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Análise Do Filme 'O Preço Do Amanhã'
Análise Do Filme 'O Preço Do Amanhã'
Discentes:
Raissa Figueiredo (201510276011)
Gabriel Paes (201510281811)
Rio de Janeiro
2019
“Acho que uma das coisas mais sinistras da história da civilização
ocidental é o famoso dito atribuído a Benjamim Franklin, ‘tempo é
dinheiro’. Isso é uma monstruosidade. Tempo não é dinheiro. Tempo é o
tecido da nossa vida, é esse minuto que está passando. Daqui a 10
minutos eu estou mais velho, daqui a 20 minutos eu estou mais próximo
da morte. Portanto, eu tenho direito a esse tempo. Esse tempo pertence a
meus afetos. É para amar a mulher que escolhi, para ser amado por ela.
Para conviver com meus amigos, para ler Machado de Assis. Isso é o
tempo. E justamente a luta pela instrução do trabalhador é a luta pela
conquista do tempo como universo de realização própria. A luta pela
justiça social começa por uma reivindicação do tempo: ‘eu quero
aproveitar o meu tempo de forma que eu me humanize’. (Antonio
Candido)
Notam-se vários paralelos entre o mundo distópico criado por Andrew Niccol e
o mundo em que vivemos. A loucura em busca de dinheiro o tempo todo, a correria
diária e, claro, as enormes desigualdades sociais, onde os ricos vivem centenas de anos
e os pobres têm de lutar pra sobreviver mais um dia. O diretor afirmou em uma
entrevista durante a produção do filme que Los Angeles foi perfeita para as gravações,
isso porque: “estaríamos gravando certa noite em uma região de extrema miséria e na
noite seguinte gravando em uma mansão em Bel Air do tamanho do palácio de
Versalhes. Era impossível ignorar a disparidade entre pobres e ricos.” Ratificando
assim, as semelhanças entre o enredo e a realidade do atual sistema capitalista de
divisão de classes.
O filme critica o modo como o ser humano se deixou aprisionar pela rotina
frenética de velocidade ditada pela tecnologia, onde se corre contra o tempo a fim de
obter dinheiro, poder e a tão sonha imortalidade. E diante desta corrida, as pessoas mais
ricas conseguem organizar seu tempo de forma a dispor de maiores porções do mesmo
para atividades que lhe dão prazer. Ao passo que a parte pobre da sociedade trabalha
muito, obtendo pouco lucro e, consequentemente, trava contra o tempo uma luta pela
sobrevivência, cada vez mais essas pessoas correm contra o tempo, a fim de obter mais
tempo para usufruir a vida.
Uma das primeiras falas do filme parte do próprio Will e se relaciona com outra
teoria marxista, a de alienação cultural. É ela: “Eu não tenho tempo. Eu não tenho
tempo para pensar como isso acontece. É o que é”. De acordo com Marx, esse tipo de
alienação é consequência da exploração que ocorre nas fábricas, local de trabalho do
protagonista. O operário passa a maior parte do tempo trabalhando e, portanto, no tempo
que lhe resta está sempre exausto demais para consumir qualquer forma de cultura, o
que acaba por torna-lo menos crítico e mais facilmente manipulável. Will está sempre
lutando por sobrevivência e ao declarar que não tem tempo sequer para pensar como
aquele sistema foi imposto, deixa claro que ele próprio é vítima da alienação imposta.
Isso só muda quando se torna rico pela doação e passa a ter acesso ao mundo burguês,
despertando uma consciência de classe.
BIBLIOGRAFIA