Você está na página 1de 130

Licenciatura em Psicologia Clínica

Psicologia Social I

Docente: Iracema Bunga


iracemabunga@gmail.com

2023
OBJECTIVOS DA CADEIRA

• Dar a conhecer os fundamentos


teóricos mais relevantes em
Psicologia Social, integrando as
várias correntes numa perspectiva
histórica;
• Estudar os processos de interacção
social;
• Meditar sobre as nuances
específicos das atitudes.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

• Correntes teóricas da Psicologia


Social;
• Métodos da Psicologia Social;
• Processos de interacção social;
Problemas específicos:
• Atitudes e outras disposições
comportamentais adquiridas;
- Conformismo e desviacionismo.
Principais campos de estudo da
Psicologia
A Psicologia Social
• A Psicologia Social surgiu no século XX como
uma área de aplicação da psicologia para
estabelecer uma ponte entre a psicologia e as
ciências sociais (sociologia, antropologia,
etnologia).

• E a sua designação de Psicologia Social foi


fundada pela primeira vez por James Baldwin
em 1977.
5
Psicologia Social e
Interdisciplinaridade

• Uma outra raiz da Psicologia Social é a sua


interdisciplinaridade entre a Psicologia e a
Sociologia.
• Verifica-se assim, um foco acentuado entre estas
duas disciplinas pois, a psicologia dá ênfase à
dimensão individual e a sociologia à dimensão
social.
Psicologia Social
Indivíduo Sociedade

analise das relações entre indivíduos


(interacções), entre categorias ou grupos
sociais (relações intergrupais) e entre o
simbólico e a cognição (representações
sociais).
Conceito

Aroldo Rodrigues (2000): Define a Psicologia


Social como sendo o estudo científico do ser
humano nas suas relações com outros indivíduos,
quer sejam influenciados quer hajam sobre eles.

Huffman e Vernoy (2003): Definem a Psicologia


Social como sendo a ciência que estuda o
comportamento das pessoas em situações de
grupo.

Cherry (2016): Psicologia Social é o estudo das


influências do meio e a percepção desse meio,
visando compreender o comportamento social. 8
• Estudo científico da influência recíproca
entre as pessoas (interacção social) e do
processo cognitivo gerado por esta
interacção (pensamento social).

- Ou seja, é o estudo dos fenómenos


sociais, comportamentais e cognitivos
decorrentes da interacção entre pessoas,
através de um método científico.
9
• O seu objecto de estudo centraliza-se
nos indivíduos em contextos, sendo que
estas mesmas explicações são
efectuadas em 4 níveis:

1. Nível intra-individual;
2. Nível inter-individual e situacional;
3. Nível posicional;
4. Nível ideológico.
Modalidades da Psicologia Social

• Psicologia Social • Psicologia Social

Psicológica procura Sociológica tem como

explicar os pensamentos, foco o estudo da

sentimentos, e experiência social que o

comportamentos do indivíduo adquire a partir

indivíduo na presença de da sua participação nos

outras pessoas. diferentes grupos sociais


com os quais convive.
11
1. Correntes Teóricas da
Psicologia Social
Correntes Teóricas da
Psicologia Social
TEORIA DA APRENDIZAGEM
SOCIAL/TEORIA SOCIAL
COGNITIVA
Percursor

•Albert Bandura (1925-2021)

•Psicólogo Cognitivo, de origem canadense, da Universidade


de Stanford, que criou a Teoria Social Cognitiva que
inicialmente era conhecida como Teoria da Aprendizagem
Social.

•Este teórico centralizou suas pesquisas no estudo do


comportamento humano, quando este está inserido no
contexto social, valorizando os processos cognitivos do
indivíduo.
• A teoria é designada de aprendizagem
social porque é baseada no que a criança
aprende na interacção com o seu meio e
na observação dos outros.
• Diferente de Watson e Skinner, que
afirmavam que o ambiente modela a
personalidade e o comportamento da
criança, Bandura propõe que as ligações
entre as pessoas, comportamentos e
ambientes são bidireccionais, assim, uma
criança pode influenciar o seu ambiente
por meio da sua própria conduta.
A imitação/observação na teoria da
aprendizagem social

•A imitação ou observação era


considerada como uma conduta não
criativa, portanto não inteligente e pouco
digna de interesse.
•Esta tal concepção esquecia das grandes
vantagens que a observação oferece
principalmente ao nível da aprendizagem.
• A observação favorece
consideravelmente a aprendizagem de
comportamentos que,
espontaneamente teriam uma fraca
probabilidade de ocorrência, isto é, de
serem aprendidos.
• É a teoria de aprendizagem social de
Bandura que restituíra à observação
um lugar de honra, provocando um
surto de grande interesse.
As fases do processo da observação:

– Aquisição - o aprendiz observa o modelo e reconhece


as características distintivas da sua conduta;

– Retenção - as respostas do modelo são activamente


armazenada na memória;

– Desempenho - se o aprendiz aceita o comportamento


do modelo como apropriado e possível de levar as
consequências por ele valorizado, o aprendiz o
reproduz;

– Consequência - a conduta do aprendiz resulta em


consequência que virão fortalece-las ou enfraquece-
las.
Factores que facilitam a aprendizagem social

Atenção - prestar atenção a um modelo é


importante para a aprendizagem social.

