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Assessoria Pedagógica da Diretoria
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FACULDADE : CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS


Curso : Direito
Disciplina : Direito Tributário
Carga horária : 75 horas aulas Ano: 2020 – 1º semestre
Professor : JOSE HABLE
Acadêmica
Prof. JOSÉ HABLE
www.josehable.adv.br
jose.hable@ceub.edu.com

Introdução
A Constituição Federal de 1988 (CF/88) não institui tributos, no sentido de os entes
federativos já estarem aptos a cobrar os tributos de sua competência. Ela desenha o perfil dos
tributos e define a competência de cada ente político da federação, para que os instituam por
meio de lei, que em regra, é a lei ordinária (princípio da legalidade).
Nas palavras de Douglas Yamashita 1

“Os arts. 145 a 162 da CF/88 confirmam que o Estado Democrático Federal de Direito no Brasil
é um ‘Estado Tributário’. Aliás, as altas despesas geradas pelo Estado Social (Sozialstaat)
positivado nos arts. 3º, I e IV, 6º e 7º, da Carta Magna de 1988 também reforçam ainda mais esta
princípio do Estado Tributário.

E ainda:
“como todo direito do cidadão tem um custo e como esses custos só podem ser financiados
pelo Estado através do dever de pagar tributos, logo, às garantias de direito do cidadão
corresponde o dever constitucional e fundamental de pagar tributos, evidentemente segundo as
limitações formais e materiais.”

A CF/88, em seu art. 145, dispõe que a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios poderão instituir tributos, ou seja, têm eles a competência para instituir
determinados tributos.

2. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
2.1 Conceito
A forma de Estado adotada em nosso país é a federativa, onde há diversas esferas
políticas, que coexistem harmonicamente e atuam em um mesmo território, segundo
atribuições e competências rigidamente determinadas pelo texto constitucional. Nesse
caminhar, são pessoas políticas isonômicas e autônomas do Estado federativo brasileiro,
dotadas de competência tributária, a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios.

2.2 Competência tributária é uma obrigação ou faculdade?


É uma faculdade, e não obrigação, concedida pela CF/88, às pessoas de direito público
com capacidade política para instituir tributos. É uma atribuição ou poder, auferido pela
Constituição, para editar leis que, em abstrato, instituem tributo.

1
YAMASHITA, Douglas. Direito Tributário, uma visão sistemática, São Paulo: Editora Atlas, 2014, p. 44.

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Ver art. 11 da Lei de Responsabilidade Fiscal, 2 que trata o exercício da competência
tributária como um dever, sujeito à sanções em caso de descumprimento.
Decorre ela do princípio da federação da autonomia financeira. Esse poder de tributar,
então, é um atributo inerente ao Estado. Em outras palavras, o ente tributante, nos termos da
CF/88, recebe a faculdade de instituir o tributo.
Em suma, Competência tributária é a aptidão constitucional outorgada Acadêmica
à União
3
Federal, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para instituírem tributos.
Há quem defenda4 que Poder de tributar não se confunde com competência tributária.
O poder de tributar refere-se à soberania estatal pelo qual o Estado exige dos indivíduos
recursos de que necessita, e a competência é a limitação constitucional desse poder. Ou seja,
a competência tributária impõe limites a esse poder de tributar do Estado.
A competência tributária abrange o poder de legislar plenamente, incluindo-se o
estabelecimento de normas gerais em matéria tributária, desde que não existam normas gerais
impostas pela União sobre a matéria (CF/88, art. 24).5

2.3 Classificação das competências tributárias


A doutrina costuma classificar a competência tributária em:
a) Privativa – quando atribui com exclusividade a um determinado ente tributante
designado constitucionalmente, estando os demais entes impedidos de criar esses tributos. Ex:
impostos - União: CF/88, art. 153; Estados e Distrito Federal: CF/88, art. 155; c) Municípios:
CF/88, art. 156.
b) Comum - não exclusiva. Aplicável a todos os entes tributantes, desde que preste o
serviço. Ex. taxa e contribuição de melhoria. CF/88, art. 145, II e III. Tem que se respeitar a
repartição de competências administrativas, também estabelecidas na CF/88, que define
quais serviços e obras são de responsabilidade de cada ente.
c) Cumulativa – CF/88, art. 147: à União em Território Federal (não são entes
federados) = impostos estaduais e municipais e ao Distrito Federal = impostos municipais;
d) Residual – apenas a União – CF/88, art. 154, I (impostos não previstos anteriormente)
e art. 195, § 4º (outras fontes para garantir a manutenção da seguridade social, observando o
art. 154, I).
e) extraordinária – na iminência ou no caso de guerra externa, a União pode extrapolar
sua competência tributária originária e invadir o poder de tributar dos Estados e Municípios,
independente de ter ou não fatos geradores idênticos aos já previstos na CF/88. Trata-se de
permissão expressa na CF/88 para a bitributação6 e para o bis in idem.7

