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INSTITUTO MORAES

MBA – GESTÃO TRIBUTÁRIA

CONTRIBUIÇÕES SOBRE A RECEITA


Prof. Jansen Brito, Esp.

Em nosso ordenamento jurídico, o faturamento constitui campo de incidência da


Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS) e Patrimônio do Servidor
Público (Pasep), bem como da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social
(Cofins). As receitas que compõem o faturamento também podem ter relação com
outros tributos exigidos das empresas: IPI (imposto federal), ICMS (imposto estadual) e
ISS (imposto municipal).

Pode-se visualizar a localização do faturamento no contexto da atividade da empresa,


por meio da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), conforme a seguir.

Receita Bruta

( - ) Deduções da Receita

= Receita Líquida

( - ) Custo de Mercadorias Vendidas/Produtos/Serviços (CMV/CPV)

= Lucro Bruto

+ Receitas Operacionais

( - ) Despesas Operacionais

= Lucro Operacional Líquido

+ Outras Receitas

( - ) Outras Despesas

= Lucro antes da Contribuição Social e do Imposto de Renda

( - ) Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)

( - ) Imposto de Renda sobre o Lucro Líquido (IRPJ)

= Lucro após A CSLL e IRPJ

( - ) Participações

= Lucro Liquido do Exercício

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Veja que na parte inicial da DRE, temos uma linha denominada “Deduções da Receita”.
Que elementos são incluídos nessa linha?

Receita Bruta

( - ) Deduções da Receita
• Vendas canceladas
• Devoluções de vendas
• Tributos incidentes sobre a Receita Bruta (*)
• Descontos incondicionais concedidos
• Abatimentos concedidos
• Ajuste a valor presente

= Receita Líquida

( - ) Custo de Mercadorias Vendidas/Produtos/Serviços (CMV/CPV)

= Lucro Bruto

Como destacado, entre os valores que deduzem a receita bruta, encontram-se os tributos
incidentes sobre esta. Assim, podemos visualizar a relação desses tributos com a receita
decorrente da atividade, que pode ser decorrente de: venda de produtos (indústria),
revenda de mercadorias (comércio), prestação de serviços ou a combinação de várias
dessas atividades.

(*) Tributos sobre a receita bruta: ICMS, ISS, PIS/Pasep, Cofins. Há também o IPI, que
não é incluído nesse valor da DRE, mas que incide sobre o total da venda, pela saída do
produto.

A seguir serão tratadas as contribuições sobre o faturamento.

CONTRIBUIÇÕES PARA O PIS/PAPSEP E COFINS

Contribuição para o PIS/Pasep sobre o faturamento e Cofins sobre o faturamento

Nesta disciplina serão abordadas as aludidas contribuições – PIS/Pasep e Cofins, na


modalidade de incidência sobre o faturamento, de competência da União. Como se
verificará, a incidência de ambas ocorre praticamente de forma simultânea, de modo que
suas regras são aplicadas conjuntamente.
Principais normas
Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998
Lei nº 10.637 de 30 de dezembro de 2002
Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003
Instrução Normativa RFB nº 2121, de 15 de dezembro de 2022

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Fato gerador:
O fato gerador das contribuições é a obtenção de faturamento, nos termos da legislação
que as instituiu.
Conceito de faturamento: Compreende a receita bruta. Corresponde ao total das receitas
auferidas no mês, independente de sua denominação ou classificação contábil.
O detalhamento da receita bruta consta do art. 12 do Decreto-Lei nº 1.598, de 1977:

Art. 12. A receita bruta compreende

I - o produto da venda de bens nas operações de conta própria;

II - o preço da prestação de serviços em geral;

III - o resultado auferido nas operações de conta alheia; e

IV - as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica não


compreendidas nos incisos I a III.

(...)

§ 4o Na receita bruta não se incluem os tributos não cumulativos


cobrados, destacadamente, do comprador ou contratante pelo vendedor dos
bens ou pelo prestador dos serviços na condição de mero depositário.

§ 5o Na receita bruta incluem-se os tributos sobre ela incidentes e os


valores decorrentes do ajuste a valor presente, de que trata o inciso VIII do
caput do art. 183 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, das
operações previstas no caput, observado o disposto no § 4o.

