Você está na página 1de 13
A RAPARIGA DO HOTEL DE CINCO ESTRELAS Joana BERTHOLO (1982) $ FEIGOES DELA, marcadas, transmitiam uma tristeza inesgotivel. $6 isso a destacava, entre a diizia de pessoas que se afadigava em torno da piscina, veraneantes cuja tarefa ‘nica seria relaxar. O esmorecimento, a tez pilida, a mirada vaga, fi- zeram nfo s6 com que reparasse nela, mas sobretudo com que nio conseguisse deixar de a olhar. Sentada na ourela de xisto da piscina ecoldgica, onde plantas macréfitas ¢ nendfares substituiam © cloro, mergulhara as pernas até 20s joelhos ¢ inclinara 0 tronco na direcgio da Agua. A mio desenhava a superficie formas efémeras com a pon- ta dos dedos. © sol cintilava no colo despido. Olhava o proprio reflexo e fechava de quando em quando os olhos. Pareceu-me a pessoa mais triste que jamais encontrara Observei-a, até se levantar, se vestir e desaparecer ao fundo da alameda de tilias que conduziam a um dos restaurantes do hotel Fiquei a observar o lugar onde estivera sentada. As A RAPARIGA DO HOTEL DE CINCO ESTRELAS | 241 proprias coisas pareciam contristadas, agora que ela me re~ 6 esquecer a infelicidade quando Ihe es- cordara quao fic’ capamos; quio tentador € menosprezar 0 poder dos maus momentos. Dei por mim a suspeitar das cores estivais, do aconchego do calor, das gargalhadas das criangas, até mes- mo do frondoso arvoredo, com as suas sugestdes bucélicas ¢ promessas tropicais. Em redor da piscina, espregui¢adei- ras em rafia ocupadas por casais jovens ¢ alguns espanhdis endinheirados; 0s filhos de uns e os netos de outros, Entre eles, apressavam-se uma dezena de copeitos e garconetes, atarefados com a sucessio de caprichos que pareciam re- quisito a frequéncia deste hotel. — «Traz gelo?», Pode pér num cone?», «Coloca- -me protector nas costas?», «Ponha isto a carregar, sim?», «Nio se importa de ir buscar a béia da menina?y — «Sim, senhor», «Certamente, madame», «Provi- denciarei uma extensio», «Por supuesto», «E para ja Mesmo estas pessoas me pareciam agora inconso- laveis, numa acepgio diferente. Ela estava triste, eles eram tristes. Nessa tarde, a seguir a um almoco de caga, casta~ nhas no forno ¢ frutos silvestres, anunciei um passeio part ajudar a digestio. Percorri uma boa parte da herdade: pas- sei pela ctipula envidracada do spa, espreitei cada um dos bares e esplanadas, rodeei os campos de ténis, ¢ 6 ni0 percorri os de golfe porque nio emanava da mulher de feicdes dolentes o vigor das grandes caminhadas. Na f- chada do edificio central, escrutinei qual das varandas set! 4 sua, sem sucesso. O hotel oferecia bangalds a beita-"? © suites privadas orientadas a nascente, s6 acessiveis s¢ a tera ae jo longe infiltrasse, e no me senti disponivel para levar tio | 242 | JOANA BERTHOLO este interesse. Mas nio deixei um s6 momento de pensar nela. No que a deixaria tio taciturn, Na manha seguinte, sensivelmente 4 mesma hora, reencontrei-a no relvado da piscina, deitada numa toalha carmim que sobressaia no verde. Tinha auriculares postos € os olhos fechados. Pousara um chapéu de palhinha em cima do rosto, uma das maos com delicadeza sobre o peito, outra sobre © umbigo. Evitava cair — em si propria, ou no sono. A bola de uma das criangas escapou-se e bateu- -lhe na coxa. Ela levantou e voltou a pousar a cabeca, indiferente. Ao final da manha, um homem sentou-se no seu canapé, pousando uma mochila sobre a toalha carmim, Ela soergueu 0 corpo e trocaram