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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

MANOELA ELISA DOS SANTOS


RENATA PEIXER MUNARIM

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE ESTRUTURAS DE UM EDIFÍCIO EM


DIFERENTES REGIÕES - ESTUDO DE CASO

Palhoça

2017
MANOELA ELISA DOS SANTOS
RENATA PEIXER MUNARIM

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE ESTRUTURAS DE UM EDIFÍCIO EM


DIFERENTES REGIÕES – ESTUDO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Graduação em
Engenharia Civil da Universidade do Sul de
Santa Catarina, como requisito parcial à
obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Ildo Sponholz, MSc.

Palhoça
2017
AGRADECIMENTOS

Gostaríamos de agradecer primeiramente às nossas famílias, que


sempre nos deram amor e nos ensinaram valores necessários para a conquista
de nossos sonhos, como a perseverança, o respeito, a responsabilidade e a
paciência. Também sempre aceitaram e apoiaram a nossa escolha do curso de
Engenharia Civil em todo o seu percurso.
Aos nossos amigos e colegas, queremos agradecer pelo
companheirismo, força de vontade e pelo apoio constante nos momentos de
frustração. Sempre valorizaremos as tardes de estudo, que foram primordiais
para o nosso crescimento pessoal e profissional.
Aos professores do curso que com muita paciência e determinação,
compartilharam sua experiência durante as aulas. Nos incentivaram a dar o
nosso melhor sempre, a partir de elogios e críticas.
À equipe da Liebel Engenharia, por ter cedido tempo e espaço para
o andamento deste projeto, nos auxiliando nas nossas dúvidas com sugestões
construtivas.
Ao Professor Ildo, por ter nos orientado com muita atenção e
compreensão, entendendo as nossas dificuldades e assim deixando o processo
eficiente.
“Na vida, não existe nada a se temer, apenas a ser compreendido. ”

Marie Curie
RESUMO

O presente trabalho aborda uma análise comparativa dos esforços atuantes em


um edifício residencial, considerando a mesma construção em diferentes
localidades do Brasil. Este fator altera a velocidade do vento e a classe de
agressividade ambiental da estrutura, além de alterar consequentemente o
valor característico de resistência à compressão, a espessura de cobrimento e
a classe do concreto. O lançamento dos elementos estruturais seguiu os
critérios da norma ABNT NBR 6118:2014 e foram feitos a partir do software
AltoQi Eberick V10. Os resultados das análises foram corrigidos conforme
necessário, obtendo um modelo estrutural condizente com os esforços nele
aplicados. Ao término do processamento das simulações de localidade, as
hipóteses foram comparadas e avaliadas quanto ao consumo de aço e custo
de armadura, também verificando os custos ao fim da análise.

Palavras-chave: Estrutura de concreto armado. Classe de agressividade


ambiental. Vento. Resistência.
ABSTRACT

The current project approaches a comparison analysis between the acting


forces on a residential building, considering the same construction is built in
different locations in Brazil. This fact modifies the wind velocity and the
structure’s environmental class, consequently altering the concrete’s resistance
to compression, the thickness of the covering and the concrete’s class. The
launching of the structural elements followed the rules of ABNT NBR 6118:2014
and were processed with the AltoQI Eberick V10 software. The results of such
analysis were corrected as they were deemed necessary, creating a structural
model that works with the acting forces upon it. At the ending of the process of
such simulations and locations, the cases were compared and evaluated as to
steel consumption and its costs.

Keywords: Concrete structure. Environmental building class. Wind. Resistance.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Diagrama tensão-deformação de aços a quente. .......................... 26


Figura 2- Diagrama tensão-deformação de aços tratados a frio. ................... 27
Figura 3 - Exemplo de configuração geométrica com nervura transversais
oblíquas em dois lados da barra e nervuras longitudinais.............................. 28
Figura 4 – Gráfico de tensão/deformação. ..................................................... 34
Figura 5 - Sistema de fôrmas integralmente em madeira............................... 35
Figura 6 - Desempenho de uma estrutura ao longo do tempo. ...................... 37
Figura 7 - Apresentação das zonas de agressividade em ambiente marítimo.
....................................................................................................................... 40
Figura 8 - Deslocamento horizontal de uma estrutura. .................................. 49
Figura 9 - Mapa de isopletas. ......................................................................... 50
Figura 10: Coeficiente de arrasto, Ca, para edificações paralelepipédicas em
vento de baixa turbulência. ............................................................................ 58
Figura 11 - Coeficiente de arrasto, Ca, para edificações paralelepipédicas em
vento de alta turbulência. ............................................................................... 59
Figura 12 – Perspectiva de parte de um edifício. ........................................... 66
Figura 13 - Fluxo das ações nos elementos estruturais em edifícios. ............ 67
Figura 14 - Elementos estruturais de fundação.............................................. 69
Figura 15 - Vão efetivo. .................................................................................. 73
Figura 16 - Carregamento de parede na direção do maior vão da laje
unidirecional. .................................................................................................. 75
Figura 17 – Carregamento na direção do menor vão da laje unidirecional. ... 76
Figura 18 - Compatibilização dos momentos fletores..................................... 78
Figura 19 - Coeficientes da expressão 43. ..................................................... 86
Figura 20 - Exemplo de viga contínua com vãos comparáveis. ..................... 87
Figura 21 - Seção transversal de uma viga. ................................................... 88
Figura 22 - Vigas embutidas nas paredes. ..................................................... 89
Figura 23 – Distâncias 0 e . ......................................................................... 96
Figura 24 - Maquete eletrônica do edifício. .................................................. 102
Figura 25 - Lançamento dos pavimentos. .................................................... 104
Figura 26 – Visão frontal da estrutura em 3D............................................... 105
Figura 27 – Visão 3D da estrutura. .............................................................. 105
Figura 28 – Materiais e durabilidade do Caso 1. .......................................... 107
Figura 29 – Parâmetros para o cálculo da velocidade do vento para o Caso 1.
..................................................................................................................... 107
Figura 30 – Materiais e durabilidade do Caso 2. .......................................... 109
Figura 31 - Parâmetros para o cálculo da velocidade do vento para o Caso 2.
..................................................................................................................... 110
Figura 32 – Materiais e durabilidade do Caso 3. .......................................... 112
Figura 33 - Parâmetros para o cálculo da velocidade do vento para o Caso 3.
..................................................................................................................... 112
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Relação do tipo de brita e sua granulometria. ............................... 23


Tabela 2 - Características das barras de aço................................................. 25
Tabela 3 - Propriedades mecânicas exigíveis de barras e fios de aço destinados
a armaduras para concreto armado. .............................................................. 29
Tabela 4 - Vida útil de projeto mínima e superior. .......................................... 37
Tabela 5 - Classes de agressividade ambiental. ............................................ 39
Tabela 6 - Correspondência entre a classe de agressividade e a qualidade do
concreto. ........................................................................................................ 41
Tabela 7 - Correspondência entre a classe de agressividade ambiental e o
cobrimento nominal. ....................................................................................... 42
Tabela 8 - Exemplos de cargas permanentes. ............................................... 43
Tabela 9 - Cargas acidentais de acordo com o local. .................................... 44
Tabela 10 - Cargas acidentais de acordo com o material. ............................. 46
Tabela 11 - Divisão da rugosidade do terreno em categorias. ....................... 54
Tabela 12 - Divisão das dimensões da edificação em classes. ..................... 55
Tabela 13 - Parâmetros meteorológicos. ....................................................... 55
Tabela 14 - Valores mínimos do fator estatístico S3 ...................................... 56
Tabela 15 - Valores mínimos para armaduras passivas aderentes. .............. 85
Tabela 16 - Taxas mínimas de armadura de flexão para vigas...................... 91
Tabela 17 - Exigências de durabilidade relacionadas à fissuração e à proteção
da armadura, em função das classes de agressividade ambiental. ............... 94
Tabela 18 – Quadro de áreas da edificação. ............................................... 101
Tabela 19 – Resumo dos materiais do Caso 1. ........................................... 108
Tabela 20 – Custo total por diâmetro de aço. .............................................. 108
Tabela 21 - Resumo dos materiais do Caso 2. ............................................ 110
Tabela 22 - Custo total por diâmetro de aço. ............................................... 111
Tabela 23 - Resumo dos materiais do Caso 3. ............................................ 113
Tabela 24 - Custo total por diâmetro de aço. ............................................... 113
Tabela 25 – Resumo dos materiais do Caso 4. ........................................... 114
Tabela 26 - Custo total por diâmetro de aço. ............................................... 114
Tabela 27 – Localidades escolhidas para o Comparativo 1. ........................ 115
Tabela 28 - Localidades escolhidas para o Comparativo 2. ......................... 117
Tabela 29 - Localidades escolhidas para o Comparativo 3. ......................... 119
Tabela 30 - Localidades e parâmetros escolhidos para o Comparativo 4. ... 120
Tabela 31 – Custo do concreto para cada Caso. ......................................... 124
Tabela 32 – Custo do concreto + aço. ......................................................... 125
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Comparativo do consumo de aço (kgf/m³) entre o Caso 1 e 2. .. 115


Gráfico 2 – Comparativo do custo total de aço utilizado nos Casos 1 e 2.... 116
Gráfico 3 – Comparativo do consumo de aço utilizado (kgf/m³) nos Casos 2 e
3. .................................................................................................................. 117
Gráfico 4 – Comparativo do custo total de aço utilizado nos Casos 2 e 3.... 118
Gráfico 5 – Comparativo do consumo de aço (kgf/m³) utilizado nos Casos 1 e
3. .................................................................................................................. 119
Gráfico 6 – Comparativo do custo total de aço utilizado nos Casos 1 e 3.... 120
Gráfico 7 – Comparativo do consumo de aço (kgf/m³) entre os Casos 3 e 4.
..................................................................................................................... 121
Gráfico 8 – Comparativo do custo total de aço utilizado nos Casos 3 e 4.... 122
Gráfico 9 – Comparativo do consumo de aço (kgf/m³) entre todos os Casos.
..................................................................................................................... 123
Gráfico 10 – Comparativo do custo do aço na estrutura inteira entre todos os
Casos. .......................................................................................................... 123
Gráfico 11 – Comparativo do custo do concreto + aço para a estrutura. ..... 125
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...........................................................................................15
1.1 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA................................................................16
1.2 PROBLEMA A SER RESOLVIDO..............................................................16
1.3 OBJETIVOS ........................................................................................... 17
1.3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................... 17
1.4 METODOLOGIA ..................................................................................... 17
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA......................................................................19
2.1 CONCRETO ARMADO .......................................................................... 19
2.1.1 Concreto ............................................................................................. 20
2.1.1.1 CIMENTO ...................................................................................... 21
2.1.1.2 ADITIVOS ...................................................................................... 21
2.1.1.3 AGREGADOS ................................................................................ 23
2.1.1.4 ÁGUA............................................................................................. 24
2.1.2 Aço ...................................................................................................... 24
2.1.3 Aderência ............................................................................................ 30
2.1.4 Resistência Característica à Compressão ( ).............................. 30
2.1.5 Deformações do Concreto ................................................................ 31
2.1.6 Módulo de Elasticidade (E)................................................................ 33
2.2 FÔRMAS ................................................................................................ 35
2.3 VIDA ÚTIL E DURABILIDADE................................................................ 36
2.4 CLASSE DE AGRESSIVIDADE AMBIENTAL ........................................ 38
2.5 CARGAS ................................................................................................ 42
2.5.1 Cargas Permanentes ......................................................................... 43
2.5.2 Cargas Acidentais .............................................................................. 44
2.5.3 Cargas Verticais ................................................................................. 47
2.5.4 Cargas Horizontais ............................................................................ 48
2.5.5 Cálculo das forças devidas ao vento nas edificações .................... 48
2.5.5.2 Determinação das forças estáticas devidas ao vento .............. 50
2.5.5.3 Coeficiente de Pressão ............................................................... 51
2.5.5.4 Velocidade básica do vento ........................................................ 52
2.5.5.5 Fator topográfico .................................................................... 53
2.5.5.6 Rugosidade do terreno, dimensões da edificação e altura sobre
o terreno S2 ................................................................................................... 53
2.5.5.7 Fator estatístico S3 ...................................................................... 56
2.5.5.8 Coeficiente de arrasto ............................................................ 57
2.6 PARÂMETROS DE ESTABILIDADE E EFEITOS DE 2° ORDEM.......... 59
2.6.1 Parâmetro de Instabilidade ............................................................ 60
2.6.2 Coeficiente ..................................................................................... 61
2.6.3 Análise P-Delta ................................................................................... 62
2.7 ESTADOS LIMITES ............................................................................... 64
2.8 ELEMENTOS ESTRUTURAIS ............................................................... 65
2.9 CONCEPÇÃO ESTRUTURAL E LANÇAMENTO DA ESTRUTURA ...... 69
2.9.1 SOFTWARE ALTOQI EBERICK V10 ........................................... 71
2.10 PRÉ-DIMENSIONAMENTO ................................................................... 72
2.10.1 LAJES ........................................................................................... 72
2.10.2 VIGAS ............................................................................................ 87
2.10.3 PILARES ....................................................................................... 95
3 ESTUDO DE CASO..................................................................................101
3.1 EDIFICAÇÃO........................................................................................ 101
3.2 PROJETO ESTRUTURAL .................................................................... 102
3.2.1 CASO 1.........................................................................................106
3.2.2 CASO 2.........................................................................................109
3.2.3 CASO 3.........................................................................................111
3.2.4 CASO 4.........................................................................................114
4 RESULTADOS.........................................................................................115
4.1 COMPARATIVO 1 ................................................................................ 115
4.2 COMPARATIVO 2 ................................................................................ 116
4.3 COMPARATIVO 3 ................................................................................ 118
4.4 COMPARATIVO 4 ................................................................................ 120
4.5 COMPARATIVO GERAL ...................................................................... 122
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................127
REFERÊNCIAS.............................................................................................129
15

1 INTRODUÇÃO

Para o lançamento de estruturas é necessário saber a localização


da edificação em cálculo. A classe de agressividade e a influência do vento são
parâmetros influenciadores da vida útil do empreendimento, além de serem
indicadores das dimensões de elementos e de estabilidade estrutural,
respectivamente.
No início do cálculo estrutural, é primordial conhecer o solo e
topografia da região em estudo para a determinação do tipo de fundação.
Tendo em posse os dados de campo, o projeto arquitetônico é a base para
locar a estrutura em questão.
Segue-se a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para
a verificação dos valores mínimos de cobrimento conforme a classe de
agressividade e o valor de resistência à compressão.
A partir das informações que a ABNT fornece e com o projeto
arquitetônico finalizado, é utilizado o programa AltoQi Eberick V10 para o
lançamento e detalhamento da estrutura da edificação.
Com o projeto lançado e dimensionado corretamente, uma análise
quantitativa e financeira será feita para obter a influência que a localização de
uma edificação tem nos custos.
16

1.1 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA

Uma mesma construção em diferentes localidades exige


concepções diferentes para obter a vida útil esperada de 50 anos, devido aos
diferentes efeitos que podem comprometer a estrutura. Desse modo, devem
ser analisados diferentes parâmetros a fim de comparar custos e quantitativos.
A classe de agressividade e o esforço do vento são parâmetros que
devem ser observados mediante a localização da edificação. Problemas de
corrosão e outras patologias serão mais comuns em edificações próximas do
mar.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas prevê como ação para
evitar esse tipo de problema uma taxa maior de armadura, concreto mais
resistente e uma maior espessura de cobrimento para que a edificação possua
a durabilidade necessária para resistir aos agentes externos.
Devido a isso, busca-se comparar uma mesma construção em
diferentes regiões (alterando a classe de agressividade ambiental e a força do
vento), a fim de comparar a quantidade de aço e o custo final do mesmo.

1.2 PROBLEMA A SER RESOLVIDO

Diversos fatores influenciam para que uma edificação possua


futuramente a vida útil esperada para a mesma para evitar patologias referentes
à estrutura de concreto armado.
A proximidade do mar tende a danificar uma estrutura pela sua alta
agressividade ambiental, e diferentes esforços de vento comprometem a
estabilidade e a rigidez em edifícios altos.
Para fins de análise estrutural e financeira, busca-se um comparativo
de uma estrutura com alterações relativas à classe de agressividade ambiental
e vento, analisando o resultado final e apresentando as considerações finais.
17

1.3 OBJETIVOS

Comparar uma mesma estrutura em diferentes localidades,


possuindo distintas classes de agressividade ambientais e esforços de vento.

1.3.1 Objetivos específicos

Como objetivos específicos podem-se relacionar:


a) expor os elementos estruturais mais comuns e características
inerentes a um projeto estrutural com suas especificidades;
b) avaliar os diferentes tipos de classes de agressividade e suas
características;
c) modelar uma edificação, com o auxílio do software AltoQi Eberick
V10, utilizando os diferentes tipos de classes de agressividade e
diferentes forças do vento;
d) realizar uma análise econômica comparativa entre as estruturas
geradas;
e) apresentar as considerações finais do trabalho.

1.4 METODOLOGIA

A metodologia deste trabalho é do tipo exploratória, visando


proporcionar um estudo de caso que terá como considerações finais uma
análise estrutural de um mesmo edifício com diferentes classes de
agressividade ambiental e esforços de vento.
Além disso, terá uma abordagem inicial desenvolvida a partir de
materiais publicados em livros técnicos, teses, dissertações e internet. Em
18

seguida, será feito um lançamento de uma estrutura no software AltoQi Eberick


V10, sendo feita uma locação preliminar dos elementos estruturais.
Será feito o lançamento dos pilares e em seguida, das vigas, tendo
como objetivo a compatibilização com a arquitetura.
Na escolha do tipo de laje, leva-se em consideração o custo e a
praticidade, verificando as espessuras mínimas segundo a norma ABNT NBR
6118:2014.
Assim que todos os pavimentos forem lançados, será feito um
processamento da estrutura para verificação das dimensões adotadas para os
elementos e, em seguida a análise de custos será realizada.
19

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 CONCRETO ARMADO

Em meados de 1850, o engenheiro francês Joseph Louis Lambot


empregou na construção de sua canoa de concreto uma malha de barras finas
de ferro (ou arame), entrelaçadas e entremeadas com barras mais grossas. Ele
usou esse método para obter o formato adequado à sua canoa, enquanto ao
mesmo tempo a argamassa fica segura e evita problemas com fissuras
(ANDRADE, 2006, p. 22).
A sua ideia da canoa foi notada por Joseph Monier, que decidiu
fabricar caixas e vasos de formas variáveis utilizando as malhas de ferro. Com
o passar dos anos, foi ampliando o seu campo de ações, patenteando e
estendendo-se a reservatórios, tubos, escadas e pontes (ANDRADE, 2006, p.
23).
A partir desse momento, o concreto armado foi criado, contendo
concreto e barras de aço, projetadas para que o conjunto resista aos esforços
de tração e compressão, levando em consideração que as barras de armadura
absorvem as tensões de tração e o concreto absorve as tensões de
compressão (BASTOS, 2006, p. 7).
No entanto, segundo Araújo (2003, p. 1) a aderência também é
essencial e deve existir entre o concreto e a armadura. Com a aderência e o
trabalho conjunto do concreto e do aço, as deformações das barras de aço são
praticamente iguais às deformações do concreto que as envolve. Desse modo,
suportam os esforços a que são submetidos.
O concreto armado é um material que tem a necessidade de uma
fôrma na qual possa endurecer e assim absorver os esforços solicitados. Pode-
se obter qualquer forma de seção, mas sempre verificando o modo de
execução das fôrmas, sendo que a seção retangular é próxima da ideal para
esse esforço (REBELLO, 2001, p. 77).
20

De acordo com Andrade (2006, p. 34), hoje em dia a maioria das


construções são feitas em concreto armado, o segundo material mais utilizado
no mundo. Ele tem essa quantidade de uso devido às suas propriedades
mecânicas e que, quando utilizado de acordo com a norma ABNT NBR
6118:2014, tem uma boa durabilidade.

