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Revista de Psicologia

LIDERANÇA, ESTILOS PESSOAIS, ESTRATÉGIAS E DESEMPENHO DE


MICRO E PEQUENOS EMPRESÁRIOS DO SETOR
INDUSTRIAL DE FORTALEZA
Revista Leadership, Personal Style, Performance and Strategies of Micro and Small
de Psicologia Entrepreneurs of the Industry Sector of Fortaleza.

Francisco Rogério de Morais Silva 1

Resumo
Este estudo investigou as relações entre características pessoais, tendências de caráter e estratégias adotadas por empresários e sua
relação com o sucesso de pequenas empresas do setor industrial de Fortaleza. As análises dos dados coletados mostraram que, a
exemplo do que foi comprovado em estudos anteriores, determinadas características pessoais são mais associadas ao bom desempe-
nho empresarial e tal associação é reforçada por estratégias relevantes para esse tipo de empresário. Além de comprovar achados de
estudos anteriores sobre essas relações, o estudo atual revelou que é possível identificar traços de caráter que, somados ou identifi-
cados com características pessoais e estratégias psicológicas ou empresariais, melhoram o desempenho empresarial. Identificou-se
uma tendência predominante dos seguintes estilos de caráter no grupo pesquisado: individualista cívico e coletivista seguidos do in-
dividualista heróico, narcisista e obsessivo. A consciência de sua competência, assumir o trabalho como valor supremo, compartilhar
suas decisões e ter a capacidade de reavaliação a partir dos próprios erros foram algumas características relacionadas aos estilos:
individualista cívico e coletivista. O estudo evidenciou que empresários com bons índices de desempenho são também os mais sa-
tisfeitos e realizados a nível pessoal e profissional, reforçando a relação entre sucesso objetivo e subjetivo. Entre as estratégias mais
utilizadas, “orientação empresarial para o desempenho da empresa e dos empregados”, “prática da inovação e do uso da criatividade”
e “profissionalismo” estão entre as mais efetivas para o alcance do sucesso empresarial.
Palavras-chave: Características pessoais. Comportamento empresarial. Desempenho. Micro e pequena empresa.

Abstract
This study investigates the relations between personal characteristics, trends of character and strategies adopted by entrepreneurs
and its relation with the success of small companies of the industrial sector of Fortaleza. The analysis of the data collected shows
that, similarly to what was proven in previous studies, certain personal characteristics are more associated to a good business per-
formance, and such association is strengthened by strategies relevant for this kind of businessperson. Besides proving conclusions
of previous studies about these relations, the present work revealed that it is possible to identify character traits that, added to or
identified with personal characteristics and psychological or business strategies, improve the business performance. A predominant
trend of the following styles of character in the searched group was identified: civic and collectivist individualist followed by heroic,
narcissist and obsessive individualist. The awareness of their ability, assuming work as a supreme value, sharing their decisions and
the capacity of reassessing from their own mistakes, were some characteristics related to the styles: civic and collectivist individual-
ist. The study evidenced that entrepreneurs with good performance indices are also the most satisfied and fulfilled at the personal
and professional levels, strengthening the relationship between objective and subjective success. Among the most employed strate-
gies: “business guidance for the performance of the company and its employees”, “practice of innovation and use of creativity” and
“professionalism” are the most effective for attaining business success.
Keywords: Personal characteristics. Business behavior. Performance. Micro and small companies.

1
Mestre em Administração. UFC. E-mail: rogeriomorais64@yahoo.com.br

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1 - INTRODUÇÃO Características pessoais, personalidade


e capital humano de um lado e sucesso
empresarial do outro são mediados por
O propósito de investigar as relações en- ações que resultam de metas ou estra-
tre características pessoais e comportamento tégias. As influências do ambiente de-
no contexto empresarial comumente compreen- terminam a eficácia dessas ações. Além
didos como descritivas de líderes empresariais disso, o contexto ambiental define em
por um lado e desempenho organizacional por que nível os resultados das ações podem
outro, tomou por base o modelo de sucesso em- ser vistos com sucesso. Paralelamente
presarial apresentado por Tupinambá (2000), à eficácia das estratégias, a escolha de
desenvolvido por Rauch e Frese (1998) em es- ações é condicionada pelas influências
tudo realizado no âmbito do projeto “Fatores de do ambiente. Por último, o modelo mos-
Sucesso de Pequenos e Médios Empresários”. tra que as estratégias podem mudar o
Tupinambá (2000) cita que referido estudo ti- ambiente: Estratégias e ambiente se
nha por finalidade comprovar a influência exer- influenciam. (FRESE e FRIEDERICH,
cida pelas características de personalidade do 1997 apud TUPINAMBÁ, 2000, p.68)
empresário no sucesso empresarial, destacan-
do que a personalidade exercia influência no
sucesso empresarial por intermédio das estra- Elemento de relevância neste estudo que
tégias escolhidas. Desta forma, em modelo sim- será abordado em capítulo específico são as mi-
plificado: cro e pequenas empresas (MPEs). O segmento,
no Brasil, tem peso econômico e social signifi-
cativo, pois representa 97% das empresas for-
[…] o sucesso empresarial é visto como mais no Brasil. Com a inclusão de estabeleci-
uma função composta pela personali- mentos informais, o total de empresas supera
dade do empresário e determinadas es- 12 milhões de estabelecimentos, evidenciando,
tratégias. […] as estratégias funcionam desta forma, economia desconhecida das enti-
como mediadores […], ocupando um lu- dades governamentais de fiscalização que ab-
gar central no modelo, elas medeiam a sorve contingente considerável de brasileiros.
relação entre personalidade e sucesso.
Desenvolvimento mais estável e acelerado
(TUPINAMBÁ, 2000, p.68)
das MPEs advem da criação de ambiente nacio-
nal favorável e do desenvolvimento de compe-
No modelo simplificado (Figura 1) apre- tências empresariais que vão desde a capacida-
sentam-se as estratégias como aspectos inter- de de identificação de oportunidade de negócio
nos, e os valores culturais como aspectos exter- e planejamento do empreendimento, até sua
nos, ou seja, o sucesso de pequenas empresas gestão competente. Grande esforço ainda deve-
é um processo adaptativo em que estratégias rá ser feito no sentido de os governos criarem
adaptadas ao ambiente têm como objetivo o os mecanismos que protejam e criem as condi-
aproveitamento de oportunidades e superação ções, de fato, de promoção do desenvolvimento
das dificuldades. A prática, assim define os em- nacional das micro e pequenas empresas. Se-
presários de sucesso. gundo caminho de desenvolvimento das MPEs,
não menos importante ou excludente, é o forta-
lecimento e ampliação de programas de apoio
Figura 01 (ver no final)
ao segmento, no esforço para o desenvolvimen-
O autor descreve, com detalhe, o modelo to das competências gerenciais do empresário.
da Figura 2, ressaltando tratar-se de atualiza- As transformações da economia mundial, ao
ção pela inclusão de outros elementos não con- longo dos últimos anos, exigem novas capaci-
siderados no modelo inicialmente apresentado dades empresariais para a atual dinâmica de
por Rauch e Frese (1998): mercado. Segundo Motta apud Sousa (2007),

