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Trabalho Ev140 MD1 Sa6 Id3860 31082020223753
Trabalho Ev140 MD1 Sa6 Id3860 31082020223753
MATERNIDADE
O presente artigo tem como objetivo analisar a obra As Alegrias da Maternidade da nigeriana Buchi
Emecheta, com a finalidade de verificar o papel imposto a mulher na sociedade patriarcal na Nigéria
durante o seu período colonial do início do século XX até a década de 1950, sobretudo através da cultura
do povo igbo, pertencente a Ibuza, no sul da Nigéria e a influência da colonização na vida dos
personagens ao se deslocarem para a Lagos, na época a cidade mais desenvolvida do país. A obra
reivindica um olhar a literatura nigeriana, e uma reflexão ao papel das mulheres, retratando através da
narrativa ficcional temas comuns não exclusivamente em um momento histórico, mas que atravessam
as barreiras das décadas se mostrando atuais. Em nossa pesquisa utilizamos como referencial teórico
Akujobi (2011), Adichie (2014) e Beauvoir (2009).
Palavras-chave: Mulher, Colonialismo, Maternidade.
INTRODUÇÃO
Buchi Emecheta, nasceu em 1944 na cidade de Lagos, mas, viveu a sua infância na
cidade de Ibuza. Uma de suas diversões durante a vida de menina era ouvir a tia e os parentes
contarem história. Após grande persistência conseguiu ingressar em uma escola missionária e
posteriormente ganhou uma bolsa em uma escola de elite em Lagos, durante esse período
perdeu a sua mãe na morte e a responsabilidade sobre ela foi repassada entre parentes.
Ficou noiva aos 11 anos e aos 16 já estava casada, se mudaram para Londres onde seu
marido ingressou em uma Universidade e como fruto do casamento teve cinco filhos. Presa a
um marido abusivo e violento, dominado pelo desejo de controlar a esposa, não permitindo que
ela ingressasse em uma faculdade e tornar-se por fim uma escritora, ele chegou a queimar
rascunhos de um romance escrito por ela.
Aos 22 anos conseguiu o divórcio e criou os filhos sozinha, pois ele recusou a
paternidade. Além de Alegrias da Maternidade, outros dois livros dela com caráter parcialmente
autobiográficos estão disponíveis no Brasil: No fundo do poço (2019) e Cidadã de Segunda
Classe (2018). Emecheta é uma inspiração para uma sequência de escritores nigerianos e em
1Especialista em Língua Portuguesa e Produção Textual pela UNIVISA - Centro Universitário da Vitória de Santo Antão - PE, livia-karina@live.com;
suas obras representa, provoca inquietações e a repensar os efeitos do modelo patriarcal e do
colonialismo, sobretudo na vida das mulheres.
As Alegrias da Maternidade, transcorre sobre a vida de Nnu Ego. A acompanhamos
desde o momento de sua concepção até a sua morte. Filha de Nwokocha Agbafi, homem rico e
igbo, perdeu a sua mãe ao nascer e fora criada por seu pai em uma cultura que as mulheres
possuíam um único propósito, terem filhos, e darem continuidade ao nome do marido. Ela
sonhava em cumprir com esse padrão da sociedade, ter um marido e seus filhos, e resumia as
suas alegrias apenas a realização desse sonho.
Por meio da narrativa observamos que a posição atribuída a mulher é inferiorizada,
servindo apenas como meio reprodutivo, sujeitas a submissão dos homens (pai, marido e filhos).
O objetivo da pesquisa é analisar trechos da obra que ressaltam o papel atribuído a
mulher na sociedade patriarcal e como o colonialismo interferiu diretamente na alteração dos
hábitos e valores do espaço.
Em nossa pesquisa utilizamos como referencial teórico da pesquisa, utilizamos Adichie
(2014), Akujobi (2011) e Beauvoir (2009).
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
2 These myths about the woman have been in existence since primordial times and they authenticate the belief that
motherhood is an essential part of being a woman, outside which the woman is empty. It is no longer a secret that
the Nigerian woman considers herself a real woman only when she has pro ved herself to be fertile and the "halo
of maternity" shines over her. This holds true for most women in Africa where the index of motherhood is used to
define "real" women or responsible woman. (Texto Original)
Os pais detinham poder sobre as filhas, e as filhas ao se casarem se tornavam posse dos
maridos e seus filhos, reafirmando as palavras de Beauvoir (2009, p.548): “[...] integrada como
escrava ou vassala nos grupos familiares dominados por pais e irmãos, a mulher sempre foi
dada em casamento a certos homens por outros homens”.
Na obra temos uma outra personagem feminina de bastante relevância, a Adaku.
Herdada a Nnaife, como esposa após a morte do irmão, pois a responsabilidade sobre as viúvas
passava para um parente em caso de morte, na cultura igbo.
Ela não conseguia ter filhos homens, o que gerou uma pressão emocional. Então, decide
libertar-se do modelo criado para as mulheres, saindo do lar poligâmico, disposta a se tornar
prostituta, em prol de criar as suas filhas longe do modelo patriarcal. “Quanto mais eu penso no
assunto, mais me dou conta de que nós, mulheres, fixamos modelos impossíveis para nós
mesmas. Que tornamos a vida intolerável umas para as outras. Não consigo corresponder a
nossos modelos, esposa mais velha. Por isso preciso criar os meus próprios.” (EMECHETA,
2017, p. 234)
Adaku tentou se encaixar aos padrões propostos, mas, possuía uma chama feminista,
quebrando o ciclo em sua vida e nas suas gerações futuras. “Quanto às minhas filhas, elas vão
ter de tomar suas próprias decisões neste mundo. Não estou disposta a ficar aqui e deixar que
me enlouqueçam só porque não tenho filhos homens.” (ibidem).
Essas palavras dialogam com a Adichie (2014, p.15):
REFERÊNCIAS
ADICHIE, Chimamanda Ngozi. Sejamos todos feministas. Trad. Christina Baum. 1. ed. São
Paulo: Companhia das Letras, 2014.