Você está na página 1de 13

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

_______________

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO

SEGUNDA SECÇÃO

Processo n.º 34/2016

ACÓRDÃO N.º 32/2017-2.ª

Acordam, em conferência, na Segunda Secção do Tribunal


Administrativo:

Francisco Assumane Yarafi, com os demais elementos de


identificação constantes dos autos, inconformado com o
Despacho de Indiciação proferido pelo Juiz do Tribunal
Aduaneiro da Cidade de Maputo, que o indicia do cometimento
do crime tributário aduaneiro de Descaminho de direitos e
falsificação de documentos da viatura de marca Isuzu, modelo
ELF, com chapa de inscrição AAH839IB, interpôs recurso, ao
abrigo do disposto no § 3.º do artigo 185.º do Contencioso
Aduaneiro, aprovado pelo Decreto n.º 33:531, de 21 de
Fevereiro de 1944, esgrimindo as alegações e fundamentos
constantes de folhas 73 a 87 dos autos, que, em resumo, se
seguem:

1
1.º

O fundamento do Despacho de Indiciação ora recorrido assenta


“no facto de a sua viatura de marca Isuzu, modelo ELF,
matrícula AAH-839IB, ostentar matrícula falsa e de ter entrado
no território nacional ao abrigo de uma licença de importação
temporária, sem que o tal regime aduaneiro fosse elegível”.

2.º

O Despacho de Indiciação não pode subsistir, por estar


inquinado de um vício que afecta a sua validade e faltar-lhe um
elemento essencial à imputação jurídico-criminal, porquanto,
nos termos do n.º 1 do artigo 98.º do C.P.P., a omissão de
diligências de prova que se mostrem essenciais à descoberta da
verdade material constitui causa de nulidade.

3.º

“Consta de fls. 11 dos autos, que em declarações prestadas em


sede de instrução preparatória, em resposta à pergunta 9, o
réu esclareceu que foi o Sr. Tomás Macamo que ofereceu ao réu
ajuda para tratar o processo de mudança de matrícula da
viatura descrita nos presentes autos”.

4.º

Em resposta à pergunta 11 “o réu acrescentou que o Sr. Tomás


Macamo pediu-lhe cópias dos documentos e 20.000,00MT e
depois de concluir o pagamento trouxe o verbete” e nos autos o
mesmo confessou “ter oferecido ajuda ao réu para mudar a
matrícula”, tendo cobrado o montante supracitado e depositado
na conta bancária sediada no Standard Bank, em nome de um
indivíduo que disse chamar-se Atalibo Mangue, que foi quem
tratou a documentação.

2
5.º

Contudo, não obstante a prova descrita conter indícios que


permitiram a identificação do autor de falsificação, não foi
realizada qualquer diligência adicional para apurar a
veracidade das declarações de Tomás Macamo, diligência que
se mostra essencial para se verificar quem de facto falsificou os
documentos, o que poderia conduzir “à neutralização do Sr.
Atalibo Mangue”.

6.º

Assim, o Tribunal a quo corroborou com uma acusação que


omite diligências que se mostram essenciais à descoberta da
verdade material, por isso, o Despacho de Indiciação é nulo e
de nenhum efeito, por força do disposto no § 1 do artigo 98.º do
CPP.

7.º

“Mas mesmo que o Despacho de Indiciação não estivesse ferido


de uma irregularidade que determina a sua nulidade, não
poderia proceder em relação ao recorrente, por existirem nos
autos indícios que afastam o elemento subjectivo do delito de
Descaminho de direitos”.

8.º

O n.º 1 do artigo 206 da Lei n.º 2/2006, de 22 de Março, bem


como, as anotações do Código do Contencioso Aduaneiro,
aprovado pelo Decreto n.º 33:531, de 21 de Fevereiro de 1944 e
as anotações do Código Penal do autor Maia Gonçalves
consagram o conceito do delito de Descaminho de direitos.

9.º

“De modo que, para que a conduta do recorrente integre o tipo


legal de delito de Descaminho de direitos, em qualquer das
suas formas, autoria, cumplicidade ou encobrimento, além dos

3
actos materiais é indispensável que tenha conhecimento e
intenção de praticar a fraude (...). Sucede que, há nos autos
indícios suficientes que afastam o conhecimento e intenção de
alcançar o resultado proibido ou o animus fraudandi”.