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as inovações tecnológicas e as transformações com o lançamento dos fundamentos do cam-


sociais dominam a sociedade contemporânea, po de estudo e emprego do termo na literatura
pois transformam a vida e as relações de produ- pela primeira vez, até estudos mais influentes
ção de maneira acentuada. Nesta nova ordem da corrente comportamentalista, à frente David
organizacional requer-se a adoção de mudan- Clarence McClelland (1969), todos sustentam
ças nas estratégias das empresas. A realidade a existência de elementos comuns e univer-
estática já não mais existe. Mudanças, nas es- sais que habilitam empreendedores ao alcance
feras sociais, econômicas e tecnológicas, fazem do sucesso nos negócios (SOUSA, 2007). Pelo
o saber desatualizado, necessárias à inovação questionamento do enfoque generalista das
(MOTTA apud SOUSA, 2007). Esse enfoque é características e competências dos empresá-
reforçado por Tupinambá (2006) ao destacar o rios de sucesso, buscou-se o desenvolvimento
aspecto da gestão de empresas deste segmento, de investigação motivada pela possibilidade de
reforçando a importância da boa gestão para elaboração de perfil empresarial pelo conheci-
superação dos obstáculos. Segundo o autor, os mento das estratégias adotadas, características
pequenos empresários reagem com mais rapi- pessoais e do desempenho de empresários de
dez às mudanças de mercado, com maior capa- pequenas e microempresas industriais da cida-
cidade de adaptação e inovação em relação às de de Fortaleza.
grandes empresas. O empresário é o fator-cha- Considerando as influências culturais
ve do desenvolvimento do segmento e, conse- locais, adota-se a perspectiva, em análises de
qüentemente, da economia. Ademais, ambien- estratégias de empresários, da amostra, pois, de
te nacional pouco favorável normalmente gera acordo com Mitchel apud Tupinambá (2000), os
obstáculos ao desenvolvimento, exigindo ainda valores culturais são representativos de orien-
mais do empresário de micro e pequena empre- tações cognitivas, ordenando o conhecimento
sa na gestão do empreendimento. e o comportamento social. Desta forma, diante
Neste sentido, este estudo focaliza os do contexto cultural, no “nicho” de atuação do
micros e pequenas empresas do setor indus- grupo de empresas em estudo, evidencia-se
trial de Fortaleza que iniciaram as atividades o modus operandi que ateste a influência do
em 2005. O recorte, necessário no contexto contexto socioeconômico das decisões empre-
operacional, identifica o perfil empresarial pelo sariais.
comportamento e características pessoais re- À análise do perfil empresarial no contex-
lacionados ao desempenho de empresas que to socioeconômico específico da cidade de For-
romperam a marca de três anos de funciona- taleza, têm-se os aspectos comuns que garan-
mento. A amostra, no contexto local, evidencia tem às empresas ultrapassar a marca de três
um perfil singular de empresário, à medida que anos de existência no mercado, na condição de
se identificam suas estratégias e as relacionam
formalizadas, ou seja, no enfrentamento das
com seu desempenho, na perspectiva de avalia-
exigências de pesada carga tributária e manu-
ção da interferência do contexto na eficácia de
tenção de certo ritmo de crescimento ao longo
determinadas estratégias empresariais.
do período.
Estudos investigaram as competências
Nesse contexto, trabalhou-se a constru-
e características comuns a empreendedores de
ção de um perfil empresarial a partir da investi-
sucesso ou líderes empresariais que congre-
gação e da relação de elementos como o conhe-
gam determinados atributos e ações comumen-
cimento das principais estratégias, das caracte-
te encontrados na literatura para descrevê-los
rísticas pessoais e do desempenho do empresá-
enquanto tal. Desde as concepções iniciais do
rio das micro e pequenas empresas industriais
conceito de empreendedor e capitalista, formu-
da cidade de Fortaleza.
ladas pelo economista irlandês Richard Can-
tillon na segunda metade do século XVIII, bem O estudo foi realizado com base nos se-
como Jan Batiste Say, nesse mesmo século, guintes pressupostos:

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1) Há determinadas características pre- federal e estadual buscam proteger e estimular


