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Escola Superior de Desenvolvimento Rural

Departamento de produção Agraria

Disciplina: Tecnologia Alimentar II

Capitulo I : Evaporação

01/08/2023 Capitulo 1 - EVAPORÇÃO 1


Introdução a evaporação
• Pode-se definir evaporação como a operação de
concentração de uma solução por evaporação do
solvente (geralmente, água).
objectivos
• Concentração de líquidos antes de aplicação de outras
operações (desidratação, congelamento e esterilização)
• Redução de peso e de volume dos alimentos para
facilitar e minimizar os custos de transporte,
armazenamento e distribuição;
• Facilitar o uso e diversificar a oferta de produtos

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CARACTERÍSTICAS DE EVAPORAÇÃO

• a solução encontra-se em sua temperatura


normal de ebulição. A evaporação de
soluções salinas constitui uma importante
excepção a essa regra.
• O objectivo da evaporação é concentrar uma
solução composta por um soluto não volátil e
um solvente volátil (geralmente agua). Em
geral, o vapor não e o produto desejado. A
principal excepção e a obtenção de agua
destilada

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CARACTERÍSTICAS DO LÍQUIDO A SER EVAPORADO.

• A densidade e a viscosidade aumentam, reduzindo


a eficiência de troca térmica;
• A solução torna-se saturada no que diz respeito
ao equilíbrio sólido-líquido dos compostos
dissolvidos, provocando a formação de cristais
que devem ser removidos para evitar o
entupimento de tubos;
• O ponto de ebulição da solução pode subir
consideravelmente com a concentração,
diminuindo-se assim o potencial térmico e
consequentemente a capacidade de transferência
de calor.
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EVAPORAÇÃO EM SIMPLES E MÚLTIPLO EFEITO.
Um evaporador consiste, pelo menos, dos seguintes
componentes:
1. Trocador de calor, que permite a transferência de calor
entre o fluido aquecedor e o alimento;
2. O separador, o qual o vapor é separado da fase líquida
concentrada;
3. O condensador, que permite eliminar o vapor de água
em forma de condensado.
• As unidades nas quais se dá a transferência de calor
são denominadas unidades de aquecimento ou
calandria. Os separadores de líquido vapor são
denominados corpos, cabeças de vapor ou câmaras
flash.

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EVAPORAÇÃO EM SIMPLES E MÚLTIPLO EFEITO.

• A eficácia do evaporador depende das


condições de processamento e desenho do
equipamento (resistência térmica do material
de construção);
• A velocidade da evaporação depende da
transferência de calor e da massa relacionada
com a saída do vapor de água do alimento
(vapor secundário)
• A força motriz da transferência de calor no
trocador de calor é diferença de temperatura
entre o meio de aquecimento e o liquido a
evaporar.
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EVAPORAÇÃO EM SIMPLES E MÚLTIPLO EFEITO.

A Figura 1.1 apresenta um esquema de um evaporador de tubo


curto horizontal (a) e vertical (b) , no qual são ilustradas as
correntes de vapor de aquecimento, condensado, solução de
alimentação e concentrado.
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EVAPORAÇÃO EM SIMPLES E MÚLTIPLO EFEITO.

• Denomina-se evaporação em simples efeito


aquela que ocorre em um ou mais corpos
operando à mesma pressão (ocorre em um
evaporador).
• Evaporação em múltiplo efeito consiste em um
sistema de evaporação constituído de
múltiplos evaporadores, em que o vapor
proveniente de um efeito (evaporador) é
utilizado como meio de aquecimento para um
efeito subsequente operando em uma pressão
menor.
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EVAPORAÇÃO EM SIMPLES E MÚLTIPLO EFEITO.

A Figura 1.2 apresenta um esquema de um sistema com três efeitos,


cujas pressões de operação decrescem do primeiro para o último efeito.

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Figura 1.3 Configurações de sistema de evaporadores de múltiplo efeito: (a)
alimentação directa (concorrente); (b) alimentação inversa (contracorrente); (c)
alimentação paralela.
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EVAPORAÇÃO EM SIMPLES E MÚLTIPLO EFEITO.

