Você está na página 1de 18

QUÍMICA

FÍSICO-QUÍMICA É a maior massa de soluto capaz de ser dissolvida


por agitação em certa massa de solvente a uma
SOLUÇÕES
determinada temperatura. Por exemplo, para o
nitrato de potássio: Ks (KNO3) = 633g KNO3 /
Uma solução é uma mistura homogênea (tipo de 1000g H2O A 40ºC. Isso significa que 100g de
mistura onde não é possível distinguir de forma água, a 40ºC, dissolve por agitação, no máximo,
individual cada um dos seus componentes) de um 633g de KNO3 – qualquer excesso precipita.
soluto (substância sendo dissolvida) em um
solvente (substância que efetua a dissolução). As
CURVAS DE SOLUBILIDADE
soluções são encontradas em quaisquer dos três
estados físicos: gasoso, líquido ou sólido. O ar,
A solubilidade dos sólidos nos líquidos é
solução gasosa mais comum, é uma mistura de
praticamente independente da pressão. Desta
nitrogênio, oxigênio e quantidades menores de
forma, o único fator físico (o outro fator é químico,
outros gases. Muitas ligas metálicas são soluções
é a própria natureza química do sólido e do líquido
sólidas como o “níquel” das moedas (25% Ni, 75%
envolvido) que influi na solubilidade é a
Cu). As soluções mais familiares estão no estado
temperatura. Chamam-se curvas de solubilidade
líquido, especialmente aquelas nas quais a água é
os gráficos que representam a solubilidade da
o solvente.
substância em função da temperatura.

CLASSIFICAÇÃO DAS SOLUÇÕES QUANTO À Exemplificando:


PROPORÇÃO SOLUTO – SOLVENTE

Uma primeira classificação divide as soluções em


saturadas, insaturadas e supersaturadas.

a) Solução Saturada: é aquela que contém, a


uma dada temperatura, o máximo de soluto
possível de ser dissolvido por agitação naquela
quantidade de solvente.
b) Soluções Insaturadas: é aquela que contém, a
uma dada temperatura, menos do que o máximo
de soluto possível de ser dissolvido naquela
quantidade de solvente.
c) Saturada com corpo de fundo: é aquela que
possui quantidade de soluto superior ao máximo O gráfico abaixo mostra a solubilidade de vários
permitido e o excesso, que não dissolveu, vai para sais:
o fundo do recipiente.
d) Solução Supersaturada: é aquela que contém,
graças à variação de temperatura, uma
quantidade de soluto maior do que a encontrada
na solução saturada à mesma temperatura.

SOLUBILIDADE DE GASES EM LÍQUIDOS

Normalmente gases são pouco solúveis em


líquidos. Dois fatores podem influenciar nessa
solubilidade:

● Temperatura: O aumento da temperatura


diminui a solubilidade dos gases no
líquido.
● Pressão: A relação é estabelecida pela lei
de Henry Este gráfico mostra que existem substâncias cja
solubilidade aumenta com a temperatura, como
“Em temperatura constante, a solubilidade de um NaNO3, KNO3 e NH4Cl. A solubilidade de outras
gás no líquido é diretamente proporcional à substâncias, como o NaCl, é pouco afetada por
pressão.” variações de temperatura. Existem umas poucas
substâncias cuja solubilidade diminui com a
COEFICIENTE DE SOLUBILIDADE – Ks temperatura. O sulfato de cério, (Ce3(SO4)3), é um
dos principais exemplos.

230
QUÍMICA
UNIDADES DE CONCENTRAÇÃO
IV. Concentração (em g/L)
Chamamos de concentração de uma solução
qualquer relação entre a quantidade de soluto e a É a massa em gramas de soluto contida em 1 litro
𝑚
quantidade de solução ou solvente. Vamos de solução. Podemos escrever: C = , onde m é a
𝑉
estudar diversas unidades de concentração. massa do soluto em gramas e V o volume da
solução em litros.
OBS.: Índices importantes
Vamos exemplificar com o soro fisiológico, que é
● Índice 1: Relativo ao soluto; uma solução de NaCl a 0,9%. Isso corresponde
● Índice 2: Relativo ao solvente; 0,9g de NaCl em 100mL de solução, ou seja, 9g
● Sem Índice: relativo à solução. de NaCl por litro de solução. Logo, se
multiplicarmos por 10 o valor numérico da
I. Percentagem em massa (%m)
percentagem, obteremos o valor numérico da
concentração em gramas por litro.
Também pode ser chamada de percentagem em
peso (%p). Se uma solução é x%m, isto quer dizer
Muitas relações importantes já podem ser tiradas,
que há xg do soluto em 100g da solução. Por
observe:
exemplo, o ácido sulfúrico concentrado é uma
solução a 96%m: existem 96g de H2SO4 puro para
✔ % = %m . d
cada 100g da solução.
✔ C = % . 10
✔ C = %m . d . 10
Exemplos:
Exemplos
a) Determine a massa de cloreto de sódio
existente em 50g de solução a 10% em massa?
a) Qual a concentração em g/L de uma solução
b) Qual será a massa de solução de ácido
que apresenta 12g de um sal dissolvido em 200mL
sulfúrico a 50% em massa que encerra 20g de
de solução?
ácido soluto?
b) Que massa de NaCl está contida em 300mL de
uma solução de concentração igual a 70g/L?
II. Massa Específica (Densidade)
V. Molaridade
É a relação entre a massa de uma solução e o
volume por ela ocupado. As unidades são g/mL e
É a relação entre o número de mols do soluto e o
Kg/L (estas unidades são equivalentes). Massa
volume da solução em litros.
específica não é uma unidade de concentração,
mas é muito útil na conversão de uma unidade
Exemplificando: uma solução 2M (lê-se 2 molar) é
para outra. É muito comum chamar-se massa
aquela que apresenta 2 mols do soluto por litro de
específica de densidade. Exemplificando
solução. A fórmula, que dará origem a todas às
novamente com o ácido sulfúrico concentrado, sua 𝑛0 𝑑𝑒 𝑚𝑜𝑙𝑠
massa específica é 1,84g/mL ou 1,84kg/L. Ou outras, é: M = onde V – volume da
𝑉
seja, 1 litro dessa solução tem massa de 1,84kg. solução em litros.