Contribuinte: Pessoa jurídica que obtém o faturamento

Obs.: As entidades que sejam enquadradas como imunes ou isentas do IRPJ, desde
que atendam aos requisitos legais, recolhem apenas o PIS/Pasep sobre a folha de
pagamento. E não recolhem Cofins sobre as receitas próprias de sua atividade.
O enquadramento como imune ou isenta do IRPJ é regulado pela Lei nº 9.532, de
1997, art. 12 e seguintes.

Base de cálculo
A IN RFB nº 2121, de 2022, descreve a base de cálculo em seu art. 25, que elenca os
seguintes elementos:

I - A totalidade das receitas, independentemente de sua denominação ou


classificação contábil (pessoas jurídicas sujeitas ao regime não cumulativo)

II - O faturamento (regime cumulativo)

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O total das receitas compreende a receita bruta e todas as demais receitas
auferidas pela pessoa jurídica
O faturamento corresponde à receita bruta, a qual compreende (Decreto-Lei
nº 1.598, de 1977, art. 12):

o produto da venda de bens nas operações de conta própria;

o preço da prestação de serviços em geral;

o resultado auferido nas operações de conta alheia; e


as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica não
compreendidas nos incisos I a III.

Não integram a base de cálculo das contribuições os valores referentes:


- ao IPI destacado em nota fiscal, nas hipóteses em que as receitas de que
tratam o § 1º e o § 2º sejam auferidas por pessoa jurídica industrial ou
equiparada a industrial;
- ao Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre
Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicação (ICMS), quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador
dos serviços na condição de substituto tributário;
- a receitas imunes, isentas e não alcançadas pela incidência das
contribuições; e
- ao valor da contrapartida do benefício fiscal de que trata o art. 11 da Lei nº
13.755, de 10 de dezembro de 2018, reconhecido no resultado operacional
(Lei nº 13.755, de 10 de dezembro de 2018, art. 11, § 8º), relacionado ao
Programa Rota 2030 (produção de veículos)

Exclusões da base de cálculo


Excluem-se da base de cálculo os valores referentes a (art. 25 da IN RFB nº 2121, de
2022):

I - vendas canceladas;

II - devoluções de vendas, na hipótese do regime de apuração cumulativa;

III - descontos incondicionais concedidos;

IV - reversões de provisões, que não representem ingresso de novas receitas;


V - recuperações de créditos baixados como perda, que não representem
ingresso de novas receitas;
VI - receita de venda de bens do ativo não circulante, classificado como
investimento, imobilizado ou intangível;

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VII - receita auferida pela pessoa jurídica revendedora, na revenda de
mercadorias em relação às quais a contribuição seja exigida da empresa
vendedora, na condição de substituta tributária;
VIII - receita decorrente da transferência onerosa a outros contribuintes do
ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação,
conforme o disposto no inciso II do § 1º do art. 25 da Lei Complementar nº
87, de 13 de setembro de 1996;
IX - receita reconhecida pela construção, recuperação, ampliação ou
melhoramento da infraestrutura, cuja contrapartida seja ativo intangível
representativo de direito de exploração, no caso de contratos de concessão
de serviços públicos;
X - resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do
patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de participações
societárias, que tenham sido computados como receita;
XI - receita financeira decorrente do ajuste a valor presente de que trata o
inciso VIII do caput do art. 183 da Lei nº 6.404, de 1976, referente a receitas
excluídas da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins;
e

XII - ICMS destacado no documento fiscal.


Parágrafo único. Em relação à exclusão referida no inciso XII, não poderão
ser excluídos os montantes de ICMS destacados em documentos fiscais
referentes a receitas de vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota
zero ou não sujeitas à incidência das contribuições.
Regimes de apuração
As empresas, como regra, auferem receita ou faturamento, sujeitando-se à modalidade
PIS/Pasep-Faturamento e Cofins-Faturamento. Nessa modalidade de incidência, as
contribuições são apuradas segundo dois regimes básicos:
a) Regime cumulativo e
b) Regime não cumulativo.

Como são aplicados os regimes?