dominantes entre os empresários da o segmento das oscilações de mercado e des-
amostra que definem uma tendência a vantagens frente à concorrência com os gran-
determinado estilo de caráter. des grupos.
2) É possível relacionar determinados ten- Hoje no Brasil não há um conceito úni-
dências de caráter com o desempenho co quanto ao porte das empresas. Instituições
empresarial. e órgãos da administração direta nas esferas
3) Há estratégias empresariais que são municipal, estadual e federal adotam, por ve-
comuns à maioria dos empresários da zes, critérios próprios para o enquadramento.
amostra estudada. A adoção de critérios distintos de classificação
nas esferas da gestão pública tem por objetivo
4) É possível identificar determinados gru-
promover o enquadramento em ações e incenti-
pos de estratégias utilizadas pelos em-
vos sob suas responsabilidades.
presários que estão associadas ao me-
lhor desempenho da empresa. Há pelo menos três critérios de classifica-
ção das empresas por porte que são adotadas
5) É possível identificar aspectos objetivos
por instituições oficiais e bancos de desenvolvi-
e subjetivos de sucesso obtidos com o
mento que são: número de empregados; receita
negócio e relacioná-los entre si.
operacional bruta anual e faturamento bruto
anual.
Partindo para a classificação de porte das
2 - CLASSIFICAÇÕES DE EMPRESAS empresas em diversos países do mundo, cabe
QUANTO AO PORTE ressaltar que não existem padrão e critério úni-
cos para a determinação do porte das unidades
Na visão de Carreteiro (2004), nos dias produtivas. Em geral, os critérios classificató-
atuais, o que é exigido para o sucesso das em- rios estão baseados no número de empregados
presas ultrapassa o preço e a qualidade dos e/ou na receita bruta anual, existindo, porém
produtos, exigindo uma interação harmônica países que adotam o valor do capital realizado,
com o meio em que atua, evidenciando para a exemplo de Taiwan (PUGA, 2000).
seus clientes e fornecedores a responsabilidade Nos países da América do Sul há prefe-
social da empresa. rência pelos critérios classificatórios de fatura-
Neste contexto em que as expectativas mento, número de empregados, setor econômi-
dos consumidores e fornecedores atingiram ou- co, localização e ativo total.
tros patamares, a entrada no mercado de novas Em relação aos países da América do Nor-
empresas impõe um maior desafio. Para que o te, excetuando-se os Estados Unidos que ado-
processo de nascimento e crescimento de em- tam uma classificação mais abrangente, o Ca-
preendimentos não venha a sofrer interrupção, nadá e o México têm como critérios comuns o
governos de diferentes países têm adotado cri- número de empregados.
térios classificatórios quanto ao seu porte. Em relação aos países europeus, nota-se,
A classificação de empresa que será abor- assim como na América do Norte, uma prefe-
dado a seguir diz respeito ao tamanho ou porte, rência pelos critérios de faturamento e número
sendo esta a mais significativa em termos de de empregados, além do critério de valor do ati-
enquadramento para acesso aos benefícios das vo total da empresa.
políticas públicas de fomento. Os critérios classificatórios demonstram
O critério de classificação quanto ao porte a universalidade da percepção dos governos
tem por objetivo estimular o crescimento e for- quanto à importância do segmento das micro e
talecimento de empresas menores. Benefícios e pequenas empresas para a viabilização de suas
incentivos previstos nas legislações em âmbito ações de desenvolvimento. Grande parte dos

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atuais grupos corporativos um dia foi pequena A notória desigualdade nacional, embo-
empresa e, para atingir o porte atual, conse- ra venha apresentando melhoras, ainda é uma
qüentemente tiveram que superar alguns obs- das mais acentuadas. Vê-se o crescimento da
táculos em seu processo de desenvolvimento. atividade empreendedora por oportunidade a
Portanto, a classificação dos empreendimentos partir de 2003, até atingir, em 2007, o valor
quanto ao porte, tem como finalidade permitir de 57% da população de empreendedores, que
que estas possam ter, através dos projetos go- por oportunidade, sinalizam que o ambien-
vernamentais, um suporte a mais em sua traje- te econômico no momento é favorável (IBQP,
tória de crescimento, e desta forma, contribuir 2008, p. 6).
para o desenvolvimento dos territórios através A pesquisa GEM – 2007 aplicou filtro
da geração de emprego e aumento da riqueza analítico sobre as principais razões que levam
nacional. o empreendedor a buscar oportunidade: 39%
perseguem uma oportunidade com intuito de
obter independência ou aumento de renda pes-
soal. É o empreendedor genuinamente motiva-
3 - EMPREENDEDORISMO NO BRASIL
do por oportunidade. Os 57% de empreendedo-
res motivados pela oportunidade, referem-se ao
O relatório GEM – 2007 (Global Entre- contingente de empreendedores que indicam
preneurship Monitor), concebido em 1999, é o razões de busca diferente das citadas. (IBQP,
maior estudo independente sobre a atividade 2008, p. 6).
empreendedora, em mais de 50 países. O re-
Ao mesmo tempo em que o Brasil apre-
latório de 2007 evidenciou Taxa de Empreen-
senta dinâmica empreendedora, a taxa de so-
dedores em Estagio Inicial (TEA), no Brasil, de
brevivência alcançou 78% das empresas em
12,72 no momento da pesquisa, o que significa
2005 (VOX POPULI, 2007), desta forma, esfor-
que, em 100 pessoas, cerca de 13 desenvolviam
ços, no sentido de aprofundar o conhecimento
alguma atividade empreendedora. Comparando
do perfil empresarial e empreendedor, devem
a taxa de empreendedores do Brasil com a de
ser apoiados, pois se complementam para me-
outros países de expressão econômica, percebe-
lhor compreensão da realidade empreendedora
mos sua expressividade. Observa-se uma evo-
nacional e contribuir na captação de ambientes
lução do indicador de atividade empreendedora
mais estimulantes.
do Brasil e de grupos de países, onde se cons-
tata uma estabilidade da TEA, ao longo do tem-
po, em países como Brasil, Peru e Chile, com
taxas superiores a 10, evidenciando atividade 4 - ESTILOS DE CARÁTER
empreendedora das mais dinâmicas do mundo
(IBQP,2008)
Paz, Mendes & Gabriel (2001) considera-
A proporção de empreendedores nascen- ram o caráter, para investigar as relações entre
tes, em 2001, era de 61%, enquanto que a de configurações de poder organizacional e estilos
empreendedores novos, de 39%. A partir de de caráter, como manifestação do comporta-
2004 observa-se uma evolução na proporção de mento organizacional, estabelecidas as relações
empreendedores novos. O fato indica que o pe- simbólicas entre indivíduo e organização. Neste
ríodo de estabilidade macroeconômica permite sentido, “a realidade psíquica é mobilizada, tra-
aumento de participação dos empreendimentos balhada e apoiada na dinâmica organizacional”
mais antigos no total de atividades empreende- (KAËS, 1991 apud PAZ, MENDES & GABRIEL,
doras brasileiras (IBQP, 2008, p.5). 2001, p. 146). Num contexto organizacional es-
Outro fator, a considerar em relação à pecífico, a diversidade de ações dos indivíduos
evolução do empreendedorismo, no Brasil é a são reações simbólicas ao contexto e, com base
natureza da motivação para empreender. na reação entre indivíduo e organização, os au-

