Você está na página 1de 6

GUSTAVO IOSCHPE

OBRASIL
QUER SER
QUAND0
FR2
3OUTROS
ARTIGOS
P SOBRE
EDUCAÇÃO
9EDESENVOLVIMEGTO
Copvright 2012 by Gustavo loschpe

Editora Paralcla é uma divisãoda Editora Schwarcz S.A.


A

Graña atualizada sequndo o Acordo Ortográfico


da Língua Portuguesade 1990,que entrou em vigor
no Brasil em 2009

CAPA Mateus Valadares


PREPARAÇÃO Flavia Lago

REVIS Renato Potenza Rodrigues e Victor Barbosa

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Ioschpe, Gustavo
Oque o Brasil quer ser quando crescer?| Gustavo
loschpe. - ed. - SãoPaulo: Paralela, 2012.

ISBN 978-85-65530-18-7

1. Desenvolvimento econômico 2. Educação Aspee


tos economicos Brasil 3. Reforma do ensino Brasil

1. Título.
12-13028 CDD-370.150981

Indice para catálogo sistemático


1. Brasil : Educaçãoc desenvolvimento econômico
370.1150981
lnstituto
brasilei Inaf,umaentender
trêsumMatemáti
brasileira suicidou.
Stefan do depender
notarsessenta me huma (ln
aasiáticos,
conticomo compreender
repetir: mesmo
23

cuidamos paises Inaf de


que assim clonagem população mais
Se ao para
novode
se indício. Se crer outros
tigres
pelo
do
levantamento
crianças. conhecimento,
Deixe-me
a o envolva
capacidade
segundo
futuro" mais gente.
não a
que, realizado
de e
cducação encontra, pelose da
porquelevaelonge ler
ummataria perto
India nossas da que
do sua
tudo ultrapassado Funcional 26% alfabetizada.' matemático
de 23%,
ser
"país tem: chegamúltimo capaz tem
China,
avançarmos, alfabetizarapenas do só
penhoradode
de se se
país desenvolvidos
provavelmente desoladora:
grupo
de deixa profecia
de seriaárea
da
Brasil um
ser passagem
O queplenamente
Alfabetismo
ponta infelizmente. grandeproblema
mesmo
não estáque conseguimos não
o mas
sua para Brasil de mostrou população
igualmente
falência importante
apelidou realização
futuro países países outra
hoje,
condenação, dela o atestemunhar esse
viu Montenegro) um
Zweig Nosso qualificação
vivo
estivesse os exagero,
de é
anos Na resolver apenas
tabelas.
egráfico
os anterior Nacional nossaeste.
mais vendo Enquanto
que não
da
sujeito distante ainda 64
é situação
A uma
depois.
patrimôniogeração
nuaremos é a da
como e operação,
COnsegue
1. irá Nãodicador15 quartos
O é da nores.
nossa
nós Paulo
de texto
Não quão
anos mos aca,
na, ra
a
produto final de um sistema de
no,em
quc
indicadoressåo o
Fsses deficiências, de modo geral, em
todas as
etapas educação
do tam-
toxtoopaís(aindaque astradicionais diferenças regionais
aprescnta ensi-
hémsc manifestem na árcacducacional) e tanto nas escolas públicas
como nas privadas. E umquadro que não pode ser creditado ao nosSO
muito mais pobres tiveram
pois países
suhiesenvolvimento,
(Coreia)e
rem atualmente(China) desempcnhos muito melhores que os noossos.
Na árca da cducaçào, cspecialmente de ensino básico, nossos pares so
falidos da Africa subsaariana.
os paises
mais claro dessafalência étambém o mais
O cxemplo
todo0 sistema: preocupan
o nosso índice d
te.nospor estar na origcm de
repetência
primciros anos. Scgundo os dados mais recentes da Unesco, 31%
do ensino fundamental
de nossos alunos da primeira série são
tentes.? Na nossa Gabão,repe-
frente, apenas as seguintes "potências": G Gui-
né. Nepal, Ruanda, Madagascar, Laos e São Tomé e Príncipe. Ataxa d
Argentina de 10%, a da China e da Rússia de 1%, a da Índia de
de praticamente zero nos países industrializados da OCDE, Na
3,5% e
série. temos mais 20% de repetentes. E possivel, portanto, que segunda
metade
dos alunos que adentram nossas escolas tenha
repetido uma série iá
no segundo ano de ensino. Isso não é
apenas preocupante peloefeito
que a repeténcia tem na autoestima dos
alunos, nem pelo custo bilio
nárioa mais gerado por eles. O que mais
dade de um sistema de ensino que inquieta é: imagine a quali
reprova a metade dos seus alunos
justamente na fase onde se transmiteo
ler e escrever; que
torna conhecimento mais básico, de
um rito de eliminatório um período que é
passagem nos outros países. Se não meramente
zar,
conseguiremos ensinar
ensinar nosso alunoMatemática,
Conseguimos alfabeti-
guiremos a pensar? Química, Geografia? Conse-
cidadão consciente? Claro
na escola até o gue não. Não Conseguiremos torna-lo unt
OSacb de
seu término. A
má Conseguimos nem mantê-lo
2003 (Sistema
Dienal do MECque mede a de qualidade perpassa todo o sistema.
Avaliacão da
Educação Básica), eo
mostra náo qualidade da
educacão da 4", 8ª e ll se
série, por apenas a situação
4 sé