Para saber o regime a ser aplicado à empresa, deve-se analisar o seguinte:
A Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, estabelece como regra o regime não
cumulativo.
Em seu art. 10, entretanto, prevê as situações sujeitas ao regime cumulativo.
Dito de outro modo, para o enquadramento em um ou outro regime, seguir os seguintes
passos:
A situação da empresa se enquadra em algum item do art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003?
1) Se a resposta for afirmativa, o regime deverá ser o cumulativo;
2) Caso negativo, o regime será o não-cumulativo.
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Em geral, se a empresa fizer a sua apuração do IRPJ pelo regime do Lucro Presumido,
deverá apurar as contribuições para o PIS/Pasep e Cofins pelo regime cumulativo. Se
tributar o IRPJ pelo Lucro Real, apurará, em princípio, as contribuições pelo regime não
cumulativo, a não ser que se enquadre em outra hipótese do art. 3º da Lei nº 10.833, de
2003.

Funcionamento dos regimes


Regime Cumulativo
Por essa sistemática, o valor a ser recolhido é resultante da seguinte fórmula:

Valor da Receita Bruta X Alíquota = Contribuição apurada (devida)

A Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1988 dispõe sobre essa sistemática.


De modo geral, aplica-se esse regime às pessoas jurídicas submetidas à apuração do
Lucro Presumido. A legislação prevê situações excepcionais para outros casos.
Base de cálculo e exclusões
A base de cálculo é o faturamento, com as exclusões previstas, conforme anteriormente
detalhado.
Período de apuração, alíquotas
O período de apuração de ambas as contribuições é mensal
As alíquotas são de 0,65% para o PIS/Pasep e 3% para a Cofins.

Regime de competência x Regime de caixa


A empresa sujeita ao regime cumulativo comumente é tributada pelo Imposto sobre a
Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) sob o regime do Lucro Presumido. Nesse regime do
IRPJ, é possível fazer opção para tributar as receitas pelo regime de caixa. Se assim o
fizer, também será adotado o regime de caixa para as contribuições.
Nas demais situações – Não opção pelo regime de caixa no IRPJ Lucro Presumido, ou
adoção do Lucro Real – será adotado o regime de competência para fins de tributação
das contribuições do PIS/Pasep e Cofins.

Exemplo de apuração:
Receita bruta do mês de março de 2023: R$ 100.000,00
ICMS sobre a venda: 18% = R$ 18.000,00 (100.000,00 x 18%)
PIS/Pasep a recolher: 82.000,00 (100.000,00 – 18.000,00) X 0,65% = R$ 533,00
Cofins a recolher: 82.000,00 X 3% = R$ 2.460,00
As contribuições devem ser recolhidas até o dia 25 do mês subsequente, antecipando
essa data caso não recaia em dia útil.

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Como esses valores serão demonstrados na DRE?

Vendas Brutas ................................................... 100.000,00


( - ) Deduções das Vendas
ICMS sobre Vendas ............ (18.000,00)
PIS/Pasep sobre Vendas ...... (533,00)
Cofins sobre Vendas ........... (2.460,00) .. (20.993,00)
= Vendas Líquidas ........................................... 79.007,00

Como são feitos os lançamentos contábeis?

D = Bancos ou Clientes
C = Vendas Brutas ................................... 100.000,00
.................................
D = ICMS sobre Vendas
C = ICMS a Recolher ................................. 18.000,00
...............................
D = PIS/Pasep sobre Vendas
C = PIS/Pasep a recolher ........................... 533,00
................................
D = Cofins sobre Vendas
C = Cofins a Recolher ................................ 2.460,00
................................
D = Custo de Mercadorias Vendidas
C = Mercadorias (estoques) ........................ (valor de custo da mercadoria vendida)

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Regime não cumulativo
No regime não cumulativo, o contribuinte tem direito a computar valores como créditos
fiscais, os quais serão deduzidos da contribuição apurada com base na receita. Assim, o
cálculo a ser efetuado nessa modalidade é o seguinte:

RECEITAS TOTAIS DA PJ (Excluídas Alíquotas Despesa de PIS/Pasep


as não tributadas, e subtraídas as e Cofins
X PIS/Pasep = 1,65% =
deduções)
Cofins = 7,6%