2.1.1 Concreto

De acordo com Souza Junior (2006, p. 3), o concreto é um material


constituído por um aglomerante (cimento), agregado miúdo (areia), agregado
graúdo (pedra ou brita) e água em proporções exatas e bem definidas. Além
disso, pode conter adições e aditivos químicos com a finalidade de melhorar ou
modificar as suas propriedades básicas.
A pasta formada pelo cimento e água atua envolvendo os grãos dos
agregados, enchendo os vazios entre eles e os unindo. Isso forma uma massa
compacta e trabalhável. Ao longo do tempo, o concreto endurece devido às
reações químicas entre o cimento e a água. A resistência do concreto aumenta
conforme o tempo, melhorando suas propriedades mecânicas (SOUZA
JUNIOR, 2006, p. 3).
Normalmente os concretos usados nas construções são usinados. É
feita uma mistura nas concreteiras que segue a resistência à compressão
característica ( ) solicitada pelo engenheiro projetista. Com o concreto pronto,
caminhões-betoneira seguem para a obra de destino.
O concreto tem diversas vantagens, tais como o fato de ser moldável
(permite grande variabilidade de formas); ter uma estrutura monolítica (todo o
conjunto trabalha quando a peça é solicitada); ter um baixo custo de materiais
e de mão-de-obra; ter processos construtivos conhecidos; ser pouco permeável
à água; ser seguro contra o fogo; ter rapidez de execução; e por ser durável
(PINHEIRO; MUZARDO; SANTOS, 2007, p. 4-5).
Porém, como todo material, o concreto possui algumas restrições,
como a sua baixa resistência à tração; fragilidade; fissuração; peso próprio
21

elevado; o custo de formas para moldagem; e a corrosão das armaduras


(PINHEIRO; MUZARDO; SANTOS, 2007, p. 5).

2.1.1.1 Cimento

Segundo a norma ABNT NBR 11578:1991 (p. 2), o cimento Portland


composto é um aglomerante hidráulico obtido pela moagem de clínquer
Portland ao qual se adiciona, durante a operação, a quantidade necessária de
uma ou mais formas de sulfato de cálcio. Durante a moagem é permitido
adicionar a esta mistura materiais pozolânicos, escórias granuladas de alto-
forno e/ou materiais carbonáticos.
Segundo Ribeiro Júnior (2015, p. 2) o cimento, água e agregados
devem ser analisados como elementos capazes de influenciar o desempenho
do concreto devido às suas propriedades físicas, térmicas e químicas.
A variação de cimentos fabricados permite certas características e
propriedades que os tornam mais adequados para serem utilizados em
concreto de determinadas construções (RIBEIRO JÚNIOR, 2015, p. 3).

2.1.1.2 Aditivos

Segundo Souza Junior (2006, p. 11), aditivos são substâncias


adicionadas intencionalmente ao concreto, com a finalidade de reforçar ou
melhorar certas características, facilitando o seu preparo e utilização.
Eis alguns casos de utilização de aditivos:
a) aumento da durabilidade;
b) melhora na impermeabilidade;
c) melhora na trabalhabilidade;
d) possibilidade de retirada de fôrmas em curto prazo;
22

e) diminuição do calor de hidratação – retardamento ou aceleração


da pega;
f) diminuição da retração.

Para os efeitos da norma ABNT NBR 11768:2011 (p. 2) são


adotadas as seguintes definições dos aditivos:
Aditivo plastificante (tipo P) é um produto que aumenta o índice
de consistência do concreto mantida a quantidade de água de amassamento,
ou que possibilita a redução de, no mínimo, 6,0% da quantidade de água de
amassamento para produzir um concreto com determinada consistência;
Aditivo retardador (tipo R) é um produto que aumenta os tempos
de início e fim de pega do concreto;
Aditivo acelerador (tipo A) é um produto que diminui os tempos de
início e fim de pega do concreto, bem como acelera o desenvolvimento das
suas resistências iniciais;
Aditivo plastificante retardador (tipo PR) é um produto que
combina os efeitos dos aditivos plastificantes e retardador;
Aditivo plastificante acelerador (tipo PA) é um produto que
combina os efeitos dos aditivos plastificantes e acelerador;
Aditivo incorporador de ar (tipo IAR) é um produto que incorpora
pequenas bolhas de ar ao concreto;
Aditivo superplastificante (tipo SP) é um produto que aumenta o
índice de consistência do concreto mantida a quantidade de água de
amassamento, ou que possibilita a redução de, no mínimo 12,0% da
quantidade de água de amassamento, para produzir um concreto com
determinada consistência;
Aditivo superplastificante retardador (tipo SPR) é um produto
que combina os efeitos dos aditivos superplastificante e retardador,
Aditivo superplastificante acelerador (tipo SPA) é um produto
que combina os efeitos dos aditivos superplastificantes e acelerador.
23

2.1.1.3 Agregados

Agregados são materiais geralmente inertes (não reagem com o


cimento) e, de acordo com Souza Junior (2012, p. 3) e Bastos (2006, p. 5), a
função deles é dar ao conjunto condições de resistência aos esforços e
desgaste, além de dar volume à mistura e reduzir o custo, pelo menos 70,0%
do volume do concreto é constituído por agregados.
Ainda de acordo com Souza Junior (2012, p. 10), existem diversos
tipos e tamanhos de agregados, que são divididos em diversas categorias.
Segundo o tamanho há a classificação entre agregados miúdos, que
possuem entre 0,075 e 4,75 mm (areias) e agregados graúdos, com diâmetro
superior a 4,75 mm (pedras). Além disso, as britas podem ser classificadas
entre si de acordo com o diâmetro, como está listado na Tabela 1.

Tabela 1 - Relação do tipo de brita e sua granulometria.


Brita 0 ou pedrisco 4,80 mm a 9,50 mm
Brita 1 9,50 mm a 19,00 mm
Brita 2 19,00 mm a 38,00 mm
Brita 3 38,00 mm a 76,00 mm
Pedra-de-mão >76,00 mm
Fonte: BASTOS, 2006, p. 5.

De acordo com a procedência, são classificados entre naturais e


artificiais. Agregados naturais são aqueles removidos da natureza (mantendo
suas propriedades), enquanto os agregados artificiais são aqueles que
passaram por procedimentos para alterar as características finais do material
(BASTOS, 2006, p. 5).
24

2.1.1.4 Água

A água possibilita as reações químicas (reações de hidratação) e


também facilita o manuseio do concreto (lubrifica as partículas).
Segundo Giammusso (1992, p.127), a pasta de cimento forma uma
suspensão coloidal (um gel), no qual se processam as reações de
endurecimento, tornando o concreto mais resistente e durável.
Ainda segundo Giammusso (1992, p. 127), no momento da mistura
o gel já tem uma estrutura definida pela proporção entre água e cimento: quanto
maior essa relação, maior a distância entre as partículas de cimento e mais
líquida a pasta se torna.
Quando a relação água-cimento é baixa (menor do que cerca de
0,40), a pasta ocupa os espaços e o concreto fica mais uniforme. Se a relação
água-cimento aumentar, espaços não preenchidos surgirão - chamados de
poros capilares. Caso estes tenham ligação um com o outro, o concreto passa
a ser permeável.
De acordo com Souza (2008, p. 11), quase todas as águas naturais
são recomendadas, exceto a água marinha, que, além de levar à corrosão da
armadura, torna a resistência inicial mais elevada.

2.1.2 Aço

O aço é uma liga metálica composta principalmente de ferro e de


pequenas quantidades de carbono (em torno de 0,002% até 2,0%). Os aços
estruturais para construção civil possuem teores de carbono da ordem de
0,18% a 0,25% (PINHEIRO; MUZARDO; SANTOS, 2007, p.3.1).
Como o concreto simples apresenta pequena resistência à tração e
é frágil, é altamente conveniente a associação do aço ao concreto, obtendo-se
o concreto armado.
25

A norma ABNT NBR 7480:2007 rege as condições exigíveis na


encomenda, fabricação e fornecimento de barras e fios de aço destinados a
armaduras para concreto armado.
As características mecânicas para a definição de um aço, segundo
Pinheiro, Muzardo e Santos (2007, p. 3.5) são o limite elástico, a resistência e
o alongamento na ruptura. Essas características são determinadas através de
ensaios de tração.
Ainda segundo Pinheiro, Muzardo e Santos (2007, p. 3.6), os aços
para concreto armado devem obedecer aos seguintes requisitos:
a) ductilidade e homogeneidade;
b) valor elevado da relação entre limite de resistência e limite de
escoamento;
c) soldabilidade e
d) resistência razoável a corrosão.

Segundo a ABNT norma ABNT NBR 7480:2007 (p. 10), na Tabela 2


estão as características das barras de aço.

Tabela 2 - Características das barras de aço.


(continua)
Diâmetro
Massa e tolerância por unidade de
Nominal a Valores nominais
comprimento
mm
Massa Máxima variação Área da
Perímetro
b
Barras Nominal permitida para massa Seção
mm
kg/m nominal mm²
6,3 0,245 ± 7% 31,2 19,8
8,0 0,395 ± 7% 50,3 25,1
10,0 0,617 ± 6% 78,5 31,4
12,5 0,963 ± 6% 122,7 39,3
16,0 1,578 ± 5% 201,1 50,3
20,0 2,466 ± 5% 314,2 62,8
22,0 2,984 ± 4% 380,1 69,1
25,0 3,853 ± 4% 490,9 78,5
32,0 6,313 ± 4% 804,2 100,5
40,0 9,865 ± 4% 1256,6 125,7
26

(conclusão)
a Outros diâmetros nominais podem ser fornecidos a pedido do comprador, mantendo-se
as faixas de tolerância do diâmetro mais próximo.
bA densidade linear de massa (em quilogramas por metro) é obtida pelo produto da área
da seção nominal em metros quadrados por 7 850 kg/m³.
Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7480:2007 Aço
destinado a armaduras para estruturas de concreto armado: Especificação. Rio de Janeiro,
2007.

Para que o aço tenha alguma utilidade estrutural ele precisa sofrer
modificações. Para isso é feito um tratamento que pode ser a quente ou a frio:
O tratamento a quente, segundo Pinheiro, Muzardo e Santos (2007,
p. 3.2), consiste na laminação, forjamento ou estiramento do aço, realizado em
temperaturas acima de 720ºC (zona crítica).
Ainda para Pinheiro, Muzardo e Santos (2007, p. 3.3), o aço obtido
nessa situação apresenta melhor trabalhabilidade, aceita solda comum, possui
diagrama tensão-deformação com patamar de escoamento (como mostra a
Figura 1), e resiste a incêndios moderados, perdendo resistência apenas com
temperaturas acima de 1150ºC. Estão incluídos neste grupo os aços CA-25 e
CA-50.

Figura 1 - Diagrama tensão-deformação de aços a quente.

Fonte: BASTOS, 2006, p. 80.


27

No tratamento a frio ou encruamento, para Pinheiro, Muzardo e


Santos (2007, p. 3.4), ocorre uma deformação dos grãos por meio de tração,
compressão ou torção, e resulta no aumento da resistência mecânica e da
dureza, e diminuição da resistência à corrosão e da ductilidade, ou seja,
decréscimo do alongamento e da compressão.
Nesta situação, Pinheiro, Muzardo e Santos (2007, p. 3.4) tratam dos
diagramas de tensão-deformação dos aços, que apresentam um patamar de
escoamento convencional, tornando mais difícil a solda e, à temperatura da
ordem de 600ºC, o encruamento é perdido (Figura 2). Está incluído neste grupo
o aço CA-60.

Figura 2- Diagrama tensão-deformação de aços tratados a frio.

Fonte: PINHEIRO; MUZARDO E SANTOS, 2007, p. 3.4.

Sendo que:
P = força aplicada;
A = área da seção em cada instante;
= área inicial da seção;
a = ponto da curva correspondente à resistência convencional;
b = ponto da curva correspondente à resistência aparente;
c = ponto da curva correspondente à resistência real.

Segundo a norma ABNT NBR 7480:2007 (p. 2), sobre a configuração


geométrica de barras nervuradas (categoria CA-50):
28

a) As barras da categoria CA-50 são obrigatoriamente providas


de nervuras transversais oblíquas, conforme exemplificado na Figura
3;
b) Os eixos das nervuras transversais oblíquas devem formar,
com a direção do eixo da barra, um ângulo entre 45º e 75º;
c) As barras devem ter pelo menos duas nervuras longitudinais,
contínuas e diametralmente opostas, que impeçam o giro da barra
dentro do concreto, exceto no caso em que as nervuras transversais
obliquas estejam dispostas de forma a se oporem a este giro;
d) Para diâmetros nominais maiores ou iguais a 10,0 mm, a altura
média das nervuras transversais obliquas deve ser igual ou superior
a 4 % do diâmetro nominal, e para diâmetros nominais inferiores a
10,00 mm, essa altura deve ser igual ou superior a 2% do diâmetro
nominal.

Figura 3 - Exemplo de configuração geométrica com nervura transversais


oblíquas em dois lados da barra e

nervuras longitudinais.
Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7480. Aço destinado a armaduras
para estruturas de concreto armado: Especificação. Rio de Janeiro, 2007.

Sendo que:
b = altura da nervura longitudinal;
A1/4 = altura da nervura a ¼ do seu comprimento;
A1/2 = altura da nervura a ½ do seu comprimento;
A3/4 = altura da nervura a ¾ do seu comprimento;
β = ângulo entre o eixo da nervura oblíqua e o eixo da barra;
e = espaçamento entre nervuras

Segundo a norma ABNT NBR 7480:2007 (p. 3), sobre a configuração


geométrica de barras nervuradas (categoria CA-60):
29

a) os fios podem ser lisos, entalhados ou nervurados,


observando-se o atendimento ao coeficiente de conformação
superficial mínimo que consta na Tabela 3.
b) os fios de diâmetro nominal igual a 10,0 mm devem ter
obrigatoriamente entalhes ou nervuras.
c) os valores do coeficiente de conformação superficial para cada
diâmetro são determinados através de ensaios em laboratório [...] e
devem atender ao coeficiente de conformação superficial mínimo que
consta na tabela 3.

Tabela 3 - Propriedades mecânicas exigíveis de barras e fios de aço


destinados a armaduras para concreto armado.
Ensaio de
Valores mínimos de tração dobramento a Aderência
180°

Alongamento Coeficiente de
Categoria total na força Diâmetro do conformação
fyka fstb Alongamento máximad pino superficial
após ruptura mínimo
MPae MPa1 em 10 ϕc Agt mm
η
%
Φ < 20 Φ ≥ 20 Φ < 10 Φ ≥ 10
CA-25 250 1,20 fy 18 - 2Φ 4Φ 1 1
CA-50 500 1,08 fy 8 5 3Φ 6Φ 1 1,5
CA-60 600 1,05 fy 5 - 5Φ - 1 1,5

a valorcaracterístico do limite superior de escoamento fyk da NBR obtido a partir do LE ou Ɣe


da ABNT NBR ISO 6892.
b O mesmo que resistência convencional à ruptura ou resistência convencional à tração (LR

ou Ɣe da ABNT NBR ISO 6892).


c Φ é o diâmetro nominal, conforme 3.4.
d O alongamento deve ser atendido através do critério de alongamento após ruptura (A) ou

alongamento total na força máxima (Agt).


e Para efeitos práticos de aplicação desta Norma, pode-se admitir MPa = 0,1 kgf/mm².
f f mínimo de 660 MPa.
st

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7480. Aço destinado a armaduras
para estruturas de concreto armado: Especificação. Rio de Janeiro, 2007.

Sendo que:
fyk = Resistência característica de escoamento;

fct = Limite de resistência.


30

2.1.3 Aderência

Segundo Pinheiro, Muzardo e Santos (2007, p. 3.6), a própria


existência do concreto armado decorre da solidariedade existente entre o
concreto simples e as barras de aço. A aderência pode ser dividida em:
Aderência por adesão, que resulta das ligações físico-químicas
que se estabelecem na interface dos dois materiais durante as reações de pega
do cimento;
Aderência por atrito, em que as forças de atrito dependem do
coeficiente de atrito entre o aço e o concreto, o qual é função da rugosidade
superficial da barra, e decorrem da existência de uma pressão transversal,
exercida pelo concreto sobre a barra;
Aderência mecânica é decorrente da existência de nervuras ou
entalhes na superfície de irregularidades próprias originadas no processo de
laminação das barras, ou seja, devido à conformação superficial das barras.

2.1.4 Resistência Característica à Compressão ( )

Para Giugliani (2014, p. 5), geralmente sua determinação se efetua


mediante o ensaio de corpos de prova executados de acordo com
procedimentos operatórios normalizados estabelecidos pelas normas NBR
5738:2015 e NBR 5739:2007 para moldagem e cura de corpos de prova
cilíndricos de concreto e ensaio à compressão de corpos de provas cilíndricos
de concreto.

Ainda segundo Giugliani (2014, p. 8), os valores do ensaio que


proporcionam os diversos corpos de prova são mais ou menos dispersos e
variam de um corpo de prova para outro e de uma obra para outra:
31

A resistência do concreto não é uma grandeza determinística, mas


está sujeita a dispersões, cujas causas principais são variações
aleatórias da composição, das condições de fabricação e da cura.

Além desses fatores aleatórios, existem também influências


sistemáticas, como, por exemplo, influências atmosféricas (verão,
inverno), mudança da origem de fornecimento das matérias-primas
ou alterações na composição das turmas de trabalho.

O endurecimento do concreto começa após poucas horas e, de


acordo com o tipo de cimento e aditivo, atinge, aos 28 dias, 60 a 90% da sua
resistência (GIUGLIANI, 2014, p. 5).

Quando não for indicada a idade, as resistências referem-se à idade


de 28 dias. A estimativa da resistência à compressão média (expressão
1), correspondente a uma resistência especificada, deve ser feita conforme
indicado na norma ABNT NBR 12655:2015:

= + 1,65 × (1)

Da expressão:

: é a resistência média do concreto à compressão, prevista para


a idade de j dias;

: é a resistência característica do concreto à compressão, aos j


dias,

: é o desvio-padrão da dosagem.

2.1.5 Deformações do Concreto

O concreto apresenta deformações elásticas e inelásticas quando


sob carga, além de deformações de retração na secagem ou resfriamento.
Quando restringidas, as deformações de contração resultam em complexos
32

padrões de tensões que frequentemente levam à fissuração (MEHTA E


MONTEIRO, 2001, p. 81).
Essas variações de volume do concreto podem ser oriundas de
diversos fatores, segundo Pinheiro, Muzardo e Santos (2007, p. 2.10):
a) tipo e quantidade de cimento;
b) qualidade da água e relação água-cimento;
c) tipos de agregados, granulometria e relação agregado-cimento;
d) presença de aditivos e adições;
e) forma e dimensões dos corpos-de-prova;
f) tipo e duração do carregamento;
g) idade do concreto;
h) umidade;
i) temperatura, etc.