2
LRF. “Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva
arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação. Parágrafo único. É vedada a
realização de transferências voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos.”
3
PIERONI, Fabrizio de Lima. Direito tributário. Na visão das bancas examinadoras. Brasília: Vestcon, 2010, p.61.
4
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 27 ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2006, p. 54.
5
CF/88. “Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I - direito
tributário, (...) § 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas
gerais. § 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas
peculiaridades. § 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for
contrário.”
6
Ocorre quando dois entes tributantes cobram dois tributos sobre o mesmo fato gerador do mesmo sujeito passivo.
7
Ocorre quando um mesmo ente tributa mais de uma vez o mesmo sujeito passivo sobre o mesmo fato gerador. Consiste na
repetição (bis) de uma sanção sobre mesmo fato (in idem).

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2.4 Características das competências.
a) privatividade – privativo de cada ente que tenha a competência constitucionalmente
definida;
b) indelegabilidade – salvo as atribuições de arrecadação, fiscalização (CTN, art. 7º)=
capacidade tributária ativa – parafiscalidade (por lei). A delegação abrange a posição de
Acadêmica
sujeito ativo (ser credor do tributo), e pode ser revogada a qualquer tempo (CTN, art. 7º, §2º);
c) Inalterabilidade – suas dimensões são definidas pela Constituição e não podem ser
ampliadas ou alteradas pela pessoa política que a detém. CTN, art. 110 – os efeitos são os
constantes do CTN;
d) Incaducabilidade - pode não ser exercida, porém nunca caduca;
e) Imprescritível – a qualquer momento pode ser exercida;
f) Facultabilidade - é facultativa;
g) Irrenuciável – em favor de outro ente tributante.

2.5 Capacidade tributária


A norma descrita no art. 119 do CTN8 consagra a distinção entre competência tributária,
que é a aptidão para instituir o tributo, da capacidade tributária ativa que é a aptidão para
cobrar o tributo.
A competência tributária, nos termos do art. 7º do CTN é indelegável, e a capacidade
tributária é delegável, porque o ente tributante pode atribuir “as funções de arrecadar ou
fiscalizar tributos”. Geralmente ocorre nos tributos parafiscais.
Desse modo, algumas pessoas jurídicas recebem da pessoa política com competência
tributária atribuições relativas à arrecadação e fiscalização de tributos, e passam a ter assim
tão-somente capacidade tributária ativa, integrando a relação jurídica obrigacional tributária
no pólo ativo, como sujeito ativo da relação (CTN, art. 7º).
A competência tributária está no plano constitucional; a capacidade tributária está no
plano infraconstitucional.
Capacidade tributária é a capacidade para ser sujeito ativo da relação tributária, atribuída
por lei a entes públicos, mesmo àqueles não dotados de poder legislativo.
A competência tributária compreende dois poderes: (a) o poder de instituir o tributo; e
(b) o poder de cobrar o tributo. A CF/88 confere a competência tributária, mas não obriga o
ente tributante a exercê-la (é facultativa).

3. LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS DO PODER DE TRIBUTAR


O exercício do poder de tributar não é absoluto e nem ilimitado. Assim, a CF/88 fixa
vários balizamentos, disciplinados por um conjunto de princípios e normas, que são as
denominadas limitações ao poder de tributar.
A relação jurídico-tributária é limitada e disciplinada pelo Direito Tributário, e entre as
normas de nosso ordenamento jurídico está a CF/88, no seu topo, que traça seus contornos e
diretrizes.
O STF reconheceu na ADIn nº 939, que as limitações ao poder de tributar constituem
direitos e garantias individuais do cidadão, portanto, cláusulas pétreas (CF/88, art. 60, § 4º).