•A ênfase é dada a atenção deliberada e


calculada que levará ao máximo a
aprendizagem.
•Embora isto nao signifique que a aprendizagem
não possa ocorrer em menor ou maior grau,
com base na atenção acidental ou inconsciente.
Memória - o que é observado deve
ser processado pela memória a curto
-prazo e a longo-prazo, armazenado.
•Uma vez armazenado na memória
não se terá problemas em recuperar
essas capacidades ou informações
sempre que se precisar delas.
Capacidades motoras - um acto pode ser
aplicado e praticado depois de ser
observado se a criança é potencialmente
capaz de aplicar e praticar.
•Em alguns casos um mero ensaio pode
ser adequado para reproduzir um
comportamento observado, e a prática
pode ser necessária.
•Isto pode ser verdadeiro para
actividades como guiar, dactilografar,
desenhar e aprender a ler e a escrever.
Reforço - tem um papel importante na
aprendizagem por observação.
•Se o modelo é recompensado por um
comportamento particular, a probabilidade de o
comportamento ser modelado é maior, porque
o observador partilha a recompensa do modelo
vicariante.
•Por outro lado, se o modelo é punido por um
comportamento particular, o observador
também é punido de forma vicariante e
consequentemente é provável que se evite
esse comportamento.
Identificação - é um processo em que
uma pessoa se identifica com o
comportamento, atitudes, sistema de
valores e as crenças de outras
pessoas.
•Essa pessoa pode ser um parente,
uma figura de autoridade ou um par.
O afecto modelo-sujeito - este factor foi
especialmente estudado no âmbito das relações
pais-filhos, os comportamentos parentais
adquirem um valor de reforço positivo secundário
aos olhos da criança dada a sua associação
frequente com experiência gratificante para ela.

A semelhança modelo-sujeito - a similaridade


inscreve-se numa teoria cognitiva de imitação: um
indivíduo que se aperceba de que partilha de uma
mesma característica com a outra pessoa/modelo,
em que essa característica está associada a uma
outra, qualquer que seja, acaba por conceber que
também ele possui ambas características.
O estatuto do modelo - de acordo com a
aprendizagem social, as pessoas com elevado
estatuto e que são capazes de recompensar ou
punir servem de bons modelos.

•Os pais são um bom modelo para a criança,


particularmente durante a primeira infância.
•Durante a idade escolar, o professor é um forte
modelo, ele pode recompensar ou punir.
•Embora os pais e os professores são vistos como
fortes modelos, mas o desenvolvimento da
personalidade da criança também conta.
Resultados da aprendizagem social

Como resultado, na aprendizagem social,


espera-se que haja moldagem, inibição e
desinibição.
•A moldagem ocorre quando a pessoa vê a
outra envolvida num determinado
comportamento e o percebe como um
comportamento interessante e recompensador,
comportando-se de forma similar com
esperança de ser reforçado de forma
semelhante.
• A inibição, quando uma pessoa não
quer se envolver num determinado
comportamento porque viu outros a
não serem reforçados por esse
comportamento.

- por exemplo, um aluno pode ser


reprendido por se comportar
inadequadamente na sala de aulas, os
outros que observam esta repreensão
têm uma responsabilidade maior de
não imitar esse comportamento.
• A desinibição, acontece quando um
comportamento que estava latente ou
inibido é reservado como resultado da
exposição a um comportamento
semelhante por um modelo.

- por exemplo, um aluno pode tentar


controlar-se a si mesmo para não se
envolver num comportamento
indesejado, mas, porque outros se
comportam de forma indesejada, ele
pode segui-lo.
• Para Bandura o homem não é totalmente
influenciado pelo meio, pois suas reacções e
estímulos são auto activadas.
• Na teoria social cognitiva o homem não é
visto como um ser passivo dominado pelas
acções ambientais, mas sim como um ser
influente em todos os processos.
• O comportamento não precisa ser reforçado
para ser aprendido ou adquirido, o homem
aprende e adquire experiências observando
as consequências dentro do seu ambiente,
assim como as vivências das pessoas com
as quais convive.
TEORIA DA DISSONÂNCIA
COGNITIVA
Percursor:

•Leon Festinger (1919-1989)

•Psicólogo americano e Professor da New


School for Social Research de Nova York na
Universidade de Michigan e de Minesota.

•Tornou-se famoso por desenvolver a teoria da


dissonância cognitiva
• A Dissonância Cognitiva pode ser definida
como um estado de tensão cognitiva que
ocorre quando um ser humano tem duas
ou mais cognições (pensamentos,
ideias, etc.) que são inconsistentes entre
si.
- Portanto, para aliviar a tensão interna, o
sujeito modifica e interpreta suas próprias
atitudes de maneira a eliminar ou diminuir
a dissonância.
• Quando uma pessoa possui uma
opinião ou um comportamento que não
condiz com o que pensa de si, das
suas opiniões ou comportamentos vai
ocorrer dissonância.
• Quando os elementos dissonantes são
de igual relevância ou importantes para
o indivíduo, o número de cognições
inconsistentes determinará o tamanho
da dissonância.
• A força total da dissonância pode ser
influenciada por vários factores:
- Cognições que são mais pessoais,
tais como crenças sobre o self (si
mesmo), tendem a resultar em maior
dissonância;
- Quanto maior for a força da
dissonância, mais pressão existe
para aliviar as sensações de
desconforto.
• Quando há uma discrepância entre as
crenças e comportamentos, algo tem
de mudar, a fim de eliminar ou reduzir
a dissonância.
• As pessoas têm uma necessidade
interior para garantir que as suas
crenças e comportamentos são
consistentes.
• Crenças inconsistentes ou
conflituantes levam a desarmonia, que
as pessoas se esforçam para evitar.
Como reduzir a dissonância cognitiva:

