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Replica A Contestação Reivindicatoria
Replica A Contestação Reivindicatoria
Processo: 1000049-17.2022.8.26.0628
Fabilaine Cristina Vicente Sales, já qualificada nos autos em epigrafe vem por seu advogado
e procurador, que no final assinam, inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil, Secção de
São Paulo, sob n° 388.421, respeitosamente vem à presença de Vossa Excelência para
oferecer REPLICA pelos argumentos de fato e de direito que a seguir passa a expor:
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LINK DAS FILMAGENS:
https://drive.google.com/file/d/1WpyxOAnrf_oMxgCaHzdI09FUOGDJmXIV/view?
usp=share_link
Ademais, cumpre informar que não subsiste logica na alegação de que as Rés
estariam exercendo a posse do imóvel em questão.
Assim excelência podemos concluir que quando a Autora adquiriu o referido imóvel
o mesmo encontrava-se desocupado.
Com efeito, dos argumentos que a ré coloca na sua peça Contestatória é possível
concluir que, quando fala em “nulidade do negócio” a sua pretensão está em ver anulado
o “ato jurídico” consubstanciado na lavratura da escritura pública lavrada no Livro 155
páginas 103/106 do 2º Cartório de Tabelionato de Osasco-SP., e o respectivo registro,
sob o argumento de que o imóvel referido na inicial havia sido vendido anteriormente a
seus falecidos genitores, “através de Escritura de venda e compra , em 21/12/1995” e
pela “Escritura de compra e venda” certo que os genitores das Rés “não efetuaram o
registro do imóvel comprado, na época...”.
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Embora tenha sido supostamente lavrada em 21 de dezembro de 1995, a escritura
cuja cópia está colocada nas folhas 52 e 54 do processo não foi levada a registro. Assim
podemos afirmar que em sede de contestação foi confessado que a escritura não foi
“exteriorizada” levada ao conhecimento do cartório de Registro de Imóveis.
Nesse passo podemos afirmar que sem o devido registro da Escrituta, o direito real
não nascerá, ou seja ele não será oponível erga omnes.
A legislação civil pátria busca, com isto, premiar aquela pessoa que foi mais diligente,
garantindo uma segurança nas relações jurídicas engendradas no seio da sociedade, já
que, ao terceiro de boa-fé, não é exigido o prévio conhecimento de negócios imprimidos
sem a publicidade devida, firmados unicamente entre as partes interessadas.
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Assim é que, diante todo o esposado, é indispensável que as pessoas sejam
diligentes no sentido de promoverem o registro daqueles imóveis que pretendem adquirir,
evitando, assim, distúrbios e prejuízos, muitas das vezes, insanáveis. Para a aquisição da
propriedade do imóvel não basta o simples acordo de vontades entre adquirente e
transmitente, ou seja, lavrar a escritura pública ou particular.
A escritura de compra e venda não é suficiente, por si só, para transmitir o
domínio. Essa transferência somente se opera com o registro do título no cartório, antes
deste somente existirá o direito pessoal.
O artigo 1.227 do Código Civil é taxativo ao afirmar que os direitos reais sobre
imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no
Cartório de Registro de Imóveis dos respectivos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos
expressos. O § 1º do artigo 1.245 do mesmo código dispõe que “enquanto não se registrar o
título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel”.
As consequências jurídicas dessa sistemática são sérias,
exemplificando, se determinada pessoa formaliza o negócio através de escritura pública e
não a registra corre sério risco, se o vendedor cujo registro encontra-se lançado em seu
nome deixar de cumprir qualquer obrigação civil (compra de bens móveis p. ex), fiscal
(IPTU, IPVA, ISS, etc...) ou trabalhista, os credores poderão penhorar e arrematar o imóvel
para satisfazer seus créditos.
Aliás, neste sentido é importante observar que, conforme assevera o art. 108
deste mesmo diploma legal,
Razão pela qual nem mesmo a própria promessa de compra e venda é suficiente
para visar à transferência da propriedade, sendo indispensável que, antes de ser o bem
imóvel encaminhado para registro, seja outorgada, ao adquirente, uma escritura definitiva
de compra e venda. Esta é que constituirá o instrumento hábil à posterior transmissão da
propriedade junto ao Cartório de Registro de Imóveis.
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Não é demais repetir que a compra e venda do imóvel, efetuada pelo autor, não foi
completada, pela falta de registro junto ao Cartório Imobiliário, exigido pelo artigo 1.227 do
Código Civil, para a transferência da propriedade do bem. E, neste contexto, é proprietário
do imóvel quem realiza primeiro o referido registro, em conformidade com o artigo 1.246 do
mesmo D iploma Legal, no caso, o contestante.
Assim, impõe-se a prevalência da alienação do imóvel para o contestante, em
homenagem à segurança jurídica e à boa-fé.
Nesse sentido, o julgado do Superior Tribunal de Justiça, proferido pela Terceira
Turma, no Recurso Especial n.º 1113390/PR, em que foi Relator o Ministro Sidnei Beneti:
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“VENDA E COMPRA. Imóvel Venda em duplicidade. Ação
anulatória de negócio jurídico cumulada com pedido de reintegração
de posse proposta pelo comprador celebrante do primeiro
compromisso. Sentença de improcedência. Apelação do autor. Boa-fé
dos adquirentes e atuais ocupantes. Compra mediante escritura
pública levada a registro em cartório imobiliário. Prevalecimento do
título translativo da propriedade levado a registro, sobre aquele
celebrado em data anterior, mas por instrumento particular Artigos 186
da Lei nº 6.015/73 e 1.227 do Código Civil. Sentença mantida Recurso
desprovido” (cópia reprográfica anexa obtida via internet)
Na mesma direção caminha o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro por sua 20ª
Câmara Cível no julgamento da APELAÇÃO CÍVEL N.o 0007812-78.2002.8.19.0209 -
RELATORA DESEMBARGADORA GEÓRGIA DE CARVALHO LIMA:
Na esteira dos argumentos expostos é lícito afirmar que a simples “escritura” não
garante ao adquirente a propriedade do imóvel. Há necessidade de levá-la a registro, a
fim de que a propriedade (domínio) do bem seja efetivamente transferida.
Em suma:
ao adquirir o imóvel a Autora , o fez na mais absoluta boa fé e na certeza de que
o imóvel pertencia aos vendedores e estava livre e desembaraçado conforme pode
constatar pelo registro imobiliário e através de visitas ao imóvel e consultas aos órgãos
municipais o;
sendo-lhe outorgada a escritura de venda e compra do imóvel a autora
providenciou o registro da mesma junto ao Cartório de Imóveis correspondente passando
a ser, a partir da efetivação do registro o legítimo proprietário do imóvel, em conformidade
com o artigo 1.246 do mesmo Código Civil.
por outro lado a escritura colocada nas folhas 52/54 do processo, base de
sustentação da pretensão das rés, não serve para comprovar a propriedade do imóvel pelo
simples fato de o autor não ter registrado na matrícula do imóvel a escritura pública de sua
compra e venda único modo capaz de transferir-lhe a titularidade do direito reclamado, por
ato de vontade “inter vivos”.
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pagamento das custas processuais, honorários de advogado e demais cominações de
estilo.
Termos em que, requerendo desde logo o depoimento pessoal do autor, penas da lei e
protestando pela produção de todo o gênero de prova que o Direito admite.
Pede deferimento.
OABSP-388421
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