Exemplos: O número de mols pode ser calculado dividindo-se


a massa do soluto pela massa molar: n.º de mols
𝑚
a) Calcular a massa de uma solução de ácido =
𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑚𝑜𝑙𝑎𝑟
sulfúrico cujo volume é 5 litros e tem densidade
1,2 g/mL. As seguintes fórmulas são muito usadas (a
b) Em um laboratório de análises clínicas, encheu- primeira é a mais usada de todas, sendo chamada
se um areômetro com 20cm3 de urina. A massa de de fórmula fundamental):
urina foi determinada como sendo 22g. Qual a
massa específica da urina? 𝑚
M=
𝑉 . 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑚𝑜𝑙𝑎𝑟

III. Porcentagem (%)


Onde
Se uma solução é x%, isto significa que há xg do
soluto dissolvido em 100 mL (mililitros) da solução. m – massa do soluto em gramas
Exemplificando com o soro fisiológico, sua V – volume da solução em litros
percentagem é 0,9%. Ou seja, existem 0,9g de Massa molar – do soluto n.º de mols = V . M
NaCl em 100 mL de soro fisiológico.

231
QUÍMICA
10 . %𝑚 . 𝑑 Chama-se diluir uma solução ao acréscimo de
M=
𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑚𝑜𝑙𝑎𝑟
solvente. Ou seja: diluir é normalmente
acrescentar água.
Onde

Como só acrescentamos solvente, e não soluto,


%m – percentagem em massa
podemos dizer que o número de mols antes da
d – densidade
diluiçnao é igual ao número de mols depois da
10 . % diluição. Assim sendo:
M=
𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑚𝑜𝑙𝑎𝑟
n.º de mols antes = n.º de mols depois
𝐶
M= Va . Ma = Vd . Md
𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑚𝑜𝑙𝑎𝑟

Onde C = concentração em g/L Duas observações importantes:

Exemplos: ❖ Podemos usar os volumes em qualquer


unidade, desde que usemos a mesma
unidade nos dois lados da fórmula.
a) Quantos mols de soluto existem em 1,2 litros de
❖ Nem Va nem Vd corresponde ao volume
solução 4M?
de água adicionado. Este deve ser
b) Quantos gramas de brometo de cálcio estão calculado pela diferença Vd – Va.
dissolvidos em 300mL de solução 0,10 M dessa
substância? Exemplos:

VI. Fração Molar (X) a) A que volume devemos diluir 10mL de uma
solução 6M de NaOH para torná-la 0,1M?
Define-se fração molar de um componente de uma b) Que volume de água destilada devemos juntar
solução como sendo a razão entre o número de a 0,5 litro de uma solução de ácido sulfúrico a 90%
mols deste componente e o número total de mols em massa e de densidade 1,8g/mL a fim de se
desta solução. Para uma solução de apenas dois obter uma solução exatamente 10M?
componentes, 1 e 2, podemos escrever:
IX. Mistura de soluções de mesmo soluto
𝑛1 𝑛2
X1 = e X2 =
𝑛1 + 𝑛2 𝑛1 + 𝑛2
Considere duas soluções de mesmo soluto, a
É fácil ver que a fração molar é um número primeira de volume V1 e molaridade M1; a
adimensional, compreendido entre 0 e 1. Observe segunda de volume V2 e molaridade M2. A
ainda que X1 + X2 = 1. mistura terá volume (V1 + V2), e molaridade M3,
intermediária entre M1 e M2.
Exemplos:
O número de mols da primeira solução mais o
a) A percentagem em massa de etanol (C2H6O) número de mols da segunda solução é igual ao
em uma solução aquosa dessa substância é igual número de mols da mistura. Ou seja: V1 . M1 + V2
a 46%. Calcule a fração molar da água nessa . M2 = (V1 + V2) . M3
solução.
b) Uma solução de NaOH contém 160g de NaOH Exemplo
por litro. Qual a fração molar do soluto, sabendo-
se que a densidade da solução é 1,1g/mL? a) 4 litros de solução aquosa 2M de NaOH foram
adicionados a 12 litros de solução aquosa 0,5M do
VII. Partes por milhão-ppm mesmo soluto. Qual a molaridade da solução
final?
Indica quantas partes de soluto existem em um b) 250mL de uma solução 0,2M de H2SO4 foram
milhão de partes de solvente. misturados com 500mL de uma outra solução de
H2SO4 resultando uma solução 0,4M. Qual a
Ex: No ar atmosférico a quantidade de CO2 é molaridade da segunda solução?
350ppm= 350 gramas de CO2 por milhão de
gramas de ar. EXERCÍCIOS

VIII. Diluição de Soluções 1. (ENEM-2016) O soro fisiológico é uma solução


aquosa de cloreto de sódio (NaCl) comumente
utilizada para higienização ocular, nasal, de
ferimentos e de lentes de contato. Sua
concentração é 0,90% em massa e densidade
232
QUÍMICA
igual a 1,00 g/mL. Qual massa de NaCl, em
grama, deverá ser adicionada à água para Propriedades coligativas são propriedades que
preparar 500 mL desse soro? dependem apenas do número de partículas
dispersas na solução, independente da natureza
a) 0,45 delas. Existem quatro propriedades coligativas,
b) 0,90 são elas tonometria, ebuliometria, criometria e
c) 4,50 osmometria.
d) 9,00
e) 45,00 Antes de entrar em cada propriedade coligativa,
vamos discutir alguns pontos importantes das
2. Determine a massa de água que deve ser mudanças de estado físico.
adicionada de uma solução aquosa de hidróxido
de potássio, a 45% em peso, a fim de convertê-la 1. Relação das mudanças de estado físico
em outra solução a 15% em peso.
1.1 Evaporação dos líquidos puros
a) 225g
b) 337,5g Todos já vimos uma poça de água secar
c) 255g (evaporar), assim como também sabemos que o
d) 335,7g ponto de ebulição da água é 100°C. Logicamente,
e) 200g não temos a temperatura do ambiente tão
elevada. Como essa poça evapora?
3. Tem-se 500g de uma solução aquosa de
sacarose (C12H22O11), saturada a 50°C. Qual a A evaporação ocorre em qualquer temperatura,
massa de cristais que se separam da solução, pois as moléculas não ficam paradas, estão
quando ela é resfriada até 30°C? sempre em movimento. Nem todas as moléculas
têm a mesma velocidade, e algumas, então,
Dados: Coeficiente de solubilidade (Cs) da conseguem “escapar” do líquido e irem para a
sacarose em água: Cs à 30°C = 220g/100g de atmosfera. A esse fenômeno damos o nome de
água; Cs à 50°C = 260g/100g de água. evaporação.