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tores utilizaram a teoria psicanalítica freudiana tudo, alinhado ao sentimento de grandiosidade,


para explicar a dinâmica do comportamento or- menosprezo e falta de preocupação com o próxi-
ganizacional. Desta forma, “os estilos de caráter mo. Também aponta narcisistas como descon-
foram estudados com base nas relações simbó- fiados, suspeitosos, contestadores, inclinados
licas que o indivíduo estabelece com a organiza- a atribuir intenções maldosas aos outros, ten-
ção” (PAZ, MENDES & GABRIEL, 2001, p.147), denciosos a agarrar-se ao poder.
portanto os estilos foram estudados como pa- A sociedade contemporânea, na visão de
drões que se manifestam exclusivamente num Lasc apud Paula (2003), contribui fortemente
contexto organizacional. na formação de indivíduos narcisistas. Para o
autor, a transmissão de cultura em que se va-
4.1. Caráter narcisista loriza a imagem, monopolizada pelas organiza-
ções sociais e pela mídia, leva os indivíduos, sob
O termo narcisismo provém da figura mi-
sua influência, a transmitir uma imagem de si
tológica de Narciso. Na mitologia grega, Narciso
condizente com os padrões culturais de suces-
era um jovem bonito e indiferente à afeição de
so, fazendo dos pares “espelhos” dos quais es-
outras pessoas por ele. Um dia, apaixonou-se
peram aprovação. A cultura narcisista faz com
pela própria imagem refletida num lago. Insis-
que os indivíduos se ocupem com o próprio pra-
tentemente tentava abraçar a imagem na água
zer, levando-os à satisfação de suas necessida-
da fonte, terminando por definhar e morrer. Se-
des e desejos de forma constante e intensa.
gundo Lubit (2002, p.66), “o termo narcisismo,
usado pelos cientistas sociais de hoje, está rela- Segundo Paz, Mendes & Gabriel (2001),
cionado com os sentimentos que temos por nós o narcisista tem comportamento funcional com
mesmos e a maneira como controlamos nossa a organização, sem vê-la como entidade autô-
auto-estima.” noma e isolada da esfera das relações sociais,
No contexto organizacio nal, e desta- deseja e conduz demandas de trabalho, no nível
cando os traços negativos do perfil dos gestores mais pessoal que profissional, com dificuldade
narcisistas, Lubit (2002) denomina os indiví- de aceitação de autoridade em qualquer instân-
duos com esses traços de “narcisistas destruti- cia organizacional.
vos”, que agrupam traços de personalidade que
Os autores também relacionam outras
os ajudam a evoluir na estrutura organizacio-
características ligadas a este caráter.
nal, porém, quando do exercício de função de
comando, desencadeiam consequências desa-
gregadoras para o setor. Segundo o autor: “al- As pessoas com predominância de cará-
ter narcisista, precisam de admiradores
guns destes traços incluem a manipulação de
para se sentirem comprometidas, mas
alto nível de autoconfiança, grande entusiasmo
podem ser espontâneas, dinâmicas e,
e ambição por prestígio e poder” (KERNBERG,
sob algumas circunstâncias produtivas,
1998 & KOHUT, 1971 apud LUBIT, 2002, p. especialmente diante de apreciações
67). Kets de Vries apud Lubit (2002) reforça o positivas, principalmente do chefe. Es-
aspecto da ascensão organizacional, destacan- tão mais presentes em organizações ca-
do que características como ambição e falta de rismáticas, pelas quais tem devoção por
compaixão, habilidade para tomar decisões di- serem imbuídas de crenças coletivas e
fíceis de forma rápida, além da capacidade de de suprema beleza e poder. Os líderes
entusiasmar seus pares, são fatores que aju- narcisistas podem ser inescrupulosos
e usar em seu próprio benefício estas
dam a atingir o poder. Porém as mesmas carac-
características de dependência, tirando
terísticas, posteriormente, geram problemas de proveito de uma situação que também é
gestão e baixa produtividade. favorável aos seus próprios sentimentos
Lubit (2002) relaciona como característi- de onipotência, beleza e grandeza. (PAZ,
cas determinantes: sentimento de ter direito a MENDES & GABRIEL, 2001, p.150)

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Outro aspecto em destaque do caráter é o de cratização de propostas de decisão para


transferência para a organização, de modelo ideal, os diversos níveis hierárquicos da em-
sem disposição de corrigir ou detectar erros. presa, com o consequente comprome-
timento pelos resultados. (OLIVEIRA,
1997, p.127)
4.2. Caráter obsessivo
Segundo os autores, o aspecto mais mar-
cante do estilo de caráter é a dificuldade de A democratização da participação indi-
contato pessoal com o outro, sendo um estilo vidual é subjugada pelo gestor coletivista em
marcado pela ordem e pela parcimônia. Super- proveito do coletivo, reprimindo, assim, ma-
valoriza regras e tem, no controle, a marca da nifestações individuais e, consequentemente,
impessoalidade e da distância emocional, re- criatividade.
fletindo compreensão pessoal, como se todos Na descrição de Paz, Mendes e Gabriel
tivessem a mesma necessidade de controle, (2001), os indivíduos de estilo de caráter cole-
cerceando de si e das pessoas qualquer tipo de tivista depositam, no grupo, a certeza de me-
espontaneidade. lhores decisões. Partem do grupo definições de
Os autores também relacionam como ca- bom e ruim, com completa submissão de todos.
racterística de pessoas com esse traço, a ne- Nessa atitude, reprime-se a espontaneidade,
cessidade de acumular sem aparente prazer pois o poder está na interação grupal na orga-
em possuir, acarretando, muitas vezes, um nização.
comportamento sadomasoquista, levando hu- Outra característica é o conformismo, que
milhação e sofrimento aos outros. Às vezes a leva os indivíduos à dificuldade de julgamentos
violência é simbólica, representada no controle de problemas triviais e de fundo moral.
da natureza e dos objetos inanimados. No que A característica idealista deste caráter o
tange a sua atitude, não nega sua satisfação em faz crer que a organização é um grupo perfeito,
cuidar, prestar assistência e prolongá-la. Para
sentindo-se amados, orgulhosos e inclusos no
os autores, o estilo de caráter subordina-se a
grupo. A valorização da organização como gru-
rotinas mecânicas e comportamentos baseados
po perfeito faz da espontaneidade e criatividade
na repetição, agressão, violência e, ao mesmo
individual um aspecto pouco expressivo, como
tempo, inércia e descaso.
afirmam os autores:
Paz, Mendes & Gabriel (2001) destacam
ainda que o profissionalismo excessivo, obses-
são pela eficiência e redução de gastos fazem Como a criatividade e a imaginação
o indivíduo, com tendência a esse caráter, ca- não são características preponderantes
neste tipo de caráter, há compensação
paz de implantar métodos eficientes, porém,
através da construção coletiva no “nós”,
em muitos casos, desumanos, apegando-se ao
o que também implica uma intolerabi-
cumprimento de regras e, muitas vezes, esque-
lidade para expressão das individua-
cendo o espírito no qual foi criado. lidades. São dependentes e ‘barristas’
como se a organização fosse parte da
4.3. Caráter coletivista sua vida como um todo. Há dificuldade
de confrontos ou conflitos com pessoas
Logo de princípio podemos ser tentados
em quem confiam, sendo excluídos os
a pensar que gestores com esta tendência de que não refletem uma identidade com
caráter pratiquem uma administração partici- o grupo. (PAZ, MENDES & GABRIEL,
pativa. Para Oliveira (1997): 2001, p.152).