•Concentrar-se em crenças mais favoráveis que


superam a crença ou comportamento dissonante.

Por exemplo, pessoas que aprendem que as emissões


de gases com efeito de provocar o aquecimento global
podem experimentar sentimentos de dissonância se
conduzirem um veículo com alto consumo de gasolina.
A fim de reduzir essa dissonância, elas podem
procurar novas informações que contestam a conexão
entre gases de efeito estufa e aquecimento global.
Esta nova informação pode servir para reduzir o
desconforto e dissonância que a pessoa experimenta.
• Reduzir a importância da crença em conflito.

Por exemplo, um homem que se preocupa com sua


saúde pode ser perturbado ao saber que ficar
sentado por longos períodos de tempo durante o dia
está ligado a uma vida útil encurtada. Uma vez que
ele tem que trabalhar o dia todo em um escritório e
passa grande parte do tempo sentado, é difícil mudar
o seu comportamento, a fim de reduzir seus
sentimentos de dissonância.

A fim de lidar com os sentimentos de desconforto, ele


poderia, em vez de encontrar alguma maneira de
modificar o seu comportamento, passar a acreditar
que seus outros comportamentos saudáveis
compensam o seu estilo de vida sedentário.
• Mudar a crença conflitante de modo
que seja consistente com outras
crenças e comportamentos.

Alterar a cognição conflitante é uma das


maneiras mais eficazes de lidar com a
dissonância cognitiva, mas é também
uma das mais difíceis. Particularmente
no caso de valores e crenças mais
profundas, a mudança pode ser
extremamente difícil.
Importância da dissonância cognitiva

•A existência de dissonância, sendo


psicologicamente desconfortável, vai motivar
a pessoa a tentar reduzir a dissonância e
alcançar a consonância.

•Quando a dissonância está presente, além


de tentar reduzi-la, a pessoa vai evitar
activamente situações e informações que
provavelmente aumentariam a dissonância.
TEORIA DO INTERACCIONISMO
SIMBÓLICO
Percursor:

•George Herbert Mead (1863-1931)

•Filósofo, sociólogo, psicólogo e professor universitário


americano nas áreas da sociologia e da psicologia
social.

•O interaccionismo simbólico constitui uma perspectiva


teórica que possibilita a compreensão do modo como os
indivíduos interpretam os objectos e as outras pessoas
com as quais interagem e como tal processo de
interpretação conduz o comportamento individual em
situações específicas.
• O interaccionismo simbólico é uma
abordagem sociológica das relações
humanas que considera de suma
importância a influência, na interacção
social, dos significados bem particulares
trazidos pelo indivíduo à interacção,
assim como os significados bastante
particulares que ele obtém a partir dessa
interacção sob sua interpretação pessoal.
• O mundo simbólico só se constrói por
meio da interacção entre duas ou mais
pessoas e, portanto, o simbolismo não é
resultado de interacção do sujeito consigo
ou mesmo de sua interacção com um
simples objecto.
“as pessoas agem em relação às coisas
baseando-se no significado que essas
coisas tenham para elas; e esses
significados são resultantes da sua
interacção social e modificados por sua
interpretação”
• O interacionismo simbólico é,
potencialmente, uma das abordagens
mais adequadas para analisar processos
de socialização e ressocialização e
também para o estudo de mobilização de
mudanças de opiniões, comportamentos,
expectativas e exigências sociais.
• Mead afirma que a mente é uma relação
do organismo com a situação, que se
realiza por meio de uma série de
símbolos.
- Quando um determinado gesto representa a
ideia que há por trás de si e provoca essa ideia
no outro indivíduo, tem-se um símbolo
significante.

- No momento em que tal gesto promove uma


reacção adequada do outro indivíduo, tem-se
um símbolo que responde a um significado na
experiência do primeiro indivíduo e que também
evoca esse significado no segundo indivíduo.

•Nota: Só quando o indivíduo se identifica com


tais símbolos é que se torna consciente o
significado.
TEORIA DO CAMPO
Percursor:

•Kurt Lewin (1890-1947)

•Nasceu na Prússia, o que hoje se conhece como


Polónia. Psicólogo de cidadania alemã e americana,
para além de professor universitário.