algumas frases. Os ros- tos, inexpressivos. Levantaram-se, ela cobriu-se com uma ttinica vaporosa, cor de salmao, e caminharam lado a lado pela alameda de tilias até ao mesmo restaurante onde al- mogara no dia anterior. A revelagio de que nio tinha vindo passar férias so- Zinha perturbou-me, por ser esse até entdo o motivo eleito para o seu desinimo. Esbogara uma série de cendrios, por sinal satisfatérios, como um divércio recente ou uma soli- dio prolongada. Supus nela uma disponibilidade que dera lugar & procura, que por sua vez se teria esgotado sem que ninguém se abrilhantasse na multidio. Anos de encontros infrutiferos, de fins-de-semana inconclusivos e de homens demasiado ou insuficientemente dependentes do compro- misso. Nunca na tal medida certa, a do amor idealizado. Eles sentaram-se na plataforma exterior do restau- rante, onde me foi explicado que era necessiria reserva. Mostrando o meu desagrado, colocando mesmo em causa «a quinta estrela deste estaminé!», conformei-me com uma o esTReLAS | 243 A RAPARIGA DO HOTEL DE CINC TR i mesa no interior, chegada a um janelio onde, além do xo, 0s consegutia ver. Ele, de frente; ela, meu proprio refl de costas. Apesar de nao the ver a face, reconhecia angistia nas linhas caidas dos ombros e numa certa morosidade dos movimentos com que prendeu o cabelo, deixando a nu o pescoco muito branco. Ele excedia-a, arriscaria dizer, vinte anos. Mas nem ela era uma jovem, nem ele um velho. Ambos suspen- sos no espagoso limbo da meia-idade, estavam préximos. Questionei a minha predilec¢ao pelo termo rapariga, visto tratar-se afinal de uma mulher, eventualmente uma senhora. Atribui-o A melancolia, que lhe conferia um ar frégil, qua- se indefeso. Experimentei levar em conta a sua maturidade nas minhas conjecturas ¢ reconheci que as raparigas tém motivos caracteristicos para estar tristes, que passam quase todos por uma falta de nogio ow até mesmo ingratidio pela juventude que possuem. Talvez a acédia dela viesse justamente do confronto com a vida a passar, os anos a acumularem-se, de sonhos a serem alcangados sem apo- teose, apenas dando vez a novos objectivos Ele nio era tio mais velho que sugerisse um daque- les acordos a que os norte-americanos chamam sugar daddy, papa de acticar. Assumindo o preconceito, ela também nio parecia tio mais nova, nem suficientemente bonita ou dona de um corpo sensual, que justificasse ser acompanhante de um homem rico. Por outro lado, um homem excessivamen- te rico podia jé ter esgotado o catilogo de mulheres con- vencionalmente belas e voluptuosas ¢ apetecer-lhe entio — como uma iguaria — um toque eslavo, frio; uma mulher assim, desengracada e nervosa ser ela a muito rict Ocorreu-me entio que podi 244 | JOANA BERTHOLO € que isso explicaria algum do tédio na expressio — mas nao todo — e ele, o acompanhante. Mais do que um aman- te consistente, poderia ser eloquente ou culto, Talvez lhe falasse de coisas que ela desconhecia, relativas 20 passado, a civilizagdes antigas. O hotel avizinhava a fronteira, onde varias batalhas tinham sido travadas ao longo da Histé- tia. Em redor, resistiam ruinas de povoados romanos, visi- godos, celtas; e marcas das missdes dos Templarios. Talvez fosse isso 0 que a encantava, 0 acesso que ele tinha a tanto passado, uma forma de improvisar raizes. Ou talvez a eru- dicdo dele passasse por algo menos palpivel; pela etimo- logia das palavras, por exemplo, a sua origem greco-latina ou