8
CTN, “Art. 119. Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir o seu
cumprimento.”

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3.1 OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS
Princípio pode ser entendido como aquilo que vem antes, começo, nascedouro.
Os Princípios Constitucionais Tributários podem ser subdividido em:
a) segurança jurídica (legalidade, irretroatividade, anterioridade/noventena);
b) justiça tributária (igualdade, capacidade contributiva, não confisco,
progressividade, seletividade, generalidade, universalidade e não-cumulatividade); Acadêmica
c) Federação (proibição de vedação ao tráfego, de discriminação de origem/destino,
uniformidade geográfica).
Principais Princípios aplicáveis: Legalidade (art. 150, inciso I), Isonomia (art. 150,
inciso II), Irretroatividade (art. 150, inciso III, alínea "a); Anterioridade (art. 150, inciso
III, alíneas "b" e "c"); Não-confisco (art. 150, inciso IV); Imunidades (art. 150, inciso VI);
Capacidade contributiva (art. 145, parágrafo primeiro) e Competência (art. 150, parágrafo
sexto).
Passeamos a analisar, de forma sucinta os principais princípios tributários dispostos na
CF/88:

1) PRINCÍPIO DA LEGALIDADE (Nullum tributo sine lege)


É um princípio consagrado pela Magna Carta de 1215, do Rei João Sem Terra, em que
se exigia, para a cobrança de tributo, a prévia aprovação pelos súditos.
Como limitação ao poder de tributar, dispõe a CF/88:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;

Há unanimidade em dizer que este é um dos princípios mais importante, ao determinar


que tão-somente por meio de lei é possível exigir (diga-se instituir) tributo, e regra geral,
efetuar sua majoração.
Assim, está sob reserva legal estrita a instituição e majoração de todas as espécies de
tributos. A reserva legal refere-se tanto à material, que está no comando abstrato, geral e
impessoal, como à formal, formulado pelo órgão titular da função legislativa.
Em regra, a instituição de tributo se dá por meio de lei ordinária. Porém, pode em alguns
caso ser por Medida provisória (art. 62, § 2º); e por Lei Complementar, quando a própria
CF/88 estabelecer (Empréstimos Compulsórios: art. 148; Imposto sobre Grandes Fortunas:
art. 153, VII; imposto residual: art. 154, I e outras fontes de custeio para a Seguridade Social:
art. 195, § 4º).
Tanto a doutrina, como o STF, consideram como objeto de reserva legal todo o rol
taxativo disposto no art. 97 do CTN.9 Assim, as matérias não elencadas nesse artigo não estão
sujeitas ao princípio da legalidade.
Desse modo, a lei tributária ao instituir o tributo deve definir todos os seus elementos
básicos e estruturais, dispostos no art. 97 do CTN, como a definição do fato gerador e seu

9
BRASIL. CTN. Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; II - a majoração
de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; III - a definição do fato gerador da
obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; IV - a fixação
de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; V - a cominação de
penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; VI - as
hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. (Grifos não
do original).

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sujeito passivo, a fixação da alíquota e base de cálculo, a cominação de penalidades, sua
dispensa ou redução, e as hipótese de exclusão, suspensão e extinção do crédito tributário.
Relevante colocar que, nos termos da CF/88, art. 146, III, “a”, cabe à Lei Complementar
definir os respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes dos impostos
discriminados nela.
Pelo princípio do paralelismo das formas, a norma que institui e aumenta oAcadêmica
tributo é a
mesma que o extingue e reduz.
E ainda o CTN disciplina que não constitui majoração de tributo, para fins de exigência
de lei, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo (ver Súmula nº 160 do
STJ).

Há exceção ao princípio da legalidade?


Alguns doutrinadores defendem que existem exceções constitucionais quanto ao
princípio da reserva legal, nos seguintes dispositivos:
- art. 153, § 1º (alteração de alíquotas do II, IE, IPI e IOF);10
- art. 177, § 4º, I “b” (reduzir e restabelecer alíquota da CIDE - combustíveis);
- art. 155, § 4º, IV, e alínea “c” (alíquota de ICMS-monofásico de determinados
combustíveis e lubrificantes, por meio de Convênio).
É comum, as alíquotas do II e IE serem alteradas por Portaria do Ministro da Fazenda,
e os demais, por Decreto.