10.º

“Com efeito (…), conforme se lê no n.º 2 a 6 do despacho


recorrido, na acusação ora corroborada pelo despacho
recorrido, imputa-se ao arguido o crime de Descaminho de
direitos, também, por ter introduzido a viatura no território
nacional ao abrigo de uma Licença de Importação Temporária
sem que para tal fosse elegível”.

11.º

E, quando questionado sobre a razão pela qual não teria


levantado o memorando, respondeu que desconhecia o
procedimento, mas o documento foi apresentadao na fronteira
às Alfândegas, tendo-lhe sido passado o modelo de Importação
Temporária.

12.º

“Ora, que atitudes devem tomar as autoridades perante um


cidadão pacato, desprovido de conhecimento sobre
procedimentos aduaneiros? Deviam tê-lo esclarecido sobre o
procedimento adequado”, por isso, “as autoridades da fronteira
omitiram o esclarecimento devido e mais do que isso, passaram
o modelo de Importação Temporária”.

13.º

Conclui, referindo que:

“A. O presente recurso incide sobre o despacho de indiciação


proferido nos presentes autos de contencioso fiscal, na parte
que indicia o recorrente de cometimento do delito fiscal de
Descaminho de direitos;

4
B. O despacho recorrido não pode subsistir, por um lado, por
estar inquinado de uma irregularidade que afecta a sua
validade e, por outro, faltar um elemento essencial à imputação
jurídico-criminal;

C. Com efeito, nos termos do já citado n.º 1 do artigo 98.º do


CPP, a omissão de diligências de prova que se mostrem
essenciais à descoberta da verdade material constitui uma
causa de nulidade;

D. Consta de fls. 11 dos autos, em resposta às perguntas 9 e


11, que o réu esclareceu que foi o Sr. Tomás Macamo quem
tratou da mudança de matrícula da viatura descrita nos
presentes autos e que cobrou ao réu 20.000,00MT e depois de
concluir o pagamento trouxe o verbete;

E. Questionado sobre o seu envolvimento, o Sr. Tomás


Macamo, a fls. 6, em resposta á pergunta 4, confessou ter
oferecido ajuda ao réu para mudar a matrícula e ter cobrado os
valores descritos, tendo acrescentado que depositou o valor na
conta do Sr. Atalibo Mangue, no Standart Bank e que foi este
último quem tratou a documentação;

F. Sucede porém que, não obstante a prova descrita fornecer


indícios da autoria da falsificação, não foram realizadas as
diligências destinadas a apurar a veracidade da declaração do
Sr. Tomás Macamo, que deverá começar por apurar se o valor
cobrado ao réu foi efectivamente depositado na conta do
aludido Atalibo Mangue;

G. Diligência que se mostra essencial para saber se de facto os


documentos falsificados foram tratados pela pessoa indicada
pelo Sr. Tomás Macamo ou se, pelo contrário, este apenas tenta
transferir a um terceiro, a prática de um acto da sua própria
autoria;

H. Não obstante a diligência se mostrar essencial para a


descoberta da verdade material, o Tribunal a quo omitiu-a e

5
reputou mais confortável condenar uma pessoa cujas provas
dos autos indiciam ter sido vítima de um acto fraudulento;

I. Assim, porque corrobora uma acusação que omite diligências


que se mostram essenciais à descoberta da verdade material, o
despacho de indiciação é nulo e de nenhum efeito, por força do
disposto no § 1 do artigo 98.º do CPP;

J. Mas mesmo que o despacho de indiciação não estivesse


ferido de uma irregularidade que determina a sua nulidade,
não procede em relação ao recorrente por existirem indícios que
afastam o elemento subjectivo do delito fiscal de descaminho de
direitos;

K. Nos termos do n.º 1 do artigo 206 da Lei n.º 2/2006, de 22


de Março, o cometimento dos delitos fiscais aduaneiros,
inclusive o Descaminho de direitos pressupõe uma acção ou
omissão fraudulenta;

L. Conforme se lê no n.º 2 e 6 do despacho recorrido, na


acusação ora corroborada pelo despacho recorrido, imputa-se
ao arguido o crime de Descaminho de direitos também por ter
introduzido a viatura no território nacional ao abrigo de uma
Licença de Importação Temporária, sem que para tal fosse
elegível;