Administração participativa é o estilo de Em complementação, os autores


administração que consolida a demo- ressaltam que o indivíduo de estilo coletivista

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transfere à organização o próprio “ego”, no sen- Compreende-se que há uma recompen-


tido de exercitar alta proposta moral, reprimin- sa narcisista do individualista heróico enquan-
do qualquer crítica ou descrença na organiza- to um senso de responsabilidade social, o que
ção. O idealismo os leva a sacrifícios pessoais, o aproxima, nesse momento, do individualista
em ação pelos interesses organizacionais, com cívico, conforme exposto no próximo item 5.5
plena lealdade, esperando apenas serem acei-
tos como membros da organização.
4.5.Caráter individualista cívico
Apresentam-se como características cla-
4.4. Caráter individualista heróico reza de limites eu – outro com aceitação de di-
Paz, Mendes & Gabriel (2001) apresentam ferenças, necessidade de construir uma relação
este tipo de caráter como de pessoas em que a de troca num mundo de normas e regras e sen-
timento de responsabilidade social. Os indivídu-
motivação de vida é a realização, ou seja, ter
os acreditam na competência e veem o trabalho
conquistas, status, reconhecimento e poder.
como valor supremo de progresso, são críticos
Trabalham muito pelo sucesso, têm orgulho de
do próprio desempenho e têm que a admiração
seus empreendimentos. é uma função do contexto no qual todos têm a
A submissão ao superego se dá pela dis- mesma possibilidade de ser admirados, desde
tinção e excelência, buscando sempre o apogeu, que tenham competência (PAZ, MENDES & GA-
os indivíduos têm necessidade de audiência e BRIEL, 2001). Em complementação, com desta-
de afirmação externa de que é uma pessoa rea- que para outras características, bem como para
lizadora, apresentam visão, são ativos e domi- visão da organização, os autores afirmam que:
nadores e veem a organização como espaço de
disputas para nobres e heróis. Assim, a orga- A organização é percebida como um lu-
nização é uma arena onde ocorrerão derrotas e gar de ajuda para o crescimento e pros-
vitórias, sucessos e fracassos e, portanto, acre- peridade, por esta razão, há o desejo de
ditam que algumas pessoas serão capazes de fazer carreira na organização e dar o
salvá-la. melhor de si na expectativa de receber
Em relação à possível semelhança desse recompensas. O desejo, neste tipo de ca-
caráter com o caráter narcisista ou outro tipo, ráter, é pensar a organização como um
os autores afirmam: espaço no qual todos os membros são
confiáveis, cidadãos, e participam igual-
mente no desenvolvimento da prosperi-
Este tipo de caráter, algumas vezes,
dade e do bem comum. Neste sentido,
chega a ser confundido com o caráter
existe uma ilusão de que os conflitos
narcisista, tendo em vista que ambos
podem ser resolvidos com argumentos
querem amor e admiração, precisan-
do de audiência e afirmação externa. A razoáveis, tendo assim um desejo de
diferença reside na influência da fase harmonia incomparável com a realida-
do desenvolvimento da sexualidade in- de organizacional, que é marcada por
fantil. O individualista heróico recebe contradições nem sempre resolvidas,
influência da fase fálica. Seu desejo é embora negociadas. (PAZ, MENDES &
de ser admirado pelo que faz, é ativo e GABRIEL, 2001, p.155)
dominador nesta busca, sendo seu ego
ideal, enquanto causa das frustrações,
um motivo para novas lutas e estímulos Para os autores pessoas com este estilo
para realizações. No fundo estas realiza- tem dificuldade de aceitar os conflitos e as desi-
ções merecedoras de admiração são ma- gualdades como condição humana e seu ponto
nifestações deles mesmos, razão porque frágil está na ilusão de que todos têm a mesma
devem ser admirados... (PAZ, MENDES oportunidade e que a democracia e a possibili-
& GABRIEL, 2001, p.153-154) dade de harmonização sempre existem.