Podem-se citar os seguintes tipos de deformação do concreto:


Flambagem é o deslocamento lateral do elemento estrutural
causado pela compressão axial. De acordo com Rebello (2001, p. 63), para
aumentar a resistência da seção sob o efeito dessa solicitação, é preciso que
o material se distribua o mais afastado possível do centro de gravidade da
seção.
Fluência é o fenômeno do aumento gradual da deformação ao longo
do tempo, sob um nível de tensão constante (PINHEIRO; MUZARDO E
SANTOS, 2007, p. 2.9).
Retração é a redução de volume que ocorre no concreto, mesmo na
ausência de tensões mecânicas e de variações de temperatura. De acordo com
Pinheiro, Muzardo e Santos (2007, p. 2.9), as principais causas são as
seguintes:
a) Retração química, em que ocorre contração da água não
evaporável durante o endurecimento do concreto;
b) Retração capilar, que ocorre por evaporação parcial da água
capilar e perda da água absorvida, ou seja, a tensão superficial e o
fluxo de água nos capilares provocam retração;
c) Retração por carbonatação, ocorre pela reação de um produto do
cimento já hidratado, o hidróxido de cálcio (CH) com o dióxido de
33

carbono (CO2), resultando no carbonato de cálcio (CaCO3) mais


água. O carbonato de cálcio não deteriora o concreto, porém reduz
o pH e o deixa mais vulnerável.

2.1.6 Módulo de Elasticidade (E)

A elasticidade é definida como a propriedade que um elemento tem


de se deformar ao receber ações externas e assim que cessadas as ações,
voltar à configuração inicial. Ter um comportamento elástico-linear significa que
o material tem propriedades elásticas e que sua deformação é proporcional à
intensidade das ações externas (BARBOZA, 2008, p.114).
À inclinação dá-se o nome de módulo de Young ou módulo de
elasticidade, que é uma constante para cada tipo de material. O módulo de
elasticidade do aço é de 206 GPa e o do concreto é da ordem de 20,6 GPa.
Esses valores mostram que o concreto é um material 10 vezes mais deformável
que o aço (REBELLO, 2001, p. 41).
Para Bastos (2006, p. 68):
O módulo de elasticidade é avaliado por meio do diagrama
tensão/deformação do concreto (σ/ԑ). Devido à não linearidade do
diagrama σ/ԑ (não linearidade física), o valor do módulo de
elasticidade pode ser calculado com infinitos valores. Porém, tem
destaque o módulo de elasticidade tangente, dado pela tangente do
ângulo (α’) formado por uma reta tangente à curva do diagrama σ/ԑ.
Um outro módulo também importante é o modulo de elasticidade
secante, dado pela tangente do ângulo (α) formado pela reta secante
que passa por um ponto A do diagrama.

O diagrama explicado por Bastos está sendo exemplificado na


Figura 4.
34

Figura 4 – Gráfico de tensão/deformação.

Fonte: Bastos, 2006, p. 68.

Na falta de resultados de ensaios, a norma ABNT NBR 6118:2014


estima o valor do módulo aos 28 dias, considerando a deformação tangente
inicial a 30% f , segundo a equação 2:

E = 5600 f (2)

Da expressão:
E : módulo de deformação tangente inicial.

Ainda segundo Bastos (2006, p. 68) o módulo de elasticidade


secante a ser utilizado nas análises elásticas de projeto, especialmente para
determinação de esforços solicitantes e verificação de estados limites de
serviço, deve ser calculado pela expressão 3 atualizada pela norma ABNT NBR
6118:2014:
E = E (3)

Da expressão:
E : módulo de elasticidade secante.

= 0,8 + 0,2× ≤ 1,0


80
35

2.2 FÔRMAS

De acordo com a Associação Brasileira de Cimento Portland (2003,


p. 3FOR), as fôrmas são responsáveis por garantir a geometria e o
posicionamento das peças; manter a conformação do concreto fresco;
possibilitar o posicionamento de outros elementos nas peças (furos de
passagem, elementos de instalações elétricas e hidrossanitárias, etc.), proteger
o concreto novo e limitar a perda de água do concreto fresco.
As fôrmas são elementos provisórios da construção e não são
incorporadas no elemento final. Podem ser constituídas de diversos materiais
e seu critério para utilização depende do tipo de peça a ser concretada, do
prazo para a sua execução, da sua repetitividade e da disposição econômica
da empresa.
Podem ser de materiais como a madeira serrada, chapas de madeira
revestidas, aço, alumínio e até plástico, porém a mais usual no Brasil é a de
madeira serrada. Quando bem projetadas e executadas, as fôrmas de madeira
apresentam excelente resultado técnico e econômico (NAZAR, 2007, p. 67).

Figura 5 - Sistema de fôrmas integralmente em madeira.

Fonte: Nazar, 2007, p. 68.


36

De acordo com Nazar (2007, p. 169), podem ocorrer alguns


problemas devido a um mau dimensionamento do sistema de fôrmas, como
fissuras. Além disso, os carregamentos decorrentes do peso próprio da
estrutura de concreto também podem ser maiores do que as sobrecargas
previstas no projeto estrutural e, dependendo do prazo programado para a
desenforma, o módulo de elasticidade previsto ainda pode não estar em seu
valor esperado.
Portanto, o dimensionamento correto das fôrmas é necessário para
que a vida útil e a durabilidade do empreendimento correspondam ao estimado
em projeto, evitando o surgimento de fissuras.

2.3 VIDA ÚTIL E DURABILIDADE

Segundo Souza e Ripper (2004, p. 19), durabilidade é o parâmetro


que relaciona a aplicação das características de deterioração do material a uma
determinada construção, para em seguida individualizá-la pela avaliação da
resposta que dará aos efeitos da agressividade ambiental. Seguinte a isso,
define-se a vida útil da peça. Ou seja, uma longa vida útil é considerada
sinônimo de durabilidade.
De acordo com Mehta e Monteiro (2001, p. 120), nenhum material é
inerentemente durável e eventualmente a microestrutura e as propriedades dos
materiais vão mudar com o passar do tempo. Admite-se o fim da vida útil de um
material quando as suas propriedades deterioram a tal ponto que continuar com
o uso se torna inseguro ou antieconômico.
O anexo C da norma NBR 15575:2013 define a vida útil de projeto
mínima e superior de diversos sistemas, como retratado na Tabela 4. Em
seguida, a Figura 6 evidencia a importância de manutenções periódicas em
uma edificação, mostrando o desempenho da estrutura ao longo do tempo em
comparação com a sua vida útil.
37

Tabela 4 - Vida útil de projeto mínima e superior.


Vida Útil de Projeto
Sistema Anos
Mínimo Superior
Estrutura ≥ 50 ≥ 75
Pisos internos ≥ 13 ≥ 20
Vedação vertical externa ≥ 40 ≥ 60
Vedação vertical interna ≥ 20 ≥ 30
Cobertura ≥ 20 ≥ 30
Hidrossanitário ≥ 20 ≥ 30
Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575. Edificações
Habitacionais - Procedimento. Rio de Janeiro. 2013.

Figura 6 - Desempenho de uma estrutura ao longo do tempo.

Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575. Edificações


Habitacionais - Procedimento. Rio de Janeiro. 2013.

Para Cechella (2011), o conhecimento da durabilidade e dos


métodos de previsão da vida útil das estruturas de concreto são essenciais para
auxiliar na previsão com comportamento do concreto a longo prazo; para
prevenir manifestações patológicas precoces nas estruturas, além de contribuir
para a economia, sustentabilidade e durabilidade das estruturas.
38

Segundo Cechella (2011 apud HELENE, 1983), há a necessidade


de conhecer, avaliar e classificar o grau de agressividade do ambiente e
também a de conhecer o concreto e a geometria da estrutura, estabelecendo
uma correspondência entre ambos.
A agressividade ambiental é um fator determinante na vida útil do
material. A partir dela, normas como a ABNT NBR 6118:2014 foram elaboradas
para evitar a corrosão das armaduras e a agressividade química, patologias
que podem causar danos na estrutura da edificação.
No entanto, a resistência da estrutura de concreto à ação do meio
ambiente e ao uso dependerá da resistência do concreto, da armadura e da
própria estrutura: qualquer um que se deteriore comprometerá a estrutura da
edificação como um todo (CECHELLA, 2011).
Para Mehta e Monteiro (2001, p. 120), hoje em dia é usualmente
aceito que, ao projetarem-se estruturas, as características de durabilidade dos
materiais devam ser avaliadas com o mesmo cuidado que as propriedades
mecânicas e o custo inicial.

2.4 CLASSE DE AGRESSIVIDADE AMBIENTAL

Segundo a norma ABNT NBR 6118:2014 (p. 16), a agressividade do


meio ambiente está relacionada às ações físicas e químicas que atuam sobre
as estruturas de concreto, independente de ações previstas no
dimensionamento das estruturas, como ações mecânicas, retração hidráulica
ou variações volumétricas de origem térmica.
O meio em que a edificação se encontra interfere diretamente na sua
vida útil, sendo que quanto maior a classe de agressividade ambiental, mais
agressivo é o meio. Isso pode ser visualizado na Tabela 5, que apresenta as
distintas classes:
39

Tabela 5 - Classes de agressividade ambiental.


Classe de Classificação geral do Risco de
Agressividade Agressividade tipo de ambiente para deterioração da
Ambiental efeito de projeto estrutura

Rural
I Fraca Insignificante
Submersa

II Moderada Urbanaa,b Pequeno

Marinhaa
III Forte Grande
Industriala,b

Industriala,c
IV Muito forte Elevado
Respingos de maré
a Pode-se admitir um microclima com uma classe de agressividade mais branda (uma
classe acima) para ambientes internos secos (salas, dormitórios, banheiros, cozinhas e
áreas de serviço de apartamentos residenciais e conjuntos comerciais ou ambientes com
concreto revestido com argamassa e pintura).
b Pode-se admitir uma classe de agressividade mais branda (uma classe acima) em obras
em regiões de clima seco, com umidade média relativa do ar menor ou igual a 65%, partes
da estrutura protegidas de chuva em ambientes predominantemente secos ou regiões onde
raramente chove.
c Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia, branqueamento
em indústrias de celulose e papel, armazéns de fertilizantes, indústrias químicas.
Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118. Projeto de
Estruturas de Concreto - Procedimento. Rio de Janeiro. 2014.

Também, é apresentado na Figura 7 de Lima (apud MORELLI, 2012)


uma representação das diferentes zonas de agressividade em ambiente
marítimo e como cada uma delas apresenta diferentes características:
40

Figura 7 - Apresentação das zonas de agressividade em ambiente marítimo.

Fonte: LIMA apud. MORELLI, 2012, p. 5.

Ainda, para Santos e Silva (2013, p. 60):

Zona de atmosfera marinha: recebe uma quantidade razoável de


sais, embora não tenha contato direto com a água do mar. Ventos
podem carregar os sais na forma de partículas sólidas. A quantidade
de sais diminui conforme a distância do mar aumenta.
Zona de respingos: ocorre ação direta do mar, devido a ondas e
respingos. Os danos mais comuns são corrosão de armaduras e por
erosão, devido às ondas.
Zona de variação de marés: limita-se pela variação dos níveis de
marés. O concreto pode encontrar-se quase sempre saturado e com
crescente concentração de sais.
Zona submersa: o concreto está completamente submerso. Ocorre
ação de sais agressivos e de microrganismos que podem provocar a
corrosão biológica das armaduras.

A classe de agressividade ambiental escolhida determina, segundo


a norma ABNT NBR 6118:2014, parâmetros necessários para o lançamento da
41

estrutura, como a classe de concreto mínima e relação água/cimento em massa


(listado na Tabela 6), cobrimento nominal mínimo (Tabela 7).

De acordo com Santos e Silva (2013, p. 56), a durabilidade depende


da qualidade e da espessura do concreto de cobrimento, sendo necessário
buscar um concreto compatível com a classe de agressividade ambiental da
estrutura.

Tabela 6 - Correspondência entre a classe de agressividade e a qualidade do


concreto.
Classe de agressividade
Concreto a Tipo b,c
I II III IV

Relação CA ≤ 0,65 ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,45


água/cimento em
CP ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,50 ≤ 0,45
massa

Classe de concreto CA ≥ C20 ≥ C25 ≥ C30 ≥ C40

(ABNT NBR 8953) CP ≥ C25 ≥ C30 ≥ C35 ≥ C40


aO concreto empregado na execução das estruturas deve cumprir com os requisitos
estabelecidos na ABNT norma ABNT NBR 12655.
b CA corresponde a componentes e elementos estruturais de concreto armado.
c CP corresponde a componentes e elementos estruturais de concreto protendido.
Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS NBR 6118. Projeto de Estruturas
de Concreto - Procedimento. Rio de Janeiro. 2014.

O cobrimento nominal da armadura deve proteger a mesma contra


as ações do meio ambiente, evitando futuras patologias devido à alcalinidade.
42

Tabela 7 - Correspondência entre a classe de agressividade ambiental e o


cobrimento nominal.

Classe de agressividade

Tipo de estrutura Componente ou elemento


I II III IV c

Cobrimento nominal (mm)

Laje b 20 25 35 45
Concreto armado
Viga/pilar 25 30 40 50

Elementos estruturais em contato com


Concreto armado 30 40 50
o solo d

Laje 25 30 40 50
Concreto protendido a
Viga/pilar 30 35 45 55
a Cobrimento nominal da bainha ou dos fios, cabos e cordoalhas. O cobrimento da armadura
passiva deve respeitar os cobrimentos para concreto armado.
b Para a face superior de lajes e vigas que serão revestidas com argamassa de contrapiso,
com revestimentos finais secos tipo carpete e madeira, com argamassa de revestimento e
acabamento, como pisos de elevado desempenho, pisos cerâmicos, pisos asfálticos e
outros, as exigências desta Tabela podem ser substituídas pelas de 7.4.7.5, respeitado um
cobrimento nominal de 15 mm.
c Nas superfícies expostas a ambientes agressivos, como reservatórios, estações de
tratamento de água e esgoto, condutos de esgoto, canaletas de efluentes e outras obras em
ambientes química e intensamente agressivos, devem ser atendidos os cobrimentos da
classe de agressividade IV.
d No trecho dos pilares em contato com o solo junto aos elementos de fundação, a armadura
deve ter cobrimento nominal de 45 mm.
Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118. Projeto de
Estruturas de Concreto - Procedimento. Rio de Janeiro. 2014.

2.5 CARGAS

Segundo Barboza (2008, p. 18), ao buscar a melhor solução


estrutural é necessário conhecer os requisitos que a edificação procura
43

atender, como cargas atuantes, finalidade da obra, estética, rapidez de


construção, entre outros.

As cargas atuantes podem ser classificadas de acordo com o seu


tipo:

a) permanentes;
b) acidentais e
c) variáveis.

Como também podem ser classificadas de acordo com o tipo de


caminho percorrido até o solo em cargas verticais e horizontais.

2.5.1 Cargas Permanentes

Cargas permanentes são, segundo Rebello (2001, p.36), cargas cuja


intensidade, direção e sentido podem ser determinados com grande precisão,
pois estas cargas são devidas exclusivamente às forças gravitacionais ou
pesos.

Rebello (2001, p.36) ainda cita que são exemplos de cargas


permanentes:

Tabela 8 - Exemplos de cargas permanentes.


(continua)

Peso próprio da estrutura Para determiná-lo, basta o conhecimento


das dimensões do elemento estrutural e do
peso específico (peso/m3) do material que é
feito;
O peso dos revestimentos de pisos Como contrapisos, pisos cerâmicos, entre
outros;
O peso das paredes Para determiná-lo, é necessário conhecer o
peso específico do material de que é feita a
parede e do seu revestimento (emboço,
reboco, azulejo e outros);
44

(conclusão)
O peso de revestimentos especiais Como placas de chumbo, nas paredes de
sala de Raio X.
Fonte: REBELLO, 2001, p. 36.

2.5.2 Cargas Acidentais

Cargas acidentais são difíceis de ser determinadas com precisão e


podem variar com o tipo de edificação. Rebello (2001, p.36) cita que são
exemplos destas cargas:

a) o peso das pessoas, o peso do mobiliário, o peso de veículos e a


força de frenagem (freio) dos veículos como sendo cargas verticais;
b) a força do vento é uma carga horizontal, que depende da região,
das dimensões verticais e horizontais da edificação;
c) o desaprumo e os sismos também são considerados forças
horizontais.
A norma ABNT NBR 6120:1980 (p. 3 e 4) determina os valores das
cargas a serem utilizados de acordo com o local (Tabela 9) e com o material
(Tabela 10):

Tabela 9 - Cargas acidentais de acordo com o local.


(continua)
Carga
Local
(kN/m²)
Arquibancada 4
Escritórios e banheiros 2
Bancos
Salas de diretoria e de gerência 1,5
Sala de leitura 2,5
Sala para depósito de livros 4
Bibliotecas Sala com estantes de livros a ser determinada em
cada caso ou 2,5 kN/m² por meio metro de altura
observado, porém valor mínimo de 6
(incluindo pesos das máquinas) a ser determinada
Casas de máquinas
em cada caso, porém com o valor mínimo de 7,5
45

(continuação)
Carga
Local
(kN/m²)

Plateias com assentos fixos 3


Cinemas Estúdio e plateia com assentos móveis 4
Banheiro 2
Sala de refeições e de assembléia com assentos 3
fixos 4
Clubes Sala de assembléia com assentos móveis
Salão de danças e salão de esportes 5
Sala de bilhar e banheiro 2
Com acesso ao público 3
Corredores
Sem acesso ao público 2
A ser determinada em cada caso, porém com o
3
Cozinhas não residenciais mínimo de
Deve ser medido de acordo com o peso específico
-
Depósitos do material armazenado
Dormitórios, sala, copa, cozinha e banheiro 1,5
Edifícios residenciais
Despensa, área de serviço e lavanderia 2
Com acesso ao público 3
Escadas
Sem acesso ao público 2,5
Anfiteatro com assentos fixos
Escolas Corredor e sala de aula 3
Outras salas 2
Escritórios Salas de uso geral e banheiro 2
Forros Sem acesso a pessoas 0,5
A ser determinada em cada caso, porém com o
3
Galerias de arte mínimo de
A ser determinada em cada caso, porém com o
3
Galerias de lojas mínimo de
Para veículos ou semelhantes com carga máxima
3
Garagens e estacionamentos de 25 kN por veículo
Ginásios de esportes 5
Dormitórios, enfermarias, salas de recuperação,
Hospitais sala de cirurgia, sala de raio x e banheiro 2
Corredor 3

Laboratórios Incluindo equipamentos, a ser determinado em


cada caso, porém com o mínimo de 3
Lavanderias Incluindo equipamentos 3
Lojas 4
Restaurantes 3
Palcos 5
Teatros Demais dependências: cargas iguais às
-
especificadas para cinemas
46

(conclusão)
Carga
Local
(kN/m²)

Sem acesso ao público 2


Com acesso ao público 3
Terraços Inacessível a pessoas 0,5

Destinados a heliportos elevados: cargas deverão


ser fornecidas pelo Ministério da Aeronáutica -
Sem acesso ao público 1,5
Vestíbulos
Com acesso ao público 3
Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6120. Peso específico de
materiais de construção. Rio de Janeiro. 1980. 2 p. Adaptação dos Autores.