muto críticaexempl desesperadora


na áreao,de55% do alunado
de nosso Cns na

24 só estava emem situação críticaou


leiturae 5% tinha
desempenh0 a
mas o que épior: desde a primeira edição, em 1995, 0s
médios só cacm, tanto em Português quanto em resultados
uma pequena subida em 2003, mas dentro da Matemática (atora
O resultado éum aluno que sai do
margem de erro)."
ciclo inicial sem a menor
condição0 de progredir na vida escolar. Mesmo que entenda aquilo
que lhe for ensinado, não tem
domínio suficiente da linguagem para
exprimi-lo em uma prova. Assim, oretrato típico do nosso aluno é
de alguèm que vai repetindo de ano, progredindo aos
trancos e bar
rancos. Aos catorze anos de idade, por exemplo,
praticamente doS
terços dos alunos estão defasados, cursando uma série destinada a
pessoas de menor idade.
Aqueles que chegam ao ensino médio (o antigo segundo grau)
são pouCOS. E apesar da peneira do sistema segundo a Sinopse Es
tatística da Educação Básica de 2005, temos 5,7 milhões de alunos na
primeira série do ensino fundamental e só 2,4 milhões na última série
do ensino médio
mesmo os que ficam têm um desempenho muito
fraco.
OPisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) da ocDE
testou jOvens de quinze anos de quarenta países em sua edição de
2003. O Brasil ficou em posiçãode destaque, ainda que não pelos mo
tivos desejados: amargamos o último lugar em Matemática, o penúlti
mo em Ciências eo 37° em leitura.
Com essa qualidade sofrível, a educação brasileira deixa de ser o
magnífico investimento que ela é em quase todo o mundo emn todas as
épocas e passa a ser um fardo parao aluno. Vale mais a pena ir traba
Ihar do que gastar horaseanos em aulas onde se aprende quase nada.
O resultado é inescapável: abandono.
apresenta
Aospoucos bravos que ainda terminam o ensino básico
dinheironão conse
-se a derradeira armadilha: aqueles que não têm
recursos, apesar
guem entrar nas universidades privadas por falta de
têm acesso aos
da ociosidade de vagas dessas instituições, e tampouco trabalho das
no mercado de
Cursos concorridos ede maior prestígio oferecidas
risível de vagas
universidades estatais, porque a quantidade
instituições acaba sendo preenchida por quem tem dinheiro
nessas colégios e cursinhos. O pobre
Suficiente para arcar com os melhores
25
fica de fora e o rico estuda de graça, custeado pelos
impostos que
cacm desproporcionalmente sobre aqueles de baixa renda. Eassim re-Se
perpetuam nossas desigualdades.
Todo o acúmulo de errOs edescasos da nossa educação culmina
cm um sistema de ensino superior raquítico, para muito poucos. Fn.
quanto nossataxa de matrícula nesse nível patina em 20%, ela já bate
na casa dos 90% em países como Coreia e Finlândia, está acima do.
60% em vários países europeus e mesmo entre oS nossos vizinhOs i4
estáalgumas ordens de grandeza mais adiante: 61% na Argentina., 43%
no Chile, 39% na Venezuela, 32% no Peru ().5
O círculo se fecha: nossa taxa de
analfabetismo funcional ése
melhante àtaxa de matrícula universitária dos países
Repito: temosde iletrados aquilo que outrospaíses estão desenyolvidos
bacharéis. Como escreveu Claudio de Moura Castro com formando em
a acuidade de
sempre, precisamos de uma crise. E estamoS nela,
que não tenhamnos nos dado conta. até o pescoÇo, ainda
Neste espaço, vocà iráentender
colocar seu filho em uma escola como chegamos aqui, por que
nhum, como a maioria dos fatoresparticular não resolve problema ne
des usualmente apontados como gran
responsáveis por nossas
impacto a crise educacional temdeficiências não passam de mitos, que
vimento do país e o que pode ser sobre as possibilidades de desenvol
feito,
samos resolver esse quadro
lastimável concretamente,
e para que pos
sem que isso nos permitirà gque pensemos viver
no país do futuro
hospitais psiquiátricos. condene autoimolação ou aos

Artigo publicado em julhode 2006

Você também pode gostar