•Encontrou uma teoria que poderia usar - a teoria de


campo. Para integrá-la na psicologia, optou por
estudar os comportamentos sem isolá-los de seu
contexto natural.
• Tomando a teoria de campo da física,
Kurt Lewin estabeleceu duas
condições básicas para sua teoria de
campo:
- A primeira é que o comportamento
tem que ser deduzido de uma
totalidade de factos coexistentes.
- A segunda diz que estes factos
coexistentes têm o carácter de um
“campo dinâmico”, o estado de cada
uma das partes do campo depende
de todas as outras.
• Usou o conceito físico de “campo de
forças” em sua teoria de campo para
explicar os factores ambientais que
influenciam o comportamento humano.
• O comportamento, em sua opinião, não
depende nem do passado nem do futuro,
e sim dos factos e acontecimentos
actuais e de como o sujeito os percebe.
• Os factos estão interconectados e
constituem um campo de forças dinâmico
que podemos denominar espaço vital.
• O espaço vital ou campo psicológico de
forças viria a ser o ambiente que engloba a
pessoa e sua percepção da realidade
próxima.
• Trata-se, de um espaço subjectivo, próprio,
que guarda a forma que olhamos o mundo,
com nossas aspirações, possibilidades,
medos, experiências e expectativas.
• Este campo conta com alguns limites,
estabelecidos especialmente pelas
características físicas e sociais do
ambiente.
• O foco da teoria de campo permite
estudar o comportamento do indivíduo
com uma perspectiva de totalidade, sem
ficarmos em uma análise das partes
separadas.
• A influência do campo psicológico sobre
o comportamento é tal que Lewin
considera que chega a determiná-la: se
não existem mudanças no campo, não
haverá mudanças no comportamento.
Lewin (1988), introduziu três variáveis que
considerava fundamentais:

•A força: é a causa das acções, a motivação.

- Quando existe uma necessidade, se produz


uma força ou um campo de forças, o que leva à
produção de uma actividade.
- Estas actividades têm uma valência que
pode ser positiva ou negativa.
- Por outro lado, a valência das actividades
dirige forças até as outras actividades (positivas)
ou contra elas (negativas).
• A tensão: é a diferença entre as metas propostas
e o estado actual da pessoa.
- A tensão é interna e nos empurra para finalizar a
intenção.

• A necessidade: é aquilo que inicia as tensões


motivadoras.
- Quando existe uma necessidade física ou
psicológica no indivíduo, se desperta um estado
interior de tensão.
- Este estado de tensão faz com que o sistema,
neste caso a pessoa, se altere para tentar
reestabelecer o estado inicial e satisfazer a
necessidade.
• Lewin afirma que a teoria do campo
determina quais são os comportamentos
possíveis e quais os impossíveis de cada
sujeito.
• O conhecimento do espaço vital nos
permite predizer razoavelmente o que a
pessoa fará.
• Todo o comportamento ou, pelo menos,
todo comportamento intencional, é
motivado: tensões o impulsionam, forças
o movem, valências o dirigem e
apresenta metas.
TEORIA DA REPRESENTAÇÃO
SOCIAL (RS)
Percursor:

•Serge Moscovici (1925-2014)

•Psicólogo social romeno radicado na França.


Trabalhou como director de um laboratório em
Paris e como membro de uma academia de artes
na Europa.

•Inicialmente chamado de representação colectiva,


serviu como elemento básico para elaboração de
uma teoria da religião, da magia e do pensamento
mítico.
• O conceito de representação social tem suas
origens na Sociologia e na Antropologia,
através de Durkheim e de Lévi-Bruhl.

• As Representações Sociais são “teorias” sobre


saberes populares e do senso comum,
elaboradas e partilhadas colectivamente, com
a finalidade de construir e interpretar o real.

• Por serem dinâmicas, levam os indivíduos a


produzir comportamentos e interacções com o
meio, acções que, sem dúvida, modificam os
dois.
Níveis de discussão e análise das RS:

• Nível fenomenológico – as RS são um objecto de


investigação. Esses objectos são elementos da realidade
social, são modos de conhecimento, saberes do senso
comum que surgem e se legitimam na conversação
interpessoal quotidiana e têm como objectivo
compreender e controlar a realidade social.
• Nível teórico – é o conjunto de definições conceituais e
metodológicas, constructos, generalizações e proposições
referentes às RS.
• Nível metateórico – é o nível das discussões sobre a
teoria. Neste colocam-se os debates e as refutações
críticas com respeito aos postulados e pressupostos da
teoria, juntamente a uma comparação com modelos
teóricos de outras teorias.
• Estudar RS é buscar conhecer o modo
como um grupo humano constrói um
conjunto de saberes que expressam a
identidade de um grupo social, as
representações que ele forma sobre
uma diversidade de objectos, tanto
próximos como remotos, e
principalmente o conjunto dos códigos
culturais que definem, em cada
momento histórico, as regras de uma
comunidade.
• Uma das principais vantagens desta teoria
é sua capacidade de descrever, mostrar
uma realidade, um fenómeno que existe,
do qual muitas vezes não nos damos
conta, mas que possui grande poder
mobilizador e explicativo;

• Torna-se necessário, por isso, estudá-lo


para que se possa compreender e
identificar como ela actua na motivação
das pessoas ao fazer determinado tipo de
escolha (comprar, votar, agir, etc.)
Por que criamos as RS?
• Numa tentativa de entender a formação e
origem das RS, constata-se que criamos
as RS para tornar familiar o não familiar.