M. Lê-se a fls. 10 dos presentes autos, que, quando


questionado sobre a razão pela qual não teria levantado o
memorando, pergunta 5, respondeu que desconhecia o
procedimento;

N. Na sequência, questionado sobre como terá passado pela


fronteira sem ter obtido o memorando, respondeu: apresentei
os documentos às Alfândegas na fronteira e me passaram o
modelo de importação temporária;

O. Para que haja dolo em geral, inclusive dolo específico


subjacente ao tipo de descaminho pressupõe-se não apenas o
conhecimento, como inclusive a intenção de praticar fraude;

6
P. Pelo que, tendo omitido o pedido do memorando ou ter
consentido a emissão da Licença de Importação Temporária por
desconhecimento do procedimento, fica afastada a intenção de
praticar alguma fraude ou de se furtar ao pagamento de
direitos;

Q. No que respeita à falsificação da matrícula, a prova


constante de fls. 11 e 6 dos autos, indicia de forma inequívoca
que o réu apenas foi vítima da falsificação, cujo autor teria sido
identificado, se as diligências referidas nos artigos 10 a 15 das
presentes alegações tivessem sido realizadas;

R. Ora, como se poderá falar de actuação deliberada de um réu


cujos indícios apontam que foi vítima de um acto fraudulento?
Fica assim terminantemente afastada a possibilidade de
actuação fraudulenta do réu;

S. O despacho recorrido, ao corroborar a acusação por


descaminho quando há nos autos indícios que afastam o
animus fraudandi violou o disposto na parte final do artigo 9.º
do Código Penal, do qual resulta que para que alguém cometa
crime é necessário que a sua conduta preencha os elementos
constitutivos do tipo legal de crime”.

Termina, requerendo que se conceda provimento ao recurso e


que se declare a nulidade processual do Despacho de
Indiciação recorrido.

Os autos foram presentes à Digníssima Magistrada do


Ministério Público, junto desta instância jurisdicional, que
exarou a promoção de fls. 99 dos autos, com o seguinte teor:

“Visto:

Os presentes autos respeitam ao recurso interposto por


Francisco Assumane Yarafi, contra o Despacho de Indiciação
proferido pelo Tribunal Aduaneiro da Cidade de Maputo.

7
Em resumo, o Recorrente alega que o Tribunal recorrido omitiu
diligências essenciais à descoberta da verdade material,
designadamente, por não ter realizado qualquer investigação
adicional destinada a apurar a veracidade das declarações
prestadas por quem o ajudou a encontrar um despachante, bem
como, se o valor pago por este foi efectivamente depositado em
alguma conta, e que esta diligência seria essencial para saber
quem falsificou os documentos.

As diligências referidas pelo Recorrente mostram-se


desnecessárias, tendo em conta os dados fornecidos pelo
Recorrente, uma vez que consta dos autos que o Réu, ora
Recorrente, é quem entrou com a viatura no território aduaneiro
moçambicano seguindo o processo de importação temporária,
quando se tratava de importação definitiva, portanto, com
recurso a falsas declarações, e manteve a situação por cerca de
um ano.

É, pois, no momento de importação que se consubstanciou o


delito aduaneiro de Descaminho de direitos, previsto no artigo
206 da Lei n.º 2/2006, de 22 Março.

Pelo acima exposto, promovemos que o presente recurso seja


declarado improcedente, por inexistência de fundamento legal”.

Colhidos os vistos legais, cumpre apreciar e decidir

A contenda emerge do facto de as Alfândegas de Moçambique


terem apreendido uma viatura da marca Isuzu, modelo ELF,
com matrícula AAH839IB, pertencente ao recorrente, Francisco
Assumane Yarafi.