Tabela 10 - Cargas acidentais de acordo com o material.


(continua)
Peso específico aparente
Materiais
(kN/m³)

Arenito 26
Basalto 30
Rochas Gneiss 30
Granito 28
Mármore e calcário 28
Blocos de argamassa 22
Cimento amianto 20
Lajotas cerâmicas 18
Blocos artificiais
Tijolos furados 13
Tijolos maciços 18
Tijolos sílico-calcáreos 20
Argamassa de cal 19
Argamassa de cimento e areia 21
Revestimentos e
concretos Argamassa de gesso 12,5
Concreto simples 24
Concreto armado 25
Pinho, cedro 5
Louro, imbuia, pau óleo 6,5
Madeiras
Guajuvirá, guatambu, grápia 8
Angico, cabriúva, ipê róseo 10
47

(conclusão)
Peso específico aparente
Materiais
(kN/m³)
Aço 78,5
Alumínio e ligas 28
Bronze 85
Chumbo 114
Metais Cobre 89
Ferro fundido 72,5
Estanho 74
Latão 85
Zinco 72
Alcatrão 12
Asfalto 13
Borracha 17
Materiais diversos
Papel 15
Plástico em folhas 21
Vidro plano 26
Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6120. Peso específico de
materiais de construção. Rio de Janeiro. 1980. 2 p.

2.5.3 Cargas Verticais

Cargas verticais são, segundo Rebello (2000, p. 22), o peso próprio


dos elementos estruturais, pessoas, móveis, entre outros, em função das forças
gravitacionais. O caminho natural que as forças gravitacionais tendem a tomar
é o vertical.

Caso seja oferecido a estas forças um caminho mais longo, elas


obrigatoriamente terão de percorrê-lo, desviando-se, assim, de sua tendência
natural e gerando esforços que solicitarão os elementos presentes nesse
caminho. Uma estrutura terá seções mais estreitas quando os caminhos forem
muitos e seções mais largas quando forem poucos os caminhos devido a um
maior acúmulo de forças (REBELLO, 2000, p.22).
48

2.5.4 Cargas Horizontais

Basicamente, em regiões onde não é comum o acontecimento de


sismos, as cargas horizontais consideradas são o vento, o desaprumo e o
empuxo em subsolos.
Os ventos incidentes em estruturas de concreto armado podem
gerar cargas significativas; portanto, devem ser levados em consideração para
o cálculo estrutural das edificações, segundo a norma ABNT NBR 6118:2014
(p. 56).
Para efeitos da norma ABNT NBR 6123 (1988, p.3) são adotadas as
definições:
a) sobrepressão é a pressão efetiva acima da pressão atmosférica
de referência (sinal positivo);
b) sucção é a pressão efetiva abaixo da pressão atmosférica de
referência (sinal negativo);
c) superfície frontal se refere à superfície definida pela projeção
ortogonal da edificação, estrutura ou elemento estrutural sobre um
plano perpendicular à direção do vento (“superfície de sombra”),
d) vento básico é o vento a que corresponde à velocidade básica " .

2.5.5 Cálculo das forças devidas ao vento nas edificações

Segundo a norma ABNT NBR 6123:1988 (p. 4) as forças devidas ao


vento sobre uma edificação devem ser calculadas separadamente para:
a) elementos de vedação e suas fixações (telhas, vidros, esquadrias,
painéis de vedação, etc.);
b) partes da estrutura (telhados, paredes, etc.);
c) a estrutura como um todo.
49

2.5.5.1 Procedimento de Cálculo

A norma ABNT NBR 6123:1988 (p. 21) estabelece que para


estruturas de edifícios paralelepipédicos o projeto deve levar em conta:
a) As forças de vento agindo perpendicularmente a cada uma das
fachadas;
b) As excentricidades causadas por vento agindo obliquamente ou
por efeitos de vizinhança. Os esforços de torção são calculados
considerando estas forças agindo com as excentricidades, em
relação ao eixo geométrico, dadas na norma.

Para determinação dos esforços solicitantes por causa da ação do


vento em estruturas reticulares, as ações podem ser consideradas como
concentradas no nível de cada laje. Para este caso é necessário que se
determine o quinhão de carga em cada pórtico (como visualizado na Figura 8)
que varia de acordo com a sua rigidez (GIONGO, 2007, p. 55).

Figura 8 - Deslocamento horizontal de uma estrutura.

Fonte: AltoQi, 2017.


50

2.5.5.2 Determinação das forças estáticas devidas ao vento

Ainda segundo a norma ABNT NBR 6123:1988 (p. 4) as forças


estáticas devidas ao vento são determinadas do seguinte modo:
a) A velocidade básica do vento (" ) adequada ao local onde a
estrutura será construída, sendo a partir de um mapa de isopletas
(Figura 9);

Figura 9 - Mapa de isopletas.

Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6123. Forças devidas ao


vento em edificações - Procedimento. Rio de Janeiro. 1988.

Na Figura 9, tem-se as velocidades abaixo listadas:


V0 = em m/s
51

V0 = máxima velocidade média medida sobre 3 s, que pode ser


excedida em média uma vez em 50 anos, a 10 m sobre o nível do terreno em
lugar aberto e plano.

b) A velocidade básica do vento é multiplicada pelos fatores #, $ e


% para ser obtida a velocidade característica de vento. " (equação
4) para a parte da edificação em consideração, sendo:

" = " # $ % (4)

c) A velocidade característica do vento permite determinar a pressão


dinâmica pela expressão:

& = 0,613 " $ (5)

Sendo que as unidades estão respeitando o Sistema Internacional,


o q está em N/m² e o " em m/s.

2.5.5.3 Coeficiente de Pressão

Segundo o item 4.2.1 da norma ABNT NBR 6123:1988 (p. 4), como
a força do vento depende da diferença de pressão nas faces opostas da parte
da edificação em estudo, os coeficientes de pressão são dados para superfícies
externas e internas. Entende-se por pressão efetiva, ∆) , em um ponto da
superfície de uma edificação, o valor definido pela expressão 6.

∆) = ∆)* − ∆) (6)

Da expressão:
∆)* : pressão efetiva externa,
∆) : pressão efetiva interna.
52

Assim:

∆) = ,-.* − -. /× & (7)

Da expressão:

∆)*
-.* = = coeficiente de pressão externa,
&
∆)
-. = = coeficiente de pressão interna.
&

Valores positivos dos coeficientes de pressão efetiva ou interna


correspondem a sobrepressões e valores negativos correspondem a sucções.
Um valor positivo para ∆) indica uma pressão efetiva com o sentido
de uma sobrepressão externa, e um valor negativo para ∆) indica uma pressão
efetiva com o sentido de uma sucção externa.

2.5.5.4 Velocidade básica do vento

Como regra geral, é admitido que o vento básico possa soprar de


qualquer direção horizontal. Em caso de dúvida quanto à seleção da velocidade
básica e em obras de excepcional importância, é recomendado um estudo
específico para a determinação de V0. Neste caso, podem ser consideradas
direções preferenciais para o vento básico, se devidamente justificadas (ABNT
NBR 6123:1988, p. 5).
53

2.5.5.5 Fator topográfico >?

Segundo o item 5.2 da norma ABNT NBR 6123:1988 (p. 5), o fator
topográfico # leva em consideração as variações do relevo do terreno e é
determinado do seguinte modo:
a) Terreno plano ou fracamente acidentado, # = 1,0;
b) Taludes e morros, # = 1,0 e
c) Vales profundos, protegidos de ventos de qualquer direção, # =
0,90.

2.5.5.6 Rugosidade do terreno, dimensões da edificação e altura sobre o


terreno S2

O fator $ considera o efeito combinado da rugosidade do terreno,


da variação da velocidade do vento com a altura acima do terreno e das
dimensões da edificação ou parte da edificação em consideração.

E .
= A × BC × D F
$
10
(8)

Da expressão, segundo a norma ABNT NBR 6123:1988 (p. 2-3):

A: parâmetro meteorológico usado na determinação de $;

BC: fator de rajada;


E: cota acima do terreno;
): expoente da lei potencial de variação de $.

Em ventos fortes em estabilidade neutra, a velocidade do vento


aumenta com a altura acima do terreno. Este aumento depende da rugosidade
do terreno e do intervalo de tempo considerado na determinação da velocidade.
54

Segundo a norma ABNT NBR 6123:1988 (p. 8) a rugosidade do


terreno é classificada em cinco categorias:

Tabela 11 - Divisão da rugosidade do terreno em categorias.


Categoria I Superfícies lisas de grandes dimensões, com
mais de 5 km de extensão, medida na
direção e sentido do vento incidente.
Categoria II Terrenos abertos em nível ou
aproximadamente em nível, com poucos
obstáculos isolados, tais como arvores e
edificações baixas [...] A cota média do topo
dos obstáculos é considerada inferior ou
igual a 1,0 m.
Categoria III Terrenos planos ou ondulados com
obstáculos, tais como sebes e muros, poucos
quebra-ventos de árvores, edificações baixas
e esparsas. [...] A cota média do topo dos
obstáculos é considerada igual a 3,0 m.
Categoria IV Terrenos cobertos por obstáculos numerosos
e pouco espaçados, em zona florestal,
industrial ou urbanizados. [...] A cota média
do topo dos obstáculos é considerada igual a
10 m. Esta categoria também inclui zonas
com obstáculos maiores e que ainda não
possam ser consideradas na categoria V. [...]
Categoria V Terrenos cobertos por obstáculos
numerosos, grandes, altos e pouco
espaçados. [...] A cota média do topo dos
obstáculos é considerada igual ou superior a
25 m.
Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6123. Forças devidas ao
vento em edificações - Procedimento. Rio de Janeiro. 1988.

Também é dividida em três classes, de acordo com as dimensões


da edificação descritas pela norma ABNT NBR 6123:1988 (p. 8 e 9):
55

Tabela 12 - Divisão das dimensões da edificação em classes.


Classe A Todas as unidades de vedação, seus
elementos de fixação e peças individuais de
estruturas sem vedação. Toda edificação na
qual a maior dimensão horizontal ou vertical
não exceda 20 m.
Classe B Toda edificação ou parte de edificação para
a qual a maior dimensão horizontal ou
vertical da superfície frontal esteja entre 20 m
e 50 m.
Classe C Toda edificação ou parte de edificação para
a qual a maior dimensão horizontal ou
vertical da superfície frontal exceda 50 m.
Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6123. Forças devidas ao
vento em edificações - Procedimento. Rio de Janeiro. 1988.

Tendo o conhecimento da categoria e classe em que a edificação


está inserida, os parâmetros b e p são conhecidos através da Tabela 13:

Tabela 13 - Parâmetros meteorológicos.


Categoria ZG(m) Parâmetro Classes
A B C
I 250 b 1,10 1,11 1,12
p 0,06 0,065 0,07
b 1,00 1,0 1,00
II 300 Fr 1,00 0,98 0,95
p 0,085 0,09 0,10
III 350 b 0,94 0,94 0,93
p 0,10 0,105 0,115
IV 420 b 0,86 0,85 0,84
p 0,12 0,125 0,135
V 500 b 0,74 0,73 0,71
p 0,15 0,16 0,175
Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6123. Forças devidas ao
vento em edificações - Procedimento. Rio de Janeiro. 1988.
56

2.5.5.7 Fator estatístico S3

Segundo a norma ABNT NBR 6123:1988 (p. 10) o fator estático % é


baseado em conceitos estáticos, e considera o grau de segurança requerido e
a vida útil da edificação.
Ainda de acordo a norma ABNT NBR 6123:1988 (p. 10) os valores
mínimos do fator S3 são indicados na Tabela 14.

Tabela 14 - Valores mínimos do fator estatístico S3


Grupo Descrição S3
Edificações cuja ruína ou parcial pode
afetar a segurança ou possibilidade de
1 socorro a pessoas após uma 1,10
tempestade destrutiva (hospitais,
quartéis de bombeiros e de forças de
segurança, centrais de comunicações,
etc.)
Edificações para hotéis e residências.
2 Edificações para comércio e indústria 1,00
com alto fator de ocupação
Edificações e instalações industriais
3 com baixo fator de ocupação (depósitos, 0,95
silos, construções rurais, etc.)
4 Vedações (telhas, vidros, painéis de 0,88
vedação, etc.)
Edificações temporárias. Estruturas dos
5 grupos 1 a 3 durante a construção 0,83
Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6123. Forças devidas
ao vento em edificações - Procedimento. Rio de Janeiro. 1988.
57

2.5.5.8 Coeficiente de arrasto GH

Segundo Giongo (2007, p. 56), os coeficientes de arrasto (IJ ) são


determinados para corpos de seção constante ou fracamente variável e são
calculados em função das relações entre medidas em planta dos lados da
edificação e entre a altura e estas.
Considerando que ℓ1 é a largura da edificação, isto é, a dimensão
horizontal perpendicular à direção do vento e ℓ2 é a profundidade, ou seja, a
dimensão na direção do vento e, h é a altura, pode-se determinar o coeficiente
de arrasto em função destas grandezas geométricas.
Segundo a norma ABNT NBR 6123:1988 (p. 19) para vento incidindo
perpendicularmente a cada uma das fachadas de uma edificação retangular em
planta e assente no terreno, deve ser usado o gráfico da Figura 10 ou, para o
caso excepcional de vento de alta turbulência, o gráfico da Figura 11. Os
coeficientes de arrasto são dados, nestas Figuras, em função das relações h/
ℓ1 e ℓ1/ ℓ2.
A força de arrasto é calculada pela expressão:

BJ = IJ ×& × * (9)

Da expressão, segundo a norma ABNT NBR 6123:1988 (p. 2-3):

IJ : coeficiente de arrasto
&: pressão dinâmica
*: área frontal efetiva
58

Figura 10: Coeficiente de arrasto, Ca, para edificações paralelepipédicas em


vento de baixa turbulência.

Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6123. Forças devidas ao


vento em edificações - Procedimento. Rio de Janeiro. 1988.
59

Figura 11 - Coeficiente de arrasto, Ca, para edificações paralelepipédicas em


vento de alta turbulência.

Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6123. Forças devidas ao


vento em edificações - Procedimento. Rio de Janeiro. 1988.

2.6 PARÂMETROS DE ESTABILIDADE E EFEITOS DE 2° ORDEM

Os efeitos locais de 2° ordem são decorrentes dos deslocamentos


horizontais advindos da aplicação de cargas horizontais e verticais na estrutura.
Os efeitos locais de 2° ordem são consequência da não possibilidade
construtiva de uma execução perfeita da estrutura, como os encontros dos
eixos dos pilares quando não se mantém retilíneos (REIS, 2013, p. 35).
60

A norma ABNT NBR 6118:2014 (p. 103) apresenta dois parâmetros


utilizados para a verificação da necessidade de consideração desses tais
efeitos globais de 2° ordem, classificando a estrutura como sendo de nós fixos
ou nós móveis:

Nós fixos: quando os deslocamentos horizontais dos nós são


pequenos, tornando os efeitos globais de 2° ordem desprezíveis (inferiores a
10% dos esforços de 1° ordem).

Nós móveis: são aquelas em que os deslocamentos horizontais não


são pequenos, tornando os efeitos globais de 2° ordem importantes.

2.6.1 Parâmetro de Instabilidade K

O cálculo desse parâmetro é apresentado na norma ABNT NBR


6118:2014 para definir a estabilidade global de estruturas, mas não é utilizado
para estimativa dos efeitos de 2° ordem. A estrutura é vista como um meio
elástico, sendo que a fissuração dos elementos não é considerada, de acordo
com Reis (2013 apud MONCAYO 2011).
O cálculo do parâmetro segue a equação 10:

Q
= LMNMJO ×P
(10)
R ST

Da expressão, de acordo com a norma ABNT NBR 6118:2014 (p.


104):
LMNMJO : a altura total da estrutura (contada a partir do topo da
fundação ou de um nível pouco deslocável do subsolo;
Q : é a soma do valor característico de todas as cargas verticais
atuantes na estrutura (a partir do nível considerado para o cálculo de Htotal),
R S T : é a soma dos valores de rigidez de todos os pilares na direção
considerada. Para estruturas com pilares de rigidez variável ao longo da altura,
61

pode ser considerado o valor dessa mesma expressão igual à de um pilar de


seção constante.
O valor de Ic deve ser calculado considerando as seções brutas dos
pilares, que deve ser determinada da seguinte forma, segundo a norma ABNT
NBR 6118:2014 (p. 104):
Calcular o deslocamento do topo da estrutura de contraventamento,
sob a ação do carregamento horizontal;
Calcular a rigidez de um pilar equivalente de seção constante,
engastado na base e livro no topo, de mesma altura Htotal, tal que, sob
a ação do mesmo carregamento, sofra o mesmo deslocamento no
topo.

Ainda de acordo Reis (2013, p. 36), o módulo de elasticidade


secante R S é definido como sendo 85% do módulo de deformação tangente
inicial R , que segue a expressão 2.
O valor de é comparado ao valor #, fornecido pela ABNT NBR
6118:2014 (p. 104), onde n é o número de andares acima da fundação ou de
um nível pouco deslocável do subsolo. Se for menor que #, a estrutura é
classificada como sendo de nós fixos, e ao contrário, ela é considerada de nós
móveis.
0,2 + 0,1 ×V, se V ≤ 3
=U
#
0,6, se V ≥ 4
(11)

2.6.2 Coeficiente YZ

Segundo AltoQi (2017) e Reis (2013, p. 38), o coeficiente γ\ possui


a função de determinar de forma simples e aproximada a estabilidade global de
uma estrutura em concreto armado, fornecendo o coeficiente de majoração dos
esforços globais finais com relação aos de primeira ordem.
De acordo com AltoQi (2017), para cada combinação de cálculo
definida é calculado um valor de γ\ (X e Y), sendo que os máximos valores em
X e Y são adotados como críticos.
62

O coeficiente é obtido através da análise elástica (que considera a


não linearidade física dos elementos estruturais), sendo que só é válido para
estruturas reticuladas de no mínimo quatro pavimentos, de acordo com a norma
ABNT NBR 6118:2014 (p. 105).
O coeficiente γ\ é definido por:
1
γz =
(12)
1−
∆^_`_,a
^#_`_,a

Da expressão, de acordo com a norma ABNT NBR 6118:2014 (p.


105):
∆bMNM, : é o momento de tombamento, ou seja, a soma dos momentos
de todas as forças horizontais da combinação considerada, com seus
valores de cálculo, em relação à base da estrutura
b1MNM, : é a soma dos produtos de todas as forças verticais atuantes
na estrutura (com valores de cálculo) pelos deslocamentos
horizontais de seus respectivos pontos de aplicação, obtidos da
análise de 1° ordem.

Ainda segundo a norma ABNT NBR 6118:2014 (p. 105), a estrutura


é classificada como sendo de nós fixos se γ\ for menor ou igual a 1,10.
Para Reis (2013 apud MONCAYO, 2011), caso a estrutura for de nós
móveis, o γ\ terá um valor entre 1,10 e 1,30. Este último é um valor limite,
revelando uma estrutura com um elevado grau de instabilidade. Já valores
menores a 1,0 (ou negativos) são considerados incoerentes, indicando uma
estrutura instável.