(-)
Alíquotas Crédito de PIS/Pasep e
Créditos Permitidos em Lei (art. 3º X PIS/Pasep = 1,65% =
Cofins (A recuperar)
das leis 10.637/2002 e
10.833/2003) Cofins = 7,6%

PIS/Pasep e Cofins
devidos pela PJ

As regras gerais dessa sistemática são previstas nas Leis nºs. 10.637, de 30 de dezembro
de 2002 (PIS/Pasep) e 10.833, de 29 de dezembro de 2003 (Cofins). Os artigos das
citadas leis reproduzem disposições bastante semelhantes.
Os Créditos admitidos nessa sistemática são previstos no art. 3º que, resumidamente,
relativos aos seguintes itens:
a) bens adquiridos no mês, para revenda (Mercadorias para revenda);
b) bens e serviços adquiridos no mês, usados como Insumos na prestação de
serviços ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda;
c) energia elétrica;
d) alugueis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica,
utilizados nas atividades da empresa;
e) valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de
pessoa jurídica, exceto de optante pelo Simples;
f) depreciação de bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou
fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens
destinados à venda ou na prestação de serviços;
g) depreciação e amortização de edificações e benfeitorias em imóveis
próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa;
h) bens recebidos em devolução no mês, cuja receita de venda tenha integrado
faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta
Lei;
i) armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos
itens a) e b), quando o ônus for suportado pelo vendedor;

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j) vale-transporte, vale-refeição ou vale-alimentação, fardamento ou uniforme
fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de
prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção;
l) depreciação de bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para
utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de
serviços;
Não são permitidos créditos em relação a:
- Mão de obra paga a pessoa física
- Aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição,
inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados
como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota zero, isentos ou
não alcançados pela contribuição
- Valor do ICMS que tenha incidido sobre a operação de aquisição.
Essas regras correspondem às disposições gerais, além de haver ainda tratamentos
específicos aplicáveis a situações mais particulares previstas na legislação.

Exemplo de cálculo no regime não cumulativo


PIS – Cofins
Mês de janeiro de 2023 – regime não cumulativo
Receita bruta no mês: 130.000,00
Compras de mercadorias para revenda: 70.000,00
Despesas com direito a crédito: 8.000,00 (calculado conforme o art.
3º das Leis)
ICMS incluído na compra: 18%
ICMS incidente sobre as vendas: 18%
O registro contábil deve levar em consideração a natureza de cada item dentro do
patrimônio. Os valores que possam ser usados como créditos devem ser classificados
como direitos (Ativo Circulante), segregados do valor do estoque.
PIS
• Contribuição apurada:
Base de cálculo: 130.000,00 – (130.000,00 X 18%) = 130.000,00 – 23.400,00
= 106.400,00
Cálculo: 106.400,00 x 1,65% = 1.755,60

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• Créditos:
1) Relativo às compras:
Total de compras = 70.000,00
ICMS sobre compras = 70.000,00 x 18% = (12.600,00)
Base para crédito para PIS = 57.400,00
Valor do crédito relativo às compras:
57.400,00 x 1,65% = 947,10
2) Relativo às despesas admitidas:
Base para os créditos = 8.000,00
Valor do crédito sobre despesas:
8.000,00 x 1,65% = 132,00
Total de créditos a utilizar = 1.079,10
• Contribuição a pagar:
Contribuição apurada: 1.755,60
( - ) Créditos a deduzir (1.079,10)

= Contribuição a pagar 676,50

Cofins
• Contribuição apurada:
Base de cálculo: 130.000,00 – (130.000,00 X 18%) = 130.000,00 – 23.400,00
= 106.400,00
Cálculo: 106.400,00 x 7,6% = 8.086,40
• Créditos:
1) Relativo às compras:
Total de compras = 70.000,00
ICMS sobre compras = 70.000,00 x 18% = (12.600,00)
Base para crédito para Cofins = 57.400,00
Valor do crédito relativo às compras:
57.400,00 x 7,6% = 4.362,40
2) Relativo às despesas admitidas:
Base para os créditos = 8.000,00
Valor do crédito sobre despesas:

10
8.000,00 x 7,6% = 608,00
Total de créditos a utilizar = 4.970,40

• Contribuição a pagar:
Contribuição apurada: 8.086,40
( - ) Créditos a deduzir (4.970,40)

= Contribuição a pagar 3.116,00

Registros contábeis dos fatos relativos aos créditos

Tomando como base o exemplo acima, pode-se analisar a contabilização dos valores
envolvidos..