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Outro comportamento que leva esses tégias. Nessa compreensão, estratégias psicoló-
indivíduos à ingenuidade ou otimismo des- gicas de ação e ações são os obstáculos através
proporcional é a negação da agressividade e da dos quais se alcança ou não o sucesso. Estra-
destrutividade do ser humano, estes indivídu- tégias foram pesquisadas na psicologia sob o
os, mesmo diante de situações de frustração tópico do pensamento e da resolução de proble-
por conta do anseio de harmonia, encontram mas. Estratégia é definida como um plano de
suporte em seu ego tolerante e flexível. ação, uma seqüência de meios para se alcan-
çar uma meta. O conceito de estratégia enfatiza
como se alcança uma meta, enquanto o desen-
volvimento da meta se encontra fora do concei-
5 - ESTRATÉGIA EMPRESARIAL to de estratégia. A função da estratégia é lidar
com situações incertas, porque uma estratégia
Nesta pesquisa entende-se por estra- apresenta um modelo que pode ser aplicado em
tégia o conjunto de ações desenvolvidas pelo várias situações (em contraste com a tática, que
empresário com vistas à solução de problema é completamente específica e atrelada a situa-
ou aproveitamento de oportunidade para obter ções). As estratégias ajudam, portanto, a lidar
ou maximizar seu lucro. Para tanto, buscou-se com a capacidade limitada de processamento
identificar a recorrência de algumas estratégias da mente humana (HACKER, 1998; KAHNE-
e de elementos relacionais como forma de ter- MAN, 1973).
mos um possível perfil do setor empresarial in-
vestigado.
Não se deve, entretanto, deixar de con-
6 - ÊXITO EMPRESARIAL
siderar que, nas micro e pequenas empresas, o
processo de formulação de estratégias, é ainda
mais pessoal, mais influenciado por aspectos O êxito ou sucesso de micro e pequenos
pessoais e culturais do que em outros tipos de negócios pode ser analisado sob diversos aspec-
empresa. Segundo Tupinambá (2005), as es- tos. Na dimensão econômica, por meio de in-
tratégias utilizadas pelos empresários têm re- dicadores de resultado físico e financeiro, e na
lação com o diferencial pessoal e são também psicológica, de âmbito pessoal, pela satisfação
de natureza psicológica. Nestes termos, as es- no trabalho e realização pessoal.
tratégias nascem da percepção do ambiente, da Por ser um fenômeno multidimensional,
combinação de informações apropriadas pelo Tupinambá (2000) afirma que não há consen-
empresário, em processo criativo para conceber so na literatura psicológica, bem como na lite-
e implantar ações visando ao lucro. Essas ações ratura econômica. Segundo Schenk apud Tu-
podem fazer parte do processo ou da maneira pinambá (2005), é possível relacionar diversos
de administrar eficazmente uma empresa. aspectos do sucesso ou êxito empresarial. Para
Segundo Drucker apud Heller (2007), o autor, aspectos como sobrevivência da empre-
o empresário, para administrar com eficácia e sa, lucro, faturamento, número de empregados,
atingir o sucesso, necessita de estratégias com crescimento da empresa, ganhos do empresá-
classificação em cinco funções essenciais de rio, clima organizacional, satisfação no traba-
trabalho do administrador: ações se combinam lho, atendimento de metas individuais, entre
e formam a base do seu trabalho. As cinco fun- outros, podem ser considerados indicadores de
ções ou ações inerentes ao administrador são: sucesso, na perspectiva do negócio e do empre-
definição de objetivos, organização de equipe, sário. Para Klandt apud Tupinambá (2005), a
melhoria da comunicação, medição do desem- satisfação do empresário com o trabalho repre-
penho e o desenvolvimento das pessoas. senta aspecto de grande importância que não
As ações dos empresários são determi- deve ser esquecido nos estudos de micro e pe-
nadas principalmente por suas metas e estra- quenas empresas.

84 Revista de Psicologia, Fortaleza, v. 2 - n. 2, p. 76-92, jul./dez. 2011


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Um dos critérios iniciais usados como fil- a serem investigadas, bem como formato das
tro de seleção do universo e da amostra a ser questões do questionário. Neste sentido, anali-
estudada é a própria sobrevivência do negócio. saram-se alguns modelos e optou-se por efetuar
A longevidade da empresa pode ser considerada uma adaptação ao questionário usado anterior-
como êxito do empresário, haja vista a taxa de mente no projeto de pesquisa que investigou,
sobrevivência diminuir na seleção de amostras na Alemanha, os fatores de sucesso de peque-
de empresas com maior tempo de atividade. So- nos e médios empresários (Tupinambá, 1999).
bre isso, foi registrada melhora na longevidade Dando sequência, efetuou-se uma tradu-
das empresas brasileiras. A taxa de sobrevivên- ção do mesmo instrumento e posteriormente
cia que era de 50, 6%, no triênio 2000-2002, é de uma adequação aos objetivos do estudo, supri-
78% no triênio 2003-2005. (SEBRAE, 2007). mindo, adequando e incluindo alguns itens no
Adotou-se, como definição de sucesso em- levantamento demográfico.
presarial, um conjunto de indicadores de ordem O instrumento de coleta de dados ficou
empresarial e de natureza psicológica. Tem-se divido em três partes:
como parâmetro de sucesso, neste estudo, in-
cremento ou baixa rotatividade de empregados,
incremento de novos produtos, crescimento em Dados demográficos – Com perguntas
relação à concorrência, cumprimento dos obje- e levantamento de informações da
tivos da empresa, satisfação do empresário no empresa e do empresário.
trabalho e o cumprimento dos objetivos pesso-
ais e empresariais. Características pessoais e tendên-
cias de caráter – Perguntas sobre a
predominância de elementos pesso-
ais comuns dos empresários.
7. PROCESSO METODOLÓGICO

7.1. População e amostra Estratégias empresariais – Com per-


guntas que remetem o empresário a
A amostra utilizada foi proveniente do
situações do seu cotidiano empre-
banco de dados da Junta Comercial do esta-
sarial em áreas de recursos huma-
do do Ceará - JUCEC a partir de um cadastro
nos, produção, marketing e gestão.
de com 661 micro e pequenas empresas indus-
triais da Região Metropolitana de Fortaleza,
que iniciaram suas atividades em 2005. Desse Êxito empresarial – Perguntas para
cadastro foi retirada uma amostra com 85 em- levantamento de indicadores objeti-
presas que possuíam, no mínimo, dois funcio- vos; crescimento de vendas, lucro,
nários. Com 95% de confiança chegamos a um número de admissões, entre outros,
tamanho amostral de 85 empresas a serem pes- e indicadores subjetivos, de satisfa-
quisadas, e para reduzir nossa margem de erro ção pessoal do empresário.
calculada em 3%, bem como suprir qualquer
evento que pudesse inviabilizar a aplicação dos 7.3. Método estatístico utilizado no tratamento e aná-
questionários, resolveu-se ampliar um pouco lise dos dados
mais esta amostra, incluindo mais 15 empre- Utilizamos para análise dos dados e defi-
sas, totalizando 100 empresas pesquisadas. nição da amostra os programas “SPSS” e o “R
Project for Statistical”, além de planilhas do Ex-
7.2. Instrumento de coleta de dados cell para a elaboração das tabelas e gráficos.
Após a definição dos objetivos da pesqui- Quanto à análise estatística, de acordo
sa realizou-se um levantamento das variáveis com os dados observados, obtiveram-se corre-

