Você está na página 1de 16

Psicologia da Educação - 2020

A Gestalt: A PSICOLOGIA DA FORMA E SUAS


IMPLICAÇÕES PARA A EDUCAÇÃO

Introdução

A Gestalt consiste em um conjunto de conceitos relacionados à percepção que o


ser humano possui sobre as formas apresentadas durante o nosso dia a dia. A sua
utilização na aprendizagem seria válida em disciplinas que envolvam a percepção visual
ou espacial de formas ou objetos.
O processo de aprendizagem tende a variar de pessoa para a pessoa, a utilização
dos conceitos na Gestalt, no entanto obedecem a regras de percepção sensoriais
comuns a maioria das pessoas conforme a sua faixa etária. Essas são percepções
baseadas em sua maioria nos aspectos fisiológicos, isto é, independente de influências
externas como papel social, econômico ou cultural.
A Gestalt afirma que as coisas possuem a tendência de serem vistas como um
todo não de maneira separada, isso no processo de educação infantil pode ser aplicado
da seguinte maneira: primeiramente se conceitua o todo, depois aos poucos o educador
faz o desmembramento desse todo de modo que a criança conheça cada parte de um
processo sem esquecer a sua finalidade. O estudo do corpo humano, por exemplo, é
uma boa maneira de utilizar os conceitos da Gestalt, primeiro é informado sobre a
função do corpo depois sobre as funções de cada órgão.
As interpretações de cada um tendem a ser individualizadas, porém as
percepções por meio dos princípios da Gestalt são importantes ferramentas para a o
nivelamento do processo de aprendizagem uma vez que os estímulos são criados pelo
educador que já possui ideia das percepções mais comuns dentro do cenário criado.
Evidentemente que a responsabilidade pela adoção desses métodos é maior em
especial pelo caráter muitas vezes subjetivo dos processos avaliativos.

1
Psicologia da Educação - 2020

O que é Gestalt

A Psicologia da Gestalt é uma das tendências teóricas mais coerentes e coesas da


história da Psicologia. Seus articuladores preocuparam-se em construir não só uma
teoria consistente, mas também uma base metodológica forte, que garantisse a
consistência teórica.
Gestalt é um termo alemão de difícil tradução. O termo mais próximo em
português seria forma ou configuração, que não é utilizado, por não corresponder
exatamente ao seu real significado em Psicologia.
Ernst Mach (1838-1916), físico, e Christian von Ehrenfels (1859- 1932), filósofo e
psicólogo, desenvolviam uma psicofísica com estudos sobre as sensações (o dado
psicológico) de espaço-forma e tempo-forma (o dado físico) e podem ser considerados
como os mais diretos antecessores da Psicologia da Gestalt.
Max Wertheimer (1880-1943), Wolfgang Köhler (1887-1967) e Kurt Koffka (1886-
1941), baseados nos estudos psicofísicos que relacionaram a forma e sua percepção,
construíram a base de uma teoria eminentemente psicológica. Eles iniciaram seus
estudos pela percepção e sensação do movimento. Os gestaltistas estavam preocupados
em compreender quais os processos psicológicos envolvidos na ilusão de ótica, quando
o estímulo físico é percebido pelo sujeito como uma forma diferente da que ele tem na
realidade.
É o caso do cinema. Quem já viu uma fita cinematográfica sabe que ela é
composta de fotogramas estáticos. O movimento que vemos na tela é uma ilusão de
ótica causada pela pós-imagem retiniana (a imagem demora um pouco para se “apagar”
em nossa retina). Como as imagens vão-se sobrepondo em nossa retina, temos a
sensação de movimento. Mas o que de fato está na tela é uma fotografia estática.