A compra de R$ 70.000,00 origina os seguintes créditos:

ICMS: 70.000,00 X 18% = 12.600,00

PIS/Pasep: (70.000,00 – 12.600,00) X 1,65% = 57.400,00 x 1,65% = 947,10

Cofins: (70.000,00 – 12.600,00) X 7,6% = 57.400,00 x 7,6% = 4.362,40

As despesas de 8.000,00 podem originar os seguintes créditos:

PIS/Pasep: 8.000,00 X 1,65% = 132,00

Cofins: 8.000,00 X 7,6% = 608,00

Total de créditos:

ICMS: 12.600,00

PIS/Pasep: 947,10 + 132,00 = 1.079,10

Cofins: 4.362,40 + 608,00 = 4.970,40

Assim, na ocasião das compras de mercadorias para revenda, deve ser feito o seguinte
lançamento:

D = Mercadorias 52.090,50

D = ICMS a Recuperar 12.600,00

D = Crédito PIS/Pasep não cumulativo 947,10

D = Crédito Cofins não cumulativa 4.362,40

C = Bancos/Fornecedores 70.000,00
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Com relação às despesas e seus créditos, é feito o seguinte lançamento

D = Despesas (conforme especificação) 7.260,00

D = Crédito PIS/Pasep não cumulativo 132,00

D = Crédito Cofins não cumulativa 608,00

C = Bancos/Contas a pagar 8.000,00

Com isso, os créditos das contribuições apresentam os seguintes totais

Item PIS/Pasep Cofins


Compras de mercadorias 947,10 4.362,40
Despesas para créditos 132,00 608,00
Total de créditos 1.079,10 4.970,40

Outras formas específicas de incidência

A legislação prevê para algumas situações determinados tratamentos tributários


específicos, a saber:

• Base de cálculo e alíquota diferenciadas: aplicável às instituições financeiras,


entidades sem fins lucrativos e pessoas jurídicas de direito público interno.
• Base de cálculo diferenciada: empresas de fomento comercial, operações de
câmbio, venda de veículos usados adquiridos para revenda;
• Substituição tributária: cigarros e veículos novos de pessoa jurídica fabricante.
• Tributação concentrada, ou incidência monofásica: combustíveis, querosene
de aviação, produtos farmacêuticos, veículos pneus novos de borracha, bebidas,
embalagens e biodiesel.
• Alíquotas reduzidas: nafta petroquímica, papel imune, determinados produtos
hortícolas e frutas, Zona Franca de Manaus, concessionárias de veículos,
fertilizantes, produtos químicos e farmacêuticos, combustíveis, livros, entre
outros.

Substituição tributária
É uma sistemática para a cobrança de tributos, aplicável a uma cadeia produtiva. Pela
substituição tributária, um dos contribuintes fica responsável pelo pagamento do tributo
devido por outros contribuintes ao logo da cadeia produtiva.
A Constituição Federal prevê a substituição tributária no § 6º do art. 150:
§ 7º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a
condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição,
cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a
imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se
realize o fato gerador presumido.

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Por exemplo, uma cadeia produtiva assim composta:
1) O fabricante vende o produto ao revendedor atacadista – ocorre fato gerador (GF) de
tributos;
2) O revendedor atacadista revende esse produto ao revendedor varejista – FG;
3) O revendedor varejista revende o mesmo produto ao consumidor – FG;
Considerações:
Em um cenário sem substituição tributária, haverá cobrança e recolhimento de tributo
em cada uma das três operações acima;
Já em um cenário com substituição tributária em que a lei atribua ao fabricante a
posição de substituto tributário dos demais contribuintes, a cobrança do tributo será da
seguinte forma:
O substituto tributário (fabricante) deverá recolher duas parcelas relativas ao tributo:
uma relativa ao tributo próprio, decorrente do fato gerador que praticou (venda de seus
produtos), e outra relativa ao tributo decorrente dos fatos geradores realizados pelos
demais contribuintes (substituídos).
Os demais contribuintes não efetuarão o pagamento do tributo, em razão da substituição
própria dessa sistemática.
As hipóteses aplicáveis às contribuições do PIS/Pasep e Cofins dependerão do que a
legislação específica estabelecer. São detalhadas a seguir.