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lações baixas significando baixo relacionamen- isto é, entre seus itens, realizamos o cálculo da
to entre fatores, adotamos como ferramenta correlação entre esses fatores visando identifi-
de análise, estatísticas descritivas de dados e car todas as relações com coeficiente superior a
análise da fidedignidade do questionário com o 0,6 (BÜHL e ZÖFEL,1996) em módulo.
cálculo do α− Cronbach e análise de correlação A correlação entre os fatores indicou 17
dos fatores teóricos criados. (dezessete) relações fortes, permitindo análise e
interpretação no resultado desse trabalho.
7.4. Definição dos fatores
A partir de análise criteriosa das variá-
veis, efetuamos um agrupamento teórico onde 8 - RESULTADOS
foram construídos 21(vinte e um) fatores, clas-
sificados com vista a verificar os pressupostos
formulados. 8.1. Análise descritiva dos dados
A análise dos dados da pesquisa mos-
Quadro 01 (ver no final) trou que os empresários deste setor e segmento
do município de Fortaleza têm idade entre 32
e 52 anos, na maioria casados (61%) e do sexo
No quadro 1 pode ser vista a relação de
masculino (68%). A grande maioria possui en-
questões do instrumento aplicado para coleta
tre 2 e 4 membros da família como funcionário
de dados referentes a fatores de natureza demo-
além de evidenciar que quase metade teve pais
gráfica. As questões remetem a informações so-
que trabalhavam por conta própria. A maior
bre o próprio empresário e sua empresa, sobre
parte tem o ensino médio completo (53%).
seus empregados, de que forma estabelece re-
des de contato que podem ajudar nos negócios Estes empresários participaram de cur-
e o grau de dedicação ao trabalho. No quadro 2, so de gestão ou empreendedorismo e normal-
as questões visavam a abordar temas relaciona- mente trabalham até 60 horas semanais. Ainda
dos ao comportamento empresarial, bem como em relação à gestão de suas empresas, estes
as estratégias que utiliza no seu cotidiano de já possuíam uma experiência gerencial anterior
trabalho, bem como as formas de seu desempe- em cargos de média e baixa gestão trabalhando
nho e do seu negócio. na mesma área.
A análise dos dados também evidenciou
algumas características relacionadas às estra-
Quadro 02 (ver no final)
tégias e comportamento gerencial tais como:
a capacidade de tolerar a incerteza, ter uma
7.5. Correlação interna dos fatores orientação para o futuro e uma postura profis-
Para a validação dos fatores teóricos sele- sional no trato das questões empresariais com
cionados para a realização da análise explorató- uma orientação gerencial voltada para o desem-
ria dos dados, efetuamos uma análise de corre- penho.
lação das variáveis de cada fator. Os resultados Observou-se também uma preferência
permitiram selecionar vinte fatores que apresen- em compartilhar as decisões com funcionários
taram consistência nos cálculos de correlação, e uma orientação gerencial mais humana, ou
tomando por base a correlação mínima maior ou seja, considerando as questões pessoais de ma-
igual a 0,2 em módulo (BÜHL e ZÖFEL,1996), neira a conciliar com o desempenho do empre-
para posteriormente correlacioná-los entre si. gado diante de suas tarefas.
Os empresários pesquisados demons-
7.6. Correlação entre os fatores traram segurança no processo decisório, sen-
Após a identificação teórica dos fatores e tem-se eficazes em seu ambiente de trabalho e
sua ratificação através das correlações internas, preferem orientar-se por metas. Estão dispos-

86 Revista de Psicologia, Fortaleza, v. 2 - n. 2, p. 76-92, jul./dez. 2011


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tos a identificar oportunidades de negócios, vavelmente não tolera a incerteza, pois lhe tira
priorizam a inovação e a criatividade além de a base de sua segurança, requerendo tempo
evidenciaram um desejo de que suas empresas para pensar e planejar antes de tomar algumas
cresçam indefinidamente. decisões. A assertividade, segurança e rapidez
na tomada de decisão também demonstraram
Em relação a como estes empresários
relacionar-se diretamente com a postura cole-
lidam com seus erros, observou-se uma forte
tivista de administrar. Supomos que uma pos-
tendência a orientarem suas atividades a par- tura gerencial coletivista gere uma atitude mais
tir dos erros cometidos bem como aprendendo segura no empresário frente às decisões rela-
com eles. Quando cometem um erro, porém, cionadas aos negócios.
não tendem a comunicá-lo. O fator indicativo da postura profis-
Quanto ao sucesso, estão satisfeitos com sional também demonstrou correlação com a
seus rendimentos e os aspectos relacionados ao orientação para o futuro, bem como satisfação
desempenho da empresa apontaram êxito nos no trabalho e o fator indicativo de ambição de
negócios. crescimento constante da empresa, apresenta-
ram relação com o fator capacidade de iniciati-
8.2. Análise das tendências de caráter va e aproveitamento das oportunidades.

A análise das tendências de caráter re- Outra forte correlação identificada foi a
alizada neste estudo toma por base a relação capacidade de inovação e criatividade do em-
do indivíduo com a organização, levantada em presário com fator energia, sendo esta enten-
perguntas de contexto empresarial que resul- dida como uma disposição para o trabalho no
taram em nas respostas que podem evidenciar aspecto físico e mental.
tendências a determinados estilos. Em relação aos fatores indicativos de
Obteve-se uma tendência de caráter na como os erros são encarados e trabalhados pe-
amostra a partir dos fatores selecionados nesse los empresários, foram apontadas as seguintes
estudo, relacionando os fatores e pontuando as correlações:
características relacionadas a cada tendência • Aprende com os erros e a capacida-
de caráter. de de comunicar seus erros;
Ao final, somadas as indicações para • Comunica seus erros e a percep-
cada estilo de caráter, observou-se uma predo- ção da visão externa sobre o seu
sucesso;
minância de características do estilo de caráter
individualista cívico, em segundo lugar o cará- • Capacidade de aprender com os er-
ter coletivista seguidos, respectivamente, dos ros e orientar-se com eles.
estilos de caráter individualista heróico, narci- A partir das correlações com os fatores
sista e obsessivo. indicativos do sucesso, foi possível identificar
estratégias relacionadas ao desempenho, bem
como, a partir da correlação entre sucesso obje-
8.3. Análise da correlação dos fatores tivo e sucesso subjetivo, foi possível inferir que,
A correlação entre os fatores pessoais para estes empresários, o conceito de sucesso
possibilitou a identificação do tipo de relação e nos negócios envolve tanto aspectos objetivos
sua intensidade. como subjetivos, ou seja, embora a empresa es-
teja bem posicionada em relação a seus concor-
Encontramos uma correlação inversa rentes, obtendo lucros e permitindo crescimen-
entre o fator tolerância a incerteza e assertivi- to, o aspecto da realização pessoal na atividade
dade/segurança, indicando que o empresário é um fator relevante no contexto do sucesso.
que tem capacidade de tomar decisões em am- Sucesso nos negócios não se desvincula da rea-
bientes de incerteza, não demonstra rapidez na lização pessoal, devendo, portanto, ser interpre-
tomada de decisão. É possível supor que quem tado a partir de indicadores de ordem objetiva e
é normalmente assertivo e se sente seguro, pro- subjetiva.