a) 40,0g Ao imaginarmos um recipiente fechado com o


b) 28,8g líquido colocado, e que anteriormente havia
c) 84,25g apenas vácuo. No início, a evaporação é rápida,
d) 55,5g depois mais lenta, até que parece cessar.
e) 62,5g Acontece que como o recipiente é fechado, as
moléculas na têm para onde ir, e como as
4. (ENEM 2016) Para cada litro de etanol moléculas gasosas têm maior velocidade, elas
produzido em uma indústria de cana-de-açúcar começam a se chocar e voltam para a fase líquida.
são gerados cerca de 18 L de vinhaça que é Assim, parece que a evaporação cessou, mas o
utilizada na irrigação das plantações de cana-de- que ocorreu foi um equilíbrio dinâmico entre as
açúcar, já que contém teores médios de nutrientes fases, ou seja, a velocidade de evaporação do
N, P e K iguais a 357 mg/L, 60 mg/L e 2034 mg/L, líquido tornou-se igual à velocidade de
respectivamente. condensação de seus vapores. Quando isso
acontece, dizemos que os vapores do líquido
SILVA, M. A. S.; GRIEBELER, N. P.; BORGES, L. C. alcançaram o estado dos vapores saturados e a
Uso de vinhaça e impactos nas propriedades do loso e pressão máxima de vapor do líquido foi alcançada,
lençol freático. Revista Brasileira de Engenharia na temperatura em que a experiência foi realizada.
Agrícola e Ambiental, n. 1, 2007 (adaptado). Pressão máxima de vapor de um líquido é a
pressão exercida pelos vapores saturados quando
Na produção de 27000 L de etanol, a quantidade estão em equilíbrio dinâmico com o líquido.
total de fósforo, em kg, disponível na vinhaça será
mais próxima de: A pressão máxima de vapor depende do líquido e
da temperatura em que a experiência é feita.
a) 1.0
b) 29.0
c) 60.0
d) 170.0
e) 1000.0

PROPRIEDADES COLIGATIVAS

233
QUÍMICA

Esse diagrama nos mostra as regiões dos três


estados físicos da água e as linhas de fronteira,
onde 1T marca a passagem do gelo para água
líquida e vice-versa; 2T marca a passagem da
água líquida para a forma de vapor e vice-versa; e
3T marca a passagem do gelo para a forma de
vapor e vice-versa.
1.2 Ebulição dos líquidos puros
O ponto T é a temperatura e pressão onde os três
Existem duas formas para uma substância passar estados físicos coexistem e é chamado de ponto
do estado líquido para o gasoso. triplo.

Evaporação: Ocorre lentamente e apenas na Conhecidas as relações de mudanças de estado


superfície do líquido; físico, vamos estudar as propriedades coligativas
Ebulição: Ocorre de forma turbulenta, com propriamente ditas.
formação de bolhas de vapor que se formam no
líquido, se expandem, vão até a superfície do 2. Os efeitos coligativos
líquido e “explodem”.
2.1 Efeito tonométrico
Para isso acontecer, a pressão de vapor no
interior de cada bolha tem que ser igual ou um Tonometria é a diminuição ou abaixamento da
pouco superior que a pressão externa, que no pressão máxima de vapor do solvente pela
caso de um recipiente aberto, é a pressão dissolução de um soluto não-volátil.
atmosférica.

onde p0 é a pressão máxima de vapor do líquido


puro, à uma temperatura t; p é a pressão máxima
de vapor da solução, na mesma temperatura t; ∆p
é o abaixamento absoluto da pressão máxima de
vapor da solução.

O abaixamento da pressão máxima de vapor de


uma solução é, normalmente, calculado pela Lei
de Raoult, que diz que a pressão de vapor do
1.3 Congelamento de líquidos puros solvente em uma solução de soluto não-eletrólito e
não-volátil, é igual ao produto da fração em
A temperatura de solidificação varia muito pouco quantidade de matéria do solvente pela pressão
com a variação da pressão externa, ao contrário de vapor do solvente puro, numa dada
da temperatura de ebulição. temperatura.

1.4 Diagrama de fases

Todas as substâncias apresentam um diagrama


de fases, mas o da água é o mais conhecido, por
isso, vamos colocá-lo como ilustração.

234
QUÍMICA
dissolve e se distribui uniformemente pela solução.
Chamamos esse fenômeno de difusão. Logo, a
difusão se caracteriza pelo movimento espontâneo
entre partículas de naturezas diferentes que se
misturam e dão origem a uma solução.

Podemos imaginar um obstáculo que impeça a


passagem do açúcar, mas não da água. A esse
obstáculo podemos dar o nome de membrana
semipermeável, que permite a passagem do
solvente, mas não do soluto.

2.2 Efeito ebuliométrico Se temos um recipiente dividido por uma


membrana semipermeável, podemos colocar de
Ebuliometria é o aumento ou elevação da um lado água pura e do uma solução saturada de
temperatura de ebulição do solvente pela açúcar até igualar os níveis. Após um tempo,
dissolução de um soluto não-volátil. vamos perceber que a parte com água pura
diminuiu o volume, enquanto que parte da solução
saturada de açúcar aumentou o volume.

Como dito, a membrana impede a passagem do


onde te é a temperatura inicial de ebulição da
soluto, e, portanto o açúcar não pôde se difundir
solução e t0 é a temperatura de ebulição do líquido
por todo o recipiente. Então, a água atravessou a
puro.
membrana “à procura” do açúcar. O movimento
que a água fez de atravessar a membrana
semipermeável, é chamado de osmose e a
pressão que impulsiona a água, chama-se
pressão osmótica. Pressão osmótica é então
definida como a pressão exercida sobre a solução
saturada para impedir sua diluição pela passagem
do solvente através da membrana semipermeável.

Com o tempo de ocorrência da osmose, o volume


da solução mais concentrada aumenta e exerce
sobre a membrana semipermeável uma pressão,
impedindo a continuação da passagem do
solvente. Por isso, aplica-se a pressão osmótica,
para que a osmose sequer comece.

2.3 Efeito criométrico

Criometria é a diminuição ou abaixamento da


temperatura de solidificação pela dissolução de
um soluto não-volátil.

onde t0 é a temperatura de solidificação do


solvente puro e tc é a temperatura de de início da 2.4.2 Leis da osmometria
solidificação do solvente na solução.
Existem duas leis que regem a osmometria.
2.4 Osmometria
1alei: A pressão osmótica é diretamente
2.4.1 Conceitos gerais proporcional à molaridade da solução, quando em
temperatura constante.
Quando adicionamos açúcar a um copo com água 2alei: A pressão osmótica é diretamente
e não agitamos, inicialmente o açúcar vai para o proporcional à temperatura absoluta da solução,
fundo, mas com o passar do tempo, ele se em molaridade constante.