sinscrita. Isso teria de a maravilhar, porque também a tristeza contém palavras — ou porventura sio as palavras que a mapeiam. Ele contou-lhe que «soturno» é uma alte- taco de «Saturno», e que se acreditara que quem nascesse sob a influéncia deste planeta herdaria um temperamento sombrio. Questionei todas as minhas explicagdes: poderia teduzir-se tudo a forgas césmicas? Seria 0 corpo dela ape- has um joguete? : Recolhidas as entradas, trouxeram o prato princi- Pal. Tinham pedido o mesmo. Ele levava 4 boca pedagos Pequenos de comida, mastigava-os bem e intercalava vi- tho branco ¢ 4gua mineral. A tez pendida em torno dos olhos conferia-he um ar cansado, quase suplicante. Ainda £ra belo, sobretudo ao sorrir. Mas s6 sorriu uma en © pa- Teceu magod-lo que ela nio sorrisse também. Nio sorria "Als, todo © almogo.Vi o quanto se esfor¢ “Studava, perscrutava a origem daquele desgost, sig Porqué, se arreliava com o frustrante «nao sei. 1S starmos tristes, ni Como ele a ava indagava “Ver sempre um motivo para ¢ 25 nevas | 2 co EST “Karanica po HOTEL DE CIN Custou-lhe negociar uma vaga neste lugar, elitista ¢ exclusivo; mais dificil ainda foi conseguir que ela viesse, exagerando uma doenga de pele que s6 no famoso hotel termal pudesse ser tratada — «querida, por favor, j4 esgotei os melhores médicos!» Ali estavam, mas era evidente que nada a comovia, Fizesse ele o que fizesse, continuava pesa- rosa, Nos dias seguintes, cruzimo-nos varias vezes, ou fiz por isso. A hora das refeigdes via-os juntos; de manhi, s6 a ela. Era ao redor da piscina onde se demorava. Demons- trando pouco interesse pelos outros héspedes — excepto elas criangas, que observava com uma desatengio cari- nihosa —, olhava a cascata, os péssaros que pousavam na amurada de pedra, as diferentes arvores. Detinha-se com © Tastro do ocasional aviio no céu de Agosto. Estudow demoradamente a direcgio de uma nuvem densa, que du- Tante dez minutos tapou o sol. Achei que fosse mergulhar, finalmente, quando a nuvem Passasse € 0 calor voltasse * estalar, mas no, Levantou-se da borda da piscina e re- Stessou 3 espreguicadeira, Pegou num livro que folheow durant i ae alguns minutos antes de o pousar. Eu recebi um d hamada F da do trabalho, subi um instante ao quarto, ¢ qua" lo voltei jé na J# ndo a encontrei, Nesse dia nao voltei a vé-ls- Na manhi se, © casal no bufé Panhe F on Suinte, acordei cedo e cruzei-me 0" do pequeno-almogo, Percebi que 0 com ito, j4 : : Jide mochila as costas, seguia pelos campos 4J"" dinados até ados a ae re *S 20 edificio termal, a dez minutos a pé. Set® cto gra = extO par; Brave,a condigio cutinea, ou apenas um pretes! ara a trazer ali? quem descobre Pegas de Senti o deleite detectivesco de Pegas um misté puz m 2 er T1O, Mesmo se sentisse QUE les dife an les diferentes, Nao vira nela nenhu 246 | JOANA paRTHOLO igo cuidador, ou consternagio. Parecia-me demasiadg . ; pul : 1a consigo propria. Por outro lado, perguntei-me envolvid: porque nao aprov cocés, sauna, envolvimento em lama, banho drenante ¢ outras ofertas do spa, que estava longe de ser um sitio destinado a pessoas doentes. Porque nio passavam a ma- nha nas termas, como os outros casais de meia~idade que eitava as massagens de cacau, duche es. atravessavam o jardim em roupio? Ela voltou a esperé-lo junto da piscina percebi que era justamente isso, nio © esperava. Aquele € entio tempo pertencia-lhe, e estimava-o. Permanecia quieta, nio se distraia, nem