Cigarros
Os fabricantes e os importadores de cigarros estão sujeitos o recolhimento das
contribuições, na condição de contribuintes e de substitutos dos comerciantes varejistas
e atacadistas desses produtos.
As bases de cálculo das contribuições correspondem ao valor obtido pela multiplicação
do preço fixado para venda do cigarro no varejo, pelos seguintes valores:
a) PIS/Pasep: 3,42 (três inteiros e quarenta e dois centésimos), conforme art. 62 da Lei
nº 11.196, de 21 de novembro de 2005.
b) Cofins: 291,69% (duzentos e noventa e um inteiros e sessenta e nove centésimos por
cento), conforme art. 62 da Lei nº 11.196/2005.

Veículos
Os fabricantes e os importadores de veículos autopropulsados descritos nos códigos
8432.30 e 87.11 da Tabela de Incidência do IPI (TIPI) estão obrigados a cobrar e a
recolher as contribuições para o PIS/Pasep e Cofins, na condição de contribuintes
substitutos, em relação às vendas feitas a comerciantes varejistas desses produtos.

Incidência monofásica / Tributação concentrada


Sob essa sistemática, a cobrança das contribuições é concentrada em uma única etapa da
cadeia produtiva, mediante uma alíquota maior que aquela aplicável à regra geral.

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Normalmente essa incidência recai sobre a primeira etapa da cadeia – produtor ou
importador-, com alíquota zero para as operações seguintes.
Produtos sujeitos a essa sistemática:
Combustíveis, derivados de petróleo e biodiesel – art. 4º da Lei nº 9.718, de 1998
Produtos farmacêuticos e de perfumaria – Lei nº 10.147, de 2.000
Veículos, máquinas e autopeças – Lei nº 10.485, de 2.002
Pneumáticos – Lei nº 10.485, de 2.002
Exemplo:
A empresa “A”, fabricante de medicamentos, efetua a venda de um lote de produtos por
R$ 80.000,00 à empresa “B”, que é vendedor atacadista e, por sua vez, vende esse lote à
empresa “C”, varejista, por 120.000,00. A empresa “C” vende todos esses produtos aos
consumidores, por 200.000,00.
O produto se refere a xampu, classificado no código 3305.10.00 da Tabela de Incidência
do Imposto sobre Produtos Industrializados – TIPI -, aprovada pelo Decreto nº 8.950, de
29 de dezembro de 2016.
Como ocorrerá o pagamento das contribuições por cada um dos contribuintes citados?
Nos termos do art. 1º, I, “b”, combinado com o art. 2º, todos da Lei nº 10.147, de 21 de
dezembro de 2000, as alíquotas aplicáveis às receitas de vendas de cada empresa são as
seguintes:

Empresa PIS/Pasep Cofins


Fabricante – Empresa “A” 2,2% 10,3%
Atacadista – Empresa “B” 0 0
Varejista – Empresa “C” 0 0

- Para o fabricante (Empresa “A”):


PIS/Pasep: 2,2% X 80.000,00 = 1.760,00
Cofins: 10,3% X 80.000,00 = 8.240,00
- Para as demais empresas: 0,00
Observar que, caso adotem o regime não cumulativo, as empresas adquirentes acima
não podem computar créditos sobre os valores de aquisições dos produtos sujeitos á
incidência monofásica, com alíquota zero na revenda.