EXERCÍCIO PRÁTICO:
O Poder executivo editou norma publicada no Diário Oficial da União do dia
15/09/2019, modificando a alíquota do IOF. O contribuinte, tendo dúvidas quanto à vigência
dessa norma, consultou seu escritório indagando quando o Governo Federal poderá exigir
(cobrar) o referido imposto? DIA:__________________, e qual o fundamento legal, disposto
na CF/88?________________________________

CTN é de 1966 e, assim, muitos artigos estão em descompasso com a CF/88, e havendo
conflitos, prevalece o que diz a Constituição. Nesse sentido, o CTN, em diversos dispositivos
(arts. 21, 26 e 65) referindo-se aos impostos de Importação, Exportação, e IOF, dispõe que “o
Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas
ou as bases de cálculo do imposto”. A alteração da alíquota pelo Poder Executivo continua
válida, contudo, a alteração da base de cálculo não mais encontra suporte constitucional, por
causa do art. 153, § 1º. Ou seja, a alteração da base de cálculo somente poderá ocorrer por
meio de lei ordinária.

2) PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE
Dispõe a CF/88:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
III - cobrar tributos:
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver
instituído ou aumentado;

10
CF/88. Art. 153. (...) § 1º - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei,
alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V.

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É um princípio geral de direito que visa impedir que determinada lei produza seus efeitos
sobre fatos ocorridos antes da vigência da lei.
Há exceções, quando tratar-se de lei interpretativa, fato ou ato ainda não transitado em
julgado, no que se refere a infrações e penalidades. 11
Na hipótese de “fatos geradores pendentes”, nos termos do art. 105 do CTN, Acadêmica
o STF já
decidiu (não é unânime) que o princípio da irretroatividade não impede que a lei nova que
institua ou aumente um tributo alcance todo o período de duração do fato gerador, desde que
este termine em data posterior à data de início de produção de efeitos da lei. 12

3) PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE
Disciplina a CF/88:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
III - cobrar tributos:
(...)
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou;

Esse princípio reflete um princípio maior: o da garantia da não-surpresa do


contribuinte. O STF já declarou na ADIn nº 939, que ele constitui-se em garantia individual
do contribuinte e, assim, é cláusula pétrea.
Conforme a doutrina e jurisprudência, pela redação constitucional, o princípio da
anterioridade, diferentemente do da irretroatividade, é regra pertinente à produção de efeitos
das leis tributárias, e não à sua vigência. Obsta a produção de efeitos da lei que institui ou
aumenta tributos.13

EXCEÇÕES ao princípio da anterioridade:


I) o disposto no § 1º do art. 150/CF.14 Isto é, a vedação do princípio da anterioridade não
se aplica: art. 148, I (empréstimo compulsório); art. 153, I (II), II (IE), IV (IPI) e V (IOF); art.
154, II (I. Extraordinário).
II) o disciplinado no § 1º do art. 153/CF,15 em que é facultado ao poder executivo alterar
alíquotas, de determinados impostos (II, IE, IPI e IOF).

EXERCÍCIO PRÁTICO
O poder legislativo editou norma publicada no DOU no dia 15/09/2019, modificando a
alíquota do IR. O contribuinte, tendo dúvidas quanto à vigência dessa norma, consultou seu
11
É excepcionado pelo art. 106 do CTN: I – em qualquer caso, quando for lei expressamente interpretativa, e II - tratando-
se de ato não definitivamente julgado, quando a lei reduz a penalidade e deixa de definir como infração, ou seja, quando
mais benéfica ao infrator.
12
BRASIL. STF. RE 194.612/SC, rel. Min. Sydney Sanches, 24/03/1998; RE 232.084/SP, rel. Min. Ilmar Galvão,
04/04/2000; RE 199.352/PR, rel. Min. Marco Aurélio, 06/02/2001/ AI 333.209 AgR/PR, Min. Sepúlveda Pertence,
22/06/2004.
13
No que se refere à medida provisória, dispõe a CF, no seu art. 62, § 2º Medida provisória que implique instituição ou
majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro
seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.
14
BRASIL. CF/88. “Art. 150. § 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II,
IV e V; e 154, II; e (...).”
15
BRASIL. CF/88. “Art. 153. § 1º - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em
lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V.”

