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Funções da linguagem

As funções da linguagem apresentam-se nos textos e são capazes de


delimitar a intenção do enunciador. Os elementos da comunicação estão
estritamente relacionados com essas funções.

As funções da linguagem estão relacionadas com os estudos da linguagem e


da comunicação. Roman Jakobson, linguista russo, foi um dos grandes teóricos
que apresentaram ao mundo estudos referentes às funções da linguagem na
comunicação. De acordo com ele, são funções da linguagem, cada uma ligada
a um elemento da comunicação:

conativa
metalinguística
fática
poética
referencial 
emotiva"

Função referencial ou denotativa

A função referencial ou denotativa é a função da informação. Presente em


textos como artigos científicos, textos didáticos, folhetos, manuais e textos
enciclopédicos, enfatiza o referente, ou seja, o assunto ou contexto em que
aquele determinado texto está inserido. Em sua estrutura, predominam o
discurso na ordem direta e o foco na terceira pessoa com a utilização da
objetividade.
Um gênero textual bastante representativo dessa função é a notícia, cuja
intenção é a de informar os leitores sobre fatos relevantes e recentes, e que, na
maioria das vezes, constrói-se desprovida de opiniões ou sequências
linguísticas que pretendam levar ao convencimento. Se quiser saber mais
sobre esse tema, acesse: Função referencial ou denotativa."

Exemplo

Função emotiva ou expressiva

Diferentemente da função referencial ou denotativa, que preza pela


objetividade, a principal particularidade da função emotiva ou expressiva é o
caráter subjetivo, ou seja, a linguagem cumprindo a função de emitir opiniões,
emoções, desejos, sentimentos, expressões individuais.

Estruturada com sequências na primeira pessoa do discurso, tem como


representantes os artigos de opinião, diários, cartas pessoais e poemas líricos,
por exemplo. Assim, o ponto de vista de quem fala/escreve é essencial no
trabalho com a linguagem. Se quiser saber mais sobre esse tema, acesse:
Função emotiva ou expressiva.

Exemplos

Mãos Dadas

Não serei o poeta de um mundo caduco


Também não cantarei o mundo futuro
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças
Entre eles, considero a enorme realidade
O presente é tão grande, não nos afastemos
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história


Não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela
Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida
Não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes
A vida presente

Carlos Drummond de Andrade

Violência obstétrica, uma forma de desumanização das mulheres

A expressão 'violência obstétrica' ofende médicos. Dizem não existir o


fenômeno, mas casos isolados de imperícia ou negligência médicas. O que
aconteceu com a brasileira Adelir Gomes, grávida e forçada pela equipe de
saúde a realizar uma cesárea contra sua vontade, dizem ser um caso extremo,
escandalizado pelas feministas como de violência obstétrica. Não é verdade. A
violência obstétrica manifesta-se de várias formas no ciclo de vida reprodutiva
das mulheres. Em cada mulher insultada verbalmente porque sente dor no
momento do parto ou quando não lhe oferecem analgesia. Na violência sexual
sofrida em atendimento pré-natal ou em clínicas de reprodução assistida. No
uso de fórceps, na proibição de doulas ou pessoas de confiança na sala de
parto. Na cesárea como indicação médica para o parto seguro. A verdade é
que a violência obstétrica é uma forma de desumanização das mulheres.

Jornal El País Brasil, 20 de março de 2019."

Função poética

Embora tenha como nome função poética, essa função da linguagem não é
exclusiva dos poemas. Quando a intenção discursiva é a de construir uma
mensagem que valoriza o tipo em sua elaboração, vemos a manifestação
desse tipo de função.

Assim, a presença de figuras de linguagem, seja em textos poéticos, seja em


textos em prosa, bem como diferentes escolhas vocabulares, ou mesmo a
própria estruturação textual em versos com a presença de rimas demonstram a
intencionalidade do trabalho com a mensagem.

Exemplos
Função fática ou de contato

Centrada no canal ou veículo de comunicação, a função fática ou de contato é


aquela em que a intencionalidade está na manutenção do ato comunicativo, ou
seja, quando o emissor (locutor) busca estratégias para manter a interação
com o receptor (interlocutor).

Quem nunca entrou em um elevador e “jogou conversa fora” sobre como está o
clima? Mesmo nos mais despretensiosos momentos de fala, as funções da
linguagem estão presentes. Ao desejar “Bom dia!”, ou mesmo quando o
professor, em sala de aula, pergunta “Entendeu?”, percebemos o desejo de
que a comunicação siga seu curso. Do “alô” ao “tchau”, do “bom dia” a “boa
noite”, vemos que o ser humano é realmente o ser que fala e que nossos laços
sociais fortalecem-se diante da necessidade de nos comunicarmos."