• Vejamos primeiro o que significam os


conceitos: familiar e não familiar, a partir
das noções de Universos Reificados (UR)
e Universos Consensuais (UC).
• Nos UR, que são mundos restritos, circulam
as ciências, a objectividade, ou as teorizações
abstractas. Neste, a sociedade é percebida
como um sistema de diferentes papéis e
classes, cujos membros são desiguais.

• Nos UC, que são as teorias do senso comum,


encontram-se as práticas interactivas do dia-a-
dia e a produção de RS. A sociedade é vista
como um grupo de pessoas que são iguais e
livres, cada uma com possibilidade de falar em
nome do grupo. Nenhum membro possui
competência exclusiva.
• O não familiar situa-se, e é gerado,
muitas vezes, dentro do UR das
ciências e deve ser transferido ao UC
do dia-a-dia.

- Essa tarefa é, geralmente, realizada


pelos divulgadores científicos de
todos os tipos, como jornalistas,
comentaristas económicos e políticos,
professores, propagandistas, que têm
nos meios de comunicação de massa
um recurso “fantástico”.
Para assimilar o não familiar, dois processos básicos
podem ser identificados como geradores de RS, o
processo de ancoragem e objectivação.

•Ancoragem é o processo pelo qual procuramos


classificar, encontrar um lugar, para encaixar o não
familiar
- pela nossa dificuldade em aceitar o estranho e o
diferente, este é muitas vezes percebido como
“ameaçador”;
- movimento que implica, na maioria das vezes, em
juízo de valor, pois, ao ancorarmos, classificamos uma
pessoa, ideia ou objecto e com isso já o situamos dentro
de alguma categoria que historicamente comporta esta
dimensão valorativa.
- Por exemplo, quando surgiu o
problema da SIDA, diante das
perplexidades e dificuldades em
entendê-la e classificá-la, uma das
formas encontrada pelo senso
comum para dar conta de sua
ameaça, foi ancorá-la como uma
“peste”, mais especificamente “a
peste gay” ou “o câncer gay”.
• A Objectivação é o processo pelo
qual procuramos tornar concreto,
visível, uma realidade
- procuramos aliar um conceito com
uma imagem, descobrir a qualidade
icónica, material, de uma ideia, ou de
algo duvidoso;
- a imagem deixa de ser signo e
passa a ser uma cópia da realidade.
• Um dos exemplos fornecidos por
Moscovici refere-se à religião. Ao se
chamar de “pai” a Deus, está-se a
objectivar uma imagem jamais
visualizada (Deus), em uma imagem
conhecida (pai), facilitando assim a
ideia do que seja “Deus”.
2. Métodos da Psicologia
Social
Métodos
Método de Observação

• A observação é um instrumento
largamente utilizado nas ciências para a
obtenção de informações que serão
posteriormente analisadas pelos mais
diversos métodos.
Modalidades da Observação
• Quanto a estrutura da observação:
- Sistemática
- Assistemática

• Quanto ao local da observação:


- Naturalística
- Laboratorial
• Quanto a acção do observador:
- Não participante
- Participante

• Quanto ao número de
observadores:
- Individual
- Em equipa.
Vantagens
- Exige menos do observado do que outras
técnicas;
- Obtém a informação no momento e no espaço
onde ocorre;

- Permite a recolha de dados sobre um conjunto


de atitudes comportamentais típicas e que
dificilmente poderiam ser estudados de outra
forma.
Desvantagens
- A presença do observador pode alterar o
comportamento ou situação observada;

- A duração dos acontecimentos varia e muitos factos


podem ocorrer simultaneamente o que torna difícil a
recolha de informações;

- Existem aspectos da vida quotidiana que podem não


ser acessíveis ao observador.
Método Correlacional

• Este método permite o estudo do


relacionamento de múltiplas
variáveis ao mesmo tempo, não
permite compreender as causas do
comportamento, mas traz
informações relevantes sobre o
fenómeno e a sua relação ou não
com outras variáveis.
• O primeiro nível, de análise das
relações, visa explorar e descrever
relações entre variáveis.
• O segundo, procura determinar a
natureza das relações (força e direcção)
entre as variáveis.
• O terceiro serve para determinar a
adequação entre um modelo teórico e os
dados empíricos.
• Neste, as variáveis são
simultaneamente medidas e a sua
relação é testada.

• O coeficiente de correlação é a
técnica estatística que é utilizada.
Método Experimental

• É o conjunto de procedimentos
rigorosos desenvolvidos em
contexto laboratorial. É importante
porque nos permite saber o porquê
de determinados comportamentos.
Modelo Básico de Investigação Experimental
• O método experimental pode ser dividido nas seguintes

etapas:

a) Identificação e análise do problema ou situação;

b) Formulação de uma hipótese explicativa;

c) Experimentação-manipulação e controlo das variáveis no


grupo em observação;

d) Conclusão-confirmação da hipótese.
• Existem dois tipos de variáveis:
- Variável Dependente (VD): Que é
o objecto de investigação científica
e depende da variável
independente.
- Variável Independente (VI): É a
que é manipulada em condições
favoráveis para se verificar o efeito
no objecto de estudo.
• Exemplo: Formulação de um problema- “os
programas televisivos violentos afectam o
comportamento das crianças?”
• Apresentação de uma hipótese- “os programas
televisivos violentos provocam um aumento do
nível de agressividade do comportamento das
crianças.”
• A hipótese é a explicação que achamos boa
para um problema e que vai ser testada ou
experimentada.
3. Processos de Interacção
Social
Conceito
• Em ciências sociais, interacção
social refere-se a todas as acções
recíprocas ou não entre dois ou mais
indivíduos durante as quais há
compartilhamento de informações.