235
QUÍMICA
Como essas leis se assemelham muito às leis dos árvores pintadas com cal, é devida ao processo
gases ideais, a equação fundamental da de:
osmometria, para soluções moleculares e diluídas,
é idêntica à equação dos gases ideais. a) difusão, pois a cal se difunde nos corpos dos
seres do microambiente e os intoxica.
b) osmose, pois a cal retira água do
microambiente, tornando-o inviável ao
desenvolvimento de microrganismos.
2.4.3 Classificação das soluções
c) oxidação, pois a luz solar que incide sobre o
tronco ativa fotoquimicamente a cal, que elimina
Sejam duas soluções, A e B, à mesma
os seres vivos do microambiente.
temperatura, compressões osmóticas 𝜋A e πB:
d) aquecimento, pois a luz do Sol incide sobre o
tronco e aquece a cal, que mata os seres vivos do
Hipertônica: A solução A é hipertônica em relação microambiente.
à solução B se 𝜋A > B; e) vaporização, pois a cal facilita a volatilização da
Isotônica: As soluções A e B são isotônicas entre água para a atmosfera, eliminando os seres vivos
si, se 𝜋A = 𝜋B; do microambiente.
Hipotônica: A solução A é hipotônica em relação
à solução B se, 𝜋A < 𝜋B. 2. (Enem 2013) Osmose é um processo
espontâneo que ocorre em todos os organismos
3. Propriedades coligativas nas soluções vivos e é essencial à manutenção da vida. Uma
iônicas solução 0,15 mol/L de NaCℓ (cloreto de sódio)
possui a mesma pressão osmótica das soluções
Os efeitos coligativos são maiores nas soluções presentes nas células humanas.
iônicas do que nas soluções moleculares nas
mesmas condições. A imersão de uma célula humana em uma solução
0,20 mol/L de NaCℓ tem, como consequência, a
Isso ocorre porque as propriedades coligativas
dependem do número de partículas do soluto a) adsorção de íons Na+ sobre a superfície da
dispersas na solução. Como solutos iônicos célula.
sofrem ionização e dissociação, o número de b) difusão rápida de íons Na+ para o interior da
partículas é maior nesses casos, aumentando os célula.
efeitos coligativos. c) diminuição da concentração das soluções
presentes na célula.
d) transferência de íons Na+ da célula para a
O fator de aumento dos efeitos coligativos nas
solução.
soluções iônicas é chamado de fator de Van’t Hoff e) transferência de moléculas de água do interior
e é representado pela letra i. da célula para a solução.

3. Durante o processo de produção da "carne de


sol" ou "carne seca", após imersão em salmoura
(solução aquosa saturada de cloreto de sódio), a
onde α é o grau de dissociação do eletrólito e q é
carne permanece em repouso em um lugar
o número de partículas formadas pela ionização
coberto e arejado por cerca de três dias. Observa-
de cada moléculas.
se que, mesmo sem refrigeração ou adição de
qualquer conservante, a decomposição da carne é
Basta, então, aplicar i às fórmulas anteriores para
retardada.
que elas possam ser usadas nas soluções iônicas.
Assinale a alternativa que relaciona corretamente
EXERCÍCIOS o processo responsável pela conservação da
"carne de sol".
1. (Enem 2012) A cal (óxido de cálcio, CaO), cuja
suspensão em água e muito usada como uma a) Formação de ligação hidrogênio entre as
tinta de baixo custo, dá uma tonalidade branca aos moléculas de água e os íons Na+ e Cl−.
troncos de árvores. Essa é uma prática muito b) Elevação na pressão de vapor da água contida
comum em praças públicas e locais privados, no sangue da carne.
geralmente usada para combater a proliferação de c) Redução na temperatura de evaporação da
parasitas. Essa aplicação, também chamada de água.
caiação, gera um problema: elimina d) Elevação do ponto de fusão da água.
microrganismos benéficos para a árvore. e) Desidratação da carne por osmose.

A destruição do microambiente, no tronco de


236
QUÍMICA
4. A cafeína é um estimulante muito consumido na
forma do tradicional cafezinho. O infuso de café,
preparado pela passagem de água fervente sobre
o pó, contém inúmeras espécies químicas, e o teor
de cafeína (190 g/mol) é de 1,50 % (m/m) no café
torrado e moído. Em relação ao café preparado, é
correto afirmar:

a) Para requentar este café até a fervura, é


necessária uma temperatura superior à da
ebulição da água pura.
b) A temperatura de fervura do café preparado é
igual à da água pura quando está sob as mesmas
condições de altitude e, consequentemente, sob a
mesma pressão atmosférica.
c) Como a concentração da cafeína é baixa, a 1.2 Definição de reação oxirredução
variação na temperatura de ebulição do cafezinho
preparado independe desta concentração. Quando um ou mais elementos sofrem variações
d) Pelo fato de os compostos estarem dissolvidos nos seus números de oxidação no transcorrer de
no infuso, a temperatura para levá-los à fervura uma reação química, dizemos que é uma reação
será menor que a da água pura. de oxirredução.
e) A temperatura requerida até a fervura do infuso
adoçado é menor que o isento de açúcar sob a
mesma pressão.

1.3 Agente oxidante e agente redutor


ELETROQUÍMICA

Agente oxidante é a espécie química que faz com


A eletroquímica é o ramo da química que trabalha
que algum elemento presente nos reagentes sofra
com o uso de reações químicas espontâneas para
oxidação. Logo, ele recebe os elétrons do
produzir eletricidade, e com o uso da eletricidade
elemento que oxidou e sofre a redução.
para forçar as reações químicas não-espontâneas
acontecerem.
Agente redutor é a espécie química que faz com
que algum elemento presente nos reagentes sofra
1. Oxirredução
redução. Logo, ele doa os elétrons para o
elemento que reduziu e sofre a oxidação.
Oxidação é a perda de elétrons por uma espécie
química (aumento do Nox); e a redução é o ganho
2. Pilhas
de elétrons por uma espécie química (diminuição
do Nox). Esses dois processos ocorrem em
As pilhas, conhecidas também por células
conjunto, ao qual é denominada reação de
galvânicas, são dispositivos nos quais uma reação
oxirredução.
química espontânea é usada para gerar uma
corrente elétrica.
Nox ou número de oxidação é um número que
expressa a carga real ou parcial das espécies
Uma pilha consiste de dois eletrodos, ou
químicas em compostos iônicos ou covalentes,
condutores metálicos, e um ou dois eletrólitos, um
respectivamente
meio condutor iônico. Uma das células galvânicas
cujo funcionamento é mais simples de entender é
1.1 Regras práticas para a determinação do
a pilha de Daniell baseada na reação:
Nox

• Substâncias simples: Nox = zero;


• Íons monoatômicos: Nox = própria carga
dos íons;
• Molécula ou fórmula: somatório do Nox =
zero;
• Elementos com Nox fixo.