2.6.3 Análise P-Delta

De acordo com AltoQi (2017), o programa AltoQi Eberick utiliza um


processo chamado P-Delta para levar em conta os efeitos da não linearidade
geométrica no cálculo da estrutura. Este processo simula o efeito não linear
através de cargas horizontais fictícias aplicadas à edificação, como pode ser
63

visualizado na Figura 8. Este processo é feito internamente pelo programa,


pesquisando iterativamente a posição final da estrutura deformada,
basicamente relacionando a carga horizontal com o deslocamento.
De acordo com Reis (2013 apud Banki, 1999), a cada barra da
estrutura são acrescentadas cargas horizontais fictícias (V) em suas
extremidades, calculando-as a partir da lógica do equilíbrio das forças:

Q ×c
"=
d
(13)

Da expressão:
L: extensão da barra;
N: carga normal atuante;
a: deslocamento relativo entre as extremidades da barra,
V: força horizontal fictícia a ser acrescentada na análise.

Segundo AltoQi (2017), considera-se que, devido às cargas


horizontais, a estrutura do edifício se torna como a configuração deslocada,
alterando as cargas normais de cada pavimento e acrescentando um novo
momento. Junto a esse momento, um novo deslocamento horizontal o
acompanha, tornando o processo iterativo, consistindo-se em aproximações
sucessivas.
Assim, duas hipóteses são possíveis: ou os deslocamentos são cada
vez menores (obtendo um equilíbrio estrutural), ou os deslocamentos jamais se
anulam (provocando flambagem da estrutura).
Dessa forma, o objetivo do processo P-Delta é calcular os efeitos de
2ª ordem na forma de acréscimo nos esforços, mesmo com a estrutura
deslocável, tendo uma visão final de estabilidade da edificação (ALTOQI,
2017).
64

2.7 ESTADOS LIMITES

Segundo Camacho (2005, p. 8) uma estrutura ou parte dela atinge


um estado limite quando, de modo efetivo ou convencional, se torna inutilizável
quando deixa de satisfazer as condições previstas para sua utilização.

Depreende-se naturalmente dos requisitos esperados para uma


edificação, que a mesma deva reunir condições adequadas de segurança,
funcionalidade e durabilidade, de modo a atender todas as necessidades para
as quais foi projetada. (CAMACHO, 2005, p.8)

Segundo a norma ABNT NBR 6118:2014, os estados limites podem


ser divididos em duas categorias: estados limites últimos ou estados limites de
serviço.

Estado Limite Último são, segundo Camacho (2005, p.8), aqueles


relacionados ao colapso, ou a qualquer outra forma de ruína estrutural, que
determine a paralisação do uso da estrutura.

Estados Limites de Serviço são, ainda segundo Camacho (2005,


p. 8), aqueles que correspondem à impossibilidade do uso normal da estrutura,
estando relacionada à durabilidade das estruturas, aparência, conforto do
usuário e a boa utilização funcional da mesma, seja em relação aos usuários,
seja às máquinas e aos equipamentos utilizados. Podem se originar de uma
das seguintes causas:

a) estado limite de formação de fissuras;


b) estado limite de abertura de fissuras;
c) estado limite de deformações excessivas;
d) estado limite de vibrações excessivas e
e) casos especiais.
65

2.8 ELEMENTOS ESTRUTURAIS

A concepção da estrutura de um edifício consiste no


estabelecimento de um arranjo adequado dos elementos estruturais do edifício,
para que o mesmo tenha a capacidade de atender as finalidades para as quais
foi projetado (ALVA, 2007, p. 1).
De acordo com Pinheiro, Muzardo e Santos (2007, p. 4.1), essa
etapa de estruturação implica em escolher os elementos a serem utilizados,
definir as suas posições tendo como base o projeto arquitetônico e formar um
sistema estrutural eficiente. A solução estrutural final deve atender aos
requisitos de qualidade estabelecidos nas normas técnicas, relativos à
capacidade resistente, ao desempenho em serviço e à durabilidade da
estrutura.
Além disso, o projeto estrutural deve estar compatibilizado com
outros tipos de projeto, como o de instalações elétricas, hidráulicas, telefonia,
segurança, som, televisão, ar condicionado e outros (PINHEIRO; MUZARDO E
SANTOS, 2007, p. 4.1).
De acordo com Barboza (2008, p. 13), para se obter a melhor
solução estrutural é preciso conhecer todos os requisitos que a construção
deve atender: cargas atuantes, finalidade da obra, facilidade de construção,
estética, economia, materiais disponíveis na região, entre outros.
Na Figura 12 de Alva pode-se visualizar um modelo de arranjo,
enquanto nota-se os diferentes tipos de peças estruturais:
66

Figura 12 – Perspectiva de parte de um edifício.

Fonte: ALVA, 2007, p. 1.

A associação adequada dos sistemas estruturais básicos (em


quantidade, forma e processo) que dá sentido à estrutura e à arquitetura
(REBELLO, 2001, p. 117).
A distribuição de cargas sobre a estrutura pode ser diferente de um
ponto para outro, sendo que geralmente a geometria dos carregamentos
acompanha a geometria dos elementos estruturais sobre os quais eles atuam
(REBELLO, 2001, p. 37).
E segundo Alva (2007, p. 4), é importante considerar o
comportamento primário dos elementos estruturais, como se nota na Figura 13.
De acordo com Pinheiro, Muzardo e Santos (2007, p. 4.1-4.2), o sistema
estrutural de um edifício deve ser projetado de modo que seja capaz de resistir
às ações verticais e horizontais, sendo que cada uma segue um trajeto:
O percurso das ações verticais começa nas lajes, que suportam os
seus pesos próprios, outras ações permanentes e variáveis e transmitem esses
67

esforços para as vigas. Estas suportam os seus pesos próprios, as reações


provenientes das lajes, peso de paredes e ainda ações de outros elementos
que nelas se apoiem e os transmitem para os pilares. Os mesmos recebem as
reações das vigas que neles se apoiam, junto com o seu peso próprio e os
transferem para os andares inferiores até que, finalmente, o solo recebe as
ações através dos elementos de fundação.
As ações horizontais também devem ser absorvidas pela estrutura e
transmitidas para o solo. No caso do vento, a principal carga horizontal, o
caminho tem início nas paredes externas do edifício. As lajes possuem rigidez
praticamente infinita no seu plano, o que promove o travamento do conjunto.

Figura 13 - Fluxo das ações nos elementos estruturais em edifícios.

Fonte: ALVA, 2007, p. 4.

De acordo com Pinheiro, Muzardo e Santos (2007, p. 4.1) e Bastos


(2006, p. 21), estrutura é a parte resistente da construção e tem as funções de
resistir as ações e as transmitir para o solo. Os elementos estruturais mais
comuns e importantes são as lajes, as vigas, os pilares e a fundação.
Laje: Elemento plano bidimensional que recebe as cargas do piso e
as transfere para os apoios; travam os pilares e distribuem as ações horizontais
entre os elementos de contraventamento. Está submetida predominantemente
à flexão nas duas direções ortogonais (ALVA, 2007, p. 4).
68

Viga: Elemento de barra (normalmente reto e horizontal) sujeito


predominantemente à flexão, se apoia em pilares e é geralmente embutida nas
paredes. Transfere o peso de paredes apoiadas sobre ela, reações das lajes e
de outras vigas para os pilares (ALVA, 2007, p. 4).
Pilares: Elementos de barra verticais sujeitos à flexo-compressão.
Fornecem apoio às vigas, resistem aos carregamentos horizontais (ações de
vento) e transferem as cargas para a fundação (ALVA, 2007, p. 4). O seu
posicionamento e sua forma são determinantes na concepção arquitetônica e
sua influência nos espaços é bastante sensível (REBELLO, 2001, p. 110).
Fundações: podem ser diretas ou profundas. As fundações diretas
ou superficiais, como também são chamadas, são constituídas por blocos,
sapatas e radiers e são empregadas quando o solo superficial possui uma
resistência relativamente elevada e baixa compressibilidade. As ações são
transmitidas ao solo predominantemente pela base. As fundações profundas
são as estacas e tubulões e são utilizadas quando não é viável
economicamente o emprego de fundações diretas. A carga pode ser
transmitida somente pela base e/ou pelo atrito lateral (ALVA, 2007, p. 4).
69

Figura 14 - Elementos estruturais de fundação.

Fonte: ALVA, 2007, p. 5.

2.9 CONCEPÇÃO ESTRUTURAL E LANÇAMENTO DA ESTRUTURA

O lançamento dos elementos estruturais é realizado com base no


projeto arquitetônico, sendo necessário definir previamente as seções dos
elementos a partir de um pré-dimensionamento baseado nas ações atuantes
na estrutura.
Diversos itens devem ser observados ao fazer o lançamento da
estrutura (ALVA, 2007, p. 8):
a) estética: atender às condições estéticas do projeto arquitetônico,
embutindo as vigas e pilares na alvenaria, na medida do possível;
70

b) economia: minimizar o custo da estrutura, uniformizando-a,


gerando fôrmas mais simples, permitindo o reaproveitamento das
mesmas e uniformizando ao máximo o caminhamento das cargas
para as fundações;
c) funcionalidade: principalmente para as garagens, verificando o
posicionamento dos pilares para obtenção de mais vagas para o
condomínio;
d) resistência às ações horizontais: desaprumo e vento, no geral.

Cada elemento estrutural é posicionado seguindo diferentes


critérios, desse modo os pilares normalmente são os primeiros a serem
lançados, começando pelos pilares de canto, seguindo para os pilares nas
áreas comuns a todos os pavimentos (como a região da escada e dos
elevadores), pilares de extremidade e por último os pilares internos.
Para Barboza (2008, p. 17) e Deichmann (2016, p. 36), as vigas
devem ser lançadas levando-se em consideração alguns aspectos: os vãos das
lajes a serem vencidos, o embutimento nas paredes de vedação e a
configuração da estrutura para a resistência à ação horizontal do vento
(obtenção de pórticos a fim de enrijecer a estrutura), assim suportando grande
parte da carga.
De acordo com Barboza (2008, p. 18), o arranjo dos pilares influencia
na posição das vigas, sendo necessário delineá-lo para obter um equilíbrio
entre os esforços solicitantes máximos, em função das disposições
arquitetônicas.
Depois do lançamento preliminar da estrutura, é feita uma análise
(com uso de um software estrutural), tendo como base o levantamento dos
esforços e seus impactos na estrutura, como as deformações impostas,
deslocamentos e estabilidade global.
A partir da verificação dos efeitos das cargas atuantes nas seções
dos elementos estruturais, é feito um dimensionamento final dos mesmos a
partir do software AltoQi Eberick V10.
71

2.9.1 Software AltoQi Eberick V10

A empresa AltoQi foi fundada no ano de 1989 e, depois de diversos


softwares de análise estrutural, a primeira versão do Eberick foi desenvolvida
em 1996, integrando o cálculo e detalhamento de lajes, vigas, pilares e
infraestrutura (MARIANO, 2015, p. 25).
Segundo a empresa AltoQi (2017), o Eberick V10 é um software para
projeto estrutural em concreto armado moldado in-loco e concreto pré-moldado
que engloba as etapas de lançamento, análise da estrutura, dimensionamento
e o detalhamento final dos elementos.
Uma das vantagens do programa é que ele gera automaticamente
os detalhamentos dos elementos estruturais, além de resumo de materiais de
cada pavimento. É possível alterar as armaduras propostas e gerar
detalhamentos individuais.
De acordo com Mariano (2015 apud ALTOQI, 2008), o cálculo da
estrutura começa com os painéis de lajes, que são montados e calculados. As
reações das lajes são então transmitidas às vigas e onde estas se apoiam. É
montado o pórtico espacial da estrutura, recebendo o carregamento calculado
pelas lajes, sendo ele processado e os esforços solicitantes são utilizados para
o detalhamento dos elementos estruturais.
O dimensionamento das lajes, segundo Mariano (2015, p. 30), é feito
de acordo apenas com as combinações últimas, determinando cada esforço
máximo ao adotar o valor mais crítico de cada momento fletor e esforço
cortante.
Quanto às vigas, Mariano (2015, p. 30) afirma que o cálculo é feito a
partir das combinações últimas e de utilização, dos quais são dimensionadas
as armaduras de cisalhamento, torção e flexão simples. É feita a verificação de
fissuras.
Os pilares são dimensionados conforme as normas vigentes, pelo
processo da linha neutra (que se baseia na obtenção dos momentos resistentes
e solicitantes de cálculo de uma seção transversal com base em um pré-
dimensionamento da armadura) e verificando a flexo-compressão reta ou
oblíqua (MARIANO, 2015, p. 30).
72

2.10 PRÉ-DIMENSIONAMENTO

As dimensões dos elementos estruturais precisam ser avaliadas


para fins de resistência aos esforços, respeitando os limites mínimos e
máximos que podem ser impostos por normas ou até a própria arquitetura da
edificação pode ser um limiar.
Cada elemento estrutural resiste a diferentes esforços e diferentes
caminhamentos das ações, levando a diferentes métodos de cálculo para cada
um deles, sendo: lajes, vigas e pilares.

2.10.1 Lajes

Segundo Alva (2007, p.12) a espessura da laje (h) pode ser estimada
pela expressão 14, onde de é o menor vão da laje:
de
ℎ≅
40
(14)

A norma ABNT NBR 6118:2014 (p. 74) prescreve que nas lajes
maciças devem ser respeitados os seguintes limites mínimos para a espessura:
a) 7 cm para cobertura não em balanço;
b) 8 cm para lajes de piso não em balanço;
c) 10 cm para lajes em balanço;
d) 10 cm para lajes que suportem veículos de peso total menor ou
igual a 30 kN;
e) 12 cm para lajes que suportem veículos de peso total maior que
30 kN;
f) 15 cm para lajes com protensão apoiadas em vigas, com o mínimo
ℓ ℓ
de i$ para lajes de piso biapoiadas e j para lajes de piso contínuas;

g) 16 cm para lajes lisas e 14 cm para lajes-cogumelo, fora do


capitel.
73

Segundo Alva (2007, p. 12), deve-se frisar ainda que as lajes dos
edifícios necessitam de espessuras adequadas para garantir um isolamento
acústico mínimo entre pavimentos e evitar deformações indesejáveis.
Para Deichmann (2016, p. 37), o vão efetivo de lajes pode ser
considerado a partir da expressão 14, desde que seus apoios possam ser
considerados rígidos o suficiente face ao deslocamento vertical.

k*l = k + c# + c$ (15)

Da expressão:
k : distância entre as faces internas entre dois apoios consecutivos;
Mn
c# ≤ m $
0,3 o ℎ
Mp
c$ ≤ m $
0,3 o ℎ

A obtenção dos valores de k , c1 e c2 está indicada na Figura 15.

Figura 15 - Vão efetivo.

Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118. Projeto de


Estruturas de Concreto - Procedimento. Rio de Janeiro. 2014.
74

De acordo com Deichmann (2016, p. 38), a classificação da laje


quanto à sua armação pode ser realizada através de uma relação entre seus
vãos efetivos:
kr
q≅
ke
(16)

Da expressão:
ke : menor vão efetivo da laje;
kr : maior vão efeito da laje.
Se o valor de q for maior que dois, classifica-se a laje como
unidirecional, caso contrário a mesma será bidimensional.
Sobre a vinculação dos bordos da laje, Deichmann (2016, p. 38)
aborda que podem ser considerados como livres, apoiados ou engastados. A
classificação do tipo de vinculação deve ser feita de modo a representar de
maneira mais fiel possível como a laje se comporta em seu contorno:
O tipo de vinculação utilizado às lajes é adotado, principalmente para
cálculo dos esforços solicitante e das deformações. O vínculo
simplesmente apoiado é adotado quando a laje se apoia sobre viga,
sem laje adjacente, ou quando não é recomendado admitir a
continuidade com outra laje vizinha. O vínculo engastado é utilizado
em lajes em balanço, para garantir a estabilidade desse elemento na
estrutura, e em lajes que possuam continuidade com lajes vizinhas.
(DEICHMANN, 2016, p.38)

Para as cargas, é considerado o seu peso próprio (segundo as suas


dimensões pré-determinadas) e os seus carregamentos:
Peso próprio da laje: Deichmann (2016, p. 38) a norma ABNT NBR
6120:1980 define as cargas de peso próprio são obtidas por meio da
multiplicação da espessura do elemento pelo seu peso específico, obtendo um
carregamento em kN/m³:
s.. = γ × ℎ (17)

Carregamento de parede: sabendo-se que, segundo Deichmann


(2016, p. 38), em lajes bidirecionais o carregamento de parede deve ser
distribuído igualmente em toda a laje, de acordo com a expressão 18.
75

".Jt ×u.Jt
s.Jt =
ke ×kr
(18)

Da expressão:
s.Jt : carregamento permanente por m² devido ao peso próprio da
parede;
".Jt : volume da parede;
u.Jt : peso específico da parede.

Carregamento pontual ou linear: são considerados quando o seu


comprimento estiver na mesma direção que o maior vão da laje unidirecional e
são obtidos por meio da expressão 19 (DEICHMANN, 2016, p.38 e 40):
".Jt ×u.Jt
v.Jt =
ke
(19)

Da expressão:
v.Jt : carregamento pontual da parede sobre o menor vão da laje.

Figura 16 - Carregamento de parede na direção do maior vão da laje


unidirecional.

Fonte: BASTOS, 2015.

Carga do elemento de vedação: quando a direção da parede


coincidir com a direção do menor vão da laje unidirecional, a atuação dessa
carga deve ser considerada em uma região de extensão igual a dois terços do
76

menor vão ao longo do maior vão da laje unidirecional, segundo Deichmann


(2016, p. 40 apud BASTOS, 2015, p. 9). Pode ser visualizado na Figura 17.

Figura 17 – Carregamento na direção do menor vão da laje unidirecional.

Fonte: BASTOS, 2015.

A intensidade desse carregamento nessa região será igual a:


3×".Jt ×u.Jt
s.Jt =
2×ke$
(20)

Os carregamentos de peso próprio desses materiais serão


considerados nas lajes de acordo com a disposição arquitetônica e com a
especificação dos revestimentos previamente decididos em projeto, para cada
cômodo. A intensidade das cargas acidentais a serem consideradas sobre as
lajes depende da utilização da mesma e pode ser obtida por meio da Tabela 9
(p. 44), presente na norma ABNT NBR 6120:1980 (Tabela 2, p. 4)
(DEICHMANN, 2016, p.41).
Para o momento fletor em lajes unidirecionais, para Deichmann
(2016, p. 42) é admitido que em lajes armadas em uma direção o momento
fletor atuante na direção do menor vão da laje é maior que o atuante na direção
do maior vão. Dessa forma, calcula-se sua intensidade como em uma viga de
um metro de largura com comprimento igual ao menor vão efetivo da laje.
Segundo Deichmann (2016, p. 42), o momento fletor atuante em
lajes armadas em duas direções é obtido através das equações 21, 22, 23 e
24:
77

μe × p × ke$
be =
(21)
100

μr × p × kr$
br =
(22)
100

μ′e × p × ke$
xe =
100
(23)

μ′r × p × kr$
xr =
(24)
100

Das expressões:
be e br : momentos fletores positivos por metro nas direções do
menor e do maior vão, respectivamente;
xe e xr : momentos fletores negativos por meio nas direções do
menor e do maior vão, respectivamente;
μe e μr : coeficientes obtidos a partir das tabelas de Bares para
momento positivo,
μ′e z μ′r : coeficientes obtidos a partir das tabelas de Bares para
momento negativo.