se ocupava. Era o melhor pedago do dia, mas era também ali que se tornava definitivo 0 desalento Afligia-a uma sensagio de desencaixe — no todo, naquele lugar —, era ali que a rapariga do hotel de cinco estrelas se sentia uma fraude Tirou um tablet de dentro da sacola ¢ deslizou os dedos pelo ecra. Desejei que nio fossem parangomas. Re- velava-se um Verao terrivel, com seca num hemisfério ¢ enchentes noutro; cidades inteiras a desaparecer nas orlas Costeiras. Milhares se fizeram estrada em busca de um refiigio, ¢ muros erguiam-se a cada fronteira. Abrit um site Roticioso garantia um confronto com imagens de despojos: destruicio ¢ catistrofe. Corrupgio e iniquidade. Import va focar-se no tempo inconsequente das férias, nas regalia 4as pessoas que a rodeavam; ow pedir uma bebida doce. ‘ervida com gelo ¢ palhinha de bambu; que a inebrias¢ Nm Pouco, que varresse da mente qualquer centelha d¢ Preocupacio, Se 0 ecra a tentasse, podia limitar-se 4s ene Paes de pessoas na mesma situagdo: em lugares bonit0™ use i pet MOS, no imaculado pretérito digital. Guardou 0 !! 248 | JOANA péRTHOLO Agosto tem uma voragem propria. Os dias passa- vam sem que uma conclusio definitiva acerca da sua tris~ teza se clarificasse. As variagées de humor eram minimas, ou © que variava surtia parcas consequéncias, como um vestido azul-claro que usou certa noite para jantar, que lhe dava um ar jovial, até ligeiro, e que me dew a crer que nessa tarde tinham tido uma conversa importante, intima, e feito amor antes de descer para jantar. Nao estava tio abatida Na tarde seguinte, no miradouro de um dos bares, um héspede abordou-a com desculpas reiteradas por a in~ terromper. Ela disse que nio havia problema. «Reconhe- ci-a, sabe. Nunca imaginei encontra-la num lugar como este», disse o homem. Baixou o olhar, constrangida. Ele pousou diante dela um calhamaco que tirou de uma saco- la de juta. Ela nao estranhou o carfcter invasive do gesto € pareceu até saber de que se tratava, sorriu agora com maior franqueza e desculpou-se: «Nao tenho caneta.» Ele procurou, em gestos atabalhoados, dentro da sacola, donde tirou um molde de plastico em forma de tartaruga e uma pa, apesar de no haver areia neste hotel de cinco estrelas. Afastou-se e foi até ao balcio do bar. No entretanto, vi nela algo novo. Parecia outra pes- soa. Muito menos indefesa. O homem regressou com uma caneta ¢ ela escreveu directamente no livro, nas primel- ras piginas do volume, ¢ depois devolveu-Iho, triunfante. Trocaram frases. Depois do homem se despedir, estendeu erara, 0 @ atengio pela paisagem e todo o semblante se alterara, ¢ : faceta Angulo do pescoco, a largura do peito. Esta outra fc _se nela uma forga. Talvez 0 abati- genuino, assustou-me. Encobria- Mento que me comovera nio fosse totalmente va, e que The 6u fosse uma identidade que adoptara em nova, ¢ q | 249 o esTRetas | 2 A RAPARIGA DO HOTEL DE CING granjeara 20 longo dos anos atencio, mimo, até uma cer jdmiragio que se tem pelas pessoas profundas e sensiveis Talvez todas as minhas suposiges fossem mesmo 56 isso Nos dias seguintes evitei que nos cruzissemos, ape. sar de nio ter conseguido evitar pensar nela. Sentia que era tudo um terrivel engano. De noite, as voltas na cama, sem conseguir conciliar © sono, pensei a sério na minha propria tristeza, e © que faz com que uma pessoa acumule experiéncias, bens, prestigio, ligagées — vida, enfim — ¢ no se sinta jamais satisfeita. Como pode