• O sistema mais usual é o de alimentação directa


(concorrente), no qual as correntes de vapor e líquido
são alimentadas no mesmo sentido. Nesse caso,
geralmente, é necessária apenas uma bomba para a
transferência de líquido.
• No sistema de alimentação inversa (contracorrente),,
as correntes de vapor e líquido são alimentadas no
sentido inverso, ou seja, o líquido diluído é alimentado
ao último efeito e escoa em contracorrente.
• Outros acoplamentos de evaporadores são também
empregados, como, por exemplo, o acoplamento de
alimentação paralela.

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Elevação do ponto de ebulição (EPE)

• A temperatura da solução no corpo do


evaporador não é necessariamente igual à
temperatura de ebulição do solvente na
pressão de operação.
• Essa diferença de temperatura pode estar
associada aos efeitos da concentração e da
altura de líquido.

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Elevação do ponto de ebulição (EPE)

a) Efeitos de concentração
• A pressão de vapor de uma solução é menor que a do
solvente puro na mesma temperatura. Portanto, para
certa pressão de operação, a temperatura de ebulição
da solução é maior que a do solvente puro. A esse fato
denomina-se EPE.
• A EPE é função da concentração e do tipo de soluto. A
EPE é baixa para soluções diluídas ou de material
orgânico e é alta para soluções de compostos
inorgânicos (podendo atingir valores até 80 ºC.)

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Elevação do ponto de ebulição (EPE)

• Uma regra prática útil para o cálculo de evaporadores é


a regra de Dühring, que estabelece que a temperatura
de ebulição de uma solução a dada concentração é
uma função linear da temperatura de ebulição do
solvente puro na mesma pressão. Esse comportamento
pode ser observado na Figura 1.4, no caso de uma
solução aquosa de NaOH.
• Para amplas faixas de pressão, a regra não é precisa,
no entanto para faixas menores verificasse o
comportamento linear.

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Figura 1.4 Elevação da temperatura de ebulição (EPE) de soluções aquosas de
hidróxido de sódio.
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Elevação do ponto de ebulição (EPE)

b) Efeito da altura de líquido (carga hidrostática)


• Denomina-se EH — elevação do ponto de ebulição por
efeito hidrostático — ao facto de a temperatura de
ebulição em um ponto situado abaixo da superfície do
líquido ser maior do que aquele da superfície.
• Esse efeito será mais pronunciado quanto maior a
profundidade e quanto maior a velocidade no tubo. Dessa
maneira, tem-se a diminuição da diferença de
temperatura entre o vapor e a solução, reduzindo assim a
capacidade de evaporação.

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Elevação do ponto de ebulição (EPE)

• Efeitos da pressão externa.

Um líquido ferve quando a pressão de vapor que


exerce é igual à pressão externa a que esta
submetido. A evaporação de alimentos costuma ser
feita a pressões reduzidas para minimizar os danos
causados pelo aumento da temperatura.

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ASPECTOS OPERACIONAIS

• Depósito dos resíduos na superfície de trocador e


formação de crostas – reduz o valor coeficiente
global de transferência de calor e decorre de adesão
e precipitação de sólidos suspensos no liquido
tratado nas paredes do trocador de calor.

• Película superficial – cria-se em torno da superfície


de aquecimento do evaporador, constituindo a maior
resistência a transferência de calor.

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ASPECTOS OPERACIONAIS

• Viscosidade do alimento – os coeficientes de transferência de


calor e a velocidade de circulação dos líquidos no evaporador
diminuem com o aumento da viscosidade.
A viscosidade da solução aumenta com a sua concentração, à
medida que avança a evaporação, diminui a velocidade de
transferência de calor.
• Formação de Espuma – é favorecida pela presença de
proteínas e carbohidratos no alimento.
A espuma diminui a transferência de calor, dificulta a separação
de vapor e favorece que esse arraste parta do concentrado em
forma finas gotículas.
Para controlar sua formação, podem-se utilizar substancias com
atividade de superfície (agentes tensioativos ou detergentes).