• A interacção é dita social não somente


por produzir significado, mas também
por se inscrever num contexto que
influencia as acções de cada um dos
indivíduos.
• O aspecto mais importante da interacção
social é que ela provoca uma modificação de
comportamento importante nos indivíduos
envolvidos, como resultado do contacto e da
comunicação que se estabelece entre eles;

- o simples contacto físico não é suficiente


para que haja interacção social
- os indivíduos se socializam por meios dos
contactos e da interacção social
- e a interacção social pode ocorrer entre
uma pessoa e outra, entre uma pessoa e um
grupo e outro.
• Por meio dos processos
interactivos, o ser humano se
transforma num sujeito social.
• A interacção social ocorre no
campo semântico
- Ela oferece ao indivíduo um leque
de informações que o ajudarão a
consolidar sua identidade, seja por
aceitação ou negação de algo.
Classificação da Interacção
Social
• Interacção Social Recíproca: quando há interacção
entre as partes que irão interagir, que pode ser,
pessoas ou grupos. Nesse caso, ambos se
influenciam e determinam os comportamentos sociais,
tal qual numa conversa com os amigos.

• Interacção Social Não-Recíproca: nesses tipo de


interacção, a principal característica é a
unilateralidade, ou seja, quando não ocorre a
interacção social de ambas as partes, por exemplo,
quando estamos a ver televisão (somente nós que
somos influenciados por ela e não o contrário).
As formas de interacção social são os
mecanismos que os agentes sociais
utilizam para comunicarem entre si, num
determinado tempo e espaço:

- A interacção social pode ter carácter


formal (espaço público), os
comportamentos dos indivíduos são
influenciados pelos mecanismos de
controlo social, actuando em conformidade
com as normas sociais;
- Ou informal (espaço privado), os indivíduos
apresentam comportamentos com menor
controlo social.

- Pode ainda ser focada, quando há um


contacto visual propositado entre dois
indivíduos (mesmo sem comunicação);
- não focada, quando esse contacto acontece
de forma involuntária;
- ou à distância, quando recorremos a meios
de comunicação (telemóveis, redes sociais,
chats, …) para comunicarmos com os outros.
Principais Processos de
Interacção Social
Comunicação

• Processo que envolve codificação (formação de


um sistema de códigos) e decodificação (a
forma de procurar entender a codificação) de
mensagens.

• Essas mensagens permitem a troca de


informações entre os indivíduos.

• A comunicação não é constituída apenas de


código verbal. Também utilizamos para a
comunicação expressões de rosto, gesto,
movimentos, desenhos e sinais.
Esquema básico de comunicação: Emissor
(aquela que codifica), mensagem (transmitida
utilizando um código), receptor (aquele que
descodifica).

93
Percepção Social

Percepção não só da presença do outro,


mas o conjunto de características que
apresenta, o que nos possibilita “ter
uma impressão” dele.
Impressão a partir de nossos contactos
com o mundo, organização dessas
informações em nossa cognição.

Esta organização nos permite


compreender ou categorizar um novo
fato. Ex.: Estudante, padre, crente.

Um processo que vai desde a recepção


do estímulo pelos órgãos dos sentidos
até a atribuição de significado ao
estímulo.
• Quando uma pessoa encontra outra(s), o
primeiro processo que se desencadeia é o
da percepção social. Percebemo-nos
mutuamente e formamos uma impressão
acerca do outro. Portanto temos também a
percepção que formamos de nós mesmos
em resultado da interacção com as várias
imagens sociais.
• A interacção social suscita uma interpretação
mais subjectiva do que a que ocorre na
percepção de objectos, e tendemos a
pensar: “por que alguém faz isso ou aquilo, o
que ela pretende ....”
Aprendizagem Social

• Aprendizagem social ou ainda aprendizagem por


observação, é quando aprendemos vários
comportamentos por meio da observação de outros
que servem de modelos.

• Através da:

- Atenção: Estar atento ao modelo. Qualquer


distrator terá um efeito negativo no aprendizado
observacional.

- Retenção: Habilidade de guardar a informação e


recuperá-la mais tarde.
- Reprodução: Realização na prática do
comportamento observado.

- Motivação: Devemos decidir se queremos


repetir o comportamento observado baseado no
facto de o modelo ter sido punido ou reforçado.

A maior parte do comportamento humano é


aprendido observacionalmente através de
modelos, observando os outros formamos ideias
de como novos comportamentos são executados.
Socialização

Processo que forma o conjunto de


nossas crenças, valores e
significações.

O indivíduo torna-se membro de um


determinado conjunto social,
aprendendo seus códigos e regras
básicas de relacionamentos.

Apropriação de um conjunto de
conhecimentos já sistematizados e
acumulados por um determinado
conjunto social.

