer através da
International Association of Coaching Institutes,
Master Trainer Internacional em Neurolinguística.;
MBA em Formação de Altos Executivos na FIA/USP;
MBA em Gestão Empresarial-Finanças Corporativas na
FGV/RJ; Ministra cursos de formação em Coaching,
PNL e Mentoring.
CLAUDIO BRITO
Especializado em Marketing Digital pela Fecap-SP e em
Dinâmica dos Grupos pela SBDG, tem +20 anos de
experiência e treinou com mestres como Alexander
Osterwalder, Steve Blank e Eric Ries. Foi selecionado
pela Endeavor para o curso “Building a High Growth
Business” em Babson, faculdade No. 1 em
empreendedorismo nos EUA. Alumni da Mentoria
Exponencial realizada pelo Harvard Mentoring Group
em Boston e Innovation Ecosystems For Leaders no
MIT – Massachusetts Institute of Technology. Foi
facilitador do Empretec. Mentor de Mentores e
Líderes, mantém o cargo de CEO Global Mentoring
Group um grupo internacional focado na alta
performance de mentores, baseado nos Estados
Unidos.
EDUARDO NOGUEIRA
Profissional de Marketing, com mais de 30 anos de experiência em
consultoria e gestão empresarial. Há 17 anos se dedica à formação
de futuros empreendedores/empresários. É co-fundador e
atualmente está CEO da Associação Brasileira dos Mentores de
Negócios - ABMEN. É sócio da INNASA RIO Incubadora. Head de
Pré-Aceleração da Sai do Papel SDP. Desenvolvedor e Instrutor
Sênior do Programa de Metodologia-base® para Mentores –
PMBM. Filiado à ABCR - Associação Brasileira dos Captadores de
Recursos. Publicitário (FACHA/RJ) com Mestrado em
Administração e Desenvolvimento Empresarial (UNESA/RJ).
Pós-graduado em Gestão Estratégica de Negócios
(UniverCidade/RJ). Participou da turma 2013 de
Empreendedorismo (Babson College). Tem formação em
Metodologias Ativas de Aprendizagem (Harvard
University/LASPAU) e Captação de Recursos (AFP-USA). Articulista
do blog InovAtiva e do Canal Futori9. É Mentor de Negócios e
Startups desde 2012.