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Encontraram-se as seguintes correlações que confirmam estudos anteriores, associados


mais significativas entre os fatores relacionados às características empreendedoras de sucesso
ao sucesso: de pequenos empresários.
• Com o Sucesso Objetivo: satisfação O primeiro deles diz respeito a estratégias
no trabalho; orientação para o de- e comportamentos relacionados ao sucesso
sempenho; inovação e criatividade; empresarial, iniciativa, criatividade, orienta-
satisfação com o rendimento. ção empresarial para o desempenho, além do
• Com o Sucesso Subjetivo: profis- comportamento como paixão pelo trabalho, sa-
sionalismo; percepção externa do tisfação com rendimentos, sendo esses últimos
sucesso pessoal; satisfação com o compreendidos como manifestação do sucesso
rendimento. subjetivo nos negócios.
Ademais, foi encontrada uma correlação Levando em conta o êxito nos negócios,
significativa entre medidas de sucesso objetivo a constatação da satisfação e tempo dedicado
e subjetivo, o que reforça a idéia de sua comple- ao trabalho relacionado com o desempenho dos
mentaridade, conforme identificado em estudos negócios, o sucesso assume dimensões objetiva
anteriores (Schenk, apud Tupinambá, 1999). e subjetiva, haja vista elementos dessas cate-
gorias exigirem formas de mensuração especí-
As correlações relacionadas acima evi-
ficas. O conceito de sucesso não só envolve de-
denciaram que algumas atitudes e estratégias
sempenho empresarial crescente, mas também
empresariais são mais efetivas em relação ao
satisfação com o que o empresário realiza.
êxito, neste contexto, ter foco no desempenho,
buscar a inovação e a criatividade a nível dos Quanto à identificação das tendências de
processos e produtos, desenvolver uma postu- caráter, verificou-se uma tendência maior para
ra profissional além de gostar do que faz, estar os perfis individualista cívico e coletivista, e
satisfeito com os resultados da empresa e dos percebeu-se uma coerência nos resultados ob-
seus ganhos são caminhos mais curtos para o tidos ao se observar os fatores estudados. Esses
êxito nos negócios. estilos guardam certa aproximação com deter-
minadas estratégias identificadas, tais como,
a maneira de tratar os erros e de compartilhar
decisões, compartilhamento da administração
9 - DISCUSSÃO e assertividade e segurança, bem como orien-
tação de ações presentes pensando no futuro.
O objetivo deste estudo foi traçar o perfil Quanto a estas estratégias, analisando-as na
de empresários de micro e pequenas empresas perspectiva teórica, levaram à crença de que o
do setor industrial de Fortaleza, identificar ca- equilíbrio entre o bom relacionamento com os
racterísticas de personalidade, estilos de cará- empregados, fazendo-os participar das deci-
ter, estratégias empresariais, conhecer concei- sões e problemas mais importantes e, ao mes-
tos e formas de sucesso, bem como relacionar mo tempo, mantendo uma certa distância com
estes elementos entre si. Pela análise dos da- uma atitude profissional na empresa, possa ser
dos, obteve-se o perfil demográfico e comporta- resultante da composição entre estes os perfis
mental dos empresários pesquisados, e ainda cívico e coletivista mencionados e, sugerem,
respostas aos pressupostos e objetivos delinea- portanto, um diferencial competitivo a nível de
dos no trabalho. competência pessoal.
O fato de se ter estudado empresários No que tange a outras relações mais es-
do setor industrial de uma grande cidade, com pecíficas e diretas entre estilos de caráter en-
três anos de funcionamento formal e quadro de contrados na amostra e seu desempenho em-
funcionários com no mínimo, duas pessoas, re- presarial, constatou-se não ser possível fazê-lo
velou aspectos de comportamento e estratégias com precisão. Para tanto, sugere-se que novas

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Revista de Psicologia

investigações busquem desenvolver mais vari- Dualibi, J.;Borsato,C. (2008).Ela empurra o


áveis que abordem aspectos específicos desses crescimento. Revista Veja. São Paulo, Abril, ed.
perfis de forma a permitir uma melhor relação 2054, nº 13, p. 82-89, abril.
com estratégias empresarias, sucesso e fatores
Guandalini, G. (2008). Com as asas o país vai
de personalidade, na forma que esses três últi-
voar?. Revista Veja. São Paulo, Abril, ed. 2062,
mos elementos foram abordados. Tal procedi-
nº 21, p. 49-54, maio.
mento permitiria melhores medidas estatísticas
desses diferentes elementos e de suas relações. Hacker, W. (1998). Allgemeine Arbeitspsycholo-
gie. Bern: Huber.
A atual pesquisa foi realizada a partir de
um recorte reduzido, o que não permite maio- Heller, R. (2007). Entenda e ponha em prática
res generalizações. Sugere-se, para estudos fu- as ideias de Peter Drucker. São Paulo: DK.
turos, a ampliação da amostra com a inclusão
Hofstede, G. (2003). Cultura e organização: com-
de setores de comércio e serviços, em amplitude
preender a nossa programação mental. Tradu-
estadual. Desta forma, será possível comparar
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90 Revista de Psicologia, Fortaleza, v. 2 - n. 2, p. 76-92, jul./dez. 2011


Revista de Psicologia

Figura 1 – Modelo parcial de sucesso empresarial.

Fonte: Tupinambá (2000, p.69).

Quadro 1 – Classificação dos fatores demográficos

Fonte: Questionário utilizado na pesquisa.

Revista de Psicologia, Fortaleza, v. 2 - n. 2, p. 76-92, jul./dez. 2011 91


Revista de Psicologia

Quadro 2 – Classificação dos fatores relacionados às estratégias,


comportamento e desempenho.

Fonte: Questionário utilizado na pesquisa.

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