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A Estrutura Social depois da colonização - Caso de Moçambique

No processo da colonização de Moçambique predominavam duas classes bem diferentes:

1) A burguesia europeia – grande burguesia;

2) O campesinato africano;

Burguesia europeia – Classe dominante cujo interesse era a exploração mais directa dos
recursos moçambicanos.

Campesinato – Constituía a maioria da população moçambicana, classe dominada com a


missão de fornecer o trabalho migratório nas plantações e nas minas. A burguesia europeia e
o campesinato africano eram as principais camadas da nova estrutura colonial cujo conflito
contínuo consistia na fuga maciça e a resistência contra os trabalhos forçados.

Para além dessas camadas existiam outras camadas chamadas secundárias. Uma delas é a
burguesia comercial local; estava sedeada em Lourenço Marques, e a sua principal função era
de importar e exportar produtos de e para o campesinato, tinha ligações fortes de interesse da
burguesia da África do sul e da Europa.

Burguesia agrícola local - Faziam parte os colonos interessados na exploração dos


camponeses das suas melhores terras e transformá-los em trabalhadores forçados e sazonais
nas plantações e machambas.

Na região sul do país registava-se conflitos entre os interesses dessa camada com o da grande
burguesia devido a insistência da burguesia mineira em reservar a maioria dos trabalhadores
para as suas minas.

Fabricadores permanentes qualificados e semi – qualificados

Constituídos por mestiços e negros eram os chamados assimilados e filhos da burguesia.

Descriminação racial na estrutura colonial

A descriminação racial era parte inerente da estrutura colonial definindo a população negra
como principal fonte de riqueza a nova economia. Nos finais do séc. XIX, os representastes
do colonialismo em Moçambique, diriam que o negro não era e nem devia ser igual ao
português, daí o seu emprego no trabalho obrigatório. Em 1890, estabeleceu – se que os novos
arrendatários dos prazos seriam somente europeus e os indígenas seriam fornecedores do
trabalho forçado. Em 1891, nas cidades moçambicanas foram promulgados os primeiros
regulamentos de passe para evitar a escolha livre do emprego e que todo o negro era obrigado
a exibir o seu passe e em contrapartida, os assimilados eram isentos deste documento.

As condições para se ser assimilado

Um africano que pretendesse ser assimilado e assim se tornar civilizado, devia requerer a um
tribunal local onde de4via provar a esse tribunal que domina a língua portuguesa e da fé cristã,
ter uma estabilidade financeira e que estava disposto a abandonar os costumes nativos (isto
é, não se identificar como africano).

O colonialismo optou ou adoptou essa política de assimilação como forma de evitar a


aderência em massa a luta de libertação nacional, porque lutar era recusar ser assimilado.
Havia uma circular que proibia a não ministrarão a mais que a 3ͣͣ classe elementar. No tempo
da companhia de Moçambique, cuja capital era Beira, os passeios das ruas destinavam-se
exclusivamente a europeus e a contraversão desta ordem era punida com palma toadas
(repreensão, violência física).

Em 1907 foi promulgado um regulamento apenas para os indígenas, que reforçava o


asseguramento do fornecimento regular do trabalho forçado desse grupo de indígenas.

Quem era o indígena – Eram considerados indígenas, os indivíduos de raça negra ou seus
descendentes que nascidos em Moçambique ou vivendo habitualmente em Moçambique
ainda não possuam a instrução e os hábitos individuais e sociais pressupostos para a aplicação
de direitos públicos e privados dos cidadãos portugueses. Portanto, indígenas são os não
sujeitos de direitos, mas objectos de uma política determinada sem a sua participação.
Mouzinho de Albuquerque em 1898 dizia “ o melhor que temos a fazer para educar e civilizar
o indígena é desenvolver praticamente as suas aptidões no trabalho manual, e aproveitá-lo
para a exploração da província”. Estas práticas começaram a ser atenuadas nos anos 60, início
ou emergência da libertação em África.

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