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TIPOS DE EVAPORADORES

Segundo Green e Perry (2008), os evaporadores


podem ser classificados em:
• Aqueles em que o meio de aquecimento é
separado da solução a ser evaporada por
superfícies tubulares (tubos).
• Aqueles em que o meio de aquecimento está
confinado em camisas, serpentinas e placas
planas.
• Aqueles em que o meio de aquecimento entra em
contato directo com a solução em evaporação.
• Aqueles que utilizam aquecimento por meio de
radiação solar.
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PRINCIPAIS TIPOS DE EVAPORADORES

• A grande maioria dos evaporadores industriais


emprega tubos para aquecimento da solução a
ser evaporada.
• A circulação dessa solução pode ser induzida
pela própria ebulição ou pode ser forçada por
meio de bombeamento. Nesse caso a ebulição
não ocorre necessariamente na superfície de
aquecimento.

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PRINCIPAIS TIPOS DE EVAPORADORES

Figura 1.5. Tipos de evaporado: (a) vertical de tubo longo com fluxo
descendente; (b) vertical de tubo longo com fluxo ascendente e

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PRINCIPAIS TIPOS DE EVAPORADORES

Figura 1.6 Evaporador de circulação forçada com calandria externa.

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PRINCIPAIS TIPOS DE EVAPORADORES

1. Evaporadores de tubo curto e Longo;


2. Evaporadores com circulação forçada;
3. Evaporadores com calandria externa;
4. Evaporadores com fluxo ascendente e descendente

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TPC 1: Elaborar um trabalho de pesquisa sobre os
tipos de evaporadores mencionados no (slide
anterior).
• Mencionar, princípios de funcionamento;
vantagens e desvantagens.
• Mostrar imagens ilustrativos para cada tipo de
evaporador.
• Máximo 4 paginas.
• Data de entrega: 11/08/2023.

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Cálculos em sistema de evaporador simples.

Apresenta-se na Figura 1.7 um esquema de um evaporador simples


de tubo vertical em que são indicadas as correntes de solução
alimentada (F), de concentrado (S) e de vapor gerado (V), além da
corrente de vapor de aquecimento (W) e o respectivo condensado
(Wc).
01/08/2023 Capitulo 1 - EVAPORÇÃO 26
Cálculos em sistema de evaporador simples

 Hw e hw são as entalpias de vapor de aquecimento e


condensado, respectivamente;
 Hv – entalpia do vapor secundário;
 hf e hs – são entalpias de alimentação e concentrado
(produto)
 Tw, Tc, Tv, Tf e Ts – temperaturas de vapor de
primário, condensado, vapor secundário, alimentação
e concentrado, respectivamente;
 xf e xs – são frações mássicas de alimentação e
concentrado, respectivamente.

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Cálculos em sistema de evaporador simples

• BALANÇO DE MASSA NO EVAPORADOR


a) Balanço global
F=V+S (1.1)
W = Wc (1.2)
a) Balanço por componente
F. xF = S. xs (1.3)
Nota: A quantidade de sólidos é a mesma na solução
diluída e solução concentrada

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Cálculos em sistema de evaporador simples

• BALANÇO ENERGÉTICO
O balanço de entalpia para um evaporador de simples efeito
para a condição de regime permanente é expresso por:

F. hf + W. HW = WC . hc + V. HV + S. hs + q (1.4)

O termo q expressa as perdas térmicas do sistema,


geralmente calculadas a partir da transferência de calor
com o ambiente por convecção e radiação. Esse termo
pode, também, ser estimado como uma fracção do vapor
consumido para a operação.

01/08/2023 Capitulo 1 - EVAPORÇÃO 29


Cálculos em sistema de evaporador simples

• A entalpia do vapor de aquecimento 𝐻𝑊 é função da


sua pressão 𝑃𝑊 e da sua temperatura 𝑇𝑊 .
• O condensado não necessariamente está saturado, e a
sua entalpia ℎ𝐶 é função da sua pressão 𝑃𝐶 e da sua
temperatura 𝑇𝐶 .
• As entalpias das correntes de alimentação e de
concentrado são funções das respectivas
concentrações e temperaturas.