Fenômeno Phi e a Percepção de Movimentos


Max Wertheimer foi um dos principais representantes da Gestalt e definiu
o Fenômeno Phi em 1912 que, junto da Teoria da Persistência da Visão, daria forma
à Teoria do Cinema de Hugo Münsterberg. A persistência da visão, ou persistência
retiniana, nos diz que uma imagem dura um certo tempo em nossa retina, uma fração
de segundo, e que, se dispormos imagens estáticas em uma sequência, teremos a
sensação de movimento.
Dizer que exibir imagens em sequência pode produzir a sensação de movimento
parece até senso comum, pois já temos noção de como os desenhos animados e filmes
são produzidos, mas não era tão simples assim quando não havia referência.
Wertheimer conseguiu provar o Fenômeno Phi por meio do seguinte experimento: ele
direcionou um feixe de luz para uma tela, onde formou-se um ponto, então apagou essa
luz e acendeu outra ao lado, formando outro ponto, que depois também se apagara, e

2
Psicologia da Educação - 2020

repetiu o procedimento cada vez com intervalos menores entre um feixe de luz e outro.
Ao diminuir o intervalo de tempo, Wertheimer percebeu que havia uma característica
de movimento na percepção, a qual o cérebro produzia uma ponte entre uma imagem
e outra – o Fenômeno Phi.

Wertheimer sugeriu que o Fenômeno Phi fosse considerado um fenômeno


sensorial primário, pois não dependia de outros fatores para ser percebido. Assim como
temos a sensação de tato ao tocar em algo, de olfato ao sentir um cheiro, o Fenômeno
Phi, segundo Wertheimer, nos dá a sensação de movimento mesmo que as imagens
estejam paradas e, portanto, poderia ser considerado um sentido primário, que não
depende de outros sentidos.

O Fenômeno Phi possibilitou o desenvolvimento do cinema, dos desenhos


animados, de técnicas de stop motion e muitas criações que passam a sensação de
movimento a partir de imagens estáticas.

- Origem da psicologia da forma


Durante o século XIX e até o início do século XX, a Psicologia havia se consolidado
como um ramo da Biologia, e limitava-se a estudar o comportamento do cérebro do
homem. Nessa época, os estudos sobre a percepção humana da forma tinham em
comum a análise atomista, ou seja, que procurava o conjunto a partir de seus elementos.
Sob esse ponto de vista, o homem tenderia a somente perceber uma imagem através
de suas partes componentes, compreendendo-as por associações de experiências
passadas (associacionismo).

3
Psicologia da Educação - 2020

- A LEI DA PREGNÂNCIA
A outra grande (e talvez mais importante) descoberta da Teoria da Gestalt foi a
chamada “Lei da Pregnância”, um conceito que pode ser sintetizado na frase de Paul
Guillaume: “O sistema tende espontaneamente à estrutura mais equilibrada, mais
homogênea, mais regular, mais simétrica”. Assim, a pregnância (ou fertilidade) da
imagem diz respeito ao caminho natural que ela segue em direção à boa forma, que é,
idealmente, a mais simples de todas. E essa simplicidade é formada justamente por
equilíbrio, homogeneidade, regularidade e simetria.
O equilíbrio final da forma, entretanto, é próprio também dos elementos que a
compõem. A forma é equilibrada quando suas partes também estabelecem correlações
equilibradas. Pois, para a Gestalt, o todo é um elemento próprio, mas refere-se sempre
às correlações entre suas partes.

- A PERCEPÇÃO
A percepção é o ponto de partida e um dos temas centrais dessa teoria. Os
experimentos com a percepção levaram os teóricos da Gestalt ao questionamento de
um princípio implícito na teoria behaviorista — que há relação de causa e efeito entre o
estímulo e a resposta — porque, para os gestaltistas, entre o estímulo que o meio
fornece e a resposta do indivíduo, encontra-se o processo de percepção. O que o
indivíduo percebe e como percebe são dados importantes para a compreensão do
comportamento humano.
Na visão dos gestaltistas, o comportamento deveria ser estudado nos seus
aspectos mais globais, levando em consideração as condições que alteram a percepção
do estímulo.
Para justificar essa postura, eles se baseavam na teoria do isomorfismo, que
supunha uma unidade no universo, onde a parte está sempre relacionada ao todo.
Quando eu vejo uma parte de um objeto, ocorre uma tendência à restauração do
equilíbrio da forma, garantindo o entendimento do que estou percebendo. Esse
fenômeno da percepção é norteado pela busca de fechamento, simetria e regularidade
dos pontos que compõem uma figura (objeto).