237
QUÍMICA
Após um tempo de funcionamento da pilha
notamos no ânodo a corrosão da chapa de zinco e
o aumento da concentração de íons Zn2+ na
solução. No cátodo observa-se deposição de
cobre metálico e uma diminuição da concentração
de íons Cu2+ na solução.

A União Internacional de Química Pura e Aplicada


(IUPAC) propôs uma maneira esquemática para
representar uma cela galvânica que permite
descrever de modo rápido e simples esse tipo de
dispositivo. Para a pilha de Daniell:

2.1 Potencial do eletrodo

O potencial de oxidação (Eoxi) de um eletrodo


indica sua tendência a sofrer oxidação, ou seja, a
liberar elétrons. Já o potencial de redução (Ered),
indica a tendência do eletrodo a ganhar elétrons
sofrendo redução.

Os átomos de Zn são convertidos em Zn 2+ em um Devido a influência da temperatura e da


dos compartimentos, liberando elétrons para o concentração no potencial de eletrodo,
circuito externo, como mostra a semirreação de convencionou-se que sua medida fosse realizada
oxidação: a 25°C, em solução 1mol/L e à pressão de 1atm.
Desse modo, tem-se o potencial padrão do
eletrodo (E°).

Dizemos então, que o eletrodo de zinco é o pólo Um voltímetro é um aparelho que fornece as
negativo ou ânodo. diferenças de potencial elétrico entre os pólos de
uma pilha (ΔE). Para determinar os Eoxi e Ered
Os elétrons transferidos do Zn passam através do das diversas espécies, foi escolhido como padrão
circuito externo até o outro compartimento, onde o eletrodo de hidrogênio, ao qual foi atribuído o
os íons Cu2+ são convertidos em Cu como mostra potencial de 0 volt. Confrontando todos os metais
a semirreação de redução: com o eletrodo padrão de hidrogênio, obtiveram-
se seus E° organizando-os numa tabela.
Cu+2(aq) + 2e- → Cu(s)

Dizemos então que o eletrodo de cobre é o pólo


positivo ou cátodo.

A soma das duas semirreações de oxidação e de


redução nos fornece a equação geral da pilha:

As duas soluções eletrolíticas são ligadas através


de uma ponte salina fechando o circuito interno.
Essa ponte nada mais é que um tudo contendo
uma solução de um sal que não interfere no
processo, KCl por exemplo. Ela impede o acúmulo
de cargas elétricas nas soluções eletrolíticas
permitindo a migração dos íons de uma semicélula
à outra.

238
QUÍMICA
2.2 Diferença de potencial da pilha e sua terem mais liberdade de movimento. O processo
espontaneidade eletrolítico descrito é denominado eletrólise ígnea
por não existir água no sistema.
A diferença de potencial padrão de uma pilha
corresponde à diferença entre os potenciais de 3.1 Eletrólise em solução aquosa
redução ou de oxidação das espécies envolvidas:
É uma reação química provocada pela passagem
de corrente elétrica através de uma solução
aquosa de um eletrólito.

Nesse tipo de eletrólise devemos considerar não


só os íons provenientes da dissociação do sal,
mas também os da ionização da água.
O valor positivo de ΔE° indica que a reação ocorre
espontaneamente no sentido indicado pela Na eletrólise aquosa do cloreto de sódio:
equação. Valores negativos de ΔE° indicam que a
reação não é espontânea no sentido indicado pela
equação, ocorrendo espontaneamente a reação
inversa.

Como as reações que ocorrem em uma pilha são


espontâneas, o valor de ΔE° sempre será positivo. Íons presentes na dissociação do sal:

3. Eletrólise NaCl(aq) → Na+ (aq) +Cl- (aq)

A eletrólise é um processo de forçar uma reação a Ionização da água:


ocorrer na direção não-espontânea pelo uso da
corrente elétrica. H2O → H+ (aq) + OH-(aq)

Somente um dos cátions e um dos ânions sofre


descarga nos eletrodos. O pólo negativo
descarrega, em primeiro lugar, o cátion com maior
potencial de redução. O pólo positivo descarrega,
também em primeiro lugar, o ânion com maior
potencial de oxidação.

Os elétrons emergem da fonte e entram na célula


eletrolítica pelo cátodo, agora pólo negativo, onde
ocorre a redução. Os elétrons saem da célula
eletrolítica pelo ânodo, pólo positivo, e entram
novamente na fonte.

O fato de essa diferença de potencial ser negativa


No caso da eletrólise em meio aquoso do NaCl, o
indica que a reação não é espontânea. Para que a
íon H+ será reduzido e o íon Cl- será oxidado. Os
reação ocorra deverá ser fornecido à célula
íons Na+ e OH- continuam presentes na solução. A
eletrolítica um potencial de corrente elétrica com
equação global do processo será:
valor igual à ΔE°.

No exemplo acima o MgCl2 está fundido, ou seja,


no estado líquido, fazendo os íons Mg2+ e Cl-

239
QUÍMICA
seguintes semirreações de redução e seus
respectivos potenciais:

2 CO2 + 7 H+ + 8 e- → CH3COO- + 2 H2O


E°’ = -0,3 V
O2 + 4 H+ + 4 e- → 2 H2O
E°' = 0,8 V

SCOTT, K.; YU, E. H. Microbial


electrochemicalandfuelcells:
3.2 Aspectos quantitativos fundamentalsandapplications. WoodheadPublishing
Series in Energy, n. 88, 2016 (adaptado).
Faraday descobriu que íons de um metal são
depositados no estado sólido quando uma Nessas condições, qual é o número mínimo de
corrente elétrica circula através de uma solução biocélulas de acetato, ligadas em série,
iônica de um sal do metal. A massa, em gramas, necessárias para se obter uma diferença de
do metal eletrolisado é diretamente proporcional à potencial de 4,4 V?
carga Q que o atravessa (m ~ Q,
consequentemente m ~ i . Δt). a) 3 b) 4 c) 6 d) 9 e) 15

2. (ENEM 2019) Grupos de pesquisa em todo o


Millikan determinou que a carga elétrica de um
mundo vêm buscando soluções inovadoras,
elétron é igual a 1,6 . 10-19 C e, como sabemos 1 visando a produção de dispositivos para a geração
mol de elétrons corresponde a 6,02 . 1023 e- de energia elétrica. Dentre eles, pode-se destacar
(Constante de Avagadro), a quantidade de carga as baterias de zinco-ar, que combinam o oxigênio
transportada pela passagem de 1mol de elétrons é atmosférico e o metal zinco em um eletrólito
dada pelo produto entre esses dois valores: aquoso de caráter alcalino. O esquema de
1,6 . 10-19 C . 6,02 . 1023 = 9,65 . 104 C funcionamento da bateria zinco-ar está
apresentado na figura.
Assim 9,65 . 104 C ou 96500C á a quantidade de
carga transportada por 1 mol de elétrons e essa
quantidade é denominada constante de Faraday
(F).