01/08/2023 Capitulo 1 - EVAPORÇÃO 30


Cálculos em sistema de evaporador simples
A entalpia do vapor de secundário 𝐻𝑉 depende da EPE e
pode ser expressa por:

𝐻𝑉 = 𝐶𝑝𝑠 𝑇𝑏 − 𝑇𝑟𝑒𝑓 + ∆𝑣𝑎𝑝 𝐻 + 𝐶𝑝𝑉 𝑇𝑉 − 𝑇𝑏 (1.5)

As entalpias específicas das correntes de alimentação ℎ𝐹 e


de produto concentrado ℎ𝑃 são expressas por:

hf = Cpf Tf − Tref + ∆𝑠𝑜𝑙 𝐻𝑓 (1.6)


hs = Cps Ts − Tref + ∆𝑠𝑜𝑙 𝐻𝑠 (1.7)

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Cálculos em sistema de evaporador simples

Sendo 𝐶𝑝𝑉 o calor específico do vapor;


𝐶𝑝𝑠 o calor específico da solução;
𝑇𝑉 a temperatura do vapor; 𝑇𝑏 a temperatura de
ebulição do solvente puro à pressão do
evaporador 𝑃𝑉 ;
∆𝑣𝑎𝑝 𝐻 a entalpia de vaporização do solvente da
solução na temperatura 𝑇𝑏 ;
𝑇𝑟𝑒𝑓 uma temperatura de referência.

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Cálculos em sistema de evaporador simples

• BALANÇO ENERGÉTICO SIMPLIFICADO


O balanço de energia para sistemas de evaporação pode
ser simplificado na maioria das aplicações quando são
verificadas as seguintes hipóteses:
a) Condensado é líquido saturado, 𝑇𝑐 = 𝑇𝑊
b) As perdas térmicas do sistema são desprezíveis, 𝑞 = 0
c) As entalpias da solução são desprezíveis, ∆𝑠𝑜𝑙 𝐻𝑓 =
∆𝑠𝑜𝑙 𝐻𝑠 = 0;
d) O solvente é água;
e) A entalpia de vaporização é muito superior às demais
variações de entalpia, ∆𝑣𝑎𝑝 𝐻 >> 𝐶𝑝𝑠 𝑇𝑏 − 𝑇𝑟𝑒𝑓 +
𝐶𝑝𝑉 𝑇𝑉 − 𝑇𝑏

01/08/2023 Capitulo 1 - EVAPORÇÃO 33


Cálculos em sistema de evaporador simples

Considerando as hipóteses descritas, tem-se, para o


balanço de energia simplificado:
𝐖 ∗ ∆𝐯𝐚𝐩 𝐇𝐖 = 𝐅 ∗ 𝐂𝐏𝐅 ∗ 𝐓𝐬 − 𝐓𝐟 + 𝐕 ∗ ∆𝐯𝐚𝐩 𝐇𝐕 (1.8)
Onde:
∆vap HW = HW − hW = calor latente de vapor de água condensado
∆vap HV = HV − hV = calor latente de água evaporado
Nota: o líquido concentrado e o vapor que sai da camara
de evaporação estão em equilíbrio, isto é, Ts = Tv .

01/08/2023 Capitulo 1 - EVAPORÇÃO 34


Cálculos em sistema de evaporador simples

A energia necessária para o aquecimento da alimentação


e evaporação do solvente é suprida pela condensação do
vapor saturado.
Estre processo de transferência de calor pode ser
expresso por:
Q = 𝐖 ∗ ∆𝐯𝐚𝐩 𝐇𝐖 = U ∗ A ∗ (ΔT) (1.9)
U – transferência global de transferência de calor;
A – área de transferência de calor;
∆𝑇 = 𝑇𝑊 − 𝑇𝑠 – Diferença de temperatura entre as
correntes, ou seja, entre o vapor primário e a solução.
Q – Taxa de calor (kW)

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Cálculos em sistema de evaporador simples

EFICIÊNCIA DO EVAPORADOR
Vapor secundário V
E(%) = = × 100
Vapor primário W

01/08/2023 Capitulo 1 - EVAPORÇÃO 36


Cálculos em sistema de evaporador simples

• EFEITOS DE ELEVAÇÃO DE PONTO DE EBULIÇÃO


Se a solução tem um aumento apreciável no ponto de
ebulição, então o vapor proveniente da solução é vapor
superaquecido, e tomando t s como referência, sua entalpia
será o calor latente em (t s −EPE) , mais o aumento da
entalpia devido ao reaquecimento, e este aumento é
aproximadamente igual a 1.884 vezes ao aumento de ponto
de ebulição.
Hv(∗) = Hv + 1.884 × E. P. E (1.11)
Hv(∗) − Entalpia com aumento de ponto de ebulição (S.I)
Hv − Entalpia do solvente puro (S.I)