Exemplo
Comunicação

É importante saber o nome das coisas. Ou, pelo menos, saber comunicar o que
você quer. Imagine-se entrando numa loja para comprar um... um... como é
mesmo o nome?

"Posso ajudá-lo, cavalheiro?"

"Pode. Eu quero um daqueles, daqueles..."

"Pois não?"

"Um... como é mesmo o nome?"

"Sim?"

"Pomba! Um... um... Que cabeça a minha. A palavra me escapou por completo.
É uma coisa simples, conhecidíssima."

"Sim senhor."

"O senhor vai dar risada quando souber."

"Sim senhor."

"Olha, é pontuda, certo?"

"O quê, cavalheiro?"

[...]

"Chame o gerente."

"Não será preciso, cavalheiro. Tenho certeza de que chegaremos a um acordo.


Essa coisa que o senhor quer, é feito do quê?"

"É de, sei lá. De metal."

"Muito bem. De metal. Ela se move?"

"Bem... É mais ou menos assim. Presta atenção nas minhas mãos. É assim,
assim, dobra aqui e encaixa na ponta, assim."

""Tem mais de uma peça? Já vem montado?"

"É inteiriço. Tenho quase certeza de que é inteiriço."

"Francamente..."
"Mas é simples! Uma coisa simples. Olha: assim, assim, uma volta aqui, vem
vindo, vem vindo, outra volta e clique, encaixa."

"Ah, tem clique. É elétrico."

"Não! Clique, que eu digo, é o barulho de encaixar."

"Já sei!"

"Ótimo!"

"O senhor quer uma antena externa de televisão."

"Não! Escuta aqui. Vamos tentar de novo..."

"Tentemos por outro lado. Para o que serve?"

"Serve assim para prender. Entende? Uma coisa pontuda que prende. Você
enfia a ponta pontuda por aqui, encaixa a ponta no sulco e prende as duas
partes de uma coisa."

"Certo. Esses instrumentos que o senhor procura funciona mais ou menos


como um gigantesco alfinete de segurança e..."

"Mas é isso! É isso! Um alfinete de segurança!"

"Mas do jeito que o senhor descrevia parecia uma coisa enorme, cavalheiro!"

"É que eu sou meio expansivo. Me vê aí um... um... Como é mesmo o nome?"

VERÍSSIMO, Luis Fernando. Comunicação. In: PARA gostar de ler, v.7. 3.ed.
São Paulo: Ática, 1982. p. 35-37."

Função conativa ou apelativa

A função conativa ou apelativa é aquela em que a ênfase está no receptor da


mensagem. Com a intencionalidade de persuadir, convencer, vemos,
estruturalmente, a presença de verbos no modo imperativo, os quais têm
intenção de indicar a forma como o outro deve agir.

Podemos verificar a ocorrência desse tipo de função em textos de caráter


publicitário, discursos políticos e religiosos, e também em cartas
argumentativas. Assim, quando o emissor (locutor) tenta influenciar o receptor
(interlocutor), certamente estamos diante da função conativa ou apelativa.

Exemplos
Meu amigo, minha amiga, se você ainda não encontrou a raiz do mal que lhe
tem trazido prejuízos por muitos anos, participe da campanha “Corte a Raiz”,
que lhe ajudará a descobrir e arrancá-la de uma vez por todas.”

“Mas, que fique bem claro, ninguém é obrigado a nada [...] nem mesmo a fazer
a Fogueira Santa. A Fogueira Santa é uma atitude exclusivamente pessoal.
Não faça sacrifício por que estamos falando, mas faça pela sua fé! Se você não
foi tocado, não ouviu a Voz da fé, do Espírito Santo, não participe! Porque se
você manifesta qualquer dúvida, mesmo um fio de dúvida, não é para ti esse
propósito de revolta”."

Função metalinguística

A função metalinguística é a função da explicação. Geralmente, ouvimos dizer


que a função metalinguística é aquela em que o código explica o próprio
código, ou seja, a linguagem explica a própria linguagem, e então teríamos o
dicionário como o principal representante dessa função.

No entanto, podemos dizer que toda forma de explicação, com expressões


como “ou seja”, “sendo assim”, “por exemplo”, introduzem a manifestação
dessa função da linguagem. Música que fala ou explica como se fazer música,
poemas que tratam do fazer poético, além de filmes que revelam como se fazer
cinema marcam a metalinguagem.

Exemplos

Significado de Código

Substantivo masculino

Coleção de leis: Código Penal. Coleção de regras e preceitos. Sistema de


símbolos que permite a representação de uma informação: código Morse.
Conjunto de regras que permite a transposição de sistemas de símbolos sem
alterar o significado da informação transmitida.

Linguística: Conjunto de todos os elementos linguísticos vigentes numa


comunidade e postos à disposição dos indivíduos para servir-lhes de meios de
comunicação; língua.

(Fonte: Dicio.com)

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