Socialização: Primária e
secundária
Grupos Sociais

Pequenas organizações de
indivíduos (dois ou mais) que,
possuindo objectivos comuns,
desenvolvem acções na direcção
desses objectivos.

•Grupos primários e secundários;


•Grupos homogéneos e
heterogéneos;
•Grupos permanentes e
temporários.
Papéis Sociais

Papel social refere-se aos diferentes


comportamentos que as pessoas esperam de um
indivíduo ou de um grupo numa certa situação.

Papel prescrito: As expectativas de


comportamento estabelecidas pelo conjunto social
para os ocupantes das diferentes posições sociais
(médico, aluno, pai).

Papel desempenhado: Comportamento


manifestado, que podem ou não estar de acordo
com a prescrição social, ou seja, as normas
prescritas socialmente para o desempenho de um
determinado papel.
Permitem-nos compreender a
situação social, pois são
referências para a nossa
percepção do outro e ao
mesmo tempo para o nosso
próprio comportamento.

Os diferentes papéis sociais


permitem que nos adaptemos
às diferentes situações
sociais e que sejamos
capazes de nos comportar
diferentemente em cada uma
delas.
Pressão Social

• A Pressão Social ou ainda Influência Social, ocorre


quando as acções de uma pessoa são condição para
as acções de outra.

• Processos da PS
- Normalização: Processo de influência recíproca quando
nenhuma das partes da interacção dispõe de um juízo ou
norma prévia;

- Conformismo: Processo de adaptação de juízos ou


normas pré-existentes no sujeito às normas de outros
indivíduos ou grupos como consequência da pressão
real ou simbólica exercida por este;
- Obediência: Processo pelo qual um indivíduo
adopta comportamentos sugeridos por outros;

- Inovação: Processo de criação de novas


normas com o fim de substituir as normas
existentes, mais frequentemente por influência de
grupos minoritários.

…O poder da pressão social necessariamente supõe


submissão e não crítica a ela.
Subjectividade Humana

O mundo interno que possuímos


e suas expressões são
construídas nas relações
sociais, ou seja, surge do
contacto entre as pessoas e das
pessoas com a natureza.
A Psicologia Social busca também compreender
como se dá a construção do mundo interno a
partir das relações sociais vividas.

O mundo objectivo (realidade social) é visto como


factor constitutivo da subjectividade.
Consciência

Expressa a forma como a pessoa se


relaciona com o mundo objectivo.

Compreensão: O modo de reagir ao mundo


objectivo.

Transforma em ideias e imagens e estabelece


relações entre essas informações, de modo a
compreender o que se produz na realidade.
Reagimos ao mundo compreendendo-o, sabendo-o.
É produto das relações sociais que a pessoa
estabelece.
Outros processos de interacção
social
• Controlo social - refere-se ao controlo feito
por um grupo definido de pessoas ou um
agente encarregue de fazer cumprir
determinadas normas que regularizam
principalmente as condutas mais
importantes e graves.
• Instituição social - conjunto de valores,
crenças, normas, posições e papéis
partilhados por um grupo de pessoas no
decurso de um longo tempo, com vista à
organização básica da vida social.
• Reprodução social - processo pelo qual se
faz a renovação da produção de bens
materiais e pessoas. Permite que as
características das estruturas sociais se
mantenham durante muito tempo.
• Mudança social - ocorre quando, num
determinado grupo ou sociedade se verifica
uma alteração das suas estruturas básicas.
Essas alterações podem estar relacionadas
com transformações das instituições, da
organização social, dos modos de vida, dos
valores, normas…
4. As Atitudes
Conceito

• Thomas e Znaniecki: um processo de


consciência individual que determina actos
reais ou possíveis do indivíduo no mundo
social.
• Allport: um estado de preparação mental ou
neural, organizado através da experiência, e
exercendo uma influência dinâmica sobre as
respostas individuais a todos os objectos ou
situações com que se relaciona.
• Jaspars: predisposições comportamentais
adquiridas, que não podem ser medidas
directamente; mas têm de ser inferidas do
comportamento.
• As atitudes compreendem uma
dimensão do comportamento
humano revestida de interesse na
literatura de psicologia.
• Elas têm a ver com a capacidade do
sujeito de manifestar-se contra ou a
favor de determinado objecto com
maior ou menor intensidade.
• Falar sobre determinado assunto leva
forçosamente a tomar uma posição em
relação ao mesmo assunto.

• Não é possível, portanto, colocar-se numa


posição de neutralidade absoluta, por isso, as
referências que se estabelecem sobre
objectos, situações, estão contaminados com
julgamentos valorativos, no sentido em que
se pretende sempre estabelecer uma escala
de importância para as categorizações, sejam
elas reais ou não.
Características das atitudes

• Direcção: favorável vs desfavorável;

• Intensidade: que opõe posições


extremadas a posições fracas e;

• Acessibilidade: probabilidade de ser


activada automaticamente na memória
quando o sujeito se encontra com o
objecto da atitude.
Componentes das atitudes
Aquisição das atitudes

• Imitação: de comportamentos, reacções,


etc; (espontânea);

• Identificação: imitação consciente,


deliberada;

• Persuasão: influência de uma força


activa;

• Indução: influência indirecta de terceiros.