A norma ABNT NBR 6118:2014 (p. 97) aborda a ocorrência de


predominância de cargas permanentes como uma situação em que as lajes
vizinhas podem ser consideradas isoladas, realizando-se a compatibilização
dos momentos sobre os apoios de forma aproximada.
78

Figura 18 - Compatibilização dos momentos fletores

Fonte: PINHEIRO; MUZARDO E SANTOS, 2007, p. 11.14.

Segundo Deichmann (2016, p. 43), consiste em tornar esse


momento na continuidade igual ao maior valor obtido pela inequação:
0.8 × x#
x ≥ { x# + x$
(25)

Da expressão:
x# ≥ x$
x : momento negativo compatibilizado;
x# e x$ : momento negativo no trecho da continuidade considerada.

Ainda segundo Deichmann (2016, p. 43), caso o momento positivo


atuante nas lajes adjacentes à continuidade diminuir, não irá ser considerada
essa alteração. Caso contrário esse acréscimo deve ser calculado.
79

Segundo a norma ABNT NBR 6118:2014 (p.124), para determinação


da deformação das peças em concreto armado é necessário conhecer em qual
estádio de deformação em sua seção crítica. O momento de fissuração limita
os estádios I e II e seu valor é obtido por meio da equação 26:
α × M × T
bt =
}M
(26)

Da expressão:
bt : momento de fissuração;
c: fator de correlação aproximada entre a resistência à tração na
flexão com a resistência à tração direta;
M: resistência à tração direta do concreto:

= = 0,3×~

$
(27)
M M,

M, : resistência média à tração direta do concreto;


: resistência característica do concreto;
T : momento de inércia da seção bruta de concreto:

T =
€×••
#$
(seções retangulares)

A: largura, igual a um metro para análise de lajes;


ℎ: espessura da laje;
}M : distância do centro de gravidade da seção à fibra mais
tracionada;
}M =

$
(para seções retangulares).

Para Deichmann (2016, p. 45), quando o momento atuante for maior


que o momento de fissuração bJ > bt , essa situação caracteriza a peça de
concreto armado no Estádio II de deformação e, dessa forma, é considerada a
fissuração da laje. Nesse caso, recomenda-se utilizar para o cálculo da flecha
o momento de inércia equivalente na expressão 28, cuja equação foi adaptada
do cálculo da rigidez equivalente apresentado na norma ABNT NBR 6118:2014.
bt % bt %
T*ƒ = „ … ×T + †1 − „ … ‡ ×Tˆˆ
(28)
bJ bJ
80

Da expressão:
T*ƒ : momento de inércia equivalente;
bJ : momento atuante, obtido por combinação quase-permanente;
Tˆˆ : momento de inércia da seção fissurada:
A׉ˆˆ%
Tˆˆ = + * × S × Š‹ − ‰ˆˆ Œ$
3
‰ˆˆ : posição da linha neutra da seção fissurada;
RS
=
*
RS
RS : módulo de elasticidade do aço;
R S : módulo de elasticidade secante do concreto;
S: área do aço, calculada para o Estado Limite Último;
‹: altura útil

Segundo Deichmann (2016, p. 46), a flecha imediata ocorre quando


é aplicado à laje o seu primeiro carregamento e não são levados em conta os
efeitos de fluência do concreto.
Em lajes unidirecionais sujeita a um carregamento uniformemente
distribuído, segundo Deichmann (2016, p. 45), pode se obter o valor através da
equação 29.
×)×kei
=
(29)
384×R×T

Da expressão:
: fecha imediata;
: coeficiente adimensional:
= 5 (laje biapoiada);
= 1 (laje biengastada);
= 2,07 (laje com um apoio simples e um engaste);
) : carga total distribuída, obtida por combinação especifica no
Estado Limite de Serviço.
Segundo Deichmann (2016, p. 47) em lajes armadas em duas
direções a flecha imediata é calculada através da fórmula:
81

×)×kei
=
(30)
100×R×ℎ%

Ainda segundo Deichmann (2016, p. 47), a flecha deferida no tempo


leva em consideração a fluência do concreto. Seu coeficiente é calculado por
meio da equação 31:
∆Ž
=
1 + 50ו′
(31)
l

Da expressão:
l: fator de cálculo da flecha diferida;
Ž: valor em função do tempo
ŽŠ•Œ = 0,68׊0,996M Œ×• ,%$
quando • ≤ 70 ‘z’z’
ŽŠ•Œ = 2 quando • > 70 ‘z’z’;
•′: taxa da armadura comprimida
′“
•′ =
A׋
′“ : área da armadura comprimida.

Segundo Deichmann (2016, p. 47), a flecha total é obtida através da


equação 32.

MNMJO = ×,1 + l/ (32)

A norma ABNT NBR 6118:2014 estipula limites para as flechas. Para


Deichmann (2016, p. 48), a flecha a ser comparada ao valor limite para
verificação da aceitabilidade visual deve ser obtida por meio da combinação
quase-permanente:
ke
=
250
(33)
O

O valor limite de aceitabilidade de vibrações (equação 33) deve ser


maior ou igual ao valor que a flecha obtida através do carregamento acidental
atuante na laje (DEICHMANN, 2016, p.48).
ke
=
350
(34)
O
82

A lajes maciças dispensam armadura de cisalhamento quando o


esforço máximo de cálculo atuante na laje for menor que o esforço de
cisalhamento resistente (DEICHMANN 2016, p. 48).
"S ≤ "” # (35)

Da expressão:
"S : esforço cortante solicitante de cálculo;
"” #: esforço cortante resistente de cálculo, para laje prescindir de
armadura de cisalhamento, conforme NBR 6118:2014.
Segundo Deichmann (2016, p. 49), em lajes que não necessitam de
armadura de cisalhamento, é necessário garantir que não haverá compressão
excessiva nas bielas de concreto:
"S ≤ "” $ (36)

Da expressão:
"S : esforço cortante solicitante de cálculo;
"” # : esforço cortante resistente de cálculo, relativa à ruina das
diagonais comprimidas de concreto.
Quando é necessário realizar o dimensionamento de uma armadura
de cisalhamento à laje, a norma recomenda que as verificações devam ser
similares às prescritas para vigas (ABNT NBR 6118:2014 p.135).
"
"S ≤ • ” $
"”
(37)
%

Das expressões:
"S : é a força cortante solicitante de cálculo
"” $: é a força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína das
diagonais comprimidas de concreto.
"” $ = 0,54 × –$ × × A— × ‹ × ’zV$ ˜ × Šcot + cot ˜Œ
"” % :é a força cortante resistente de cálculo, relativa à ruina por
tração diagonal
"” % = " + "S—
–$ : coeficiente:

= D1 − $j™š F (fck em MPa)


l
–$
83

"” %: esforço cortante resistente de cálculo


" : parcela de esforço cortante absorvida pelo concreto por
mecanismos complementares ao da treliça;
" = " # na flexão simples;
" # = " = 0,6 × M × A— × ‹
" # = 0 quando "S = " .

Sobre as reações de lajes em vigas, Deichmann (2016, p. 49) trata


que em lajes armadas em uma direção, o cálculo das reações nos elementos
de apoio é realizado através, também, da consideração da atuação da carga
distribuída na laje em uma viga de comprimento igual ao menor vão efetivo na
laje.
Ainda segundo Deichmann (2016, p. 49), nas lajes bidirecionais as
reações são obtidas pela consideração da distribuição sugerida pela norma
NBR 6118:2014, em que em vinculações iguais é considerada uma divisão pela
bissetriz do ângulo formado entre os bordos. Em bordos com vinculação
diferente é atribuído o ângulo de 60º para o bordo engastado e 30º para o bordo
apoiado.
Para a obtenção da armadura de flexão, estima-se, primeiramente,
a altura útil da laje (DEICHMANN, 2016, p. 50).
ф# (38)
‹e = ℎ − - −
2

3×ф# (39)
‹r = ℎ − - −
2

Da expressão:
-: cobrimento da armadura da laje;
ф#: diâmetro da armadura de flexão estimada à laje.
Em seguida, a posição da linha neutra é calculada por meio da
equação:

b
‰ = 1,25×‹× ž1 − P1 −
(40)

0,425× ×A— ×

Da expressão:
84

‰: posição da linha neutra;


b : momento fletor de cálculo

A armadura da laje é, então obtida por metro linear da laje, por meio
da equação 41.
b
=
׊‹ − 0,4׉Œ
(41)
S
r

Da expressão:
r : tensão resistente de cálculo do aço.

Segundo a norma ABNT NBR 6118:2014 (p. 169), a armadura


secundária de lajes unidirecionais deve ser igual ou superior a 20% da
armadura principal. É exigida também uma taxa de 50% da armadura principal
e um valor mínimo de 0,9 cm²/m.
De acordo com a norma ABNT NBR 6118:2014 (p. 169), na
espessura da laje é indicada a utilização de barras de aço com diâmetro que
respeitem a seguinte condição:

фO, =
8
(42)
áe

Para calcular a armadura longitudinal máxima de acordo com a


norma ABNT NBR 6118:2014 (p. 169), na região fora de emendas a soma das
armaduras de tração e compressão não pode ser maior que 4% da seção bruta
de concreto.
S + ′S ≤ 4%× (43)

Para calcular a armadura longitudinal mínima de acordo com a


norma ABNT NBR 6118:2014 (p. 157) – é necessária por aumentar o
desempenho e a ductilidade à flexão e o controle à fissuração. Para obtenção
dessa armadura mínima é obtida por meio da Tabela 15.
85

Tabela 15 - Valores mínimos para armaduras passivas aderentes.

Elementos
estruturais
Elementos estruturais com Elementos estruturais com
Armadura sem
armadura ativa aderente armadura ativa não aderente
armaduras
ativas

Armaduras
ρs ≥ ρmín ρs ≥ ρmín – ρp ≥ 0,67ρmín ρs ≥ ρmín – 0,5 ρp ≥ 0,67ρmín
negativas

Armaduras
negativas de
ρs ≥ 0,67ρmín
bordas sem
continuidade
Armaduras
positivas de
ρs ≥ ρs ≥ 0,67ρmín – ρp ≥ 0,5
lajes armadas ρs ≥ ρmín – 0,5ρp ≥ 0,5 ρmín
0,67ρmín ρmín
nas duas
direções
Armadura
positiva
(principal) de
ρs ≥ ρmín ρs ≥ ρmín – ρp ≥ 0,5 ρmín ρs ≥ ρmín – 0,5ρp ≥ 0,5 ρmín
lajes armadas
em uma
direção
Armadura
positiva
As/s ≥ 20% da armadura principal
(secundária) de
As/s ≥ 0,9 cm²/m -
lajes armadas
ρs ≥ 0,5 ρmín
em uma
direção
onde
ρs = As/bw h e ρp= Ap/bw h.

Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118. Projeto de


estruturas de concreto - Procedimento. Rio de Janeiro. 2014.

As barras da armadura principal de flexão devem apresentar


espaçamento no máximo igual a 2h ou 20 cm, prevalecendo o menor entre os
dois valores na região dos maiores momentos fletores. (ABNT NBR 6118:2014,
p. 169).
A armadura secundária de lajes armadas em uma direção deve
respeitar o limite máximo de espaçamento igual a 33 cm.
Segundo Deichmann (2016, p. 52), toda armadura positiva das lajes
irá se estender para dentro do apoio a um valor igual sua largura descontada
do cobrimento da armadura.
I = k + •# + •$ − 2×- (44)
86

Da expressão:

Figura 19 - Coeficientes da expressão 43.

Fonte: PINHEIRO et al, 2007, p. 12.14.

c: cobrimento de concreto;
I: comprimento total da armadura.

Sobre o comprimento da armadura negativa Deichmann (2016, p.


52) aborda o assunto:
Sobre a região da continuidade de lajes, é suposto um diagrama
triangular, em que o valor I¢á£ , que corresponde ao comprimento da
armadura, é igual ao maior dos menores das lajes adjacentes da
continuidade considerada, quando ambas forem engastadas, ou igual
ao menor vão da laje engastada, quando a vinculação da outra laje
for considerada apoio simples.

A norma ABNT NBR 6118:2014 (p. 157) recomenda ainda que seja
detalhada armadura negativa em bordo “nos apoios de lajes que não
apresentam continuidade com planos de lajes adjacentes e que tenham ligação
com os elementos de apoio”.
A norma NBR 6118:2014 recomenda adotar armadura nos bordos
da laje, dispostas na parte inferior e superior, paralelamente ao bordo
(DEICHMANN, 2016, p. 53).
87

2.10.2 Vigas

Segundo Alva (2007, p. 13), normalmente a altura da seção


transversal da viga (h) pode ser estimada de acordo com o comprimento do seu
vão (L):
d d
ℎ≅ c
10 12
(45)

Para fins de pré-dimensionamento, o coeficiente “L” pode ser tomado


igual à distância entre os eixos dos pilares em que a viga se apoia.
Para vigas contínuas com vãos comparáveis (relação entre vãos
adjacentes entre 2/3 e 3/2), costuma-se adotar uma altura única estimada a
partir da média dos vãos, como é notado na Figura 20 e expressões 46 e 47
(ALVA, 2007, p. 13).

Figura 20 - Exemplo de viga contínua com vãos comparáveis.

Fonte: ALVA, 2007.

2 d# 3
≤ ≤
3 d$ 2
(46)

d# + d$
d =
2
(47)

Da expressão:
d : vão médio.
88

De acordo com Alva (2007, p. 13), alturas de seções múltiplas de 5


cm são as mais utilizadas, com um mínimo de 25 cm, sendo que o critério de
altura máxima está condicionado ao espaço disponível para a viga e aberturas
de portas. A seção transversal de uma viga pode ser verificada na Figura 21,
sendo “PD” o pé-direito do pavimento.

Figura 21 - Seção transversal de uma viga.

Fonte: ALVA, 2007, p. 14.

Ainda segundo Alva (2007, p. 14):


A largura da viga é, em geral, definida pelo projeto arquitetônico e
pelos materiais e técnicas utilizados pela construtora. Desta forma,
quando a viga estiver embutida em paredes de alvenaria, sua largura
deve levar em conta o tipo de tijolo, o revestimento utilizado e a
espessura final definida pelo arquiteto. Normalmente, os tijolos
cerâmicos e os blocos de concreto têm espessuras de 9 cm, 14 cm e
19 cm.
Como recomendação prática para definir a largura das vigas, pode-
se considerar uma espessura de 3 cm para o revestimento (em cada
face da parede) em paredes de 25 cm de espessura e 1,5 cm de
espessura de revestimento em paredes de 15 cm de espessura.

De acordo com a norma ABNT NBR 6118:2014, a largura mínima


para vigas é de 12 cm. Segundo Alva (2007, p. 15), essa largura está
89

condicionada ao bom alojamento das armaduras, devendo respeitar o


espaçamento mínimo livre entre as barras e o cobrimento mínimo em função
da agressividade ambiental prescritos pela norma ABNT NBR 6118:2014, como
pode ser verificado na Figura 22.

Figura 22 - Vigas embutidas nas paredes.

Fonte: ALVA, 2007, p. 15.

Nas vigas, as cargas uniformes se devem normalmente ao


carregamento do seu peso próprio, às reações das lajes nesses apoios e às
cargas de parede. Além disso, também devem ser consideradas cargas
concentradas quando há pilares apoiados nesses elementos, como em vigas
de transição ou de equilíbrio (DEICHMANN, 2016, p. 89).
Cargas de peso próprio: de acordo com Deichmann (2016, p. 90),
são obtidas ao se multiplicar a área transversal da viga pelo peso específico do
material utilizado, extraído da norma ABNT NBR 6120:1980.
s...– ¤JS = γ × A × ℎ (48)
90

Carregamento linear de peso próprio dos elementos de


vedação: é utilizado para o pré-dimensionamento de vigas e obtido
multiplicando a sua área pelo seu peso específico, igual a 13 kN/m³ para tijolos
furados e 26 kN/m³ para vidros planos, também extraídos da norma ABNT NBR
6120:1980 (Tabela 1, p. 2):
s.Jt = γ.Jt × A.Jt × ℎ.Jt (49)

s– = γ– × A– × ℎ– (50)

As reações da escada também devem ser consideradas no cálculo


de vigas que suportam esse elemento nos pavimentos do lance superior, do
patamar e do lance inferior (DEICHMANN, 2016, p. 90).
Os momentos fletores podem ser obtidos através do software
computacional Ftool. A partir desses valores, de acordo com Deichmann (2016,
p. 91), é iniciado o dimensionamento das armaduras de flexão, área de aço
necessária para resistir aos esforços de flexão na viga.
Primeiramente é estimada a altura útil da viga (d):
¥O
‹ = ℎ − - − ¥M −
2
(51)

Da expressão:
¥M : diâmetro da armadura transversal adotada,
¥O : diâmetro da armadura longitudinal adotada.

Deve-se calcular a resistência à tração de cálculo do aço e a


resistência à compressão de cálculo do concreto (KEMCZINSKI, 2015, p. 51):
Para em seguida, verificar a posição na linha neutra e a armadura,
respectivamente:

b‹
‰ = 1,25 × ‹ × ž1 − P1 − §
(52)

0,425 × × A— × ‹²

b‹
’=
× Š‹ − 0,4 × ‰Œ
(53)
r
91

É importante sobressaltar que o dimensionamento das vigas é


realizado nos domínios 2 e 3, limitando o valor de x/d igual a 0,45.
Realizado o dimensionamento, é necessário fazer verificações,
adotando uma armadura mínima necessária relacionada com a resistência do

• í©
concreto, segundo a norma ABNT NBR 6118:2014 (Tabela 17.3, p. 130):

S, í© = ×
100
(54)

Tabela 16 - Taxas mínimas de armadura de flexão para vigas.


Forma da Valores de ρ mín a (As, mín/Ac) %
seção 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90
Retangular 0,150 0,150 0,150 0,164 0,179 0,194 0,208 0,211 0,219 0,226 0,233 0,239 0,245 0,251 0,256
a
Os valores de ρmín estabelecidos nesta Tabela pressupõem o uso de aço CA-50, d/h = 0,8 e ϒc = 1,4 e ϒs = 1,15.
Caso esses fatores sejam diferentes, ρmín deve ser recalculado.

Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118. Projeto de


estruturas de concreto - Procedimento. Rio de Janeiro. 2014.

Deve ser calculado o espaçamento mínimo entre as barras e o


número máximo de barras por camada, de acordo com a norma ABNT NBR
6118:2014 (p. 147), respectivamente:
20 ‘‘
’ í© ≥ ª ∅€JttJ
1.2 × ‹J¤t

’ = A − 2- − 2∅*SMt €N − ∅€JttJ (55)

Outra verificação que deve ser atendida é a taxa de armadura


máxima utilizada. Assim, de acordo com a norma ABNT NBR 6118:2014 (p.
132), a soma das armaduras de tração e de compressão (As e As’) não pode
ter valor maior que 4% da área da seção bruta de concreto, calculada na região
fora da zona de emendas.
A armadura de cisalhamento também deve ser dimensionada, sendo
esta a armadura de resistência a esforços cortantes em vigas. Admite-se que a
viga resiste satisfatoriamente ao cisalhamento quando, de acordo com
Deichmann (2016, p. 92):
92

"S ≤ "” $ (56)

"S ≤ "” % (57)

Das expressões:
"” $ = 0,54 × –$ × × A— × ‹ × ’zV$ ˜ × Šcot + cot ˜Œ
"” % = " + "S—
–$ : coeficiente:

= D1 − $j™š F (fck em MPa)


l
–$

"” %: esforço cortante resistente de cálculo, relativo à ruína por


tração diagonal;
" : parcela de esforço cortante absorvida pelo concreto por
mecanismos complementares ao da treliça;
" = " # na flexão simples;
" # = " = 0,6 × M × A— × ‹ quando "S < " :
" # = 0 quando "S = " .