Na sequência, foi indiciado o recorrente da prática do crime


tributário aduaneiro de Descaminho de direitos, previsto e
punido nos termos dos n.ºs 1 dos artigos 206 e 207, ambos da
Lei n.º 2/2006, de 22 de Março, por ter introduzido no
território aduaneiro moçambicano a viatura com as
características supra mencionadas, que na altura da apreensão

8
ostentava uma matrícula falsa e consta, ainda, “que aquando
da sua entrada no território aduaneiro moçambicano a mesma
ostentava matrícula estrangeira, tendo sido utilizada uma
licença de importação temporária, o que constitui uma violação
ao plasmado no artigo 2, n.º 1, alínea a), do Regulamento de
Importação Temporária, aprovado pelo Diploma Ministerial n.º
154/2002, de 30 de Janeiro, tendo em conta que o mesmo não é
elegível aquele regime”, como atesta, por um lado, o Despacho
de Indiciação recorrido.

Por outro lado, a referida Licença de Importação Temporária,


peça processual de fls. 31, está devidamente assinada pelo
recorrente, indicando no objecto da vistita a Moçambique,
Turismo e duração de 30 dias, tendo se concluído, aquando da
apreensão, que não era este o motivo da visita.

Consequentemente, o ora recorrente não era elegível a esta


importação, para além de que no verso da supracitada licença
tem um aviso que indica que a mesma se destina a pessoas não
residentes em Moçambique, por isso, não colhe provimento a
alegação em como não houve intenção de praticar alguma
fraude.

O referido Despacho de Indiciação condena o ora recorrente ao


pagamento dos direitos aduaneiros, despesas decorrentes do
parqueamento, multa no valor de 40.000,00MT (quarenta mil
meticais), pena de prisão convertida em multa à taxa diária de
5%, tendo, ainda, decretado o perdimento da viatura em causa,
no Processo Fiscal Aduaneiro n.º 125/2015.

O recorrente alega que o Despacho de Indiciação está


inquinado de vício que afecta a sua validade, porque lhe falta
um elemento essencial à imputação jurídico-criminal pois, ao
abrigo do disposto do n.º 1.º do artigo 98.º do CPP, a omissão
de diligências de prova que se mostrem essenciais à descoberta
da verdade material constitui causa de nulidade.

Ora, à luz do disposto no n.º 1.º do artigo 72.º do Contencioso


Aduaneiro, aprovado pelo Decreto n.º 33:531, de 21 de

9
Fevereiro de 1944, a omissão de diligências que se considerem
essenciais constituem nulidade processual; no entanto, para o
caso sub judice, as referidas diligências mostram-se
desnecessárias, face aos elementos carreados nos autos, em
particular o facto de ter sido o recorrente que introduziu a
referida viatura no território aduaneiro moçambicano, mediante
“processo de importação temporária, quando se tratava de
importação definitiva”, como bem entende e expressa a
promoção da Digníssima Magistrada do Ministério Público.

Dos autos, constam documentos, como o Auto de Noticia de fls.


4, o Auto de Apreensão de fls. 5, o Auto de Declarações de fls. 6
a 13, o Verbete de fls. 14, a Licença de Importação Temporária
de Viaturas de fls. 31, o Despacho de Acusação de fls. 46 a 50 e
por fim o Despacho de Indiciação ora recorrido de fls. 57 a 62,
nos quais figura o ora recorrente, como proprietário e
responsável pela importação da viatura em questão, bem como,
o indiciado pelo cometimento do crime tributário aduaneiro de
Descaminho de direitos, conforme atestam os documentos
acima elencados.

Assim, não colhem provimento as alegações aduzidas pelo


recorrente, quanto à nulidade invocada, por se mostrarem
desnecessárias as ditas diligências invocadas e não afectarem a
justa decisão da causa, que para o caso sub judice, mesmo que
a sua falta se verificasse seria sanável, nos termos do disposto
no § único do artigo 73.º do Contencioso Aduaneiro supra
citado, diploma que, por um lado, constituí lei especial sobre
matérias de natureza aduaneira e, por outro, consagra no seu
artigo 12.º o seguinte: “Em tudo que não esteja especialmente
regulado neste Contencioso e nas leis especiais observar-se-ão,
na parte aplicável quanto à responsabilidade fiscal de natureza
criminal as disposições do direito penal comum (…)”, portanto só
é aplicável a lei penal, quando o Contencioso Aduaneiro nada
prevê, não sendo este o caso.