Conformismo e
Desviacionismo
• Nascidos directamente de uma
situação de força interna, inerente a
toda a situação comum, estes
aspectos (conformismo e o
desviacionismo) conduzem a uma
situação circular, dado que tais
atitudes contribuem para reforçar a
pressão e juntar o grupo dentro da
organização em estudo.
Conformismo
• Desde o tempo dos primatas que os seres
humanos estão socializados, formando
grupos e vivendo conforme as regras dentro
do grupo.

• É importante salientar o facto de que, desde


sempre, quando estamos em situações
grupais, o indivíduo adopta naturalmente um
comportamento quase semelhante ou igual
ao de todos os membros do grupo. O
Conformismo é um facto da vida.
• Independentemente do grupo em que
possamos estar inseridos, encontramos
grupos de pessoas e, dentro de cada
grupo, quase sempre todos têm as
mesmas atitudes ou se manifestam do
mesmo modo.
• As atitudes adoptadas pelos membros
do grupo podem variar de grupo para
grupo e as regras que regem os grupos
podem mudar de época para época,
sendo que a situação interna do
Conformismo não se altera, porém, os
nossos antepassados, na sua época,
comportavam-se da mesma forma que
nós nos comportamos actualmente em
relação ao fenómeno de Conformismo.
• Gostaríamos de acreditar que
temos muita liberdade para tomar
a nossa decisão, mas de facto a
nossa liberdade de acção é
totalmente encurtada pelos demais
membros do grupo ou da
comunidade onde estamos
inseridos. Tudo é, pois, relativo.
“numa situação estruturada, como uma cerimónia
religiosa, o Conformismo é particularmente óbvio.
As pessoas levantam-se, e ajoelham-se com a
pressão de uma banda num desfile. A pressão
para o Conformismo, no entanto, pode ser
igualmente forte em situações menos
estruturadas. Se, no meio de uma animada
discussão num grupo de amigos, alguém se
levantasse e começasse a rezar o Terço, seria
rapidamente enviado a um psicólogo ou
psiquiatra”
(Sprinthall et al, 1990, p.488)
• Há situações em que o conformismo se
pode considerar normal, como é o caso de
uma cerimónia religiosa ou mesmo de uma
cerimónia fúnebre, onde as pessoas se
comportam de forma estruturada e
pacífica.

• É o caso da realização de uma missa


numa igreja, na qual os fiéis se erguem e
ajoelham, conforme as indicações do
sacerdote.
Desviacionismo

• Qualquer tipo de atitude que vá


para além das regras que
direccionam um indivíduo dentro de
um grupo social, é visto como um
desvio, que tanto pode ser
praticado pelo mais simples e
pacato cidadão, como por um
psicopata ou um malfeitor.
• É, por isso, necessário, abordar este tipo de
comportamento, no sentido mais estrito da psicologia
social, que o designa por “Comportamento Desviante”.
- O termo “desvio” torna-se um conceito aplicado com
mais frequência a grupos mais limitados.

• Os desvios comportamentais não se referem,


simplesmente, a qualquer modificação nas atitudes dos
indivíduos, mas sobretudo às modificações que se
situam para além do circuito das condutas aceites
correctamente pelo grupo em que esse indivíduo está
inserido para respeitar a norma ou regra imposta.
• Na generalidade, se um grupo for mais
isolado, a tendência é para ter normas
mais estreitas e rígidas, às quais se
torna mais difícil os indivíduos
adaptarem-se.
• Sublinha-se que a Alienação e a
Delinquência representam fenómenos de
desviacionismo, relativamente aos
princípios mentais e morais da
sociedade.
•Quanto aos indivíduos considerados
“alienados”, a sua aceitação ou
discriminação é variável, conforme
as culturas e os meios em que vive.

•Em algumas situações, consegue


até conservar os seus hábitos.
• O comportamento do alienado, membro
de um agregado ou de uma sociedade,
passa a ser visto como “desviante”,
quando esse indivíduo adopta, por
iniciativa própria ou em conjunto com um
número reduzido de pessoas,
comportamentos instintivos com o
objectivo de romper ou modificar as
regras que regem esse agrupamento ou
sociedade.
• Relativamente à delinquência torna
-se visível aquando de
comportamentos à margem da leis,
ou seja, actividades que são
socialmente e juridicamente
discriminadas – mecanismos de
repressão do desviacionismo.
Referências Bibliográficas
• Barracho, C. (2001). Psicologia Social: ambiente e espaço.
Lisboa: Edições Piaget.
• Doise, W. (1982). Lexplication en psychologie sociale
Local. Paris: PUF.
• Feldman, R. S. (1985). Social psychology: theories,
research and applications. New York: McGraw Hill.
• Gil, A. C. (2008). Métodos e Técnicas de Pesquisa Social
(6ªed). São Paulo: Atlas S.A.
• Leyens, J. P. (1984). Psicologia social. Lisboa.
• Moscovici, S. (1984). Psychologie sociale. Paris.
• Vala, J., et al. (2001). Psicologia Social. (4ªed.). Lisboa:
Fundação C Gulbenkian.
iracemabunga@gmail.com
Obrigada!

Você também pode gostar