- A BOA FORMA
A Gestalt encontra nesses fenômenos da percepção as condições para a
compreensão do comportamento humano. A maneira como percebemos um
determinado estímulo irá desencadear nosso comportamento.

4
Psicologia da Educação - 2020

Muitas vezes, os nossos comportamentos guardam relação estreita com os


estímulos físicos, e outras, eles são completamente diferentes do esperado porque
“entendemos” o ambiente de uma maneira diferente da sua realidade. Quantas vezes
já nos aconteceu de cumprimentarmos a
distância uma pessoa conhecida e, ao chegarmos mais perto, depararmos com um
atônito desconhecido. Um “erro” de percepção nos levou ao comportamento de
cumprimentar o desconhecido. Ora, ocorre que, quando confundimos a pessoa,
estávamos “de fato” cumprimentando nosso amigo. Esta pequena confusão demonstra
que a nossa percepção do estímulo (a pessoa desconhecida) naquelas condições
ambientais dadas é mediatizada pela forma como interpretamos o conteúdo percebido.
Se nos elementos percebidos não há equilíbrio, simetria, estabilidade e
simplicidade, não alcançaremos a boa forma.
O elemento que objetivamos compreender deve ser apresentado em aspectos
básicos, que permitam a sua decodificação, ou seja, a percepção da boa forma.

A tendência da nossa percepção em buscar a boa- forma permitirá a relação


figura- fundo. Quanto mais clara estiver a forma (boa-forma), mais clara será a
separação entre a figura e o fundo. Quando isso não ocorre, torna-se difícil distinguir o
que é fundo.

CAMPO PSICOLÓGICO
O campo psicológico é entendido como um campo de força que nos leva a
procurar a boa forma. Funciona figurativamente como um campo eletromagnético
criado por um ímã (a força de atração e repulsão). Esse campo de força psicológico tem
uma tendência que garante a busca da melhor forma possível em situações que não
estão muito estruturadas.

5
Psicologia da Educação - 2020

- INSIGHT

A Psicologia da Gestalt, diferentemente do associacionismo (capítulo 2), vê a


aprendizagem como a relação entre o todo e a parte, onde o todo tem papel
fundamental na compreensão do objeto percebido, enquanto as teorias de S-R
(Associacionismo, Behaviorismo) acreditam que aprendemos estabelecendo relações —
dos objetos mais simples para os mais complexos.

Nem sempre as situações vividas por nós apresentam-se de forma tão clara que
permita sua percepção imediata. Essas situações dificultam o processo de
aprendizagem, porque não permitem uma clara definição da figura-fundo, impedindo a
relação parte/todo.
Acontece, às vezes, de estarmos olhando para uma figura que não tem sentido
para nós e, de repente, sem que tenhamos feito nenhum esforço especial para isso, a
relação figura-fundo elucida-se.
A esse fenômeno a Gestalt dá o nome de insight. O termo designa uma
compreensão imediata, enquanto uma espécie de “entendimento interno”.

- Leis da Gestalt
Essas leis foram estabelecidas a partir da observação do comportamento do
cérebro ao longo do processo de percepção das formas e imagens.

As Leis Básicas da Gestalt são: Pregnância, Unidade, Segregação, Proximidade, ,


Semelhança, Unificação, Continuidade, Fechamento.

1. Lei da Pregnância (Lei da Simplicidade): os elementos presentes em


determinado ambiente são vistos da forma mais simples possível, isto
para que haja a rápida assimilação do ambiente ou do elemento.

A Lei da Pregnância da Forma ficou definida como “O princípio básico da percepção


visual da Gestalt. Diz que sempre enxergamos a composição visual como um todo antes
de nos aprofundarmos nos seus elementos. Por isso, quanto mais simples as figuras, mais
facilmente são compreendidas, enquanto figuras mais complexas levam mais tempo para
serem assimiladas”. Na prática, podemos entender a pregnância da forma como a
“legibilidade” de uma composição, ou seja, o quão claro e fácil de ser interpretada ela é.