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Cálculos em evaporadores de múltiplos efeitos

Figura 1.8 – Sistema de 3 evaporadores em alimentação directa

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EVAPORADORES EM MÚLTIPLOS EFEITOS

O projecto e o cálculo de um sistema de múltiplo efeito


requerem o equacionamento dos balanços de massa e
energia e dos fluxos de transferência de calor, para cada
um dos efeitos.

Balanço global: F1 = V3 + S3 (1.12)

Balanço por componente: F1 xf1 = S3 xs3 (1.13)

01/08/2023 Capitulo 1 - EVAPORÇÃO 39


EVAPORADORES EM MÚLTIPLOS EFEITOS

Os balanços de energia aplicados aos diferentes efeitos, conforme


considerações apresentadas na figura 1, desconsiderando o E.P.E.

(I) W1 ∗ ∆vap 𝐻𝑊1 = V1 ∗ ∆Vap 𝐻𝑉1 + F1 ∗ CPf1 ∗ TS1 − TF1 (1.14)

(II) W2 ∗ ∆Vap 𝐻𝑊2 = V2 ∗ ∆Vap 𝐻𝑉2 + F2 ∗ CPf2 ∗ TS2 − TF2 (1.15)

(III) W3 ∗ ∆Vap 𝐻𝑊3 = V3 ∗ ∆Vap 𝐻𝑉3 + F3 ∗ CPf3 ∗ TS3 − TF3 (1.16)

01/08/2023 Capitulo 1 - EVAPORÇÃO 40


EVAPORADORES EM MÚLTIPLOS EFEITOS

Os fluxos de transferência de calor em cada um dos efeitos


são expressos conforme:

(I) Q1 = W1 ∆vap 𝐻𝑊1 = U1 A1 ∆T1 (1.17)

(II) Q 2 = W2 ∗ ∆Vap 𝐻𝑊2 = U2 A2 ∆T2 (1.18)

(III) Q 3 = W3 ∗ ∆Vap 𝐻𝑊3 = U3 A3 ∆T3 (1.19)

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EVAPORADORES EM MÚLTIPLOS EFEITOS

Geralmente, em sistemas em múltiplo efeito, empregam-


se evaporadores com a mesma área de transferência de
calor, em razão dos custos de projecto, investimento e
manutenção.
Para uma primeira estimativa, pode-se considerar que os
fluxos de calor de cada efeito são praticamente iguais.
Q1 = Q 2 = Q 3 (1.20)
U1 A1 ∆T1 = U2 A2 ∆T2 = U3 A3 ∆T3 (1.21)

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EVAPORADORES EM MÚLTIPLOS EFEITOS

No caso de áreas de transferência de calor iguais, tem-


se das Equações (1.17) e (1.19)

Q
= U1 ∆T1 = U2 ∆T2 = U3 ∆T3 (1.22)
A

Verifica-se que o Δ𝑇 em cada efeito é inversamente


proporcional ao coeficiente global de transferência de
calor do respectivo efeito.

01/08/2023 Capitulo 1 - EVAPORÇÃO 43


EVAPORADORES EM MÚLTIPLOS EFEITOS

Define-se a diferença total entre a temperatura do vapor


empregado no primeiro efeito e a temperatura do vapor do
último efeito por:
∆T = ∆T1 + ∆T2 + ∆T3 (1.23)
Combinando-se as Equações 1.22 e 1.23, tem-se:
1/U1
∆T1 = ∆T 1 1 1 (1.24)
+ +
U1 U2 U3

De maneira análoga, a relação acima é aplicada para ∆T2 e


∆T3

EVAPORADORES EM MÚLTIPLOS EFEITOS


01/08/2023 Capitulo 1 - EVAPORÇÃO 44
EVAPORADORES EM MÚLTIPLOS EFEITOS

Na definição do projecto de um sistema em múltiplos


efeitos, geralmente, as seguintes especificações são
consideradas:
• A entalpia de vapor de aquecimento, geralmente
considerado saturado;
• Pressão de operação no último efeito;
• Vazão, concentração e temperatura de alimentação;
• Concentração desejada do produto final;
• Capacidade calorifica das soluções
O procedimento para o cálculo do sistema em múltiplos
efeitos é geralmente realizado de maneira iterativa.