ser que nés, pe soas que passam Agosto num resort onde qualquer vontade nos é prontamente satisfeita, ainda demos voltas de noite na cama, miseraveis. Levantei-me e vagueei pelo siléncio imenso da construgio palaciana. Procurei entre os bares por um que estivesse aberto a meio da noite, onde alguém me servisse um cocktail, um gim tonico; varios. Os longos corredores atapetados, assim vazios e com a iluminagao dos candeei- ros sumida, pareciam-me diferentes, e tive dificuldade em encontrar 0 caminho. Dei por mim num salio amplo for- rado a livros. Ao fundo, um rosto recortado por uma luz de presenga, o dela; debrugada sobre um enorme tomo de gravuras do século xvi, doagio de uma familia nobilissima descendente dos reis de Lelio. Nao deu pela minha entr- da, absorta na contemplagao das estampas. Aproximei-me -Ihe ao de leve no ombro. A sua expressio, de in «fa tinha € toque’ cio surpreendida, abriu-se, e a voz com que disse teparado em si!» soava terna, sem vestigios de insegurang? Uma compreensio stibita alcangou-me. Era mais simples que qualquer uma das minhas especulagdes. Convidou-me a sentar a seu lado. Colocow 8° 250 | JOANA BERTHOLO tes acerca de mim, das minhas férias, se fazia algum tra- tamento termal, se jé tinha experimentado a viagem de fio — «Oh, € magnifica, nao pode perder! » © passada uma hora ainda conversivamos, mas s6 me apercebi de- pois, tarde demais, que fui sobretudo eu a falar. Possuia um talento notavel para pegar na dltima coisa que eu dizia ¢ prolongé-la com uma nova questio, como numa partida de ténis com uma bola unidireccional, Contei-lhe coi- sas que nunca partilhara com ninguém. Foi uma conversa franca e intima, Fui-me deitar nessa noite com a impressio de que nasceria deste encontro uma amizade importante, ¢ dormi profundamente, como jé ndo dormia ha meses. Ao descer para o pequeno-almo¢o apanhei um sus- to, ao ver na entrada as bagagens deles. Ela apareceu, vinda do terraco, ¢ sentou-se ao pé das malas, sem me reconhe- cer. A atencao desenvencilhada dava a entender que nio se dava conta do progresso feito nos iltimos dias. Pareceu- ~me prematuro partir. Nao descansara tudo, mas alguma coisa sim. Como um toxicémano em recuperagio para quem oVerdo é a ressaca, queria voltar para a agitacio, ansiedade, horas longas de trabalho, para a sensagio de se esgotar e de nio ter de lidar consigo propria. Exigia bastante dela estar ali, hora apés hora, dia apés dia, com nada mais que fazer do que desfrutar. © voiturier, um rapaz novo € nervoso, com marcas de acne na testa, atrapalhara-se em busca das chaves, ou confundira-as, ¢ tentava agora resolver © equivoco sob 0 olhar reprovador do gerente, visivelmente contrariado. © companheiro fechava contas ao balcio. Isso melindrava- -a. Entreteve-se com o cadeado bloqueado de uma das ma- A RAPARIGA DO HOTEL DE CINCO EsTRELAS | 251 las de viagem, s6 para ver se saia dali com menos um né, O voiturier estacionou finalmente 0 Maserati verde-garrafa 3 entrada, um carro espalhafatoso e desnecessirio, que certa- mente odiava. Entregou as chaves ao companheiro, atarefa— do com a facturagdo. «E a senhorita que conduz», corrigiu, eo jovem olhou para mim, atrapalhado, pediu-me desculpa e devolveu-me as chaves. «Nao faz mal», disse eu. «“Acon- tece-nos com frequéncia.» Noutra altura, este machismo velado ter- me-ia irritado, mas hoje nao importava. Algo em mim tinha descansado finalmente, Inédito

Você também pode gostar