6
Psicologia da Educação - 2020

Composições com alta pregnância são aquelas facilmente interpretadas, ou seja, que
possuem suas informações de forma que o receptor consiga entendê-las rapidamente,
assim que bate o olho na imagem. Já aquelas peças em que a legibilidade é mais
complicada e complexa e, consequentemente, demanda um esforço do espectador para
conseguir interpretar suas informações e sentidos são ditas de baixa pregnância. Na
imagem abaixo, fica fácil entender do que se trata essa lei:

A imagem abaixo é um exemplo de composição de baixa pregnância, uma vez que


a quantidade de cores, formas e elementos acaba tornando a imagem cheia ao ponto do
espectador necessitar de um certo tempo para conseguir identificar que, por exemplo,
as casas estão de cabeça para baixo.

7
Psicologia da Educação - 2020

2. Lei da Unidade (Lei da Unificação): espaços vazios de imagens


abstratas são preenchidos instintivamente para que sejam
compreendidas pela menta humana.

A unidade, que pode ser traduzida por um elemento identificado de acordo com
suas características como a parte irredutível em um compilado, seja por sua cor, forma,
ou dimensão. É muito comum que os elementos únicos se combinem em função de uma
unidade maior, tornando-se assim subunidades. Como segunda lei dos princípios
da Gestalt, a lei da unidade é essencial na criação, pois se faz presente na organização
e disposição de elementos, permitindo composições originais e criativas a partir de
unidades já existentes.

Anúncio da Heinz utilizando pedaços de tomate para compor o formato de uma


garrafa de ketchup tradicional. A proposta do anúncio é evidenciar o frescor e a saúde
que o tomate puro sem conservantes traz consigo.

8
Psicologia da Educação - 2020

3. Lei da Segregação: A terceira lei dos princípios da Gestalt dita que


nosso cérebro tem a capacidade de diferenciar ou evidenciar objetos,
ainda que sobrepostos. Isso se deve à variação de forma e estética que
um elemento tem em comparação com outro. Desse modo, os
estímulos visuais de cada unidade também são diferentes.
A segregação ocorre de várias maneiras: pontos, linhas, planos, volumes,
sombras, brilhos, texturas, relevos, entre outras formas.
No campo do design é sempre bom estar atento aos contrastes de elementos. O
contraste permite uma melhor leitura visual e entendimento do fluxo da mensagem
pelo público. A segregação ainda trabalha na questão da hierarquia de importância dos
objetos. É possível dar maior peso a uma parte da mensagem em relação à outra.

Anúncio do MC Donald’s, que realiza um jogo de interpretação ao substituir os


ingredientes do sanduíche por livros de culinária.

Anúncio da Land Rover, destacando hipopótamos e o carro Freelander ao fundo, ambos


dentro da água.

4. Lei da Proximidade: elementos próximos tendem a se agrupar,


formando imagens únicas.
De acordo com a Gestalt, elementos muito próximos uns dos outros, se
encaixando harmoniosamente, são processados em nosso cérebro como elementos
conjuntos, ou unidades. É o princípio da proximidade. Além disso, se tais elementos são
semelhantes reforçam ainda mais nosso cérebro para a leitura de um só objeto.

Os designers utilizam muito o princípio na criação de identidades visuais,


principalmente em tipografias e elementos que, em tese, seriam comuns, mas com um
9
Psicologia da Educação - 2020

recurso simples se tornam vários elementos. O resultado geralmente se torna uma


unidade sólida e criativa:

5. Lei da Semelhança: imagens similares tendem a se agruparem


entre si, de acordo com a percepção da mente humana. Na publicidade, essa lei
geralmente é utilizada para criar releituras a partir do agrupamento de outras formas
que são iguais ou parecidas entre si. Na prática, isso significa dizer que quando vemos
vários elementos parecidos, nosso cérebro os agrupa de forma simples. Na imagem
abaixo, por exemplo, fica fácil entender o significado prático desta lei:

Como pode-se ver, a imagem é formada por círculos e quadrados da mesma cor.
De acordo com a lei da semelhança, nosso cérebro interpreta essa figura como sendo
formada por colunas de círculos e colunas de quadrados dispostas paralelamente, e não
como linhas formadas por círculos e quadrados intercalados. Ou seja, juntamos os
elementos semelhantes em colunas antes de ver linhas com elementos diferentes.