01/08/2023 Capitulo 1 - EVAPORÇÃO 45


EVAPORADORES EM MÚLTIPLOS EFEITOS
Apresenta-se, na sequência, as etapas, para esse cálculo, no qual
se desconsidera a E.P.E. e se admitem áreas de transferência de
calor iguais:
1. A partir da pressão especificada para o último efeito,
determina-se a temperatura de ebulição desse efeito.
2. Calculam-se as vazões e concentrações das correntes de
líquido e as vazões de vapor de todos os efeitos, a partir dos
balanços de massa expressos pelas e (1.12) e (1.13). Para
tanto, assume-se como estimativa inicial que as vazões de
vapor são iguais: V1 = V2 = V3
3. A partir equação (1.3.13) e dos coeficientes U1, U2 e U3,
calculam-se as diferenças de temperaturas ΔT1, ΔT2 e ΔT3 e
as temperaturas de ebulição em cada evaporador. A
temperatura do vapor usado no primeiro efeito deve ser
especificada.
01/08/2023 Capitulo 1 - EVAPORÇÃO 46
EVAPORADORES EM MÚLTIPLOS EFEITOS

4. A partir dos balanços de massa e de energia [equações


(1.12), (1.14) a (1.16)] calculam-se as vazões de líquido e
vapor de todos os efeitos. As vazões de vapor calculadas
devem ser comparadas com as obtidas na etapa (2), e, no
caso de diferenças significativas, as etapas (2), (3) e (4)
devem ser repetidas, a partir dos valores obtidos no
presente item.
5. Calculam-se as cargas térmicas de cada efeito a partir das
Equações (1.17) a (1.19).
6. Calculam-se as áreas de transferência de calor de cada
efeito a partir das Equações (1.17) a (1.19). Caso essas
áreas tenham valores muito próximos, o procedimento de
cálculo está finalizado. De outra maneira, deve-se efetuar
uma segunda iteração, conforme etapa (7).
01/08/2023 Capitulo 1 - EVAPORÇÃO 47
EVAPORADORES EM MÚLTIPLOS EFEITOS

7. Calcula-se uma área média a partir das áreas obtidas


na etapa (6), expressa por:
A1 + A2 + A3
Am =
3
8. A partir das vazões obtidas na etapa (4), calculam-se
as concentrações das correntes líquidas nos
diferentes efeitos.

01/08/2023 Capitulo 1 - EVAPORÇÃO 48


EVAPORADORES EM MÚLTIPLOS EFEITOS

9. Calcula-se novos valores para as diferenças de


temperaturas,∆T′1 , ∆T′2 e ∆T′3 .
A1 A2 A3
∆T′1 = ∆T1 ; ∆T′2 = ∆T2 ; ∆T′3 = ∆T3
Am Am Am
Deve-se verificar se ∆T = ∆T′1 + ∆T′2 + ∆T′3 senão os
valores de ∆T′1 , ∆T′2 e ∆T′3 devem ser ajustados, de
forma proporcional, para que a soma destes seja igual a
ΔT.
10.A partir dos novos valores de ∆T′1 , ∆T′2 e ∆T′3 repete-
se o os passos a partir da etapa (4)

01/08/2023 Capitulo 1 - EVAPORÇÃO 49


Bibliografia

1. Carmen, C. T; Vânia, R.N.T; António, J. A. M; Pedrro, A. P. F. (2016)


operações unitárias na indústria de alimenentos, Vol I, LTC.
2. Geankoplis, C.J. (1993) Transport Processes and Unit Operations.
Prentice Hall International Inc. Boston

O docente: Boanerges L. Paulino, bolapaulino@gmail.com;


+258 845085040/+258 875195332

01/08/2023 Capitulo 1 - EVAPORÇÃO 50

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