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Da invisibilidade ao

protagonismo:
A história de Melânia Luz.

1928-2016
Introdução
Melânia Luz é um importante nome do
esporte brasileiro: A primeira mulher
negra a participar dos Jogos Olímpicos
em 1948, Londres. Nasceu no dia 1 de
Junho de 1928, cresceu no bairro Bom
Retiro em São Paulo, seu falecimento
aos 86 anos em 2016 silencia a voz
ativa que marcou a história como
pioneira na representação da negritude
como mulher nos Jogos Olímpicos.
Melânia Luz

• Era atleta do São Paulo Futebol Clube, tendo sido a primeira


mulher a fazer parte do quadro do atletismo do Clube.
 Corredora dos 100 metros livres, 200 metros livres e
revezamento 4x100, era treinada pelo alemão Dietrich
Gerner. Há registros no acervo do clube São Paulo Futebol
Clube que cita seu marco para a instituição descritos de suas
conquistas e participações: Em 1947 em um campeonato Sul
Americano foi medalha de prata nos 200 metros e
revezamento 4x100 e bronze nos 100 metros rasos Campeã
Sul-Americana no revezamento 4x100 metros, e medalhista
de prata nos 200 metros em 1949. Competindo também por
longo tempo de sua vida, com relatos de participações em
torneios aos 70 anos. 
• Trabalhava como técnica de laboratório no Hospital do
Servidor Público para ter seu sustento e, aos finais de semana
e em seu tempo livre, treinava atletismo. Podendo então aqui
entendermos que Melânia Luz tinha sua  jornada  dupla de
trabalho, treinando e sendo técnica de laboratório.
Autores
• Em sua origem de organização no século XIX o Esporte foi planejado em um pensar de privilégio de classe, raça e gênero”
(Kosarkas; Rizzi; Tsukamoto e Galatti, 2020 p. 667).

• A mulher negra anônima, sustentáculo econômico, afetivo e moral [...], desempenha o papel mais importante
[na resistência], exatamente porque, com sua força e corajosa capacidade de luta pela sobrevivência, transmite a nós [...]
o ímpeto de não nos recusarmos à luta [...]. Mas ainda porque, apesar da pobreza, da solidão, da aparente submissão, é ela
a portadora da chama da libertação… (GONZALEZ, 2020 [1982], p.64) 

• No caso do racismo institucional, o domínio se dá com o estabelecimento de parâmetros discriminatórios baseados na raça,
que servem para manter a hegemonia do grupo racial no poder. Isso faz com que a cultura, os padrões estéticos e as práticas
de poder de um determinado grupo tornem-se o horizonte civilizatório do conjunto da sociedade. Assim, o domínio de
homens brancos em instituições públicas – o legislativo, o judiciário, o ministério público, reitorias de universidades etc. – e
instituições privadas – por exemplo, diretoria de empresas – depende, em primeiro lugar, da existência de regras e padrões
que direta ou indiretamente dificultem a ascensão de negros e/ou mulheres, e, em segundo lugar, da inexistência de espaços
em que se discuta a desigualdade racial e de gênero, naturalizando, assim, o domínio do grupo formado por homens
brancos. (ALMEIDA, 2019. p.27-28)
Quais pesquisas existem de Melânia Luz?
Melânia Luz é citada em alguns artigos, livros e reportagens. O que se encontra são relatos e os principais pontos de sua vida esportiva. 
Livros:
• Mulheres Negras do Brasil.
Shuma Shumaher, Érico Vital Brazil (2007)
• Brasil: 100 anos de Negritude Olímpica.
Antonio Carlos de Paula (2023)

Dissertações:
• Olimpismo negro: uma antologia das resistências ao racismo no esporte, por atletas olímpicos brasileiros.
Neilton de Sousa Ferreira Junior (2021)
• Sonhos, lutas e conquistas: projeção e emancipação social das mulheres brasileiras nos esportes, 1932-1979.
Claudia Maria de Farias (2012)

Artigo:
• Entre diferenças e desigualdades: o protagonismo das primeiras atletas olímpicas negras do Brasil.
Claudia Maria de Farias (2019)
Objetivos
• A pesquisa busca compreender a história da primeira mulher negra brasileira nos Jogos Olímpicos;

• Evidenciar sua participação e a modalidade que participou nos Jogos Olímpicos de 1948 e quem eram as atletas
participantes nesta edição;

• Analisar como se deu a iniciação esportiva, se teve apoio de sua família, quais clubes ela participou e como era ser
treinada por um homem branco;

• Entender quem era Melânia Luz em seu contexto social familiar, cidadã, formação.
Metodologia
A etnografia (Gonzalez, Lélia. 1984),envolve a imersão direta no ambiente social que está sendo estudado. Isso
incluirá as participações ativas em atividades esportivas de Melânia. Ao aplicar o dispositivo de
racialidade (Carneiro, Sueli. 2023)  e interseccionalidade  (Collins, Patricia Hills; Bilge, Sirma 2021. Akotirene,
Carla, 2019. Rêgo, Yordanna Lara Pereira. 2021.), nos concentramos em identificar e analisar como as experiências e
vivências da Melânia Luz estão moldadas pelas interações entre raça, gênero e classe com observação direta com
análise de documentos, entrevistas, e a família, atentando as experiências e vivências.

Na análise de dados coletados, utilizaremos a perspectiva interseccional para entender como as diferentes dimensões
de identidade se intersectam e influenciam as experiências e práticas sociais da  Melânia Luz. 
Referências Bibliográficas
• Almeida, Silvio Luiz de. Racismo Estrutural. São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen, 2019.
• Akotirene, Carla. Interseccionalidade. São Paulo: Sueli Carneiro; Póken, 2019.
• Carneiro, Sueli. Dispositivo de Racialidade. A construção do outro como não ser como fundamento do ser. 1ª
ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2023. 
• Collins, Patrícia Hill. Bilge, Sirma. Interseccionalidade. tradução Rane Souza - 1. ed.- São Paulo: Boitempo, 2021.
• Gonzalez, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. Revista Ciências Sociais Hoje, Anpocs, 1984. p. 223-
244.
• Gozalez, Lélia. Por um feminismo afro-latinoamericano. Org. Flávia Rios e Márcia Lima. Rio de Janeiro: Zahar,
2020.
• Kosarkas, Paula.; RIZZI, Ester Gammardella.; Tsukamoto, Mariana Harumi Cruz.; Galatti, Larissa Rafaela. Entre
meio e fim: um caminho para o direito ao Esporte. Licere. Belo Horizonte, v.24, n.1, mar/2021
• Rêgo, Yodanna Lara Pereira “Combinamos de não morrer”: transfobia, racismo e resistência à necropolítica entre
pessoas trans negras em Goiás. 2021

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