Anúncio da Shootz Cafe


& BillIards, no qual dois grupos
de bolas de sinuca de cores
semelhantes se agrupam para
formar uma nova composição.

10
Psicologia da Educação - 2020

6. Lei da Unificação: Um objeto formado por várias unidades pode ser


harmoniosamente simétrico ou não. Quando ocorre um peso igual de
pregnância, proximidade, unidade e semelhança entre objetos de um
mesmo composto, podemos dizer que há uma unificação perfeita.
Assim como a lei da segregação, existem níveis de classificação que
variam de uma pior ou melhor organização de forma.

Um exemplo de unificação perfeita são as mandalas, que utilizam na proporção


balanceada dois princípios da Gestalt – semelhança e proximidade – para criar
composições simétricas e agradáveis.

7. Lei da Continuidade: pontos que são conectados pelo formato de uma


reta ou curva, transmitem a sensação de haver uma única linha que os
ligam.
A sétima lei dos princípios da Gestalt, a lei da continuidade diz respeito à maneira
como a percepção do fluxo e sequência dos elementos funciona em nosso cérebro.
Trata-se da tendência dos objetos em seguir uma linha de fluidez visual gradativa. Isso
é feito através de formas, linhas, cores, profundidade, planos, etc. Se você enxerga
elementos em uma composição de modo ininterrupto, essa peça tem uma boa
continuidade.

A prioridade da continuidade é estabelecer sempre a melhor forma possível aos


olhos. Há inúmeros exemplos concretos de aplicação da lei da continuidade:
a arquitetura de edifícios, escala de cores, estradas, diagramação de textos em revistas
e livros.

11
Psicologia da Educação - 2020

Estádios de futebol são um ótimo exemplo de continuidade. O Mineirão repete as formas e


linhas de maneira sequencial em todo o seu contorno.

8. Lei do Fechamento: elementos que aparentam se completar são


interpretados como um objeto completo. O fechamento estabelece
que o nosso cérebro tem a inclinação de fechar ou concluir formas que
vemos inacabadas ou abertas. Isso se deve a padrões sensoriais e de
ordem espacial que temos em nossa mente.

Ou seja, ao se guiar pela continuidade de uma forma, prevemos toda a sua


estrutura. Um exercício que fazíamos de fechamento quando crianças é o famoso
“ligue os pontos”. Antes de terminar o desenho já imaginávamos o resultado do
fechamento das linhas.

12
Psicologia da Educação - 2020

Este anúncio simples da


Coca-Cola simula uma
garrafa entre talheres. Sem
sua
silhueta completa, possuímos
a forma em nossa memória.
Pois se trata de um objeto
simples e famoso que se faz
presente em nossa cultura.

- Contribuições da Gestalt para a Educação:


Princípios da Gestalt na educação

Os princípios da teoria da Gestalt estão presentes na compreensão do fenômeno de


aprendizagem. Portanto, são importantes para o ensino:

o O aluno mais inteligente terá mais facilidade para obter insights.


o A experiência passada, apesar de não resolver o problema, facilita a compreensão
de uma nova situação.
o O insight é facilitado se os estímulos estiverem organizados de forma a facilitar a
percepção.
o Oferecer a oportunidade de agir sobre os elementos do meio para facilitar a
organização do campo perceptivo.
13
Psicologia da Educação - 2020

Recomendações:

 A matéria deve ser apresentada de forma clara, integrada;


 Oferecer a oportunidade de agir sobre os elementos do meio para facilitar a
organização do campo perceptivo;
 Todos os elementos necessários à compreensão devem ser fornecidos;
 Manter os elementos visíveis, disponíveis no seu campo perceptivo;
 Estimular os alunos a realizar insights.
 Necessidade de boas explicações, caso contrário, a criança preencherá com
fechamentos os elementos faltantes. Esses elementos utilizados podem ser
retirados de sua fantasia.