Exemplo: Na eletrólise de uma solução de AgNO3,


foi utilizada uma corrente de 20 A durante 9650 s.
Calcule o número de mols de prata depositados no
cátodo.

EXERCÍCIOS

1. (ENEM 2016)

TEXTO I:
Biocélulas combustíveis são uma alternativa
tecnológica para substituição das baterias No funcionamento da bateria, a espécie química
convencionais. Em uma biocélula microbiológica, formada no ânodo é:
bactérias catalisam reações de oxidação de
substratos orgânicos. Liberam elétrons produzidos a) H2 (g)
na respiração celular para um eletrodo, onde fluem b) O2 (g)
por um circuito externo até o cátodo do sistema, c) H2O (l)
produzindo corrente elétrica. Uma reação típica d) OH- (aq)
e) Zn(OH)4 -2 (aq)
que ocorre embiocélulas microbiológicas utiliza o
acetato como substrato.
3. (ENEM 2019) Para realizar o desentupimento
AQUINO NETO, S. Preparação e caracterização de de tubulações de esgotos residenciais, é utilizada
bioanodos para biocélula a combustível etanol/O2. uma mistura sólida comercial que contém
Disponível em: www.teses.usp.br. Acesso em: 23 jun. hidróxido de sódio (NaOH) e outra espécie
2015 (adaptado). química pulverizada. Quando é adicionada água a
essa mistura, ocorre uma reação que libera gás
TEXTO II: hidrogênio e energia na forma de calor,
Em sistemas bioeletroquímicos, os potenciais
aumentando a eficiência do processo de
padrão (E°) apresentam valores característicos.
desentupimento. Considere os potenciais padrão
Para as biocélulas de acetato, considere as
240
QUÍMICA
de redução (E0) da água e de outras espécies em
d) 3 Ca2+ (aq) + 2 Fe (s) 3 Ca (s) + 2 Fe3+
meio básico, expresso no quadro. (aq).
e) 3 Cu2+ (aq) + 2 Fe (s) 3 Cu (s) + 2 Fe3+
(aq).

5. (ENEM 2017) A eletrólise é um processo não


espontâneo de grande importância para a indústria
química. Uma de suas aplicações é a obtenção do
gás cloro e do hidróxido de sódio, a partir de uma
solução aquosa de cloreto de sódio. Nesse
procedimento, utiliza-se uma célula eletroquímica,
como ilustrado.

Qual é a outra espécie que está presente na


composição da mistura sólida comercial para
aumentar sua eficiência?

a) Al
b) Co
c) Cu(OH)2
d) Fe(OH)2
e) Pb

4. (ENEM 2015) A calda bordalesa é uma


alternativa empregada no combate a doenças que
afetam folhas de plantas. Sua produção consiste
na mistura de uma solução aquosa de sulfato de
cobre(II), CuSO4, com óxido de cálcio, CaO, e sua
aplicação só deve ser realizada se estiver
levemente básica. A avaliação rudimentar da No processo eletrolítico ilustrado, o produto
basicidade dessa solução é realizada pela adição secundário obtido é
de três gotas sobre uma faca de ferro limpa. Após
três minutos, caso surja uma mancha a) vapor de água.
avermelhada no local da aplicação, afirma-se que
b) oxigênio molecular.
a calda bordalesa ainda não está com a
c) hipoclorito de sódio.
basicidade necessária. O quadro apresenta os
valores de potenciais padrão de redução (Eº) para d) hidrogênio molecular.
algumas semirreações de redução. e) cloreto de hidrogênio.

6. (ENEM 2018) Células solares à base de TiO2


sensibilizadas por corantes (S) são promissoras e
poderão vir a substituir as células de silício.
Nessas células, o corante adsorvido sobre o TiO2
é responsável por absorver a energia luminosa
(hv), e o corante excitado (S*) é capaz de
transferir elétrons para o TiO2. Um esquema
dessa célula e os processos envolvidos estão
MOTTA, I. S. Calda bordalesa: utilidades e preparo. ilustrados na figura. A conversão de energia solar
Dourados: Embrapa, 2008 (adaptado). em elétrica ocorre por meio da sequência de
reações apresentadas.
A equação química que representa a reação de
formação da mancha avermelhada é:
a) Ca2+ (aq) + 2 Cu+ (aq) Ca (s) + 2 Cu2+
(aq).
b) Ca2+ (aq) + 2 Fe2+ (aq) Ca (s) + 2 Fe3+
(aq).
c) Cu2+ (aq) + 2 Fe2+ (aq) Cu (s) + 2 Fe3+
(aq).

241
QUÍMICA
e) O vaso de barro.

TERMOQUÍMICA

A energia é um assunto de grande importância


não apenas nos meios científicos, mas também
para a sociedade em geral.

Entre as fontes energéticas mais importantes


estão os combustíveis, substâncias que ao
sofrerem combustão, liberam energia na forma de
calor.

Grande parte dos processos utilizados para obter


energia provoca sérios problemas ambientais. No
entanto, do conhecimento cada vez maior a
respeito do fluxo de energia e dos fenômenos
energéticos podem resultar novas formas de obter
energia.