Com esses valores, deve-se determinar a parcela de esforço


cortante a ser resistida pela armadura transversal e em seguida, armadura de
cisalhamento (DEICHMANN, 2016, p. 92):
"S— = "S + " (58)

"S—
=
S—
’ 0,9 × ‹ × × Šcot + cot ˜Œ× ’zV
(59)
r—

Da expressão:
r— : tensão máxima no estribo;
: ângulo de inclinação dos estribos, que varia de 45 a 90 graus,
˜: inclinação das bielas de compressão, que varia de 30 a 45 graus.

Assim como a armadura de flexão, a armadura de cisalhamento


também deve ser verificada seguindo a norma ABNT NBR 6118:2014. Um dos
93

componentes a serem verificados é a armadura mínima de cisalhamento


(DEICHMANN, 2016, p. 93).

•S— = ≥ 0,2 ×
S— M
A— × ’ × ’zV
(60)
r—

A norma ABNT NBR 6118:2014 (p. 149) limita o diâmetro da barra


escolhida para estribo na viga, não devendo ser inferior a 5 mm ou superior a
um décimo da largura da viga.
Além disso, espaçamentos mínimos e máximos devem ser
observados, sendo o suficiente para permitir a passagem do vibrador
(DEICHMANN, 2016, p. 93):

’ áe = 0,6 × ‹ ≤ 30 -‘ quando "S ≤ 0,67 × "” $

’ áe = 0,3 × ‹ ≤ 20 -‘ quando "S > 0,67 × "” $

A viga deve ser verificada quanto ao Estado Limite de Serviço, em


relação ao estádio de deformação. Devem ser analisados os valores finais das
flechas, tendo em vista os seguintes limites, segundo Deichmann (2016, p. 94):
a) Aceitabilidade visual:

ke (61)
O =
250

b) Abertura de fissuras

O valor de deslocamento por meio da combinação frequente deve


ser comparado ao menor dos seguintes valores:
¥ ¯SM 3 × ¯SM (62)
-# = × × „ …
12,5 × ®# RSM M

¥ ¯SM 4 (63)
-$ = × × „ + 45…
12,5 × ®# RSM •t

O valor limite recomendado pela norma ABNT NBR 6118:2014 deve


ser verificado a partir da Tabela 17, em função da classe de agressividade
ambiental definida:
94

Tabela 17 - Exigências de durabilidade relacionadas à fissuração e à proteção


da armadura, em função das classes de agressividade ambiental.
Tipo de Classe de Exigências Combinação de ações
concreto agressividade relativas à em serviço a utilizar
estrutural ambiental (CAA) fissuração

Concreto CAA I a CAA IV Não há -


simples
CAA I ELS-W wk ≤ 0,4
mm
Concreto CAA II e CAA III ELS-W wk ≤ 0,3 Combinação frequente
armado mm
CAA IV ELS-W wk ≤ 0,2
mm
Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118. Projeto de
estruturas de concreto - Procedimento. Rio de Janeiro. 2014 – Adaptação dos Autores.

A norma ABNT NBR 6118:2014 (p. 37) define o comprimento de


ancoragem básico como o comprimento reto de uma barra de armadura
passiva necessário para ancorar a força-limite S r nessa barra. É dado pela
expressão abaixo:
ɸM × r
k€ =
4 × €
(64)

Da expressão:
k€ : comprimento básico de ancoragem;
€ : resistência de aderência de cálculo entre a armadura e o
concreto:
€ = ®# × ®$ × ®% × M

=
M , ©l
M
u
®# = 1 para barras lisas;
®# = 1,4 para barras entalhadas;
®# = 2,25 para barras de alta aderência;
®$ = 1 quando há boa aderência da armadura pelo concreto;
®$ = 0,7 quando há má aderência da armadura pelo concreto;
95

®% = 1 para barras de diâmetro menor ou igual a 32 mm,

®% =
#,%$±ɸ_
#
para barras de diâmetro maior que 32 mm.

Para a verificação do comprimento necessário de ancoragem é


seguido a seguinte fórmula, ainda de acordo com a ABNT NBR 6118:2014 (p.
37):

k€,©* = × k€ × ≥ k€.
S, JO (65)
í©
S,*l

k€,©* : comprimento necessário de ancoragem;


: coeficiente:
= 1 para barras sem gancho;
= 0,7 para barras tracionadas com gancho, com cobrimento no
plano normal ao do gancho maior ou igual a 3θ;
= 0,7 quando houver barras transversais soldadas, conforme o
item 9.4.2.5 da norma ABNT NBR 6118:2014 (p. 38);
= 0,5 quando houver barras transversais soldadas conforme o
item 9.4.2.5 da norma ABNT NBR 6118:2014 (p. 38) e com cobrimento no plano
normal ao gancho maior ou igual a 3θ;
S, JO : área de aço calculada;

S,*l : área de aço efetiva;


k€. í© : comprimento mínimo de ancoragem:
0,3 × k€
k€. í© ≥ {10 × ɸM
10 -‘

2.10.3 Pilares

Em pilares, o peso próprio segue a expressão 65, de acordo com


Deichmann (2016, p. 151):
96

v. = γ × ×L (66)

Da expressão:
γ : peso específico do material utilizado (nesses casos será o

concreto);
: área do pilar,
L: pé direito do pilar.

Este peso calculado é para apenas um lance do pilar, sendo


necessário multiplicar pelo número de pavimentos em que esse elemento se
localiza (KEMCZINSKI, 2015, p. 85).
As reações das vigas apoiadas no pilar sendo verificado também
devem ser consideradas no pré-dimensionamento.
Deve ser calculado um comprimento efetivo em ambas as direções,
calculado do seguinte modo a partir da ABNT NBR 6118:2014 (p. 105) e
conforme as distâncias representadas na Figura 23:
k +ℎ
k* ≤ U
k
(67)

Figura 23 – Distâncias k e k.

Fonte: PINHEIRO E SCADELAI, 2007, p. 16.3.

Da expressão:
97

k : distância entre as faces internas dos elementos estruturais,


supostos horizontais, que vinculam o pilar;
ℎ: altura da seção transversal do pilar, medida no plano da estrutura
em estudo,
k: distância entre os eixos dos elementos estruturais aos quais o pilar
está vinculado.

Para em seguida, calcular o índice de esbeltez em ambas as


direções (KEMCZINSKI, 2015, p. 86):
k*
q = 3,46 ×

(68)

Sendo que ℎ é a espessura, o índice de esbeltez deve ser menor


do que 35 para que os efeitos de segunda ordem sejam desconsiderados. Caso
esteja entre 35 e 90, deve seguir a fórmula:
25 + 12,5 × •n
*

q# =
(69)

Da expressão, para pilares biapoiados sem cargas transversais:



= 0,60 + 0,40 × ≥ 0,40, sendo 1,0 ≥

b³ € ≥ 0,40

Onde b³ e b² , de acordo com a norma ABNT NBR 6118:2014 (p.


108), são os momentos de 1ª ordem nos extremos do pilar, obtidos na análise
de 1ª ordem no caso de estruturas de nós fixos e os momentos totais (1ª ordem
+ 2ª ordem global) para estruturas de nós móveis.
Para pilares biapoiados com cargas transversais significativas ao
longo da altura, € = 1,0.
Para pilares em balanço, sendo 1,0 ≥ € ≥ 0,85:

€ = 0,80 + 0,20 × ≥ 0,85

Onde b³ é o momento de 1ª ordem no engaste e bµ ´w o momento
de 1ª ordem no meio do pilar em balanço.
Para pilares biapoiados ou em balanço com momentos menores que
o mínimo, € = 1,0.
98

Segundo Deichmann (2016, p. 147), com o valor do índice de


esbeltez obtido, o pilar pode ser classificado em:
Pilar curto: q ≤ q#
Pilar médio:q# < q ≤ 90
Pilar mediamente esbelto: 90 < q ≤ 140
Pilar esbelto: 140 < q ≤ 200
A excentricidade de primeira ordem pode ocorrer quando o ponto de
aplicação da força normal não está localizado no centro de gravidade da seção
transversal do pilar (DEICHMANN, 2016, p. 147).
b
z# =
Q
(70)

Da expressão:
b : momento fletor de cálculo na extremidade
Q : esforço normal de cálculo
Já na seção intermediária do pilar é calculada por meio da expressão
70:
0,6×z#,³ + 0,4×z#,²
z#, ≥ •
0,4×z#,³
(71)

Da expressão:
b#
z#,³ =

Q
b#
z#,² =

Q
Segundo Deichmann (2016, p. 148), o sinal de z#,² é positivo se
b# ,³ e b# ,² tracionarem a mesma face do pilar e negativo se tracionarem
faces opostas.
Segundo a norma ABNT NBR 6118:2014 (p. 60), o efeito das
imperfeições locais nos pilares e pilares-parede pode ser substituído, em
estruturas reticuladas, pela consideração do momento mínimo de 1ª ordem
dado a seguir:
b# , í© = Q Š0,015 + 0,03ℎŒ (72)
99

Da expressão:
b# , í© : momento mínimo de cálculo
ℎ: é a altura total da seção transversal na direção considerada
Para o dimensionamento da armadura longitudinal, são utilizados
ábacos de interação, elaborados por Pinheiro em 2014 (DEICHMANN, 2016, p.
149).
b
¶=
×ℎ×
(73)

·× ×
=
(74)
S
r

·: coeficiente

Armadura longitudinal mínima segundo Deichmann (2016, p. 150):


Q
= 0,15 × ≥ 0,004 ×
(75)
S, ©
r

As barras longitudinais não devem possuir diâmetro menor que


10mm.
Armadura longitudinal máxima na região de transpasse:
S, áe = 8% × (76)

Sobre o espaçamento da armadura longitudinal segundo Deichmann


(2016, p. 150):
Espaçamento mínimo:
20‘‘
’≥ª фO
1,2׋ áe,J¤t

Espaçamento máximo:
2×A
’≤U
40-‘
100

Para o dimensionamento da armadura transversal, devem ser


dispostos estribos ao longo de toda a altura do pilar, de modo a limitar o efeito
de flambagem da armadura longitudinal (DEICHMANN, 2016, p. 150).
Diâmetro mínimo:
5 ‘‘
фM ≥ { фO
4

Espaçamento máximo:
20‘‘
’≤{ A
24 × фO )cCc I 60 ¸¹ 12 × фO )cCc I 50

Segundo Deichmann (2016, p. 151), estribos suplementares são


posicionados a uma distância máxima de 20Φ dos cantos e, portanto, são
utilizados sempre que houver possibilidade de flambagem das barras da
armadura.
101

3 ESTUDO DE CASO

3.1 EDIFICAÇÃO

A edificação tem um padrão de construção médio, possuindo dois


pavimentos garagem (subsolo), pilotis, onze pavimentos tipo e cobertura, sendo
que cada pavimento tipo possui quatro apartamentos.
Na Tabela 18 abaixo tem-se o quadro de áreas da edificação, e em
seguida tem-se a Figura 24 demonstrando a maquete eletrônica do edifício.

Tabela 18 – Quadro de áreas da edificação.


Área coberta Área
Nível Total (m²)
(m²) Descoberta (m²)
Tipo 2 ao 11 3527,90 3527,9
Tipo 12 337,74 337,74
Pilotis 340,16 360,07 700,23
Subsolo 1 747,58 747,58
Subsolo 2 691,76 22,36 714,12
Casa de máquinas e Barrilete 36,26 36,26
Caixa d`água 18,68 18,68
Central de gás 5,12 5,12
Recreação 21,30 78,74 100,04
6187,67
Fonte: Projeto arquitetônico do edifício.
102

Figura 24 - Maquete eletrônica do edifício.

Fonte: Projeto arquitetônico do edifício.

3.2 PROJETO ESTRUTURAL

Para a elaboração do projeto estrutural houve uma divisão da


edificação em 18 lances, como pode ser visto na listagem abaixo. Porém,
parâmetros diferentes de classe de agressividade ambiental e velocidade de
vento foram considerados para a obtenção de comparativos.
103

a) topo do reservatório;
b) fundo do reservatório;
c) casa de máquinas;
d) cobertura;
e) tipo 11;
f) tipo 10;
g) tipo 9;
h) tipo 8;
i) tipo 7;
j) tipo 6;
k) tipo 5;
l) tipo 4;
m) tipo 3;
n) tipo 2;
o) tipo 1;
p) pilotis,
q) subsolo 1 e
r) subsolo 2.

O edifício em questão é localizado em Barreiros, São José. A Figura


25 mostra o lançamento dos pavimentos no AltoQi Eberick V10 e as Figuras 26
e 27 demonstram a visão em 3D extraída do software, com o lançamento da
estrutura realizado.
104

Figura 25 - Lançamento dos pavimentos.

Fonte: dos Autores.


105

Figura 26 – Visão frontal da estrutura em 3D.

Fonte: dos Autores.

Figura 27 – Visão 3D da estrutura.

Fonte: dos Autores.


106

A edificação possui um total de 43 pilares (nomeados P1 a P43) e


32 pilares de parede (nomeados PP1 a PP32). Em relação a cada pavimento,
tem-se as seguintes vigas e lajes:
a) Subsolo 2: 73 vigas e 32 contenções;
b) Subsolo 1: 62 vigas, 36 contenções e 39 lajes;
c) Pilotis: 60 vigas, 36 contenções e 41 lajes;
d) Tipo 1: 71 vigas e 49 lajes;
e) Tipo 2 ao tipo 7: 53 vigas e 39 lajes;
f) Tipo 8 ao tipo 10: 54 vigas e 39 lajes;
g) Tipo 11: 54 vigas e 38 lajes;
h) Cobertura: 60 vigas e 38 lajes;
i) Casa de máquinas: 3 vigas e 1 laje;
j) Fundo da caixa d`água: 8 vigas e 3 lajes;
k) Cobertura da caixa d`água: 9 contenções e 2 lajes.

Serão apresentados quatro casos comparativos com configurações


diferentes em cada localidade. Sabe-se que o cobrimento e a bitola da ferragem
vão sofrer alteração para um melhor dimensionamento, sendo que foram
levados em consideração os parâmetros exigidos na NBR 6118:2014 e que as
seções de concreto não foram alteradas.
Com base na tabela de preços de insumos de cada região para
outubro de 2017 do SINAPI, fornecida pela Caixa Econômica Federal, foi feito
um quantitativo dos preços dos materiais para toda a edificação.

3.2.1 Caso 1

Neste caso será apresentada uma estrutura suportando uma


velocidade de vento de 50 m/s, localizada em Rio Grande/RS. Por estar
localizado próximo ao mar é considerada com classe de agressividade
ambiental III (marítima).
107

Figura 28 – Materiais e durabilidade do Caso 1.

Fonte: dos Autores.

Figura 29 – Parâmetros para o cálculo da velocidade do vento para o Caso 1.

Fonte: dos Autores.


108

Para este caso, o resultado da análise de primeira ordem (ϒz) foi


como escrito abaixo, classificando a estrutura como sendo de nós móveis, o
que torna os efeitos globais de 2° ordem relevantes.
Direção X = 1,09 (limite 1,10);
Direção Y = 1,11 (limite 1,10).
O processo P-Delta foi requerido e através de repetidas iterações,
a variação de deslocamento do topo da edificação ficou menor do que 30,0%
- valor máximo estipulado para evitar excessiva instabilidade na estrutura,
descartando a utilização de contraventamento.
Nas Tabelas 19 e 20 pode-se analisar o resumo dos materiais e o
custo do aço para o estado do Rio Grande do Sul.

Tabela 19 – Resumo dos materiais do Caso 1.


Vigas Pilares Lajes Escadas Reservatórios Total
CA50 35.525,10 24.814,40 39.767,90 1.243,40 21.310,70 122.661,50
Peso total +
CA60 5.868,90 6.746,10 5.891,50 28,60 60,40 18.595,50
10% (kg)
Total 41.394,00 31.560,50 45.659,40 1.272,00 21.371,10 141.257,00
Volume de
C-30 423,30 276,20 600,60 21,40 285,80 1.607,30
concreto (m³)
Consumo de aço (kgf/m³) 97,80 114,30 76,00 59,40 74,80 87,88
Fonte: dos Autores.

Tabela 20 – Custo total por diâmetro de aço.


Peso + 10% (kg) Preço
Diâmetro
Aço ind. Total (R$)
(mm) Vigas Pilares Lajes Escadas Reserv. Total (R$/kg)
CA50 6,3 4.679,00 356,60 15.863,00 843,90 107,70 21.850,20 3,61 78.879,22
CA50 8,0 6.650,10 779,30 5.495,50 223,20 305,30 13.453,40 4,05 54.486,27
CA50 10,0 4.710,60 10.470,50 6.147,50 152,10 5.767,50 27.248,20 3,45 94.006,29
CA50 12,5 7.657,60 2.026,70 10.281,20 24,30 9.180,60 29.170,40 3,28 95.678,91
CA50 16,0 6.236,40 5.186,20 1.980,70 4.376,20 17.779,50 3,28 58.316,76
CA50 20,0 5.591,40 5.995,20 1.573,50 13.160,10 3,06 40.269,91
CA60 5,0 5.868,90 6.746,10 5.891,50 28,60 60,40 18.595,50 3,42 63.596,61
TOTAL (R$) 485.233,97
Fonte: dos Autores.
109

3.2.2 Caso 2

Será apresentada uma estrutura suportando uma velocidade de


vento de 30 m/s, localizada em Salvador/BA. Por também estar localizada
próximo ao mar é considerada com classe de agressividade ambiental III
(marítima), como apresentado nas Figuras 30 e 31:

Figura 30 – Materiais e durabilidade do Caso 2.

Fonte: dos Autores.


110

Figura 31 - Parâmetros para o cálculo da velocidade do vento para o Caso 2.

Fonte: dos Autores.

O resultado da análise de primeira ordem (ϒz) está abaixo, também


classificando a estrutura como sendo de nós móveis.
Direção X = 1,10 (limite 1,10);
Direção Y = 1,13 (limite 1,10).
A variação de deslocamento do topo da edificação também ficou
inferior a 30,0% a partir do processo P-Delta.
Nas Tabelas 21 e 22 pode-se analisar o resumo dos materiais e o
custo do aço para o estado da Bahia.

Tabela 21 - Resumo dos materiais do Caso 2.


Vigas Pilares Lajes Escadas Reservatórios Total
CA50 25.607,30 15.553,10 39.628,30 1.226,00 19.142,30 101.157,00
Peso total +
CA60 5.620,00 6.800,70 5.877,80 30,00 23,60 18.352,10
10% (kg)
Total 31.227,30 22.353,80 45.506,10 1.256,00 19.165,90 119.509,10
Volume de
C-30 423,50 275,30 602,30 21,40 285,00 1.607,50
concreto (m³)
Consumo de aço
73,70 81,20 75,50 58,70 67,30 74,34
(kgf/m³)
Fonte: dos Autores.
111

Tabela 22 - Custo total por diâmetro de aço.