- Relação de Gradação: Ao percebermos as coisas, estabelecemos um relacionamento


de gradação entre as várias partes dessa coisa percebida. A criança vê a forma total:
tatu - taba
O fato de a criança, de início perceber a forma total, a gestalt das coisas, e
estabelecer uma gradação entre as várias partes dessa coisa percebida, aconselha-se o
ensino pela apresentação inicial de frases e palavras completas para que haja
oportunidade de estabelecimento dessa relação de gradação, desaconselha a
apresentação inicial de letras ou sílabas isoladas. O ensino silábico de uma consoante
em uma só vez dificulta a aprendizagem da criança, levando-a a confundir as sílabas,
quando o que queremos é levá-la a distinguir.

Na Gestalt, o ensino é centrado no aluno e o educador tem como função dar


assistência ao educando de forma a não transmitir o conhecimento, cabendo aqui o
papel do tutor/monitor na modalidade de EAD, os quais devem ser facilitadores da
aprendizagem, consistindo na compreensão, aceitação e confiança em relação ao aluno.
Necessita aceitar o aluno como ele é.
A intervenção do educador deverá ser a mínima possível, devendo criar um clima
favorável à aprendizagem. O conteúdo não deve ser repassado, uma vez que ele é
adquirido da experiência vivida do aluno. Enfim, o intuito das afirmativas evidenciadas
nesse módulo foi demonstrar a importância e a junção das teorias da aprendizagem, em
razão de todas exercerem papel relevante, tanto no ensino convencional (presencial)
como no ensino a distância, sendo conceitos importantes no trabalho pedagógico.
Os métodos de alfabetização podem nos auxiliar a pensar algumas questões
relativas a diferentes maneiras de conceber a aprendizagem. Os chamados métodos
sintéticos entendem que se deve inicialmente ensinar a criança a nomear, grafar e
14
Psicologia da Educação - 2020

reproduzir o valor sonoro de todas as letras (elementos mais simples) e, depois disso,
ela estará apta a associar as letras entre si para formar sílabas.
Na sequência ela associará sílabas entre si para formar palavras e finalmente
formará orações. Os chamados métodos analíticos seguem um caminho exatamente
oposto pois primeiramente é apresentado o todo (palavra, frase ou texto), enquanto
unidade de significação, e somente após partem para o exame das partes e das relações
que elas mantém entre si para formarem esse todo.
 Aprendizagem por Gradação: Destaca, entre o resto, uma parte do objeto que
estamos percebendo, sendo chamadas respectivamente de "figura" e "fundo".
Ao alfabetizar uma criança, apresentamos a mesma palavra em sentenças
diferentes, para que essa palavra se destaque dentre as demais. Exemplo: Lili têm
uma pata. A pata nada no lago. As penas da pata são brancas.
 Aprendizagem por Assimilação: Este processo pode ser ilustrado pelo fato de
que uma criança é capaz de escrever uma palavra nova, por exemplo - camelo-
por ter aprendido anteriormente as palavras: boneca, menino e lobo.
 Aprendizagem por Redefinição: Se baseia na teoria de que, para percebermos as
coisas, relacionamos gradativamente as várias partes dessa coisa percebida. O
fato da criança, inicialmente, perceber a "forma total", a "gestalt" das coisas e
estabelecer gradação entre suas partes aconselha o ensino pela apresentação
inicial de frases e palavras completas para que haja oportunidade de
estabelecimento dessa gradação. O ensino de uma consoante em uma só vez
dificulta a aprendizagem da criança, levando-a a confundi-las.

 Referências:
BOCK, Ana Maria Bahia. Psicologias. Uma Introdução ao Estudo de Psicologia.
SãoPaulo: Saraiva, 1996.

https://blog.revendakwg.com.br/inspiracao-design/teoria-e-principais-leis-da-
gestalt-um-estudo-da-forma/

15
Psicologia da Educação - 2020

16

Você também pode gostar