A busca por fontes energéticas menos poluentes,


ou até mesmo não poluentes, é uma das
A reação 3 é fundamental para o contínuo
prioridades das pesquisas na área da
funcionamento da célula solar, pois
termoquímica.
a) reduz íons I– a I3 – .
b) regenera o corante. CALOR
c) garante que a reação 4 ocorra.
A noção mais simplificada que temos de calor está
d) promove a oxidação do corante.
ligada a quente e frio. Todos têm a ideia de que
e) transfere elétrons para o eletrodo de TiO2.
um corpo quente transfere calor para um corpo
mais frio.
7. (ENEM 2018) Em 1938 o arqueólogo alemão
Wilheim König, diretor do Museu Nacional do
Iraque, encontrou um objeto estrando na coleção Mas precisamos tomar alguns cuidados. A ideia de
da instituição, que poderia ter sido usado como calor está associada à ideia de temperatura, mas
uma pilha, similar às utilizadas em nossos dias. A um corpo não possui calor. Ao receber calor, esta
suposta pilha, datada de cerca de 200 a.C., é energia se transforma e pode aumentar a agitação
constituída de um pequeno vaso de barro (argila)
das moléculas. Isso quer dizer que o calor
no qual foram instalados um tubo de cobre, uma
barra de ferro (aparentemente corroída por ácido) recebido se transformou em energia cinética e por
e uma tampa de betume (asfalto), conforme isso a temperatura se eleva.
ilustrado. Considere os potenciais-padrão de
redução Eθ (Fe2+|Fe) = -0,44 V; Eθ (H+|H2) = Logo, podemos definir calor como a energia que é
0,00 V; e Eθ (Cu2+ |Cu) = +0,34 V. transferida entre dois corpos, ou partes diferentes
do mesmo corpo, que têm diferentes
temperaturas.

A calorimetria serve para medir a quantidade de


calor liberada ou absorvida durante um fenômeno,
e é expressa em cal/kcal ou joule (J)/kJ.

Para que fique mais claro a definição de calor: não


Nessa suposta pilha, qual dos componentes podemos confundir a temperatura de um objeto
atuaria como cátodo? com a quantidade de calor do mesmo objeto, que
depende da variação de temperatura, da massa e
a) A tampa de betume.
b) O vestígio de ácido. de uma característica própria do material chamada
c) A barra de ferro. calor específico.
d) O tubo de cobre.
242
QUÍMICA
A fórmula a seguir traduz bem esse conceito:

onde Q é a quantidade de calor liberada ou


absorvida pelo objeto, m é a massa do objeto, c é
o calor específico do objeto e ∆T é a variação de
temperatura do objeto.

CALOR x TEMPERATURA

Muitas vezes, esses dois conceitos são utilizados


como sinônimos, porém, apesar de estarem
associados, são aspectos distintos.

● A temperatura é uma grandeza física


utilizada para medir o grau de agitação ou
a energia cinética das moléculas de uma
determinada quantidade de matéria.
Quanto mais agitadas essas moléculas
estiverem, maior será sua temperatura. Nesse caso, há absorção de calor no processo,
● O calor, que também pode ser chamado portanto a Hprodutos é maior do que a Hreagentes
de energia térmica, corresponde à energia e ΔH é positivo.
em trânsito que se transfere de um corpo
para outro em razão da diferença de Reações exotérmicas: R → P + calor
temperatura. Essa transferência ocorre
sempre do corpo de maior temperatura
para o de menor temperatura até que
atinjam o equilíbrio térmico.

PROCESSOS QUE LIBERAM E ABSORVEM


CALOR

A formação e a ruptura de ligações envolvem a


interação da energia com a matéria. Assim como
na mudança de estados físicos, as transformações
da matéria ocorrem com absorção ou liberação de
energia.

São dois os processos em que há troca de energia


na forma de calor:
Nesse caso há liberação de calor, portanto a
Processo exotérmico: o sistema libera calor e o Hprodutos é menor do que a Hreagentes e ΔH é
ambiente é aquecido. negativo.
Processo endotérmico: o sistema absorve calor e
o ambiente se resfria. FATORES QUE INFLUENCIAM NAS ENTALPIAS
DAS REAÇÕES
ENTALPIA E VARIAÇÃO DE ENTALPIA
A quantidade de calor que é liberada ou absorvida
A entalpia (H) de um sistema é uma grandeza em uma reação depende das quantidades de
dada em unidade de energia que informa a reagentes e produtos que participam da reação. O
quantidade de energia desse sistema que poderia valor de ∆H escrito ao lado de uma reação química
ser transformada em calor em um processo à é referente às quantidades molares escritas na
pressão constante. A entalpia está relacionada à equação.
sua energia interna e, na prática, não pode ser
determinada. Entretanto consegue- se medir a Assim, devemos considerar a variação de entalpia
variação de entalpia (ΔH) de um processo através como um componente da própria equação,
de aparelhos chamados calorímetros. podendo participar dos cálculos estequiométricos.

O cálculo da variação de entalpia é dado pela A entalpia de uma reação depende também de
expressão genérica: fatores físicos, como: estado físico dos reagentes
e produtos da reação, a forma alotrópica dos
243
QUÍMICA
reagentes e produtos da reação, o fato dos de entalpia para a formação de uma substância
reagentes e produtos estarem ou não em solução composta a partir de seus elementos constituintes
e a concentração da mesma, e a temperatura na na forma de substâncias simples no estado
qual a reação é efetuada. padrão.

As mudanças de estado físico de uma substância


também envolvem trocas de calor. A quantidade
de energia envolvida está relacionada com as
Entalpias padrão de formação podem ser
modificações nas atrações entre as partículas da
combinadas para obter a entalpia padrão de
substância, ou seja, com as interações
qualquer reação:
intermoleculares.

Na fusão e na vaporização, as interações


moleculares são reduzidas, a entalpia da
substância aumenta caracterizando processos ENTALPIA DE COMBUSTÃO DE UMA
endotérmicos. SUBSTÂNCIA

Na liquefação há formação de interações A entalpia de combustão, ΔHc°, é a variação de


moleculares do estado líquido e na solidificação as entalpia na combustão completa de 1 mol de uma
interações moleculares ficam mais intensas. A substância no estado-padrão.
entalpia da substância diminui, caracterizando um
processo exotérmico. Reações de combustão são aquelas em que uma
substância denominada combustível, reage com o
EQUAÇÃO TERMOQUÍMICA gás oxigênio (O2). Numa combustão completa os
produtos da reação são somente CO2 e H2O.
Os processos que são feitos em calorímetros e os
dados experimentais são representados pelas
equações termoquímicas.

Nessas reações, ΔH é sempre negativo, ou seja,


A representação completa de uma reação
são reações exotérmicas.
termoquímica deve conter os coeficientes
estequiométricos de todos os participantes, os
estados físicos e o ∆H do processo. ENERGIA DE LIGAÇÃO

A energia de ligação mede o calor necessário para


quebrar 1 mol de uma determinada ligação,
supondo as substâncias no estado gasoso, a 25°e
1 atm.