Vendas para Zona Franca de Manaus e Áreas de Livre Comércio

Ficam reduzidas a zero as alíquotas relativas a Vendas para Zona Franca de Manaus e
Áreas de Livre Comércio, nos termos do art. 2º da Lei nº 10.996, de 2004.
Para determinados produtos, a Lei nº 11.196, de 21 de novembro de 2005, em seu art.
65, § 2º, atribui ao produtor, fabricante ou importador localizado fora da ZFM, na

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qualidade de contribuinte substituto, a responsabilidade pelas contribuições relativas às
revendas do adquirente localizado na ZFM. Esses produtos são relacionados no § 1º do
art. 65 da mesma lei (gasolina, outros combustíveis, medicamentos, produtos de
higiene, algumas máquinas e equipamentos, pneus, entre outros).
Estão reduzidas a 0% (zero por cento) as alíquotas das referidas contribuições incidentes
sobre a receita bruta decorrente da venda:
a) de matérias‐primas, produtos intermediários e materiais de embalagem, produzidos
na Zona Franca de Manaus para emprego em processo de industrialização por
estabelecimentos industriais ali instalados e consoante projetos aprovados pelo
Conselho de Administração da Superintendência da Zona Franca de Manaus ‐ Suframa;
b) de mercadorias destinadas ao consumo ou à industrialização na Zona Franca de
Manaus, por pessoa jurídica estabelecida fora da ZFM.
Para os efeitos do disposto na letra “b”, entende‐se por mercadorias de consumo na
Zona Franca de Manaus (ZFM) as que sejam destinadas a pessoas jurídicas que com
elas realizem comércio, por atacado ou a varejo, ou que as utilizem diretamente.
Nas operações realizadas com a redução das alíquotas a zero, vale a regra geral de não
gerar direito a créditos da não cumulatividade para o adquirente.

Informações prestadas em obrigações acessórias

Tendo em vista as exigências legais para fins de fiscalização e controle, o contribuinte


deve prestar informações mediante obrigações acessórias.

Diversas informações fiscais são prestadas por meio Sistema Público de Escrituração
Digital – SPED, em substituição a livros e documentos que anteriormente eram
apresentados fisicamente.

O Sped é composto pelas seguintes espécies de documentos e escriturações:

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As contribuições para o PIS/Pasep e Cofins são tratadas na EFD Contribuições, na qual
se informam detalhes a respeito da apuração desses valores.

Os débitos relativos às contribuições, juntamente com outros débitos tributários sob


administração da Receita Federal do Brasil, devem ser informados na DCTF –
Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais.

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EXERCÍCIOS E ATIVIDADES

1) A empresa Preço Justo Ltda. tem como atividade a venda no varejo de produtos de
mercearia. Trata-se, em termos comerciais, de um mercadinho localizado em um bairro
da cidade.
Conforme informações obtidas nos registros e livros contábeis, apresentou no mês de
março de 2022 os seguintes itens:

Faturamento – vendas brutas 80.000,00

Devoluções de vendas 2.000,00

Compras de mercadorias 30.000,00

Despesas

Salários 5.500,00

Energia Elétrica 1.500,00

Água 1.200,00

Serviços de manutenção 1.600,00

Honorários profissionais 3.000,00

Material de consumo 3.200,00

Fretes nas entregas 4.000,00

Publicidade 2.000,00

Despesas de comunicação 1.000,00

Com base nos dados acima, calcular e informar:

a) Valores a recolher de PIS/Pasep e Cofins no regime cumulativo;

b) Valores a recolher de PIS/Pasep e Cofins no regime não cumulativo.

Obs.: Considerar a incidência de ICMS à alíquota de 17% em compras e vendas

Para a solução, consultar as regras da legislação relativa a cada regime:

Regime cumulativo: Lei nº 9.718, de 1998;

Regime não-cumulativo: Lei nº 10.637, de 2002 e Lei nº 10.833, de 2003.