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escritório indagando quando o Governo Federal poderá exigir (cobrar) o referido imposto?
DIA:__________________, e qual o fundamento legal, disposto na
CF/88?________________________________

4) PRINCÍPIO DA NOVENTENA Acadêmica


Com a edição da EC nº 42, de 19.12.2003, estabelece a CF/88:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
III - cobrar tributos:
(...)
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou, observado o disposto na alínea b;

Era comum se notar nos diários oficiais dos entes tributantes a publicação de inúmeros
dispositivos legais instituindo ou majorando tributos nos últimos dias do exercício financeiro,
tendo em vista que pelo princípio da anterioridade bastava ultrapassar a barreira do dia 31 de
dezembro para poder ser cobrada a nova exação tributária. Com o objetivo de conferir maior
efetividade ao princípio da não-surpresa, inovou-se e estabeleceu-se, por meio da EC nº
42/2003, mais um prazo de noventa dias da publicação da lei, além do já fixado pelo princípio
da anterioridade.

EXCEÇÕES ao princípio da noventena:


I) § 1º do art. 150/CF.16 Isto é, a vedação do princípio da noventena não se aplica: art.
148, I (empréstimo compulsório); art. 153, I (II), II (IE), III (IR) e V (IOF); art. 154, II (I
Extraordinário) e nem fixação da base de cálculo do art. 155, III (IPVA) e art. 156, I (IPTU).

EXERCÍCIOS PRÁTICOS
1. O Distrito Federal editou norma publicada no DODF do dia 15/12/2018, em que se
fixou a base de cálculo do IPVA. O contribuinte, tendo dúvidas quanto à vigência dessa
norma, consultou seu escritório indagando quando o Governo do Distrito Federal poderá
exigir (cobrar) o referido imposto? DIA:______________________, e qual o fundamento
legal, disposto na CF/88?__________________________________________________

2. O município de Mafra editou norma publicada no DOSC do dia 15/11/2018, criando


Taxa de Limpeza pública, tendo em vista a prestação de serviço de limpeza específico e
divisível à população. O contribuinte, tendo dúvidas quanto à vigência dessa norma, consultou
seu escritório indagando quando o Governo municipal poderá exigir (cobrar) o referido
tributo? DIA:___________________, e qual o fundamento legal, disposto na
CF/88?____________________________________

5) PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE NONAGESIMAL, ESPECIAL OU


MITIGADA

16
BRASIL. CF/88. “Art. 150. § 1º (...); e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I,
153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I.”

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Nos termos do art. 195, § 6º, da CF/88,17 as contribuições sociais, destinadas à
seguridade social, são cobradas somente após 90 dias após a publicação da lei que as instituiu
ou majorou.

EXERCÍCIOS PRÁTICOS
1. Norma legal publicada no Diário Oficial do dia 31/11/2018, aumentando Acadêmicaa
Contribuição Social do trabalhador, por ato do Poder Legislativo. O contribuinte, tendo
dúvidas quanto à vigência dessa norma, consultou seu escritório indagando quando o Governo
municipal poderá exigir (cobrar) o referido tributo? DIA:___________________, e qual o
fundamento legal, disposto na CF/88?____________________________________

2. Norma legal publicada no DOU do dia 28/10/2018, criando a Contribuição Social


ao Sistema “S” (SESI). Indaga-se: quando o Governo federal poderá exigir (cobrar) o
referido tributo? DIA:______________, e qual o fundamento legal, disposto na
CF/88?_________________

6) PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE E OS BENEFÍCIOS FISCAIS -


REVOGAÇÃO OU REDUÇÃO
Pelo art. 104, III, do CTN, só entram em vigor os dispositivos de lei que extinguem ou
reduzem isenções, no primeiro dia do exercício seguinte, salvo se a lei dispuser de maneira
mais favorável ao contribuinte. Porém, esse dispositivo só se aplica para as isenções relativas
a impostos sobre o patrimônio (ex. ITR, IPTU, IPVA), ou a renda (ex. IR). Ver Súmula 615
do STF. Na ADIn MC nº 2.325, o STF decidiu pela aplicação do princípio da anterioridade,
na revogação e redução de benefícios fiscais.

7) PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE E AS MEDIDAS PROVISÓRIAS


Pelo art. 62, § 2º, da CF/88, no caso apenas de impostos, a MP que os instituir ou majorar
deverá ser convertida até o último dia do exercício em que foi editada, para que possa produzir
efeitos no exercício seguinte, observada também a anterioridade nonagesimal. Para as demais
espécies de tributos, o termo a quo, para a observância do princípio da anterioridade é a data
da edição da MP, ou de sua primeira edição, se houver reedições (ADIn 2.666).

8) PRINCÍPIO DA CAPACIDADE ECONÔMICA ou CONTRIBUTIVA


Dispõe a CF/88:
Art. 145 (...)
§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a
capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para
conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos
da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.

17
BRASIL. CF/88. “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos
termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
e das seguintes contribuições sociais: (...)§ 6º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas
após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o
disposto no art. 150, III, "b".”

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Visa a justiça fiscal e social, exigindo mais de quem tem mais condição econômica
e isentando ou reduzindo a incidência tributária para os contribuintes com menor capacidade
econômica e financeira.
A CF/88 refere-se e aplica esse princípio apenas à espécie imposto, por ser um tributo
não vinculado, que toma em conta fatos ou manifestações de riqueza do contribuinte.
Acadêmica
Forma de aplicar o princípio: imunidades, isenções, seletividade, progressividade.

9) PRINCÍPIO DA IGUALDADE
Dispõe a CF/88:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente,
proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida,
independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;
(...)
Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença
tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino.

O princípio da igualdade tem como aspecto positivo atribuir o dever de pagar tributo
segundo a capacidade contributiva de cada um.
Há duas formas de atribuir tratamento diferenciado:
a) por meio de uma graduação do tributo conforme a capacidade contributiva de cada
um; e b) orientado por razões extrafiscais.

10) PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE GEOGRÁFICA


Dispõe a CF/88:

Art. 151. É vedado à União:


I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique
distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento
de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do
desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País;

11) PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO


Dispõe a CF/88:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
IV - utilizar tributo com efeito de confisco;

Confisco é a apropriação compulsória da propriedade privada pelo Estado, sem


indenização. A vedação se refere apenas a tributo, fazendo entender que a proibição não se
estende a multas, por que multa (sanção de ato ilícito) não se confunde com tributo. Multa
visa a desestimular o comportamento que configura sua hipótese de incidência.
Porém, o STF entende que as multas pecuniárias pelo descumprimento de obrigação
tributária estão limitadas pelo princípio da vedação ao confisco (RE 239.964, DJ 9/5/2003)

12) PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE TRÁFEGO

9
Pró-Reitoria Acadêmica
Diretoria Acadêmica
Assessoria Pedagógica da Diretoria
__________________________________________________________________________
Disciplina a CF/88:

“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais
Acadêmica
ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo
Poder Público;”

Por esse princípio faz-se ressalva expressa à cobrança de pedágio, podendo entender
que a CF/88 considera pedágio como tributo. Pedágio é tributo?

3.2 MEIOS COERCITIVOS INDIRETOS DE COBRANÇA DE TRIBUTOS


E por fim, a jurisprudência do STF não admite os denominados meios coercitivos
indiretos de cobrança de tributos, também conhecidos de sanções políticas, que é qualquer
limitação ou imposição de ordem administrativa, que dificulte o exercício das pessoas, física
ou jurídica, com o propósito de obrigá-las a pagar tributos. Nesse sentido, são também
limitações ao poder de tributar, apesar de não estarem expressas na CF/88. É uma restrição
imposta ao próprio legislador, e nem todas as restrições são consideradas inconstitucionais
pelo Tribunal. Nesse sentido, têm-se as Súmulas nº 70, 323 e 547 do STF.18

18
BRASIL. STF. SÚMULA nº 70 “É inadmissível a interdição de estabelecimento como meio coercitivo para cobrança de
tributo. Data de Aprovação: 13/12/1963. SÚMULA nº 323 “É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio
coercitivo para pagamento de tributos. Data de Aprovação: 13/12/1963. SÚMULA nº 547 “Não é lícito à autoridade
proibir que o contribuinte em débito adquira estampilhas, despache mercadorias nas alfândegas e exerça suas atividades
profissionais.” Data de Aprovação: 03/12/1969.

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