CASOS PARTICULARES DAS ENTALPIAS DE A quebra de ligações é um processo endotérmico,


REAÇÃO portanto ΔH é positivo.

Para a medição das entalpias convencionou-se


arbitrariamente considerar um estado padrão. Um
elemento ou composto químico está num estado
padrão quando se apresenta em seu estado físico A energia absorvida na quebra de uma ligação é
e alotrópico mais comum e estável, a 25°C e 1 atm numericamente igual à energia liberada na sua
de pressão. Ainda por convenção temos que toda formação.
substância simples, no estado padrão, tem
entalpia igual a zero.

Grafite: H0 = 0, pois é a forma alotrópica mais Na ocorrência de uma reação química, há ruptura
estável; das ligações dos reagentes e formação de
Diamante: H0 = 2,0 kJ/mol, pois o diamante é ligações para resultar em produtos. O saldo
menos estável. energético entre a energia absorvida na ruptura
das ligações e a energia liberada na formação de
ENTALPIA PADRÃO DE FORMAÇÃO DE UMA ligações determina o ΔH de uma reação. Portanto,
SUBSTÂNCIA a variação de entalpia de uma reação pode ser
estimada usando as entalpias de ligação
A entalpia padrão de formação, ΔHf°, é a variação envolvidas.

244
QUÍMICA

LEI DE HESS C6H12O6(s) + 6O2(g) → 6CO2(g) + 6H2O(l) ΔCH = –


2800kJ
A entalpia de muitas reações químicas não pode
ser determinada experimentalmente. Assim, a CH3CH(OH)COOH(s) + 3O2(g) → 3CO2(g) + 3H2O(l)
entalpia desse tipo de reação pode ser calculada a ΔCH = – 1344Kj
partir da entalpia de outras reações, utilizando-se
a lei de Hess: O processo anaeróbico é menos vantajoso
energeticamente porque
A variação de entalpia para qualquer processo
depende somente da natureza dos reagentes e a) libera 112 kJ por mol de glicose.
dos produtos e independe do número de etapas b) libera 467 kJ por mol de glicose.
do processo ou da maneira como é realizada a c) libera 2 688 kJ por mol de glicose.
reação. d) absorve 1 344 kJ por mol de glicose.
e) absorve 2 800 kJ por mol de glicose.
De acordo com essa lei, é possível calcular a
variação de entalpia de uma reação por meio da 2. (Enem 2015) O aproveitamento de resíduos
soma algébrica de equações químicas de reações florestais vem se tornando cada dia mais atrativo,
que possuam ΔH conhecidos. pois eles são uma fonte renovável de energia. A
figura representa a queima de um bio-óleo
extraído do resíduo de madeira, sendo ∆H1 a
variação de entalpia devido à queima de 1 g desse
bio-óleo, resultando em gás carbônico e água
líquida, e ∆H2 a variação de entalpia envolvida na
conversão de 1 g de água no estado gasoso para
o estado líquido.
CONSEQUÊNCIAS DA LEI DE HESS

✔ As equações podem ser somadas como


se fossem equações matemáticas;
✔ Invertendo uma equação, devemos trocar
o sinal de ∆H;
✔ Multiplicando ou dividindo uma equação
por um número diferente de zero, o valor
de ∆H será também multiplicado ou
dividido por esse número.

ASPECTOS ESTEQUIOMÉTRICOS
A variação de entalpia, em kJ, para a queima de 5
Cálculos estequiométricos que envolvem energia g desse bio-óleo resultando em CO2 (gasoso) e
relacionam a quantidade de substância (em H2O (gasoso) é:
massa, em mols, em volume, em número de
moléculas etc.) com a quantidade de calor liberada a) -106.
ou absorvida em uma reação química. b) -94,0.
c) -82,0.
d) -21,2.
EXERCÍCIOS
e) -16,4.
1. (ENEM 2019) Glicólise é um processo que
3. (ENEM 2016) O benzeno, um importante
ocorre nas células, convertendo glicose em
solvente para a indústria química, é obtido
piruvato. Durante a prática de exercícios físicos
industrialmente pela destilação do petróleo.
que demandam grande quantidade de esforço, a
Contudo, também pode ser sintetizado pela
glicose é completamente oxidada na presença de
trimerização do acetileno catalisada por ferro
O2. Entretanto, em alguns casos, as células
metálico sob altas temperaturas, conforme a
musculares podem sofrer um déficit de O2 e a
equação química:
glicose ser convertida em duas moléculas de ácido
lático.
3 C2H2 (g) → C6H6 (l)
As equações termoquímicas para a combustão da
A energia envolvida nesse processo pode ser
glicose e do ácido lático são, respectivamente,
calculada indiretamente pela variação de entalpia
mostradas a seguir:
das reações de combustão das substâncias
245
QUÍMICA
participantes, nas mesmas condições
experimentais:

I. C2H2 (g) + 5/2 O2 (g) → 2 CO2 (g) + H2O (l)


ΔHc° = -310 kcal/mol

II. C6H6 (l) + 15/2 O2 (g) → 6 CO2 (g) + 3 H2O (l)


ΔHc° = -780 kcal/mol

A variação de entalpia do processo de


trimerização, em kcal, para a formação de um mol
de benzeno é mais próxima de

a) -1090.
b) -150.
c) -50.
d) +157.
e) +470.

04. (ENEM 2018) O carro flex é uma realidade no


Brasil. Estes veículos estão equipados com motor
que tem a capacidade de funcionar com mais de
um tipo de combustível. No entanto, as pessoas
que têm esse tipo de veículo, na hora do
abastecimento, têm sempre a dúvida: álcool ou
gasolina? Para avaliar o consumo desses
combustíveis, realizou-se um percurso com um
veículo flex, consumindo 40 litros de gasolina e no
percurso de volta utilizou-se etanol. Foi
considerado o mesmo consumo de energia tanto
no percurso de ida quanto no de volta. O quadro
resume alguns dados aproximados sobre esses
combustíveis.

O volume de etanol combustível, em litro,


consumido no percurso de volta é mais próximo de

a) 27. b) 32. c) 37. d) 58. e) 67.

4. (UFRS) Considere as transformações a que é


submetida uma amostra de água, sem que ocorra
variação da pressão externa:

Mudança de estado físico da água

Pode-se afirmar que:

a) as transformações 3 e 4 são exotérmicas.


b) as transformações 1 e 3 são exotérmicas.
c) a quantidade de energia absorvida em 3 é igual
à quantidade liberada em 4.
d) a quantidade de energia liberada em 1 é igual à
quantidade liberada em 3.

246

Você também pode gostar