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2) A Pessoa Jurídica (PJ) Lucrativíssima Ltda. tem como atividade a revenda de
mercadorias. Com base nos dados abaixo, calcular os valores de Pis/Pasep e
Cofins, relativamente aos regimes cumulativo e não cumulativo

Compras Custos dos Despesas


Receitas Despesas
Mês para Produtos para crédito
de Vendas Totais
revenda Vendidos (1)
Janeiro 200.000,00 40.000,00 180.000,00 100.000,00 2.000,00
Fevereiro 150.000,00 50.000,00 150.000,00 70.000,00 2.500,00
Março 200.000,00 40.000,00 120.000,00 60.000,00 2.000,00
Abril 300.000,00 100.000,00 240.000,00 100.000,00 3.000,00
Maio 300.000,00 70.000,00 180.000,00 90.000,00 3.000,00
Junho 220.000,00 50.000,00 130.000,00 50.000,00 2.000,00
Julho 300.000,00 60.000,00 180.000,00 80.000,00 3.000,00
Agosto 300.000,00 40.000,00 160.000,00 100.000,00 2.000,00
Setembro 200.000,00 80.000,00 60.000,00 110.000,00 2.000,00
Outubro 240.000,00 100.000,00 190.000,00 100.000,00 3.000,00
Novembro 500.000,00 200.000,00 300.000,00 180.000,00 4.000,00
Dezembro 400.000,00 300.000,00 220.000,00 160.000,00 4.000,00

ICMS sobre compras e vendas: 20%

(1) – Despesas incluídas nas despesas totais, e que são admitidas para fins de creditamento, nos
termos do art. 3º da Lei nº 10.833, de

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3) Analisar o entendimento adotado pela Secretaria da Receita Federal quanto à
interpretação da legislação tributária relativa às contribuições para o PIS/Pasep e
Cofins, no que se refere ao conceito de insumos, para fins de creditamento no
regime não cumulativo.

Para isso, examinar soluções de consulta aprovadas pelo órgão a respeito desse
assunto. Atentar especialmente para a Solução de Consulta SC Cosit nº 94, de 28
de abril de 2023.

Fonte para consulta: Sistema Normas, da RFB

http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/consulta.action

Qual o entendimento a respeito dos itens a serem considerados para fins de


creditamento como insumos?

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4) O Mercadinho do Bairro Ltda. obteve as seguintes receitas de vendas de mercadorias:

• Gêneros alimentícios: 42.000,00


• Produtos de higiene: 20.000,00
• Produtos de limpeza: 18.000,00
• Utilidades domésticas: 4.000,00

No mês, houve compras dos seguintes itens:

• Gêneros alimentícios: 14.000,00


• Produtos de higiene: 10.000,00
• Produtos de limpeza: 6.000,00
• Utilidades domésticas: 1.000,00

A empresa teve as seguintes despesas:

• Aluguel do imóvel: 4.000,00


• Energia elétrica: 1.000,00
• Salários: 3.000,00
• Água: 800,00
• Internet: 200,00
• Despesas gerais: 900,00

Todas as mercadorias foram adquiridas de vendedores atacadistas.

Os produtos de higiene são submetidos à incidência monofásica.

A empresa apura o IRPJ pelo regime do Lucro Presumido

Com base nesses dados, proceder à apuração das contribuições para o PIS/Pasep e Cofins.

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5) Considere os seguintes valores em uma Empresa comercial, revendedora de produtos em
geral

1 -Compras de mercadorias, por R$ 40.000,00

2 - Venda de mercadorias

3 - Despesas

Água,

Luz

Telefone

Salários

Impostos (IPTU, IPVA, outros)

Depreciação de bens usados na atividade

Manutenção

Fretes

Financeiras

Publicidade

Informar quais os elementos que influenciam no cálculo das contribuições para o PIS/Pasep e
Cofins, pelo regime não-cumulativo.

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6) Uma empresa utiliza em suas atividades um bem classificado no Ativo Imobilizado.
Esse bem foi adquirido no dia 1º de julho de 2022, por R$ 2.400.000,00.

Para fins fiscais, sua depreciação é calculada a uma taxa de 10% ao ano.

Qual o valor que a empresa poderá computar como crédito relativamente às


contribuições para o PIS/Pasep e Cofins, na apuração das contribuições sob o regime
não cumulativo, no mês de outubro de 2022?

7) Há diferença entre a substituição tributária e a incidência monofásica? Explique.

8) É possível estabelecer o aumento de alíquota da Cofins, com cobrança dentro do


mesmo ano de publicação da lei que promova essa alteração? Explique.

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