10
E, no que concerne à tentativa do recorrente imputar toda a
responsabilidade a Tomás Macamo, que alegadamente ofereceu
ajuda para tratar o processo de mudança de matrícula da
viatura descrita nos presentes autos, verifica-se que, no
Despacho de Acusação exarado pelo Ministério Público de fls.
46 a 50, bem como no Despacho de Indiciação ora recorrido,
nada consta relativamente à sua indiciação ou imputação de
qualquer tipo responsabilidade.

Daí que, improcede a pretensão do ora recorrente, pelo simples


facto de não constarem nos presentes autos elementos que
indiciem Tomás Macamo da prática do crime supra citado.

Defende ainda, o recorrente, que não obstante a prova descrita


conter indícios que permitiriam a identificação do autor da
falsificação, não foi realizada qualquer diligência adicional
destinada a apurar a veracidade da declaração do Tomás
Macamo, que deverá começar por apurar se o valor cobrado ao
réu foi depositado na conta do aludido Atalibo Mangue.

Quanto a este aspecto, importa esclarecer que não se


vislumbra nos presentes autos provas de que se refere o ora
recorrente nas suas alegações, aliás, o ónus da prova incumbe
ao recorrente, nos termos do disposto no n.º 2 do artigo 115 da
Lei n.º 2/2006, de 22 de Março.

Neste contexto, conclui-se que é indefensável o entendimento


do recorrente por não estar alicerçado em nenhum fundamento
legal, pelo que não pode vingar.

Observa, o recorrente, que dentre as várias questões acerca do


comportamento que devia ter sido adoptado pelos funcionários
das Alfândegas, no que tange à informação que lhe deviam ter
disponibilizado, alegadamente por nada conhecer sobre
procedimentos exigidos na importação de viaturas, fundamento
bastante para que fosse terminantemente afastado da
possibilidade de actuação fraudulenta no processo em análise.

11
E, no mesmo diapasão, reforça em sua defesa, que a questão
jurídica que deve ser colocada tem a ver com o dolo específico,
nos casos em que alguém omita um procedimento ou adopte
um procedimento inadequado por desconhecimento.

Ora, as questões suscitadas pelo recorrente relacionadas ao


desconhecimento dos procedimentos obrigatórios relativos à
importação de viaturas improcedem no seu todo, porquanto,
dispõe o artigo 6.º do Código Civil que: “A ignorância ou má
interpretação da lei não justifica a falta do seu cumprimento nem
isenta as pessoas das sanções nelas estabelecidas”.

Quanto à alegação do recorrente, segundo a qual constam nos


autos provas inequívocas de que o réu, aqui recorrente, apenas
foi uma vítima da falsificação, cujo autor teria sido identificado,
se as diligências referidas nos articulados 10 a 15 do presente
recurso tivessem sido realizadas, também não procedem, pelo
simples facto de que não indica quais são essas provas
inequívocas e as diligências de que se refere já se mostravam
desnecessárias para o descobrimento da verdade.

Prossegue, referindo que o Despacho recorrido, violou o


disposto na parte final do artigo 9.º do Código Penal (C.P), do
qual resulta que para que alguém cometa crime é necessário
que a sua conduta preencha os elementos constitutivos do tipo
legal de crime.

Como já foi referido a lei penal é subsidiária e só nas omissões


que se veriquem na legislação aduaneira é que a mesma seria
aplicada, como preconiza o artigo 12.º do Contencioso
Aduaneiro que temos vindo a mencionar.

Neste sentido, improcedem também todas as conclusões,


alegações e fundamentos esgrimidos pelo ora recorrente, por
não estarem alicerçadas em fundamentos legais.

12
Destarte, perfilhando com a douta promoção da Digníssima
Magistrada do Ministério Público, os Juízes Conselheiros da
Segunda Secção deste Tribunal acordam em denegar
provimento ao recurso interposto por Francisco Assumane
Yarafi, por carecer de fundamento legal, mantendo-se, in toto, o
Despacho de Indiciação recorrido.

Custas pela recorrente que se fixam em 30.000,00MT (trinta


mil meticais).

Registe-se e notifique-se.

Maputo, 11 de Maio de 2017.

Aboobacar Zainadine Dauto Changa – Relator

Isabel Cristina Pedro Filipe

David Zefanias Sibambo

Pelo Ministério Público,

Fui presente

Irene da Oração Afonso

Procuradora-Geral Adjunta

13

Você também pode gostar