Peso + 10% (kg) Preço
Diâmetro
Aço ind. Total (R$)
(mm) Vigas Pilares Lajes Escadas Reserv. Total (R$/kg)
CA50 6,3 3.989,90 40,10 15.792,70 828,30 116,80 20.767,80 3,76 78.086,93
CA50 8,0 7.640,10 86,60 5.649,70 221,40 434,40 14.032,20 4,22 59.215,88
CA50 10,0 4.025,90 10.093,40 6.080,70 152,10 5.836,60 26.188,70 3,59 94.017,43
CA50 12,5 5.812,60 1.955,60 10.238,00 24,30 9.686,20 27.716,70 3,42 94.791,11
CA50 16,0 3.160,20 1.780,40 1.867,30 - 2.772,60 9.580,50 3,42 32.765,31
CA50 20,0 978,50 1.597,10 - - 295,70 2.871,30 3,19 9.159,45
CA60 5,0 5.620,00 6.800,70 5.877,80 30,00 23,60 18.352,10 3,56 65.333,48
TOTAL (R$) 433.369,59
Fonte: dos Autores.

3.2.3 Caso 3

Neste caso será apresentada uma estrutura suportando uma


velocidade de vento de 30 m/s, localizada em Mata Azul/GO e, portanto, com
classe de agressividade ambiental I (rural).
As autoras decidiram pela resistência característica do concreto de
20 MPa para manter o mínimo da classe de agressividade exigido pela norma
ABNT NBR 6118:2014, percebendo um comparativo posterior com maior
diferença nos resultados.
Pode-se visualizar os parâmetros escolhidos nas Figuras 32 e 33.
112

Figura 32 – Materiais e durabilidade do Caso 3.

Fonte: dos Autores.

Figura 33 - Parâmetros para o cálculo da velocidade do vento para o Caso 3.

Fonte: dos Autores.


113

O resultado da análise de primeira ordem (ϒz) está abaixo, também


classificando a estrutura como sendo de nós móveis.
Direção X = 1,12 (limite 1,10);
Direção Y = 1,16 (limite 1,10).
O processo P-Delta foi analisado novamente, e a variação de
deslocamento do topo da edificação também ficou inferior a 30,0%.
Nas Tabelas 23 e 24 é visto o resumo dos materiais e o custo para
Goiás.

Tabela 23 - Resumo dos materiais do Caso 3.


Vigas Pilares Lajes Escadas Reservatórios Total
CA50 26.845,60 25.267,70 39.564,00 1.473,70 21.005,20 114.156,20
Peso total +
CA60 5.812,70 7.002,20 5.775,60 33,20 28,50 18.652,20
10% (kg)
Total 32.658,30 32.269,90 45.339,60 1.506,90 21.033,70 132.808,40
Volume de C-20 424,20 276,00 602,20 21,40 284,50 1.608,30
concreto (m³)
Consumo de aço
77,00 116,90 75,30 70,40 73,90 82,58
(kgf/m³)
Fonte: dos Autores.

Tabela 24 - Custo total por diâmetro de aço.


Diâmetro Peso + 10% (kg) Preço ind.
Aço Total (R$)
(mm) Vigas Pilares Lajes Escadas Reserv. Total (R$/kg)
CA50 6,3 3.714,00 481,30 7.808,70 309,50 139,20 12.452,70 3,97 49.437,22
CA50 8,0 8.410,70 33,90 12.868,50 293,90 377,80 21.984,80 4,46 98.052,21
CA50 10,0 3.935,30 9.363,80 7.981,10 860,70 6.207,90 28.348,80 3,79 107.441,95
CA50 12,5 6.214,30 2.441,20 10.094,20 9,50 10.731,60 29.490,80 3,61 106.461,79
CA50 16,0 3.506,70 3.795,80 811,60 - 3.108,20 11.222,30 3,61 40.512,50
CA50 20,0 1.064,60 9.151,70 - - 440,60 10.656,90 3,37 35.913,75
CA60 5,0 5.812,70 7.002,20 5.775,60 33,20 28,50 18.652,20 3,76 70.132,27
TOTAL (R$) 507.951,70
Fonte: dos Autores.
114

3.2.4 Caso 4

Definidos os casos anteriores, surgiu a necessidade de definir um


comparativo mais real com o uso de uma resistência característica do concreto
igual aos Casos 1 e 2, ou seja, de 30 MPa.
Foi decidido criar um quarto caso e compará-lo com o Caso 3, em
que foi mantida a classe de agressividade ambiental I e parâmetros do vento,
como mostrado nas Figuras 32 e 33. Sobre os resultados da análise de primeira
ordem (ϒz) para os esforços de vento:
Direção X = 1,10 (limite 1,10);
Direção Y = 1,13 (limite 1,10).
Os resultados obtidos pela análise do software Eberick V10 podem
ser visualizados nas Tabelas 25 e 26:

Tabela 25 – Resumo dos materiais do Caso 4.


Vigas Pilares Lajes Escadas Reservatórios Total
CA50 23.938,70 15.082,20 36.259,20 1.294,40 18.123,60 94.698,10
Peso total +
CA60 6.075,70 7.397,80 5.468,10 29,20 24,90 18.995,70
10% (kg)
Total 30.014,40 22.480,00 41.727,30 1.323,60 18.148,50 113.693,80
Volume de
concreto C-30 424,00 274,40 602,20 21,40 285,00 1.607,00
(m³)
Consumo de aço
70,80 81,90 69,30 61,90 63,70 70,75
(kgf/m³)
Fonte: dos Autores.

Tabela 26 - Custo total por diâmetro de aço.


Diâmetro Peso + 10% (kg) Preço ind.
Aço Total (R$)
(mm) Vigas Pilares Lajes Escadas Reserv. Total (R$/kg)
CA50 6,3 3.407,20 24,00 7.881,80 304,10 156,80 11.773,90 3,97 46.742,38
CA50 8,0 7.990,60 103,40 13.321,40 374,90 498,60 22.288,90 4,46 99.408,49
CA50 10,0 4.117,80 10.256,30 15.056,00 615,40 17.446,90 47.492,40 3,79 179.996,20
CA50 12,5 8.423,10 4.698,50 - - 21,20 13.142,80 3,61 47.445,51
CA50 16,0 - - - - - 0,00 3,61 0,00
CA50 20,0 - - - - - 0,00 3,37 0,00
CA60 5,0 6.075,70 7.397,80 5.468,10 29,20 24,90 18.995,70 3,76 71.423,83
TOTAL (R$) 445.016,41
Fonte: dos Autores.
115

4 RESULTADOS

4.1 COMPARATIVO 1

Para a elaboração do primeiro comparativo será efetuada a


comparação com uma variação na velocidade do vento da região e mantendo
a classe de agressividade ambiental igual. Ou seja, será uma comparação entre
o Caso 1 e 2, como pode ser visto na Tabela 27 e Gráficos 1 e 2.

Tabela 27 – Localidades escolhidas para o Comparativo 1.


Localidade adotada Classe de Agressividade Velocidade do Vento da
Ambiental (CAA) Região
Rio Grande/RS III (marítima) 50 m/s
Salvador/BA III (marítima) 30 m/s
Fonte: dos Autores.

Gráfico 1 - Comparativo do consumo de aço (kgf/m³) entre o Caso 1 e 2.

87,88

74,34

Caso 1
Caso 2

Fonte: dos Autores.


116

Com uma diferença de 15,% de consumo efetivo do aço e de


11,0% em custo, é verificado que essa diferença não foi proporcional,
mostrando um leve aumento do preço do aço na Bahia – região com o esforço
do vento menor.
Com essa alteração no preço individual das bitolas utilizadas
também é analisado o custo total de aço, como é visualizado no Gráfico 2.

Gráfico 2 – Comparativo do custo total de aço utilizado nos Casos 1 e 2.

R$ 485.233,97
R$ 433.369,59

Caso 1
Caso 2

Fonte: dos Autores.

4.2 COMPARATIVO 2

O segundo comparativo tem uma mudança na classe de


agressividade ambiental e mantém uma velocidade de vento de 30 m/s, como
pode ser visto na Tabela 28 e Gráficos 3 e 4. Será uma comparação entre os
Casos 2 e 3.
117

Tabela 28 - Localidades escolhidas para o Comparativo 2.


Localidade adotada Classe de Agressividade Velocidade do Vento da
Ambiental (CAA) Região
Salvador/BA III (marítima) 30 m/s
Mata Azul/GO I (rural) 30 m/s
Fonte: dos Autores.

Gráfico 3 – Comparativo do consumo de aço utilizado (kgf/m³) nos Casos 2 e


3.

82,58

74,34

Caso 2
Caso 3

Fonte: dos Autores.


118

Gráfico 4 – Comparativo do custo total de aço utilizado nos Casos 2 e 3.

R$ 507.951,70

R$ 433.369,59

Caso 2
Caso 3

Fonte: dos Autores.

No Gráfico 4 é possível verificar como o Caso 3 se tornou 14,70%


mais caro no custo do aço, mesmo com a classe de agressividade ambiental
baixa.
Esse impacto se deve a dois pontos: a alteração de região (Bahia e
Goiás), modificando os preços individuais de bitola – e consequentemente o
Caso 3 se tornando mais caro; e a escolha de uma resistência característica do
concreto de 30 MPa para o Caso 2 e de 20 MPa para o Caso 3, tendo a
necessidade de elevar o consumo de aço na estrutura da edificação.

4.3 COMPARATIVO 3

O terceiro comparativo será entre o Caso 1 e 3 (como pode ser visto


na Tabela 29), sendo efetuada a comparação entre o caso mais crítico, que
seria uma maior velocidade de vento e em uma região marítima, e o menos
crítico, com vento de 30 m/s, em uma localidade rural e com resistência
característica do concreto de 20 MPa. Os resultados podem ser visualizados
nos Gráficos 5 e 6.
119

Tabela 29 - Localidades escolhidas para o Comparativo 3.


Localidade adotada Classe de Agressividade Velocidade do Vento da
Ambiental (CAA) Região
Rio Grande/RS III (marítima) 50 m/s
Mata Azul/GO I (rural) 30 m/s
Fonte: dos Autores.

Gráfico 5 – Comparativo do consumo de aço (kgf/m³) utilizado nos Casos 1 e


3.

87,88
82,58

Caso 1
Caso 3

Fonte: dos Autores.

No Gráfico 5 o consumo de aço se aproxima devido a escolha de


uma menor resistência característica de concreto (considerada a mínima para
a classe de agressividade ambiental I).
Porém na questão de custos, os resultados se invertem, levando
em consideração o maior preço individual na região de Mata Azul quando
comparado com Rio Grande. Essa diferença de apenas 4,50% tornou o Caso
3 mais caro do que o Caso 1, mostrando como as diferentes localidades
influenciam no orçamento da obra.
120

Gráfico 6 – Comparativo do custo total de aço utilizado nos Casos 1 e 3.

R$ 507.951,70

R$ 485.233,97

Caso 1
Caso 3

Fonte: dos Autores.

4.4 COMPARATIVO 4

Sendo entre os Casos 3 e 4, este comparativo mostrará a diferença


que a resistência característica do concreto faz com a utilização dos mesmos
parâmetros de classe de agressividade ambiental e esforços de vento, como
pode ser visualizado na Tabela 30 e Gráficos 7 e 8.

Tabela 30 - Localidades e parâmetros escolhidos para o Comparativo 4.


Classe de Velocidade do Resistência
Localidade adotada Agressividade Vento da Região característica
Ambiental (CAA) do concreto
Mata Azul/GO I (rural) 30 m/s 20 Mpa
Mata Azul/GO I (rural) 30 m/s 30 Mpa
Fonte: dos Autores.
121

Gráfico 7 – Comparativo do consumo de aço (kgf/m³) entre os Casos 3 e 4.

82,58

70,75

Caso 3
Caso 4

Fonte: dos Autores.

Como o custo da região é o mesmo, assim como os outros


parâmetros, a única diferença entre os Casos é a utilização de uma resistência
característica do concreto menor no Caso 3.
Com essa alteração é notada uma diferença de cerca de 14,32% no
consumo de aço e de 12,39% no custo do material no Caso 3, como pode ser
visto nos Gráficos 7 e 8, respectivamente.
Assim, pode-se conferir a diferença que essa alteração faz no
processo de análise estrutural, gerando a necessidade de mais aço para evitar
erros e conferir estabilidade e resistência similares aos Casos anteriores.
122

Gráfico 8 – Comparativo do custo total de aço utilizado nos Casos 3 e 4.

R$ 507.951,70
R$ 445.016,41

Caso 3
Caso 4

Fonte: dos Autores.

4.5 COMPARATIVO GERAL

Para uma visualização ampla dos resultados da análise entre todos


os Casos citados acima, tem-se o Gráfico 9 com o consumo de aço e em
seguida, no Gráfico 10, os custos de cada situação apresentada.
123

Gráfico 9 – Comparativo do consumo de aço (kgf/m³) entre todos os Casos.

87,88
82,58
74,34
70,75

Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4

Fonte: dos Autores.

Gráfico 10 – Comparativo do custo do aço na estrutura inteira entre todos os


Casos.

R$ 507.951,70
R$ 485.233,97

R$ 433.369,59 R$ 445.016,41

Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4

Fonte: dos Autores.

Na questão de preço de aço, o Caso 3 foi o mais caro, tendo uma


diferença de 4,50% em comparação com o Caso 1 e de 14,70 com o Caso 2.
124

A diferença que a resistência característica do concreto proporcionou é notável


e demonstra que é um fator a ser considerado por ter elevado o consumo de
aço, além dos preços da própria região adotada e o peso total do aço
consumido.
Pode-se notar a influência da região na questão dos preços dos
insumos, como por exemplo o Caso 4, que consome menos aço e se tornou o
segundo mais caro devido ao preço individual da bitola na região de Goiás.
Também é verificada a sua resistência à ambientes agressivos e esforços
horizontais, o que o torna o menos crítico entre todos.
O Caso 2 se mostra com bons resultados para sua construção na
região escolhida. O consumo de aço está entre os menores e o custo do mesmo
é o mais barato. Este Caso mostra uma similaridade com o Caso 4 na questão
de volume de concreto, peso total de aço e, consequentemente, no consumo
do mesmo.
Para um parâmetro geral de concreto e aço, foi feito um comparativo
geral desses materiais a partir do consumo de concreto e seu preço por metro
cúbico, como listado na Tabela 31.

Tabela 31 – Custo do concreto para cada Caso.


Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4
Volume (m³) 1607,30 1607,5 1608,3 1607,00
Concreto usinado
bombeável, classe de
resistência C30, com brita
0 e 1, slump = 100 +/- 20 333,92 323,15 - 328,54
mm, inclui servico de
bombeamento (NBR
8953)
Concreto usinado
bombeável, classe de
resistência C20, com brita
0 e 1, slump = 100 +/- 20 - - 305,00 -
mm, inclui servico de
bombeamento (NBR
8953)
Preço (R$) 536.709,62 519.463,63 490.531,50 527.963,78
Fonte: dos Autores.
125

O custo do concreto quando somado ao aço se encontra na Tabela


32 e Gráfico 11.
Tabela 32 – Custo do concreto mais aço.

Material Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4

Aço R$ 485.233,97 R$ 433.369,59 R$ 507.951,70 R$ 445.016,41

Concreto R$ 536.709,62 R$ 519.463,63 R$ 490.531,50 R$ 527.963,78

Total R$ 1.021.943,59 R$ 952.833,22 R$ 998.483,20 R$ 972.980,19

Fonte: dos Autores.

Gráfico 11 – Comparativo do custo do concreto mais aço para a estrutura.

R$1.021.943,59 R$998.483,20
R$952.833,22 R$972.980,19

Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4

Fonte: dos Autores.

A partir da visualização do Gráfico 11 pode-se verificar que o


concreto também deve ser levado em consideração no orçamento. Isso se deve
pelo conjunto do custo da estrutura, que pode se tornar equilibrado.
126

Um exemplo disso é o Caso 3, em que era observado um maior custo


de aço, mas que teve o seu valor equilibrado a partir do momento em que o
concreto foi considerado.
No Caso 1, tem-se que na análise inicial o seu custo foi proporcional
aos parâmetros da região, mas com a inclusão do concreto - sendo nesta região
um material mais caro entre os estados observados -, é visto que na análise
final o custo da obra se tornou o mais elevado entre os Casos.
127

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conhecendo a necessidade atual das construtoras e construtores de


obter uma obra de qualidade pelo menor preço, os comparativos foram feitos
para verificar o consumo de aço a partir da modificação dos valores de
agressividade que a edificação suporta, assim como os esforços de vento sobre
a mesma, fatores que influenciam no risco de deterioração da estrutura e na
sua estabilidade global.
Foram utilizadas duas classes de agressividade ambiental nos
casos: uma mais comum em regiões marítimas e outra menos vulnerável aos
agentes externos que afetam a estrutura. Foi visto no andamento deste trabalho
que esse parâmetro é influenciado pela norma ABNT NBR 6118:2014 a ser
mais rigoroso a partir do aumento da intensidade da classe, consequentemente
aumentando valores de cobrimento, classe de concreto e relação
água/cimento.
Também foram utilizadas duas velocidades de vento no decorrer do
estudo de caso para comparar o esforço mais crítico com o mais comum no
país. Tal fator influencia diretamente no deslocamento horizontal da estrutura,
na sua estabilidade e rigidez.
Tendo em vista a construção de dezoito pavimentos, o
desenvolvimento da estrutura e a sua subdivisão em quatro casos ocorreu no
software AltoQI Eberick V10 e na finalização de cada arquivo foi gerado o
resumo de materiais. Deste partiram-se os itens das tabelas apresentadas, em
que foi orçado o custo de cada bitola de aço para o edifício completo.
Os casos que mais se destacaram de modo positivo e negativo na
análise do aço, priorizando o custo benefício foram os Casos 1 e 3,
respectivamente.
O primeiro se deve pela proporção entre a sua classificação para
ambientes agressivos e esforços maiores de vento em comparação com os
demais casos apresentados, além do custo mais baixo de aço na região do Rio
Grande.
128

O segundo destaque foi julgado como o mais crítico por ficar mais
evidente o custo elevado devido ao preço mais caro desse material na região
analisada, o que prejudicou o orçamento da obra, depois do aumento do
consumo de aço.
Sugestões para futuros trabalhos: Análise dos elementos de
fundação; Análise mais minuciosa de esforços do vento; Orçamento mais
detalhado.
129

REFERÊNCIAS

ALTOQI. Sobre o AltoQi Eberick V10. Disponível em:


<http://www.altoqi.com.br/software/projeto-estrutural/eberick-v10>. Acesso em
13 jun. 2017.

ALVA, Gerson Moacyr Sisniegas. Concepção Estrutural de Edifícios em


Concreto Armado. Santa Maria, 2007. 24 f. Apostila da disciplina de
Estruturas e Concreto do departamento de Estruturas e Construção Civil da
Universidade Federal de Santa Maria.

ANDRADE, Paulo Henrique de. Evolução do Concreto Armado. 2006. 56 f.


Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil)-
Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, 2006.

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